05. Formações do inconsciente - Conceitos fundamentais da psicanálise

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Travessia Psicanalítica
Aula 5 - lecionada pela Profa Dra. Renata Wirthmann Neste encontro: Formações do inconsciente Não ...
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como estamos Pronto agora tá gravando Vou fazer a retomada rapidamente então começamos agora o segundo bloco dos conceitos fundamentais boa noite para todo mundo nesse segundo bloco A gente vai falar sobre as formações do inconsciente então no primeiro bloco eu quis retomar o funcionamento básico da análise que é a regra fundamental Associação livre e atenção flutuante transferência resistência regra da abstinência e ética ou ética né Eh agora nesse segundo bloco eh eu me concentrei em torno das questões do inconsciente e das formações do inconsciente eh e aí depois a gente vai pro terceiro bloco e
assim sucessivamente Então nesse segundo a gente começa então retomando o que é inconsciente Quais são as formações do inconsciente os exemplos de formação do inconsciente eh pra gente poder avançar Então até o final claro que as formações inconscientes são muitas e a gente tem que fazer um recorte né então o recorte aí ficaram em relação aos atos falhos lapsos sonhos sintomas esquecimento e assim por diante e vocês vão ver o quão próximas um é do outro e tudo bem tem problema nenhum fala assim Mas qual que é a diferença entre lapso de memória e esquecimento
eh eh praticamente nenhum eh e tudo bem Ah existem vários nomes o Freud vários nomes Porque ele queria abarcar todas as possibilidades e do inconsciente aparecer no discurso na leitura na escrita e assim sucessivamente para poder Então abarcar esse número razoavelmente grande de possibilidades inevitavelmente ficamos com vários vários nomes Mas eles são todos muito semelhantes vou projetar aqui o que eu espero eh conseguir avançar hoje deixa eu Av deixa eu colocar aqui bom vamos ver se vocês estão vendo certinho então vamos tentar avançar aí um pouquinho eh coloquei maior de novo porque eu mandei para
vocês a tabela Mas é a mesma coisa que tá na tabela é o que tá aqui só coloquei eh esteticamente uns recortes e só fazendo um parêntese Inclusive a a eu coloquei a sobre at falha na segunda-feira hoje no meio da minha correria não consegui postar vou postar amanhã o dos das formações inconscientes Por que colagem colagem é de propósito tá essa brincadeira que eu coloquei aí no no fundo do desses desenhinhos a colagem tanto iatu falho quanto agora tem a ver justamente com essa ideia de bricolagem aí que parece ser a nossa relação com
o inconsciente né esses elementos surreais esses elementos eh não à toa a a Salvador Dali eh e e tantos outros artistas plásticos quando leram Freud começaram a produzir obras surrealistas né então a brincadeira com elementos surrealistas tem Justamente a ver com a brincadeira em relação à coisa do inconsciente sei que o Marcos sempre me pergunta sobre os os desenhinhos que eu vou escolhendo Esse foi surrealista de propósito me lembrei que inconsciente e surrealismo para mim são sempre muito relacionados por isso essa escolha aí desses desenhos surrealistas Então vamos começar vamos começar então falando sobre inconsciente
para depois falar para as formações do inconsciente para Freud o inconsciente Então não é tomado eh pelo uso popular de ser o avesso do inconsciente eh então no uso Popular consciência e inconsciência Consciente e inconsciente Esse é o uso Popular para psicanálise não tem nada a ver com isso para psicanálise é de uma outra ordem vamos tentar entender que ordem é essa eh o Freud propõe o inconsciente eh como em parte consequência do recalque mas que supera o conteúdo recalcado isso é é importante eh o conteúdo recalcado é equivalente ao conteúdo inconsciente não o recalcado
é uma parte do inconsciente mas o inconsciente é maior do que o recalcado então é muito importante não confundir conteúdo recalcado com o conteúdo inconsciente o recalcado é uma parte do inconsciente mas o inconsciente é maior do que o recalcado eh o inconsciente é um iceberg muito maior eh do que qualquer coisa que a gente consiga de fato apreender E aí tem essa citação do Freud de 1915 que acho que exemplifica bem isso tudo que é recalcado tem necessáriamente que permanecer inconsciente Mas queremos deixar claro logo de saída que o recalcado não abrange tudo que
é inconsciente é o inconsciente que tem a maior dimensão entre os dois o recalcado é uma parte do inconsciente então o inconsciente tem uma dimensão que a gente não consegue nem apreender o tamanho dela a gente não consegue eh dar conta de tudo que forma esse inconsciente da origem de tudo que forma esse inconsciente o que a gente consegue é dar conta de um pedaço e que pedaço é esse que a gente tem notícia a parte recalcada essa talvez seja a parte do inconsciente que a gente consiga entender um pouco melhor e como é que
a gente entende essa parte do inconsciente por aquilo que dá mostras no seu retorno ou nas suas formações e a gente vai pra segunda citação então como saber da existência do pensamento inconsciente ou ainda como saber da existência do inconsciente a gente já brincou isso em outros encontros em nenhum momento a gente vai serrar a cabeça de alguém e localizar o inconsciente lá o inconsciente ele é imaterial ele não tá localizado em nenhum lugar então como é que a gente sabe que algo que não pode ser visto palpável tocável ele existe né Eh a gente
sabe por aquilo que dele retorna né por aquilo que a gente tem notícia pela sombra que fica pela ranhura pela fratura pelas falhas então quando há falhas no discurso quando faltam palavras quando a gente troca palavras quando esquece o nome quando aparece lacunas na narrativa quando aparece lacunas na narrativa de um sonho ou de qualquer outro acontecimento Ou seja a gente só sabe da existência do inconsciente pelos furos que aparecem na história no som nas palavras na linguagem na leitura ou seja toda a nossa relação com a linguagem ela aparece vez por outra furada nesses
furos a gente tem notícia de que o inconsciente existe o que significa que o inconsciente portanto é uma hipótese isso é interessante a gente observar o inconsciente ele nada mais é do que uma suposição do que uma hipótese Justamente por isso inclusive o analista ocupa o lugar de sujeito suposto saber lembram disso a gente falou isso lá atrás por que que o analista ocupa o lugar de suposição porque o inconsciente é uma suposição o saber é uma suposição não tem como uma interpretação ser absoluta ou Certeira tanto que na clínica orientação que a gente dá
em supervisão é tenha à mão uma duas três possibilidades diante de um certo dito né a gente vai falar um pouquinho sobre isso por exemplo quando o lacam fala do Maritá né Eh em que ele toma uma decisão ele fala olha aqui temos uma decisão eu vou apontar que isso é uma formação do inconsciente ou vou supor que isso faz parte do lexo do paciente vai que o paciente acha que essa palavra realmente existe no dicionário ou eu vou supor só que é um erro o cara não sabe não sabe no nosso caso seria português
lá é no francês não sabe francês muito bem e disse uma bobagem é necessário tomar uma decisão então vocês percebem que quando a gente percebe uma falha um furo um buraco que aponta para algo da ordem consciente só vai eh e ser inconsciente se esse buraco for apontado se deixar passar batido nada aconteceu nenhuma formação foi constatada o inconsciente também não houve nada que foi constatado ali é interessante Observar isso E aí a gente continua então o que que é o inconsciente o inconsciente é uma hipótese é uma suposição O que resta como uma perspectiva
fundamental mesmo que possamos prolongá-la fazê-la variar Ou seja é uma hipótese e o que que a gente tenta fazer com as nossas intervenções Lembrando que intervenções que a gente tem por exemplo escansão o que que é escansão escandir é esticar então a gente tenta prolongar uma hipótese para ver o que que acontece com ela eh Por exemplo quando voltando pro mar itavel mente o o Lacan pretende apontar que essa palavra Então tem um certo estranhamento em relação a ela e faz uma escansão dessa palavra Maritá como a Associação de duas palavras maritalmente de alguém que
é casado e miseravelmente de alguém que é então miseravelmente casado essa é a brincadeira que ele coloca ou seja mas veja eh foi necessário então prolongar essa hipótese para fazê-la variar eh então para Freud o inconsciente é o resultado de uma dedução eu deduzo que esse tropeço tem uma intenção por detrás eu deduzo que o sujeito esqueceu e esse esquecimento tem uma intenção por detrás então há uma intenção que se deduz de trás do buraco de trás da falha Portanto o inconsciente pro Freud é o resultado de uma dedução eh é o que Lacan traduz
de modo mais aproximado salientando que o sujeito do inconsciente é portanto um sujeito suposto quer dizer o sujeito ele é hipotético então ele não é é é um real inclusive se a gente coloca em questão se colocamos a questão de saber se é um ser então é interessante isso o que que é um sujeito sujeito é um equivalente a ser não o sujeito é uma hipótese uma suposição o sujeito é sempre o suposto um ser vivo um ser vivo um mamífero uma planta né um ser Um Ser ele não é uma suposição ele inclusive pode
ser tocado é palpável ele é carne e osso então o ser é é é equivalente a um sujeito não o ser é da biologia né o ser vivo ser humano o ser planta o o ser entende o humano ele é um ser o sujeito ele é um efeito de linguagem ele tem a ver com o inconsciente ele é uma hipótese ele é uma dedução é interessante essa diferença entre o ser e o sujeito sujeito é um conceito e não é a mesma coisa ser humano não é equivalente a sujeito sujeito é um ser muito mais
complicado é muito mais complicado do que só um ser então o pensamento inconsciente é estruturado como linguagem né é uma fala não dita ou mais do que dita ou brincando com isso maldita né Ou seja a gente tem notícia do inconsciente por aquilo da linguagem que não é dito que diz para lém que foi dito do que é maldo o que que é o maldo quando você quando a gente aponta por exemplo um ato falha a pessoa fica irritada eu não falei isso eu não queria falar isso você tá escutando coisa ou seja é uma
fala maldita é aquilo que não era para ter sido dito foi dito pela da da forma equivocada e assim por diante então o inconsciente ele é uma linguagem para além daquela que a gente gostaria de dizer é aquela que a gente nem gostaria de ter dito para fechar aqui o inconsciente depois a gente transformações do inconsciente então para fechar agora eh O que que é o inconsciente a gente tem eh lacam 964 ele diz Freud onde duvida está seguro de que o pensamento está lá inclusive esse onde duvida fazendo referência a decartes né penso logo
existo desejo logo sou fazendo referência Inclusive a esse a teoria do Descartes o Freud então ele vai dizer aonde duvido o sujeito está o inconsciente está percebam que a gente tem várias brincadeiras com descart né fala penso logo existe existo a gente tem a possibilidade de falar desejo logo sou e a gente ainda tem uma possibilidade de brincar aqui que é aonde duvido né o inconsciente está então o inconsciente está aonde duvido então Freud onde duvida está seguro de que um pensamento está lá o pensamento inconsciente O que quer dizer que se revela como ausente
e é a eh a este lugar que ele chama eh e que eu penso que eh pelo qual vai revelar-se o sujeito que que significa revelar-se o sujeito ora a gente fala que o neurótico ele é marcado sobretudo pela dúvida e o que as suas intervenções tentam fazer no neurótico apostar nessa dúvida o sujeito fala saí na rua e vi tal coisa viu tal coisa não quer dizer eu acho que eu vi tal coisa mas talvez pode ser tal coisa tal coisa não mas pode ser tal coisa tal coisa e a outra coisa ou seja
as suas intervenções vão apostar no final das contas numa dúvida porque aonde há dúvida há sujeito e quando o sujeito tenta então lidar com a dúvida ele começa a localizar afinal de contas por que que eu estou eu tenho essa dúvida por que que eu achei que eu vi tal coisa se ela não estava lá será que eu quis ver isso Fulano você viu aquilo não eu não vi ele não viu então por que que eu vi percebem Ou seja a gente tem uma suposição de sujeito de Desejo de inconsciente ali onde a dúvida está
então a onde a dúvida está a gente localiza o inconsciente brincando com a lógica de Descartes para fechar então o que que é o inconsciente Lacan optou por enfatizar o inconsciente como sujeito Então veja aonde na obra de Freud vocês leem inconsciente na obra do lacam vocês vão ler sujeito ou ainda sujeito do inconsciente é equivalente na obra do Freud não tem a palavra sujeito não tem o conceito de sujeito o Freud ele usa indivíduo mesmo tá o conceito de sujeito é um conceito elaborado por Lacan eh tanto que no lugar de inconsciente ele vai
falar sujeito do inconsciente ou só sujeito que dá na mesma então o sujeito que não tem substância que é um tropeço já que não se encaixa mas se expande para preencher o próprio desejo então Eh o sujeito equivale ao desejo que equivale ao inconsciente conceito inconsciente em Freud conceito sujeito em lac mas os dois tentando dar conta da Ordem do desejo Afinal o que é o inconsciente se não há o que aponta para desejo o que é o sujeito se não há o que aponta para o desejo então é o mesmo conceito com nomes diferentes
até aqui tudo bem Se tiverem dúvida me fala senão a gente passa adiante Ok eu eu não entendi esse lacão optou por enfatizar o inconsciente como sujeito que não tem substância que é um tropeço achei isso complicado e outra coisa também que eu anotei você falou ser humano é diferente de sujeito mas todos nós não somos sujeitos mais ou menos e veja você nasce sujeito ou você nasce Libra de carne Libra de carne se torna sujeito mas todos eu acho que não existe ninguém que não seja sujeito né não sei da perspectiva por exemplo do
autismo como quarta estrutura tô supondo sujeito autista mas se você for pra linha teórica de que e pensa o autismo numa numa falha da Constituição do sujeito aí a gente já estaria contendo uma outra conversa mas da perspectiva que eu considero inclusive o autismo como quarta estrutura sim temos sujeito mas temos o sujeito que passa pela alienação que não passa pela alienação que passa pela alienação e separação que entra na alienação mas não sai dela eh eh então nós temos aí configurações interessantes sujeito mas o fundament mentalmente o sujeito por Excelência no Lacan eh o
sujeito do inconsciente é Sobretudo o sujeito neurótico nós temos outras possibilidades de pensar o sujeito sujeito Psicótico sujeito autista mas esse sujeito que aponta para o desejo é por Excelência o sujeito neurótico que é a base aí da teoria psicanalítica pegando as sua primeira pergunta que é sobre o tropeço veja o lacão optou por enfatizar o inconsciente eh como sujeito né um sujeito que não tem substância que é um tropeço eh a substância zilá seria a palavra essa que você consegue ler sem dificuldades o texto escrito com clareza um idioma que todos nós compreendemos mas
o sujeito não está lá o sujeito ele tá aonde a fala tropeça aonde o discurso se perde aonde Você erra as palavras entende então o sujeito ele não tem substância ele é um tropeço é o mesmo que diz di que o sujeito ele é inconsciente porque o inconsciente ele não tá no texto o inconsciente está no maldito do texto no não dito do texto no que falha do texto lembra então inconsciente está no furo na falha o sujeito também então a substância é o texto o tropeço é o buraco o sujeito não tá na substância
ou seja no texto ele tá no buraco na falha do texto naquilo que o texto não consegue apreender naquilo que fal do texto erra do texto não diz do texto mal diz do texto nesse sentido Isabela sobre isso também Renato eu fiquei com uma dúvida literalmente porque a dúvida é o apontamento de que o pensamento tá lá apontando pro inconsciente também e quando não há essa dúvida a por exemplo a certeza psicótica entende por isso que aon in então no caso só que por exemplo a certeza aponta para inconsciente que está cel aberto entendi é
é até interessante por exemplo o a a a gente tem autores que trabalham com a ideia do inconsciente a céu aberto e tem autores que falam de que na Psicose não haveria inconsciente porque o inconsciente só haveria sob recalque Ou seja você teria que ter um telhado para dizer que tem alguma coisa escondida debaixo desse telhado e se está céu aberto se tá destelhado é como se então Eh o inconsciente sequer existisse brin Brincadeiras à parte nessas várias possibilidades a diferença fundamental aí Isabela seria aonde há dúvida há inconsciente porque a dúvida aponta pro recalque
e o inconsciente para lém uma parte né do do consciente é o recalque é o conteúdo recalcado aquilo que tá Para Além disso que foi recalcado então a dúvida aponta pro recalque que aponta pro inconsciente entretanto eh a dúvida é uma marca da neurose na Psicose você tem a certeza tanto na Psicose você tem a certeza que a gente não vai fazer intervenções na Psicose que apostem na dúvida ou na ironia ou no sarcasmo Por exemplo quando você eh tem um adolescente num funcionamento erotomaníaco Mas você faz uma aposta na neurose por exemplo a menina
fala ah todo lugar que eu ando eh a todo mundo me olha todo mundo me quer né uma coisa bem erot maníaca se você tá fazendo ali na sua escuta uma possa na neurose Você pode fazer uma pergunta do tipo Rosana sabe bem que pergunta essa que a gente tava conversando agora H pouco você pode fazer uma pergunta do tipo eh O que que você tem de tão especial que todos te olham E aí a pessoa fala nossa é mesmo né tô me achando k ou seja isso tem um efeito tipo e eh não é
para tanto mas por exemplo se eh a coisa é psicótica ele vai levar a sério estão me olhando porque sei lá vamos pegar schreber né eu vou dar origem à próxima espécie ou seja ali aonde você joga uma ironia apostando numa dúvida ele Dobra a cartada na certeza você recua não se trata ali de colocar dúvida temos uma certeza que ele dobrou aposta e significa que se você insistir na dúvida você vai entrar pra lógica delirante dele e aí a A análise vai se tnar tornar impossível a partir de então entende então a dúvida aponta
para inconsciente a dúvida da neurose sujeito inconsciente é fundamentalmente o sujeito neurótico que aí já casa com a pergunta da zilá também Mônica Renata uma vez eu eu eu vi uma explicação assim né do do Esse é coisa do inconsciente a céu aberto que eu achei bastante interessante assim que o inconsciente é esse lugar meio que caótico sem organização por isso né esse por isso que ele é esse mas quando ele vamos dizer assim quando ele é revelado ele é revelado eh mediante uma certa estruturação ele ele né ele ele tropeça numa palavra ele né
E aí quando fala assim do inconsciente é cel aberto eu fico pensando o seguinte quando ele se estrutura de alguma forma ainda que seja num Delírio ainda que seja num a gente não poderia dizer assim que há algum tipo de de contenção né assim algum tipo de organização que então afastaria um pouco assim eh dessa suposição de um inconsciente né supondo que ele exista ele eh seria mais caótico uma vez que ele se organiza e se apresenta assim né que você pode localizarlo D palavras para ele ainda que seja delirante eh ele não deixa de
ter uma certa qualidade não sei se minha pergunta ficou Clara eu fiquei na dúvida em relação à qualidade Eh que que seria essa sentido assim ó porque quando você e qualidade no sentido de de ter forma de ter uma forma porque me parece que é mais é um pouco mais caótico assim não tem uma então quando ele se agarra Olha que interessante Mônica vamos pegar Artur Bispo do Rosário esse todo mundo conhece maravilhoso eh Artur Bispo do Rosário eh de algum modo a ele passou se não me engano 8 anos da vida dele a inventariando
o mundo para Deus né ou seja Deus vai voltar e quando ele voltar eu tenho que ter realizado ess esse trabalho de inventariar o mundo para deus o que que foi inventariar o mundo para Deus Artur Bispo do Rosário todos os objetos que existem no mundo ele tinha que bordán eu fui na exposição do Artur Bispo do Rosário que eram cinco andares de objetos é uma coisa né Essa coisa da linha e aí é interessante Mônica enquanto ele tava lá inventariando do mundo para Deus completamente ocupado nesse deste trabalho de bordar e costurar e nomear
e inventariar algo se organizou Neste período por exemplo isso eh eh esse esse eixo central da lógica delirante organiza então tem algo que organiza o Psicótico que é a própria lógica delirante que pode organizar ou desorganizar né eu digo pode organizar ou desorganizar porque talvez o que se organizou ali se organizou porque ele tinha um um um ali na na mista Silveira Museu do inconsciente etc eh a chance de poder se dedicar a este trabalho que era inquestionável inventariar o mundo para Deus agora imagina Mônica se se alguém aqui Jamais ninguém nessa sala faria isso
tentasse Então como tratamento eh impedi-lo de inventariar o mundo para Deus por diabos alguém faria isso eu não sei mas Nada de útil sairia disso porque a a a lógica delirante também organiza o funcionamento a relação do sujeito com o próprio corpo com o mundo com os afetos entende qualquer coisa diferente disso talvez levaria ele a um surto a uma agressividade a algo impossível então o inconsciente ele tem uma lógica e eu vou enfatizar a palavra lógica porque o lacão usa muito essa palavra lógica lógica do inconsciente lógica delirante então na neurose a gente tem
uma certa lógica que faz uma ração pela via da linguagem ali na no funcionamento do inconsciente na Psicose também a gente tem uma certa lógica Mas é uma lógica delirante né Ou seja a e a diferença é a lógica do inconsciente é uma lógica ligada a desejo e a lógica eh da Psicose é uma lógica delir eh eh ligada ao delírio né ali é onde o neurótico fantasia eh o o Psicótico delira mas nós temos uma certa lógica de amarração seja pela via da fantasia seja pela via do Delírio mas ambos criam uma lógica ordenadora
é interessante isso então mas essa lógica ordenadora só isso que é minha dúvida a lógica ordenadora já não é mais o inconsciente quando fala o inconsciente é céu aberto me parece que assim o inconsciente continua a céu fechado na que na hora que ele se organiza de alguma forma no delírio por exemplo isso isso mas na hora entendeu na hora que organiza eh assim no delírio já já não é mais o inconsciente eh não não é você tem razão você tem razão a lógica Veja a a na fantasia o o Freud fala isso nos escritores
criativos seu devanear quando ele vai falar da diferença ali do brincar da Criança e da da escrita do poeta eh ele vai apontar que a criança ela não guarda o jogo ela mostra o jogo eh e por ordem do recalque à medida que a gente vai avançando nos nossos tempos né a gente vai saindo da infância entrando na idade de adulta a gente começa a esconder o jogo e o que que é esconder o jogo né esconder o desejo porque a criança a gente tem notícia sobre o desejo pelo brincar à medida que então ela
brinca e a gente brinca com ela a gente tem notícia do desejo ela expõe o desejo o adulto ele vai escondendo o jogo escondendo o desejo ou seja recalcando o inconsciente né recalcando o desejo que vai se tornando conteúdo inconsciente no caso da então o fantasiar da notícias do desejo mas não o expõe não o deixa seu aberto de modo algum o fantasiar continua inconsciente eh mas no caso do Delírio o Delírio ele fica exposto ele fica exposto o Delírio ele é uma uma construção e uma organização eh exposta Eu gosto de brincar fazendo a
comparação eu pego o Artur Bispo do Rosário para brincar com a lógica do Freud quando ele fala por exemplo que a a a análise seria mais eh um processo de esculpir do que de pintar Você se lembra falando do Leonardo A eh des esculpir porque a gente tem ali uma pedra e a forma da escultura tá lá dentro já eu não posso esculpir a pedra do jeito que eu quero dependendo do jeito que eu bato eu quebro a pedra inteira ela vira farelo tem alguma coisa que a pedra me permite dar de forma e eu
não posso decidir completamente então ele coloca essa questão eh eh da análise encontro com o inconsciente Da Lógica da escultura no caso da Psicose eu brincaria por causa da Bispo do Rosário que tem mais a ver com costura bordado né então da neurose seria uma um esculpir eh e na Psicose um colar costurar bordar eh inventariar justamente porque ele é exposto então eu tenho emaranhado de linhas que eu preciso ali ordenar numa certa forma que dê uma sustentação pro sujeito Psicótico a gente vai avançar nas estruturas clínicas lá paraa frente vai ficar mais claro mas
quando a gente fala de sujeito dúvida inconsciente estamos falando sobretudo da neurose sem dúvida da neurose eh aqui na na nossa listinha tem o André e depois a lá André Oi Renata Eh tudia tudo bem eu deixa eu te perguntar uma coisa que eu acho que eu sei que ela deve ser um pouco eh enfim não deve ter uma uma resposta talvez e eh só uma só né mas esse lance da de ver o sujeito aí como sem substância para mim tá tá dentro de uma terminologia ontológica né para mim substância ali é do ser
né da enfim eh Então é só que você acha que não tem possibilidade da gente ver em lacão uma uma ontologia eu sei que Ele termina o capítulo lá do seminário 11 falando que a questão é ética e ontológica mas existe essa proposta né de Ontologia negativa que é uma seria uma não uma ontologia na terminologia aristotélica tradicional que que enfim né que não utiliza todos os conceitos ali eh tradicionais mas de alguma forma ele eh que procura ver uma materialidade no inconsciente né que não que não trata o inconsciente como eh somente como sei
lá sinônimo do de um significante que só desliza enfim né Queria saber a sua opinião se não tem se você acha que não tem espaço para essa leitura que eu acho que é que é um pouco mais interessante assim num contexto da obra do LC como um todo então Eh essa questão dos do do do do sujeito ético e não ôntico né essa ideia então Eh de não de não substância eh fundamentalmente de apontar então o sujeito como efeito de linguagem se você pensar bem André dá uma materialidade porque veja a linguagem ela tem verbos
adjetivos substantivo a linguagem tem uma estrutura a linguagem ela faz metáfora tem deslocamento metonímico então a a a a a materialidade do inconsciente estaria relacionado à própria estrutura da linguagem então dizer que o inconsciente é estruturado como linguagem retira qualquer possibilidade de interpretar o inconsciente como algo metafísico né Eh essa materialidade do inconsciente como linguagem eh para mim é o mais rigoroso que Lacan consegue chegar nessa lógica entende não tanto de uma eh Eu tenho um pouco de receio da da coisa de de de uma lógica ontológica de um certo uma certa origem tenho medo
de onde isso vai parar eh então quando o lacam propõe então de que esse sujeito eh ele vai ser um efeito perceba ele diz ele não é uma origem ele é um efeito um resultado né o o o sujeito Portanto ele é mais resultado do que eh origem e e nesse resultado o que que é de materialidade do inconsciente a própria estrutura da linguagem que como eu te disse tem palavras significantes metaf metonímia e assim por diante seria mais nesse sentido André mas eu não tenho uma resposta fechada Para você eu iria até esse momento
hoje mas a gente pode avançar um pouco mais que que você acha tá já obrigado zilá não só voltando aquele exemplo que você deu né Eh de provocar dúvida ah ah todo mundo olha para mim aí você ah mas por que que você acha que todo mundo olha para mim e se é o Psicótico qual seria a intervenção Já que você não pode marcar pela dúvida tem algum então na quando você a gente vai falar sobre as estruturas mais para frente nos próximos blocos mas nesse primeiro momento eh se no Psicótico eh A questão não
é localizar a dúvida no Psicótico é localizar a lógica delirante né Eh voltando paraa pergunta da Mônica então a minha pergunta não é se olham é qual a construção que está ali que sustenta esse olhar Então por olham né Eh o se olham seria mais ligado à neurose e o que olham ou por olham ligado à Psicose ou seja tentando a localizar Qual é o estatuto deste olhar para este sujeito entende vamos avançar um pouquinho então para agora as formações do inconsciente em são as formações do inconsciente eh então a gente só localizou rapidamente eh
uma primeira definição do que é o inconsciente em Freud Lacan Lembrando que sujeito para o Lacan é o termo que ele coloca no lugar do conceito de inconsciente em Freud mas eh um não substitui de modo algum o outro os dois andam juntos em toda a obra mas e são bastante equivalentes mas continuando aí eh Lacan diz é porque esqueci de uma Así ó é porque o que é conhecido não pode ser conhecido senão em palavras e acho que S um pouquinho no que você perguntou André O que é conhecido não pode ser conhecido senão
em palavras eh que o que é desconhecido apresenta-se como sendo uma estrutura de linguagem o que que é desconhecido inconsciente então a gente só conhece as coisas e até interessante a a nossa relação com o mundo né Eh por exemplo tem uma poesia do eh do Carlos Ron de Andrade chama suposta existência existe no existe alguém no mundo ah num quarto fechado sem espelho Existe animal nunca descoberto e não e nunca nomeado p é melhor que isso Tá Mas se vocês pegarem o a o poema do Carlos de de Andrade suposta existência o que ele
está dizendo é o que existe no mundo não existe a não ser pela via de palavras por exemplo de repente a gente chega e falam assim descobriu a os cientistas descobr vira uma uma nova espécie de um bicho tal e aí descobriram parece que o bicho existe a partir do dia de hoje paraa frente né ele existe há milhões de anos mas ele só existe a partir do dia que ele é constatado e nomeado pela ciência é interessante isso Então veja como se a gente tivesse dizendo tudo que é conhecido não pode ser conhecido senão
em palavras a gente só pode dizer que os dinossauros existiram a partir do momento que alguém pegar aqueles ossos falou ó não é dragão é dinossauro né Em algum momento na história Alguém disse que aqueles ossos enormes eram dinossauro e retroativamente a gente diz que os dinossauros existiram Há sei lá Quantos milhões de anos então o que é conhecido não pode ser conhecido senão em palavras o que significa que o que é desconhecido também se relaciona de algum modo com a estrutura da linguagem porque o que é conhecido vem pela via da linguagem O que
é desconhecido também então nada podemos saber do inconsciente e também então nada podemos saber sobre o sujeito pensando no conceito de inconsciente Sujeito como equivalentes a não ser por meio das formações do inconsciente que ocorrem por Excelência através da linguagem Então quais são as formações do inconsciente que ocorrem eh através da linguagem eh a gente tem já recuperando alguns o ato falho os lapsos lapso de memória lapso de escrita lapso de leitura o esquecimento o sonhos ou seja as formações se dão todas eh através da linguagem então o inconsciente estrutur AD como linguagem formulado por
lacam a partir da obra freudiana se distancia de qualquer compreensão metafísica ou explícita e e Explicita perdão ainda mais que a técnica psicanalítica depende inteiramente eh do uso da fala e da linguagem ou seja não tem uma uma técnica psicanalítica pela adivinhação pela imposição das mãos ou por qualquer outra via que não pela fala e pela linguagem do que se diz do que que se escuta do que se constrói a partir desse movimento de fala e escuta o que a gente pode fazer sobretudo na clínica com crianças é ampliar O que é da Ordem da
fala o que é da Ordem da escuta lembra que a gente coloca também que o brincar o jogar são da Ordem da fala da da da fala e da escuta também né a gente amplia amplifica esse conceito de fala e escuta mas isso é interessante veja é porque o inconsciente é estruturado como linguagem que é a formulação do lacam a partir de Freud é que a gente distancia a compreensão metafísica Ou seja a gente aponta que a técnica depende da linguagem porque é na linguagem inclusive que as manifestações do inconsciente nas falhas da linguagem e
nas formações do inconsciente pela via da linguagem que tudo acontece o inconsciente então é um lugar onde a interpretação nunca alcança mas aponta a sua direção isso é interessante veja o Freud ele fala sobre decifrar o inconsciente porque o Freud fala sobre decifrar inconsciente significa que o inconsciente é absolutamente decifrável não vocês lemam que o recalco é só uma parte do inconsciente o inconsciente é muito maior do que o conteúdo recalcado Então se as formações do inconsciente eh a a advém desse conteúdo recalcado a gente tem acesso pelas formações só de um pedaço do conteúdo
inconsciente não do inconsciente como todo então o processo de tentar decifrar inconsciente nunca vai alcançar completamente o inconsciente vai só apontar na direção de que existe o inconsciente de que há algo inconsciente mas nunca encontrá-lo completamente eh para pensar nisso tem essa frase da da Clarissa Spector tá na paixão segundo GH que eu acho muito interessante Veja a linguagem é o meu esforço humano por destino volto com as mãos vazias mas volto com o indis o indis só me poderá ser dada através do fracasso da minha linguagem só quando falha a construção é que obtenho
eh o que ela não conseguiu é interessante porque a Clarissa Lispector ela foi extremamente lacaniana Nessa fala É como se ela estivesse dizendo a você tá muda Renata Ai meu Deus eu mudei a eu tô mudar quanto tempo pode voltar da da da parte da Clarice toda ela não GH você foi do GH a nem vi que eu estava muda Gente desculpa Então veja voltando Aí a linguagem é meu esforço humano por destino volto com as mãos vazias mas volto com o invisível o invisível só me poderar ser dada através do fracasso da minha linguagem
só quando falha a construção é que obtenho o que ela não conseguiu Olha que interessante essa lógica a linguagem é meu esforço humano ou seja ser humana para Spector é tentar se virar com a linguagem é tentar no final das contas colocar na linguagem minhas relações amorosas minha compreensão do meu corpo o texto que eu escrevo ou seja o meu esforço humano é a linguagem entre tanto eu faço todo esse esforço humano através da linguagem e volto com as mãos vazias Como assim volto com as mãos vazias porque a linguagem ela não dá conta de
tudo eu volto com as mãos vazias volto com o indizível e o indizível só me poderá ser dado através do fracasso da linguagem Clarice foi extremamente lacaniana aqui ou seja só quando falha a construção ou seja só quando a linguagem falha desse meu esforço humano é que eu obtenho o que ela não conseguiu o que que a linguagem não conseguiu o indizível o inconsciente Então acho que essa a a clariss sintetiza nessa citação maravilhosa eh justamente essa esse conflito entre tentar existir pela via da linguagem e descobrir que sempre tem alguma coisa que você que
só existe quando a linguagem falha mas para que exista quando a linguagem falha é necessário primeiro que exista algo que contorne o que falha que se dá pela via da linguagem Dani Dani perdão Oi ren tudo bom tudo joia essa fala tá clar incrível hein e me jog direto me fez pensar no objeto a é muito lacaniano isso é muito objeto a né que o que não há e que produz efeitos justamente por esse furo né Não acho E na verdade a obra da claris Tod Se você pegar a Hora da Estrela é Lacan puro
assim vamos estudar real A Hora da Estrela se você pega a caixão segundo GH é essa questão da da linguagem e dessa construção do consente e também algo sobre o feminino ali que é uma coisa maravilhosa mas a obra da Clarice ela é tão lacaniana mas tão lacaniana que ela ela é até perigosa estão L can tem um livro que publicaram agora que eu achei muito bonito eh que é sobre eles foram pegando em toda a obra da Clarice tudo que a Clarice fala sobre palavra sobre esse esforço de se haver com a palavra sobre
existir através da palavra essa organização que fizeram a se não me engano é da rou eh essa organização que fizeram que é são as palavras em Clarice eh essa organização que fizeram vou mandar lá no grupo para vocês eu achei uma coisa genial porque e eh basicamente toda a obra da Clarice aonde aponta paraa importância da linguagem e daquilo que na linguagem ao falhar temos notícias do inconsciente mas ela foi extremamente lacaniana mesmo vamos continuar bom seguindo aí veja Dentre as formações eh do inconsciente a mais persistente e durador é o sintoma Então vamos falar
sobre as formações o ato falho dura um segundo o sonho dura uma noite o xixe dura alguns minutos e o sintoma dura uma vida inteira eu eu eu achei muito divertido eu fiz eu fui colocando uma do lado da outra falei não Deixa eu brincar com o tempo de cada uma aqui né Então veja eh o ar falho ele dura quanto um segundo pá um tropeço por exemplo eu tenho um ato falho que eu tenho uma mania terrível eu tenho mania de trocar por algum motivo dicionário com dinossauro todas as vezes que eu vou falar
PR os alunos consultem o dicionário eu falo consultem o dinossauro por algum motivo do universo Eu troca essas duas palavras eu tenho algumas palavras específicas que eu troco sempre e e o pior uma vez que você troca parece que você fica tentando se esforçar para não errar E aí que Você erra mesmo de novo né então e eh o ato falha ele dura um segundo é um lapso uma palavra por isso inclusive chama lapso também né esse lapso esse tropeço essa esse instante então ele dura um instante o sonho o sonho ele dura ali uma
noite o xixe ele dura alguns minutos você precisa preparar o campo contar o xixe esperar a reação do outro de riso e o sintoma o sintoma duram a vida inteira então nós temos formações do inconsciente de todos os tempos e acontecendo ao mesmo tempo então nós temos formações inconscientes que vão acompanhar o sujeito uma vida toda por exemplo o sintoma e nós temos formações do inconsciente que vão atropelar o sujeito em um segundo todas as possibilidades de formação do inconsciente em todos os tempos possíveis estão aí então paraa psicanálise pensando agora as várias formações o
sintoma ele é um retorno do recalcado Lembrando que o sintoma também entra naquela mesma discussão que a gente tá fazendo sobre neurose psicose o sintoma é algo da Ordem do sujeito neurótico então quando a gente fala aí de sujeito de inconsciente de sintoma de desejo estamos apontando por eh sobretudo paraa neurose então para psicanálise o sintoma é um retorno do recalcado se o recalque ele é o resultado de um conflito entre o desejo e a censura em que não sendo possível nem abrir mão do desejo e nem rouper com toda a censura Essa é a
a o conflito veja se fosse possível um dos dois ganharem não tinha conflito a gente chama de conflito porque não não tem como nenhum dos dois ganharem Nem o desejo é forte suficiente para superar a censura e nem a censura é forte suficiente para aniquilar o desejo então a gente sempre vai ficar nesse conflito da Di algo da Ordem do desejo e da censura e é justamente porque há esse conflito constante que nunca cessa que nunca cede né Eh que a gente tem o recalque o recalco é uma espécie o o o Freud ele usa
um termo interessante que é de uma espécie de conciliação uma espécie de acordo uma esp uma espécie de compromisso né inclusive na obra do Freud no lugar de formações do inconsciente vocês vão encontrar com muita frequência formação de compromisso tá então quando vocês forem pesquisar na obra do Freud sobre formações do inconsciente procurem esses outros termos lá estará também formações do inconsciente mas estará com mais frequência o termo formação de compromisso entende e o que que é formação de compromisso formação de compromisso é justamente o recalque Olha eu tenho uma eu eu tenho tem um
conflito que não que não cede há o desejo que não cessa de modo algum a censura que não cessa de modo algum a formação de compromisso é algo que advém para tentar dar conta desse conflito que não cessa e o que que advém as formações de compromisso ou as formações do inconsciente então o eu para preservar algo do desejo e se preservar diante da censura lança tal conteúdo para consciente ou seja recalca uma vez o inconsciente esse conteúdo ele se esforça para retornar né e ele retorna a partir dessas formações do inconsciente que são aí
formações de compromisso né os sintomas os sonhos os xxes os atos falhos os lapsos os esquecimentos ou seja todas as formas possíveis que esse conteúdo se esforça tenta retornar uma vez que ele não foi pro inconsciente de bom grado né Eh foi porque não havia outra possibilidade de preservar o eu então o que nós temos é um eu que precisa se preservar e para se preservar algo do desejo se perde né E se preserva diante da censura para que o eu se Preserve ele se ele perde alguma coisa então é exatamente continuando aqui é exatamente
o que não pode ser explicado que Freud meia como formações do inconsciente então o sonho que ele chama de texto do sonho o xixis os atos falhos os sintomas enfim eu acho bonito isso que o Freud coloca eh em 1901 ele diz eh enfim os restos de sentido 1901 é o texto do psicopatologia da vida cotidiana tá só um parêntese tem um texto antes da fundação da psicanálise que chama eh a sobre psicopatologia da forma do da do do esquecimento esqueci o nome exato Então os textos sobre as formações inconscientes são antes mesmo do texto
da interpretação dos sonhos que que consolidam a psicanálise e Logo no início da teoria psicanalítica então eles dão um pouco antes e Logo no início da consolidação da psicanálise ali com a Interpretação dos Sonhos eh então sobre esquecimento é de 1898 e o psicopatologia da vida cotidiana 1901 um percebam que tá tudo ali muito próximo esse sobre esquecimento inclusive é muito bom e é de 1898 Mas voltando enfim os restos de sentido eh acontecimentos até então negligenciados pela ciência eh são tratados como fenômeno sem nenhuma importância justamente porque resistiam e ainda resistem a qualquer explicação
eh dada a partir de dados do discurso racional consciente o que que o Freud tá dizendo olha até o aqui e dizer em 1898 que o esquecimento eh tem alguma importância o esquecimento era só esquecimento Até eu parar e dizer eh em 1900 que o sonho tem alguma importância o sonho era só o sonho até eu dizer em 1901 que os lapsos e os atos falhos T alguma importância eles eram só erros de fala o que ele está dizendo é que de 1898 a 1901 eh ele se deteve a apontar aquilo que é negligenciado pela
ciência que são os restos de sentido são os acontecimentos que toda a ciência sempre negligenciou e ele traz em evidência e essa é a grande sacada do Freud da psicanálise do surgimento da psicanálise eh um amor pelos restos um amor pelo dejeto e é interessante Olha o que que o psicanalista gosta né o psicanalista no final das contas é aquele que tem um certo amor pelos já perceberam isso o que que a gente gosta a gente gosta de resto a gente gosta daquilo que ninguém tem saco de ouvi sões só a gente ninguém presta atenção
nos equívocos só a gente quem que se preocupa que alguém errou uma palavra leu errado ou esqueceu um nome só a gente então o analista ele ocupa esse lugar de amor pelos dejetos né de amor pelos restos e é como se o Freud tivesse falando olha ali aonde é lixo para um é resto é aonde a psicanálise nasce e seo surge se estabelece Então são formações inconscientes somente à medida que são escutados pontuados e interpretados iso é muito importante se não se até 1898 que o Freud Fez o texto sobre esquecimento esquecimento era só esquecimento
quando frud diz eh Há uma intenção por detrás do esquecimento o esquecimento passa a ser eh uma formação do inconsciente então toda a formação do inconsciente só é quando pontuado então enquanto você tá aí andando pela vida simplesmente tropeçando em palavras e esquecendo nomes isso não significa nada inclusive esquecer nomes talvez dependendo do ponto que você está vai ser mais provável ser confundido com Alzheimer do que com a a com com um uma formação do inconsciente entretanto numa situação de análise eles são escutados eles são pontuados eles são interpretados E então eles ganham o estatuto
de formação do cente o que eu estou querendo dizer é que um tropeço é só um tropeço quando não interpretado um esquecimento é só um esquecimento quando não interpretado ele só é uma formação do inconsciente retroativamente n strag Ou seja quando não só depois eu chamo o tropeço de intenção e retroativamente o tropeço então demonstra qual intenção ele tinha ao tropeçar né Eh pegando aí Freud ainda em 1901 psicopatologia das da vida cotidiana Ele diz também SA sabem que o conflito entre elas produz e em determinadas condições outras formações psíquicas eh outro termo que ele
dá para formação do inconsciente é formação de compromisso formação psíquica formação do inconsciente é tudo o mesmo termo tá Que tal como sonhos são resultados de compromissos e não me solicitarão que repita agora tudo o que se acha na introdução da teoria das neuroses a fim de expor o que sabemos sobre as condições de tal formações de compromissos Qual é o compromisso que se forma aqui para eu não ter que abrir mão de todo o desejo né diante da censura que se impõe há uma formação de compromisso aquilo que eu desejo vai aparecer no meu
sonho e não aqui na minha vida cotidiana aquilo que eu desejo vai aparecer na fala que eu tropeço e não na minha fala cotidiana ou seja há um compromisso que para que eu não tenha que abrir mão de todo o desejo ele apareça eh nos seus tropeços ele apareça eh eh de outro modo que não tão explicitado pra gente fechar Deixa eu só é falta ah fiz bagunça pera aí eu saí da saí né Pera aí que eu fiz bagunça deixa eu colocar aqui de novo pronto eu fui até o final e ele voltou demais
fez isso de novo ó eh pra onde que eu parei aqui pronto vocês estão vendo ele inteiro ou só deixa eu parar aqui e de novo pronto vamos ver agora se ele vai direitinho foi foi tá eh Então veja para a formação de inconsciente a gente vai pegar um exemplo eu falei no início dessa aula de hoje sobre o maritavora Como aquela pessoa muito rica E aí quando essa pessoa nada rica foi contar que foi muito bem tratado pela pessoa muito rica Ela disse Ele me tratou de um modo fam Milionário e aí esse fam
milionário é muito interessante ou seja ele me tratou de um modo muito educado Apesar dele ser um milionário né Ele me tratou de um modo familiar de um modo educado Apesar dele ser um um um um milionário bom esse fam milionário que obviamente amente não existe no léxico não existe no dicionário esse fam milionário Lacan começa a brincar será que isso é um ato falho Será que isso é um ato bem sucedido é uma derrapagem é uma criação poética porque veja poderia ser uma criação poética né as as formações do inconsciente o Lacan diz no
seminário cinco que são da mesma lógica das formações poéticas o Lacan inclusive propõe que que estudar poesia e as formações poéticas nos deixa mais próximo de compreender as formações do inconsciente Inclusive tem um livro que a gente publica agora no começo do ano eu e o Wesley sobre as formações do inconsciente as formações poéticas mas perto do lançamento eu falo para vocês então o Lacan propõe no seminário cinco a relação entre as formações inconsciente e a formação poética então não sabemos E aí vem a parte que eu falei para vocês de uma decisão Talvez seja
tudo ao mesmo tempo ou seja fam milionário pode ser um ato falho uma criação poética uma derrapagem mas convém nos determos precis amente na formação do fenômeno no plano significante estrito Ou seja é necessário tomar uma decisão e se deter nessa decisão porque eu tenho certeza disso não tem certeza de nada é uma decisão que se toma é uma hipótese que se constrói é uma possibilidade é uma suposição então com efeito como Anunci na última vez há nisso uma função significante que é própria da tirada espirituosa como significante que escapa ao código Isto é a
tudo eh o que até então se acumulou de formações do significante em suas funções de criação do significado aparece algo novo que pode ser concebido como vinculado ao próprio fundamento do que podemos denominar o processo o progresso da língua ou da mudança mas que requer que antes de aí chegarmos detenhamo-nos em sua formação a fim de situá-lo em relação ao mecanismo formador de significante o que que ele tá dizendo com isso tudo aqui veja eu me deparo com o fam milionário ou o Maritá elment eu me deparo com o dinossauro no lugar de dicionário e
assim por diante é necessário tomar uma certa decisão A decisão é eu vou considerar isso uma uma mera ignorância a pessoa sequer sabe que essa palavra não existe no dicionário ou eu vou considerar e eh uma criação poética o qual o estatuto que eu vou dar para isso nos sobre o funcionamento da análise tem um um Senhorzinho uma vez eu já falei isso em algumas aulas para trás mas eu achei muito interessante o senhor muito ansioso muito ansioso e diante dessa ansiedade ele diz me falta alguma coisa para parar essa ansiedade mas ao invés de
falar me falta alguma coisa para para ess sociedade ele diz me falta um recurs de como é que é um recurs inho de minguar toada me falta um recurs inho de minguar toada ou seja esse recurs de uat tuada que é é um seria uma uma lógica tipo o freio do do Carro de Boi né algo que você puxa e freia então para o o o o o boi não sair puxando o carro de boi infinitamente e eh é uma criação poética eh é um ato bem-sucedido é um ato falha é uma derrapagem é uma
construção toma-se uma decisão toma-se uma decisão ali no do que para aquele caso vai produzir eh a a vai situar esse sujeito em relação ao mecanismo formador de significante porque ele precisou desse significante para dar conta desse sentimento dessa ansiedade da qual ele se queixa pra gente fechar porque a hora estourou seminário C as formações do inconsciente são justamente acontecimentos de linguagem que aparece como a falha do discurso racional consciente que a gente falou lá atrás né então o inconsciente ele é uma hipótese necessária para dar conta daquilo que não pode ser explicado pela consciência
tudo pode ser explicado pela consciência não e o que não pode ser explicado pela consciência a gente aponta como uma hipótese e essa hipótese Pode ser então Eh associada a um saber codificado né que a gente busca lá no grande outro aquilo que tá cristalizando no grande outro que serve como referência para brincar com essa codificação decodificação seminário a lógica do inconsciente a ser construída a partir desses restos como eu disse para vocês esse amor pelos restos que no processo psicanalítico então gosto dessa expressão fazem buraco na cabeça do sujeito como é que a gente
faz buraco na cabeça do sujeito apontando paraa dúvida será como é que é isso apontando paraa dúvida por exemplo a gente faz buracos na cabeça do sujeito ou mesmo constituem o sujeito do inconsciente Como o próprio vazio de sentido Por que vazio de sentido quando o sujeito ele chega com o significante já amarrado cristalizado codificado Ao Único significado a sua intervenção quer portanto apontar para o vazio de sentido ou seja fazer um descolamento entre o significante e significado fazer um certo descolamento entre o que aquele aquilo que a pessoa diz pode ser lido de outras
formas ainda bem Diga de passagem porque o que ela diz só pode ser lido daquela forma não tem tratamento possível então esse próprio vazio de sentido quando a gente aponta para outros vários sentidos diante do significante que é dado você aponta pro vazio de sentido daquele significante e para fechar Então as formações do inconsciente os sonhos é uma delas tem em comum a propriedade de se diferenciar dos códigos dos Sentidos institucionalizados e autorizados por isso Inclusive a gente aponta paraa dúvida e para falta de sentid e pro não sentido e pro resto porque a gente
quer ir para além daquilo que a censura determinou que o grande outro determinou que do código instituído a gente quer para aquilo que foge do instituído Então as formações do inconsciente são justamente essa possibilidade privilegiada do sujeito comparecer como uma experiência de vazio Como assim uma experiência de vazio aquilo que não se restringe ao codificado ao determinado pela ou pela instituição a gente para Então nesse ponto na quarta que vem então a gente vai para as formações do inconsciente propriamente dita e quais são as formações inconsciente o lapso o esquecimento os atos falhos e assim
por diante Emanuela Renata Posso fazer uma pergunta rapidinha pode diga eh você disse que a gente sonha com aquilo que a gente deseja né muitas vezes mas muitas vezes a gente sonha também com aquilo que a gente tem mais medo de acontecer isso seria uma forma de desejo Manu Olha só eh o sonho da notícia sobre o desejo Talvez seja o modo mais interessante da gente pensar de que o sonho ele é efetivamente copia colola do desejo o o Freud ele brincava que o sonho é a realização de um desejo Mas nem tudo que você
deseja necessariamente você gostaria de acessar eh de um modo calmo e organizado pelo contrário Às vezes o desejo aponta para aquilo que é insuportável também a gente vai falar especificamente sobre o desejo nos próximos encontros a gente vai começar aí com ato falho lapso vamos chegar sobre o sonho e aí a gente volta da sua pergunta pode ser pode ser sim mas guarde nesse sentido que o sonho ele dá notícias do desejo de algo que se realiza do desejo através do sonho mas isso não necessariamente é bom pelo contrário pode ser extremamente angustiante gente boa
quarta-feira para todo mundo beijo Obrigada quarta-feira que vem a gente continua então nas formações inconscientes tá bom um abraço para todo mundo tchau tchau tchau tchau boa noite boa noite Tchauzinho boa noite muito obrigada parab boa noite Boa noite obrigada boa noite Boa noite todo mundo gente
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