Imagine sua história como uma linha do tempo quantos altos e baixos já viveu alegrias dores superações obstáculos a verdade é que essa linha não é assim tão linear inúmeros fatores internos e externos influenciam o tempo todo o nosso jornadas e estando únicas e complexas Mas e se pudéssemos ser responsáveis por um pequeno estímulo capaz de impactar de forma positiva uma vida inteira e se criasse umas oportunidades de Minimizar vulnerabilidades e de alguma forma mudássemos uma trajetória acreditamos que sim isso é possível e por isso desde 2003 apoiamos projetos inspiradores com o objetivo de incentivar o
protagonismo social acreditamos que podemos gerar o impacto hoje para que versões cada vez mais felizes dessas histórias possam ser escritas no futuro próximo Instituto CPFL energia que transforma realidades todos o mesmo planeta não significa que nos vemos todo como desenvolver essa consciência humanitária na continuação da série Nossa cidadania terrena o Rabino Newton Bonder analisa a unidade na diversidade em somos Nossa comunidade no espaço comunitário a gente não vive de direitos a gente vive de compromissos e a pergunta é essa se nós estamos no caminho Café Filosófico domingo 7 da noite [Música] boa noite sejam bem-vindos
ao a gravação do Café Filosófico CPFL hoje é o penúltimo programa do ano quem está acompanhando a gente pelo YouTube pelo pelo YouTube e pelo Instagram já pode mandar perguntas no chat a gente está anotando e aqui em Campinas na gravação tem os papeizinhos nas mesas só anotar na segunda parte do programa na segunda metade que a partir do debate a produção vai anotar as perguntas passagem a gente vai ler elas aqui para convidada de hoje e hoje a gente continua o módulo filosofia substantivo feminino que tem curadoria de Natasha Pugliese que fala agora para
gente um pouco da proposta da série do módulo filosofia substantivo feminino para o Café Filosófico nesse mês de novembro eu sou professora da UFRJ e Sou coordenadora da catedral Unesco para a história das mulheres na filosofia ciências e cultura essas palestras que vocês vão ver elas foram pensadas a partir do seguinte princípio né que quando a gente faz ouvir vozes silenciadas quando a gente torna visível mulheres intelectuais invisíveis quando a gente lê obras filosóficas científicas que estão esquecidas no fundo dos arquivos e das bibliotecas Só porque foram escritas por mulheres a gente não tá só
resgatando esses nomes e colocando novas personagens na história da filosofia reconhecendo o valor e a existência dessas personagens na história da filosofia a gente não tá só trazendo novos nomes para o palco do pensamento a gente tá fazendo isso também mas a gente está fazendo mais a gente está querendo condições para que gerações de meninas né e as gerações atuais de mulheres que vivenciam o gênero e a sua própria racionalidade que elas possam conhecer a sua história né é uma história muitas vezes de reivindicação de conquista Mas também de pensamento ativo de genialidade brilhantismo de
contribuição para ciência né E assim se orgulhar dela por conhecer essa história ser orgulhar nessa história se fortalecer E aí ampliar o conhecimento fazer mais e melhor para ciência e contribuir para o desenvolvimento social eu espero que vocês gostem dessa série e que vocês possam também se sentir provocados a fazer esse trabalho de Resgate com a gente porque afinal essa história a história de todos nós recebam com aplausos por favor a convidada de hoje Maria Clara Dias Maria Clara é formada em psicologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Doutora em filosofia pela Universidade
livre de Berlim é professora titular do departamento de filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro coordena o núcleo de inclusão social na UFRJ e nós dissidências feministas do CNPQ e a idealizadora da perspectiva dos funcionamentos autora e organizadora de vários livros entre eles bioética fundamentos teóricos e aplicações Maria Clara seja bem-vinda ao Café Filosófico CPFL gostaria de agradecer muito convite agradecer a Natasha também por ter me convidado para participar dessa conversa de hoje com vocês e eu gostaria também de comentar que o Café Filosófico está fazendo 20 anos e eu gostaria de dar os
parabéns não apenas pelos 20 anos mas sobretudo pela tentativa de levar a filosofia e todas as formas de pensamento com mais amplo tirar um pouco da academia tudo isso que a gente faz lá dentro e que tem no meu entender como alvo atingir as pessoas da sociedade na sociedade como um todo então essa possibilidade de falar fora de um espaço acadêmico me parece muito importante e faz dar mais sentido a tudo aquilo que a gente faz e tudo aquilo que a gente estuda né e o Café Filosófico Além de estar fazendo isso ele tá também
se transformando como a própria academia e a sociedade mais rápido do que a academia por assim dizer né porque hoje nós estamos tendo aqui um evento né uma série de filósofos mulheres e particularmente no meu caso a gente vai falar da do feminismo de Colonial que é assim tipo o primo pobre da academia algo que ninguém se ninguém fala muito menos na filosofia né então a gente Parabéns ao Café Filosófico e é vocês por terem interesse né por tentar fazer essa virada do pensamento né que eu vou propor aqui para vocês hoje bom então eu
vou trabalhar aqui a gente vai conversar um pouco sobre o feminismo de Colonial é a partir de Maria lugones né eu vou começar apresentando lugonis para vocês e apresentando Quem são os pilares do pensamento dela né dessa maneira eu vou tentar começar com a apresentação do que foi a decolonialidade do Poder de Aníbal que hannon e em seguida o outro Pilar que são as mulheres racializar o feminismo das mulheres racializadas e das mulheres do Sul global para a partir daí vocês terem uma ideia do que ela tenta trazer de novidade para a perspectiva de colonial
e no final então eu vou tentar trazer a minha contribuição para esse tipo de pensamento que é uma perspectiva de justiça que eu proponho que seja feminista de colonial Então vamos lá vamos começar com Maria lugonis né Maria lugonis é foi uma filósofa Argentina nascida na Argentina mas que muito jovem ainda se mudou para os Estados Unidos ela se mudou ainda antes dos 20 anos fez toda a sua formação nos Estados Unidos e Faleceu ela nasceu em 44 e faleceu Há dois anos atrás né então ela faleceu relativamente nova né E lugonis ela fez a
carreira sobretudo na área mais a sociologia e isso mais uma vez porque a filosofia não não abre muito espaço para temas da decolonialidade né mas na sociologia Ela acabou desenvolvendo uma carreira importante e como feminista evidentemente também né e o objetivo da lugares ela chega no momento em que ela ao ver o feminismo ela percebe que o feminismo o feminismo ocidental feminismo que a gente costuma chamar as mulheres brancas europeias e norte-americanas né eram feminismo que não abria espaço para interseccionalidade a interseccionalidade entre raça e gênero né então que ele não dava voz a uma
série de mulheres às vezes as diversas ondas a Carla esteve com vocês falando sobre as ondas do feminismo né então a gente percebe que nas diversas ondas do feminismo você num primeiro momento você busca a igualdade as Mulheres Querem os mesmos direitos civis que os homens querem poder votar e etc no segundo momento nós temos as Mulheres Querem o reconhecimento da particularidade do feminino né E aí entra uma segunda onda né com algo que é bastante controverso dentro da própria perspectiva feminista porque porque muitas vezes o que era considerado uma particularidade do feminino é algo
que é uma simples reprodução do modo como homens expressam O que é esperado do próprio feminino ou seja associação do feminino como a que cuida né aquela que tem um acesso mais imediato as emoções e etc né e o que a gente percebe dentro a partir das outras correntes do feminismo né É que as mulheres negras por exemplo elas nunca foram associadas com essa fragilidade e com todos esses elementos que eram claramente identificados dentro da perspectiva feminismo feminista ocidental né então é como se de fato fosse uma percepção do ser mulher totalmente diferente né e
que não houvesse Então essas mulheres elas tentam no grupo dos homens elas no grupo dos homens negros elas eram mulheres e no grupo das mulheres elas eram negras então num certo sentido uma falta de lugar né E além disso O que alugou nos identifica também é uma clara percepção do modo como patriarcado e a héteronormatividade ela vai sendo não discutida dentro do próprio feminismo né como os princípios básicos da heteronormatividade eles acabam impregnando as próprias demandas feministas e ela vai então fazer uma crítica a esse feminismo a partir de duas formas de pensamento que já
estavam sendo desenvolvidos na época dela inclusive que ano ele trabalhou na que é um dos principais representantes da perspectiva de Colonial ele trabalhou Ele se formou na mesma universidade em que ela trabalhava né ele é mais velho do que ela era mais velho do que ela então ela tem muito contato com o pensamento de colonial e também tem muito contato com o feminismo das mulheres racializadas né e do Sul Global então ela vai pegar essas duas fontes de pensamento e vai tentar fazer uma crítica do feminismo endossando aquilo que a gente chama e de feminismo
de Colonial na verdade a gente costuma falar no plural porque são tantas formas e tantas correntes que compõem o feminismo de Colonial que a gente fala de feminismo de coloniais né bom então eu vou agora apresentar o que ramo para vocês que foi esse primeiro essa primeira fonte de que nutriu o pensamento da lugones e a partir de uma crítica ao querano que ela vai recorrer então e vai retomar o feminismo das mulheres racializadas né bom Aníbal que hano ele nasceu em 28 e morreu em 2008 em 2018 2008 né então ele não 2018 ele
morre só dois anos antes dela né Ele nasceu e morreu no Peru então ele tem todo uma produção voltada para o pensamento latino-americano o pensamento dos países colonizados né e ele vai tentar ele vai cunhar o conceito de colonialidade do Poder né E essa colonialidade do Poder ele entende como sendo uma estrutura de ordenação e dominação das sociedades que tem duas bases a primeira ou todo o processo de colonização e a segunda o processo de a modernidade né todas elas são são eixos esses dois eixos vão tentar de alguma forma tornar possível um sistema de
dominação capitalista então é pegando o que que ele vai chamar de colonialidade para ele é uma estrutura de organização social presente ainda nos dias atuais que nos reporta ao processo de colonização das Américas né e da África e enfim dos países do sul Global né E que desenvolve um pensamento e uma estrutura de hierarquização dos indivíduos própria estrutura é essa baseada no pensamento produzido pela modernidade a modernidade por sua vez é caracterizada como a produção de pensamento europeu do século 17 que surge no século 17 esse pensamento ele vai de alguma forma associado ao processo
de colonização Ele vai tentar fornecer os fundamentos necessários para que os povos dominados assumam a perspectiva de povos subjugados tentando deixar mais claro né O que vai acontecer dentro da perspeita dentro da perspectiva do pensamento moderno o europeu vai se como aquele que é detentor das características mais fundamentais dos seres humanos caracterizadas como a liberdade e a racionalidade né e encontra a posição a isso ele vai caracterizar todos os outros grupos socioculturais então é o que Rana comenta inclusive que entre os diversos grupos que foram lidos a partir do pensamento europeu só os orientais foram
reconhecidos como um autêntica autoridade todos os outros foram reconhecidos como povos que comparativamente aos europeus estavam numa escala de desenvolvimento numa escala evolutiva abaixo do europeu Então a partir daí nós temos uma série de binarismos que marcam a sociedade até os dias de hoje né um binismo que diz respeito ao civilizado e ao primitivo ao racional e ao racional ao branco e integrou os racializados que não são só os negros mas também os povos indígenas né E também é toda toda uma caracterização que diz respeito ele vai assumir também aos homens e as mulheres todo
esses binarismos eles vão compondo o modo de organização dessa sociedade de tal forma que os subordinados os dominados eles internalizassem a sua própria inferioridade O que torna é o processo de se rebelar Contra isso muito mais complexo porque a gente vê os rasgos né os restos disso na sociedade atual Eu costumo andar com exemplo é situações em que a gente precisa de alguma coisa e uma pessoa muito humilde vem e nos oferece aquilo nos oferece uma ajuda né E aí quando ela se despede de nós ela diz e você já devem ter escutado essa frase
elas elas não dizem Me desculpe alguma coisa né então elas vieram nos fazer louvor nós deveríamos estar extremamente agradecidos mães essas pessoas internalizam de tal forma essas relações hierárquicas que o fato de nós muitas vezes sermos identificados com determinado grupo social dominante né uma classe social dominante um grupo é racial dominante etc faz com que elas se sintam quase que obrigada a nos servir em nos servir da melhor maneira possível né É claro que evidentemente Nem todas as vezes que se é dito assim isso tem essa percepção mas isso mostra como isso tantas vezes está
internalizado na gente né internalizado na nossa forma de ver o mundo então é isso foi todo um programa isso foi todo um programa de colonização que veio acompanhado com uma colonização do poder e do Saber todos os saberes que eram produzidos nas colônias porque nós tínhamos é nas colônias já um saber existentes Eles foram considerados como misticismo foram considerados como é irracionais e assim sucessivamente não houve embora a gente em filosofia fale muito na boa vontade interpretativa não houve a menor Boa Vontade de interpretativa aquelas pessoas foram simplesmente classificadas como irracionais né aquilo não faz
nenhum sentido então nós precisamos levar o que faz sentido para essas pessoas né E quando nós dizemos que o que elas fazem não faz sentido que elas acreditam não faz sentido nós tentamos destruir toda uma percepção de mundo que garante a identidade delas e impor uma identidade outra a esse grupo né então nós temos aí uma criação de novas subjetividades Inclusive a própria questão da mistura entre raças ela foi apropriada o que que Hanna vai tentar mostrar um dos elementos fundamentais da perspectiva dele é mostrar que a a raça é uma criação é uma construção
Colonial né E foi uma forma que os europeus encontraram de justificar com base numa espécie de ciência natural a distinção entre os diversos grupos e A Hierarquia ser estabelecida por eles então nesse sentido criou-se com a colonialidade a própria noção de raça e a própria noção de miscigenação ela leva no primeiro momento os trabalhadores racializados Eles não eram pagos né quem era pago era o trabalhador branco e Aí surge o trabalhador que é miscigenado e esse trabalhador ele automaticamente já começa a receber um status dentro daquele corpo social diferenciado e criam-se novas hierarquias que vão
reproduzir aquele sistema de dominação né então é mais ou menos isso que o ano tenta trazer uma forma de perceber a colonialidade como um processo bastante Mais amplo e que faz com que ele seja perpetrado até os dias de hoje hoje em dia a gente não tem mais uma colônia né por de trás de nós mas nós temos a colônia internalizada na academia o pensamento que é produzido é um pensamento europeu ou norte-americano nós não temos espaço para um pensamento que não seja desse tipo pelo menos não na filosofia né Eu costumo dar como exemplo
quando se discute o feminismo no Brasil na academia na filosofia se discute o feminismo rompeu norte-americano o máximo que as pessoas falam o máximo de revolucionário que elas são capazes de mencionar e Judith butler né mas é muito curioso porque as próprias filósofas latino-americanas não são lidas nos países latino-americanos né quer dizer então é uma é uma colonização de saber que é impressionante tá de tal forma impregnada que a universidade não consegue sequer fazer essa autocrítica né e o a própria noção de tipo levar a filosofia para outros espaços é algo que parece meio assim
tipo é como se fosse denegrir a filosofia porque ela precisa ser mantida dentro de um papel os filósofos são eruditos e eles falam de um lugar que deve ser incompreensível para os outros Porque se todo mundo puder falar como fala um filósofo qual vai ser o papel do filósofo na sociedade né é o particularmente justamente o papel do filósofo na sociedade é falar de tal forma que ele possa ser compreendido e possa fazer com que esse pensamento seja reproduzido em qualquer lugar e não na academia se ele não cumpre com isso ele é um péssimo
filósofo e sobretudo um péssimo professor de Filosofia né mas esse dado da questão do Poder vinculado ao saber eu acho fundamental dentro da Perspectiva da decolonialidade eu acho que a gente precisa estar muito Alerta a isso né bom mas que ano embora ele tenha apresentado esse elemento da raça como sendo uma categoria construída quando ele vai falar do sexo e gênero ele fala da dominação sim ele fala que existia uma dominação dos homens sobre as mulheres mas essa dominação ele é colocado ele atribui as próprias características naturais dos homens e das mulheres né então a
principal crítica que a Maria Lu Gomes vai fazer o que Hanna ele não perceber que a mesma construção que ele identifica em raça está também em gênero e Sexo né quer dizer ambos conceitos são uma criação do sistema colonial e que se apoderam dessas e que se apodera dessas categorias para justificar uma hierarquia que não necessariamente existia para justificar uma divisão social dos indivíduos que não é uma distribuição uma divisão natural a todas as sociedades porque outro elemento desse pensamento é a proposta de que esse é um pensamento essa é uma percepção essa esses binarismos
desenvolvidos na modernidade eles são uma expressão universal dos seres humanos todas as organizações humanas elas se apresentam dessa forma então o que que lugoni a gente vai fazer ela vai recorrer ao feminismo das mulheres racializadas justamente para mostrar que não é assim que elas são capazes de nos dar exemplos de sociedades que não são marcadas por isso né E essa é a crítica ela vai assumir a decolonialidade ela vai entender a relevância do conceito de colonialidade de poder e de saber mas ao mesmo tempo ela vai acusar o que ramo de não ter percebido de
ter caído na armadilha de uma de um sistema que é patriarcal e que é héteronormativo e por causa disso não ter sido capaz de ver que categorias de sexo gênero foram igualmente criadas para obedecer ao mesmo sistema né então eu parto agora já para crítica né de lugores a partir de outras filósofas né e a primeira filósofo que ela vai tomar para falar sobre isso vai ser Uber né então eu vou chamar antes de entrar nisso o Kiko para fazer para fechar aqui a crítica do que ramo da luginrando para a gente passar então para
esse outro Pilar do pensamento dela que são as mulheres racializadas e os movimentos feministas do terceiro mundo que com você agora é importante considerar as mudanças que a colonização para entender a extensão da organização do sexo e do gênero no colonialismo e no interior do capitalismo global e eurocêntrico as correções substanciais e cosméticas sobre o biológico deixam claro que o gênero precede os traços biológicos e os enchentes de sentido a naturalização das Diferenças sexuais é outro produto do uso moderno da ciência que que ramo subtrai para o caso da raça Obrigado Kiko bom então é
o que a lugonis vai fazer é tentar mostrar que essas categorias assim como a própria noção de heteronormatividade o patriarcado elas não são universais ou seja elas não perpassam todas as sociedades humanas e elas não são a única forma dos seres humanos se organizarem né E para fazer isso ela vai no primeiro momento chamar e o Yumi que tem um livro chamado a invenção da mulher que é fantástico que é de 97 na verdade foi a tese de doutorado dela apresentada nos Estados Unidos onde ela justamente faz essa crítica a partir da sociedade iorubá né
aí nigeriana ela nasceu em 57 ainda está viva e o livro dela foi traduzido para o português se eu não me há dois anos atrás ou seja se vocês pegarem o livro da Judith butler e imaginária o tempo que demorou a Judith butler para ser traduzida para o português e o tempo que demorou e hume que tinha uma tese bastante semelhança dela que era uma crítica própria binarismo né de gênero para ser traduzido vocês vão ver que ela demorou quase 20 anos para ser traduzida né e ainda assim é muito pouco embora o livro dela
seja traduzido e agora já esteja aí disponível a gente sabe que pouca gente conhece esse livro e ela é muito pouco conhecida no meio acadêmico E no meio filosófico eu diria menos ainda né bom o que que ela vai fazer ela vai pegar a estrutura da língua da sociedade urubá e ela vai mostrar que em urubá não existia os termos que foram alinhados depois no inglês para o inglês para traduzir homem e mulher então a sociedade iorubá ela vai mostrar pelos diversos textos pelas diversas experiências que ela tem na cultura iorubá que a aliás hierarquias
eram estabelecidas por pelo papel que o indivíduo ocupa numa determinada é linha genealógica ou seja os mais velhos vão ser pessoas que vão ter mais poder do que os mais novos isso Independente de terem genitália feminino ou Masculina né e que não havia um termo para designar diferencialmente quem tinha genitália feminina e quem tinha genitária feminina existia um termo para isso né mas esse termo não servia para estabelecer nenhum tipo de hierarquia dentro da sociedade né quando a sociedade Urbana ela foi colonizada pelos ingleses então eles cunharam palavras Eles criaram uma palavra para designar isso
só que as palavras que eles criaram não tem a mesma estrutura da própria do próprio modo como isso era percebido se a gente pega em inglês a palavra humana e Man é a palavra é uma derivação da palavra meme quer dizer então é de alguma forma A Hierarquia já está previamente estabelecida dentro da própria língua em yorubá para que eles fizessem isso eles tiveram que criar quase que reescrever a história da sociedades zorobas né então é muito interessante porque ela ela relata que há Várias Vários relatos de a gente em português também não tem como
falar disso uma linguagem neutra para falar deuses e deusas né assim é na história iorubá que não tinham sexo né E que o próprio a própria narrativa não permitia identificar como sendo sexo feminino ou do sexo masculino só que quando foi feita a tradução dos textos eurobais os deuses foram todos traduzidos como masculino porque porque era impensável a partir do processo de colonização e a partir do que já vivenciava as sociedades eh dominantes coloniais que uma mulher pudesse ser uma deusa pudesse ser alguém com algum poder na sociedade então já foi feito toda uma mexida
na história iorubá para que ela pudesse se encaixar naquelas tradições que estavam sendo oferecidas e ela comenta que inclusive as intelectuais que a partir daí se desenvolveram muitas vezes já assumiram essa diferença de sexo e gênero dentro do próprio movimento feminista ou seja ela sequer olharam para trás da própria cultura para o quanto essa cultura já tinha sido impregnada por uma visão Colonial Então o que ela vai tentar dizer que nessa sociedade Inclusive é o controle financeiro o controle da produção todo ele dependia dessa sua posição na linha genealógica da família se você é mais
velho Independente de qual fosse seu sexo você era aquela pessoa que detinha o poder né E que detinha a experiência que detinha eu saber para aquele grupo né E era dessa maneira que você era visto e ela tenta mostrar também E aí nós vamos pegar também a contribuição da nossa outra no nosso outro Pilar da lugonis que é a Paula né a Paula ela é uma uma indígena ela ela era mãe indígena né nasceu no Novo México Estados Unidos né numa comunidade e nasceu em 33 e morreu em 2008 né ela viveu menos do que
alugonize e o que rano né E ela foi uma escritora uma poetisa e o que ela faz é tentar resgatar justamente essa percepção de que várias comunidades indígenas do Sul Global né E mesmo do Estados Unidos não apresentam essa caracterização de a sociedade em primeiro lugar ela tenta mostrar que muitas não são patriarcais A grande maioria delas não são patriarcados porque porque era atribuída a mulher é o papel da responsável pela pela organização social e tudo mais e isso tornava ela é a pessoa que tinha mais poder dentro daquela sociedade né E que Muitas delas
é a própria classificação de ser homem ou mulher não estava relacionada E aí não será sentido também ser do sexo feminino o masculino não estava relacionada a uma conformação morfológica ou uma uma biologia né natural mas estava relacionada ao tipo de atitude muitas vezes aos sonhos que as pessoas tinham né então é muito curioso tá agora entrou em cartaz um filme mulher rei eu não sei se vocês viram né mas que trata justamente de uma de uma comunidade yorubá né também onde uma mulher acaba ao final do filme e assumindo a posição de rei né
e é muito curioso porque bom o filme Eu não sei até que ponto por um filme tá baseado numa história real né mas quando eu vi a primeira coisa que me causou a certa um certo estranhamento é que eu não saberia dizer se nessa sociedade na época em que isso aconteceu elas eram consideradas mulheres porque segundo a Paula Alan é uma mulher alguém com genitália feminina que de alguma forma sonhasse com guerra e coisas assim era dentro daquela comunidade caracterizada como um homem e não como uma mulher independente da conformação fisiológica né então isso é
muito interessante porque com isso ela quebra justamente isso que seria esse padrão biológico que está estruturando a diferença entre os sexos e os outros demais padrões que vão a partir de um determinado momento conformar a diferença de gênero também né porque na verdade é um gênero ele acaba surgindo como uma tentativa de desviar um pouco da Matriz biológica as diferenças entre esses dois grupos Mas o que o feminismo de Colonial tenta mostrar nesse sentido também né é que nesse caso eles são ambos construções não é só o o gênero o gênero é uma construção social
mas o sexo também é uma construção social este que é o ponto né e não apenas o sexo é uma construção social mas a própria heteronormatividade então a Paula vai mostrar que em e eu ia une também que em várias comunidades indígenas ou é comunidades africanas é nós tínhamos indivíduos que hoje seriam que nós chamamos de pessoas intersexo né E que essas pessoas elas eram terceiro sexo na sociedade elas eram não sexo que representava uma terceira possibilidade de ser né e mais do que isso né muitas essas pessoas não não eram discriminadas como pessoas que
possuem uma sexualidade ou uma conformação anatômica inadequada que é justamente o que acontece na nossa sociedade com relação a a pessoa intercesso né Eu sempre gosto de lembrar que segundo a organização intersexo australiana uma a cada 100 pessoas é intersexo né a intersexualidade compreende mais de 40 modalidades entre elas o que a gente chama de [Música] pessoas que estão que não tem receptividade ao hormônios né específicos e também a genitália ambígua muitas vezes caracterizada pelo micropênis né É E essas pessoas elas são caracterizadas na sociedade como pessoas que estão totalmente fora da Norma né pessoas
que que passam toda uma vida tentando encontrar um lugar social encontrar um banheiro as coisas mais básicas elas se vêm privadas das coisas mais básicas tipo o banheiro que elas gostariam de usar né Isso sem falar na questão evidentemente da própria orientação sexual né Isso era uma questão bastante cara a logones heteronormatividade compulsória da nossa sociedade e o modo como a qualquer desvio disso era percebido como uma falha a ser corrigida na sociedade Então o que ela tenta fazer em realidade é tentar mostrar que essas diversas construções são meros mecanismos de poder que tentam sustentar
uma ideia de sociedade e tentam vender esse modelo de sociedade como o único possível o único saudável o único que vai ser admitido no corpo social né e em função disso nós temos vários grupos talvez a maioria da dos indivíduos né da nossa sociedade se vê em privado de exercer livremente a sua sexualidade a sua identidade de gênero porque a gente poderia dizer hoje não mais né mas assim hoje em dia a gente já fala já percebe um ranking muito maior de identidades possíveis e nós estamos no momento em que estamos brigando para ter uma
linguagem neutra que eu tava até comentando Eu particularmente tem muita dificuldade porque no português a gente a gente coloca também também é o adjetivo concordando né então embora a gente comece neutralmente no início na hora de colocar os adjetivos a gente acaba se embaralhando mas isso tudo é uma questão de Hábito e de costume e se a gente acha importante que as pessoas de fato não se sintam violadas por serem por só nós por nós só reconhecemos essas duas categorias né Nós precisamos mudar essa atitude e é um pouco isso que a lugonis vai tentar
trazer para gente então eu vou fechar aqui com uma fala da lugônios que eu vou chamar o Kiko para ler para vocês mas antes disso eu gostaria de dizer o seguinte o importante para mim na fala desses dois autores que nós mencionamos quer dizer o nível que hano e alugounes e evidentemente também né e é homem e na Paula Alan é que eles são filósofos são pensadores tentaram lutar contra opressões é o feminismo Colonial é um feminismo que busca lutar contra opressão racial e de sexo gênero né e ele junta esses dois elementos tendo uma
percepção interseccional das opressões e o que eu vou fazer em seguida logo após a fala do Kiko né Nós vamos encerrar com a Lu Gomes eu vou tentar então mostrar uma outra forma de opressão que vem desse mesmo espaço vem desse mesmo lugar do pensamento na modernidade do da construção de um meio de mecanismos de poder capitalistas e que é bastante negligenciada até hoje na sociedade e que foi negligenciada pelos próprios autores da coloniais inclusive que ramo e Maria lugonis né mas vamos encerrar agora com a fala da lugonis essa apresentação da perspectiva dela né
rico com você tanto o dimorfismo biológico quanto heterossexualismo e o patriarcado são característica do que chamam de lado Claro visível da organização Colonial moderna de gênero que rano não teve consciência de sua própria aceitação do significado hegemônico de gênero ao incluir esses elementos na análise da colonialidade do Poder tento expandir e complicar a abordagem de querano que considero Central para o que chama de sistema de gênero moderno colonial bom gente então é agora juntando o final da fala da lugonis o que eu vou tentar fazer aqui é expandir e complicar o sistema de gênero raça
e espécie né Colonial então é a perspectiva de Colonial Ela Faz uma leitura que para mim é muito importante das razões pelas quais nós e dos mecanismos utilizados para que determinadas estruturas de poder na sociedade elas se cristalizassem e fosse internalizadas e etc e que sejam reproduzidas até hoje né então é na verdade essas autoras não estão tão preocupadas em formular uma concepção de Justiça própria mente etc então a minha contribuição aqui vai ser justamente é voltar para o papel de filósofa né E nesse debate com as perspectivas de justiça e as perspectivas de moralidade
fazer uma perspectiva de colonial do que seja justiça e do que seja moralidade né porque porque a filosofia ela reproduz até hoje os mesmos padrões de justiça e moralidade né em todos os grandes centros quando a gente vai estudar ética a gente vai estudar ética aristotélica ética Kantiana ética utilitarista e quase sempre vai identificar como aqueles que pertencem ou que são objetos de nossa consideração moral seres que de alguma forma são Racionais e Livres né porque ser racional e livre é o que supostamente caracterizou o ser humano desde o início da humanidade né eu falo
supostamente porque isso me parece assim surreal que entre tantas características do humano essas duas tenham se consagrado e se cristalizado durante tantos séculos eu não sou uma leitoracido de mac-tyle Mas ele tem um livro chamado animal racional dependente e ele comenta justamente isso gente a principal característica do ser humano é ser dependente nenhum outro ser é tão dependente como ser humano mas ele foi na tradição identificado como racional e livre né Então essa concepção de que quem é o objeto da moralidade Quem é aquele que eu preciso respeitar moralmente é o ser que é livre
irracional é uma perspectiva que perpassa grande parte da tradição filosófica e ela faz uma junção entre aquele que é o agente moral ou seja aquele que toma decisões Morais que reflete sobre a moralidade e aquele que é foco da moralidade o que eu vou tentar fazer aí é uma um corte Entre esses dois indivíduos né quer dizer eu vou dizer que o agente moral somos nós somos nós que temos um poder de deliberar sobre as nossas ações de tomar decisões de endossar certos valores e assim sucessivamente Mas o que eu vou chamar aqui de concermidos
Morais que é o conjunto dos indivíduos que deveriam ser abarcados pela moralidade ou que deveriam ser objeto de nossa consideração consideração moral é um conjunto muito mais amplo que evidentemente nos compreende mais que deveria compreender muito mais indivíduos né E para fazer isso eu vou buscar uma caracterização específica de quem é o indivíduo entendido como consernido moral na filosofia nós temos algumas opções a primeira que eu já mencionei aqui né É a de São aqueles indivíduos Racionais e Livres Eu já descartei essa porque eu acho que ela é extremamente excludente ela exclui Eu costumo dizer
tipo 98% dos seres humanos em pelo menos alguma fase da sua existência por quê Porque nós Não nascemos assim e muitos de nós não vão morrer assim também né quer dizer nós temos fases da nossa vida em que nós não somos nem Livres nem Racionais e nessa fase da nossa vida nós somos objetos de consideração moral eu acho que todos nós aqui considerariamos que nessas fases nós somos ainda mais objetos de consideração moral porque nós precisamos ser acolhidos né no momento em que nós não podemos tomar muitas vezes as nossas próprias decisões né e se
isso é verdade então racionalidade e liberdade é uma caracterização muito restritiva de quem é o conceito na filosofia nós temos uma outra caracterização que é bastante famosa né que é dos seres sencientes essa perspectiva que foi introduzida com Benta e depois quer dizer na verdade o próprio Rio já menciona também essa possibilidade mas é apresentada mais claramente com Benta e atualmente desenvolvida da forma mais bem estruturada que eu conheço por Peter Singer né Ela é uma perspectiva que evidentemente já abrange muito mais ela abrange vários seres humanos que não são nem Racionais nem livres e
ela abrange também animais na humanos né mas eu gostaria de algo ainda mais imprudente né E para achar isso que seja ainda mais includente eu vou apelar a um conceito que não certo sentido parece um pouco estranho mas ele não é estranho se a gente pensar do modo como mais trivialmente nós reportamos a isso que é o conceito de sistemas funcionais né um sistema é algo que pode ser uma unidade específica um sistema dentro de outro sistema por exemplo eu tenho o meu sistema circulatório o meu sistema digestivo o meu sistema respiratório e tudo isso
junto compõem mais ou menos aquilo que eu sou né E esse sistema funcional que eu sou por sua vez ele é parte de outro sistemas funcionais mais complexos como por exemplo é a cidade onde eu vivo e onde Eu voto para vereador para Deputado né o país onde eu vivo onde eu volto para Presidente e etc né E também sistemas mais amplos como a terra né então a caracterização de indivíduos como sistemas funcionais ela tem essa flexibilidade de não ser algo que restringe o nosso foco numa determinada direção específica temporal é física e temporalmente delimitada
né quer dizer então eu poderia dizer para vocês que isso que eu sou aqui que vocês estão vendo agora e que hoje tem uma série de demandas há muitos anos atrás há 50 e tantos anos atrás tinha demandas totalmente diferentes quer dizer não precisava nem tão longe né gente a tipo há 10 anos atrás eu tinha provavelmente demandas diferentes e eu imagino que daqui a 10 20 anos eu vá ter demandas diferentes e o que me caracteriza enquanto o sistema funcional naquela época é totalmente diferente do que me caracteriza hoje e que vai me caracterizar
no futuro então essa flexidade dessa caracterização como sistema funcional faz com que eu possa ser vista contendo demandas diferentes nos meus distintos de existência isso faz com que a moralidade o olhar da moralidade sobre mim ele possa ser mais minucioso mais cuidadoso mais atento então agora quando nós olhamos um indivíduo Antes de nós nos perguntarmos aquela pessoa do sexo feminino do sexo masculino Qual é a cor da pele dela e etc nós vamos ali uma pessoa que tem funcionamentos básicos e a partir do reconhecimento desses desses funcionamentos básicos que ela quer ser reconhecida então o
foco da moralidade passa a ser o respeito aos funcionamentos básicos de cada sistema funcional né E esses funcionamentos básicos vão ser diferentes como eu falei quando eu era criança era um funcionamento básico poder brincar eu tô chutando porque nem me lembro se era tão fundamental mas eu imagino que fosse né hoje em dia o funcionamento básico para mim é poder votar né é poder me expressar e no futuro Talvez seja poder ficar ao lado das pessoas que eu amo né ter o acolhimento delas e talvez votar não tenha mais nenhuma relevância para mim e assim
sucessivamente né então é isso só para mostrar que a moralidade ela tem que estar atenta isso da mesma maneira que isso ocorre a nível de indivíduo ela vai ocorrer também do mesmo indivíduo ela vai ocorrer a nível dos diversos indivíduos que perpassam a nossa sociedade então agora a gente não tem mais uma um elemento que permita distinguir seres humanos de animais não humanos porque porque os animais não humanos também tem funcionamentos básicos e adotar uma atitude respeitosa para com ele significa reconhecer os seus funcionamentos básicos e não os que a gente projeta neles e não
a necessidade por exemplo de usar perfume e colocar sapatinho para sair na rua né mas o que para eles próprios é fundamental E para isso a gente tem que ter evidentemente uma sensibilidade uma escuta muito específica muito mais apurada da mesma maneira agora então ninguém mais é considerado uma pessoa com deficiência porque a sua identidade comporta elementos que a minha identidade por exemplo não comporta né então por exemplo alguém que faz uma prótese para implantação de um pênis não é necessariamente uma pessoa que precisa receber um Cid né porque porque é simplesmente uma pessoa que
para realizar plenamente sua identidade incorporou a si um outro elemento da mesma maneira como nós o tempo todo incorporamos para realizar realização plena dos nossos funcionamentos outros objetos como por exemplo um aparelho dentário um óculos uma perna mecânica e etc quem tem uma perna mecânica não é uma pessoa mais deficiente do que eu não ela só incorporou a cia um elemento que eu não incorporei mas eu incorporei outros eu talvez tenha incorporado livros né e sem esses livros Eu talvez seja tão impotente como ela sem a perna mecânica né são apenas variações variações do modo
como nós organizamos nossa própria identidade Então eu acho que essa perspectiva ela nos livra de uma série de preconceitos que tem feito com que determinados indivíduos da sociedade tenham sido deixado a margem tenham sido silenciados durante todo esse tempo na sociedade né e entre esses elementos estaria também o próprio meio ambiente então quando a gente percebe que agora nós precisamos considerar como objeto de consideração moral todos aqueles que integram nossa própria identidade a gente tem que imaginar que numa coletividade indígena o rio ele tem um papel totalmente diferente do que ele tem para mim eu
posso achar um rio maravilhoso mas eu não vou considerando não falo com Rio né eu venho de uma cultura onde a gente não fala com rio mas uma comunidade indígena tem um rio como parte de si próprio como parte da sua família então todas as vezes que eu mudo curso de um rio ou que eu impeço que um rio floresça que ele tenha ele Desenvolva o seu lugar de proteção de determinadas espécies e de sustentação mesmo né de geração de espécies eu tô aniquilando a identidade daquele indivíduo porque o Rio para ele é parte dele
mesmo da mesma maneira que com para todos nós existem objetos inanimados que são parte de nós mesmos né se nós dissessemos agora então vamos acabar com todos os livros Eu imagino que muitos de vocês diriam né não é seria impossível um mundo onde não haja mais livros é um mundo onde nós talvez não fizessemos sentidos ou de muitos de nós não fariam sentido né um mundo onde não haja mais arte é um mundo que talvez não comporte mais aquilo que nós somos aquilo que nós entendemos como sendo o mundo no qual vai valer a pena
ser vivido se viver né Então dessa maneira a gente passa a incorporar na moralidade vários elementos que eram colocados à margem e que intuitivamente nós sempre conside como conselhidos Morais porque não há uma única guerra em que a Comunidade Internacional não peça para que os monumentos históricos sejam protegidos não há uma única guerra onde apesar de escolas e hospitais estarem sendo bombardeados as pessoas fiquem estarrecidas quando monumentos históricos que contam a história da humanidade deixam de existir né então é basicamente isso eu quero apontar aqui com a perspectiva que eu chamei perspectiva dos funcionamentos é
justamente Essa visão não especista que me parece que foi o último Guardião desses nossos preconceitos né quer dizer nós mantivemos apesar de todo o processo de de colonização de crítica a ideia de raça de crítica a ideia de sexo e gênero nós mantivemos então ainda a noção de espécie como algo que preserva a nossa particularidade a nossa dignidade e algo que seja caro a nós né e a perspectiva dos funcionamentos ela avisa justamente destituir essa hierarquia né E dizer não nós somos agentes Morais a moralidade é algo que Nós criamos Nós seres humanos e não
todos os seres humanos os seres humanos que tem poder de deliberação poder de escolhas poder de defender os seus próprios valores criaram mas não criamos só para nós Nós criamos para uma sociedade em que o maior número possível de indivíduos encontre um lugar e um lugar desrespeito e consideração e com isso então eu encerro Agradeço a vocês terem nessa sexta-feira me escutado à noite e espero poder esclarecer mais na parte de perguntas muito obrigado e eu vou chamar o Kiko agora para encerrar com uma fala de um dos livros meus [Música] ao defender uma caracterização
funcional de indivíduo a perspectiva dos funcionamentos afasta qualquer essencialização da natureza humana e Por conseguinte a naturalização ou fixação das categorias de raça sexo gênero e também de espécie desta forma já não estaremos justificados ao circunscrever os limites da moralidade aos indivíduos que supostamente se assemelham a nós ou que pertencem a nossa espécie como diriam os que naturalizam propriedades para melhor justificar as hierarquias impostas denuncio assim a categoria de espécie como mais uma ficção criada também para sustentar um padrão de dominação eu queria agradecer a vocês mais uma vez e agora então eu queria escutar
as considerações que vocês tenham as dúvidas e tudo mais então a gente abre para o público né [Aplausos] Maria Clara obrigado pela apresentação sua essa primeira metade do Café Filosófico a gente vai abrir agora para o debate e agradecer o Kiko também pelas leituras dele antes de mais nada dar uns recados aqui tem gente acompanhando gente eh essa apresentação do Brasil inteiro Inclusive a gente fora do Brasil aqui que se manifestaram pessoal em Montevidéu do Uruguai também tá acompanhando a gente dá um recado para quem tá acompanhando a gente pela internet a gente tá anotando
as perguntas então podem ver as perguntas no chat a gente anota daqui a pouco a gente vai ler as perguntas para nossa convidada e aqui também em Campinas os papeizinhos só anotado chamar alguém da produção e a gente também Lê mas para abrir a gente vai abrir uma pergunta da curadora né A Natasha puglisi tem uma pergunta para você vamos a ela Oi Maria Clara obrigada pela sua fala é realmente a questão do meio ambiente e os meios para sua preservação são os desafios principais dos nossos tempos né e é só fala é muito interessante
porque você mostra como a Maria lugonis e o pensamento feminista contribuíram podem contribuir para a construção de um sentido de justiça que envolve espécies não humanas né animais não humanos eu fico aqui refletindo né tradicionalmente a filosofia considera que justiça Depende de responsabilização e que responsabilização por sua vez Depende de consciência auto consciência né consciência de si consciência da sua racionalidade da sua capacidade de escolher entre alternativas possíveis entre caminhos possíveis e tradicionalmente também os animais não humanos não são considerados seres Racionais né e por isso eles estariam excluídos dessa equação né justiça racionalidade e
aí a minha pergunta para você é bem geral assim em que medida Você acha que a história da filosofia nos ajuda e em que medida ela nos atrapalha a pensar sobre essas questões a história da filosofia que entendendo como o cânone tradicional filosófico obrigada a taxa obrigada pela sua pergunta é um prazer estar aqui com você como interlocutora né bom eu diria que a tradição filosófica ela pelo menos para mim ela serve como uma interlocutora né quer dizer na verdade eu acho que a gente tem que ler a tradição filosófica tentando retirar dela o que
for de mais interessante de mais importante para a produção do nosso próprio pensamento né então é claro eu diria que para mim a tradição filosófica trouxe muito né durante anos eu trabalhei junto essa tradição filosófica justamente para chegar ao momento de crítica que eu realizo já nos últimos anos né agora o problema é o modo como a gente encara a tradição filosófica a gente encara de tal forma que a gente fica cego para certas coisas né Porque qualquer pessoa que não seja da filosofia não vai negar que um bebê é objeto de consideração moral ninguém
vai atribuir racionalidade e liberdade é um bebê né agora Então na verdade é óbvio que os filósofos não podiam estar quer dizer o que exatamente eles estavam pensando quando eles supozeram que a dignidade quer dizer isso é um conceito kantiano né a dignidade é humana e a caracterização do homem como um fim em si mesmo era garantida pela pela poder de autodeterminação né pela autonomia que é algo que muitos seres humanos não tem né quer dizer acho que a gente tem que olhar para tradição com um olhar crítico também e tentar imaginar que essa tradição
fez o que ela foi capaz de fazer com as limitações da sua época né agora que a gente hoje em dia a gente ainda reproduza esse tipo de pensamento sem nenhuma percepção crítica isso me parece ABS muito pouco filosófico sabe eu acho que na verdade é mas eu acho que isso é uma característica na caixa da nossa subordinação né ao pensamento Colonial a gente acha que a gente não pode fazer mesmo que que a gente acha alguma coisa óbvia se aquilo foi dito por um filósofo consagrado a gente não pode criticar né então a gente
tem que ajeitar aquele pensamento dele né e eu acho que não acho que o respeito a um filósofo tradicional significa justamente o levar a sério Qual era o objetivo da filosofia daquele filósofo e a partir daí dialogar com ele e dialogar no sentido crítico né porque eles não gostariam que nós fossemos meros reprodutores da sua fala do seu pensamento eles querem que nós levemos adiante aquilo que eles que eles pensaram as críticas que eles fizeram né e é justamente nesse sentido que eu busco não apenas dia com a tradição filosófica ocidental né mas também com
a perspectiva de Colonial né tentando não colocar de lado mas tentar acrescentar tudo aquilo que nós gostaríamos de ver acrescido a um pensamento que serve a nossa sociedade porque não nos adianta por exemplo falar de uma concepção ideal de justiça porque Nenhum de Nós vive numa sociedade ideal nem os norte-americanos nem nenhum europeu a sociedade ideal não existe porque fazer uma concepção de justiça para uma sociedade ideal a gente vive em sociedade concretas e uma boa concepção de justiça é uma concepção de justiça que dê conta de problemas de sociedade concretas que possa ser instrumental
servir de instrumento para Essa sociedade né então eu acho que a academia na taxa ela precisa se renovar Ela precisa é passar uma concepção da própria filosofia que seja dinâmica a filosofia não como uma me de produção do que se pensou em um determinado momento histórico mas com uma produção de saber de conhecimento e de crítica da própria sociedade né E para isso ela precisa se oxigenar Ela precisa é de alguma forma é assumir que muitas vezes o que está fora da academia é apresenta muito mais né ou nos diz muito mais do que aquilo
que os próprios livros é filosóficos tradicionais tem a nos dizer né Eu por exemplo trabalho com ética já há muitos anos eu meus alunos sabem disso né eu recorro muito as obras de arte aos filmes e aos livros porque eu sinceramente eu aprendo muito mais vendo um determinado filme do que lendo A Crítica da Razão prática né ou não que cante seja menor do que qualquer escritor Mas é porque através é de uma obra de arte eu sou copitada a ocupar um lugar uma subjetividade que não é a minha e eu não consigo fazer isso
com Kant por mais que eu tente exercer o teatro filosófico né de pensar a imparcialidade do princípio de universalização e etc agora quando eu tô vendo um filme né só para dar um exemplo por exemplo a bela que dorme e eu tô discutindo com os meus alunos que estão de eutanásia né gente aquele filme traz tantos argumentos e de uma forma tão pungente que o que ele consegue mostrar é que nenhuma dessas questões tem uma resposta simples nenhuma dessas questões tem uma resposta nós precisaremos de fato ser capazes de nos colocar em cada uma daquelas
vidas para entender porque que certas pos pessoa sumidas né então eu diria isso eu acho que a academia ela precisa perceber isso né ela precisa perceber que existem outras formas também de produção de saber e de conhecimento que não são meramente os recursos aos textos tradicionais não sei se eu respondi na taxa tem várias perguntas está anotando aqui falar do alcance também que a gente está tendo com essa transmissão alcance de cerca de 25 mil pessoas passaram pelas transmissões tanto no Instagram quanto do YouTube reiterar aí Caso vocês tenham perguntas só enviar para a gente
aqui no papelzinho em Campinas e pela internet pelos chefes a gente vai uma pergunta que chegou pela internet aqui a pergunta da MM a MM diz te pergunta qual a diferença entre de colonizar e descolonizar é na verdade isso foi algo bastante discutido né até no título do livro né que eu organizei em homenagem porque muitos optaram pela o Fábio por exemplo que é um grande parceiro meu em produção teórica né ele usa o termo descolonizar né e eu optei a partir de um conceito que já já vinha sendo usado né por outras latino-americanas pelo
de colonizar mas na verdade é uma mera questão de opção pelo menos da minha parte né Eu não sei se e qualquer variação muitas vezes tá sendo em função entre Ah não eu vou manter um termo que é mais por exemplo no português descolonizar talvez fizesse mais sentido né porque é uma esse esse S acrescentaria uma certa oposição Mas como as nossas companheiras latino-americanas é muitas vezes utilizaram um termo de colonizar eu acabei optando por de colonizar também mas assim MM sinceramente por uma mera questão de opção mesmo né a gente também tem perguntas que
vieram em vídeo né de colegas suas é a primeira delas é da historiadora Suane Soares Olá meu nome é Sônia e uma grande admiradora da Maria Clara de seu trabalho eu gostaria de perguntar para Maria Clara duas questões relativas ao concernimento a primeira delas é um solicitar que você aprofunde a importância da PDF diferente de outras teorias exigir que a exclusão de um sistema funcional seja justificada e não a sua inclusão ampliando assim os coco da moralidade e a segunda é sobre como a PDF lida com as questões de a gentes que são contrários ao
bem comum como por exemplo fascistas né o fascistas acho que esse tema é um tema muito importante para ser pensado no contexto brasileiro e tem muito a ver com a aplicação da PDF que é uma perspectiva brasileira e feita a partir da colocação de uma mulher no mundo né Obrigada consone Muito obrigado pela pergunta A Sonia é uma das aplicadoras da perspectiva dos funcionamentos e por isso ela se refere intimamente como PDF que foi um tema inclusive uma abreviação que ela própria cunhou né para perspectiva ela aplica a PDF na discussões de questões de gênero
sobretudo na questão da das violências contra as lésbicas e etc né então muito obrigado pela pergunta e a primeira parte da pergunta é o seguinte como filósofo eu tenho o hábito talvez como filósofa analítica um mestiço lá da tradição analítica né eu tenho hábito de achar que quanto menor o número de pressupostos nós temos mas interessante se torna a nossa teoria né E mais a gente consegue inverter o jogo lançando ônus da prova para o outro né então foi por isso que eu tentei cunhar algo que fosse bastante comum que quer dizer que pudesse ser
comum as diversas perspectivas Morais Que Eu Discuto porque e se um kantiano chegasse e dissesse Ah mas por que que o concenido moral é um sistema funcional E não aquele que é livre racional aí eu falar responderia não aquele que é livre irracional é um conselhido moral que tem como funcionamentos como funcionamento básico a racionalidade a liberdade ou seja eu satisfaria a um kantiano mas ainda assim eu deixaria espaço para mais alguma coisa se o utilitarista chegasse e dissesse mas porque não Os seres suficientes não A ciência é uma capacidade é uma funcionalidade então Isso
inclui todos os seres Racionais Os seres livres os seres sentes mas deixa um espaço aberto para outros sistemas funcionais que não sejam sem cientes e que não sejam também livres e Racionais Então eu acho que quanto mais básica a gente procura os nossos aquilo que a gente identifica como o foco da moralidade mas a gente permite que essa moralidade se Estenda ou mais inclusive ela se torna né e agora Alguém teria que me justificar porque que sendo o meu foco os sistemas funcionais eu agora deveria Focar apenas sistemas funcionais que sejam Racionais e livres ou
apenas em Sistemas funcionais que sejam sem cientes né então é dessa maneira que eu busco é lançar o ônus da prova para quem quer uma perspectiva restrita da moralidade né isso na verdade é feito dentro da perspectiva dos que defendem racionalidade e liberdade Também na medida em que eles consideram que a racionalidade a liberdade é uma característica de todos os seres humanos então agora o homem da prova estaria para alguém que tenta defender uma perspectiva particularista e que diz que não são só os Racionais e livres que são arianos por exemplo né E que são
também arianos ou só os Racionais livres que são também do sexo masculino só os Racionais e livres que são também é sexuais e assim sucessivamente né quer dizer então dentro esse essa esse jogo de lançar o homem da prova para o outro é um argumento filosófico que já perpassa toda essa discussão na moralidade e que já foi utilizada assim o que eu tento fazer agora é usar isso de uma forma ainda mais radical contra esses autores também e dizendo não porque agora ser livre e ser racional são características que me definem como conselhido moral mas
outras características que eu venho a ter não são definidoras do meu pertencimento à moralidade né Então essa seria a resposta primeira pergunta e a segunda pergunta é ela toca no nó da moralidade né na verdade ela é uma pergunta que não representa um problema Apenas para perspectivas de funcionamento mas para qualquer perspectiva moral porque porque nós não temos como obrigar alguém a ser moral nós podemos colocar na cadeia se nós tivermos leis pautadas na nossa moralidade nós podemos colocar na cadeia alguém que infringe determinados princípios Morais que já passaram por um processo de institucionalização e
já se transformaram em direitos positivos ou inglês né Agora mais do que isso a gente não pode fazer esse problema é um problema que diz respeito à questão a inexistência de uma fundamentação última da moralidade que foi algo que durante muito tempo se buscou encontrar na filosofia mas que eu tento mostrar por exemplo no sobre nós que é um diálogo com essa tradição que fracassou né então quando se quando os filósofos saíram um pouquinho da fundamentação da moralidade para a filosofia política e para pensar a perspectiva de justiça ele já fizeram isso porque não conseguiram
provar que nós todos temos que ser necessariamente Morais não há várias formas de estar no mundo entre elas formas cínicas formas perversas e assim sucessivamente e nós não vamos conseguir convencer essas pessoas né então o máximo que nós podemos fazer com essas pessoas é tentar mostrar as consequências das ações delas quando elas não respeitam não consideram determinados valores e princípios mora que nós valorizamos né E algumas dessas consequências Nós deveríamos tentar institucionalizar ou tornar lei de tal forma que nós conseguíssemos uma punição legal porque enquanto nós não fizermos isso nós vamos ter é uma mera
punição moral que é uma indignação um sentimento de indignação diante de determinadas atitudes que evidentemente não é algo satisfatório é claro que uma pessoa Um Nazista um fascista nós não gostaríamos de simplesmente dizer Nossa que pessoa horrível não a gente gostaria que ele fosse para cadeia porque esse essa pessoa pode estar colocando em risco a vida de várias outras pessoas O problema é que partidários de perspectivas particularistas eles são uma ameaça concreta por uma moral que se quer cada vez mais inclusiva por quê Porque eles são justamente aqueles que vão tentar dizer não a gente
tem que tornar objeto de nossa consideração só esse grupo de indivíduos ou que são da minha família ou que são meus amigos ou que possuem determinados características naturais muito específicas né então é lutar contra isso num certo sentido é uma luta que sai um pouco da esfera da moralidade porque a gente não vai conseguir cotar essas pessoas para uma moralidade com pretensão a universalidade uma moral mais inclusiva mas parte daí para uma luta política para uma luta legal né de tentar construir uma sociedade onde essas pessoas tenham um certo os limites de poder bastante claros
para que elas não possam colocar em risco outros grupos da nossa sociedade né Para que elas não possam fazer do que tem sido feito até hoje né com grupos de pessoas que fogem a hétero normatividade um grupo de pessoas que são racializadas com grupo de mulheres né de pessoas que se identificam enquanto mulheres na sociedade assim sucessivamente nós temos uma série de indivíduos ou pessoas que são consideradas incapacitadas por alguma razão né É nós temos vários segmentos da sociedade que até hoje vivem com seus funcionamentos básicos negados pela sociedade e o que nós precisamos fazer
é que a nossa sociedade o nosso estado ele Garanta leis bastante rígidas de proteção a esses grupos para que eles não estejam vulneráveis a políticas a determinados políticas de pessoas que chegam ao poder contingentemente né quer dizer todas as vezes que nós dependermos de um tipo de governo para que essas pessoas tenham seus direitos defendidos nós vamos estar muito mal sobre o ponto de vista moral porque nós vamos estar vivendo numa sociedade onde vários indivíduos tem seus direitos sistemáticamente negados e tem suas vidas sistemáticamente violadas né então eu acho que esse é o ponto mas
isso nas diversas perspectivas Morais isso é sempre discutido como limite da própria tolerância né quer dizer o defensor de uma moral com pretensão universalista é aquele que diz não eu não vou impedir que um preso um preso receba alimentos não vou querer que ele seja maltratado não vou deixar por exemplo que é uma prática comum até pouco tempo eu acho que ainda deve ser em muitos lugares que mulheres deem a luz a crianças com algemas no momento do parto elas usam algemas né quer dizer então isso é uma coisa que sobre o ponto de vista
moral é inadmissível Porque isso é uma violação de um funcionamento básico de uma mulher e é um absurdo que nós não podemos agora o que dependendo do tipo de falta cometido por aquela pessoa é bom que ela tenha determinado direitos legais é serciados né porque nós não é nós vivemos numa sociedade onde determinados acordos são fundamentais né então nós precisamos de ter leis Claras leis Claras para que esses grupos sejam defendidos e sejam protegidos agora aquele que assume uma perspectiva moral vai ter que ter sempre um olhar para aquele que viola a própria moralidade moral
né E que vai reconhecer também que determinadas determinadas capacidades desses indivíduos não sejam negadas porque senão ele a gente moral estaria infringindo os seus próprios valores né eu não posso achar que todos os todos os seres humanos é para me manter no universo dos humanos né tenham o direito a viver livremente livre de dor nesse desnecessário e ao mesmo tempo se a favor da Tortura para alguém que é um preso né que tá que tá sendo agora circunstancialmente está no sistema prisional eu não posso enquanto a gente moral eu não posso conceder que isso seja
razoável Bom eu não sei se eu respondi mas isso é como eu diria Esse é o nó das nossas discussões Morais né porque nós vamos ter sempre indivíduos que tipo vira uma cara para a gente segue vivendo de acordo se tiver com uma pergunta da plateia agora vou pedir só para você se apresentar e pode fazer sua pergunta Boa noite professora meu nome é Vanessa eu sou professora de música Sou psicanalista e nos meus estudos atualmente eu fiquei bastante feliz na verdade de ouvi-la porque dos meus estudos atualmente eu tenho procurado pensar uma psicanálise que
esteja vinculada ao movimento de colonial e considerando todas as bases né desses clássicos E todas as vezes que a senhora bem sabe é bem complicado essa situação e é complicado até mesmo tentar argumentar com as pessoas sobre uma possibilidade de pensar na psicanálise que esteja vinculado a uma ideia de colonial e nos meus estudos eu tenho chegado a conclusão é uma conclusão relativamente parecida eu acho que tem a ver com os estudos em si que não é possível pensar uma escuta para as pessoas que desconsiderem quem elas são e quais as suas cidades básicas né
e eu tenho dito inclusive os meus alunos também que é possível isso só é possível se a gente pensar o que nós temos de comum né O que que nós temos de primário né como usando uma linguagem psicanalítica né que eu entendo que tem a ver com as nossas necessidades básicas né considerar os bebês né funcionais e eu achei maravilhoso isso e eu tô muito grata de poder sentir esse reflexo aqui nesse nesse momento a minha pergunta na verdade vem ao encontro do que a senhora já está dizendo né de como seria isso na prática
como seria na prática pensar políticas públicas para funcionalidades do sujeitos muito obrigado Vanessa pela pergunta bom na prática a gente tem colocado isso na prática Na verdade eu faço parte de um programa de bioética né saúde coletiva e tenho vários alunos e vários colegas que tem tentado colocar isso nas suas respectivas áreas né Eu acho que o que a gente tem feito é sempre tentar olhar para as particularidades de um grupo embora a perspectiva de funcionamento seja uma perspectiva sempre voltada para o indivíduo faz particularidade daquele indivíduo é a nível de políticas públicas a gente
tem que trabalhar com grupos né então a gente tenta identificar quais são essas demandas a partir da voz e da escuta apurada desses indivíduos né e tenta sistematizar isso de forma a Gerar políticas públicas que atendam aquelas demandas específicas né só para dar um exemplo para você o processo transexualizador durante do tempo se achou que um elemento fundamental do processo transexualizador era fazer a cirurgia né É só que não é né quer dizer e as pessoas durante muito tempo tentaram lutar pelo Direito de manter o mesmo corpo e fazer a mudança do nome né e
para quem tá dentro do sistema hetero normativo e isso é meio inconcebível né porque as pessoas ficam achando não mas como assim quer dizer quer o que afinal quer ser homem com pênis ou quer ser mulher com vagina quer dizer como é que vai se chamar Maria mas manter o pênis e tudo mais e o que essas pessoas se a gente escuta o que elas têm a dizer é o que que o meu pênis tem a ver com a minha identidade enquanto Maria né porque que eu vou eu acho que isso fica muito Claro no
caso das pessoas intersexo eu tenho um grande amigo que é uma um representante do movimento intersexo aqui no Brasil né o amiel e fiz um filme sobre a história dele né e é muito impressionante porque uma coisa que o Ariel sempre dizia é que ele se sentia um corpo médico a Roubaram o corpo dele né quer dizer então ele já não se sentia nada então que é o que a gente pode entender que muitas vezes as interferências que nós achamos ou as políticas públicas achavam que eram bem-vindas eram consideradas extremamente invasivas extremamente violentas para aquelas
pessoas elas percebiam com uma transformação no corpo que não tinha nenhum problema esse corpo só tinha problema dentro da nossa perspectiva é ter normativa e etc né mas dentro da Perspectiva da própria pessoa não então é dessa maneira quer dizer a gente escuta o que aquelas pessoas têm a dizer e tentam desenvolver políticas pública nesse sentido isso já foi feito Como Eu mencionei no caso da Suane é com as mulheres lésbicas de Periferia ela tenta identificar inclusive uma variação de demandas desses grupos quando eles estão quando são grupos de mulheres que são atravessadas por vários
sistemas de dominação né quer dizer a questão de Classe A questão de raça questão de gênero questão de orientação sexual quando isso tudo tá junto Ela gera um demandas que muitas vezes são totalmente diferentes das demandas geradas por outras mulheres né da mesma maneira isso foi feito também com relação a grupos de cuidadores e pessoas com esquizofrenia na internet foi tentou se analisar qual era o papel da internet nesses grupos de tal forma que nós pudéssemos gerar políticas públicas que de alguma forma permitisse o acesso daquelas pessoas daquele meio que se Descobriu que era um
meio é seguro mais seguro de comunicação para né porque essas pessoas muitas vezes elas têm uma dificuldade muito grande de estar no corpo social presencialmente mas a internet era um ambiente seguro porque ela se sentia ameaçada ela desligava né então a necessidade de criar não só a disponibilidade de computadores para essas pessoas mas também de mediadores porque é preciso que esses grupos tenham mediadores que resolvam possíveis problemas que surjam no grupo né E que evidentemente talvez eles não tivessem condições de resolver mas só no momento em que a gente estuda esses grupos específicos é que
a gente vai percebendo essas demandas e muitas vezes as políticas públicas elas são geradas de tal forma que elas são geradas do gabinete né Eu costumo dar como exemplo o caso da covid quando se quando a covid surgiu e começaram a se pensar protocolos para distribuição de bens públicos eu não sei se vocês se lembram mas é os protocolos eles partiram de quem partiam dos Profissionais de Saúde entre parentes médicos porque a gente sabe perfeitamente que entre Profissionais de Saúde que tomam com poder de decisão o que nós temos é o médico mesmo né quer
dizer é os outros profissionais da equipe ficavam totalmente alejados na maior parte das vezes do processo decisório quem é o objeto dessas políticas públicas é um indivíduo que que recorre ao SUS né quer dizer como é que ele pode não ser ouvido dentro desse processo né como é que eu posso estabelecer o que que é uma pessoa com um grau X de comorbidade se quem faz medicina no Brasil são geralmente pessoas que são de uma classe média alta né e que não tem o contato com a precariedade das vidas de grande parte dos brasileiros né
então o que eles percebem como uma comorbidade para essas pessoas que já passaram por não ter o que comer já passaram pelos mais diversos tipos de doença vivem em ambiente totalmente insalubres essas comorbidades não fazem menor sentido né e Eles teriam sim caso recebesse auxílio chances de sobreviver né então eu acho que é o caso da convite para mim é emblemático de como a sociedade não está aberta para escutar o como solucionar os problemas né eu vejo por exemplo no caso da não queria me estender porque tem outras perguntas mas assim é no caso por
exemplo da vacina né Os Protocolos de vacina né então o morador de rua ele tinha que obedecer ali a faixa etária dele gente Sinceramente você vai dizer para o morador de rua Ah não volta no próximo mês porque você ainda não está na idade não vai voltar nunca o carteiro Por que que o carteiro não teve prioridade né Eu costumo sempre perguntar se vocês Perguntaram para algum carteiro quantos carteiros sobreviveram na região de vocês eu perguntei e na minha região sobreviveu um carteiro eu moro em um bairro da zona sul do Rio de Janeiro né
Por que que essas pessoas não tiveram prioridades de vacina então a gente vê que na verdade é muitas vezes o modo começa as decisões são tomadas são modos que favorecem os mesmos grupos que estão aí para garantir os privilégios que já foram garantidos e para que nada se modifique né o Guilherme fala assim a pauta dos banheiros mistos nem masculino nem feminino mas de uso comum foi uma das coisas que apavorou o brasileiro nas campanhas eleitorais e a pergunta que ele faz é porque esse medo de onde vem e seria porque onde há medo há
desejo que sim mas eu acho assim que eu acho que o brasileiro ele acabou nos últimos tempos Ouvindo muita coisa e criando muitos bichos papões sabe muitas coisas aquela coisa que a gente vocês não vocês são mais jovens né mas assim é quando era pequena e queria por exemplo Jorge Amado a gente vê que Jorge Amado falava assim que ali na Bahia naquela região comunismo era o grande bicho papão né E aí quando ele foi entrando em contato com que era comunismo tem um livro que ele diz isso que eu lembro que eu li pequeno
eu achei muito bonito ele disse depois eu descobri que o comunista é o pai da gente né quer dizer que é o mais próximo que justamente Aquele que tenta proteger Então eu acho que nos últimos tempos aconteceu isso com a nossa sociedade se criaram um estigmas do que é o mal e do que é o bem que nada tem a ver com de fato que as coisas são gente que diferença pode ter o banheiro que a gente vai né Eu não sei se vocês se lembram a questão do banheiro também criados para empregados né Aliás
não só o banheiro a gente tem no Brasil o banheiro de empregado a porta de serviço a porta e muitos edifícios a porta de serviço fica ao lado da outra porta da mesma maneira que o elevador de serviço fica ao lado do outro do outro elevador bom a gente poderia com uma boa vontade de ter tentativa de dizer não de servir o significa que é para entrar é com material de construção ou para entrar assim sabe voltando da praia manda a gente sabe que não é isso não foi isso o objetivo com que isso foi
criado né então eu acho que o banheiro de homem e de mulher ele tá no mesmo esquema é algo que precisa ser abolido porque não faz sentido Não faz sentido a gente achar que porque alguém é homem ou alguém é mulher essas pessoas precisam ser separados é muito curioso que a gente quando eu era criança ainda existia muitas escolas que não eram mistas e o São Bento do Rio de Janeiro é durante anos pagou uma multa pelo direito para conquistar o direito de não ser uma escola mista né Isso é uma loucura porque a gente
separa homens e mulheres depois quer que eles convivem em sociedade como é que a gente vai conseguir isso né e eu acho que essa questão do banheiro foi obviamente uma apropriação como de várias outras coisas né que foi feita para assustar a população quer dizer ah seu dia que a gente começar a não ter mais banheiro misto banheiro de homem de mulher então é suas filhas vão ser estupradas e coisas assim quer dizer e as pessoas ficaram é uma geração de medo é uma geração de pânico né existe toda uma máquina de geração disso para
garantir a manutenção de um certo status cor né eu eu não consigo ver esse Pânico que gerado em função dessa discussão se não de outra maneira eu acho que é algo que não cabe para ser discutido e nenhuma esfera pública porque é algo que não faz sentido né quer dizer que os políticos discutam isso me parece uma barbaridade enquanto eles têm que discutir tantas outras coisas sérias né Como fome desemprego e racismo e sexismo mesmo na sociedade né tem mais uma participação em vídeo do Fábio Oliveira professor de filosofia da Universidade Federal Fluminense Vamos à
participação dele Olá meu nome é Fábio Oliveira e antes de mais nada eu quero agradecer a oportunidade de estar aqui ampliando esse espaço de interlocução com a Maria Clara Dias por quem eu tenho uma grande admiração um enorme carinho e com quem eu tenho tido privilégio de estabelecer um contato mais próximo e profico nos últimos anos bom dentre todos os aspectos apresentados pela perspectiva dos funcionamentos e suas aplicações uma que me chama muito atenção é um modo como ela trata a questão animal né e um dos aspectos diferenciais é que a perspectiva dos funcionamentos ela
posiciona a discussão animal dentro de uma compreensão mais Ampla de justiça social e nesse sentido se pretende enfrentar né dilemas frequentemente endereçados a defensores e defensoras da questão animal e eu queria chamar atenção Para Um deles e te ouvir Maria Clara sobre ela que é uma pergunta que você mesmo coloca no seu livro ensaio sobre a moralidade você coloca o seguinte como fazer justiça em um mundo em que as desigualdades entre os seres humanos entre si e entre os seres humanos e os demais seres vivos são tão avitantes eu gostaria de ouvir um pouco mais
sobre isso Maria Clara como defender a causa animal em um mundo assolado por desigualdades estruturantes o Fábio Obrigado pela sua pergunta é o que eu diria é que se a gente não estabelece no âmbito da moralidade e hierarquia entre os seres a violência a um animal não humano ela se torna um assunto tão importante no âmbito da moralidade quanto a violência entre os próprios seres humanos né a gente não teria porque justificar essa causa sim mas aquela não da mesma maneira que a gente como a gente que a gente não tem como separar a causa
racial né a luta contra o racismo da luta contra o sexismo né da mesma maneira que a gente não pode separar a causa racista a causa feminista da causa contra os preconceitos contra as pessoas não é ter normativas né Eu acho que a gente tentar hierarquizar essas causas seria uma falta moral bastante grave né e o Fábio Coloca essa pergunta porque a gente tem dois problemas né eu e o Fábio somos representantes ativistas da causa vegana né e em primeiro lugar nos movimentos veganos é muito comum Às vezes a gente não encontrar uma tentativa justificação
do próprio veganismo moral né ou no âmbito da Justiça o que me parece uma falha grave porque fica mais difícil optar pessoas né sem a gente tentar se esforçar por justificar a nossa posição né É mas o que é mais triste do que tudo isso é que a gente encontra veganos racistas a gente contra veganos sexistas veganos homofóbicos né E isso eu acho imperdoável e da mesma forma que eu acho imperdoável né uma pessoa que seja contra o racismo num certo sentido seja contra a homofobia mas que não Considere a causa animal não considera a
relevância da calça da causa animal né e é muito curioso porque eu costumo dizer que dá o exemplo de Benta né quer dizer quando o Benta na filosofia ele tentou é romper com essas hierarquias com relação aos diversos grupos e colocou a ciência como aquilo que define o foco da moralidade ele foi uma universidade na Colômbia foi fechada Para que o pensamento de Benta não fosse difundido na Colômbia porque porque isso atingia diretamente o problema classe alta se não existe hierarquia com os homens como é que eu vou justificar a diferença entre classes né os
os estamentos sociais da nossa sociedade como é que eu vou justificar o fato das mulheres ocuparem uma posição subalterna na nas sociedades mas nem nesse momento se pensou em introduzir a questão animal porque isso era totalmente fora da percepção daquela época sabe quer dizer era evidente que aquilo abalava a estrutura de uma sociedade de classes de uma sociedade racial de uma sociedade androcêntrica Mas a questão animal passou desapercebida porque porque não era nenhuma questão que pudesse colocar naquele momento Então o que eu acho é que é tudo uma questão de tempo e de luta eu
acho que em algum momento as pessoas vão perceber que a moralidade de fato ela tem que se estender porque não adianta nada a gente ter o nosso cachorrinho o nosso bichinho de estimação e que ele é muito especial e achar que os outros bichos não a gente pode fazer qualquer coisa com eles né e eu acho que isso é uma intuição que nós em grande parte estamos conquistando em termos Morais né tanto que é muitas pessoas que não aderem ao veganismo conseguem manifestar sua indignação Quando vem por exemplo um animal ser torturado ou o modo
como muitos animais são tratados na nossa sociedade né Eu só acho que essas lutas elas precisam ser vistas como lutas comuns né e não de uma forma separada né e eu sei que é isso também o que Fábio acha então é só endossando que é o próprio pensamento que Ele defende temos mais um vídeo agora de Martina Davidson que a doutorandi em bioética ética aplicada e saúde coletiva Olá a todos eu sou Martina David sou um doutorandi do programa de bioética aplicada em saúde coletiva pelo UFRJ trabalho temas Associados a decolonialidade gênero ética animal e
anti capitalismo e estou aqui para direcionar uma pergunta ou pedir um comentário né para Professora Doutora Maria Clara Dias acerca da importância de incluir uma perspectiva de colonial e um compromisso com a decolaridade no momento de elaborarmos pensarmos e talvez de alguma forma estruturarmos é teorias da Justiça ao meu entender né a perspectos de funcionamento tem esse compromisso então eu gostaria que mais fosse comentado sobre isso e da importância de que a decolaridade seja um eixo estruturante né das nossas concepções de Justiça Muito obrigado Obrigado Martina é bom isso é muito importante eu acho que
um elemento que eu tentei frisar no início da minha fala né primeira parte da minha fala é a questão da colonialidade do saber né Eu acho que enquanto nós ficarmos detidos a esse modelo do pensamento ocidental e o estadunidense eu acho que a gente não vai conseguir gerar políticas públicas adequadas para nossa sociedade né então acho muito importante a gente ter uma percepção disso e uma percepção de que nós precisamos encontrar respostas recorrendo aqueles que são foco dos problemas que nós estamos vivendo né quer dizer no caso por exemplo da covid nós temos então que
pegaram os diversos segmentos da nossa sociedade e ver o modo como eles foram afetados pela covid e que tipo de medidas poderiam ter sido tomadas para evitar o nível de comprometimento que eles tiveram com a doença né Então eu acho que só no momento em que a gente percebe que a gente precisa de fato de uma perspectiva de justiça que seja mais maleável e que seja menos essencialista né que a gente vai poder gerar políticas públicas compatíveis com essa perspectiva de Justiça né E que gerem respostas satisfatórias para nossa sociedade então eu acho que o
pensamento de Colonial é fundamental para esse processo Porque o que nós temos como modelo né Por exemplo nós temos o modelo de saúde o modelo Educacional né Para dar um exemplo do modelo Educacional porque o de saúde é um pouco mais complicado mas assim é um pouco mais complicado porque a gente defende o SUS acima de tudo né e assim é de qualquer forma mesmo que o SUS tem uma uma bandeira que seja que adota uma matriz de pensamento de uma perspectiva moral ala rows né quer dizer eu acho que a gente tem que tentar
de qualquer maneira apostar nisso e apostar numa transformação desse SUS para ele ser mais atento a especularidades os diversos segmentos da sociedade então sair da perspectiva de uma estrutura básica da sociedade Imparcial e adotar mesmo a Especialidades de acordo com as demandas dos diversos segmentos que precisam ser atendidos pelo SUS mas assim para dar um exemplo da Educação para mim é bastante chocante né Nós temos um modelo Educacional que privilegia dos focos né é disciplinares né a disciplinas padrão né O que que os nossos alunos aprendem eles aprendem matemática e aprendem português né No meu
tempo é nós temos aula de artes projeto educação corporal né milhões de coisas né cada vez mais essas outras opções é didáticas elas são colocadas à margem em nome de um melhor aprendizado de um tipo de conhecimento formal né que aos belos moldes da racionalidade abstrata né desenvolvida modelo cartesiano nós temos uma sociedade onde muitos indivíduos possuem inúmeras habilidades corporais e artísticas que são totalmente desprezadas nas escolas onde eles frequentam né e habilidade que se fossem desenvolvidas ganha garanteriam a esses indivíduos uma posição social muito mais compatível não apenas com a sua com as suas
identidades mas também com o que eles podem trazer de relevante para a sociedade né então que numa mesma escola uma criança seja Obrigada se ela é tem bons musicais ou se ela tem dons ela tem uma capacidade de dançar ela seja obrigada a colocar isso de lado em nome da matemática eu diria que é uma escola que simplesmente não tá servindo aquela criança porque porque dificilmente ela em função do contexto em que ela vive ela vai querer se apropriar daquele conhecimento matemático para fazer muita coisa na vida dela ao passo que aquelas outras capacidades que
estão sendo ali abafadas nela poderiam permitir uma forma de vida extremamente produtiva produtiva no seguinte de que florescesse podia fazer com que aquele indivíduo florescesse fosse aquilo que ele verdadeiramente gostaria de ser né então eu acho que o nosso sistema educacional ele está totalmente moldado por uma concepção de educação que é caduca no certo sentido porque ela negligencia várias outras formas de saber e desistir no mundo e que são muito importantes numa sociedade como a nossa né então isso mostra o como é importante o pensamento de Colonial para fazer a crítica desse modelo e para
permitir que as nossas crianças sejam excelentes dançarinos ao invés de Engenheiros Por que que o valor social dela vai ser dado se ela for engenheira mas não se ela for sambistas que ele quer dizer na verdade nós geramos uma hierarquia na sociedade que acaba atingindo as nossas crianças desde o início e que fica dizendo a elas que aquilo que elas podem ser o que gostariam de ser não tem valor social né Isso não é verdade isso tem valor social e nós precisamos investir Nisso porque é nisso que elas querem Florescer e a nossa sociedade só
vai Florescer quando seus membros florescerem né E os seus membros não são médicos professores Engenheiros mas são muito mais do que isso são profissões e funções que nós sequer conhecemos mas que eles vão mostrar para nós que são fundamentais de que podem contribuir efetivamente com a nossa sociedade né então só para dar mais um exemplo eu vou tentar ser rápida a questão da incorporação de pessoas com deficiência eu detesto a expressão de pessoas com deficiência mas é a que é considerada politicamente correta é por isso eu tô usando mas eu acho ela assim um equívoco
total né Eu costumo dizer que todos nós somos pessoas com deficiência né mas é a incorporação das pessoas com deficiências dentro do sistema educacional comum né regular isso é fundamental no meu entender Até porque aquelas crianças são capazes de promover o florescimento das demais crianças em sentidos que ela jamais pensariam né aquilo desenvolve o sentimento de cuidado de responsabilidade e a sensibilidade a capacidade de escuta né no momento em que ela tem uma criança que precisa do auxílio dela para realizar uma determinada tarefa ela aprende com aquela criança acesso solidária a se atenta Ela ali
é destinado o mundo que ela jamais teria acesso se ela convivesse só entre aquelas crianças que desenvolvem as mesmas capacidades que que ela desenvolve que frequentam o mesmo ambiente sociocultural que ela frequenta né Isso mostra o quanto políticas desse tipo são fundamentais para a gente de fato ter uma sociedade que seja mais inclusiva que seja mais diversa e onde cada um tem o seu lugar social né então é isso Martina ele tem mais uma pergunta em vídeo do Wallace de Moraes que ele é professor do programa de pós-graduação e filosofia e líder do coletivo de
pesquisas decoloniais e libertárias da UFRJ Boa noite a todas todas e todos é o nosso prazer estar aqui nesse programa muito especial para mim que sou um grande amigo da professora Maria Clara Dias quero parabenizar o programa Café Filosófico por tê-la convidado mas eu tenho uma questão para colocar para você né E você trouxe é para gente e proporcionar isso para todos os nossos alunos da UFRJ a perspectiva dos funcionamentos né uma teoria que você criou e tem toda uma discussão ele se falasse um pouquinho dessa perspectiva E associar-se aí já tá mais no meu
campo né com a perspectiva de Colonial o que como é que você compara as duas perspectivas como é que se associa e o que que pode uma contribuir para outra na defesa na sociedade justa né não é mais justa mas justa igualitária antes patriarcal antes capitalista e sobretudo é agora pois a bomba pensaria antes racista amiga grande beijo no coração parabéns por vocês ser o que é e que você está nesse programa parabéns a boa noite tchau tchau Muito obrigado Wallace Bom Há muitos muitos como eu dialogo com a tradição filosófica sobretudo no livro sobre
nós é muito comum as pessoas olharem serem mas o que que tem de de Colonial nessa perspectiva né E como Eu mencionei antes eu utilizo os autores tradicionais para tentar extrair deles aquilo que eu preciso para gerar um pensamento próprio e um pensamento crítico né então é o aspecto de Colonial da perspectiva de funcionamento é justamente é uma crítica a essa Matriz de pensamento que gerou os binarismos que gerou toda e que tá pautada toda numa ideia de essência humana essência da natureza humana de caracterização da moralidade como algo para gerado por e para seres
nos seres Racionais e livres e etc então é na verdade nesse ponto da crítica essa Matriz de pensamento que a perspectiva de funcionamento se entende como uma perspectiva de Colonial né É E eu acho que a grande A grande questão é a nossa luta contra as diversas formas peginantes ainda hoje na nossa sociedade de opressão e de violência contra determinados grupos né então é exatamente na identificação desse denominador comum de grupos que são violados nos seus funcionamentos básicos que a perspectiva dos funcionamentos enfrentar a discussão racista a discussão é homofóbica a discussão feminista né A
Crítica a perspectiva sexista e assim sucessivamente e a questão específica também né então eu diria que esse é o ponto que a perspectiva de dos funcionamentos ela é reclama esse é o momento em que ela reclama o papel de uma perspectiva de Colonial né porque ela tá criticando essa Matriz de pensamento colonial e isso é uma coisa que para mim é importante e é um comentário importante feito para o Wallace porque é claro muitas vezes as pessoas se deparam comigo né e encontram uma uma mulher de classe média Professor Universitária é termos sexual e branca
né É pelo menos aqui no Brasil branca e as pessoas falam assim que que você tem a ver com as decoloniais né E aí eu de fato é muitas vezes as pessoas acham que colocando isso vão dar uma quebrada na minha na minha questão né E na verdade eu me identifico com muitas coisas e alguns funcionamentos são básicos para mim e a ideia de que eu [Música] só faz sentido para mim uma moralidade que não atravesse o respeito por uma questão de raça Por uma questão de gênero ou de orientação sexual é constitutiva da minha
identidade então É nesse sentido que isso pode ser tão fundamental para mim embora eu não seja possa não ser vista como alguém passível de ser vítima desses preconceitos como para uma pessoa que é vítima deste preconceito Eu acho que isso é é algo que no fórum íntimo eu sinto como constitutiva da minha identidade e a constitutiva da minha luta eu não abriria mão dessa luta né por nada né quer dizer embora é isso pareça algo estranho para alguns vindo de uma mulher branca essa essa luta toca no mais profundo âmbito do meu ser Então nesse
sentido é com esse com esse com esses grupos que eu independente de qualquer coisa de qualquer constituição física ou pertencimento socioeconômico eu me identifico e um mundo onde esses indivíduos não possam Florescer é o mundo onde eu não posso Florescer onde o meu pensamento não pode Florescer e assim sucessivamente e o mundo no qual eu não gostaria de viver né E é claro que a gente sabe que vive nesse mundo mas enquanto eu viver nesse mundo eu vou tentar viver lutando contra isso e é por isso inclusive que eu comentei com o Wallace eu trabalhei
durante muitos anos com a filosofia tradicional e com os filósofos tradicionais e os últimos anos da minha carreira que eu espero que sejam poucos porque eu acho que pessoas como eu devem cedermos a lugar a mulheres racializadas a mulheres que não pertencem a heterossexualidade e etc né a mulher de outra classe social a universidade tem que ser ocupada por essas pessoas para que ela de fato possa trazer essa diversidade mas é o compromisso que eu faço né com o meu público com os meus alunos é que enquanto eu continuar dando aula os filósofos os filósofos
que eu trouxer vão ser filósofos que pertencem a esse grupo porque eu sinto que esse é o meu dever é o dever o compromisso que eu tenho depois de ter passado tantos anos reproduzindo filósofos do Norte global a gente vai para mais uma pergunta do público pode se identificar e fazer a pergunta Boa noite professora meu nome é Patrícia queria primeiro parabenizar pela palestra e dizer que eu fico muito feliz de ver uma pessoa uma professora uma pessoa tão renomada no meio acadêmico falando sobre a calça animal é uma alegria isso para mim eu sou
vegana já uma pessoa atuante na causa animal mas eu sou uma pessoa fora Tem fita minha graduação mas sou uma pessoa fora do Meio acadêmico né E então assim a vivência que eu tenho hoje das conquistas da né da causa animal não não perpasso meio acadêmico eu gostaria de saber assim se você vê qual a sua visão de como isso tem evoluído como isso como a causa animal tem ganhado espaço no meio acadêmico né Qual a pessoa de dentro da universidade como você vê se esse avanço da das pautas né anti-especistas do por exemplo sobre
as experimentações animais né que eu acho que é uma é um tema do veganismo né que perpassa bastante o mundo acadêmico né E era uma causa de Sofrimento quando eu fiz a minha graduação para mim né E então eu queria ouvir a sua opinião sobre isso obrigada Obrigada a você Patrícia eu diria o seguinte que eu acho que a gente dá caminhando muito lentamente né aí você falou que durante a sua graduação Isso foi uma causa de sofrimento a gente recebe muitas vezes alunos da biologia que fazem objeção de consciência e não querem participar de
determinadas aulas com dissecação e tudo mais e alguns em alguns casos eles até ganham na justiça mas acabam abandonando o curso de biologia né e na filosofia o que a gente vê muito simpatizante né quer dizer tenta é muito professor que é simpatizante da causa animal até como também esse simpatizante da questão racial e tudo mais mas não trabalham com isso né então eu acho que no meio acadêmico há uma são poucas pessoas que se preocupam com tentar justificar académicamente né ou Teoricamente a questão animal sobre o ponto de vista ético e etc né mas
nós temos alguns casos né é que fazem isso de uma forma recorrente um deles um dos principais porta vozes dessa causa animal no meio acadêmico é o Fábio Oliveira né que vocês viram aí falando né eu e o Fábio temos um livro que foi comemorativo do da do ano da morte de uma homenagem ao Tom wiga né quer dizer que é um livro sobre a questão animal com o artigo de vários autores né Nós temos a Martina que também apresentou uma questão aqui que defendeu um mestrado sobre o veganismo né e justamente tentando fazer uma
crítica A Um veganismo não interseccional e mostrando que a raiz do surgimento do próprio veganismo nada tinha com essa interseccionalidade ou com uma preocupação moral né com a inclusão né e a Suane também que além de ativista também trabalha já há bastante tempo a questão animal então por exemplo é dentro desses dessas pessoas que vocês entraram em contato hoje nós temos três acadêmicos né que que estão preocupados com essa questão e que estão defendendo teses escrevendo artigos e dando aulas sobre isso mas é assim eu acho que um grupo muito ainda pequeno né e como
são pequenos os grupos em geral que discutem também essas outras questões é muito difícil a gente encontrar pessoas que discutam acadêmicamente a questão racial na filosofia né da minha maneira que é muito difícil encontrar pessoas que discutam acadêmicamente a questão da crítica éter numa atividade a questão do da homofobia e etc [Música] eu particular envolvida já numa produção acadêmica com a Suane sobre a questão da de mulheres lésbicas mais particularmente o assassinato de mulheres lésbicas e é isso foi muito mal visto né Nós fomos vítimas de perseguição e etc e a pesquisa ainda hoje que
ela tem dado continuidade ainda é uma pesquisa malvista no meio acadêmico é como se pesquisar isso fosse um tema menor e é no meu entender é uma das poucas formas que nós temos de proteger essas mulheres mesmo e de criar políticas públicas mais adequadas para proteger essas mulheres mas não é o que as instituições e que a própria academia pensa né pelo menos Não no momento eu espero que tudo isso mude e eu acho pelos alunos que eu tenho hoje que já está mudando né Eu sou muito otimista com relação a pelo menos a universidade
que eu trabalho né hoje eu quando eu entrei na filosofia nós tínhamos pouquíssimos alunos negros né e chegava um pouquíssimas mulheres aos programas de pós-graduação hoje em dia eu diria que nós temos quase 50% de alunos negros né E muito chegam aos programas de pós-graduação tanto mulheres quanto negros e mulheres negras Então acho que isso é uma mudança nós temos também já é pessoas não binárias né E que se caracteriza e se entendem constitutivamente como não binárias então eu acho que a academia está mudando eu espero que ela mude mais rápido do que ela tá
fazendo mas acredito que isso vai acontecer Mas é claro a gente chegou ao fim do Café Filosófico de hoje mas antes de eu terminar por aqui eu vou te passar a palavra caso você queira fazer o encerramento da noite eu só queria agradecer mais uma vez a Natasha e o Café Filosófico pela possibilidade de falar aqui com vocês e pela possibilidade de alguma forma de ver em vocês parte dessa mudança né É que eu quero ver na academia e que eu vejo ser realizada nesse momento no Café Filosófico pela escolha do tipo de fala do
tipo de questões que estão sendo tratadas aqui mais uma vez muito obrigado ao Café filosófico e a todos vocês aqui presentes e a todos que estão escutando e que encaminharam perguntas pelos meus interlocutores que enviaram vídeos pela internet e tudo mais [Música] vou te agradecer também agradecer a participação da Sônia Soares Fábio Oliveira Martina Davidson e Natasha Pugliesi pelas perguntas também e pelas leituras do Kiko agradecendo você novamente todo mundo que participou hoje aqui todo mundo pela internet também que participou e fazer o convite para semana que vem na terça-feira no dia 22 a gente
vai finalizar o módulo e finalizar o ano também no último Café Filosófico CPFL deste ano é o módulo filosofia substantivo feminino com o tema o impacto das filósofas das reivindicações a conquista de direitos com a própria curadora do módulo a Natasha Pugliese então nos vemos na próxima terça até lá significa que nos vemos todos como parte de um mesmo todo como desenvolver essa consciência humanitária na continuação da série Nossa cidadania terrena o Rabino Newton Bonder analisa a unidade na diversidade somos Nossa comunidade no espaço comunitário a gente não vive de direitos a gente vive de
compromissos e a pergunta é essa se nós estamos no caminho Café Filosófico domingo 7 da noite [Música]