VÍCIO EM AÇÚCAR: O ERRO QUE TE IMPEDE DE FICAR SEM DOCE

Sabe aquela pessoa que come doce todo dia depois  do almoço, e quando não come, fica o dia inteiro procurando um docinho? Se você não conhece  alguém assim… talvez você seja essa pessoa! Muita gente acha que a explicação para  isso está em um “vício em açúcar”.

Mas chegou a hora de eu te mostrar que não. E  se eu te contasse que isso não é vício e eu sei qual é o melhor remédio para tirar  a sua vontade incontrolável de comer doce? A ciência vem fazendo descobertas incríveis  sobre o real efeito do açúcar no cérebro e no vídeo de hoje eu vou te mostrar porque  você não é uma pessoa viciada em açúcar e como saber disso vai fazer toda a diferença na  hora de vencer a sua vontade de comer doces.

Eu sou Lucas Zanandrez, Biomédico e esse  vídeo foi feito em parceria com a Marina, nutricionista e roteirista da série  de nutrição aqui do Olá, Ciência! Pensando em você que você provavelmente já  ouviu muita informação errada sobre nutrição na internet e acaba ficando perdido ou perdida nós  criamos uma maneira de resgatar a sua autonomia frente a esse terrorismo alimentar que fazem  com vários alimentos, tipo o açúcar, sabe? No dia 09 de novembro, nós vamos fazer  o evento gratuito “Os Maiores Mitos da Alimentação Saudável”.

Vai ser uma aula recheada  de conteúdo combatendo vários mitos da nutrição, com explicações simples sobre como  os nutrientes interagem no corpo. O nosso objetivo é que você adquira  um conhecimento pra vida e que possa tomar suas próprias decisões sobre a  sua alimentação. Pra se inscrever na Lista de Espera e receber todos os  nossos avisos e materiais de apoio, basta você clicar no link da descrição  ou do comentário fixado.

Eu te vejo lá! E vamos falar de açúcar, porque tem muita  gente aí que não consegue matar a vontade de comer um docinho depois do almoço.  Me conta aí nos comentários se é o seu caso.

Mas antes vamos falar do que  é uma vida inteira consumindo açúcar Açúcar pode representar muita  coisa. Glicose, amido, frutose, sacarose. Tudo isso é açúcar do  ponto de vista da nutrição.

Então, com a permissão da Marina, neste  vídeo aqui, a gente vai simplificar. Quando eu falar açúcar eu tô falando da  sacarose, aquele açúcar que você usa pra adoçar seu cafezinho, mas que também está presente  naturalmente em frutas e vegetais e até pode ser adicionado nos alimentos industrializados,  como chocolates, balas, biscoitos e por aí vai. Para entender se o consumo  desse açúcar, a sacarose, pode gerar vício, eu vou te contar a história  do Lucrécio, um menino de 13 anos que tem uma alimentação toda baseada em açúcar, como  acontece com muitas crianças na vida real.

Lucrécio consome produtos industrializados desde  os 6 meses de idade. A família não costumava comer vegetais. E frutas, só adoçadas com açúcar ou  leite condensado.

Ele cresceu no meio de uma alimentação regada a produtos doces, inclusive, no  seu aniversário de 1 ano ele já molhava a boquinha com refrigerante, e ganhava balas como premiação  pelo bom comportamento. A família não dava bola, porque dizia que todos tinham sido criados  daquele jeito e até hoje ninguém tinha morrido. Lucrécio foi crescendo, e logo na  adolescência teve um ganho de peso excessivo, e entrou em sobrepeso.

A família do  Lucrécio procurou uma nutricionista, que sugeriu algo aparentemente simples:  reduzir o consumo de açúcar e industrializados. Esses alimentos nos fazem comer uma  quantidade muito grande sem perceber. Então reduzindo a quantidade, teríamos  uma redução também nas calorias, e o peso de Lucrécio seria regularizado.

O nutricionista  também sugeriu aumentar o consumo de vegetais, para fornecer as vitaminas e minerais  necessárias para o crescimento. Excelente, mas foi aí que começou  a maior luta da vida do Lucrécio. Reduzir os alimentos açucarados era  quase uma guerra contra ele mesmo.

Comer vegetais era um sacrifício,  ele achava aquilo muito ruim, até porque seu paladar nunca teve a chance de se  acostumar com outros sabores que não fosse o doce. A família começou a esconder os doces do Lucrécio, o que piorou a situação. Lucrécio  ficou com raiva e começou a comer muito doce no intervalo da escola para  aproveitar que estava longe da família.

Me diz agora aí se você se identificou com algum aspecto da história de  Lucrécio. Aconteceu com você? Enquanto isso eu te pergunto: Lucrécio é viciado  em açúcar?

Essa dificuldade imensa em reduzir o açúcar pode ser comparada aos sintomas de  abstinência de uma pessoa viciada em drogas? Pra descobrir, eu vou te levar até as raízes  do que é vício. Será que açúcar VICIA?

Anota aí: vício é o comportamento de abuso e consumo descontrolado de alguma  substância que causa dependência. O diagnóstico clínico do vício é bem mais  complexo do que parece. Mas de forma geral, pra dizer clinicamente que alguém é viciado é  necessário cumprir quatro requisitos.

Número 1, a pessoa tem um forte desejo de usar  a substância e apesar das tentativas, não consegue reduzir ou controlar o uso. Número 2, o uso da substância causa incapacidade  de completar tarefas importantes no dia a dia, como trabalhar ou buscar o filho na escola. Número 3, para conseguir essa substância, a  pessoa pode se expor a um ambiente que traz perigo ou até risco de vida, e mesmo com esse  risco ela não para de procurar a substância.

E número 4, com o tempo, a  pessoa desenvolve tolerância, em que é preciso cada vez mais quantidade da  substância para obter o mesmo efeito prazeroso, e na ausência dela, a pessoa  tem sintomas de abstinência. Álcool, maconha, alucinógenos, medicamentos  opióides, sedativos, cocaína, tabaco são substâncias viciantes… mas alguém viu açúcar?  Na verdade, nenhum alimento aparece nessa lista.

Mas então, o que explica você largar  o seu trabalho estressante e abrir uma barra de chocolate pra comer 3 quadradinhos, e quando viu já tinha comido meia barra. Bom,  existe uma hipótese de que o açúcar poderia influenciar tanto o nosso comportamento  que até seria considerado “viciante”. Essa hipótese veio principalmente de estudos  mostrando que o uso de açúcar por animais de laboratório gerava efeitos bioquímicos no corpo  parecidos com o uso de substâncias viciantes.

Um desses efeitos é a liberação de dopamina,  responsável por ativar a sensação de prazer que sentimos depois de comer um brigadeiro gostoso.  Essa sensação participa de um circuito cerebral chamado de sistema de recompensa: a recompensa  por você ter comido o brigadeiro é a sensação de prazer. Isso nos faria querer comer mais  brigadeiro, para sentir mais prazer.

Claro. E faz sentido mesmo, mas o problema é  que a liberação de dopamina não é uma resposta que acontece só quando comemos  alimentos gostosos. Ela acontece toda vez que a gente faz alguma coisa agradável,  como ouvir música, ganhar em um jogo, se apaixonar, se exercitar. 

Será que isso também é viciante? Além disso, a liberação de dopamina por si  só não é o suficiente para causar vício. Existe uma diferença entre a liberação de dopamina causada por substâncias viciantes e  a causada por situações cotidianas.

Apesar de tudo acontecer na  mesma estrutura no cérebro, essa estrutura tem populações  diferentes de neurônios. E ao que parece, o consumo moderado de açúcar  estimula circuitos neuronais similares aos que são ativados em situações cotidianas,  enquanto que o consumo de drogas afeta circuitos diferentes, que nos condicionam  a um comportamento de dependência. Apesar de todas essas situações  liberarem dopamina, a dopamina liberada no consumo de açúcar parece  ser apenas um sinal bioquímico incapaz de alterar significativamente  o comportamento no longo prazo.

Diferente das drogas viciantes, os cientistas  nunca demonstraram que o açúcar causa dependência, que seria aquela sensação de que você  não consegue viver mais sem açúcar. Também não viram que o consumo  de açúcar gera uma tolerância, em que a pessoa precisa consumir quantidades cada  vez maiores de açúcar para obter o mesmo efeito. Então, até onde nós sabemos, açúcar não vicia.

E talvez a maior dificuldade de associar esse  açúcar ao vício é o fato de que não comemos açúcar puro né? Os doces são uma mistura de açúcar,  gordura, proteínas, corantes e aromatizantes. Isso adiciona uma complexidade ainda maior ao problema. 

Será o sabor doce que nos faz querer comer mais? Ou será que é o conjunto  de nutrientes do alimento, cada um ativando uma sensação  diferente no corpo. Difícil dizer né?

Tem muita gente falando que  o açúcar vicia na internet, mas com todos os dados que temos hoje, eu repito  a gente não pode dizer que açúcar causa vício. Mas o que explica algumas pessoas, como o  Lucrécio, terem tanta dificuldade em deixar de comer açúcar? Clica no gostei você chegou até  aqui e tá gostando porque agora eu vou te contar o segredo, a cereja do bolo, como parar de comer  doce de forma exagerada, de acordo com a ciência.

E de forma simples: O segredo está nas emoções. Nós comemos por necessidade  biológica de obter energia, mas alguns alimentos têm um significado  maior do que apenas “nutrir o corpo”. É o caso daquele bolo de milho que lembra sua avó, ou do brigadeiro que lembra as  festinhas de aniversário da infância… Algumas vezes, esses alimentos são usados como válvula de escape para as  emoções que nós sentimos.

Se eu fico triste porque tive uma frustração  no trabalho ou porque briguei com alguém, eu vou tentar buscar algo que me traz um conforto  momentâneo, uma recompensa no meio do caos. E no meu caso, eu sou a pessoa que como  meia barra de chocolate de uma vez. Mas se passamos a utilizar a comida como  refúgio para todas as situações cotidianas, nós criamos uma relação  descompensada com a comida.

Nossos hábitos são poderosos, e quando  repetimos um comportamento por anos, fica extremamente desafiador revertê-lo. Quando uma pessoa roe as unhas,  ela não é viciada em unhas, e sim condicionada a usar aquele  comportamento como um escape. Quando uma pessoa gosta de comer doces,  ela vai repetir aquele comportamento, por isso é preciso entender o seu problema.

Para você ter um sucesso maior ao  tentar reduzir o consumo de açúcar, tenha em mente que o acompanhamento  nutricional deve estar junto com o acompanhamento psicológico e mudança de hábitos da  família toda, para apoiar nos momentos difíceis. Você pode reduzir a quantidade  de chocolate que compra. Você pode combinar um dia sem  chocolate, mas não um mês sem doces.

Vai aos poucos sabe. Isso é comprovado cientificamente,  se você corta abruptamente o açúcar, você pode até piorar a situação,  causando um problema psicológico. Lembra que a moderação é a chave para equilibrar  a saúde e a sua relação com os alimentos.

Assim como moderação é o que você precisa na  hora de buscar soluções fáceis para emagrecer. Tem muita coisa errada sendo dita na internet,  como eu conto nesse vídeo dos 5 maiores mitos do emagrecimento. Ou se tiver interessado em  outro assunto, assiste esse vídeo aqui.

Pode comer seu chocolatinho sem culpa aí, um grande  abraço, e eu te vejo no próximo vídeo. Tchau.