Café Filosófico | Amor e luto na era digital | Gabriela Casellato | 24/03/2024

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Café Filosófico CPFL
Entender o funcionamento do nosso cérebro torna-se imprescindível para pensar o processo de luto e o...
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[Música] [Música] k a percepção no mundo contemporâneo é a de que nunca estivemos tão tecnológicos acelerados e para alguns tão evoluídos ao mesmo tempo temos um mundo congelado em antigos conflitos guerras e crises humanitárias as consequências do afogamento digital e do esfarelamento das certezas tem provocado uma epidemia na saúde mental principalmente eman e j como as histórias fortalecem a mente infantil e juvenil numa era de incertezas tema desta série do Café Filosófico dizem que a única certeza que temos na vida é a morte mas apenas saber que a morte existe não nos prepara para lidar
com ela e nem com as para quem sofre a perda quais caminhos para entender o luto de que maneira o contexto cultural familiar social é capaz de influenciar Nossa compreensão do luto e as formas como estruturamos nossas vidas após uma perda para além de sermos seres sociais somos seres biológicos e é imprescindível conhecer também o funcionamento do nosso cérebro para entender como o luto é um processo complexo e amplo luto não nasce não não resolve-se não Ele termina digamos assim no sentido de onde ele muitas vezes cai como uma fonte de Sofrimento quando ele não
é bem cuidado né no consultório de um psicólogo ou de um psiquiatra mas ele precisa fazer parte da sociedade né ele faz parte da natureza humana e quando eu comecei há 30 anos atrás ele não fazia parte era um assunto excluído escamoteado cheio de estigmas Em contrapartida nesse per perío pós-pandêmico em que nós vivemos a morte de quase 700.000 pessoas só em função da pandemia nós falamos que temos uma média de nove estados diretamente afetados por uma perda se nós entendemos que estamos falando então de aproximadamente 7 milhões de pessoas em lutadas só por pandemia
nos últimos 2 anos e que desses 7 milhões nós esperamos que no mínimo 10% vão desenvolver complicações nós estamos falando de um problema e de uma necessidade de saúde pública nós não temos condições na nossa rede de saúde mental pública e privada no Brasil não dá conta de atender a uma demanda de adoecimento nessas proporções eh diante disso ações preventivas e suportiva são absolutamente necessárias para mitigar esse efeito a gente não previne dor a gente previne manejo que a gente tem da dor nos nossos espaços sociais não é o problema não é sofrer o problema
é sofrermos sozinhos estigmatizados isolados sem suporte sem espaço sem reconhecimento sem ritualização isso é que nos adoece porque inevitavelmente ao longo de nossa vida nós vamos viver perdas perdas concretas simbólicas normativas daquelas que a gente sabe que fazem parte do ciclo da vida e das não normativas daquelas que fogem um pouco do nosso script falar de luto para falar de luto a gente precisa falar de vínculo eu começo do mais básico do mais primordial do mais basal do ser humano que é o biológico eu vou partir de conceitos da etologia e da neuropsicologia para explicar
para vocês como o nosso cérebro precisa se vincular a partir das nossas necessidades mais basais nós somos seres sociais por uma necessidade biológica não porque é gostoso não porque Precisamos amar é anterior a isso nós somos seres sociais porque nós precisamos de conexão humana para aumentar as nossas chances de sobrevivências desde do homem das cavernas muito antes disso né os primatas já nos mostravam claramente todos os grupos de mamíferos mais menos evoluídos já mostravam que a vivência em grupo aumentava e muito a chance de sobrevivência E no meio digital na era digital isso não é
menos importante apesar de não falarmos sobre isso e essa convivência social ela nos dá aumento de sobrevivência mais chance de sobrevivência por três motivos básicos uma organização social nos traz a possibilidade de uma organização com especificidades eu Domino A Psicologia o outro domina a arquitetura o outro domina a saúde do corpo em outras áreas nobres o outro domina a educação e cada um de nós nos ajudamos a garantir e buscar caminhos paraa nossa sobrevivência e estarmos vivos é a idade primordial de nosso cérebro era na antiguidade continua sendo e assim será então biológicamente estamos né
condenados no nível positivo mas mais existencial ah a sermos a vivermos em convívio e é essa necessidade que eu traz a primeira boa notícia Sim nós vamos nos ajustar Sim nós vamos sobreviver a tudo aquilo que está gerando temores E angústias nós vamos viver muitas transições difíceis mas o ser humano é um bicho profundamente adaptável graças a esse cérebro biológico a digitalização será um grande desafio pra gente já está sendo mas nós teremos E buscamos que nos adaptar do ponto de vista instintivo os nossos vínculos visam três diferentes necessidades quando eu falo de instinto lembre-se
que eu tô falando de uma necessidade muito primordial aqui eh centralizada no nosso cérebro reptiliano ano que garante basicamente a nossa sobrevivência Sem nossos instintos nós não teríamos a rapidez e a velocidade de buscar soluções rápidas para as inúmeras eh adaptações ao mundo e ao nosso corpo e nesse mundo digitalizado acelerado aceleradíssimo tudo que eu sei hoje talvez não não Valha mais para amanhã nosso cérebro precisa se ajustar então para isso ele usa muito dessa parte instintiva adaptativa que eu vou falar aqui para vocês hoje o primeiro vínculo humano que nós estabelecemos é é o
vínculo entre uma mãe biológica e Um Bebê na maior parte das condições eh estáveis de funcionamento social né Eh e esse vinco ele já garante duas necessidades importantes pra gente alimentação e proteção vocês perceberam que eu não falei amor porque o amor vem depois disso na sequência em razão disso então a necessidade de proteção era uma necessidade primordial para nós da hora que nascemos até a hora que morrermos durante toda essa trajetória nós teremos a necessidade de nos sentirmos protegido sempre que em condições de ameaça em especial para o corpo humano para a mente biológica
humana medo fome dor frio e sede todas as vezes que nós sentimos isso nós vamos ter nossos instintos ativados e precisamos nos lidar com eles cuidar deles ouvi-los respeitá-los Então esse vínculo Inicial ele cumpre essa função de nos proteger de nos tirar da sensação de Perigo por quê Porque diante do senso de ameaça nosso cérebro congela nosso cérebro Não responde não se adapta não se ajusta Então a primeira função que um ser humano e um grupo social tem é de nos tirar a sensação de medo por isso que a aproximação social é muito importante e
no primeiro momento principalmente do núcleo familiar depois do núcleo social eh e mais pro fim da vida Voltamos para uma prioridade do núcleo familiar esse vínculo ele existe não só para nos gerar segurança mas para nos ensinar os caminhos para nos sentirmos Seguros toda vez que nos sentirmos inseguros e frente ao perigo Então por que essa mãe não vai est lá o tempo todo essa figura não vai est lá para proteger o tempo todo o grupo não vai est perto de da gente o tempo todo então por essa razão essa experiência Inicial ela é tão
importante tão influente na formação do nosso cérebro e das nossas estratégias de sobrevivência né Eh desse lugar essa figura ela não precisa só ensinar meios de comunicação da criança como ela expressa esse medo dessa mãe como responde a esse medo dessa criança como responde a essa mãe que responde a esse medo criando assim um sistema comunicacional ele precisa ser estável o mais estável possível de novo eu falei em estabilidade eu não falei em qualidade para proteger para gerar segurança é importante que nós nos sentimos eh reconhecendo aquela experiência por pensando na velocidade frente ao perigo
eh eu preciso ter uma resposta que eu conheça para eu saber o que fazer se cada vez eu tiver que me adaptar a uma nova resposta sem saber o que fazer meu cérebro se estressa e entra em colapso muito rápido então é desse lugar que o instinto está para nós para nos dar respostas que das quais a gente aprende lá no início e nós internalizamos no nosso cérebro vários mecanismos memória crença padrões de estratégias comportamentais que vão compor Esse Nosso repertório de regulação com todas as experiências novas da nossa vida a partir desse Prisma cada
bebê nasce dentro de um contexto histórico daquela família né um momento o que que é um bebê que nasceu no meio de uma pandemia e demorou para sociabilizar com outras pessoas além de pai e irmão pai e mãe talvez irmão ou mamãe mãe solteira ou um pai solteiro Enfim uma configuração familiar qualquer né como é que esse bebê Então passa a se desenvolver socialmente três TR anos depois quando o cérebro dele já desenvolveu uma série de repertórios como é esse bebê comparado a um bebê que viveu terrores de uma guerra ou outras experiências um bebê
que viveu uma vida super estável dentro das possibilidades que a gente entende como estava será que uma família regula intimidade no Brasil da mesma forma que regula em país europeus nórdicos Claro que não existem regras culturais que por diferentes razões históricas culturais econômicas políticas vão definindo funcionamentos e regras dos papéis parentais das regras familiares das expectativas que a gente tem sobre o que é ser uma boa mãe um bom pai uma família saudável esse relacionamento ele não traz só códigos comunicacionais regras mas ele traz também estabilidade e ele vai se estabelecendo até um ano e
meio do bebê isso tem a ver com o desenvolvimento isso tem a ver com o desenvolvimento cognitivo porque no desenvolvimento motor o bebê ganha uma grande arma para sobrevivência a locomoção e ele começa a regular distância física com a mãe ele vivia até então do lado da mãe acoplado no corpo da mãe e ele passa então a se distanciar daquela fonte absoluta estável e disponível quase o tempo todo de reasseguramento e ele vai pro mundo e ele começa a descobrir coisas ele descobre o não aqui não pode não pegue não ponha na boca boca tá
errado né E aí ele vai experimentando uma série de vivências sociais que vão trazendo para ele essa dificuldade né Eh de se ajustar ao mundo e ter esse modelo como referencial essa experiência ela é internalizada Ela vai serir de um modelo um modelo que não será fixo ao longo da nossa vida porque ele vai ser perpetrado atravessado por uma série de experiências epigenéticas das nossos né momentos sensíveis da vida das novos vínculos que a gente vai construindo ao longo da vida e que vão trazer novos inputs para esse modelo que a gente tem internalizado no
nosso cérebro de regulação e Correa de autorregulação né então o nosso cérebro é plástico cada vez mais a neuropsicologia vem nos trazendo essa possibilidade e ele tem a possibilidade de mudar os processos de tratamento na saúde mental tem a ver com plasticidade não tem a ver como com esquecer sofrimento superar traumas mas tem a ver com fortalecer músculos cerebrais instintivos físicos resiliência todos os músculos né dessa Sobrevivência para o enfrentamento da vida convivendo com aquelas experiências dolorosas que marcam e influenci o nosso cérebro no próximo bloco não há uma pessoa enlutada na minha história profal
das mais céticas ou as mais religiosas que não tenham se aproximado desse tema buscando Desligar seu medo e sua solidão e seu desamparo frente a um [Música] luto entender como buscamos nos sentir Seguros e protegidos como os nossos vínculos foram sendo construídos é importante para compreender a forma como enfrentamos as adversidades da vida ao pensar a relação do bebê e da criança com seus cuidadores como determinante na formação da nossa vida adulta o psicanalista John bolb disse que a confiança na figura de apego é a base para uma personalidade cura e estável de quais maneiras
o modo como fomos cuidados e educados é capaz de explicar e até mesmo modificar a forma como lidamos com os medos a morte e o luto Nossa tendência é estabelecer modelos que vão sendo ajustados e vão sendo modificados ao longo do desenvolvimento da vida essa ideia ela vem eh baseada de uma teoria pouco conhecida no Brasil da Psicologia que é a teoria do apego desenvolvida pelo PS inglês John bobb tudo que ele desenvolveu foi a partir da observação do comportamento humano e o boub entendia especialmente que até onde a predominância das teorias vinculares trazia a
importância do mundo intrapsíquico para a interpretação do mundo real e ele se incomodava um pouco no na pouca valorização que se dava a experiência real vivida por uma criança por um bebê por um adolescente por um adulto por um idoso e ele eh começou então a trabalhar e conceber o que eu acho de uma generosidade da e uma beleza dessa teoria porque ela conseguiu construir um corpo teórico de novo baseado no empirismo mas se aproximando de diferentes paradigmas que ele conseguiu de alguma forma então ele conversa com a psicanálise com a teoria cognitiva comportamental ele
ele conversa com a psicanálise e uma teoria sistêmica ele tá o tempo todo construindo dentro e fora da Psicologia formas de entender o ser humano como um sistema um sistema interno entre o meu biológico meu psicológico meu social meu espiritual e o meu sistema correlacionado com esse mundo de Fora minha família meu contexto social a minha comunidade A minha cultura várias camadas que se interinfluenciam se atravessam e que transforma então a realidade de cada um quase única e subjetiva o medo é o sentimento então mais importante para nossa sobrevivência quando a gente pergunta qual é
o sentimento mais importante para sobreviver as pessoas de cara dizem o amor mais uma vez eu eu frustro um pouco porque não é o amor é o medo porque é o medo que nos leva a amar é o medo que nos leva a construir características no nosso estilo de amar é porque buscamos fugir do perigo é porque buscamos sensações de segurança que nos conectamos né então e essa conexão e esse medo essas rotas de fuga que a nossa mente de proteção e fuga que a nossa mente desenvolve elas vão sendo eh influenciadas eh influenciando criando
nossas crenças nossos valores nossas habilidades cognitivas nossas habilidades simbólicas emocionais relacionais espirituais né aqui só um adendo né que espiritualidade tem com vínculo e o que tem ver com o medo tudo tudo eu tô falando tô falando de religião tô falando de espiritualidade no nosso sistema de crenças que tá a serviço de desligar os nossos medos quando todo outro repertório cognitivo e simbólico não dá conta alguns de vocês pode dizer aqui alguns que tem uma estrutura de fé mais robusta assentadas numa religião por exemplo numa fé um pouco mais estruturada talvez se conectem com uma
força superior com Deus como assim possam chamar e aqui por favor entenda o meu olhar da Psicologia para essa fala né buscam Deus o tempo todo pedem proteção ao sair de casa é uma fonte de se sentirem menos sujeitos ao perigo né outras pessoas não t esse sistema mas quando ameaçadas e inevitavelmente vão procurar se elas vão encontrar esse é um outro caminho mas elas vão procurar não há uma pessoa enlutada na minha história profissional das mais céticas ou as mais religiosas que não tenham se aproximado desse tema buscando Desligar seu medo e sua solidão
e seu desamparo frente a um luto não existe todos nós vamos passar por isso as respostas que nós vamos encontrar é absolutamente um outro ponto mas nossa busca tem a ver com esse esse repertório biológico né então é desse medo que vai nascer a nossa capacidade de enfrentar a vida de ter crenças de ter valores autoestima resiliência empatia recurso para construção de intimidades bem como recurso para enfrentamento da vida ou seja medo é tudo medo é um bichinho muito importante o qual nós estamos ignorando o qual nós estamos pouco conscientes do que fazer com ele
nós vamos seguir até a nossa morte com muitos medos o ponto é o que que nós fazemos com ele o que que nós fazemos com ele existem estratégias adaptativas melhores para podermos lidar com nossos medos a nossa mente ela vai desenvolver então repertórios né de toda ordem para poder então enfrentar a vida e se relacionar com as pessoas esses esse repertório é o que a gente chama e eu indico aqui até faço uma ressalva sobre um livro que acabou até ser traduzindo em português é o cérebro de luto de uma neuropsicóloga que explica o luto
no cérebro todo esse repertório biológico nos cria um mapa mental esse mapa biológico que vai nos garantir respostas mais rápidas paraa nossa sobrevivência esse mapa Diante Do Luto ele é absolutamente desafiado quando algo rompe com algo que é importante pra nossa autorregulação e pra nossa regulação com o outro quando alguém significativo de nossa vida principalmente quanto mais ele for importante nessa nossa cadeia de figuras que geram proteção pra gente né Eh mas ele vai romper com aquilo que nós chamamos de mundo presumido mundo presumido é um conceito muito importante pra psicologia atual e princip psicologia
do luto que foi desenvolvido por um psiquiatra inglês scholing mur Parks o que Colin Parks denomina como mundo presumido refere-se Ao Único mundo que o indivíduo conhece e no qual se reconhece e inclui tudo que ele sabe ou pensa saber esse terma engloba não só o que ele pensa sobre o passado mas suas expectativas para o futuro seus valores planos e crenças trata-se portanto de um esquema mental organizado que reflete tudo que a pessoa assumiu como verdadeiro acerca de si e do mundo cuja função reside em prover segurança e previsibilidade além de oferecer um significado
e propósito para a vida de cada um que esses aspectos são abalados diante de uma perda e que uma nova concepção de mundo se faz necessária no processo de adaptação no entanto o medo e a consequente ansiedade disparados ante essa mudança ameaçadora embaçam o julgamento e prejudicam a concentração e a memória deixando lenta e ineficaz a tentativa de dar sentido ao que aconteceu a mudança se d na concretude da estabelecida mas também e sobretudo no mundo interno do indivíduo a partir do qual este estabelece suas concepções que servirão como uma lente a influenciar sua maneira
de perceber e estar no mundo isso nos ajuda a entender muito porque o luta é tão impactante nas nossas vidas ainda que a frase mais e esgotada socialmente é que a morte é a única certeza que temos né E E por que que a gente não consegue se preparar para ela simples ela não faz parte do nosso mundo presumido mesmo que a gente já tenha vivido outros tipos de perdas aquela perda aquela relação o papel que aquela pessoa tinha na nossa vida ele é único e quando nós vivenciamos aquela perda esse repertório ao qual o
parx denomina de mundo presumido e que né o Bob chamava de modelo operativo interno e a Mary chama quase como um mapa mental e eu chamo um GPS já que estamos falando de tecnologia se eu construo tudo isso que eu vim falando aqui para vocês lá da minha necessidade biológica por ao longo de minha vida todo um repertório que eu uso sempre que eu preciso me ajustar a algo novo e desse mapa mental e desse repertório aquela pessoa aquela relação aquele vínculo fazia parte estruturante quando eu perco eu não consigo me ajustar à Vida que
ficou e mais ainda eu tento usar o mapa mental antigo para lidar com esse cenário novo e só vou adotar um novo GPS quando o meu cérebro entender reconhecer aceitar incorporar a nova realidade com tudo que ela nos desafia como algo tão familiar Ou parcialmente familiar a ponto de eu começar a não mais aceitar ou buscar o PS antigo por isso que a gente entende luto como um processo não como um estado pontual que não culmina na primeira semana do luto ou mesmo na semana do velório pelo contrário ele mal começou esse processo adaptativo ele
vem com a necessidade biológica de se ajustar àquilo que perdermos e nos adaptarmos ao que ficou este luto hoje é percebido como modelo eh adaptativo um processo psicológico social físico emocional espiritual de adaptação que em última instância leva a uma diminuição do nosso Estado de desamparo de medo de incapacidade de seguir a vida agora numa nova versão no próximo bloco e esse é o grande desafio se nós não nomeamos validamos a forma como uma criança Expressa o seu luto Então nós não nos comunicamos com ela devidamente o luto é algo que afeta a todos nós
em algum momento da vida e pode gerar muitas consequências em nossa saúde portanto é também uma questão de saúde pública e quando se trata do luto na infância ou na adolescência isso pode ser ainda mais delicado e desafiador coloca-nos nós adultos em confronto com nossos próprios medos e inseguranças precisamos entender o luto e suas variações falar sobre ele discutir e aceitá-lo socialmente esse processo pode começar desde cedo incluindo crianças e jovens nessa conversa a visão atual do luto ela superou alguns modelos anteriores ou ela se adaptou ao longo da vida os estudos as práticas as
mudanças culturais as mudanças sociais e aquilo que antes então entendíamos como Freud disse lá no início da vida mas morreu já falando diferente do desinvestimento libidinal de um objeto de amor para um ajustamento dessa libido a outros objetos da vida objetos simbólicos e concretos hoje não mais a gente pensa assim houve uma outra fase em que entendíamos o luto como fases lineares né primeiro vem O choque depois vem a barganha depois vem a depressão e depois vem essas fases além dela terem sido mal mal compreendidas né elas foram entendidas como uma forma linear L elas
não são exatamente lineares nem para esses autores mas hoje elas caem nesse risco da gente patologizar o luto indevidamente colocar doença onde não tem num processo adaptativo de ajustamento justamente porque a gente entende Você Já Deveria ter parado de chorar você já deveria não mais questionar o porquê da Morte você já deveria estar fazendo assim né E isso essas fases não só não ajudam em lutado como também não ajudam o contexto social a lidar com o lutado hoje nós trabalhamos então com uma uma versão né uma teoria muito importante construída por dois autores Hank schu
Hank Shut e Margaret strob que na década de de 90 desenvolveram o conceito do luto como um processo Dual que quer dizer um processo adaptativo regulatório regulatório dessa mente né com todo esse essa tarefa de soltar e de conviver com a ausência física daquela experiência daquela relação daquela pessoa daquele vínculo Que nós tínhamos e que era estrut durante nesse cérebro nesse mundo presumido e nos ajustarmos à Vida que ficou essa transição do mapa mental anterior para mapa mental novo Eh Portanto o luto nunca pode ser considerado uma experiência só de emocional de tristeza de angústia
de raiva de medo luto é muito mais complexo ele é uma experiência física ele é um estressor ele eleva o cortizol significativamente para as pessoas que vivem seu processo na sua fase mais crítica eh ele é uma adaptação social ele é uma revisão da identidade ele é uma reconstrução desse mundo presumido ele é uma revisão das suas crenças e valores então o luto bagunça com tudo aquilo que por alguma razão a gente foi construindo ao longo da vida para sobreviver eh mas a gente se ajusta algumas pessoas não a as Pesquisas mostram que apenas 20%
das pessoas população mundial vão ter Sofrimentos transtornos psicológicos em torno do luto isso quer dizer que 80% das pessoas vivendo uma condição de luto com alguns contor com apoio com ajuda com validação vão viver seus lutos sem necessariamente precisar de uma intervenção de um profissional de saúde mental então a gente precisa criar rapidamente todosos serviços de toda ordem visando prevenção suporte e tratamento para acolher pessoas que vão não só adoecer mas vão trazer uma série de dificuldades para ajustamento social economia produtividade convivência social educação dos filhos e todos os outros aspectos quando uma pessoa doente
ela se vê afetada e acaba afetando como uma criança sem luta eh uma criança sem luta da mesma forma que um adulto a criança sente a perda como adulto ela não interpreta a perda como adulto porque ela não tem a capacidade simbólico e cognitiva de um adulto Mas isso não faz dela alguém que não passe pelo luto e é desse dessa discrepância de percepção que nós ferimos muito o acolhimento a uma criança in lutada ainda hoje porque nós partimos da nossa percepção de adultos para dizer o quê Ela não tá entendendo se eu tô dizendo
para vocês que a nossa capacidade de construir vínculos e se regular no outro por meio de um outro ser humano como a mãe se estabelece a partir de 1 ano e meio até mais ou menos 1 ano e meio de vida e em especial dos primeiros se meses a esse 1 ano e meio falando em condições estáveis de desenvolvimento Global eh eu tô dizendo que essa criança tá aprendendo a se vincular e perceber o mundo a partir do Olhar do outro o in dizia uma frase muito ainda que o olhar da mãe é o primeiro
espelho de um ser humano né e quando esse espelho se vai ou quando outros espelhos se vão então instintivamente uma criança é absolutamente capaz de reagir a separação nesta correg ação que para ela é significativa ela vai interpretar perceber a partir do seu repertório simbólico e cognitivo que vai se desenvolvendo ao longo da vida esse é um outro desafio pros pros adultos que estão em volta dela porque ela não pode falar do luto só na hora que ele acontece ela precisa conversar sobre o luto ao longo de todo o seu desenvolvimento porque muitas perguntas virão
porque muitos questionamentos virão a partir de diferentes fases do seu repertório ela vai conseguir mais proximamente chegar a um modelo perto do adulto em torno dos 7 anos quando ela por meio das questões cognitivas maturacionais desenvolve o conceito de irreversibilidade de universalidade né Eh e então ela vai entrar na ideia de que esta separação é uma separação ah definitiva e é uma separação causada por aspectos eh de ordem biológica seja ocasionadas por alguma coisa externas sejam ocasionadas por algo interno mas um corpo que deixa de funcionar de novo a criança está sentindo a criança está
reagindo A criança precisa se adaptar e mais do que tudo a criança não pode estar só nesse processo e quando eu digo só não é só com a presença física só é com a disponibilidade emocional para todo esse repertório que justamente por ela não ter uma linguagem como a de um adulto o repertório linguístico que nós adquirimos ao longo da vida ela expressa por meio do corpo por meio dos sintomas e esse é o grande desafio se nós não nomeamos validamos a forma como uma criança Expressa o seu luto então nós não nos comunicamos com
ela devidamente e mais ainda se eu sou uma adulto enlutada ao lado dela certamente o meu viés de dor vai gerar em mim um movimento quase fóbico de me aproximar da dor dessa criança que por não ter todo esse repertório defensivo que a gente tem expressa espontaneamente nós precisamos abandonar a ideia de só conversarmos com a criança quando algo ruim acontece quando algo ela manifesta algum tipo de dificuldade dade E aí a gente resolve fazer alguma coisa toda a experiência de luto quanto mais precoce por mais que ela roube a inocência infantil e traga inclusive
uma precocidade de toda essa maturação cognitiva sobre a morte uma criança que vive o luto precocemente tende a maturar essas compreensões de rabilidade e universalidade um pouco antes de uma criança sente esse tipo de experiência até esse momento mas ela não vai compreender totalmente ela vai continuar crescendo continuar se desenvolvendo e continuar reformulando a percepção que ela tem sobre a morte John Bob costumava falar se a sociedade deseja ajudar as crianças a sociedade deve ajudar os pais quando a gente insiste tanto nessa ideia de pais ajudarem a ficarem maduros para que eles possam oferecer uma
efetiva segurança paraas suas crianças eu preciso ajudar os pais a entenderem que não se trata de ter que dar conta esses pais preciso entender que se trata uma grande maturação do cérebro humano é sobre desenvolver recursos internos mas sobre também buscar recursos externos então é muito importante que os pais possam se reconhecer nas suas potencialidades mas também reconhecer suas dificuldades e pedir ajuda do sistema formal mas também do sistema informal e ele só vai conseguir pedir ajuda de um sistema informal da comunidade se a comunidade parar de julgar e por isso que mais uma vez
entra a psicoeducação efetivamente eu acho que a gente muda a condição das famílias brasileiras e e da insegurança das crianças que estão adoecendo e tomando remédio como nunca se a gente ajuda esses pais a se sentirem mais potentes mais fortalecidos porque eles também são pessoas eles também têm seguranças e agora a gente viu isso na pandemia todos estávamos assustados medrosos enlutados crianças adolescentes e adultos pais também precisam se sentir protegidos seguros para exercer a parentalidade no próximo bloco e a imprensa também precisa entender o seu papel de [Música] reassegurar-se meio das experiências mais profundas da
humanidade como vínculo e perda no mundo de hoje de tecnologia avançada acelerada como estamos construindo e mantendo nossos vínculos em um momento de perda de revisão interna de dor de que forma a tecnologia é capaz de nos ajudar a internet e as redes sociais estão nos conectando mas é um tipo de conexão que nos auxilia no enfrentamento da dor do luto ou nos sentimos mais isolados desamparados e a nossa dor banalizada quais os benefícios os riscos e os cuidados que devemos ter ao lidar com a internet especialmente nesses momentos como é que a comunicação digital
ajuda ajuda ou atrapalha né De que jeito ela faz isso basicamente eu queria trabalhar aqui três elementos três aspectos a validação da sua dor a ritualização da sua dor e a não banalização do seu sofrimento nada pior para alguém que tá enlutado diga vai passar ou daqui a pouco você engravida de novo né ou quando a criança expressa tristeza não você não tá triste não vamos brincar a digitalização empobrece e desvia as experiências íntimas íntimas de reasseguramento e essa é a parte mais importante nós precisamos da intimidade física de outro ser humano que a gente
confia toda vez que a gente tá com medo O Grande Desafio está em pensarmos as relações digitalizadas e a manutenção A o florescimento das intimidades nós estamos adoecendo não porque estamos indo pro mundo digital mas porque estamos abandonando a intimidade é isso que nos coloca em perigo não isso enquanto a gente não cuidar diso isso não só a digitalização mas todo e qualquer processo de evolução transformação social vai trazer problemas vai trazer am adoecimento porque ameaçados desprotegidos desamparados adoecemos a tecnologia ela por out se por um lado ela causa toda essa anestesia essa essa defesa
nesse distanciamento social ela também muitas vezes traz alguma coisa que a gente não tá encontrando dentro de casa quantas são as crianças que às vezes nos seus pares seja no WhatsApp seja no tiktok seja no grupo do Instagram encontra nas pessoas com quem ele se identifica com que ele compartilha ele encontra caminhos diálogos validação não banalização espaço para expressar sua dor que infelizmente e por algum motivo dentro do seu núcleo físico real ele não tá conseguindo ter porque muitas vezes os adultos estão não só ensimesmados na sua própria dor mas muitas vezes assustados com a
proximidade de do confronto com a dor daquela criança espelhando a sua própria a gente tem que tentar entender a tecnologia como um recurso social em especial quando aquele que já existe não dá conta a gente tem tem que sai um pouco dessa visão utópica da Psicologia de reforçarmos as famílias o tempo todo a serem aquilo que elas deveriam ser e quando elas não podem e quando elas não conseguem que que a gente faz a gente desiste vira o problema de uma família fracassada e por que não a sociedade não pode ajudar por que que a
gente não usa o modelo das comunidades que se cooperam que o vizinho ajuda que o colega ajuda que o ajuda Por que que nós não podemos ter alternativas figuras alternativas presenciais físicas íntimas que façam às vezes ao que o Bob chamava de figuras de apego subsidiárias substitutas se eu não tenho aquela ou aquela Tá indisponível naquele momento por alguma razão da vida por que que eu não posso contar com outras De quem é a saúde mental na nossa sociedade de quem é a responsabilidade sobre a mental na nossa sociedade então não é só sobre entender
o que que a tecnologia faz conosco mas é também entender o que ela faz por nós nos tempos atuais muitos relacionamentos ocorrem no meio digital seja pelo Facebook seja pela internet e aí Os encontros vão se mantendo as pessoas vão se relacionando às vezes até com encontros pessoais mas quando ocorre um rompimento no meio digital a minha pergunta é como é que fica a questão do luto é semelhante ao luto que acontece no modo presencial Obrigada Professora Júlia pela pergunta importante tão tão pertinente ao momento atual né volto de novo aquela ideia ao meio relacional
tecnológico como um perigo e uma oportunidade Onde está o perigo né está o perigo dessas crianças não terem essa maturidade ainda essa estabilidade da regulação n né de ter um repertório de correg suficiente para administrar o que o universo digital traz do universo real os cancelamentos os ghosting eh os grupinhos né as bolhas sempre existiram na humanidade e continuaram a existir o problema é que na rede tecnológica na comunicação digital ela propaga que dorme com like acorda com 100.000 Ou dorme com 1 milhão de likes e acorda cancelado né e a mente humana não tem
estruturação para se ajustar a essa adaptação e a todos os sentimentos devastadores de ameaça que a sensação de despertencimento de abandono de rejeição provocam nessa mente que precisa do mundo social e da conexão e da vivência em grupo para poder se sentir menos ameaçado para sobreviver por outro lado e É nesse lugar que a gente tem que investir eh esse mundo digital como uma grande oportunidade de validação do luto de ritualização Do Luto de eh não banalização de determinadas experiências nada mais importante que você encontrar na rede social na rede digital dá uma Google e
descobrir que tem tantas pessoas vivendo o que você tá vivendo isso pode parecer estranho mas às vezes salva vidas se sentir menos só quantos de nós não vivemos expedidas dos nossos mortos por assistir a um enterro eu vivi essa experiência assistir o enterro de uma pessoa muito amada pelo celular pelo celular terrível experiência horrorosa mas certamente muito melhor do que se eu não tivesse nem essa chance né o meio virtual ele precisa estar a serviço de prover de fomentar de promover nossos vínculos não de obstruir não de fragilizar não de arrebentar aquilo que nós precisamos
para sobreviver que é a idade a intimidade gera Memórias de inputs muito profundos para nosso instinto se vocês pensarem na memória mais aconchegante da vida de vocês ou numa das e pensem sobre elas vão envolver pessoas cheiros sensação física contato visual voz toque audição todos os sentidos os sete a proximidade física ela garante rapidamente profundamente eficientemente a sensação de proteção mais do que qualquer outra que bom que a gente pode oferecer hoje suporte formal por meio tecnológico né que não que seria de nós se a gente não pudesse fazer esses ajustes na pandemia e agora
mas ele é diferente e ele precisa ser ajustado às necessidades de reasseguramento físico que alguém procura inclusive numa relação formal de cuidado cada um de nós tem uma escala de medos de perdas vivenciadas e também de perdas que foram mais difíceis e nós partimos dessa escala para julgar o outro e essa é estaf dada ao fracasso empático porque eu só vou ser empática ou compassiva a uma dor quando eu abandono o meu referencial e tento entender o do outro por que que para ele é tão importante por que que para ele tá doendo tanto a
perda de um pet Por que que para ele tá doando doendo tanto uma migração nós temos que rever muito a nossa postura e as nossas critérios e os nossos julgamentos a Iara Lourenço diz assim professora o luto nos adolescentes tem o desafio de conversar com o momento de descobertas pessoais sexuais e sociais e a pergunta que a Iara faz é como podemos pensar essas interações do contexto escolar Sobretudo com a perda de seus pares já que que temos altos índices de suicídios entre os jovens a adolescência em si tem muitos lutos simbólicos o luto do
corpo transformado o luto da infância o luto da segurança que a infância trazia e uma enorme ansiedade em expectativa sobre esse mundo exploratório da adolescência quem eu sou quem como os outros me percebem como eu vou conseguir será que eu sou capaz no que que eu sou bom no que que eu não sou então é uma fase exatamente bastante instável psicologicamente de muita impulsividade e o luto vem para desafiar toda essa experiência o luto não é só um perigo Às vezes ele é uma oportunidade eu já vi adolescentes criando uma rede maravilhosa diante da perda
para um adolescente de tamanha forma que aquele adolescente passa se perceber muito diferente de uma segurança adquirida não pela perda Mas pelo apoio social que ele adquiriu do grupo de pares muito importante pro dia a dia dele passa mais tempo na escola que às vezes dentro de casa que faz ele se sentir Amado valoroso eh respeitado na sua dor reconhecido na sua dor então o luto ele pode ser uma oportunidade de Florescer de de fomentar insegurança mas muitas vezes o adolescente são muito incríveis sobre isso podem ser fontes de grande revisitação de grande plasticidade no
cérebro não sobre a dor mas sobre a o pertencimento sobre como ele se percebe naquele grupo e essa experiência social pode ajudá-lo não só no luto mas no seu próprio momento desenvolvimental os professores são figuras subsidiárias muito importantes nos movimentos dos adolescentes e crianças do ponto de vista de uma figura hierárquica valorizada respeitada admirada às vezes também não mas que representa uma possibilidade de um reasseguramento provisório subsidiário substituto Então esse é um sinal gritante do que a comunicação não está escolar não está sendo na sensação de reasseguramento a gente só procura se a gente sente
porta aberta agora com o que eu quero dizer sobre isso é que isso não é culpa dos professores isso é culpa primeiro da sobrecarga que eles sentem de ter tantos papéis e da solidão que eles sentem de de assumir também a responsabilidade de serem representações de segurança pros seus inúmeros alunos com inúmeras provas com inúmeras tarefas então mais uma vez a solução desse problema não é uma mudança tampouco um treinamento de professores mas uma mudança da hierarquia de cuidados dentro de um sistema escolar a sociedade funciona assim eu cuido do meu filho eu cuido de
mim meu marido me ajuda a gente a gente se ajuda eh alguém Cuida de Mim acima de mim um profissional amigos e a gente vai se cuidando como sociedade por isso a necessidade do mundo social nós não sobrevivemos sozinhos mas nós estamos cobr and de nós mesmos enfrentarmos tudo sozinho olha que paradoxo nós estamos violando uma necessidade instintiva básica do nosso cérebro é por isso que nós estamos adoecendo Mas a gente não trabalha com prevenção e com apoio contínuo para todos os envolvidos crianças professores coordenadores diretores faxineiros pessoal da cozinha pessoal da segurança da escola
todos precisam a sociedade está gritando a gente já entendeu a partir dos últimos anos que saúde mental É sim papel escola da escola como é da família como é da sociedade como um todo a gente tem que se ajudar nós temos que desenvolver projetos de prevenção prevenção de reasseguramento quanto mais a gente gerar segurança psicológica nos nossos jovens mais estamos mitigando os fatores de risco e fomentando fatores de proteção para que esses índices diminuam vão sempre existir fazem parte da humanidade a gente precisa olhar para isso e de novo a teoria do apego vem para
nos mostrar que a prevenção é a melhor forma da gente fortalecer os músculos sociais e psíquicos das pessoas que estão hoje mentalmente fragilizadas psicologicamente fragilizadas para que elas não cheguem a esse ponto a maior parte das tragédias são são reproduzidas por pessoas em profundo sofrimento psíquico lutos coletivos trazem um aspect traz um aspecto bem desafi ador muitos aspectos primeiro para quem é afetado diretamente que vê o seu luto privado bombardeado pela experiência coletiva isso tem dois lados por um lado eu me sinto pertencente por outro lado eu me sinto homogeneizado a minha experiência não necessariamente
é igual à sua apesar de estarmos na mesma tragédia e essa homogeneização pode gerar a sensação de banalização e portanto de despertencimento quando a gente toma por regra que todo mundo que está na mesma condição está vivendo do mesmo jeito a gente corre o risco de perder a sensibilidade a escuta e o acolhimento essencial pra individualidade e pras necessidades específicas daquela pessoa por outro lado o luto coletivo traz uma série de oportunidades que às vezes o luto individual não tem como visibilidade como eh ações coletivas que geram também muita sensação de compaixão de valorização de
humanização muitas coisas lindas que muitas vezes aquecem o coração de quem tá sofrendo eu falei da escola eu falei da família falei de algumas instâncias sociais mas eu preciso também falar da Imprensa a imprensa como um catalisador como uma cola né que traz pra informação pra comunidade momento do Perigo no momento da ameaça e a imprensa também precisa entender o seu papel de re assegurador a informação tá a serviço de diminuir o pânico de diminuir o medo de não fomentar mais violência e tragédia por isso que houve um não sei se vocês acompanharam movimento muito
grande quando eh houveram várias manifestações inclusive de diferentes órgãos científicos direito psicologia etc eh solicitando a a mídia que parasse de expor excessivamente imagens violentas de perdas coletivas porque esse não é o papel da mídia né gerar mais medo gerar mais insegurança e Infelizmente nem todos obviamente aqui jamais uma generalização mas quando isso acontece isso fomenta essa sensação de perigo que não nos ajuda a nos a enfrentar e a nos ajustarmos à tragédias individuais e coletivos que vivemos mas a gente tem que ter essa consciência de a serviço do que estamos usando a informação e
o poder que a informação tem para o Funcionamento social inscreva-se no canal do Café Filosófico CPFL no e siga nossas redes sociais para mais reflexões amor e luto fazem parte da mesma moeda luto como par disse é custo pelo amor eu não sei quanto a vocês mas eu não abriria mão de nenhuma relação de amor significativa na minha vida pelo medo que eu ten de per essas pessoas cabe gente então não se deixar congelar petrificar e adoecer por esses medos eles vão existir [Música] C
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