Você já permaneceu em uma relação por muito mais tempo do que gostaria? É impressionante o quanto que isso é comum, eu já ouvi vários casos de pessoas que já tinham o interesse de terminar 2 ou 3 anos antes de tomarem coragem para propor o término ou conseguirem de fato terminar com o parceiro ou a parceira. Porque será que tanta gente passa por isso?
Oi! Eu sou o André e hoje quero falar com você sobre alguns dos fatores que ajudam a explicar o porquê mesmo relações péssimas podem perdurar por tanto tempo. Existem vários motivos para que um relacionamento insatisfatório se arraste por anos.
Quais são os mais relevantes para sustentar cada relação varia a depender do caso, mas alguns motivos são bem frequentes. Caso você esteja em uma relação insatisfatória, analise se algum dos motivos que descreveremos aqui se encaixa com você, e se nenhum se encaixar, deixe nos comentários quais motivos melhor se aplicam para sua situação. Ser uma pessoa religiosa pode tornar o término de uma relação bem mais díficil, já que, em algumas tradições religiosas, existe o entendimento de que o casamento é uma união que deveria durar até a morte.
Então um indivíduo religioso e casado, porém infeliz em sua relação, pode viver um conflito, já que um divórcio talvez seria incoerente com suas próprias crenças religiosas e com as crenças de seus amigos e parentes religiosos. Esses parentes e amigos podem pressioná-lo a permanecer na relação, custe o que custar. Especialmente no meio religioso, é comum haver uma romantização das dificuldades nos relacionamentos e aqui vale ressaltar o seguinte: é claro que relações duradouras envolvem fases difíceis e desafios, só que aturar qualquer coisa só para não terminar uma relação é um caminho perigoso.
Alguns relatam o medo de não conseguir encontrar outro parceiro como motivo para não terminar e isso é especialmente provável entre quem está em uma relação há muito tempo ou possui uma idade mais avançada. A pessoa pode sentir que não sabe mais como iniciar um relacionamento ou que não é mais tão atraente assim. Talvez o próprio parceiro atual coloque isso na cabeça dela, o que nos leva a outro fator: a existência de uma relação abusiva.
Nesse tipo de relação, um parceiro ou ambos usam coisas como a chantagem emocional, a intimidação, o isolamento ou até agressões físicas para controlar a outra pessoa, causando sofrimento e prejuízos na vida dela. Alguns relacionamentos desse tipo podem durar por muito tempo porque um dos parceiros depende financeiramente do outro e não consegue enxergar com clareza alternativas para se sustentar caso abandone seu parceiro. Um processo muito presente em relações abusivas é aquele conhecido como reforçamento intermitente.
Essa forma de aprendizagem é uma das mais potentes quando se trata de perpetuar um comportamento a longo prazo. A lógica dele é assim: às vezes a pessoa recebe uma recompensa por agir de uma forma; outras vezes, não. Só que basta ela receber alguma recompensa de vez em quando para continuar se comportando daquele jeito.
Essa imprevisibilidade da recompensa é irresistível para o cérebro, a tal ponto que alguém pode sentir satisfação em uma relação abusiva se receber pelo menos algumas migalhas de atenção ou carinho de vez em quando. Esses sinais esporádicos de afeto podem ser o suficiente para reafirmar a percepção de que o parceiro abusivo ama a pessoa de verdade e alimentar a esperança dela de que ele mude sua forma de tratá-la no futuro. O modelo de investimento de Caryl Rusbult é um dos mais importantes para prever o comprometimento em relacionamentos.
Ele aponta 3 fatores como especialmente decisivos na duração de um relacionamento: o nível de satisfação, de investimento e a qualidade das alternativas percebidas pela pessoa. A satisfação é maior quando a pessoa percebe mais recompensas do que custos numa relação. Ou seja, quando o carinho e atenção que ela recebe éo mais frequente do que as reclamações ou frustrações, por exemplo.
As alternativas ao relacionamento atual são basicamente duas: não estar em uma relação ou estar em uma com outra pessoa. Se um indivíduo perceber que poderia satisfazer melhor suas necessidades em uma dessas situações alternativas, ele ficará menos comprometido com o relacionamento. Agora mesmo que as alternativas sejam bem interessantes e que a relação já não esteja tão satisfatória, um alto nível de investimento no relacionamento ainda pode sustentá-lo por um bom tempo.
O investimento em uma relação inclui a quantidade de esforço, dinheiro, tempo, posses, filhos e planos para o futuro que foi investida ou construída na relação e que seria perdida ou ameaçada caso a relação terminasse. Ou seja, quanto mais se investiu em uma relação ao longo dos anos, mais díficil é que ela termine, mesmo que pelo menos uma das pessoas tenha ótimos motivos para terminá-la e existam alternativas melhores à relação atual. Um homem casado com uma mulher há 15 anos e que teve um filho com ela pode estar insatisfeito com a relação e mantê-la não só pelo desconforto em abrir mão do que foi investido, mas também pelas futuras implicações disso.
Talvez o término da relação dificulte sua convivência com seu filho ou gere mais despesas. Ele pode achar mais conveniente manter as coisas como estão e satisfazer secretamente suas necessidades através da infidelidade. Eu não tô dizendo que isso é legal de se fazer, mas é fato que muitos escolhem esse caminho.
E é claro que eu não poderia deixar de falar da monogamia, esse ideal de relação que tanta gente se esguela tentando colocar na prática e falha. Em culturas como a nossa, muitos enchergam a monogamia como a única forma legítima e ética de se relacionar, ainda que, convenhamos, vários relacionamentos monogâmicos sejam péssimos exemplos de ética em um relacionamento. Um dos ideais monogâmicos é o de que, quando encontrarmos o nosso verdadeiro grande amor, a relação durará para sempre ou pelo menos por muuuuito tempo.
Tanto é que quando uma relação termina, muitos concluem que ela "não deu certo" ou que foi uma perda de tempo, não importando o quão maravilhosa e única ela tenha sido enquanto durou. Por isso aqueles que acham que estão vivendo seu verdadeiro grande amor podem aturar um longo período de insatisfação na esperança de que a promessa monogâmica de um final feliz se cumprirá. O problema é que várias relações ruins continuam ruins por vários anos, aí será que faz sentido insistir tanto assim?
Talvez você tenha aprendido ao longo da vida que relações são difíceis mesmo e que o amor deve ser conquistado através de muito esforço e autosacrifício, mas até que ponto isso é verdade? É claro que manter um relacionamento saudável e de longo prazo costuma exigir uma dose de esforço e flexibilidade, mas essa dose não pode ser infinita também, né? Nenhuma relação saudável deveria te exigir tanto autosacrifício ao ponto de você precisar abdicar o tempo todo dos seus valores, das suas necessidades e da sua identidade.
Por mais desagradável que seja um término, ele é uma oportunidade para você voltar a sentir satisfação na sua vida e para rever que tipo de relacionamento você gostaria de cultivar no futuro. A vida é muito curta pra gente dedicar vários anos a relcionamentos que nos fazem mais mal do que bem. Muitíssimo obrigado a quem é apoiador aqui do canal!
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Falamos sobre os papéis da religiosidade, do medo de ficar sozinho, das relações abusivas, do reforçamento intermitente e do nível de investimento. Ao final, também comentamos sobre a influência da monogamia e da crença de que relações exigem muito sacrifício. E aí, gostou do vídeo de hoje?
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