[Música] Olá nesse vídeo a gente vai falar sobre os opioides todo mundo já ouviu falar em ópio em morfina heroína talvez você já tenha ouvido falar em codeína em Tramadol e nesse vídeo a gente vai conhecer o que são essas substâncias e como elas funcionam a primeira coisa que você precisa saber é que os opioides são analgésicos Lembrando que analgesia significa ausência de dor ou nesse caso cessação da dor e mais que isso eles são analgésicos de ação Central O que quer dizer que eles produzem analgesia agindo diretamente no sistema nervoso central e além da
analgesia Eles produzem também diversos outros efeitos no sistema nervoso central e por isso eles são vistos como psicofármacos porque alguém poderia perguntar porque o título desse vídeo é psicofarmacologia e não farmacologia dos analgésicos por exemplo poderia ser estaria certo também eles podem ser classificados dentro de analgésicos só que é muito importante observar o fato de que os opioides são substâncias psicoativas e tirando a analgesia que eles geram por sua atuação no sistema nervoso central os outros efeitos gerados por eles principalmente no encéfalo são bem negativos e indesejáveis de uma forma geral é interessante que você
pense nos opioides como substâncias que lambem e mordem porque eles produzem uma analgesia muito boa já que eles cortam um problema pela raiz atuando diretamente no sistema nervoso central só que ao mesmo tempo eles trazem vários outros efeitos significativamente indesejáveis e aí agora você me pergunta tudo bem eu entendi até agora mas o que que essa planta tem a ver com tudo isso tem tudo a ver essa é a famosa Papoula usada pelo menos 6.000 anos do que se tem notícia pra extração do ópio que é como se fosse o suco da papola e sabe--se
que o ópio Já era usado nessa época principalmente por três efeitos dele que são a analgesia que é o grande motivo pelo qual os opioides são usados até hoje a hipnose ou sedação que é o poder que eles têm de induzir o sono e a euforia entenda desde agora que Euforia não quer dizer necessariamente que a pessoa esteja ada Euforia significa uma sensação de bem-estar é a palavra que se usa na medicina para indicar que a pessoa tá sentindo prazer porque muita gente fica na dúvida nessa hora tentando entender como que o remédio causa sedação
e ao mesmo tempo Euforia Mas é por isso Euforia não quer dizer agitação quer dizer Prazer tudo começou então com o ópio que como você pode imaginar é o que dá origem à palavra opioides que significa semelhantes ao ópio e o ópio foi usado na sua forma bruta por milhares de anos só lá no século XIX que eles começaram a conseguir individualizar o os componentes do ópio que geravam os efeitos desejados hoje se sabe que o ópio é constituído por vários alcaloides que começaram a ser nessa época do século XIX filtrados vamos dizer assim a
partir do opio começaram a individualizar mesmo essas substâncias e assim surgiu a morfina a heroína que é um derivado da morfina e por isso um derivado indireto do ópio e a codeína bem como algumas outras substâncias que não interessam tanto pra gente aqui agora porque não tem esse efeito analgésico que a gente quer discutir como a papaverina por exemplo e eu sei que a gente tem uma tendência tên muito forte a querer encontrar um sufixo em comum Para uma determinada classe farmacológica e aí você vê isso daqui você já pensa Alegremente Ah então quer dizer
que ina é o sufixo dos opioides Não não é verdade Ina quer dizer que a substância é um alcaloide como é o caso da cafeína da nicotina cocaína atropina isso aqui quer dizer que essas substâncias todas são alcaloides e elas são os derivados naturais do ópio chamados por alguns autores de opiáceos só que por mais que elas fossem já filtrados do ópio na tentativa de se buscar os efeitos mais desejados elas continuavam tendo muitos efeitos colaterais indesejáveis e foi então que no século XX depois de ter estudado exaustivamente a composição química dessa substâncias que o
ser humano resolveu criar a sua própria versão dos opioides o ser humano falou assim poxa esse negócio é interessante Vou tentar criar a minha versão disso e foi assim que começaram a surgir no século XX os opioides sintéticos como a meperidina também conhecida como petidina que foi a primeira a surgir a metadona o Tramadol e o fentanil existem também outros opioides tanto naturais quanto sinté mas esses que estão escritos aqui são sem dúvida os mais usados até os dias de hoje seja para fins terapêuticos como a morfina codeína e esses outros sintéticos aqui ou por
drogadição como heroína e a gente vai entender nesse vídeo Qual é o mecanismo de ação dessas substâncias e como elas gera analgesia no corpo e aí no próximo vídeo sobre o opioid eu vou falar sobre cada uma dessas substâncias aqui e suas principais características individuais porque existem diferenças importantes entre cada uma delas antes da gente discutir o mecanismo de ação propriamente dito dos opioides é importante que você conheça alguns dados fundamentais da farmacologia o primeiro deles é que a grande maioria dos fármacos atua em receptores moleculares que são como antenas presentes nas células do corpo
e que quando ativadas geram um determinado efeito e sendo assim nenhum fármaco gera uma ação que já não exista no corpo Eles simplesmente simulam ou utilizam funções que já são intrínsecas do nosso organismo eles não fazem nenhuma mágica eles não criam nada de novo e é importante você entender que a função é do receptor qualquer substância que ative aquele rece receptor chamada genericamente de um ligante que pode ser um fármaco um neurotransmissor ou um hormônio por exemplo vai gerar basicamente o mesmo efeito já que o efeito é do receptor agora se existe um determinado receptor
no nosso corpo é de se esperar que o nosso corpo Produza também um ligante para ativar esse receptor da mesma forma que se existe um determinado ligante no nosso organismo Há de haver um receptor que o reconheça e assim surgem duas questões que a gente precisa fazer sobre o sistema opioide primeiro saber quem são esses ligantes endógenos do sistema opioide do nosso corpo e em segundo lugarem muito mais importante saber quais receptores eles ativam que vão ser os mesmos receptores utilizados por esses fármacos opioides que a gente administra hoje já se sabe que esses ligantes
endógenos do sistema opioide são o que se batizou de peptídios opioides endógenos que antigamente eram conhecidos como endorfinas Mas hoje se sabe que não são só as endorfinas existem três famílias clássicas de peptídeos opioides endógenos que são as endorfinas as encefalinas e as dinorfinas e mais recentemente uma quarta a família de peptides opioides endógenos foi descrita chamada de nq n barq e essas substâncias Esses peptides opioides endógenos são liberados em situações de estresse corporal como um trauma Severo ou um exercício físico muito intenso e aí quando liberados eles ativam os receptores que como eu falei
é o que é mais importante que a gente conheça Quem são os receptores que reconhecem essas substâncias e geram os efeitos do sistema opioide eu falei que a grande maioria dos fármacos atuam em receptores moleculares e com os opioides não é diferente eles atuam em receptores de um tipo conhecido como receptores acoplados a proteína G entenda que isso é o tipo ou a classificação desses receptores opioides a gente vai discutir isso em um vídeo sobre conceitos básicos da farmacologia depois ess receptores opioides são todos desse tipo aqui rapg mas vamos falar então quem são esses
ilustres receptores opioides o primeiro deles e de longe o mais importante aqui para gente é o chamado receptor mi que é o principal responsável pelos efeitos desses opioides exógenos que são esses fármacos opioides que eu acabei de mencionar mas existem também alguns outros receptores que são o receptor Delta o receptor k e o receptor daquela família de peptides opioides endógenos descrita mais recentemente conhecido como or rl1 da nfq esses últimos três aqui o delta o k e o orl 1 são tão importantes quanto os receptores mi paraas ações daqueles peptidos opioides endógenos que de certa
forma não são ainda tão esclarecidas mas o que realmente interessa aqui pra gente que é o grande responsável pelos efeitos dos opioides que a gente a gente vai estudar é esse receptor mi ele tem que ser o centro das suas atenções para você entender o mecanismo de ação dos opioides lembrando então que ele é um rapg você já sabe então o primeiro dado para entender o mecanismo de ação dos opioides eles são agonistas do receptor mi opioide agonista quer dizer que ele é um ligante que ativa esses receptores agora Como que atua esse receptor mi
a gente vai descrever aqui como que ele atua para gerar analgesia que é o que é mais conhecido hoje é o que mais nos interessa mas boa parte dos princípios que a gente vai falar aqui se também aos outros efeitos dele entenda que esses receptores mi são receptores presentes no sistema nervoso central e em outros tecidos do corpo onde existam neurônios eles são receptores de neurônios agora mesmo que ele esteja presente em tecidos neurais fora do sistema nervoso central a ação analgésica dele como eu falei já no começo do vídeo é uma ação no sistema
nervoso central Então você já sabe que o mi atua em neurônios Mas vamos entender o que exatamente acontece nesses neurônios entendo uma coisa importante os opioides são depressores do sistema central e assim fica fácil você imaginar que eles causam analgesia para uma inibição direta da dor ou seja que ele exerce um efeito inibitório e Isso realmente é verdade o mi exerce duas ações básicas que cortam a via da dor a primeira é o poder que ele tem de cortar a comunicação entre dois neurônios e a segunda poder que ele tem de congelar ou adormecer um
neurônio tô falando bem a grosso modo Mas você vai ver que assim fica bem fácil de entender o que que ele faz imagina que a gente tem aqui uma sinapse que é o ponto de contato entre dois neurônios aqui em vermelho o axônio do neurônio pré-sináptico dessa sinapse em verde aqui o dendrito do neurônio pós-sináptico e aqui entre eles temos a fenda sináptica o receptor Mi tá presente tanto aqui na membrana pré-sináptica quanto na membrana pós-sináptica e o efeito que ele exerce na membrana pré-sináptica é o que eu falei de cortar a comunicação entre dois
neurônios ele faz isso através do fechamento de canais de cálcio dependentes de voltagem aqui nesse neurônio pré-sináptico vd aqui voltagem independente e a entrada do cálcio com a abertura desses canais é o evento mais importante pra liberação dos neurotransmissores aqui na Fenda sináptica porque é o influxo desse cálcio que vai fazer aquelas vesículas sinápticas presentes aqui nesse neurônio pré-sináptico que armazenam os neurotransmissores se fundirem aqui com essa membrana e liberarem seu conteúdo aqui na Fenda sináptica para passarem alguma mensagem adiante para esse outro neurônio aqui esses canais de cálcio se abrem quando um potencial de
ação que é uma corrente iônica chega aqui no terminal desse neurônio por isso eles são voltagem Independentes como o receptor mi fecha e deixa realmente barrado esses canais de cálcio esse neurônio aqui fica mudo por assim dizer ele não consegue transmitir mensagem nenhuma porque pode chegar o impulso que for aqui no terminal dele esses canais estando fechados é cortado o principal mecanismo para que haja liberação dos neurotransmissores desse neurônio e a segunda ação dele é a ação na membrana pós-sináptica que aqui no caso ele mantém abert os canais de potássio nessa membrana pós-sináptica e esses
canais de potássio abertos fazem com que haja um e fluxo ou seja uma saída desses ions potássio aqui de dentro desse neurônio e isso deixa esse neurônio um estado realmente de congelamento ele fica travado ou adormecido como você preferir que é o que a gente chama de um estado de hiperpolarização também conhecido como potencial pós sináptico inibitório ou ppsi que significa que ele tá tão polarizado que ele não vai conseguir despolarizar por mais que chegue nele alguma coisa que o estimule a se despolarizar e assim fica fácil a gente ver como que no fim das
contas o receptor Mi tem uma ação pesada de inibição quando o m se ativa tudo para a sinapse para os neurônios param e fica fácil de entender como que corta a via da dor Se eu te disser que esse neurônio pré-sináptico aqui seria por exemplo o neurônio primário da dor que é aquele que vem lá do gânglio sensitivo da mulo espinhal e esse aqui pós sináptico seria o neurônio sensitivo secundário da dor que aquele que fica lá naquela substância gelatinosa Mas vamos entender então como que o mi causa especificamente a analgesia como eu falei desde
o começo do vídeo a principal ação farmacológica dos opioides é a analgesia é a que justifica o seu uso até aos dias de hoje e esse efeito inibitório do receptor mi que a gente acabou de discutir gera gesia atuando basicamente em dois lugares do sistema nervoso central ele tem uma ação na medula espinhal que por isso é chamada de ação espinhal e uma ação no tronco encefálico lá do encéfalo que por isso é chamado de supraespinhal a ação espinhal dos opioides então acontece lá na famosa substância gelatinosa também conhecida como portão da dor que fica
lá no corno posterior do H medular e aonde acontece a comunicação do neurônio sensitivo primário da dor trazendo o impulso da dor lá da sua terminação nervosa livre na periferia e o neurônio sensitivo secundário da dor que é o que forma aquele famoso trato espinotalâmico lateral pronador é conduzida até o tálamo E aí o receptor mi com seu intenso efeito inibitório vem aqui e fecha esse portão da dor porque o neurônio sensitivo primário fica mudo e o neurônio sensitivo secundário fica congelado como eu falei então trava completamente Essa Via não tem mais nada passando por
ela e assim a condução do estímulo cessa completamente e entenda que essa ação é chamada de espinhal Mas acontece basicamente a mesma coisa naquele núcleo espinhal do trigêmeo lá no tronco encefálico que é onde fica o portão da dor da Face das estruturas da face como os olhos e a língua isso aqui é só para facilitar o entendimento e a segunda ação de analgesia do receptor mi é ação supraespinhal que eu comentei que é a ação que ele tem nas chamadas vias descendentes de modulação da dor que são vias originadas na formação reticular que é
um emaranhado de núcleos e fibras de neurônios característico do tronco encefálico E essas vias se originam basicamente em três áreas dessa formação reticular que são a substância cinzenta periaquedutal que tem esse nome por se encontrar na região do Aqueduto do mesencéfalo e que tá localizada portanto na altura do mesencéfalo o núcleo Magno da raf que fica na linha mediana do troncoencefálico pegando tanto a ponte quanto o bubo e que é composto por neurônios serotoninérgicos Ou seja que usam a serotonina como neurotransmissor isso é uma informação muito importante pra gente entender as particularidades do Tramadol que
é um daqueles opioides sintéticos que eu comentei e por último temos o locos culos que escreve desse jeito diferente mas fala locos cerúleos que é um núcleo da ponte constituído por neurônios noradren algicos Ou seja que usam a noradrenalina como neurotransmissor da mesma forma que aqui no Núcleo Magno da Rafa eles usam serotonina e esse uso da noradrenalina por esses neurônios é também fundamental pra gente entender as ações do Tramadol Mais uma vez vou comentar melhor sobre os efeitos do Tramadol no próximo vídeo de opioides sobre os aspectos clínicos dos opioides essas vias originadas nessas
três regiões da formação reticular são vias eferentes que vão lá na medula ou no núcleo espinal do trigemio E tem também o mesmo poder de fechar ou manter fechado o portão da dor e o receptoria ativa essas vias descendentes E aí você pergunta como assim o receptoria ativa se ele tem um poder inibitório a explicação mais aceita hoje é que esses receptores mi inibem neurônios que no estado de repouso do corpo vamos dizer assim mantém essas vias descendentes de modulação da dor travadas E aí os receptores mi inibindo esses neurônios que inibem essas vias liberariam
elas para agir como se destravem mesmo elas e aí isso seria uma ação Central encefálica que é associada à ação Central medular que ele tem deixa esse portão da dor completamente barrado porque ele não só vai lá direto fechar esse portão como ele também chama a cavalaria do encéfalo recrutando essas vias descendentes para ajudarem a manter o portão fechado e além disso tudo o mi Ger gera ainda uma sensação subjetiva de analgesia por interferir no componente emocional da dor porque ele tá presente também no giro do cíngulo na amida e no tálamo e por atuar
nessas estruturas tem o poder de alterar a percepção da dor isso pode parecer bom mas constitui um problema da analgesia dos opioides que é o fato de que uma pessoa que use muito opioide para gerar analgesia ela tem uma queda No Limiar da dor o que significa que ela fica mais sensível à dor ela passa a tolerar quantidades menores de dor e isso não é bom porque ela vai tendo que usar cada vez mais os opioides que como eu falei são remédios que lambem e mordem porque eles têm vários efeitos negativos além dessa analgesia que
eu vou comentar no próximo vídeo só para não deixar de comentar aqui eu falei que a analgesia é o principal motivo pelo qual os opioides são usados até hoje mas os opioides geram também uma ação que é potencialmente benéfica que é uma ação de supressão do reflexo da tosse que é ação antitussígena que eles têm que até funciona muito bem mas usar o pide pra pessoa parar de tcir é a mesma coisa que você querer fazer a barba com uma espada vai funcionar vai mas tem opções melhores e realmente hoje já existem antitusígenos mais seguros
único opioide que ainda é usado com esse fim é a codeína que como eu vou comentar no próximo vídeo é um opioide mais fraco mas mesmo assim isso tem caído em desuso não queira fazer sua barba com uma espada e não queiro usar um opioide para parar de tcir era isso que eu tinha para falar nesse vídeo eu vou continuar discutir os opioides no próximo vídeo aqui do canal em que eu vou falar mais sobre os ASP clínicos dos opioides vou comentar sobre os outros efeitos dos opioides além da analgesia e vou falar sobre as
características individuais de cada um desses opioides que eu mostrei aqui então é isso aí até lá [Música] C a [Música]