bom Boa tarde a a todos a todas que estão conosco n nesta Live do canal do GT os índios na história a Vânia voltou pessoal temos que lidar com problemas técnicos nos desculpem mas parece que a professora Vânia voltou Então vamos lá tente apresentar qualquer coisa ouvid minha transmissão consegue consegue tenta novamente bom eh eu estou com problema de conexão Vocês conseguem me ouvir Sim sim então muito bem bom então eu em primeiro lugar eu peço desculpa pelas falhas técnicas nós estamos com problemas de conexão aqui na na UnB né mas este é a quinta
sessão do nosso curso de extensão povos indígenas e novas abordagens em história social este curso é uma parceria entre a Universidade de Brasília a Universidade Estadual de Pernambuco a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e o canal indígenas na história vinculados ao nosso GT indígenas na história da ampu nacional eh ess esse curso tem a pretensão de levar para os jovens pesquisadores estudantes um pouco daquilo que a gente discute em sala de aula nas aulas de pós graduação Então esse curso também tá sendo feito simultaneamente presencialmente aqui no na na no nosso pós-graduação né
na Universidade de Brasília né e a gente disponibiliza os autores que a gente lê em sala de aula e discute em sala de aula numa Live pro Grande público que é transmitido no canal eh indígenas na história Então esse é um trabalho de parceria também entre o professor Inaldo José Inaldo da Universidade de Brasília professora Carina Melo da Universidade de Pernambuco Estadual de Pernambuco e diretora do canal indígenas da história e eu que estou como professora visitante aqui na UnB bom o primeiro a primeira sessão foi uma sessão que se intitulou mapeando histórias experiências e
povos indígenas eh e a gente discutiu um alguns textos né do Thiago Gil eh e do rendeiro e também do Estevan palitó Foi uma discussão muito interessante a segunda sessão foi sobre território diplomacia e Lead indígenas foi um diálogo com Carina Ribeiro conosco nessa sessão e a Franciele marinato do Mato Grosso Nossa terceira sessão foram povos indígenas e jurisdições coloniais foram diálogos com Pedro Cardim e Josinaldo Chaves a quarta sessão que foi na semana passada foi Vilas de índios na América portuguesa diálogos com soria Dornelles e lígio Oliveira Maia e hoje é o nosso a
quinta sessão e o nosso quinto diálogo com o professor Ronaldo vfas e com a professora Poliana Muniz Eu gostaria muito de fazer uma breve apresentação dos dois palestrantes de hoje e são duas pessoas que estão em estágios bem diferentes da carreira acadêmica o professor Ronaldo vfas é um professor Sênior com uma longa e bela carreira e vamos ver se eu vou est à altura de apresentar o professor vfas ele é licenciado e mestre em história pela Universidade Federal Fluminense e Doutor em história social pela Universidade de São Paulo é professor titular do departamento de história
da uf onde se aposentou em 2015 atualmente ele é pesquisador do CNPQ 1 a e pesquisador emérito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro o professor vfas é também membro da Companhia das Letras perdão da companhia das Índias núcleo de história ibérica e Colonial na época moderna com vários projetos aprovados por agências de financiamento de pesquisa ele foi cientista do nosso Estado da ferge nos anos de 2004 2006 2009 e 2014 o professor vfas é também um pesquisador com vasta experiência internacional tendo sido bolsista da Freire universit de Berlim em 1996 Professor convidado na universidade
de Lisboa em 1997 bolsista da Biblioteca Nacional de Portugal em 1997 na universidade Nacional da Colômbia e madlin por duas ocasiões em 97 200006 foi professor convidado para palestras na universidade de exas na eh na Inglaterra membro da cátedra de estudos cardistry state University em 2001 pesquisador convidado da Brown University em Providência Estados Unidos em 2007 e fez vários pós-doutorados como na universidade de Lisboa em 2007 e na USP entre 2013 e 14 foi professor visitante do programa de pós-graduação da uerg faculdade de formação de professores entre 2016 e 2020 e professor da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte de 2007 2019 Como eu disse ele atualmente é professor emérito na uerg o professor vfas pesquisa e orienta nos campos da história iberoamericana luzo asiática luzo africana luzo brasileira entre o séculos x e XVI Principalmente nos seguintes temas inquisição Jesuítas religiosidad sexualidades escravidão colonização Brasil holandês judeus Portugueses e é autor de diversos livros artigos e capítulos nesses Campos de investigação para quem abre o currículo do professor vfas ele vai se deparar com uma produção não apenas extremamente volumosa mas sobretudo importante e expressiva justamente para nós né pesquisadores de história do
Brasil de história colonial mas ele é também é uma produção profundamente expressiva pra gente pensar e entender as nossas raízes e a nossa brasilidade né então é sempre uma emoção muito grande ficar lá sapeando um pouco no currículo do professor bfas né Ele é autor de nada menos do que 37 Livres entre obras autorais e organizações de obras coletivas e dicionários além de inúmeros en contáveis capítulos e artigos eu não vou tirar o gosto do ouvinte e da ouvinte em entrar conhecia por si mesmo ou por si mesma o vasto currículo do professor vetas mas
eu gostaria de citar algumas obras que creio eu foram fundamentais por diferentes motivos eu começo com Antônio Vieira Jesuíta do Rei publicado em 2011 pela companhia das Letras Jerusalém Colonial judeus e portugueses no Brasil holandês publicado pela civilização brasileira em 2010 traição um Jesuíta a serviço do Brasil holandês acessado pela inquisição publicado também pela companhia das letras em 2008 trópico dos pecados publicado em 2010 pela civilização brasileira e pela Campus em 1989 e além né de vários dicionários que fez assim que que os estudantes e pesquisadores Sempre fazem a festa quando vão consultar que são
os dicionários eh eh o dicionário do Brasil joanino dicionário do Brasil Imperial e dicionário do Brasil colonial respectivamente publicados em 2008 2002 e 2000 além dessas obras eu gostaria de mencionar um livro em especial que eu acho que marcou época para para os pesquisadores da história dos indígenas no Brasil trata--se de heresia dos índios catolicismo e rebeldia no Brasil colonial que foi inicialmente publicado em 1995 e ano passado em 2022 ganhou uma segunda edição da companhia das letras para quem pesquisa o campo da questão indígena acho que tem duas grandes obras que saíram na década
de 90 e que abriram novas perspectivas para os estudos indígenas trata-se da obra do professor Deão Monteiro de 1994 nã muito citada muito conhecida e também a obra do professor V publicado um ano depois heresia dos índios Então eu acho que o John Monteiro e o professor vfas são dois grandes luminares pra gente pensar a questão indígena e eu acho que é um luxo a gente ter a segunda edição saída no Bicentenário da Independência quando os indígenas foram tão esquecidos e tão pouco lembrados sem querer me alongar demais né Eu gostaria de terminar essa brevíssima
apresentação do professor Vas mencionando que ele também é um formad de quadros de novos historiadores e historiadoras tendo mais de 65 orientações concluídas entre doutorado mestrado e pós-doutorado não entro aqui na questão das iniciações científicas trabalhos de conclusão de cursos e outras orientações dentre essas orientações concluídas Eu gostaria muito de citar uma em particular da professora Poliana Golveia Mendonça miz a nossa outra palestrante de hoje que é assim um exemplo vivo dessa capacidade do professor vfa de formar jovens pesquisadores extremamente talentosos a Poliana é professora associada a três da Universidade Federal do Maranhão e professora
do corpo permanente do programa de pós--graduação em história da mesma Universidade possui graduação em história pela Universidade Federal do Maranhão e mestrado e doutorado em história hisa pela Universidade geral Fluminense em ambas ocasiões atualmente a pesquisadora Poliana é pesquisadora do CNPQ e tem dedicado à pesquisa sobre a administração diocesana do século X Especialmente nos períodos de vacância Episcopal e de atuação dos vigários Gerais ela atua nas áreas de história do Brasil história do Maranhão e do Piauí da América colonial e da teoria e metodologia da história Além disso foi investigador do projeto internacional Religion ecclesiastical
administration Justice in portuguese cbor Empire financiado pela FCT em 2020 projeto coordenado por José Pedro Paiva Seguindo os passos e o exemplo de seu orientador a professora Poliana também tem escrito vários artigos e capítulos e Já possui a publicação de nada menos do que sete livros entre autorais e organizações eu destaco um livro da professora que se chama Hells de batina justiça eclesiástica e clero secular do bispado do Maranhão Colonial tá pela Alameda editorial a professora Poliana também se dedica a formar novos quadros e possui nove orientações de mestrado concluídas e está em andamento aí
cinco doutorandos e quatro mestrados mestrandos perdão então é com imenso prazer que eu recebo vocês pra gente discutir as temáticas na nossa quinta sessão e titulada eh igreja heresias heresias indígenas e costumes desviantes diálogos com Ronaldo vfas e Poliana Golveia Mendonça de Muniz Eu agradeço imensamente a presença e passo a palavra pro professor vfas nosso primeiro palestrante de hoje obrigada Eu que agradeço eh o convite eh da Universidade de Brasília da Universidade Estadual de Pernambuco e demais instituições citadas ah especialmente ao ao zinaldo e a professora zinaldo e a professora Vânia Moreira que me fizeram
particularmente o convite dizer da minha satisfação estar aqui participando desse Cico de de debates sobre a bibliografia já mencionada pela professora vân no meu caso eu vou fazer alguns comentários sobre o o livro citado a heresia dos índios que é um livro de 1995 foi Originalmente A Minha tese de titular na uf foi vendida em 93 ou 94 tô me lembrando agora exatamente eh Foi várias vezes reeditada pela companhia das letras e agora recentemente ganhou uma uma outra edição com outra capa algumas modificações pequenas em relação à publicação original e eh que é um trabalho
que me estimulou muito que me mobilizou muito na na pesquisa e na escrita eh bom eu vou fazer aqui um breve resumo eu vou destacar dois anos que são anos chave para para se comentar o assunto do livro A heresia dos hos o ano de 1585 e o ano de 1591 1585 eh porque foi nesse ano que o governador-geral da Bahia Manoel Teles Barreto mandou uma pequena tropa eh sob o comando de bernaldino da Gran uaí destruir aquele movimento indígena que tinha se abrigado nas terras de um senhor de Engenho do mesmo lugar chamado fão
Cabral de Taí E sobre isso que eu vou iniciar a minha fala 1591 com comi eu vou fechar essa fala eh por causa da do envio da primeira visitação do Santa Ofício de Lisboa ao Brasil particularmente à Bahia a Pernambuco Paraíba e Itamaracá eh responsável pela produção de uma vasta documentação sem a qual seria totalmente impossível estudar esse Santíssimo movimento indígena do século X em 1585 ah a companhia de Jesus e uma boa parte dos Senhores de Engenho e senhores escravistas do da Bahia e também funcionários do governo geral e o próprio Governador Manuel tes
Marreto não aguentavam mais ah o flagelo que esse movimento indígena conhecido como santidade estava causando no processo colonizatório Então organizou-se essa expedição que entrou nas perras do Fernão Cabral paradoxalmente um senhor de Engenho que protegia o movimento indígeno e que não opôs qualquer resistência a esta ação repressiva pelo contrário ainda indicou o caminho eh para que ele fosse com sua tropa encontrar a chamada igreja da da santidade que era uma grande maloca na rade Ah e pôs fogo em tudo reescrevas antes cativos eh devolveu os os indígenas aldeados paraa Companhia de Jesus que tinham fugido
dos aldeamentos para se abrigar ali na naquela região e Pis fim ao movimento a santidade mais importante e a mais documentada Eh santidade indígena terminou em 1585 foi por assim dizer o último piro da Resistência indígena na na Bahia existência dos tupinamba alguns já reduzidos outros não pelo processo colonizatório e o que o que que essa expedição encontrou ali em inventari encontrou um grupo numeroso de indígenas cerca de 300 pessoas ou mais e é possível que fosse essa Maloca uma daquelas grandes malocas fo Stan Fernandes no seu livro clássico Pioneiro a organização social pinamba eh
cotejando informações de vários pistas e Viajantes século X diz que as malocas abrigavam Entre 50 e 200 pessoas mas há registros de malocas com 500 pessoas não há dados precisos sobre quantos Devotos desse movimento religioso estavam ali nas terras do Fernão Cabral algumas centenas por volta de 300 vamos usar essa referência que é muito citada eh na documentação e encontrou um grupo cuja liderança era exercida por uma mulher indígena que tinha o o título de Santa Maria mãe de Deus auxiliada por por nativos que também tinha um nomes de Santos São Paulo São Luís tinha
até um eh acessor dela que tinha o título de santíssimo e assim outros nativos que faziam orações cristãs rezavam por Rosários uns disseram que até faziam confissões e suas cpas num cadeira grande de pau houve quem dissesse até que eles tinham umas tabuinhas com os riscos que pareciam ser os breviários do da daquela confissão Religiosa e o mais interessante é que a porta da Maloca estava elegida com a cruz de madeira fincada indicando ela e esses outros entos que Eu mencionei uma certa identidade Católica do mas que catolicismo era esse um catolicismo à moda Tupi
porque ao lado desses elementos católicos conviviam ritos e crenças do pinamba nesse culto e que tinham uma pertenci a uma tradição imemorial eles cultuavam o seu Deus a moda indígena da mesma maneira como Jan verry eh no século X escreveu a o baile indígena eh na Guanabara fazendo uma fresta na na maloca se realizava a cerimônia que foi retratado inclusive pelo gravador teodor Deb eh ilustrando o próprio livro do Jean fumavam desbragadamente o tabaco que chamava eh de Petim ou petum e que em português ficou conhecido como erva Santa ah e nessa cerimônia na tradição
dos índios do tronco tup os nativos eh reverenciavam um grande Pajé Pajé aul Ah que tinha o dom de falar com os mortos e para tanto chacoalhava Maracá que era uma cabaça adornada com penas às vezes com com nariz boca e dois olhinhos eh e entrava em portanto em trans trans Místico e várias pessoas estavam participando daquela daquele culto também muitas vezes entravam eh nessa nesse trans isso foi descrito no século X esse tipo de Cerimônia em várias partes do litor e no interior também o planal de piratin mas nas Capitanias do nor Norte na
Bahia por por cronistas de diferente procedência e língua leigos e eclesiásticos eh como H staden Ah bom os Jesuítas evidentemente os franceses Jan que era o genot on R TV que era católico o alemão H staden vários eh eh eu quando fiz a pesquisa segui os passos do florest Fernandes e fiz um um poejo das informações que que os cronistas eh faziam dessa cerimônia buscando um padrão e e conseguia esboçar um padrão que era muito parecido com com a cerimônia que eu estava estudando a partir de fontes manuscritas que é a santidade Baiana de Jaguaripe
agora interessante é que se havia uma cruz madeira à porta da igreja indígena no centro dela ficava Um ídolo de pedra que de certa maneira preenchia o papel dos maracais eh brandido pelos grandes pagés nessa cerimônia de comunhão com os ancestrais do Grupo Ah que muitos deles encarnavam e sobretudo tandar que um ancestral mos P na e que tinha um nome na santidade garí da Bahia de Tupan suu que quer dizer grande Deus porque os Jesuítas usaram a figura de Tupan um dos personagens da mitologia to pinamba para designar o Deus católico e a Sul
era o sufixo de grandeza eh Então significa exatamente Deus Grande e já na nominação dessa entidade divina se percebe uma interessantíssima mescla entre a tradição do pá Presente de sua Mitologia heróica e o vocabulário da catequese e as construções jesuíticas para doutrinar os nativos do catolicismo utilizando figuras da cultura local da cultura Nativa e a língua da cultura Nativa Porque como sab eles mesmos eh codificaram a partir de Anchieta eh com a sua gramática que só havia ser publicada em 1595 mas já era usada correntemente desde os anos 50 este é era o ambiente que
que o bernaldino da Gran emissário do governador encontrou e destruí em 1585 mas ele não foi encarregado dessa missão pelo Governador T Barreto por conta dessas festividades e ritos nativos que tinha um lugar eh nas terras do Fernando Cabal ele foi enviado porque esse movimento acabou sendo uma espécie de quartel veneral de uma série de de assaltos da população eh adepta do movimento a engenhos a a igrejas a aldeamentos jesuíticos onde os nativos sequestravam outros que estavam em cativeiro ou sob o julo jesuítico e ou convenciam esses mesmos a fugir com eles né para um
lugar que era como que um um paraíso e aparece na pregação dessas pessoas da santidade de Jaguar diversos elementos que se atribui a a mitologia heroica Tupi no que toca a busca da terra sem mal eh que é uma terra que o horizonte tópico O tópico tu imaginá top onde os frutos e os alimentos e as árvores cresciam sozinhas sem que ninguém precisasse plantar nada as flechas caçavam sozinhas nos mar as mulheres velhas se tornavam jovens todos se rejuvenesci Enfim uma pregação que tem muito da tradição eh topi particularmente topi mas que também se percebe
pela por certas tópicas eh que já estava tangenciada para dizer o mínimo pelo contato com o catolicismo dos colonizadores o primeiro a descrever esse movimento foi o primeiro provincial do Brasil Manuel da Nobrega e que deu essa notícia aqui aparece na descrição de outros coristas com variações e detalhes né Eh dizia que esses esses pajés pregavam o transe depois de sehar com a fumaça do petum chacoalhando os maracais que eram ornados de penas e outros adereços eh O que aconteceria mais tarde com o próprio ídolo de Pedra do panaçu que escreveu isso em 1549 e
essa santidade eh mais documentada aconteceu nos anos 80 do século X e dizia Nóbrega e outros diziam também que o auge do frenes eh cerimonial as mulheres urravam saltavam com violência agitavam os seios espumava espumava pela boca até desmaiar o janry aliás eh foi um dos poucos que associou essa cerimônia ao estereótipo do Sabá estudado pelo ginsbo um livro História noturna um grande livro Ah o Nóbrega que e eh depois veio a dizer que os os nativos não tinham religião nenhuma e eram como papel branco se podia escrever à vontade eh falou isso como estratégia
né como informação edificante pros superiores da companhia porque ele tinha visto de perto essa cerimônia no que ela tinha de mais próxima a a cerimônia tradicional porque não era um aldeamento gío ele estava escrevendo era maldo pin Ah então esse nexxo entre a ideia da Santidade e o mito da terra sem mal é realmente fundamental para se entender a o caráter Rebelde eh dessa desse movimento religiosos inclusive os etnólogos antropólogos afirmam que quase sensualmente eh consensualmente devos dizer e eh a a a presença dos índios Cupi eh no litoral do que De ser o Brasil
que vinham migrando do centro da Amazônia e depois se B focando entre os pupins e os guanin teria sido disimulada por essa pregação eh em torno da Terra sem mão então os os Tupis foram Pro litoral e estavam recentemente ali essa migração é estimada por volta do século XV quando chegaram os portugueses e sobretudo após o camento o início da colonização mais profunda os nativos mudaram a rota da da imigração se tinham ido antes Pro litoral agora iam doos Sertões das matas porque foram pegos pela pelo cativeiro não é pela pela economia socadeira foram tragadas
pelo tráfico de escravos que muitos criticaram nesse momento pela catequese e sobretudo pelas epidemias particularmente a epidemia de varila nos anos 1560 os Jesuítas estimam eu estou aqui baseando me baseando na correspondência da companhia e os cerca de 40.000 indígenas que havia na capitania em 1564 mal passavam de 10.000 em 1585 justamente no ano em que a a santidade de Jaguar foi destroçada seria interessante mostrar o mapa do recôncavo que eu separei é possível é um mapa que consta do livro do stu schartz Segredos internos que ele faz também uns comentários sobre a santidade eh
e ele e é um mapa é um mapa que mostra a região de jagua e a provável localização eh das terras e do Engenho de Fernão cadal da qual se radou uma série de rebeliões e ações contra os os colonizadores ações anticolonialistas vamos chamá-las assim e é interessantíssimo perceber que um o aspecto mitológico o eixo mitológico da cultura peina p foi contaminado pelo pelo colonialismo e se tornou uma um um discurso anolon nisso eu me afasto completamente de autores como Pier clas e outros que dizem que o mito absolutamente imune histórica intato caso da santidade
zar que eu estudei perto mas as informações sobre outras que existiram na mesma época eh demonstram exatamente o contrário agora o crescimento das rebeliões e dessas santidades tem a ver com todos esses fatores da colonização mas tem a ver muitíssimo com a a pece das bexigas como se falava eu cito aqui uma uma parte de um texto que eu fiz sobre esse assunto eh baseado no livro seduzidos Os infectados e febis se diziam tomados de um fogo no coração e depois rebentavam as puras pelas Faces mãos pés tão asquerosas e de onas que não havia
quem as pudesse suportar com a fdez que delas saíam um outro padre disse eram as bigas tão nojos de tão grandes fedores que punham espanto é des a descrição que dos Jesuítas é é espantosa realmente gritos de de doentes cadáveres mal enterrados porcos devorando defuntos os gesuas tentando dados dos nativos mas não conseguiam senão no foro espiritual ministrando batismos intros não admira portanto que os pagis tentando desqualificar os os Jesuítas diziam que o batismo matava esse batismo in extremos a própr exão é aut explicativo e sempre os ingressantes na santidade mudavam os nomes faziam o
inverso daquilo que tinha sido feito pelo Jes então a santidade era uma cerimônia mas era também um movimento um movimento de apego às tradições ameaçadas pela colonização eh e um movimento contra colonização porque a pregação ganhou novos elementos por exemplo a ideia de que com o triunfo da santidade os portugueses todos seriam mortos ou se tornariam escravos deles nativos que hora er eram escravos os portugueses essa é uma é um enunciado muito frequente eh nos depoimentos sobre a santidade de Jaguar Então veja esse Paraíso TO absorveu até a própria ideia de escravidão ah no no
cenário tradicional o movimento foi organizado por um por um índio eh fugido do do aldeamento de leus de um aldeamento de leus tinha que canava er ancestral M cinis Tamandaré mas também se dizia o verdadeiro Papa da igreja e ordenava biscos e intitulava os seus próximos Homes de Santos Ahã e a tal Santa Maria mãe de Deus que liderava o grupo na fazenda do Fernão Cabal Taí era a esposa dele uma das a mais importante então um movimento tremendamente híbrido catolicismo e mitologia heroica pinaba se mesclavam de maneira formidável o Papa era Tamandaré a virgem
maria era casada com o papa a cruz e o ídolo se revezavam na devoção dos nativos Rosários eram desfiados Maraca tralhados é realmente um desafio interpretar este verdadeiro mosaico que constituí as crenças e os ritos das entidades indígenas e esse é um assunto que eu exploro na medida do possível eh no livro A heresia dos índios né com base nas fontes manuscritas da da Inquisição certas ocasiões sorte de encontrar depoimento de pessoas que tinham presenciado as cerimônias dentro da Maloca das terras do Fernão cabrão e eh escreveram os objetos que havia ali chegaram a medir
o ídolo que tinha cerca de 66 cm medido em côvado Ah enfim esse é um território histórico antropológico Ah que eu realizo para mostrar o hibridismo cultural luzo Tupinambá ou católico na P que é o primeiro século da colonização portuguesa assunto que era ainda pouco frequentado né pelos historiadores aliás os historiadores custaram a a a perceber eh o protagonismo dos dos grupos nativos no processo de colonização seja na construção da colonização seja na resistência à colonização nisso os etnólogos eh foram Pioneiros né Há uma biografia de etnólogos baseados na crônica Colonial eh e é espantoso
que os historiadores não tenham se aproximado desses temas dessa dimensão da história eh colonial de Brasil havendo fontes para isso e não as apenas as Fontes pressas a vasta crônica eh dos europeus e Viajantes de variada procedência no século X como Fontes manuscritas da Inquisição outras fontes oficiais da governança da Bahia eh os historiadores pareciam prisioneiros daquela visão reicad dos nativos que marcou a tradição geográfica geográfica tradição historiográfica brasileira desde van Haagen digamos assim ah bem essa repressão eu já disse que foi resultado de uma de uma pressão dos Senhores da Bahia e dos Jesuítas
sobre Governador eh foi uma correção de rumos na política da da governança em relação a esse movimento porque o governador tinha mandado algumas expedições à matas de Jaguari para destruir a santidade que não dava certo e o Fernão Cabral disse que o melhor seria atrair o movimento para o litoral e quando ele estivesse ali a merc e na mira da colonização Aí sim seu o momento adequado para destroçar e foi o que ele fez com o apal do governador mandou um grupo de mamelucos liderados pelo traço direito dele um homem chamado Domingos Fernandes que tinha
alcunha de macaú uma figura extraordinária entre outros eu examinei vários processos de mamelucos eh eram meio meio brancos meio índios falavam as duas línguas às vezes eram casados com mulheres brancas na no litoral como era o caso de tomar cauna e com várias mulheres nativas com Sertões eram os indivíduos talhados para fazer essa intermediação social e cultural entre os colonizadores e as populações nativas e foi esse tom cauna que liderou o grupo de mamelucos e dos índios flecheiros que eram das Comunidades aliadas portugueses no enc da do núcleo da santidade aí tem uma série de
praus que eu não vou detalhar aqui mas a figura do Tom caú é realmente extraordinária porque ele era arriscado em todas as partes do corpo nas coxas no peito nobos no Vent não tinha mais onde fazer riscos de tatuagens tanto com tinta de G papo que funcionavam uma espécie de condecoração nos grandes guerreiros os que faziam muitos pelos e essa é uma das uma das razões dele ter várias esposas em várias aldeias ele passava um tempo com os índios participava da vida do dos índios dos eh que não estavam reduzidos que não tinham sido descidos
participava da participava das Guerras tradicionais participava dos antropofágicos ele e os outros eu descobri essa série de processos contra mamelucos e é realmente formidável extraordinário o papel dos mamelucos na efetivação da colonização isso foi assim no Brasil inteiro não foi só em São Paulo onde se tornaram os bandeirantes não é mas havia Bandeirantes em toda parte na realidade e eram esses homens Quem classicamente tocou em assuntos muito importantes ligados aelos foi Sérgio bolanda em caminhos de fronteiras outro livro clássico que foi essencial para para hipóteses e reflexões e me guaram na pesqu Ah bom o
o tamaca conseguiu eh alcançar o núcleo da Santidade e conseguiu fazer um contato com Antônio o o Antônio Tamandaré vou chamá-lo assim mandou uns presentes para ele uns calções de racha que é um Rubão Grosso uma roupa verde um barrete vermelho e a certa altura eh o líder do grupo aceitou encontrar tomar então tem uma destinção quase cinematográfica os fiéis organizados com os nativos em fileiras de três mulheres de crianças atrás as mãos levantadas e vos com os pés mãos e pescoço aí o toma cauna se aproximou do papa papa indía caiu de joelhos e
pôs-se a chorar fazendo a saudação Lacrimosa pro pinar E aproveitando o ensejo para falar de que falar que a terra sem mal realmente estava naquele sítio senhorial e escravista do Fernão Cabral Mas como que dizia isso dizer que lá os nativos podiam viver como como sempre viveram podiam beber calminho podiam ter várias mulheres podiam fumar o petinho à vontade que não seriam molestados pelos Jesuítas que proibiam tudo isso ah uma propaganda eh das tradições nativas como se fosse ela uma excelência que eles encontrariam num sítio escravista e parte do grupo de fato foi e esse
culto ganhou uma ressonância a notícia de que alguns africanos que eles chamavam de negros da Gué também começaram a frequentar a igreja indígena n isso ali pelos anos 80 justamente quando começou o processo de transição do cativeiro indígena para escravização africana o próprio Fernão Cabral simulado foi aluma às vezes essa igreja da santidade el se ajoelhava tirava o chapéu em reverência mas tarde quando ele foi processado pelo Santo Ofício E foi confrontado com esse fato que muitos viram ele dizer que problema é que a a igreja dos índios ficava relativamente distante da casa grande e
que nesse percurso ele ficava com muito calor por isso que ele sempre que entrava na igreja tiar O S E o visitador apertando ele claro eu quando dei palestras sobre esse assunto diversas ocasiões eh pessoas me perguntaram levantaram a questão dele ter ele Fernão Cabral ter acreditado naquele movimento como tal tem acreditado a esposa dele Don Margarida da Costa segundo depoimentos de pessoas que tratavam com ela e outras pessoas F que um Quando menos curiosidade saber mais sobre esse movimento a dona Magia da Costa por exemplo queria ver com os próprios olhos a chegar da
Santa Maria quando se anunciou que ela viia no mas a o Fernão Cabral biografia do Fernão Cabral de Taí não autoriza qualquer especulação nesse sentido era um homem natural barde e que foi ficou afamado e conhecido no Brasil por outras fontes além dessas fontes inquisitoriais fontes também do Cart do Jesuítas como to do Tombo fou conhecido por sua ambição escravista os Jesuítas várias vezes se queixaram de que ele roubava índios porque contratava serviços e não devolvia os aldeamentos Como devia fazer prestou serviços militares à governança sobretudo pro combate aos Auris na Bahia aliás todos todos
eh todos diria mas muitos grupos pupis aliados dos portugueses foram contratados diversos governadores para tentar por fim aos Aimoré na Bahia que não conseguiram embora tenham causado um estrago at m agora tem um fato que foi muito denunciado ao Santo Ofício embora ISO não tenha nada a ver com a inquisição mas foi denunciado por muita gente A inquisição que foi uma atitude o castigo que o Fernão Cabral deu a uma a uma indígena sua escrava porque essa essa moça se chamava Isabel porque essa moça contou para Dona Margarida que viu o Fernão Cabral tendo relações
sexuais com a outra indígena cativa e isso deu confusão eh entre o casal Ele simplesmente mandou eh quem a a Isabel na fornalha do Engenho castigo agravados pelo fato de que ela estava grávida a descrição é absolutamente chocante ainda dizia que se alguém fosse ajudá-la ia também para paraa fornalha eh contou uma testemunha e cito que lançada no fogo a Índia arrebentou pelas ilhargas e apareceu a criança então é incrível né numa sociedade num tempo em que a violência era banal tanto na tropa como não na colônia as colônias era banal e Pública n como
como diz o Foucault no livro dele de J Pinho comentando a execução de capital do antire regime esse fato parece ter sido ultrapassado as medidas porque foi causou espécie estimulou muitas denúncias de um assunto que não era da jurisdição de Santo Ofício Santo Ofício não tem nada a ver com castigos excessivos embora monstruosos perpetrados por senhores contra os seus cativos esse não é assunto de erro de fé mas várias vezes a Santo Ofício em diversos momentos da história recebeu denúncias que não eram da sua alçada mas que foram feit justamente para que ultrapassavam todas as
medidas Como aquela aquela denúncia por escrito feito feita contra o Garcia Dávila pereiraa dar nagão Senhor da casa da Torre no século XVI que fazia todas com os seus cativos africanos torturava por eh razões somenteos e Santo Ofício fez o quê com ele nada então 1591 é o ano que eu queria destacar porque é o ano que veio o visitador Eitor távio mendon [Música] eh que na verdade veio sobretudo para averiguar a quantas andava a população de Cristã novos se tinham realmente se convertido a fé católica ou se mantinham práticas judaicas eh em casa e
alguns mantin e já se fala aí de uma geração mais avançada comão forçada de 1497 e estamos quase 100 anos depois eh e outras atitudes desviantes que foram assimiladas à heresia como por exemplo as relações homossexuais que eram chamadas sodomia uma tradição Escolástica e pegou várias Car inclusive entre mulheres eh Em menor número mas que dão essas Fontes dão informações preciosas sobre as sensibilidades as suas habilidades feminina nessa época eh Fernão Cabral não recebeu uma pena dura sendo quem era o visitador percebeu como é que a banda tocava nas Fronteiras da da Europa não é
e aliviou aqui e ali Embora tenha mantido o Fernão Cabral preso por um ano porque primeiros primeiros contatos interrogatórios esse Fernão Cabral foi de uma arrogância incrível se achando mais importante do que do que o rei e não era assim ele com o tempo percebeu e foi admitindo uma coisa ali outra aqui ele foi condenado a 2 anos de desto para fora da Bahia e é uma multa pesada ele foi PR na verdade foi PR Lisboa e se empenhou em recorrer da pena sobretudo a parte financeira não conseguiu então 1591 e a ação inquisitorial é
que nos permite conhecer todo esse das relações entre Portugueses e nativos no campo esão no campo das religiosidades do choque de culturas da mestra de culturas é uma documentação preciosíssima sobretudo porque o visitador não entendia nada eh da cultura Nativa não estava preparado para isso e pro Historiador Nada melhor do que um um um inquisidor ignorante no caso ignorante das tradições indígenas não tava preparado para isso fazer ideia de encontrar uma coisa dessa inclusive paradoxal o senhor de Engenho que tinha escravos protegendo um movimento que dizia que os portugueses se não morem virariam escravos completamente
perplexo E obsecado com isso várias vezes foi advertido pelo pelo inquisidor geral de que terminasse logo com esse caso porque tinha que ir para Pernambuco acava aumentando demais o custo da visitação mas oor fado foi obstinado com com esse assunto essa heresia dos índios e na realidade o acusado de heresia não é não eram não eram os índios eram os os colonizadores Ah e seus descendentes que por acaso tinham protegido ou ou participado desse desvio herético com os índios A inquisição não fez nada os índios que ainda viviam foi 6 anos depois da destruição da
santidade que veio a visitação inclusive Porque os índios eram considerados neófitos e portanto isentos Da Da perseguição inquisitorial a disciplina deles ficava a cargo das ordens religiosas então a santidade contém todos os elementos eh que no entender da Inquisição configurariam um erro de fé sobre sobretudo por causa da mescla do catolicismo com outras crenças a mescla da liturgia católica com outros ritos e isso foi anotado pelo provincial que escreveu a Roma em 15 85 ninguém menos do que o José de ancheta já no fim da vida e contou uma história mirabolante sobre a santidade desmentida
em vários detalhes pela documentação in cele manuscrita produzida pela inquisição a que eu já falei muito hein vou terminar por aqui recomendando o livro que que e além de ser uma história contar uma história fascinante dos primórdios do período colonial ele apresenta oferece alguns eh algumas pistas metodológicas para tratar a documentação manuscrita várias vezes ao longo do livro eu declaro a minha dúvida pode ser isso pode ser aquilo faço muita conjectura porque as fontes são fundamentais do trabalho do Historiador Mas elas são trir Então tinha que submeter a documentação crio muito afiado Porque como diz
o bisbo valorizando a informação etnográfica das Fontes judiciárias o inquisidor Faz Sem Querer às vezes antropólogo porque descreve muito ritos desviantes sobretudo quando não nos conhece precisa para formar juízo precisa registrar detalh detalh detal então inquisidor com antropólogo mas nem tanto muita coisa evidentemente passa pelos filtros da máquina editorial mador tem que ter trabalho às vezes temgo de decodificar enunciados e [Música] registros de uma cultura diferente em alguns aspectos oposta à cultura do tribunal de fé bom Espero ter atendido a expectativa dos Presentes agradeço a atenção e devolvo a palavra a cararina e aparece agora
bela obrigada obrigada eh muitíssimo pela sua honrosa presença né um Historiador largamente conhecido entre a comunidade de historiadores e historiadoras em formação e já formados de modo que é um enorme prazer poder ouvi-lo falar sobre a santidade de Jaguaripe e sobre o livro heresia dos índios passo então a palavra paraa professora Poliana Olá o Ronaldo diz que recomenda o livro e eu também recomendo ele dos índios foi o primeiro livro do Ronaldo que eu li há 23 anos atrás ó muito tempo atrás e é uma aula de metodologia é uma aula de como você enquanto
Historiador eh precisa saber lidar com a documentação Então olha uma responsabilidade muito grande falar depois do Ronaldo mas eu inicio a minha fala agradecendo o convite a ao Inaldo a Vânia eh dizer que a assim quem tá nos assistindo não sabe mas tem uma rede aqui por trás fazendo funcionar a engrenagem então a Karina Melo e a Carmelita estão aqui atrás dando todo o suporte para nós então agradeço a elas e quero saudar os extensionistas que estão assistindo agora ao vivo que vão assistir depois a gravação e dizer que para mim é uma honra falar
numa mesma mesa que o professor Ronaldo vfes eu achei Lindíssima a apresentação que a professora Vânia fez dele e eu posso dizer aqui que bom que tá gravado já disse tantas vezes é a maior alegria que eu tenho na minha vida profissional poder ter sido orientando do Ronaldo no mestrado e no doutorado devo muitíssimo a ele e sempre estou aprendendo e hoje já aprendi tantas coisas revisitando esse livro extraordinário que é a heresia dos índios Então os extensionistas eles tiver tiveram acesso a um texto meu recentemente publicado eh no final de 2022 um texto em
idioma estrangeiro Ele tá em inglês eu ainda não tenho uma versão eh publicada no Brasil em português mas pretendo fazer isso logo ou como um capítulo de livro ou alguma coisa assim então pretendo publicar porque tem sido eh muito lido esse texto e ele é resultado de um projeto eh que eu vou pedir paraa Carina compartilhar depois com o pessoal de casa o link que é o Religion age foi um projeto que iniciou em 2020 financiado pela união europeia e pela FCT e foi uma honra poder participar porque era um projeto é um projeto muito
audacioso que pretendia investigar a atuação do episcopado em em várias partes do império colonial português então coordenado pelo Professor José Pedro Paiva e e também com a ajuda do Jaime goveia que vice coordenava o projeto então nós tivemos aí 3S anos de pesquisa muito promissor porque os resultados estão no site vocês podem eu convido vocês para acessar Porque estão os resultados mas principalmente um conjunto de fontes primárias traduzidas algumas do latim que foram disponibilizadas pelo projeto e são fontes eh que não tinham sido ou muito pouco compulsadas ou não tinham sido compulsadas anteriormente então recomendo
que visitem o site do projeto Vejam a a os resultados das publicações mas que principalmente que Vejam as fontes porque as fontes do Religion age que nós conseguimos levantar aí estão projetando muito obrigada meninas eh uma equipe muito eficiente aqui nos Bastidores e os resultados entre os resultados do projeto está esse artigo que foi discutido com os meus colegas da da equipe do projeto eh mas também que depois inclusive quero aqui deixar também registrado os meus agradecimentos ao José Pedro Paiva que fez muitas sugestões a versão final desse texto Então eh eu acho que a
primeira coisa a a mencionar é B assim nós acabamos de ouvir uma uma brilhante conferência do professor Ronaldo explicando a relação e muit das vezes a inclusive no processo de denúncia atuação dos Jesuítas com As populações indígenas então uma das coisas que o projeto eh se se propunha a discutir era como o episcopado e aqui nós estamos falando da montagem das dioceses como o episcopado em várias partes desse império colonial português ele atuou frente às populações e claro para nós aqui na América portuguesa a atuação junto às populações indígenas é é um assunto que ainda
não tinha sido compulsado longamente nós temos uma investigação feita pela professora leonia chave usando as visitas pastorais e um pequeno artigo do Jaime goveia que também discute alguns processos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais mas não tínhamos nada assim um volume grande Inclusive eu me proponho no texto a apresentar dados que são qualitativos mas também que são quantitativos para que nós pudéssemos conhecer como depois de montada a diocese e aqui eu quero abrir um parêntese para explicar a importância dessa diocese na Amazônia a primeira diocese na Amazônia é a do Maranhão criada em
1677 e quando ela é criada uma das justificativas para sua criação é exatamente tentar resolver tentar ser uma uma outra via de diálogo que Claro CL não fosse só aquela já existente que era a missionação que eram as ordens regulares notadamente principalmente a atuação dos Jesuítas mas também ser uma outra opção então a diocese vinculada mais à monarquia vinculada mais ao Rei deveria ter um papel fundamental e ali depois nós vamos perceber com a chegada do primeiro Bispo que isso acontece eh com a colocação dele do Dom Frei eh Gregório dos anjos o primeiro Bispo
da Amazônia como o cabeça da junta da primeira junta das Missões então é um um cenário o bispado do Maranhão É um cenário que favorece Porque nós temos Fontes favorece a investigação sobre o catolicismo das populações indígenas então vejam bem nós estamos saindo de uma Seara que era a relação dos indígenas com os o o clero regular ou seja resumidamente falando com os missionários com os clérigos de ordens Então são Jesuítas mas aqui no Maranhão também Carmelitas franciscanos antoninos um conjunto grande de de ordens e com a chegada do bispo a entrada de um clero
secular mais efetivamente com a complexificação a criação e a complexificação de uma malha diocesana eu queria pedir que projetasse o mapa da diocese porque agora eu vou começar a falar um pouquinho sobre o que é essa diocese do Maranhão e como que a a relação da documentação nos permite nos aproximar de quem eram esses indígenas e quais eram as relações como eles se tornaram cristãos então criado em 1677 a diocese do Maranhão ela passa por uma nova reconfiguração espacial em 1719 quando é criado o bispado do Pará então quando é criada a diocese de Santa
Maria de Belém o Maranhão passa a ter um novo uma nova configuração espacial porque é anexado à diocese do Maranhão a capitania do Piauí Então aí nós temos no finalzinho do século XVII mais ou menos essa é uma configuração espacial da diocese então com Freguesia espalhadas e aí também vigararia da vara toda uma estrutura administrativa da igreja espalhada por essa região Então qual era a questão que eu deveria enfrentar eh para o Religion ag para o projeto e para minha própria eh carreira enquanto historiadora da igreja que trabalha com a história do Maranhão eu precisava
revisitar uma documentação que eu já conhecia há muito tempo que eu já vinha compulsando há muito tempo esse mapa tá no artigo que o que a turma leu e eu precisava voltar ao arquivo para tentar pensar uma uma a temática indígena de uma outra forma a partir de uma outra leitura por quê Porque esses indígenas que eu estou investigando Eles não estão aldeados Então essa é a primeira grande característica que vai diferenciar a proposta então assim eles não estão sobre o controle nem espiritual nem temporal dos Missionários então onde eles estão nas Vilas nas ribeiras
nos sítios do bispado do Maranhão então eles estão ali vivendo junto próximo às paróquias e sendo atendidos espiritualmente pelos padres seculares que nós aqui vamos sabe resumidamente chamado Presbítero cura da Paróquia o clérigo de missa eles estão atendidos por esses homens o recorte Temporal da pesquisa pega todo o século XVII mas aqui devo dizer logo fazer um alerta de que não é toda a documentação que se tem nós inclusive Agora estamos tendo a felicidade eu e a professora Soraia Dorneles que deve estar nos assistindo a quem manda um abraço de orientar uma tese de doutorado
da Rosalina Bocão que vai investigar só essa atuação e sobre as populações indígenas com todo com toda a documentação que eu não pude colocar Nesse artigo então é um trabalho que realmente precisava de uma tese de doutorado Pronto agora já não preciso do mapa então eh a proposta dessa pesquisa é exatamente investigar através de uma nova Vereda ou seja não aquela que nós já conhecemos que a historiografia já durante muito tempo tem se detido que é aquela da relação entre os indígenas e os Jesuítas ou outras ordens regulares e agora pensar a partir do episcopado
Então como que a montagem das dioceses e neste caso da diocese do Maranhão vai agir sobre essas populações que tem uma variedade enorme culturalmente etnicamente Então como que nós poderíamos nos aproximar desses indígenas e aqui vem as fontes as fonte do tribunal Eclesiástico do Maranhão e não só dele também da câmara eclesiástica são uma uma possibilidade de alcançar por uma lente de aumento um conjunto de outras práticas de um cotidiano da população que outras outros tipos de documentos não permitem o professor Ronaldo mostrou agora um pouco para nós detalhes das denúncias e aqui é importante
demarcar uma diferença crucial A inquisição eh que se ocupou da santidade de Jaguaripe que o Ronaldo apresentou antes ela estava entre outras coisas mas principalmente preocupadas com desvios de fé então com as heresias mas e para as populações eh o o Será que só esse crime só esses tipos de desvios eram comuns então por isso que eu gostei muito da proposta do título da mesa que a Vânia e o Raldo deram então assim botaram heresias indígenas com Ronaldo então assim com a fala dele e costumes desviantes os costumes desviantes vão ficar comigo então assim que
costumes desviantes eram esses primeiro dizer que as constituições primeiras do ebis Espado da Bahia que é a legislação que orienta esse trabalho ela precisa ela é devedora do Concílio de Trento então de um de uma a partir de uma perspectiva com conectada pensar essa relação Europa América portuguesa então a norma tridentina ela chega ao Brasil e as constituições primeiras de 1707 elas vão ser a normativa então no livro 5to nós temos a descrição de todos os delitos assim são pecados que são metamorfoseados em crimes e como esses crimes eh eh passariam a ser julgados e
aqui é o ponto principal da reflexão os indígenas tinham que estar batizados Então a partir do momento em que os indígenas são batizados eles passam a fazer parte do Grêmio da igreja e assim ter direitos e deveres então quando os indígenas fazem passam a fazer parte desse Grêmio da Igreja São cristãos como a pesquisa fantástica do Almir Dinis aventou eles agora precisam agir como cristãos então isso em tese porque o que nós vamos observar é a capacidade a plasticidade a grande eh flexibilidade com que esses indígenas vão ler o catolicismo Então se lá no século
X os inquisidores não estavam lá muito preocupados com com os indígenas eh aqui no século XVI e aqui nós já estamos no recorte tem temporal mais avançado interessava saber que desvios esses indígenas estavam cometendo então desvios Morais desvios sexuais aqui eu vou falar de algunas mas antes de avançar vem a parte complicada que é explicar e é preciso que o o o o ouvinte saiba que existe uma estrutura de funcionamento dessa diocese Então isto era um grande risco e eu me lembro o Ronaldo deve se lembrar também que era um grande desafio para mim porque
eu escrevia há 12 anos atrás a Minha tese defendia há 12 anos atrás quer dizer escrevia há mais tempo mas defendia 12 anos atrás uma tese sobre um tribunal Eclesiástico sobre um tribunal Episcopal de uma diocese que quase não teve Bispo residente então se nós pegamos cronologicamente o século XVII foram 37 anos só de presença eh física digamos assim dos Bispo dos bispos na diocese contra 73 anos de vacância então era mostrar que era possível funcionar um tribunal uma diocese do bispo sem ter Bispo então para isso é importante esclarecer a estrutura de funcionamento que
a gente chama de instâncias da administração da diocese não vou cansá-lo muito com isso vou fazer muito resumidamente mas é importante que conheçam porque isso vai mostrar bem o lugar da documentação que nós estamos discutindo n esse texto Então as instâncias bom eram três mas aqui no Maranhão eram duas instâncias da administração da diocese uma delas era a câmara eclesiástica também conhecida como mesa Episcopal Claro o Bispo sempre como o cabeça né mas a sua autoridade eh segunda digamos assim era o provisor então o que que se ocupava do que que se ocupava a câmara
eclesiástica da vertente Espiritual do governo Diocesano ou seja questões relativas ao matrimônio Todas aquelas de desembargos banhos E especialmente aqui nos interessa os impedimentos matrimoniais que é uma série documental que nós vamos já já falar muito sobre ela e também na câmara eclesiástica corriam as etapas para a habilitação ao sacerdócio basicamente três Fundos documentais Altos de patrimônio habilitações de gêner que investigava a ascendência dos candidatos ao sacerdócio e as Eh vmbus que que investigavam os costumes a vida e os costumes dos candidatos como vocês podem imaginar uma sociedade marcada por hierarquizações eh e por preconceitos
a havia um conjunto de sanções ao acesso dessas funções uma delas por exemplo deveria ser em tese o sangue eh infecto do Gentil da terra então assim o defeito de sangue a ascendência de ancestralidade indígena Então essa é a primeira digamos assim o primeiro campo da nossa investigação porque a câmara eclesiástica vai nos ceder para essa pesquisa duas séries documentais a primeira delas são os autos de impedimento e a segunda as habilitações de gênero e agora entramos na parte mais eh criminal mesmo do auditório que é o funcionamento do tribunal Eclesiástico nele o bispo e
quando não estava o seu Vigário Geral poderia exercer a justiça em foro próprio o que significava isso julgar delitos que eram tidos como pecados eu vou já aqui Dizer para vocês tanto de áticos e aqui eles tinham foro privilegiado os padres seculares como dos leigos então podia o Bispo tinha jurisdição Bispo para atuar sobre as populações leigas e vejam bem batizados Então os indígenas são leigos e a partir dessa variada Gama de delitos que o Bispo podia julgar nós conhecemos muito da vida cotidiana dessas populações então do tribunal Eclesiástico ou auditório Eclesiástico como preferirem nós
temos três séries documentais que são abordadas nesse texto que são os altos e feitos de denunci queixa os aos e feitos de libelo crime e um livro que é o livro de registro de denúncias que é um compilado de causas sumárias que Inclusive a v agora já conhece bem que eu compartilhei com ela e que nós podemos ver eh processos sendo resolvidos em eh poucos dias então são casos causos sumários com pequena quantidade de Testemunhas e também sendo resolvido mais rapidamente então como eu disse para vocês diferente da Inquisição que se preocupava com as heresias
o tribunal Eclesiástico e a Câmara eclesiástica estão preocupados com esses desvios Morais e sexuais que não desviam da Fé então casos para dar um exemplo concubinato alcos eh Adultério relações incestuosas e aqui vamos falar muito delas então o que que a gente conseguiu perceber que esses índios batizados esses índios ja cristãos eles agiram eh impulsionados pelos seus próprios interesses eles fizeram sua própria leitura sobre o catolicismo e isso vai aparecer muito na documentação eu vou falar de alguns casos aqui para poder ilustrar isso bem mas quando eu digo que esses indígenas eles estando batizados eram
leigos e estavam submetidos ao bispo eles como eu já mencionei mas é importante reforçar tinham direitos e deveres como todos os leigos então assim como todos os homens e mulheres que aqui estavam eles tinham a obrigação de assistir a missa de receber os sacramentos e eram investigados agora especialmente aqui nos interessa a questão matrimonial por quê Porque importante que a gente consiga ler a partir dessa documentação E especialmente em relação aos desvios como esses indígenas Liam o matrimônio Então a primeira série documental que eu trabalhei foram os altos de impedimento e aqui quero enfatizar que
Ainda falta muita pesquisa eh nesses documentos por exemplo do século XIX a gente não tem nada produzido o arquivo do Maranhão eh também a quem todos eles Agradeço aos funcionários a toda a instituição e é um arquivo extraordinário então convido vocês a visitar não só o site do arquivo mas também vi aqui ao Maranhão Então os autos de impedimento foram os primeiros documentos que eu discuti nesse texto e que eu trago para vocês aqui claro que lá eu tenho uma discussão que é quantitativa não vou llos aqui com números mas é importante que nós falemos
de alguns exemplos o primeiro deles é um processo de 1745 um processo volumoso que é um impedimento de matrimônio entre a Índia gerônima Correia e o índio Francisco Rodrigues Por que que esse caso é tão interessante porque a avó da gerônima eh que se intitulava aspas que veio do Sertão fecha aspas ela alegava que não não era possível O Casamento entre Jerônima e Francisco porque gerônima já estava Prometida em matrimônio a um outro indígena que vivia no sul do bispado Então essas alianças que a igreja não conseguiu pegar não conseguiu captar só que era cunhado
então assim era cunhado da gerônima esse era irmão do cunhado da Jerônima Então já existia uma discussão sobre a parentela desses indígenas Mas então mas gerônima não quis casar com esse indígena que a sua avó tinha escolhido e ela faz o quê ela e Francisco eh tentam se casar gerima engravida E aí vem uma outra janela interessante para se analisar aquilo que o Ronaldo chamou e eu acho Fantástico de ignorância dos inquisidores aqui é da ignorância das autoridades eclesiásticas a a vó da gerônima conhecia e manipulava ervas então assim ela estava a potencialidade do uso
dessas ervas os índios dominava então no documento e que tem até uma carta né é um processo interessantíssimo a Jerônima conta que a avó a obrigou a tomar uma beberagem alguma coisa em que ela abortou a criança para impedir que ela se casasse com o Francisco era filho do Francisco então o que que o o provisor na naquela altura que acumulava a função de Vigário Geral decidiu pela causa decidiu atender a vontade da gerônima e liberou que ela se casasse com o Francisco um ano depois em 1746 um outro processo interessante é o do Mulato
Casemiro e da Índia inis porque em 1790 saem com impedimento ao casal alegando que e esse processo também é muito Inter que o Casimiro tinha tido cópula ilícita ou seja tinha mantido relações sexuais antes do casamento só que atenção com uma irmã da sua noiva uma irmã da inê e com algumas de suas primas assim mais de uma prima e o desembargo da causa o provisor Faz um uma observação de que aquilo bom citando era Us em gente tão miserável fácil e suspeita Como eram os índios fecha aspas mas ele não ele decidiu não anular
o matrimônio agora a pena estipulada chama atenção porque vai nos levar a outro grau de discussão o grau da cor condição da qualidade as constituições nesses casos de cópula ilícita No Limite comunhão mas podia ser preso tinha que pagar uma multa o que que o provisor eh delega nesse caso que o Casimiro e a Índia e nees deveriam varrer e limpar a igreja eles deveriam fazer serviço deveriam jejuar também se confessar mas o que chama atenção é essa adaptabilidade no que tange a o uso da força do trabalho desses indígenas para a igreja então como
o nosso querido Ronaldo vfas já disse há muito tempo atrás no Trópico dos pecados o casamento ele tinha um valor social ele tinha ele era um ideal a ser seguido ele significava estatuto significava ascensão social para quem atingisse o estado de casado e os indígenas não estavam alheios a esse processo tanto que muitos foram à justiça pediram dispensa dos seus impedimentos para alcançar o estado de casados só que o que vai chamar atenção o que nos chama mais atenção é que os indígenas Fazem as suas apropriações quanto ao matrimônio porque vejam bem os cálculos de
consanguinidade eh que estão nas constituições que estão na legislação são cálculos de consanguinidade que fazem sentido pra lógica europeia então assim relações que são consideradas incestuosas pela igreja católica A partir dessa Moral tridentina a partir da legislação nem sempre foi foram entendidas pelos indígenas como proibidas tanto que o maior volume documental das relações in eh exatamente sobre as relações incestuosas eh eu tô controlando meu tempo aqui Não vou falar muito sobre as habilitações sacerdotais que Eu mencionei para vocês que a câmara eclesiástica ela lidava com questões relativas ao matrimônio e aqui eu já apresentei um
pouco sobre a documentação dos aos de impedimento e a agora eu vou falar um pouquinho sobre as habilitações sacerdotais então sobre os homens que desejaram ingressar no estado sacerdotal sair da condição de leigo virar Eclesiástico mas que tinham no seu sangue alguma coisa de gentil da Terra era isso que aparecia fartamente isso aparece fartamente na documentação eu inclusive tenho um aluno de iniciação científica que tá investigando esses documentos O primeiro exemplo que eu quero citar é do Domingos Barbosa é um processo de 1741 por quê Porque o avô do Domingos era mameluco e segundo grau
e as suas duas avós abre aspas eram mamelucas por inteiro fecha aspas então assim ele foi considerado mameluco na quinta parte mameluco em quinto grau diz o provisor mas ele recebe a dispensa e Aqui nós temos que levar em consideração a dificuldade de ordenação desse clero eu falei há pouco que o Bispo não estava presente muito tempo na diocese então Foram poucos bispos que aqui de fato viveram então quando havia Bispo sobe exponencialmente a quantidade de Ordenações E aí nós podemos ver muito claramente como esses defeitos que eram assim chamados pela legislação são dispensados Só
que tem um caso esse Fantástico eu sei que eu me empolgo mas é importante que a gente mencione o caso do Manuel de Souza é um processo de 1740 porque foi o primeiro caso que eu consegui localizar com uma taxonomia o que que ele faz o Manuel de Souza ele tem uma avó que ele diz que que não sabe se é mulata ou se é mestiça mas o que que ele vai contar no documento para explicar que ele merece ser ordenado Padre no Maranhão que e a família dele ela foi se misturando e com outras
gerações do que ele chama de brancos legítimos até chegar ao Manuel de Souza interessante que eles fala que a avó é molata mas os depoentes alguns dizem que ela é mameluca outros dizem que ela é cafusa então assim há uma confusão sobre o léxico para nós né que estamos vendo agora mas que para eles fazia todo sentido então o que que faz o Manuel de Souza se cita o solar zuno Pereira e vai citar tudo que existia porque em Portugal não existia essa legislação ele vai buscar na América hispânica e vai citar longamente no seu
no seu processo trechos do do livro sobre dijur eh indiano E aí ele vai escrever que olha ele merece ser padre porque a mistura que essa mulata ou mestiça ou cafusa ela faz com um homem branco puro olha o que ele diz no documento faz só uma parte de mulato abro aspas pela mesma razão Isto é um sujeito com três partes de branco e só uma parte de preto então ele faz uma taxon para conseguir se habilitar o sacerdócio e o provisor dispensa o defeito agora nós chegamos já na metade do meu tempo com as
os processos do auditório história eclesiástica então eu escolhi três séries documentais não dava para fazer muita coisa o artigo é resumido então é precisa realmente de uma tese sobre isso e agora acho que vai sair então Eh os os processos do do auditório Eclesiástico são mais complexos então alguns como os libelos crime tem inclusive defesas contrariando do libelo Então são processos inclusive com volume eh maior volume Quando eu digo volume mesmo de folhas a quantidade de folhas então o que que aparece claramente se você analiza a documentação de todo o século como eu fiz a
partir de 57 58 mas precisamente a partir de 1759 os indígenas passam a incorporar na sua autoidentificação denúncias como denúncias como testemunho em qualquer coisa que eles falem no tribunal Eclesiástico que eles são forros pela lei que eles são forros pela lei nova que eles são forros pela lei novíssima Então isto não é a maneira como o escrivão dá a a conhecer mas sim como ele se auto intitulo digamos Francisco eh Bezerra e forro pela lei nova aí ele vai dizer porque o que que nós vamos perceber na documentação que as a idades eclesiásticas elas
tinham assim eles mesmo eles se auto identificando como indígenas lá na sentença o o Vigário Geral vai chamá-los eh se eles são cafuzos vai chamar de mameluco vai fazer aquela coisa do que a gente chama hoje de uma confusão de léxico mas que para eles fazia Como eu disse sentido eu vou mencionar algumas denúncias só para também não cansar porque vocês leram o texto Mas eu preciso falar de um processo de 1752 que é o caso emblemático que é o caso do preto Olhe bem Maurício Ferreira da nbca e da Romana Pereira eu durante muito
tempo Cheguei a aventar uma possibilidade que o Maurício não tivesse ancestralidade indígena mas os documentos da junta das Missões afastaram essa minha ideia inclusive o André Ferreira faz uma uma menção ao processo do Maurício Ferreira na sua no seu trabalho né então o Maurício Ferreira vai aparecer na documentação eh tentando casar com uma mulher chamada Romana mestiça no ano de 1752 o que que conta o documento conta que eles têm um mandado de casamento ou seja eles já tinham passado pelos trâmites que antecediam a realização do casamento a gente chama de banhos hoje né Mas
naquele tempo são os processos de impedimento já tinham passado por essa fase e chegaram na fase do mandado de casamento já tinham para casar e aqui o Maurício tem um trânsito uma mobilidade que impressiona Maurício morava em São Luís só que Romana morava no Icatu uma vila algumas Léguas de São Luís que precisava se deslocar para lá e Maurício faz esse deslocamento e Eles não conseguem nem casar em São luí nem casar no Icatu Maurício com o mandado de casamento na mão vai pro Mearim mais embaixo daquele mapa que eu mostrei para vocês para tentar
casar com a Romana eh numa outra Paróquia o que que vai acontecer segundo contam as autoridades eclesiásticas ele vai fraudar o mandado de casamento ele vai apagar a parte que estava escrita que a liberdade dele estava em litígio que ele era um escravo e que a liberdade estava em litígio e vai incluir uma palavra que mal se entende é assim que diz o Vigário Geral e o que que vai acontecer eles casam no Mearim só que são denunciados alguns meses depois por casamento clandestino por quê Porque descobre aqui provavelmente alguma denúncia que o Maurício tinha
segundo as autoridades eclesiásticas fraudado o mandado de casamento então tendo fraudado agora por que que o caso do Maurício é interessante porque ele e toda a família dele tem uma a luta essa liberdade está em litígio né se você cruza a documentação do auditório Eclesiástico com a junta das Missões você vai ver eles em esse essa liberdade em litígio era uma coisa real eles demandaram inclusive para Dom José pedindo que a situação deles fosse resolvido que o cativeiro deles fosse eh liberado Então o que confirma aí eh na junta das Missões a ancestralidade indígena do
Maurício chegamos ao nosso eh último livro não último exemplo mas o último livro eh de análise que são os as denúncias sumárias que estão no livro de registro de denúncias esse esses documentos já são no período já do diretório então nós começamos a perceber inclusive uma uma coisa que é diferente do da documentação da primeira metade do século eu aqui já tinha mencionado que os indígenas passam a usar a lei para dizer que são forros pela lei que são forros pela lei nova no enfim só que agora a partir da década de 1760 por exemplo
Eles começam aqui nessas denúncias a se identificarem so mais de uma definição e aqui vão aparecer mamelucas índias mamelucas causas mulatos forros pela lei mameluca mulata então assim uma variação de lexo assim impressionante bom não sou alista Mas avente algumas possibilidades pode estar relacionado eh a características fenotípicas a condição jurídica e que eles queriam se afastar desse estigma da escravidão mas o que fica flagrante é que quando eles têm voz e aqui é importantíssimo mencionar isso são documentos em que malgrado pudesse haver o filtro das autoridades que estavam treinadas para ver o pecado em toda
parte os escrivã podiam sabe conduzir esses depoimentos nós não podemos ainda assim sobre todos esses riscos desconsiderar eh a possibilidade de perceber agência protagonismo desses indígenas nessa documentação porque quando eles se auto intitulam como mamelucas índias mulato forro pela lei ou mameluca mulata e o provisor o Vigário Geral no final do documento simplesmente chama ele de índio eh eh Isso demonstra uma leitura para nós de que esses e indígenas vão deixar muito Evidente para quem lê para quem tem um olhar treinado para ler a sua interferência real não são passivos no processo eles estão agindo
ali também como personagens como sujeitos históricos e desse livro de denúncias o livro de reg de denúncias eu escolhi falar para vocês sobre um conjunto de quatro denúncias inclusive estão sendo investigadas agora por uma aluna de iniciação científica que ela veio eh eh essas denúncias vieram de um lugar próximo a São Luís que era a sede do bispado que era a fazenda Jussara então lá nós tivemos em três anos quatro denúncias contra eh casais que apontam os documentos tinham ancestralidade indígena Então o que chama mais atenção todos os depoentes nesses processos nesses quatro documentos são
indígenas se auto intitulam foros pela lei foros Aqui estamos falando de 1763 então insistência na reafirmação disso o primeiro documento é do índio Marcos pais com a índia Luzia Maria novamente a questão da Leitura sobre as relações incestuosas os indígenas tinham uma leitura peculiar sobre o incesto E aí o o o que que diz a denúncia é um caso também muito interessante porque a Luzia teve dizem as autoridades vejam bem dizem as autoridades que a Luzia teve cópula ilícita ou seja Manteve relações sexuais com o irmão do seu noivo e tinha sido segundo as testemunhas
outros indígenas depondo teria sido um grande escândalo na fazenda Jusara porque malgrado todos soubessem dessa relação amorosa da Luz com seu entre aspas cunhado ela insistiu em casar na igreja e veio casar na Sé em São Luís do Maranhão casaram em 1767 deste casamento surge a denúncia de que eles não deveriam ter casado e o interessante nos depoimentos é que os indígenas dizem os cafuzos os mamelucos enfim dizem nos no nas suas eh nos seus depoimentos que não acreditavam que depois daqueles alo todo Luzia tivesse coragem de casar em São Luís como ela de fato
eh fez o casamento foi anulado e essa é a denúncia mais e é a pena mais pesada Eles foram condenados à prisão tanto a Luzia Maria quanto o Marcos pais A Fazenda Jussara ficou na lente na observação das autoridades eclesiásticas e mais três casais foram denunciados o irmão do do primeiro denunciado Xavier pais com Maria Agostina e ela o caso dela é interessante que a mãe dela diz no processo a a sua mãe diz que ela eh cometia pecado que ela não admitia aquilo que a que a sua filha vivesse eh em Pecado uma leitura
do catolicismo claro ou influenciada pelas autoridades ou mesmo e eu aqui eu quero levantar essa questão apropriada por esses indígenas eh ressignificada por eles numa etnogênese mesmo e por último os casos as denúncias contra José Torres e arcângela e Prudente Morais e Joan tabaroa o que chama atenção todos eram vizinhos foi uma uma série de delações ali na vizinhança mesmo todos os casos envolviam desvios sexuais relações incestuosas relações concubinária das testemunhas a constante desaprovação que é uma coisa também que o Ronaldo fala muito lá no Trópico dos pecados você conhecer o desvio saber que é
errado não significa dizer que não vai cometer O Delito então mesmo conhecendo claro que ninguém foi tão corajoso quanto a Luzia Maria de ter casado na cé em São Luís na sede do bispado foram os outros todos denunciados e punidos pelas transgressões só que agora eu quero chamar a atenção para finalizar dois outros casos que mostram um outro lado então nós aqui falamos durante essa apresentação sobre indígenas sobre mestiços de ancestralidade indígena denunciados pelo tribunal no tribunal Eclesiástico pelo e no tribunal Eclesiástico e também na Câmara eclesiástica mas nós temos Claro por conhecer essa documentação
do século inteiro eh Há muitos anos trabalhando com isso desde 2002 eu trabalho com essa documentação da Justiça eclesiástica do Maranhão eh nós podemos apontar também outros documentos em que os indígenas não são denunciados mas são denunciantes e nesses casos em que os indígenas são denunciantes aqui a questão maior envolve a qualidade desses indígenas teriam eles condições de manter denúncias no auditório Eclesiástico eu cito do exemplos o primeiro deles uma denúncia contra um padre o padre Francisco Antônio Gonçalves acusado de se desonest com o rapaz então assim a acusação inicialmente é de sodomia então assim
de uma relação e entre dois homens no ano de 1799 Vejam a sodomia era matéria inquisitorial era maté historial mas as autoridades eclesiásticas elas tomavam conhecimento dessas causas o ano de 1799 já diz muita coisa para nós a inquisição ela já tinha sofrido muitas alterações então o processo não foi remetido para lá foi julgado aqui na diocese pelo Vigário Geral o que que o que que o caso vai contar o padre é denunciado por se desonest com esse rapaz e ao se desonest haveria uma inversão da hierarquia porque o rapaz o companheiro er um homem
escravizado então o padre servia segundo as denúncias servia sabe eh atendia a ele e a acusação parte dos índios Então os indígenas vão e outros mestiços não só cafuzos mamelucos vão lá denunciar e a defesa do padre chama muita atenção uma defesa longa sabe bem elaborada com citações em latim em que ele vai dizer aspas quem o denunciava era indivíduos todos pobres e a maior parte caboucos de pés descalços dados a embriaguez Miseráveis índios pobres que tudo fariam por um copo de água ardente no final declara os índios americanos devem ser perguntados com maior especulação
e integridade do que qualquer outro morador da capitania fecha aspas então ele desqualifica a fala dos seus denunciantes como também faz o Padre eh João Raimundo Pereira de Cárceres no ano de 1797 nós estamos no final do século XVII sabe estamos num período eh em que essas já existiam as Vilas a soria na na sessão passada falou muito bem sobre as Vilas eh sobre a eleção dessas Vilas aqui no Maranhão e a vila de Viana que é de onde vem a denúncia minha terra eu sou Vianense nasci em Viana e Viana é palco de uma
denúncia porque tinha antes uma uma missionação muito grande tinha um aldeamento muito grande mas depois mesmo com a vila e a sor apresentou aqui muito bem esses indígenas ficaram em cargos e eh de destaque naquela localidade denunciaram o padre eh por quê Porque ele era para ser pároco em Moção e se deslocou pra Viana dizendo que Monção não tinha nada não tinha talho eh era um fim de mundo e o que que que consta no documento na sua defesa o o padre diz aspas os índios são ladrões são bêbados são malévolos e bárbaros que mal
sabem se são cristãos os índios devem ser comparados aos negros e aos escravos bossais e rudes e pela rusticidade e ruste não se pode crer na doutrina Cristã mesmo que se façam muitas diligências os seus vigários fecha aspas prevaleceu a fala do padre e o processo foi arquivado chegamos às conclusões então assim eh foi um desafio muito grande porque a historiografia já tinha já tinha muita publicação e aí eu digo desde dos clássicos da historiografia sobre o papel dos Missionários eh sobre como a a as ordens tiveram importância no processo Inicial e aqui o Ronaldo
apresentou muito bem isso e relação ao século X só que com a criação das dioceses é importante pensar que esses indígenas e especialmente depois do diretório passam a ter um papel diferenciado eu agora corajosamente graças também a um projeto coordenado pela professora soria Dornelles minha minha companheira de projeto Minha amiga ela coordena esse projeto a professora Vânia faz parte a professora Carina também faz parte então nós estamos investigando as Vilas pombalinas aqui eu tenho estudado a relação entre a diocese e o diretório pombalino então assim qual foi o papel dos bispos eh Especialmente na mudança
de tutela por quê Porque os indígenas que antes estavam em aldeamentos sob a jurisdição espiritual e temporal dos regulares ou seja das ordens passa agora a jurisdição do bispo do prelado então assim tinha que ter eh e uma investigação muito profunda eu nunca tive coragem de fazer isso mas agora inclusive já já escrevi um texto sobre isso que tá sob análise também numa revista eh no exterior e a a questão central era realmente nós podemos dizer que a diocese teve um impacto na na digamos assim assimilação na complexificação das relações com essas populações que agora
não podiam nem ter mais os seus nomes indígenas tinham que assumir nomes portugueses era indicado casamento misto então era importante que se investigasse isso então a diocese passa a ser agora uma nova Vereda Como Eu mencionei no começo da fala uma nova Vereda que existe documentação em outras partes eu sei que em São Paulo certamente tem porque nós temos a Michele de Brito usando as fontes do auditório Eclesiástico para fazer sua tese de doutorado orientada pelo Bruno feitler nós temos um trabalho sobre o Pernambuco sobre a diocese de Pernambuco feita pelo Gustavo eh Mendonça e
temos também trabalhos em Minas eh que foi que primeiro estudou aqui no caso as visitas pastorais que é apenas um flanco de atuação da diocese e e são esporádicas o funcionamento do tribunal Eclesiástico não é esporádico ele está para além das visitas pastorais ele funciona com e sem as visitas pastorais e como era importante para Minas nós temos estudos mesmos clássicos que utilizaram as visitas o Luciano Figueiredo a professora Laura de Melo e Souza e e muitos outros Mas precisamos investigar agora no Rio de Janeiro também tem essas Fontes a Charlotte estall estudou alguns autos
de impedimento eh na diocese do Rio de Janeiro num artigo publicado e depois eu posso colocar aqui nas mensagens e em francês mas com uma boa relação entre igreja e e os indígenas com uma leitura sobre também sobre as relações incestuosas então nós Ainda temos muito a fazer e aqui a minha proposta provocativa é que vocês ten um olhar também muito eh dedicado a essas Fontes porque é possível ver uma quantidade grande de questões mas principalmente é possível ter processos em que esses indígenas falam então as vozes indígenas como sempre diz a Vânia nas nossas
conversas que elas vão aparecer e saber ouvir essas vozes porque é aquele cuidado Como disse o Ronaldo eh sabe de ser um o inquisidor antropólogo e de ser também o historiador que tá analisando essas Fontes processuais mas que precisa ter cuidado ao analisar os documentos para não acreditar no que dizem os documentos eh para tentar ler a contrapelo tentar ver o que não tá dito então uma potencia idade gigante que essa documentação das dioceses pode ter Quais são as conclusões que esse estudo Eh agora mesmo para encerrar Quais são as conclusões que esse estudo chega
Que bom pra igreja não existia uma distinção insuperável entre os índios os mestiços eh eh dos outros leigos cristãos se eles estivessem batizados e estivessem integrados no corpo Místico da igreja eles eram fiéis e tinham que viver conforme o catolicismo eles eram cristãos então assim o que a documentação mostrou também foi essa agência foi como eles souberam assumiram ou tornaram se cristãos para fazerem parte dessa Nova Ordem que a sociedade Colonial estava lhes propiciando Mas por outro lado demonstrando a sua a sua capacidade de releitura de ressignificação eh sabe quantos sujeitos históricos que eram quando
eles eram denunciados eles apresentavam justificativas e às vezes com maior ou com menor grau de consciência eles assinavam termos de emenda prometia que não iam cair no mesmo erro e eram pegos em reincidência em alguns casos então o que que de fundo O que que a questão a o documento precisava ser analisado a documentação precisava ser analisada é que no fundo as penas são mais no sentido da Misericórdia e da do perdão e da reintegração desses homens e mulheres mestiços de ancestralidade indígena do que quanto a punição porque interessava muito mais pros agentes episcopais reabilitar
e preservar esse novo Cristão do que excluí-lo então eles foram cristãos como eles puderam ser muito obrigada passei um pouquinho do tempo tá ótimo tá excelente desculpa Carina imagina imagina de maneira alguma não se desculpe Olha eu gostaria de agradecer então mais uma vez em conjunto com a professora Vânia e com o professor Rinaldo e toda a nossa equipe extensionista que é bem grande aos dois palestrantes pela tarde por essa tarde cheia de aprendizado que a gente teve quero também aqui e registrar muitos comentários no chat né agradecendo a vocês dois elogiando eh temos o
avam mirin Tupinambá que é aluno lá do programa de pós-graduação em história da UnB agradecendo ao professor Ronaldo vainfas pela apresentação a Larissa Bernardo aluna da UPE campus Garanhuns dizendo que as falas foram muito interessantes Talita Gomes também Professor Jean Carlo de Melo lá da Universidade Federal de Alagoas a professora Soraia Sales Dorneles também interagindo conosco pelo chat eh bom ainda não temos questões eh no chat do YouTube então Eh vou aqui organizar uma primeira rodada de questões enquanto aguardamos o pessoal eh elaborar suas dúvidas e questionamentos lá pelo chat a professora Vânia também tem
perguntas e bom eu tenho para o professor Ronaldo vainfas Eu tenho um comentário e uma pergunta o comentário é que a mim parece professor que a religiosidade indígena na América portuguesa ainda não havia sido abordada através da lente né de um Historiador de um né de um viés de uma análise historiográfica eu acredito que antropológica etnográfica sociologicamente sim mas talvez historiografico não né um dos motivos pelos quais a heresia dos índios é uma obra eh da maior importância Esse é o comentário e você pode comentar o comentário ou não e a pergun é a seguinte
eh olha a santidade também agia contra o projeto colonizador resistio e a heresia foi e pode ser vista como Resistência assim como a catequese pode né ou foi vista como dominação então pra gente eh eh situar né localizar em outro lugar esse binômio resistência e dominação eu queria perguntar o seguinte você acha professor que com as ferramentas conceituais e teóricas mais ou menos recentes que a gente tem como por exemplo o conceito de agência que Poliana também explorou na F na fala dela você acha que eh poderia fazer parte da capacidade de articulação política dos
indígenas da santidade o uso e a incorporação de símbolos e práticas religiosas cristãs para refutar né o projeto colonial e e mais do que isso até para afirmar a sua própria percepção de mudança né dessas mudanças que vieram com projeto Colonial Então essa é seria uma questão para polian eu quero também né fazer couro ao chat agradecer a a a sua fala e sobretudo a gentileza de compartilhar conosco a página desse projeto muito interessante que é o Religion aid né assim eh e pode iluminar muitas pesquisas em História né Eh tem várias vários ícones ali
né sobre o projeto sobre as fontes então eu quero enfatizar né reiterar para para todos os para todo mundo que nos acompanha eh que pode ser De grande valia né de muita serventia visitar o site desse projeto que eu coloquei o link lá no YouTube eh e a pergunta é Poliana é a seguinte pensando em conjunto com a com a colega né e e grande amiga soria Dornelles a gente pensou que talvez você pudesse explorar um pouco mais eha sobre como a interlocução entre pesquisa sobre Igreja Católica focada no clero secular pode potencializar as pesquisas
sobre os povos indígenas e vice-versa e a gente pensou nessa questão porque justamente por causa do nosso projeto né que tá buscando analisar Vilas indígenas pombalinas na Amazônia em perspectiva conectada então Eh qual seria a potência dessa perspectiva né eh conectada e comparada e bom então fazendo uso aqui do do meu lugar eh de Privilégio fiz essas questões e agora vou fazer duas uma questão mais uma questão nesta rodada do Alexandre barsani que é aluno lá do programa de pós-graduação em história da UnB eh sempre muito io muito interessado nas nas questões do curso um
abraço Alexandre então ele agradece aos dois palestrantes pelas brilhantes comunicações e pergunta para Poliana o seguinte as fontes que a senhora consultou permitem saber os cargos que os eclesiásticos de ascendência indígena Negra ou mestiça alcançaram nas paróquias a que foram designados segunda pergunta né se eles chegaram à posição titular de párocos ou ficaram apenas na de coadjutores ou diáconos Essas são as questões do Alexandre tem mais uma mas eu acho que a gente deixa pra próxima rodada então passo a palavra eh para o professor Ronaldo vfas e em seguida para Poliana obrigado carida pela pela
pelo comentário e pela pergunta a nossa historiografia de fato custou a perceber antes de tudo a valorizar o universo cultural indígena como como objeto da história eh e Por conseguinte recusou-se ou evitou estudar a nossa nova história indígena que é altamente qualificada é mais ou menos recente Então essa omissão dos historiadores em relação aos grupos indígenas em situação colonial perdendo aqui D Branco Dad já essa omissão Vale pro Brasil mas vale menos para América espanhola por exemplo Vale menos para América espanhola há uma biografia desde os anos 70 preocupada em estudar os indígenas como sujeitos
da história há mais Fontes também no caso da América espanhola de várias frentes Ah eu me l por exemplo textos ainda dos anos 70 sobre o movimento do taion Boy no peru dos anos do século X que foi objeto de uma campanha de estip pação de idolatrias do vice-rei Toledo mas que oferece pistas para se entender o que que é a religiosidade desse desse movimento [Música] hentão eh lá vem diantes creio que nos Estados Unidos também nós aqui no Brasil Ficamos muito eh apegados a uma certa tradição de ignorar ou então vitimizar ou então vitimizar
mas num caso ou noutro prevalecendo a reificação então eu dou toda razão a você realmente ao contrário dos antropólogos e etnólogos que TM trabalhos Magníficos muito antigos sob Inclusive a religiosidade indígena eu lembro do Alfredo por exemplo a religião dos quein imagine-se um Historiador isso é lá do início século Imagine se se um Historiador escreveu ia escrever um livro com esse título não é eh eh contemporaneamente ou mesmo no meado do século XX onde outros paradigmas eram eram valorizados às vezes com aspirações hegemônicas infelismente não é E quanto a pergunta eu eu encaro como um
movimento de resistência não só no campo do Imaginário eh mas no campo social porque vha articulado ações concretas de sabotagem e ataques a a instituições e a espaços colonizadores agora nesse Campo cultural socioantropológico o não é mais surpreendente mas o o paradoxal é que essa resistência se faz através de uma linguagem Nativa mas ensinada pelos Jesuítas por exemplo esse ídolo no centro da igreja da santidade é primeiro eu acho que escrevo isso aí é é eh pensar que a centralidade religiosa do movimento está está aí no ídolo que é um sucedâneo eh do Maracá Aliás
o metrô anos atrás dizia que estava vendo uma tendência personificação dos maracais n cerimônias se chamavam cara monaga que L chamam de San ele tava certíssimo porque ele dizia assim do Maracá ao ídolo só faltava um passo ele não conhecia santidade para escrever serpão cheio serpão cheio só faltava um passo então pulsa no centro da religiosidade da Santidade a tradição doin não sei porque o nome que os Jesuítas deram ao Deus eh Cristão era tanu o grande Deus isso é uma Engenharia e um vocábulo presente na catequese não é e a porta e a porta
da igreja ficava uma cruz o que é mais importante porque há um grande significado por exemplo segundo missad no portal n que está ali anunciando o que se encontra dentro do tempo e isso tô tratando com o tempo como ele fala em encontramos é a cruz e dentro é a tradição indígena eh reagindo não é uma figura híbrida mas é a linguagem da catequese a santidade é resultado de uma interpretação Nativa dos ensinamentos Jesus não por acaso vários Jesuítas participaram da mesa da visitação e e o historiador pode saber o que que eles falavam o
que que eles dialogavam depois de sair uma testemunha os Jesuítas não ajudaram em nada o visitador porque eles conheciam a cultura estava presente Fernão gardim que fez a visita visita pela companhia de Jesus nos aldeamentos do século X escreveu tratados da Terra e da gente do Brasil sabia conhecia quais frutas Quais alimentos oshos preferiam quais rejeitava chegava a esse nível de depag também o provincial tava presente assinou várias sentenças Marsal biliar o visitador não sabia nada o visitador perguntou por que que vocês têm os mamelucos esses riscos aí todos diz ah não é para mostrar
que a gente é valente os Jesuítas sabiam que aquilo era era uma condecoração para grandes guerreiros antropófagos masas ficaram em silêncio Por quê eu eu especulo porque aqueles assuntos relacionados à Santidade não eram assuntos só dos nativos a santidade foi construída a quatro mãos dos nativos e dos Jesuítas C tiveram muitos problemas por causa dessa estratégia aliás muito inteligente de ensinar o catolicismo destruir as outras culturas e crenças através dessas mesmas culturas das mesmas linguagens e línguas sempre tratavam de aprender as línguas em geral criava o índio Colonial ou como diz o hominis o índio
Cristão mas o processo podia sair de controle como foi na no caso da santidade onde essas esse ess essa mescla essa fusão se fez para refutar a ponto do do líder da santidade dizer que o verdadeiro Papa era ele e o oreta na na carta Ana dele diz assim é uma coisa impressionante enquanto aí na Europa escrevendo para Roma né os herges contestam o Papa aqui os heresis dizem que são o Papa eh por causa de cas da stit para mostrar assim contrastes muito retórico isso né mas de todo modo eh então o caso da
santidade é uma situação limite O que é em princípio a dinâmica da catequese a dinâmica da catequese feita em língua geral usando figuras da mitologia heróica cabá e assim foi nas gerações e essa santidade já é de uma geração é de uns 40 anos depois 30 anos depois iniciada a missionação j mas esse caso inverteu o resultado e andaram destruindo eh igrejas incendiando igrejas e detestavam Jesu detestavam diziam que era ver o verdadeiro catolicismo er deles can balizaram o catolicismo e misturaram com as suas tradições com os seus ancestrais mas como era católico também porque
todos as lideranças todas vinam vinam eles tinham que ter um papa e outro Santos que apareciam no teatro jesuítico apareciam nas pregações a Virgem a figura da virgem papel da mulher a composição da Cúpula da santidade coisa incomum na tradição to pinap mas valorizada no aldeamentos exício por causa da figura da Virgem Maria que era um Bastião do catolicismo dentino is é um paradoxo e situações insólitas o vorador tem que ter calma para ver calma paciência e disposição de pesquisa para conseguir decodificar esses mosaicos mas a tese é essa que você disse aí é uma
articulação não sei se política mas acaba sendo político cultural que se apropria apropria do cristianismo eh Missionário para combatê-lo e combater também a escravidão a santidade enxergou muito bem quais eram os inimigos era escravidão eram os missionários e era a morte entendida como provocada pelas doenças trazidas pela colonização e pela igreja por isso que diziam que o o batismo o batismo matava Então tinha que rebatizar e não com Santos olhos mas com a fumaça do do do tabaco soprava sem a fumaça identificaram muito bem e incorporaram esses elementos que realmente são novos porque são emergentes
na situação Colonial a sua própria mitologia tradicional a busca da terra sem mal que tinha que ser longe do do litoral e vários inclusive foram de Pernambuco com Maranhão e depois foram eh descritos pelos pelos Cap pelos capuccinos franceses não é o que o o que o litoral Mário maestre uma vez escreveu ele é daqueles que vitimiza muito tem tem uns insites interessantes o litoral virou a terra dos males Sem Fim o contrário não é da utopia to p o contrário Então já se refugiar nos matos on masones da li e atacar também para amedrontar
os inimigos é isso Professor Muito obrigada até fiz um comentário no no chat eh me sinto plenamente contemplada com a com a tua resposta e passo a palavra para Poliana Eu agradeço muito o comentário vi lá no YouTube tem muitos amigos alunos assistindo então mando um abraço a todos eles e são duas perguntas muito boas eu vou começar pela menos complicada que é a segunda pergunta eh se esses homens de ancestralidade indígena ocuparam paróquias sim os livros de provisão da diocese demonstram eh a ocupação não de cargos no auditório Eclesiástico eu ainda não localizei apenas
um que é denunciado por ser cafuso é escrivão eh no Piauí mas não não chega a ocupar um carro digamos assim de maior notoriedade não como os principais como provisor Vigário Geral enfim desculp cachorro do vizinho Mas então agora a Ótima pergunta que Kina e Soraia me direcionaram é sobre essa nova Vereda que eu tentei explorar aí e que convidei muitas pessoas aqui que estão assistindo a ter um olhar muito satico iniciativa de tentar pensar como que as dioceses eh se portaram frente às populações indígenas eem temporalidades variadas aí porque se eu estou falando Desde
da criação da diocese então aqui vamos remontar a finais do século X desde o primeiro Bispo que chega no Maranhão o dom Gregório dos anjos e sobre ele também escrevi um texto também escrevi um artigo que depois posso compartilhar que a grande eh disputa dele é com os Jesuítas logo que chega aqui na sua diocese porque lá em 1680 ele já está questionando a jurisdição que os regulares tinham sobre os índios e num conjunto de cartas extraordinário que eu consegui localizar na biblioteca de Évora uma documentação que era inédita até aquele momento o o Bispo
vai dizer eh pros Jesuítas que ele não podem unir e dividir paróquias eles não podem atuar como eh eh seculares se eles não são e que eles precisavam da autorização do bispo para Paroquial para trabalhar na missionação e o mais interessante disso é que o período importante da primeira lei ali da Liberdade que foi gestada muito antes pelo Vieira é que é pensar Como que essa nova eh força que é a diocese vai se posicionar no espaço em que existiam já outras forças posicionadas Então as autoridades eh da monarquia mas também as ordens regulares e
a própria população ali tentando acessar a mão de obra indígena e os Jesuítas eram um grande obstáculo para isso então logo na primeira a na primeira administração eh presencial de um bispo aqui na diocese da Amazônia ainda era a diocese da Amazônia porque ia desde o cabo do Norte até o Ceará um espaço larguísimo isso era muito comum as as dioceses do ultramar mas já no século eh XVII com a nova reconfiguração espacial da diocese eu e a Pedrina Nunes que é minha orientanda de de doutorado também fizemos uma pesquisa para mostrar a atuação do
Bispo Dom fre Manuel da Cruz na região do Piauí da capitania do Piauí e olha o que nós descobrimos nessa investigação que já existiam isso pela documentação traduzida pelo projeto Religion age já Existiam três aldeias de índios na região do Piauí sob a jurisdição do Dom fre Manuel da Cruz e olhem bem nós estamos falando de 1743 44 muito antes do diretório muito antes da mudança de tutela dos do clero regular pro clero secular então é uma região que precisa tanto que a Pedrina tá fazendo fe escreveu uma tese maravilhosa sobre isso deve defender em
dezembro então a a capitania do Piauí também nos ajuda a pensar porque o que que o Bispo Dom fre Manel da cruz está fazendo ele está criando regimentos para ensinar a administrar a fé pros indígenas num período em que ainda estavam esses índios aldeados sob tutela dos Missionários quando nós chegamos no período do diretório e aqui devo a sorá essa provocação e eu já agradeci demais a professora soria Dorneles que coordena o nosso projeto mencionado aqui pela Carina e pela vân que também fazem parte da equipe um projeto que começou no ano passado eu comecei
a tentar perceber como que durante o diretório acontece essa mudança de tutela e olha os dados numéricos são surpreendentes porque eu também sou a eu gosto das tabelinhas né gosto muito das tabelinhas então quando eu estou fazendo o cálculo da quantidade de provisões eh que são eh eh feitas após o diretório o que que nós vamos observar que para a diocese foi extraordinária a expulsão dos Jesuítas porque a complexificação da malha diocesana ela se transforma na coisa mais profunda possível então o Bispo consegue alcançar espaços e lugares que antes competiam só a missionação na no
processo de transformação de ereção desses aldeamentos em Vilas isso vai ficar muito evid dente e aqui foi importante essa provocação que a professora Soraia me fez porque eu fui estudar a trajetória de um bispo que é o Dom Antônio de São José que foi tido consagrado pela historiografia do Maranhão como um bispo inimigo do Pombal e amante dos Jesuítas de sabe partidário dos Jesuítas isto toda a historiografia não só coeva como eh digamos assim da década de 70 dizia que o Dom Antônio de São José foi um problema foi um obstáculo tanto que ele foi
mandado para Reino de volta mas pasme o que a documentação da diocese mostra o que os livros da diocese mostram os livros de provisão os processos o provimento do clero demonstra é que este Bispo estava alinhado totalmente ao ideal pombalino tanto que promove um indígena na Vila eh de São José de Ribamar a Meirinho da diocese então um indígena João Batista em 1767 é eh provido nessa função Então o que Fazendo Justiça digamos assim a Esse bispo por uma documentação que não se conhecia ainda que era esses livros de provisão ele manda passar uma Pastoral
em que proíbe todas as pessoas de conversarem com os Jesuítas então vejam só essa pequena relação entre a diocese aqui na longa duração bem breli mesmo na longa duração eh desde o final do século X até fins do século XII vão reforçar um argumento da historiografia de que esse diretório pombalino ele tem muitas continuidades não só rupturas ele apresenta muitos elementos que por exemplo os bispos já pediam já questionavam que era essa importância muito grande das ordens religiosas então é importante que a gente analise essa documentação da igreja para poder abrir novos flancos de análise
sair daquela leitura eh que Claro só foi possível naquele momento porque existiam muitos textos os Jesuítas relatavam tudo escreviam tudo então a documentação diocesana ela na historiografia brasileira ela vem recentemente sendo analisada Quando eu digo recentemente eu estou falando aqui dos processos do auditório Eclesiástico nós não tínhamos estudos Eu lembro quando eu participava da seleção da pós-graduação o Ronaldo me perguntava assim assim mas o que são esses processos aí eu dizia meu Deus se o Ronaldo vanf não sabe o que são esses documento porque assim é tentar perceber pela ótica da diocese questões que não
eram alcançadas Então os indígenas agora volto a dizer graças a Soraia que me obrigou a fazer isso são agora um um um um ponto de reflexão para mim fundamental Agora eu tenho visto o provimento do clero para essas antigas aldeias que agora são vilas e como esses párocos e aqui a questão fundamental vão passar a administrar esses dízimos porque a renda a produção desses aldeamentos a monarquia não conhecia pertencia aos Jesuítas eles dominavam aquilo tanto que a documentação as cartas trocadas se você pega os documentos do arquivo histórico Ultramarino Sempre dizendo Olha o o rei
não pode ter lá porque não tem como sustentar o pároco lá o pároco é muito caro sustentar desde os missionários só que quando acontece essa transição as leis a partir de 1755 e 57 especialmente o que que nós vamos ver a igreja e a monarquia através da igreja passa a conhecer o volume dessa produção do que que esses indígenas estavam produzindo o que que eles comerciavam o que que eles faziam como sustentavam a localidade em que viviam então isso tem sido agora o motivo da minha preocupação tentar perceber como que esses dízimos aí olha repare
são tantos temas para estudar Isso viu nós não temos vida suficiente para estudar Isso então agora nós temos a Rosalina Bocão que é orientando da Soraia fazendo uma tese sobre o auditório Eclesiástico e os indígenas e precisamos de muitos outros interessados em investigar esses temas porque agora só conseguimos pequenos artigos enfim apontar caminhos e o máximo que conseguimos fazer isso e já acho que é uma muita coisa para quem tem que dar conta de sala de aula enfim da nossa vida tão corrida da Maternidade de tantas coisas n não Claro é isso obrigada Poliana gente
eu não quero abusar né da paciência é boa vontade disponibilidade dos nossos palestrantes então Eh dei uma olhada aqui no chat do YouTube não vi questões Então acho que passo a palavra paraa professora Vânia que tinha questões perguntas e eh logo após a resposta de vocês a gente pode encerrar a nossa Live vocês acham que pode ser assim OK então tá então a a imagem do ppg de história da UnB aqui está congelada para mim vamos ver se se volta e se eles estão me ouvindo para que a professora Vânia possa fazer as perguntas para
mim tá Ah vai entrar de novo olhando eu te perguntei Aqui sobre os processos para levantar a bola levantar a bola para você porque eu presumia que você conhecia bem mas eu conheci mal a notícia deles eh vos assuntos mas nunca me depoi sobre processos da vá eclesias exatamente você falava de conhe visitas é as visitas mas assim o tem processo da Inquisição começar com as visitas eclesia as primeir o primeiro a instrução do processo comea e mandam para Lisboa tribunal de Lisboa ver se vale a pena transcrições completas das visitas é E durante muito
tempo a gente pensou que só existissem eu devia ter pontuado isso isso que a documentação eclesiástica ela tá dando a microfoninho sim que a documentação eclesiástica ela assim a gente tem sorte aqui de estar nos no Arquivo Público liberada para consulta porque ela pertence a servos privados então assim há uma dificuldade quando há documentos de é muito difícil acessar esses processos Porque estão em arquivos das igrejas Então tá uma burocracia enorme a aqui no Maranhão é um privilégio Porque estão liberados qualquer pessoa pode vir inclusive agora já fotografa enfim é uma diferença muito grande mas
é isso Ronaldo então eh eh essa documentação eu te agradeço tanto de ter enfim orientado e me ajudado tanto a aqui no Rio de Janeiro não sei como tá agora mas durante muito tempo era uma dificuldade consegui pesquisar no no arquivo da C em Minas também era mais fácil muito mais fácil para mim foi difícil você me deu uma carta na época é gente em Pernambuco eu ainda não sei ao certo as poucas incursões que fiz também achei um pouco difícil né o acesso mas eu também não tenho muito treino né em analisar essas documentações
que vocês analisaram olha a Vânia conseguiu uma conexão guerreira o som o som Veg ouvir mudo bom em primeiro lugar queria super agradecer aos palestrantes né a eu e em nome que em nome do Inaldo né teríamos algumas questões Mas pelo adiantado da hora não sei se vai dar não sei se a Kina permite ainda fazer uma última rodada super rápida de de perguntas ou se a gente encerra Carina o que que você acha não eu tinha perguntado pro para os nossos dois palestrantes se eles eh concordavam com mais uma rodada e eles disseram que
sim eu acho que a gente pode fazer questões né Breves pontuais eh para que eles respondam E aí a gente encerra a nossa atividade eu vou fazer um comentário muito breve eu adoraria falar um bocado aqui para falar a verdade porque a palestra foi excelente eu tenho um diálogo eh eu tive a oportunidade de de r a obra do fazia no último projeto e agora peguei novamente a obra para ler né aqui com os alunos né nessa sala maravilhosa aqui e Bas assim eh Ronaldo às vezes eu acho que a historiografia progredi um pouco Desde
da sua obra eu não sei qual é a sua avaliação porque eh eh a impressão que eu tenho é que esse registro que você faz com muita clareza na na no seu trabalho de de de de frisar a situação colonial de mostrar a santidade conectado não só com uma com uma situação Colonial Mas também como um repertório cultural rindo no contato entre populações e povos com culturas diversas e essa cultura híbrida híbrida Essa sociedade híbrida ela parece que fica no esquecimento dos historiadores Eu acho assim eu queria saber um pouco a sua opinião porque a
impressão que eu tenho é que as pessoas levam super a sério no seu trabalho leva super a sério uma série de reflexões eh eh que os antropólogos traz pra problemática do do encontro cultural do encontro social do encontro político entre indígenas e não indígenas aqui na América em situação Colonial mas na hora h de enfrentar seus objetos acaba eh Produzindo um apagamento ou um emburrecimento dos indígenos vocês não fossem capazes dar resposta queria te ouvir de novo mais um pouco sobre isso fao su avaliação que você faz né até do impacto da sua obra né
acho que daqui eh 2 3 anos 2 anos vai fazer 30 anos da da primeira edição né então acho que uma trajetória eu queria que você fizesse um balanço de como que você acha que a sua obra foi recebida e paraa Karina eu bom PR Karina não pra poiana Pole eu acho a o seu trabalho magnífico por quê Porque a a movimentação que você trabalha permite a nós historiadores que estamos preocupados com a questão Mía a olhar para grupos de pessoas grupos de comunidades que estão em poder do estavam em poderos particulares na forma de
cativeiros lícitos ou ilícitos ou na forma da administração particular e que depois vão passar por esse processo de liberdade nos seus processos demonstram e que a gente a gente só conseguia ver pelos inventários lá na metodologia que também o o J Monteiro trabalhou né então uma das formas de entrar nessa população era olhar para esses inventários de repente você vem com uma documentação maravilhosa que nos permite entrar para ver essa população por um outro olhar por um outro ângulo que não é não são os inventados ou não são só os processos aí no outro que
a gente conseguia né Você tem uma uma ordem do cotidiano ali com a diocese com os pados né que eu acho isso maravilhoso eu queria retomar com você já que você citou a Charlote ela fez um trabalho muito interessante sobre casamentos Eu também tive oportunidade de trabalhar sobre a questão dos casamentos né dos indígenas e você fala claramente na Sua documentação sobre a questão dos casamentos esse esse exemplo que você traz no no no texto né você traz a gerônima e depois você traz a Luzia ambas eh tem questão do casamento como é que você
percebe um pouco ou se você percebe né porque tanto a Charlotte quanto eu a gente quando olha a questão dos casamentos levamos muito a séo porque a gente pensa nessa situação Colonial que o Vas traz e o quanto que o casamento tritino Cristão vai afetar a política e a organização social dos indígenas de modo geral né Eu acho que isso fica particularmente Claro no caso da a Jerônima né porque a Jerônima ela quebra uma aliança de casamento feito né então como é que você pensa você acredita que a que a que a igreja tem consciência
tem autoconsciência do do digamos assim do rompimento né que o casamento centino faz na sociedade na sociedade Nativa na sociedade Colonial ou você acha que eles vão eh tratando a questão do casamento meio AL a que isso acontece com as sociedades nativas Essa é a minha questão Tentei ser breve não sei se consegir conseguiu sim passo a palavra para a gente tem mais uma questão pode ser de uma aluna eu mandei PR Carina parece que mandou você tá bom ah eu est vou achar aqui sim está aqui a questão é a seguinte como relativizar e
paraa professora Poliana perdão como relativizar e problematizar a ideia de comportamentos desviantes desordens eh maléficos que aparecem pelo pelo Prisma dos Padres na documentação pergunto pois são categorias frequentemente usadas nas correspondências de padres regulares que trabalho a questão é da Isabela feina e com isso eu acho que temos Então por completo esse segundo bloco de questões passo a palavra para o professor vfas e depois paraa professora Poliana tá fechado Professor isso eu acho que a historiografia brasileira tem resgatado essa dívida em relação ao peso da das culturas indígenas na nossa formação história aliás aproveito para
dedicar a sessão de hoje é um autor que você citou querido e saudoso John Monteiro que é uma referência antes mesmo da do livro negos da Terra no ent travados anteriores artigos etc para para essa nova historiografia indígena não é mas por exemplo a Maria Regina Celestina com metamorfose indígenas muito na linha eh do John e que já inspirou outros estudos a Cristina pompa com com também do grupo do John Monteiro é o grupo da da que o John Monteiro simulou na Unicamp não é foi um um núcleo vanguardista nesse nesse nesse caminho eh o
livro que foi traduzido da alida met sobre os intermediários culturais ela que queria estudar santidade mas no meu livro saiu aí ela mudou o foco eu fui lá pegar o um que eu adorei Lu Rafael Araújo correi Caboco sobre um índio um índio obviamente cabofrio que aprendeu e passou a percorrer fazer carreira de mandingueiro fazendo bolsas de mandinga era uma coisa da das africanidades trazidas pro pro Brasil e para Portugal eh a Elisa o Ralf Garcia vocês eu acho que tem dado com atenção a ser questão do ibid dismo e da complexidade dessas tessituras histórico-culturais
e também políticas como apana bem examinou aqui eu acho que a nossa historiografia em relação ao que foi de Van Haagen a Caio Prado Caio Prado diz coisas sobre a As populações indígenas e africanas que hoje renderia um processo judicial dizendo que o problema da escravidão no Brasil em relação à escravidão antiga era que na escravidão antiga Muitas vezes os escravos vinham de uma cultura superior a dos Romanos por exemplo gregos enquanto que no no Brasil os escravos eram eram de culturas de nível cultural ínfimo só serviam como força motriz e sobre os africanos chega
a dizer mesmo num nota que não trouxer que os aspectos religiosos que que eles trouxeram serviram para deturpar o catolicismo antes de recriar o espírito que tinham nas as origens né ou mesmo Sérgio boar de raízes do Brasil não um Sérgio boar que descobriu os índios em caminhos e fronteira os índios doos mamelucos 10 anos depois que esse é magnífico mas de raíz do Brasil a última frase do primeiro capítulo diz que bem ou mal queira S não o eo da cultura brasileira foi fundamentalmente português o resto foi se adaptando a essa forma o resto
Esse é o Sérgio Guar de 1936 e olha que ele mudou esse livro várias vezes existe hoje uma historiografia buana que mostra mudanças radicais entre o livro de 36 e a edição que ele considerou definitiva de se não engano 67 eu quando tomei conhecimento dessa dessa trajetória do Raí do Brasil eh fiquei espantado com um certo sentimento de culpa porque eu já tinha discutido o Sérgio bar de Holanda no Brasil vários cursos de pós-graduação mas usando a edição que o Sérgio finalmente não mexeu mais e o o livro rá do Brasil de 36 é completamente
diferente vos aspectos tem capítulos que não tem que ele tirou tem a linguag todo o germanismo que tinha na na linguagem de 36 ele tirou na segunda edição foi de 48 por causa da da segunda guerra ele que era muito ganó filo do ponto de vista cultural e mesmo capistran o capítulo um antecedentes indígenos capítulos história Colonial é lastimado é lastimado coloca os indígenas aí porque os antecedentes indígenas dedic aos grupos nativos aos povos mesmo umas duas ou três páginas a maior parte do capítulo ela falando da natureza dos rios da geografia que conhecia bem
no sentido aparece ainda diz que eles eram preguiçosos que eram um estereótipo antigu nossa se comparar essa historiografia clássica que tem seus Grande M um que valorizou e sai dessa dessa mesm o Gilberto freir a moda mas valorizou a contribuição dos indígenas na formação da cultura brasileira não entrou nessa sai completamente desse claro que com limitações mas talvez porque ele tenha tido uma experiência acadêmica nos Estados Unidos com antropologia culturalista e tal e viu com outros olhos com outros olhos e várias pesquisas que eh eu tive um aluno que foi aluno da Leônia também a
Leônia que estudou fez uma Devassa nos cadernos do promotor vendo on já que apareciam os indígenas em geral apareciam em denúncias não em processo porque eles estavam fora da jurisdição da Inquisição até o diretório partir do diretório passaram a ser processad porque eram Cristão súditos líos a coroa antes eram muito denunciados eram denunciados por isso que aparece no caderno promotor dá para fazer estudos etnográficos com base nessa massa de informaç isso sim mas não assim a ação contra o os grupos ou indivíduos egressos de aldeamentos indígenas etc o Carlos Henrique e que foi meu aluno
mas foi aluno da Leônia no em São João do Rei que fez uma uma uma dissertação inquéritos nativos usando Eh denúncias de índios A inquisição constantes dos cadernos do promotor cedidos pela Leone fez uma pesquisa muito Ampla inquéritos nativos então e as questões que rolana levantou eh a questão do casamento que você mesmo escreveu sobre isso se tinha não tinha casamento natural não é E aí tem a ver com essa questão dos impedimentos não é Ou que o que era impedimento paraa Igreja Católica não é era podia ser até preferencial sem ser natural eh da
cultura Nativa topin Bá E aí a igreja se vergavam eu lembro dos Jesuítas descrevendo para para Roma pedindo dispensa do casamento de tio com com sobrinha tio materno com sobrinha Ah porque senão ia ser difícil casar na forma da igreja porque esse tipo de União era muito muito frequentado sem ser exclusivo havia várias formas de União evidentemente e algumas regras eram muito fortes nessa população né o o rapaz para casar tinha que fazer um prisioneiro ou então alguém que fez um prisioneiro podia ceder esse Prisioneiro a ele para ele poder casar senão a iniciação sexual
dele se dava por outros caminhos mas não podia se casar e podia ter mais esposas se o seu desempenho em guerras eh fosse excelente não é mas enfim questões histórico antropológica que que tem que enfrentar o problema da das mesclas e conflitos de sistemas culturais que eles só não como nesse caso do matrimônio não e do problema da descendência Porque os índios constavam das dos povos qualificados como gente de sangue infecto na linguagem da época nos estatutos de pureza de sangue eles saíram dessa Vista na época do diretório que incentivou o casamento misto exatamente disse
Mas até então até então descendentes de indígenas tinham mácula tinham defeito de sangue para postular certas benemerência Mas claro que havia exceções o regime era assim como Felipe Camarão outros outros que o hom Diniz estudou que conseguiram hábito de Cristo ou um pedar hábito só o hábito já fazia já fazia sentido para ele junto ao seus um pedaço do hábito coroa não podia também escolhar os estatutos de limpeza de sangue então fazia a conceção a meia bomba muitas vezes sem pensão sem sem terras como fez alguns Felipe Camarão por exemplo que também não se beneficiou
desse Dom Felipe desse privilégio o serviço Prest B daqui a pouco vou ficar aqui viajando nessa o João Azevedo Fernandes da Paraíba que foi meando falecido também precocemente estudou a história das história do e o confronto do do cauim com o hábito português do vinho porque foi um desencontro os grupos nativos não não adotaram o vinho e os portugueses não adotaram cim quem ganhou essa batalha de complexos tíos foi a cachaça que é uma bebida colonial Então muitos trabalhos feitos e e muita coisa para fazer fazer com fontes que ainda não são não estão exploradas
porque ninguém dava bola para para esses assuntos ninguém dava bola tem a ver também com a profissionalização da pesquisa histórica no Brasil e começou a descortinar arquivos problemática mas eu acho historiografi Eh chamada nova história indía brasileira muito boa eu volto M descubro coisas pesquisas novas com fontes novas inéditas escondidas nos arquivos A inquisição é uma mina o arquivo da torre do Tomba cartório as fontes do cartório jesuítico Nossa documentação sobre os conflitos entre mamelucos e Jesuítas para quem ficava com quem descia os os e para quê E os argumentos de cada de cada um
desses rivais o cartório jesuítico da torre do tomo muita coisa por fazer aind essa essa historiografia vai longe long e já tem orientando do orientando ent tanto já tem uma uma linhagem né pessoas que hã eram crianças quando quando o John Monteiro publicou negos a terra Ô nem tinam nascido sei lá tem que fazer a conta e hoje já já fazem pesquisas originalíssimo que publicam e que são citados não é acho que respondi até em demasia desculpe mas que a questão é é instigante né É sim e e eu acho é é é digna desse
nome reparação historiográfica Brasileira de maneira geral rosas excessões muito foi feito e muito ainda há para avançar né agora esse metrô florestan Fernandes prefiro florestando dos topin bá do que o florestan da integração do do negro na sociedade de classe de longe e é um livro de 46 o livro flest oon shaden que falava justamente dessa questão da mitologia heróica esses autores foram muito mais importantes muito mais importantes para minha pesquisa interpretações da da santidade do que os historiadores da mesma época época que que eu tirar de cai pré do Júnio de inspiração dogot de
Raizes houve caminhos e fronteiras sim e de capistan de Abreu que ficou não sei quantas décadas estudando uma língua do tronco G uma língua independente e nos Capítulos escreve três páginas sobre os índios e naquele tomo rag que que det tratava os índios mas tem um capítulo com riquíssimo informações tudo que os cronistas disseram me organizou e botou e depois por pressão numa segunda edição do história geral ele botou o Capítulo dos índios em primeiro lugar porque Anes eles vinham depois ele dizia que os índios não tinham história só podiam ser objetos de anál isocrática
mas de tanto que tinha aquela propaganda indianista no século X aí ele acabou cedendo o máximo que ele cedeu foi botar o capítulo do dos índios na abertura da obra porque Ele dizia que a história do Brasil só começava com os portugueses pelo menos ele pôs o capítulo na história geral do Brasil eram cisas do século XIX mas muita informação sistematizada eu encontrei no capítulo van nesse capítulo com comentários notas boas do capão de abril e e do Rodolfo Garcia poin né sim eh Poliana eh deixa eu pode falar vou colocar no chat privado um
comentário não depois dessa aula de erudição do Ronaldo aqui eu fiz historiografia brasileira da colônia com ele na pós-graduação então assim vocês Imaginem O que foi essa disciplina o Ronaldo manja de tudo é uma assim a gente ficaria até à noite escutando aqui você falar Ronaldo então maravilhoso eu vou tentar resumir porque assim não tenho condições de ir muito em cima eh responder primeiro pra Vânia que o casamento essa preocupação o primeiro projeto que eu ganhei financiamento aqui no Maranhão depois que eu passei no concurso em 2010 eh foi um projeto sobre o casamento então
já preocupando em em investigar Por que que o casamento era uma coisa tão importante aqui pra igreja eh no século XVII através das denúncias então assim por que denúncias porque denúncias de desvio ao matrimônio S os casos de adultério as relações incestuosas que eram por exemplo desvios ao matrimônio uma comadre um compadre eh parentesco por cognição espiritual eh mas também Vânia uma série documental muito interessante que ainda Precisa de uma investigação mais detida que são os autos de justificação de viuv em que homens marcadamente homens no estado de viúvos pedem para casar de novo então
pedem para que a justiça eclesiástica confirme que eles são vios lógico para fugir da bigamia que era uma coisa matéria da Inquisição que o Ronaldo estudou muito bem então esses autos de justificação de viuvez conseguem eh mostrar para quem tá analisando a documentação a importância que o matrimônio tem nessa sociedade então esses homens marcadamente os homens muito deles já Marcados pelo Estiga da escravidão eles vão sair eh impedido de novo matrimônio alegando que era importante essa questão do status de casado da condição de casado e o que que a documentação processual de denúncia criminal vai
nos mostrar que a maior quantidade das denúncias do século inteiro e olha que eu analisei 427 processos vai apontar para casos exatamente contra o matrimônio era uma preocupação dessas autoridades só que veja as penas eram brandas nós só temos nesse universo muito grande de processo só dois casos de degredo um deles de um português contra um português na primeira metade do século XVII os dois casos de degredo são da primeira metade do século de um português que vivia na Ribeira do Itapecuru e que mantinha relações sexuais com duas de suas filhas que eram menores uma
de 6 anos e uma de 3 anos como ele foi pego em flagrante delito ele foi degredado e um outro processo um caso de concubinato contra um padre esse sim degredado só 20 Léguas de distância da sua concubina mas ele já tinha se denunciado quatro vezes então assim era um super Reincidente do por outro lado o que que a igreja tentava fazer nas penas nessas Penas que eu apresentei Como brandas assinar o termo de emenda é dizer que você não vai cometer o erro novamente então é tentar incentivar que esses homens e que Essas mulheres
já pegos em concubinato se casassem saíssem desse estado de Pecado então a igreja se preocupava sim ela entendia essa lógica e os próprios indígenas quando eles estão demandando nessas causas nós conseguimos perceber que eles entendem essa importância o caso da da Índia paz a Luzia que ela mesmo sab ela disse que sabia que tava errado esse concubinato essa cópula que ela tinha mantido com o cunhado dela mas era importante que ela casasse ela foi pra sede da diocese para casar então esses exemplos não só esse aqui como eu analisei uma uma quantidade de documentos muito
volumosa eu consigo perceber não só paraas populações mestiças porque aqueles homens e mulheres que não se identificaram nos documentos o que antes a gente podia dizer ah são brancos Hoje nós não nos sabe nos eh eh e aventuramos em fazer essa categorização tanto que no artigo que vocês leram eu faço bem essa demarcação nós não podemos usar tentar eh qualificar Eh sei lá eh fenotipicamente etnicamente se eles próprios não fizeram mas era muito difícil um processo e contra uma dona ou um senhor que não tivesse essa relação muito próxima com a questão da cor com
a condição então no caso do casamento para mim ficou muito M Evidente a tentativa da igreja e incentivar Exatamente porque como previa Trento a família é a célula principal e a família só é legítima a partir do matrimônio em Face da igreja só que com esses desvios todos o matrimônio eraa e para alguns apenas um ideal espero ter respondido a segunda pergunta é sobre como problematizar essas expressões que aparecem no documento e e bárbaros eh bêbados ladrões índios e eh como que a gente deve ler Olha eu sepre Lio com muita atenção os os textos
do meu orientador Ronaldo ele nos dá muitas dicas metodológicas e também me deu muitas dicas de leitura para tentar não cair hoje a gente olhar um documento do Passado no conforto da nossa casa e a acreditar no que está inclusive no teor das denúncias se vocês virem a minha fala novamente vão perceber a minha insistência em demarcar aos olhos da igreja no entendimento da igreja esses homens eram desviantes porque a característica O que é um desvio ora não se legisla sobre o que não existe então esses crimes o concubinato al CSE o adultério todos esses
essa Gama de delitos que o Bispo poderia prir estavam gravitando numa lógica que fazia sentido para essas populações então eles entendiam que o desvio o adultério era gravíssimo e que entendiam por exemplo que não se podia casar duas vezes existe uma série documental só para analisar esses viúvos que querem casar novamente então o risco sempre vai existir de uma vez ou outra durante a análise da documentação nós tentarmos mas o historiador não é juiz a gente não não não pode no final do documento dizer quem tá certo ou não o que nos cabe é tentar
problematizar o máximo esses documentos e tentar fazer a difícil leitura contra pelo tentar ver o que não tá dito explicitamente e eu por exemplo agora já tenho uma uma leitura por exemplo em contato com a Vânia e com a Soraia mais proximamente que me deram uma percepção sobre a importância dessas fontes para analisar o trabalho dos indígenas uma coisa que assim pela minha falta de paro sabe pela minha falta de traquejo com essa historiografia indígena eu não entendi que eu poderia ver e agora eu sabe imaginando lendo de novo documentos que eu transcrevi há 15
anos atrás o que que eu tenho visto esses indígenas na fábrica de farinha de arroz então assim coisas que passaram ao Largo então sempre mais leitura mais bibliografia vai nos permitir ler de uma maneira que nos aproxime mais dessa verdade que ela não existe então assim nos aproxime desse passado que é fragmentário que é cheio de lacunas então é por isso que é importante eh eu esqueci o nome da menina que fez a pergunta acho que Susana que nós tenhamos a a o discernimento de que esses essas autoridades eclesiásticas estão treinadas para ver o pecado
eles estão treinados para ver o desvio em toda parte e assim nós podemos alcanar uma outra leitura que é a partir dos indígenas o que que eles vão falar como que eles vão eh se posicionar nessa documentação tem sido uma aventura extraordinária nos meus 40 anos agora que eu já tenho eu fico pensando assim nossa Eu agora tô começando uma coisa nova que eu não fazia que eu não tinha ideia e agradeço muito Vânia e soria que tem me ajudado tanto nessa lida é isso agradeço muito não vou falar mais porque já atentado da eu
tenho uma curiosidade esses certificados atestados de viveis quando é que foram introduzidos sa Ronaldo nós temos essa documentação pro século inteiro eh eu recentemente escrevi um artigo sobre isso sobre esses autos é precisa um estudo mais aprofundado mas desde a primeira metade do século as autoridades eclesiásticas estão eh recebendo petições uma delas aqui eu vou eu nem ia falar mas uma delas é de um cabo verdiano Pedro da Silva que ele é um sujeito em trânsito no Atlântico Ele nasceu em Cabo Verde viveu em Lisboa e veio para Maranhão Então ele era casado em Lisboa
ele diz que a sua mulher faleceu e quer casar aqui no Maranhão isso já no finalzinho do século 18 e aí o que que ele vai dizer vai anexar cartas que se traz de Lisboa para cá para provar que ele está viuvo e a Clara e ele já a Clara esposa dele tinha falecido lá não chegou às caudas da rainha porque precisava tomar banhos mas não deu tempo ela morreu antes As cartas são muito detalhadas e interessantíssimas e ele quer casar com uma outra mulher aqui que é uma Luca e ele pede a autorização do
vigário geral que dá para ele um ano para apresentar a uma certidão que comprove que ela morre Mas permite que ela que fechou o microfone e eu não sei vocês mas eu eu não entendi o finalzinho da da questão da Poliana foi só eu eu também não entendi é foi a conexão que já tá oscilando aqui só o então a documentação isso casasse novamente permitiu que ele casasse novamente Então tem um atestado do vigário geral permitindo que o o Pedro da Silva se case só que o casamento mesmo eu procurei em todos os livros da
diocese nunca apareceu Então ele pode ter casado em outra parte ou pode nunca ter casado enfim isso aí as fontes não permitem que a gente alcance são as lacunas eh eu não encontrei nada disso nos processos de bigamia nem poderia não é porque os processos de bigamia as pessoas se diziam viúvas muitas vezes homens não é sem SA sa era vi não ia ter is ter estado nunca diga Vânia acho que podemos encerrar né né gente a professor Ronaldo a professora a agradeço a Carina A equipe que está por trás aí da transmissão em nome
dos estudantes que estão aqui em sala de aula nós agradecemos fo uma super aula hoje né disponível aos nossos especialistas alí pelo YouTube Espero que todos tenham gostado da experiência tá bom não posso dizer o boa noite vocês ainda querem falar uma uma palavra final liberada eu sou obrigado de novo pelo convite também achei a sessão muito gigante e feliz também por est com a Poliana Eu também agradeço de novo vocês parabenizo Papito pass a tarde com papito Fazia tempo então tá bom isso obrigada gente foi realmente de verdade uma honra obrigada