por favor obrigado [Música] bem boa noite então Eh o tema de hoje eh dos seis temas propostos para esse ciclo eh Sem dúvida O mais delicado eh o tema filosoficamente mais sofisticado e aquele que poderia ensejar talvez mais polêmica e um um um um nível de discussão mais elevado eh é importante que se Estabeleça aqui uma clara fronteira entre Deus como conceito filosófico e o Deus das crenças de cada um essa Fronteira se faz necessária sobretudo porque no senso comum costuma-se acreditar que o filósofo é contra Deus de uma certa maneira associar a filosofia ao
ateísmo é quase uma obviedade do nosso cotidiano no entanto a aula de hoje procurará Mostrar que talvez não haja nenhum campo de conhecimento que tenha falado mais de Deus e tenha se esforçado tanto para demonstrar a sua existência quanto à filosofia costuma-se também dizer que a crença num Deus ou a fé é incompatível com a razão pois bem curiosamente são os filósofos ditos racionalistas tal tais como descart tais como Kant tais como Hegel os que mais se dedicaram se empenharam para falar de Deus para posicionar Deus em em relação a nós e sobretudo para destacar
a importância desse conceito bem eu começo excluindo do campo da minha análise aquilo que se convencionou chamar de politeísmo e eu excluo da minha análise o politeísmo porque o conceito filosófico de Deus implica em uma completitude e uma perfeição que a existência de dois Deuses desmente Afinal de contas se temos dois deuses diferentes é normal que nenhum dos dois possa ser com considerado completo e infinito porque a própria existência de um outro Deus diferente do primeiro desmentiria tanto uma quanto outra destas características Portanto o conceito filosófico de Deus que vamos abordar aqui ainda que as
religiões e a história das religiões pudesse caminhar por sentido oposto o conceito filosófico de Deus que vamos abordar aqui é de um Deus único perfeito infinito eterno onisciente onipotente e onipresente bem naturalmente que a nossa reflexão vai procurar de um lado seguir um certo roteiro histórico para aqueles que for completar a aula com algum manual de história da filosofia mas vai procurar também estabelecer uma certa sistematização eu diria paradigmática e portanto a minha fala se dividirá em duas partes numa primeira parte o Deus analisado aqui é um Deus transcendente ao homem em outras palavras o
Deus analisado aqui é outro em relação ao homem tendo criado esse homem ou não numa segunda parte o Deus analisado será um Deus imanente ao homem em outras palavras um Deus produzido pelo próprio homem criado pelo próprio homem em função de necessidades estritamente humanas e materiais uma aula em duas partes bem passemos então à primeira parte o Deus transcendente ao homem verdade seja dita aquele Deus ao qual estamos mais familiarizados por pertencermos a uma civilização dita judaico cristã a primira que eu apresento aqui sobre Deus e naturalmente os senhores deverão admitir esta proposta é de
uma análise de Deus em 120 minutos ela é obviamente um recorte um recorte insignificante frente à extensão Oceânica da doutrina sobre o tema outros autores poderiam ser dados com igual interesse mas eu vou ser fiel ao Meu método e vou dar voz a Platão Platão fala de Deus e o conceito de Deus em Platão é absolutamente coerente com toda a preocupação filosófica do platonismo conforme já tivemos a oportunidade de dizer em en contraos anteriores aproveito para agradecer a fidelidade da maioria Platão tinha uma grande preocupação a constatação de que de um lado o mundo percebido
pelos sentidos é um mundo rigorosamente transitório mutante um mundo constituído por corpos em relação em transformação em fluxo o mundo recebido portanto é um mundo inapreensível um mundo que deixa de ser a cada segundo um mundo portanto recheado de transformações e absolutamente desprovido de estabilidades tudo no mundo sensível muda mesmo quando aparentemente não muda assim uma árvore milenar ela aparentemente continua ali como sempre esteve mas a cada segundo ela é outra frente ao que era no segundo anterior no mundo das coisas sensíveis portanto a existência das coisas é uma existência em relação e sendo uma
existência em relação os corpos do mundo sensível afetam e são afetados ininterruptamente e é por isso que este mundo é um mundo impermanente transitório O problema é que por detrás do que percebemos no mundo para além do que constatamos nesse fluxo das coisas Platão denuncia a existência de uma estrutura dos seres percebidos uma estrutura que essa não muda uma certa identidade por detrás da impermanência e assim as galinhas plurais que flagramos no nosso cotidiano seriam todas elas sombras exemplos Bastardos de uma essência de uma de galinha de uma galici de uma de um eidos de
galinha que obviamente conferiria a cada galinha individual e transitória a sua gald de tal maneira que por detrás de uma galinha em apodrecimento Evidente existe uma identidade do galino que esta permanece de tal maneira que as transformações pelas quais uma galinha passa são as únicas transformações que uma ideia de galinha permite que ela sucumba de tal maneira que uma galinha não se converterá num elefante o mundo transitório é um mundo impermanente é um mundo imprevisível é um mundo de fluxos é um Mundo de Ilusões mas uma galinha que muda o tempo inteiro muda como só
a identidade da galinha permitiria que mudasse perceba então que por detrás dos trânsitos existe perman a graça é que a permanência por detrás dos do trânsito esta nos é inacessível não vemos o que permanece só vemos o que muda mas a ideia de galinha requisito fundamental para que uma galinha individual seja galinha esta ideia de galinha não está ao acesso dos Sentidos mas está acessível pela razão como diria Platão pelos olhos da Alma da Alma pensante Então você viu o problema o problema é que o conhecimento do mundo é necessariamente super complexo por quê Porque
de um lado você tem o corpo que flagra o trânsito e tem permanência e de outro lado você tem a alma que busca a essência a ideia a forma perfeita a estrutura que não muda e assim o nosso conhecimento o nosso conhecimento é permanentemente dilacerado por esse dualismo por esses dois mundos cuja harmonização é a grande obra do filósofo pois bem professor Professor visto o problema de Platão aonde entra Deus ora na Perspectiva platônica o entendimento de Deus não pode ser conseguido pelos sentidos Acho até que neste ponto você não hesitaria em dar a Platão
toda a razão afinal de contas encontrar Deus em cada esquina é privilégio de poucos e portanto dirá Platão todo e qualquer tipo de pensamento sobre Deus será realizado pela alma será realizado pela razão Deus é uma questão de razão é uma questão de pensamento não é uma questão de empiria ou de sensibilidade pois muito bem mas então aonde está Deus no mundo das ideias no mundo inteligível no mundo que compreende a ideia de galinha ou a forma perfeita de galinha a ideia de sapo a ideia de Vento a ideia de aula perfeita a ideia de
justiça a ideia de amizade a ideia de virtude a ideia de etc etc eh eh aonde entra Deus pois muito bem eu acho que você percebeu que você pode chegar à ideia de galinha eliminando nos galináceos individuais aquilo que lhes é particular e conservando aquilo que lhes é comum Eis aí o método de acese eliminação do que é particular eliminação do que é singular e Conservação do que é comum da mesma maneira para chegar à ideia de aula a forma perfeita de aula aquilo que toda aula tem que ter para ser uma aula é preciso
eliminar desta ideia tudo o que as aulas de carne e osso TM de singulares e conservar o que lhes é comum só que a ideia de aula na hierarquia do mundo das ideias na pirâmide do mundo das ideias está na base é uma ideia Pobre é uma ideia muito próxima do mundo sensível aula ideia de aula a aula é uma conduta Então eu tenho a ideia de aula eu tenho a ideia de uma intervenção cirúrgica perfeita eu tenho a ideia de um discurso perfeito eu tenho a ideia de várias condutas perfeitas e aí eu elimino
a singularidades e eu chego à ideia da ação perfeita que é a própria justiça a justiça é o que há de comum em todas as condutas humanas na sua perfeição da mesma maneira para chegar ao conceito de beleza eu tenho que que partir do que é comum aos corpos e subir subir até chegar à ideia de beleza eliminando as singularidades E aí eu chego em três grandes ideias verdade para todo o juízo sobre o mundo a beleza para todo e qualquer corpo e a justiça para toda e qualquer conduta por cima desses três é Deus
é Deus que articula Deus é a suma perfeição a partir da qual tudo o que existe nada mais é do que uma sombra imperfeita é Deus que está por trás e por cima na suma abstração de todas as ideias perfeitas que você possa identificar a partir da análise do mundo então eu acho que você entendeu eu saio da galinha eu chego em Deus eu saio da aula do professor Cloves eu chego em Deus eu saio de Juliana Paz eu chego em Deus eu posso sair da onde você quiser eu vou eliminando singularidades eliminando singularidades eliminando
singularidades e quando eu for buscando a perfeição da perfeição da perfeição quando eu não tiver mais para onde ir eu cheguei em Deus o resultado último da minha investigação racional mas nesse ponto meus amigos na hora que você encontrar Deus você vai estar muito mas muito longe das contingentes percepções sensoriais do mundo Platão num diálogo chamado timeu comenta que o encontro com Deus o encontro com Deus a ser logrado por uma alma encarnada é muito Improvável por quê Porque esta alma teria que ter um tal poder de abstração para eliminar as perfeições singulares até chegar
no perfeito dos perfeitos que a presença de um corpo junto atrapalha substancialmente portanto é muito mais provável o encontro com Deus quando a alma não vem acompanhada de um corpo se você preferir antes do nascimento ou depois da morte Nossa quer dizer que quatro séculos antes de Cristo no timeu Platão disse que depois da morte o encontro da Alma com Deus é muito mais provável e por razões Racionais não é bacana mas Platão não era cristão como quer a folha de São Paulo talvez Cristo tenha sido bastante Platônico meus amigos essa concepção platônica de Deus
exerce uma influência tal que você se sente com ela muito confortável Pois então é mais do que hora de te desestabilizar tirar você dessa zona de conforto Cristã e trazê-lo para um outro ponto de vista eu passo a analisar então um segundo Deus transcendente ao homem O Deus do binômio Aristóteles estoicos o pensamento aristotélico e o pensamento histório em grande medida coincidem sobre A reflexão a respeito de Deus acompanhem-me Aristóteles é o primeiro conforme eu já tive a oportunidade de explicar é o primeiro Pensador da história da humanidade a falar do universo como um todo
ordenado e nesse sentido as coisas no universo espero que se lembrem Elas têm todas um lugar natural Elas têm todas uma atividade que lhes é própria e elas têm todas uma finalidade específica e assim as coisas no universo cumprindo as suas finalidades contribuem para que o todo Universal funcione bem a comparação necessária é com o corpo humano com um organismo qualquer para que o intestino cumpra sua finalidade o estômago tem que ter cumprido a sua portanto as finalidades dos coros no universo não só permitem a esses corpos uma existência adequada como também garantem que os
demais funcionem bem portanto um fracasso existencial não se limita à sua singularidade mas contamina todo o universo desta maneira meus amigos Aristóteles e os estóicos constatar que todos os corpos no universo são maravilhosamente adequados às finalidades que são as suas em outras palavras caso você queira saber porque as coisas são como elas são é absolutamente indispensável Que conheça as suas finalidades eu espero que tenham percebido que nesse sentido as finalidades das coisas são causa das coisas serem como elas se as coisas têm uma forma se as coisas têm uma substância é porque esta forma é
a mais adequada para alcançar a finalidade de cada corpo portanto você pode se servir disso de dois jeitos para conhecer a coisa é preciso conhecer a finalidade e para conhecer a finalidade É preciso conhecer a coisa então se eu souber qual é a finalidade de uma coisa eu posso entender porque a coisa é como ela é Se eu olhar bem para uma coisa e observar como ela é eu poderei deduzir Qual é a sua finalidade eu gosto de dar o exemplo do cachorro Bassi compridinho salsicha Cofap e você dirá é cão de toca perceba a
finalidade de entrar na Toca é causa da cumpr dez do c pensamento aristotélico clássico você olha para mim e diz faz sentido e cadê Deus pois é pois Deus Deus é a adequação maravilhosa entre os seres e as suas finalidades o Divino está no mundo o Divino é o mundo em que medida na medida da sua adequação finalista o olho do Porco é Divino diz Aristóteles Claro esse exemplo só poderia ser dele não me ocorreria este exemplo o olho do Porco é divino E por quê Porque maravilhosamente adequado à sua finalidade que é permitir ao
porco enxergar perceba meus amigos Deus é transcendente ao Homem mas Deus é imanente ao universo Deus é o universo mas Deus Deus é o universo não de qualquer jeito Deus é o universo porque o universo é organizado Deus é o universo porque o universo é cósmico Deus é o universo Porque sendo o universo cósmico ele é lógico ele é compreensível ele é discernível em outras palavras Deus é a própria ponte entre o Cosmos e o Logos Deus é a própria ponte entre a ordem Universal e a razão e assim o vento é Divino por quê
Porque cumpre maravilhosamente a sua finalidade a maré é Divina porque cumpre mar a sua finalidade o sapo é Divino por qu porque cumpre maravilhosamente a sua finalidade a dimensão Divina do sapo está na excelência da sua atividade com vistas a sua finalidade Nossa aqui o Deus mudou de cara você olha para mim várias coisas passam pela sua cabeça a primeira delas é e nós afinal de contas estamos no universo Pois é aqui a constatação é óbvia meus amigos o vento venta frase que você já ouviu o vento venta e venta como só poderia ventar o
vento venta excelentemente o vento venta virtuosamente porque o vento alcança a sua finalidade com maestria a maré a pera e o porco também e assim o olho do Porco é Virtuoso para os gregos porque o porco enxerga a virtude é igual competência para uma certa finalidade e o homem Pois é é forçoso constatar meus amigos que se o vento é necessariamente Divino porque necessariamente competente para alcançar a sua finalidade o homem nem sempre e agora nós estamos rigorosamente na contramão daquilo que te é mais familiar o que que te é familiar nós somos filhos de
Deus e feitos à sua imagem e semelhança e o resto da Natureza é de segunda classe olha só a proposta estóica rigorosamente contrária o resto da natureza é sempre divino e nós de vez em quando por que de vez em quando professor de vez em quando porque para que o divino se manifeste em nós é preciso que conheçamos o noso lugar natural é preciso que conheçamos a nossa atividade precípua e é preciso que excelentemente busquemos a finalidade que é a nossa caso isso não ocorra a o Divino não se manifesta em nós então perceba a
leitura de sneca epicteto Marco Aurélio são leituras maravilhosas para entender isso enquanto o Divino é necessário no vento é contingente por porque o divino se manifesta no Professor Cloves dirá Marco Aurélio porque o professor Cloves ocupa o seu lugar natural desempenha com excelência a sua atividade e alcança maravilhosamente a sua finalidade mas se o professor Cloves decidir abrir uma pousada em bos o Divino deixar de se Manifest perceba que terei que morrer aqui eu acho que a grande convicção do pensamento grego majoritário é que se você conheceu o teu lugar natural e com isso buscar
a tua finalidade você vai encaixar no todo cósmico e encaixando no todo cósmico você ganhará a eternidade é por isso que o divino se manifestará em você Professor Como assim eu vou ganhar a eternidade sim porque o cosmo é eterno se você encaixar no Cosmo você ganha a eternidade Nossa mas de que eternidade estamos falando em outras palavras qual é a salvação do pensamento grego a salvação do medo da morte que é a única que importa a salvação do pensamento grego é essa se você viver certo no lugar certo desempenhando a tua atividade certa e
buscando a finalidade que é a tua você vai ganhar eternidade por quê Porque esse agenciamento atômico que circunstancialmente é você esse vai se desagregar mas os átomos que te constituem passarão a se agenciar de outras formas e assim parte do que constitui você hoje vai virar maçaneta de porta parte do que constitui você hoje vai virar botão sabonete etc então não fique triste você ganhará a eternidade não desse jeito aí mas veja você só vai se entristecer que se você achar que você é o mesmo desde que nasceu você não tá parando de mudar você
é fluxo você é trânsito Você é sempre um reagen camento atômico quando você morrer vai vai haver uma mudança um pouquinho mais radical e você passa a fazer parte de outras coisas mas você estará aderido ao universo como a lepra adere à pele portanto ética grega e uma salvação grega a salvação dos estóicos essa aí a matéria que te constitui daqui não sai você olha para mim e diz Professor É isso aí que eles oferecem para diminuir o nosso medo de morrer é é isso pô mas essa salvação é bem fulustreca hein velho e quem
é que deixou de ter medo de morrer por causa disso aí você só diz isso meu amigo pede porque você conhece o fim da história eles não conheciam o fim da história Eles não sabiam que enquanto eles estavam dizendo isso enquanto eles estavam convencido que o universo era cósmico e que o Divino era essa excelência na busca da finalidade de cada um dos seres tinha um fulano já falando coisas diferentes e sobretudo propondo uma salvação completamente diferente e aqui eu proponho uma análise muito rápida da ruptura do pensamento grego para o pensamento cristão é preciso
que você entenda que quando Cristo falava o pensamento dominante A ideologia dominante as ideias dominantes sobretudo entre os mais instruídos era o pensamento histórico era o pensamento de Marco Aurélio Imperador era o pensamento dos filósofos gregos e aí Cristo começou a propor coisas diferentes em primeiro lugar Deus não é imanente ao universo não Deus transcende não só ao homem mas transcende também ao universo Portanto o Divino não é o universo então claro isso o grego já Olha já olha desesperado mas se não é o universo é o quê é um criador que de Fora criou
tudo mas criou tudo a partir do quê a partir do nada e esse criador mesmo veio da onde sempre esteve e esse criador é o que concretamente um pensamento puro uma Instância pensante absolutamente perfeita que a partir de uma ideia criou tudo o que é de fora para dentro meus amigos você não pode imaginar o que um grego sentia ou um Romano influenciado pelos gregos sentia ao ler as primeiras linhas do Evangelho de São João Evangelho de São João escrito lá por 100 depois de Cristo em grego No princípio era o verbo e essa tradução
para verbo é estranha porque é Logos No princípio era Logos e Logos é pensamento Logos é pensamento que o pensamento tenha como matéria prima o discurso bem isso é uma conclusão do século XX mas na época o que se queria dizer é No princípio era um pensamento puro até aí tudo bem um grego poderia imaginar que o universo pudesse já que ele é cósmico e ele também é compreensível pelo fato de ser ordenado eu poderia dizer que no princípio existe um entendimento vai lá eu aceito mas o verbo se fez carne e habitou entre nós
é Demais como que o todo Universal e a sua lógica imanente poderia se [Música] materializar numa única pessoa por mais fantástica tô de acordo Cristo devia ser muito legal Generoso bondoso amigo carid do muito legal velho mas isso não tem nada a ver com Deus o Deus Cristão portanto Diferentemente do Deus estoico cria o mundo de Fora a partir de uma ideia do nada transcende portanto ao homem e transcende portanto ao próprio universo mas não para por aí o homem Agora não é mais uma figura esquisita no universo o homem recebe um upgrade impressionante se
antes ele era só contingentemente Divino quando usava adequadamente a razão encontrava o seu lugar natural e vivia bem pro homem ser Divino era dificílimo pros historicos enquanto que pro vento bastava ventar agora o homem é filho de Deus e o vento Sei lá não é filho de Deus compõe o cenário pro homem com a mulher os estóicos entraram em colapso mas certamente Não foi isso que mais os irritou o que mais os irritou além da concepção de Deus foi a proposta de salvação porque a proposta de salvação Cristã perto da proposta de salvação estóica era
Prime van Gog era um Audi frente a um Doblô o que que um cristão dizia para um histórico num boteco você aí que que você acha que de morrer o estoico é se porventura Eu Pensando Bem Viver Bem usar bem a caiola encontrar o meu lugar natural encontrar a minha finalidade eu vou virar um pedaço do universo um fragmento de eternidade E aí o que me constitui se eternizará em outras coisas o Cristão Diz nossa Pens a Deus em suma você tá ferrado cara eu vou te propor um outro negócio você morre e vai se
salvar tal como é você se chama como e o cara diz Antônio Carlos Mas então você conserva a identidade de antnio Carlos você conserva corpo conserva alma conserva os entes queridos até o Fiat dobrou se você quiser você pode levar é tudo joinha velho só fica aqui o que não presta o que é bom você pode levar com você o grego diz do que você tá falando cara não é porque tem um de de de Fora que criou o mundo e criou o mundo de fora para dentro e aí Alguns vão se salvar e aí
esses que forem se salvar vão se salvar com tudo aí o grego diz Ah Deixa de bobagem tô falando e o grego perguntaria o que que é preciso então só só uma coisa ter fé eu não falei que tem um Deus que Criou de fora para dentro então fala com ele conversa com ele vê o que ele quer de você ele é um cara legal na época ele tava até vivo por aí conversa lá com o cara velho e aí então a salvação é uma salvação de primeira classe então num determinado momento da história circulavam
pelas ruas dois discursos o discurso filosófico grego da salvação de primeiro tipo e o discurso cristão da salvação de segundo tipo e como é que esses discursos circularam poderíamos estabelecer uma verdadeira Fronteira de classe você acha que o discurso Cristão ganhou apoio de quem isso dos iletrados mesmo entendeu o discurso Cristão ganhou o apoio dos não escolarizados digamos E por que não dizer dos mais humildes para falar como Deus e quem é que Manteve o discurso histório os que tinham estudado mais os estóicos ficaram muito bravos e não se brinca com o conceito de Deus
então o Marco Aurélio mandou matar o primeiro pai da igreja e os primeiros cristãos Você se lembra você estudou na história O problema é que a história que a gente estuda é a história do nosso lado né E aí então o que a gente estuda é que coitadinhos eles foram realmente massacrados mas não é que eles foram massacrados havia uma luta de duas ideologias uma luta de duas propostas de conceit a Deus e sobretudo uma luta entre duas propostas de salvação uma estóica e outra Cristã os cristãos chamavam a perspectiva estóica de pagãos você conhece
o fim da história os cristãos engoliram a proposta estóica até hoje Eis aí então esta passagem e esta ruptura Ora que consequências o cristianismo traz na sua concepção de Deus em primeiro lugar a concepção Cristã de Deus do ponto de vista moral traz consequências importantes até hoje a primeira delas é a igualdade entre os homens eu já tive oportunidade de dizer aqui mas eu redigo o pensamento grego era um pensamento aristocrático em outras palavras para os gregos existe uma hierarquia natural entre os seres em outras palavras alguns seres são melhores do que outros e isto
quer dizer o que exatamente o que significa ser melhor quer dizer mais adequadamente a finalidade que é a sua Alguns são melhores do que outros então este é o primeiro traço aristocrático grego existe uma hierarquia entre os seres e esta hierarquia natural é indesmentível existe olhos melhores do que outros existem estômagos melhores do que outros existem professores melhores do que outros existem médicos melhores do que outros existem ventos melhores do que outros e assim por diante em outras palavras Os seres no Universo são desiguais uns são melhores do que outros porque mais competentes do que
outros essa é a primeira ideia Qual é a segunda ideia a segunda ideia é que essa hierarquia natural entre os seres deveria se traduzir numa hierarquia social e política em outras palavras os melhores mandam os melhores devem controlar deter o poder mandar enquanto que os demais obedecem ora em que medida o cristianismo vai romper com o pensamento grego meus amigos nenhum Cristão negaria que existem coisas melhores do que outras nenhum Cristão negaria que existem pessas mais competentes do que outras mas para o cristianismo as diferenças naturais de competência não tem nenhuma importância moral porque o
que importa é o uso que você faz destas competências ou destes talentos a Parábola dos Talentos é esclarecedora foram entregues para um cinco moedas para outro duas moedas e se não eram exatamente cinco e duas não me aborreça e para outros uma moeda o primeiro pega cinco moedas e devolve 10 porque recebeu na medida da sua competência e foi aplaudido por isso o segundo pegou duas moedas volveu quatro recebeu na medida da sua competência fez frutificar foi parabenizado por isso e a fórmula você fez frutificar Parabéns o outro que passou de duas para quatro você
fez frutificar Parabéns é a mesma fórmula Eles são desigualmente competentes mas receberam o mesmo parabéns por quê Porque fizeram o mesmo uso do seu diferente talento e o terceiro pegou o talento que recebeu talento era também dinheiro né mesma palavra que antes queria dizer dinheiro virou a o prato da balança e depois virou aptidão pessoal né mesmo mesma palavra vários sentidos você recebeu um talento e enterrou E agora me devolve um único talento imbecil eu falei imbecil você se chocou mas a as palavras na Bíblia são muito mais fortes Você pode encontrar em João você
pode encontrar em Lucas a mesma parábola e em Lucas a revolta contra o último é ainda mais violenta por quê Porque o valor moral de uma conduta não tem a ver com a habilidade e a competência natural de quem Age mas tem a ver com o uso que esta competência natural toma deliberadamente decidido por quem age o que importa portanto é a vontade o que importa portanto é aquilo que decidimos fazer livremente com as nossas competências o valor moral muda de foco a virtude para os gregos é competência natural para os cristãos é o uso
da competência natural meus amigos o pensamento Cristão a partir do século X sente a necessidade da demonstração da existência de Deus e a demonstração da existência de Deus vai ocupar o pensamento do homem durante muitos séculos são propostas vários tipos de prova eu vou destacar dois tipos de prova as provas ditas ontológicas e as provas ditas cosmológicas o que caracterizam as provas ontológicas as provas desculpe ontológicas são a priori o que isso quer dizer a priori em filosofia quer dizer elas independem de qualquer experiência sensorial do mundo já as provas cosmológicas dependem de uma certa
experiência sensorial do mundo as provas ontológicas que eu passo a examinar aqui rapidamente para não te enfadar muito todas elas obedecem a mesma perspectiva metodológica Se Deus é isso então ele tem que existir em outras palavras eu concluo pela existência de Deus a partir da definição que eu dou a Deus eu não preciso olhar pro mundo eu não preciso constatar Nada no mundo eu apenas deduzo logicamente três são as grandes provas a primeira delas de um indivíduo chamado Anselmo Santo Anselmo nós estamos aí em e alguma coisinha e Santo Anselmo esu um um texto chamado
pós logum ele escreveu um primeiro chamado logum aí ele não concordou em nada com o que ele tinha escrito então ele escreveu um pó logum desmentindo tudo que ele tinha falado e nesse pós logum Anselmo propõe o seguinte Deus é aquilo de mais grande que eu posso pensar eu vou dizer mais grande para você entender que é tamanho e não qualidade Deus é aquilo de mais grande que eu posso pensar ora se Deus é aquilo de mais grande que eu posso pensar ele tem que existir porque se ele não existir aquilo que existir será mais
grande do que Deus você olha para mim e diz Professor isso é a coisa mais tosca que eu já ouvi o senhor me promete a demonstração da existência de Deus e o senhor me vem com uma pirueta dessa um jogo de palavras que sai do nada e chega a lugar nenhum eu te entendo mas lá no século X essa demonstração causou um furor e rendeu a Anselmo a condição de maior filósofo Cristão até então mais ou menos na mesma linha de Anselmo descart descart escreveu um livro cuja leitura Eu recomendo muito já falei desse livro
aqui meditações metafísicas e na terceira meditação metafísica descart propõe a demonstração da existência de Deus pela ideia de perfeito vem comigo Se Deus é perfeito ele tem que existir porque se ele não existisse ficaria faltando alguma coisinha para ele ser perfeito você ri não é já se julga capaz de zombar de descart a coisa funciona mais ou menos assim olha eu penso Deus ponto Deus é perfeito ponto eu sou imperfeito ponto eu não poderia pensar Deus ponto por quê se eu sou imperfeito tudo o que eu penso é contaminado de imperfeição portanto Deus é aquele
que permite que eu pense o perfeito mesmo sendo imperfeito prova do Absurdo Rio menos agora né a prova é bem não entendeu mas olha eu eu eu juro que eu achei que tava fácil Olha só Deus é perfeito eu penso Deus portanto eu penso algo perfeito só que eu sou imperfeito se eu sou imperfeito eu não poderia pensar algo perfeito o fato de eu pensar Deus é um absurdo o que é que permite que eu imperfeito pense Deus que é perfeito o que é que permite que eu imperfeito tenha uma ideia de algo perfeito é
Deus Deus é o ente perfeito que que permite que eu mesmo imperfeito pense Deus que é perfeito e se você disser que não entendeu Veja a não compreensão não é nenhum demérito eu não vou fazer mais nenhum esforço procura ver velho eu penso Deus Anselmo eu penso Deus e Deus é grande para burro como é que eu que tenho uma consciência de titica posso pensar Deus que é tão grande é a prova de que Deus existe Deus é aquele que me permite a mim imbecil pensar Deus que é tão grande decarte eu penso Deus que
é perfeito como eu que só penso porcaria posso pensar a Deus que é perfeito Deus é aquele que permite que eu pense a perfeição mesmo na imperfeição E libit no lugar de grande e de perfeito infinito eu não posso pensar o infinito Deus é infinito eu penso Deus tem um problema aí quem é que me permite pensar Deus mesmo não podendo pensar Deus é Deus Deus é aquele que permite que eu pense o infinito Mesmo não tendo condições para isso você olha para mim e diz Professor essas provas ontológicas são frustrantes Eu concordo com você
eu só fiquei magoado Porque você riu é porque você desconsiderou o momento histórico que elas foram propostas nesse momento as pessoas acreditavam muito na lógica eu não sei se você percebeu mas quando o homem foi demonstrar a existência de Deus Ele demonstrou via indireta né ele não encontrou Deus na rua Ele demonstrou via indireta ou seja eu vou encontrar alguma coisa no mundo que prove que Deus existe e o que é que o homem encontrou no mundo que ele considerou mais próximo de ter sido proporcionado por Deus mais provável de ter sido proporcionado por Deus
o que ele encontrou foi o próprio pensamento portanto como é que você resume essas provas ontológicas mais ou menos assim eu penso logo Deus existe porque é muito Improvável o fato de eu pensar Portanto o meu pensamento é o que existe de mais revelador da existência de Deus As provas cosmológicas elas são diferentes as provas cosmológicas concluem pela existência de Deus a partir da análise do mundo de uma certa maneira a primeira dessas provas é a de Tomás de Aquino nós estamos em 1250 Tomás dequino dirá o mundo é perfeito demais para ter nascido do
nada toms deino também tudo no mundo é movimento e nada se move por si mesmo portanto se tudo depende de forças externas para se mover evidentemente que é preciso que haja um motor inaugural Tomás de Aquino também dirá tudo o que existe tem uma causa que lhe é exterior portanto se a causa também existe é preciso que uma causa exterior lhe tenha causado e assim de causa em causa eu tenho que chegar em alguma coisa que seja causa de si mesmo e esta é a mais conhecida definição de Deus da filosofia Deus é causa inui
Deus é o causador de si mesmo na mesma linha de reflexão cosmológica volta e Rous o universo é um relógio e se você encontrar um relógio em Marte você vai procurar por um relogo pois Deus é o relogo do relógio Universal qualquer célula do nosso organismo é mais complexa do que um relógio portanto com mais razão ainda é preciso Um relogio Ero que tenha colocado tudo em ordem que tenha concatenado as finalidades que tenha organizado tudo Deus é o relogio Ero do relógio Universal Olha meus amigos até aqui perceba que essas demonstrações da existência de
Deus sempre fazem alusão a um Deus transcendente e criador eu proponho agora uma segunda perspectiva de Deus ainda transcendente ao homem é o Deus de Espinosa o Deus de Espinosa é o todo o Deus de Espinosa é tudo o que é desta maneira o Deus de Espinosa não está no meio de nós o Deus de Espinosa é nós o Deus de Espinosa são todos os entes em relação o Deus de Espinosa é o mundo você dirá Ah é parecido com os estóicos parecido mas só parecido por quê Porque pros estóicos o Divino é a relação
do corpo com a sua finalidade e a maravilha do corpo frente à sua finalidade Pra Espinosa a finalidade é uma ilusão ele já é um moderno já sabia que o todo Universal não é cósmico e portanto o Deus de Espinosa é o Real como ele é caótico torto injusto as asqueroso feio medonho o Deus de Espinosa é o mundo nas suas relações você poderia me perguntar mas por que chamar de Deus o que não é Deus como nós conhecemos e Espinoza responde porque o meu Deus tem a mesma característica tem os mesmos atributos do seu
Deus como assim ué o Deus cristão não é onipotente O meu também é ele é toda a potência o Deus cristão não é onisciente O meu também é ele é toda a ciência o Deus cristão não é onipresente O meu também é ele é tudo o que é o Deus cristão não é eterno O meu também é você olharia para mim e perguntaria mas como o real é eterno É e aqui vem fabuloso o real não morre o mundo não morre o universo não morre Deus não morre o todo não morre quem morre são as
partes que o constituem porque morremos de nos encontrar morremos de nos relacionar morremos porque nos afetamos uns aos outros morremos de tristeza morremos de perde potência morremos porque nos relacionamos entre nós mas o todo porque é todo não se relaciona com nada portanto portanto não morre não se entristece nós morremos Em Nome de Deus diz Espinosa jamais o contrário é mais ou menos como no seu corpo a células vão morrendo e você continua vivo só que você além de ser constituído por partes é parte do todo por isso morre também você que é célula de
Deus Deus que é o todo perceba a diferença para os cristãos Deus está no meio de nós para Espinosa é nós é totalmente diferente para os cristãos Deus é criador e nós criatura para Espinosa Deus Criador e criatura ao mesmo tempo dou-vos um exemplo definitivo estudando lá com os Jesuítas Fui a uma confissão e o padre me perguntou e aí como vai a masturbação eu me surpreendi com a pergunta me respondi vai bem o padre disse cuidado mocinho porque Deus vê tudo ele está em todas as partes aquilo produziu sobre mim um efeito devastador aquelas
idas rápidas ao banheiro do colégio foram acompanhadas de Deus procurei me cobrir de edredons e mais edredons aqui não vai entrar que me Valeu verdadeiros suadouros mas o padre Dutra tinha antido Deus vê tudo com olhos que atravessam o edredon portanto perceba que na Perspectiva Cristão Cristã Quando você vai para o banheiro do colégio com a revista na minha época era época da ditadura a revista não mostrava nada mas era o suficiente para os meus hormônios então entrávamos no reservado eu a revista e Deus o Deus de Espinosa entra também só que em mim o
Deus de Espinosa é a ereção o Deus de Espinosa é o movimento onanista o Deus de Espinosa é o orgasmo o Deus de Espinosa é a depressão pós orgastica o Deus de Espinosa é o que é e daí bom E daí que o Deus de Espinosa sendo o que é ele não julga porque ele não é terceiro em relação à conduta ele é o agente o Deus de Espinosa sendo o que é ele não Condena o Deus de Espinosa sendo o que é ele é o que é o estupro do recém-nascido o Deus de Espinosa
é o que é o Real como ele é naturalmente se você tem na Perspectiva Cristã a ideia de que depois de 7 anos de vacas magras virão 7 anos de vacas gordas Espinoza é o primeiro a afirmar que nem sempre o Real sendo o que é Ele não carrega com ele nenhuma ideia de justiça porque a perspectiva de uma Justiça equilibr e que distante e compensatória é só um Delírio humano bem todos esses pensadores que eu citei até aqui são pensadores que falam de Deus como um Deus transcendente ao homem a partir de agora a
segunda metade da minha a eu passo a falar do Deus criado pelo homem em outras palavras desde que o homem existe aparentemente ele Sentiu necessidade de criar um Deus e caberia a pergunta por quê o primeiro autor que eu trago aqui é um chamado Ferb escreveu um livro chamado a essência do cristianismo eu estou em 1841 e Ferb diz simplesmente o Homem inventou Deus para que transcenda sobre ele e inventou Deus por quê Porque precisou inventar e precisou inventar por quê Porque a sua vida no mundo material a única vida que é o levou a
necessitar desta crença a crença de um Justiceiro a crença de um organizador a crença de um ordenador a crença de um relojoeiro a crença de alguém que está fora e que e organiza o que está dentro feuerbach deixa muito claro o Homem inventou Deus porque nunca entendeu que a sua existência é exclusivamente consequência dele mesmo e da materialidade que o constitui e Deus como tudo que acontece com o homem é uma consequência estrita das condições materiais em que o homem sempre viveu logo depois de feuerbach um discípulo certamente um discípulo que o superou Eu me
refiro a k Marx quando se pensa em Deus em Marx surge imediatamente uma frase conhecida de todos a religião é o ópio do Povo na perspectiva de Marx também o Homem inventou Deus o Homem inventou Deus e mais do que isso O Homem inventou um culto para Deus e mais do que isso O Homem inventou comportamentos que a vontade de Deus mais do que isso O Homem inventou comportamentos adequados e inadequados em função da vontade de Deus que ele mesmo inventou E por que isso na Perspectiva marxista tudo que acontece no mundo tudo que é
visível tal como a religião a moral Deus o estado a política e a educação por exemplo só podem ser explicados por uma matriz material e social que é a produção de bens materiais de tal maneira meus amigos que são as forças de produção e as relações de produção numa sociedade a causa última do Divino em outras palavras eu não posso entender Deus a partir de uma análise estritamente religiosa ou teológica eu não posso entender os discursos sobre Deus olhando apenas para os discursos sobre Deus eu não posso entender nenhum nenhuma in nenhuma teoria a respeito
de Deus olhando apenas para ela existe um subterrâneo explicativo e esse subterrâneo explicativo que Marx chama de infraestrutura é a maneira como o homem produz bens materiais na sociedade a título de exemplo na sociedade capitalista na sociedade capitalista o homem produz Bens Materiais em função de um divisor a sociedade se divide em dois proprietários dos meios de produção e não proprietários dos meios de produção nesse sentido nesse sentido fica evidente que a compreensão de todos os fenômenos sociais como o direito como a moral Como a educação dependem do entendimento de como os bens materiais são
produzidos ou seja da relação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção burgueses e proletários e burgueses e proletários se relacionam conflituosamente e por que se relacionam conflituosamente porque porque tem apetites excludentes o burguês quer aumentar o seu lucro e o proletário a renda da venda da força de trabalho apetites excludentes então você percebe que burgueses e proletários se enfrentarão burgueses e proletários se enfrentarão numa luta de classe e Deus é o resultado da luta de classe Deus é uma consequência entre outras da luta de classe Deus é um Deus burguês e a religião
é o ópio do proletariado você dirá por quê ora porque o burguês ele ganha sempre a luta contra o proletário porque ele explora o trabalho do proletário ele detém as condições materiais de venda da da força de trabalho o proletário só trabalha se ele quiser como ele quiser quando ele quiser onde ele quiser e o proletário além de tudo costuma ser abundante assim se não quiser tem outro curiosamente o proletário costuma saber se defender quando detém uma competência Rara no sistema produtivo mas quanto mais rara é a sua competência menos a sua resistência poderá ser
de classe e mais ela é individual Portanto o burguês explora e controla o trabalho do proletário e portanto a luta de classe é uma dominação de classe e o que é que Deus tem a ver com isso ora meus amigos poderíamos imaginar que a burguesia controla o proletariado na porrada violência física de fato a polícia é burguesa sabemos disso é só ver quem a polícia para na rua e você perceberá que a polícia é uma polícia de classe sabemos que a justiça é classista é só dar uma chegadinha nos presídios e você perceberá quem é
que está lá dentro mas a burguesia controla o proletariado não é porque detém a polícia o governo o Exército o corpo de bombeiros etc porque não é batendo o proletário para cada segundo de revolta tem anos e anos de submissão sem revolta é sinal que o proletário em grande medida participa do sistema pacificamente de uma certa forma o proletário e o burguês concordam com uma certa ideia de como o mundo deveria funcionar o proletário e o burguês concordam com uma certa lógica de como a sociedade deve acontecer o proletário e o burguês controlam mais ou
menos sobre o que é certo e o que é errado o proletário e o burguês concordam sobre a propriedade privada o proletário e o burguês controlam sobre jornada de trabalho proletário e burguês concordam sobre tanta coisa e você dirá como explicar tanta concordância se as discrepâncias materiais são tão abissais como explicar tanta concordância diante de tanta discrepância e naturalmente A Dominação ideológica é a única explicação o proletário está convencido de que o burguês tem razão e vice-versa em outras palavras burgueses e os parece que flutuam sobre uma mesma Matriz ideológica de definição do que é
certo e do que é errado discordâncias há mas que nunca colocam em risco a sociedade em questão professor e o que é que Deus tem a ver com isso ora meus amigos Deus contribui e muito para que as pessoas suportem a vida que lhes toca Deus contribui muito para que as pessoas não se uram contra as discrepâncias materiais evidentes Deus contribui muito para que milhares de Miseráveis não se revolt contra dois ou três privilegiados Deus contribui para garantir que é mais provável que um camelo passe pelo buraco de uma agulha do que um rico entre
no reino dos céus Deus contribui muito para que não haja maiores exigências sobre uma repartição mais equidistante das dos bens materiais sobre a terra portanto Deus é é junto com o seu culto e as suas instituições o ópio do Povo uma espécie de anestésico que impede a reivindicação do que obviamente seria reivindico é menos privilégios e mais igualdade muito bem a terceira perspectiva do Deus criado pelo homem além de feuerbach e Marx é a de dorim nós estamos no final do século XIX passagem do século X para o século XX e jorim é o pai
fundador da sociologia e jorim vai propor que a religião é um fenômeno social a religião é um fato social e portanto tem que ser cientificamente estudado a religião é uma produção do homem e esta produção do homem tem causas propriamente sociais que merecem um estudo científico o primeiro grande texto da sociologia das religiões escrito por jorim um grande livro chamado formas elementares da vida religiosa nesse livro forma elementares da vida religiosa pai fundador da sociologia Eu repito se esforçará para mostrar que a religião nada mais é do que um trabalho social de classificação das coisas
e das ideias classificação entre sagradas e profanas em outras palavras toda a sociedade sente a necessidade de dividir o mundo em sagrado e profano e o que é Deus Deus é uma Entre várias componentes daquilo que uma sociedade considera sagrado ora meus amigos você perguntará mas o que é o profano eu responderei é o que não é sagrado e o que é o sagrado e eu responderei é o que não é profano e você dirá mas essa tautologia é estúpida não ela é explicativa em outras palavras o que que é sagrado numa sociedade é o
que uma sociedade define como sendo sagrado pode ser um guarda-chuva pode ser uma vaca pode ser um pedaço de madeira cortado por outro pedaço de madeira pode ser a estátua de um antepassado pode ser um rio pode ser um monte pode ser tanta coisa a história das religiões são prenes de exemplos é sagrado o que uma sociedade considera sagrado e como que você define o sagrado como sendo um conjunto de coisas apartado diferente excluído e distinto em relação ao profano a a definição de sagrado e profano portanto são definições referenciais como se diz tal como
o norte e o sul é impossível definir o norte senão a partir do Sul e é impossível definir o sul senão a partir do Norte assim é o sagrado e o profano naturalmente o trabalho de definição do Sagrado e do profano na sociedade é um fato social é uma produção social que decorre das necessidades de uma sociedade para se organizar em outras palavras perceba para jkim o fato de Deus sempre ter estado presente não decorre necessariamente de necessidades psicológicas de cada um dos homens mas de uma necessidade social de organização do mundo social de uma
certa maneira a religião aparece como um enorme elemento legitimador da estrutura social da organização social e os fatos são indesmentível e os monarcas os tiranos os presidentes poder terrestre ao longo de toda a história da humanidade sempre mantiveram relações privilegiadas de uma certa maneira não é possível entender porque uma sociedade se organiza como se organiza se não levarmos em consideração a sua lógica o seu mecanismo de produção de sagrado e de profano de uma certa forma o culto religioso na Perspectiva sociológica é uma forma de materialização de condutas que visam reproduzir a crença no sagrado
de uma certa forma o culto religioso é uma forma didática de reprodução porque as pessoas morrem e outras nascem de reprodução numa crença coletiva nas coisas sagradas e você dirá Mas por que todos acreditam na vaca Sagrada e a resposta é porque todos acreditam na vaca Sagrada afinal de contas quando a crença é coletiva ela tende a ser galvanizadora e portanto é justamente pelo fato de todos acreditarem num certo sagrado que todos passam a fazê-lo e portanto instala-se uma lógica de reprodução de crenças absolutamente organizada por instituições e cultos Eu posso te garantir que a
proposta de jorim é uma das mais fecundas da história das ciências humanas e naturalmente a leitura das formas elementares da vida religiosa uma das mais recomendadas para você entender o que se entende por Deus nos dias de hoje no século XX um discípulo de de Jim filósofo francês o mais brilhante eu diria propriamente do século XX cujo nome é Pierre bourdieu e que naturalmente teve como maior Ponto Alto do seu currículum ter sido meu orientador de doutorado B dirá o seguinte de fato o sagrado e o profano são uma construção social tem razão mas eu
vou melhorar isso por qu Porque nessa construção do Sagrado e do profano não são todos participam Ou pelo menos nem todos participam com a mesma eficácia e contundência em outras palavras explica bour a sociedade se especializou de tal maneira que nos dias que correm a definição do que é e do que não é sagrado é obra de especialistas de uma certa maneira especialistas que nem sempre se entendem entre si e portanto não só não são todos que participam da definição do Sagrado como os que participam e TM legitimidade para isso estão em luta pela definição
do Sagrado e do profano meus amigos existe uma legitimidade para da Luta pelo que é sagrado e o que é legitimidade legitimidade é autorização social chancela social é um direito socialmente atribuído a sociedade não dá a todo mundo o direito de se manifestar sobre o que é e o que não é sagrado do mesmo jeito que a sociedade não deixa todo mundo falar sobre filosofia do mesmo jeito que a sociedade não deixa todo mundo ser médico do mesmo jeito que a sociedade não deixa todo mundo advogar do mesmo jeito que a sociedade não deixa todo
mundo dirigir carro de Fórmula 1 do mesmo jeito que a sociedade não deixa todo mundo jogar futebol em estádio do mesmo jeito que a sociedade não deixa todo mundo fazer quase tudo a sociedade também não deixa todo mundo participar da definição do Sagrado e do profano obra de especialistas e Bur vai propor eu peço que anotem tecnologia de ponta da reflexão sobre Deus bord vai propor o conceito de Campo religioso e o que é um campo social aprenda para nunca mais esquecer o que é por exemplo o campo jurídico O que é o campo médico
o que é o campo jornalístico O que é o campo publicitário O que é o campo político O que é o campo religioso O que são os campos sociais o campo é um espaço trato de posições e de relações o campo é um espaço de posições e de relações onde agentes específicos atuam buscando troféus cujo valor É restrito à aquele campo ou sendo regras válidas só para aquele Campo segundo estratégias que só fazem sentido naquele campo e disputando um capital de notoriedade de reconhecimento de prestígio de glória também exclusivo daquele Campo portanto meus amigos se
bord diz que existe um campo religioso ele está dizendo que existe um espaço de agente sociais socialmente legitimados para definir o sagrado socialmente legitimados para falar sobre Deus socialmente autorizados a lutar pela definição legítima de Deus e que respeitam regras e que buscam troféus e que buscam troféus que implicam um acúmulo de capital propriamente religioso de notoriedade prestígio glória e assim por diante naturalmente dirá bour A Luta pelos troféus religiosos a luta pela notoriedade a luta pelo monopólio da definição do Sagrado ela no campo religioso vem muito travestida de respeito às divindades que elas mesmas
fabricam de uma certa maneira os postos mais disputados do campo religioso quase sempre são apresentados fora do campo religioso como o resultado de uma concordância concordância que na verdade esconde disputas ridas E fratricidas então para que entendam a ideia de campo para que entendam a ideia da relativa autonomia dos Campos talvez e eu me refiro ao conceito de Pierre bour talvez eu pudesse falar do campo acadêmico Campo que eu conheço melhor eu acho que os senhores sabem mas existe um certo número de pessoas que jogam o jogo da academia e a expressão jogo não é
ruim ela é boa o que significa jogar o jogo da academia disputar disputar troféus acadêmicos Professor Quais são os troféus acadêmicos Ora eu não não vou entrar em detalhes mas eu acho que você mesmo não jogando o jogo acadêmico sabe que por exemplo ser professor da instituição a vale mais do que ser professor da instituição B E isso não é uma questão de salário muito pelo contrário eu acho que você mesmo não jogando o jogo acadêmico sabe que dentre os professores da instituição a nem todos têm o mesmo capital acadêmico e que portanto existe uma
luta pelo reconhecimento uma luta pela consagração uma luta por títulos sabe Doutor livre docente adjunto titular catedrático Deus etc eu acho que você sabe que o campo acadêmico é um espaço de concentração dramática de prestígio e que para cada Marilena xi existem centenas de milhares de professores autorizados apenas a aplaudir quando ela permite autorizados a comprar seu livro para ler e eventualmente pedir aos alunos que Leiam tal como em qualquer Campo os agentes sociais não valem a mesma coisa e o campo se estrutura de maneira a concentrar cada vez mais o capital na mão de
alguns que detém os troféus do Campo e esses alguns obviamente acabam definindo também as regras de funcionamento do campo as regras que mais lhes interessam para conservar a distribuição de troféus que já se encontra em marcha portanto todo Campo Tem dominantes conservadores dominados subversivos e pretendentes esses que nem entraram ainda os pretendentes ao campo acadêmico estão tentando mestrado Eles não têm a menor ideia do caminho a percorrer e o que é mais fascinante rapidamente percebem o valor estritamente simbólico dos Troféus em disputa eu me lembro que quando eu eu fui prestar concurso para entrar na
USP eu me empenhei visceralmente porque aula na USP era para mim o troféu enquanto eu não desse aula na USP Eu Não valeria nada não importava se os meus alunos me aplaudiam em Santos em Sorocaba em mid das Cruzes em Campinas na Moca no Ipiranga não importava não importava se no meu aniversário me dava um bolo de morango ench chigas me elegiam paranin f portava dar aula na úp era fundamental então quando abriu o concurso Eu entrei com todas as tripas no concurso e o meu filho olhava para mim o meu filho que se viu
privado da companhia do pai durante toda a preparação e disse quanto você vai ganhar nesse negócio e eu dizia quase nada Mas então por quê E é claro que fica óbvio que só pode entender o valor do troféu completamente quem disputa o troféu e só disputa o troféu quem joga aquele jogo vale para o campo publicitário aonde os troféus T mesmo forma de troféu vale para o campo jornalístico vale para o campo econômico e assim por diante você percebe então que o campo religioso passa a ser um espaço de de de iniciados um espaço iniciado
de iniciados um espaço de autorizados um espaço de daqueles agentes que cuja vida é consagrada à luta pela definição do Sagrado legítimo naquela sociedade e naturalmente como em qualquer Campo não é um espaço de concordâncias mesmo que aparente ser é um espaço de luta é um espaço de luta ferrenha pela definição do que a sociedade deverá entender e não deverá entender por sagrado naquele lugar perceba é sagrado portanto aquilo que os agentes socialmente autorizados a definir o sagrado definem como tal proposta de Pierre BD naturalmente a sociologia das religiões é um dos segmentos da sociologia
que mais floresceu no século XX eu mesmo Participei de inúmeras bancas algumas maravilhosas de estudos sociológicos sobre a produção do Sagrado no mundo eu poderia citar algumas bancas que eu participei uma delas maravilhosa um estudo sobre o jornal folha universal um estudo sobre as estratégias editoriais e as políticas editoriais do jornal folha universal um estudo do conceito de Deus no jornal folha universal e você dirá Ah mas o conceito de Deus do jornal folha universal é não tem nada a ver com Deus e não se você aceita que Deus é uma produção social e portanto
folha universal é um agente entre outros na luta pela definição do divino de uma certa maneira a definição legítima de Deus passa pela definição legítima de quem tem poder para definir legitimamente o Divino meus amigos a perspectiva sociológica da reflexão sobre Deus é auspiciosa e interessantíssima mas essa aula tem que chegar ao seu fim e eu gostaria de trazer aqui duas reflexões estritamente contemporâneas em outras palavras do século XX para que não tenhamos ideia de que a reflexão sobre Deus é uma coisa de gente velha e eu queria trazer de um lado aquilo que se
convencionou chamar da reflexão sobre Deus no pensamento pós-moderno e de outro lado um exemplo de reflexão filosófica sobre Deus no pensamento contemporâneo Que nada Tem de pós-moderno a primeira reflexão que eu considero muito simpática sobre Deus é a proposta pelo professor Michel mafezoli meu amigo a quem eu tive a oportunidade de traduzir muitas vezes aqui no Brasil e que já me recebeu na França em congressos internacionais muitas vezes e que escreveu um livro sobre Deus chamado a parte do diabo traduzido pela Editora Record Qual é a ideia central do pensamento de Michel mazol a sociedade
pós-moderna segundo mafezoli é uma sociedade mais tolerante com os apetites do corpo de cada um procure me entender enquanto a sociedade moderna exigia de você discursos identitários enrijecidos do tipo eu sou rotariano eu sou corintiano eu sou católico eu sou e esses eu sou para sempre né vho sou casado com Lurdinha franqu ental Gomes Antão o próprio sobrenome da mulher já não permitia o divórcio uma coisa não terminava mais trabalho na Nestle 255 anos e pego sempre o mesmo caminho eu sou aquele eu então os discursos identitários sempre foram discursos enrijecedores da existência do homem
e é claro que isso sempre representou um grande problema porque a afinal de contas o nosso corpo é fluxo é trânsito os nossos apetites mudam de direção a cada segundo e você tendo que respeitar tantas referências imutáveis você acabava percebendo que o teu corpo desmentia o discurso sobre você a cada segundo o homem moderno segundo Michel mafezoli é um homem desesperado como se não bastasse isso como se não bastasse a rigidez identitária da modernidade clássica a sociedade moderna tinha a pretensão do Risco zero a ideologia do Risco zero consistia em normatizar a vida da mais
da maneira mais detalhada possível lei para tudo fazendo com que não houvesse o menor risco de você sofrer uma agressão uma violência se dar mal uma injustiça etc etc República de vaimar o homem absolutamente controlado por uma pretensão estatal garantidora de uma estabilidade e de uma paz consolidada ora essa normatização excessiva essa excessiva da vida moderna fez com que o homem moderno ele de uma certa forma ele confin dentro dele para usar o termo freudiano ele recalc quase tudo das suas aspirações desej dessas mais cotidianas mais diárias mais episódicas e mais contingentes uma bunda atraente
por exemplo deveria ser evitada porque poderia colocar em risco o matrimônio com Lourdinha Gomes Antão Almeida Prado sei que Ou isso ou o cinismo absoluto então a perspectiva de Michel mafezoli é que o monoteísmo moderno com seus códigos de Conduta opressor sempre operou na contramão do trânsito dos apetites e o monoteísmo moderno que sempre caminhou lado a lado com uma grade de valores indiscutíveis e absolutos sempre condenou o homem a abafar dentro de si a amordaçar dentro de si o trânsito libidinal dos seus apetites de forma absolutamente asfixiante e Michel mafezoli vai interpretar o nazismo
por exemplo como uma espécie de retorno do recalcado o homem não aguenta mais e de repente a panela de pressão explode e a modernidade protagonizou enormes catástrofes por conta dessa sua pretensão castradora em nome do Risco zero da higienização da moral de todos da Moral canana da moral absoluta dos valores indiscutíveis da positivação radical do direito de leis para tudo etc etc etc pois muito bem o mundo pós-moderno é diferente e por quê não só porque permite que você se defina de maneira mais leve do tipo ah eu tô com eu tô com Lurdinha mas
não sei não se você quiser um outro exemplo fiquei com quatro ontem se quiser mais um pouco estilo meu filho bejei 40 mas o Rogério filho da empregada beijou 42 e isso não me entra velho você percebe que o verbo ficar segundo Michel mafezoli verbo próprio do nosso vernáculo é o mais absolutamente indicativo da pós-modernidade não é casar não é namorar não é um não é uma afer é ficar por quanto tempo pelo tempo que os afetos determinarem e se os afetos demorarem o espaço de um ósculo bucal que seja a sociedade pós-moderna aceita que
de tempos em tempos o homem o homem subverta e por isso Michel mafezoli um dos mais brilhantes pensadores do pós-guerra dirá que o Brasil é um símbolo de uma sociedade equilibrada e pós-moderna E por quê Porque autoriza A subversão exemplo o carnaval exemplo as festas religiosas exemplo Salvador em outras palavras é porque o homem pode de vez em quando aloprar que ele não vai ficar em outras palavras ao invés do nazismo retorno dramático do recalcado uma sessão de bimbas alucinadas a cada três meses e eu já me Acalmo portanto no lugar de um Deus com
valores absolutos uma sociedade que tranquiliza a todos garantindo a parte do diabo como a sociedade do Brasil segundo Michel mafezoli e quando uma Folia elogia o Brasil eu posso lhes garantir é muito sincero eu conheço poucos brasileiros que gostem mais do Brasil do que este cidadão um outro exemplo da superioridade da nossa sociedade é a possibilidade da eleição de alguém para Presidente da República que diz respeita os cânones autorizados acadêmicos e consagrados e monolíticos das condições mais legítimas de exercício da presidência da república só uma sociedade que aceita o novo só uma sociedade que aceita
o diferente só uma sociedade disposta a revolucionar só uma sociedade como a brasileira poderia protagonizar iniciativa tão tão tão assim não se trata de elogiar Lula especificamente porque não é o caso da pessoa Lula nem do governo Lula é do que representa a parte do diabo assim segunda proposta pós-moderna é de de um fulano também francês chamado gile lipovetsky gile lipovetsky também é pós-moderno e portanto também concorda com mafezoli embora os dois sejam inimigos Mortais eu também conheço o lipovetsky também é meu amigo também já fui para lá por causa dele também já traduzi ele
aqui os dois não sentam na mesma mesa mas dizem coisas muito parecidas talvez por isso não sentem na mesma mesa o que que lipovetsky diz que o homem moderno é um homem engessado um homem cuja conduta sempre foi escravizada por uma ideia enrijecida de si mesmo o homem pós-moderno diz lipovetsky é um homem que pode fazer sua vida alacard seg segunda-feira yoga terça-feira candomblé quarta-feira curso de Filosofia quinta-feira Adultério sexta-feira voluntariado sábado sair com a família domingo futebol com os amigos e dentro dessa perspectiva [Música] Deus não mais deve e pode ser explicado como uma
construção que explica a ordem social mas Deus deve ser entendido como uma um traço distintivo e discriminador da privacidade de cada um em outras palavras a religião e o pertencimento religioso deixaram de ser uma questão pública e passaram a ser uma questão da esfera individual privada e em si mesma de cada um de uma certa forma assistimos a um estilhaçamento da noção de Deus em função das necessidades metafísicas de cada um Deus passou a ser uma questão de consciência privada muito mais do que uma questão de cultos institucionais organizadores de grandes coletivos a última reflexão
dessa aula aponta para um livro Talvez o mais recente sobre deus da do mercado filosófico livro do meu professor de Filosofia André contes sponville chamado o espírito do ateísmo Qual é a ideia Central desse livro A ideia Central desse livro eu peço que façam esse último esforço a ideia Central desse livro a meu ver ela é magnífica porque sponville proporá uma diferença uma ruptura entre o espírito de um lado e a fé do outro lado que tem consequências magníficas na nossa vida Qual é a proposta Eu vou explicar essa proposta a partir de uma história
que ele mesmo conta ele foi dar uma uma palestra acho que em estrasburgo quando terminou a palestra ele tendo professado o seu ateísmo um padre veio falar com ele para aplaudi-lo e para a surpresa dele o padre disse eu concordo com tudo que você falou sponville vira e diz mas como você pode concordar se eu disse que sou atu que eu não acredito em Deus e o padre disse você sabe no final das contas isso tem tão pouca importância a segunda história que eu acrescento a essa é a história de dois dois eh judeus que
conversando até horas da noite concluem que Deus não existe no dia seguinte um acorda procura o outro não encontra o outro vai até o jardim e vê o outro fazendo as suas rezas matinais pergunta Escuta aqui nós ficamos até às 3 horas da manhã para concluir que Deus não existia o que que você tá fazendo e o outro Responde e o que que Deus tem a ver com isso Olha meus amigos essas duas histórias são muito interessantes porque na verdade a proposta de sponville com a qual eu comungo amplamente é a de que acreditar ou
não acreditar em Deus é um problema complexo demais mas que acreditando ou não acreditando em Deus todos nós Compartilhamos certos valores todos nós pertencemos a uma certa comunidade Todos nós temos uma certa intuição do que é aceitável e do que não é aceitável todos nós educamos o nosso filho para não roubar não matar não violar não fazer dano ao outro todos nós de uma certa maneira temos um monte de intuições consequência de valores que aprendemos e que são valores absolutamente inscritos nesta tal civilização judaico-cristã e que podemos perfeitamente ser cristãos e ateus ao mesmo tempo
e mais do que isso é perfeitamente possível que sejamos absolutamente admiradores das reflexões do Cristo sem necessariamente ter que tomá-lo como Deus é perfeitamente possível que sejamos absolutamente fiéis de fidelidade e não de fé fiéis aos valores judaico cristãos sem ter a menor convicção da existência de um Deus transcendente e criador do mundo a partir do nada e portanto eu gostaria de terminar a minha aula com uma reflexão do Dalai Lama um rapaz francês chegou para o Dalai Lama e disse eh Senhor eu gostaria de me tornar budista o que eu preciso para me tornar
budista e o dalama olhou para o rapaz e disse Mas por que você quer se tornar budista na França Você tem o cristianismo e o cristianismo é muito legal o cristianismo é fascinante o cristianismo oferecerá a você tantas coisas que permitirão a você uma vida absolutamente digna e valorizada Por que buscar o budismo ora Como interpretar isso eu naturalmente vejo muito mal eu absolutamente não entra na minha cabeça o Papa Bento 16 diante de um jovem oriental querendo se tornar Cristão e o Papa dizendo Ô você tem o budismo é muito legal o budismo é
claro que o Budismo é uma religião sem Deus e portanto para quem é ateu é cômodo o budismo mas é muito importante que você entenda o que sponville está tentando ensinar afinal de contas de fato quando você é fiel a uma comunidade da qual você participa porque nela nasceu e nela está inscrito querendo ou não o fato de acreditar ou não acreditar em Deus de fato passa a ser uma questão menor quase que uma questão irrelevante Ora eu realmente Imagino que nunca mais a filosofia vai propor uma prova da demonstração da existência de Deus aos
moldes de Anselmo descart leibnitz Tomás de Aquino volta etc nunca mais mas eu estou absolutamente convencido que a filosofia nunca deixará de falar em valores a filosofia sempre mostrará que os valores são aprendidos no mundo a filosofia sempre mostrará que os valores são historicamente construídos a filosofia sempre mostrará que no lugar de valores absolutos os valores são dados da cultura e que existem de fato como critérios existenciais a filosofia sempre perderá muito tempo para mostrar que querendo nós ou não precisamos de critérios para viver querendo nós ou não Por mais niti anos que que sejamos
entre duas ou três vidas possíveis temos que escolher alguma e algum critério vamos ter que escolher para definir a vida de carne oso e evidentemente evidentemente que isso sempre pressupor algum tipo de fidelidade com a comunidade a que pertencemos com a cultura a que pertencemos com o mundo em que estamos inscritos eu tenho a nítida sensação de que talvez Se Deus for entendido por aí ele se aproximará mais do que está por vir a respeito de reflexão sobre Deus do que tudo o que dissemos para chegar até aqui a história da ideia de Deus não
acaba nessa aula mas essa aula faz parte da história da ideia de Deus o homem Continuará falando sobre Deus enquanto houver homem se há um Deus transcendente Criador se o Deus é imanente ao universo se o Deus é o próprio homem se o Deus é o olho do porco se o Deus é a inteligência superior que organiza seres AF finalidades se Deus deveria ter impedido Auschwitz ou não se o mal absoluto coloca em cheque a existência de Deus tudo isso o homem Continuará pensando mas o fato é que Deus importa muito porque o homem vive
e Deus continuará sendo e sempre será uma enorme fonte de critérios para que o homem possa continuar vivendo de uma certa maneira dostoievisk aqui a minha frase final dostoyevski resumiu tudo já que Deus não existe tudo é permitido e já que tudo é permitido a vida não tem sentido e já que a vida não tem sentido acaba de se tornar impossível viver era o que eu tinha para dizer muito obrigado e até a próxima se Deus quiser obrigado