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[Música] Olá a todas e a todos meu nome é Ant mam sou editor do nexo jornal e tenho o prazer de dar início à terceira Edição do festival o Brasil em debate do nexo e do nexo políticas públicas o festival acontece até o dia 16 de Setembro segunda-feira que vem com debates online gratuitos que você pode acompanhar aqui no canal do nexo no YouTube é só se inscrever para poder participar mandando seus comentários suas perguntas e ativando as notificações você não vai correr o risco de perder os próximos eventos e para abrir o festival a
gente começa com a mesa a cultura como instrumento de transformação para pesso e cidades eh eu tenho o prazer de chamar aqui pra mesa para participar do debate o Jader rosa que é superintendente do Itaú Cultural e que tem uma experiência bem vasta em formar gestores culturais e gerar conhecimento sobre políticas culturais e economia criativa chamo também o Professor luí Augusto fiser que dá aulas de literatura brasileira na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e que é pesquisador afiliada ao Brasil leb da Universidade de prinston chamo chamo também acia Rangel Cândido Doutor em Ciência
Política pelo Instituto de estudos sociais e políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e coordenadora de Pesquisas no grupo de estudos multidisciplinares de ação afirmativa ou gema e chamo a thaí Pinheiro que é gerente de marketing de reputação pro YouTube no Brasil e na América Latina e que também tem experiência em consultoria em projetos de investimento privado nas áreas de cultura e educação eh sejam muito bem-vindos todos vocês e começo aqui com a pergunta para abrir o a pergunta que dá nome à nossa mesa eh Começando aqui eh pelo Jader a gente vai seguir
uma ordem alfabética de prenome dos convidados a pergunta é Qual é o papel da cultura na transformação de pessoas e cidades começando pelo J Olá Antônio bom um prazer estar aqui com vocês olá todas todos todos que estão aqui conosco também compartilhando eh desse tema que é tão caro paraa gente pre Também meus colegas de mesa bom então eu vou começar sobre dois aspectos tá primeiro aspecto Global pensando que esse mundo tá em transição de mudança questões de mudanças climáticas relações de trabalho a questão da Inteligência Artificial né da enfim das relações e as dinâmicas
eh globais e quando a gente olha na empregabilidade né O que é o futuro do trabalho as questões socioemocionais elas são muito fortes e o diferencial quando a gente pensa em empregabilidade então com como essa pergunta né Eh eu vejo que a questão socioemocionais e tanto o contato com a arte com a cultura estimula pensamento crítico trabalho colaborativo a flexibilidade eh a parte também de tomada de decisão Enfim então a gente tem esse escopo o outro lado também que a economia que da cultura e das Indústrias criativas é uma Economia em ascensão junto com as
demais economias como economia verde economia prata economia do cuidado e é uma economia muito transversal né então hoje no estudo que nós fizemos aqui na Fundação Itaú o PIB ele equivale a 3.11 na economia geral né O que representa R 280 bilhões de reais isso é muito e agora quando a gente d na outra camada que é na questão dos hábitos culturais uma pesquisa que nós fizemos com o Instituto Data Folha na última edição a quarta Edição most que as pessoas que contatam com a com a arte revelaram que eh tiveram eh mais predisposições né
melhoraram também a questão de saúde mental então relacionamento dentro de casa no trabalho diminui a sensação de estress de solidão teve esse benefício e também um aumento na sua criatividade quando exposto no trabalho artístico ao autoconhecimento a empatia e a cidadania e o pensamento crítico importante dizer que a cidadania foi relatado principalmente pelas pessoas da classe c então a gente vê aqui o quanto que a importância do entorno da de olar o território e também de pertencimento eh do lugar que você pertence então linhas Gerais assim é o lugar que eu vejo grande potencial de
transformação e também de atuação olhando esse campo artístico e cultural perfeito Obrigado Jader eh Professor luí tudo bem um um bom dia para todo mundo que tá nos assistindo pessoal da mesa aí eh eh bom essa pergunta é uma pergunta enfim que a gente pode responder de milhares de maneiras né eu vou olhar do meu ângulo eh sou professor de Literatura e eu tive uma experiência de gestão eh pública na cidade aqui onde eu moro em Porto Alegre enfim num outro momento histórico 30 anos atrás né quando a gente ainda falava assim tinha que fazer
muita muita força nos órgãos públicos interessados né em divulgar Cultura a gente tinha que fazer muita força para descentralizar ações culturais para fazer com que região pobres da cidade tivessem acesso mínimo né a enfim a itens de Cultura desde ingresso não é para para assistir shows e peças de teatro até bibliotecas e por outro lado tivessem acesso a a oficinas de produção cultural né Eh quando hoje a gente tá numa situação muito diferente né quer dizer justamente nesses últimos 30 anos tem no Brasil um um um fenômeno sensacional de tomada da palavra e tomada digamos
do discurso em sentido amplo por populações periféricas negras etc então Eh mas de todo modo eu acho que aquela experiência ela ela marcou muito a minha vida certamente e e e me ensinou uma coisa que talvez tenha a ver com a minha condição de professor mas que eu acho que é um é um um elemento importante no no contexto do nosso debate aqui que é a seguinte estamos falando enfim hoje em dia agora em seguida temos eleições municipais em todo o Brasil então uma coisa que eu acho essencial eh eh o Jader mencionou a ideia
do pertencimento né que é um Um item essencial na enfim na vida das pessoas eu diria assim que uma coisa importantíssima é pensar eh no campo da cultura eh como sendo aquele espaço em que as pessoas enfim se identificam se projetam né então eu um pouco eu inverto a pergunta eh para dizer que uma coisa essencial é o gestor público prestar atenção ao tipo de cidade a qualidade específica da cidade em que ele vive né É claro que a cidade é um é um ente limitado em vários sentidos né a começar pelos orçamentos se a
gente pensar na generalidade das cidades mas a cidade ao mesmo tempo é o lugar imediato em que se vive né então eu acho que uma a gente vai perceber qual é o valor da cultura pensando do ponto de vista da gestão cultural a gente vai perceber esse valor na medida em que as pessoas puderem expressar o seu pertencimento e ao mesmo tempo puderem ultrapassar esse pertencimento né um pouco Essa é a dialética que eu acho que Preside o meu pensamento a respeito da do valor da Cultura né quer dizer ao mesmo tempo o gestor cultural
eh ouvir a cidade em que ele vive né prestar atenção tinha um querido amigo colega de trabalho lá nos anos 90 que dizer isso assim a gente tem que ouvir a cidade a gente tem que saber qual é a cor da cidade no sentido de que o gestor cultural eh Ele precisa saber eh ouvir e receber as informações que vê da vida cultural da cidade saber em que lugar se pratica qual tipo de de arte qual tipo de cultura e ao mesmo tempo se colocar à disposição para acolher Essas manifestações e ao mesmo tempo na
outra mão oferecer para esses grupos para essas pessoas informação que vai além daquilo do que elas já sabem né bom E aí isso se desdobra em milhares de de de aspectos de possibilidades de trabalhos de projetos e tal né eu termino Só lembrando uma eh um trabalho enfim importante bem conhecido da Michele Peti que é uma Enfim uma uma grande pesquisadora sobre o valor da leitura né Tem vários livros publicados E ela diz assim eh quer saber qual é o valor da cultura faz assim eh faz com que por exemplo crianças de uma determinada região
Leiam livros com Conversem sobre os livros e depois testa eh o modo como essas crianças se colocam no mundo como elas interpretam esse mundo testa esse desempenho com o desempenho de crianças que não têm acesso a isso que não leram que não foram não tiveram a chance de conversar sobre leituras de expor o seu modo de ver o mundo de contrastar esse modo de ver o mundo com aquela maneira que os livros oferecem e é isso a gente logo percebe que quem lê e podemos desdobrar enfim quem assiste a peças de teatro Quem sabe cantar
enfim quem tem acesso à biblioteca né e a todo o resto certamente é uma pessoa melhor no mundo é mais crítica mais aberta com mais percepção da autoridade e assim por diante Obrigado Professor agora passar a palavra paraa Márcia eh Olá pessoal boa tarde eh a todas e todos e todos eh Agradeço pelo convite até aqui dividindo esse espaço eh bom eh como os os colegas já pontuaram né a cultura ela transforma as pessoas e as cidades porque ela gera um grande Impacto também econômico eh na vida das pessoas mas para Além disso eh a
cultura também tem diferentes formas de atingir as pessoas a partir das representações que ela cria né eu vou agora um pouco comentando mais eh sobre resultado de uma pesquisa que a gente vem realizando H alguns anos no grupo de estudos mul disciplinar dação afirmativa na uerg eh que é uma pesquisa que faz uma certa demografia eh da produção na indústria cinematográfica brasileira mas antes disso né Eh é importante pontuar que a cultura ela é um elemento que tá sempre em disputa também a gente tem movimentos sociais eh eh eh reivindicando maior acesso à cultura de
diferentes formas e no cinema não é diferente eh nos anos recentes a gente viu se expandir esses movimentos sociais então para dar um exemplo de alguns eh tem alguns movimentos eh que enfocam mais em questões de gênero reivindicando maior inclusão de mulheres na indústria cinematográfica como mais mulheres eh lideranças no audiovisual e temos também a a associação que foi criada recentemente de profissionais do audiovisual negro eh São dois grupos de movimentos sociais que são parte de um movimento amplo existem outros vários coletivos que foram eh se proliferando no Brasil nos últimos anos que reclamam o
fato de que a indústria cinematográfica brasileira ainda tem eh uma distribuição muito desigual de recursos públicos então a gente ainda tem políticas públicas que são desenhadas de uma forma eh que privilegiam certos grupos sociais deixando outros ainda eh por fora né da da das potencialidade de produção no cinema brasileiro a gente tem um cinema que é muito rico a há muitos anos eh já tem certa visibilidade internacional Então a gente tem movimentos artísticos que são estudados também em países estrangeiros é que são admirados do ponto de vista da sua qualidade artística eh não se trata
da gente desvalorizar o que foi construído até hoje né no no cinema brasileiro mas sim de apontar que esse cinema tem potencialidade para ser muito mais rico eh e muito mais diverso do que tem sido até hoje é isso que esses movimentos sociais estão afirmando e é isso que de certa maneira o gema procura eh a partir de indicadores sociais eh colaborar né embasando o debate com dados eh antes de entrar mais propriamente eh nas pesquisas do gema que são sobre o cinema brasileiro acho que também é importante ressaltar eh que existem diversas pesquisas no
mundo todo hoje que mostram que essas desigualdades são de de alguma maneira persistentes eh na cultura como um todo então tem um artigo que foi publicado em 2022 na nature que avaliou em uma das revistas na Nature né Eh que avaliou eh a produção cultural em quatro setores específicos então Eles olharam paraa arte contemporânea olharam paraa música olharam pro cinema e olharam paraa indústria da moda e em todos esses setores dominam né Eh os homens brancos e aí tem certa variação em relação aos grupos que vem depois os homens brancos estão sobre representados e os
outros grupos sociais enc encontramse sub representados mas na arte contemporânea na moda e no cinema as mulheres brancas são o segundo grupo que tem um melhor desempenho eh Nesse quesito Vale pontuar que as desigualdades raciais são maiores então do que as desigualdades meramente de gênero quando a gente não observa elas de modo interseccional as mulheres negras estão em desvantagens em todos os setores culturais eh mas tem uma pequena distinção quando a gente observa a indústria da eh porque os homens eh negros acabam tendo um desempenho melhor também do que as mulheres brancas O que não
acontece nos outros setores que esse grupo de pesquisadores avaliou no caso do Brasil eh a gente tem uma indústria audiovisual que de alguma maneira reflete essa predominância dos homens eh brancos seguidos das mulheres brancas então quando a gente avalia a história do cinema brasileiro todos os filmes que foram produzidos e conseguiram ter eh grande impacto na população ou seja tiveram um grande público eh não tem nenhum desses filmes dirigido por mulheres negras a gente nos últimos anos conseguiu que alguns eh homens negros ascendessem a esse grupo de elite né E aí eu também queria pontuar
que não significa que não existam cineastas negros trabalhando eles existem inclusive eles se organizam para em movimentos sociais também em declarações públicas para dizer que existe um problema de distribuição de recursos então eles não conseguem divulgar os filmes que eles realizam da mesma maneira que a população Branca muitas vezes consegue eh mas principalmente que a população de homens brancos né as mulheres brancas também são muito subrepresentadas a gente tem anos inteiros em que nenhuma mulher branca também integrou esse grupo seleto eh de pessoas que conseguiram ter eh filmes de grande público isso é importante porque
o cinema é uma das formas eh mais relevantes que a gente tem de produção cultural né ele cria representações positivas que as pessoas podem se espelhar ou não Ele também é um modo de criar memória sobre as cidades né memória sobre o nosso país difundir uma identidade nacional e essa identidade nacional infelizmente também vem sendo difundida a partir de muitos estereótipos então quando a gente olha as desigualdades de gênero e raça para além da exclusão de certos grupos sociais a gente vê a difusão de estereótipos negativos sobre alguns deles então a gente tem aí depoimentos
eh de atores e atrizes né negros reclamando que a maior parte dos papéis que são cedidos a esses grupos sociais eh Geralmente os associam a pobreza Geralmente os associam a criminalidade eh não é difícil a gente buscar na memória os filmes que fizeram mais sucesso no cinema brasileiro nos últimos anos a população negra está sempre representada a partir de um papel de Sub autoridade eh nos últimos anos a gente tem alteração a gente tem aí o o Mart um que é um filme que foi dirigido pelo Gabriel Martins eh que inclusive tem como protagonista uma
criança que também não é muito comum eh no no cinema brasileiro né uma criança negra eh ele foi oriundo de uma política pública Que distribuiu recursos específicos paraas longas metragens produzidos eh por pessoas negras então é uma política pública que foi bem sucedida em trazer um longam metragem paraos cinemas brasileiros que ganhou diversos prêmios eh e que conseguiu ter uma um um público eh relevante nas salas de cinema do país essa política pública ela ela foi gestada nos últimos anos ela é fruto de um processo que começou em 2012 com o lançamento de um primeiro
edital específico para produção eh de curtas metragens eh feitos por pessoas negras né desde 2012 a gente foi vendo aí uma evolução relativamente tortuosa desse tipo de política pública eh e nos últimos anos agora eh elas realmente têm se expandindo depois depis de ter passado um tempo né totalmente eh apagada a gente sabe que teve cortes eh significativos nos últimos anos eh com o governo anterior de investimento na cultura que teve um impacto eh mais geral na cultura não só no cinema mas também nessas políticas públicas que estavam transformando eh a diversidade no nosso cinema
brasileiro e agora a gente tá vendo novos horizontes disso não só no nível Federal mas também em cidades Como o Rio de Janeiro a partir da Rio filme ou como São Paulo partido spcine que tem lançado também políticas específicas para que o audiovisual eh dessas cidades e que tem impacto no país inteiro né possam espelhar mais a população algo que até hoje não foi feito de maneira eh saudável né como deve ser de certa forma espelhando a diversidade que a gente tem também no nosso país então Eh o papel da cultura na transformação de pessoas
e da cidade ele é refor e é melhor né feito quando a gente consegue incluir variadas eh parcelas da população e o nosso país tem muito aí para para acrescentar Nesse sentido porque a gente tem uma diversidade que é muito bonita acho que eu não sei eu acho que eu falei muito obrigada acho que é isso não falou não totalmente dentro do tempo mcia obrigado agora fechar essa primeira rodada com a thí obrigada bom dia bom dia a todos todas e todes é um prazer est aqui para poder contribuir com essa discussão bom eu vou
responder a pergunta né de como a cultura pode transformar pessoas e cidades partindo de dois pontos que foram pontos que já foram citados aqui mas eu vou reforçar um pouco mais também que eu acho que são muito importantes O primeiro é o impacto econômico e o segundo Impacto de fortalecimento de identidade né e de senso de pertencimento vou começar pelo impacto econômico acho que é sempre muito importante a gente destacar né que o setor da cultura ele é um setor ele é um poderoso motor de crescimento econômico e de prosperidade para pessoas e países eh
Nesse contexto quando a gente fala de importância de políticas públicas de projeto de fomento ou mesmo dessa discussão que a gente tá tendo aqui a gente tá indo eh além de da importância da promoção artística e de tradições que por si só já é muito importante já seria fundamental mas esse fomento ele também tem um impacto direto no desenvolvimento econômico social do país né então você tem toda eh uma cadeia de pessoas que movimentam essa economia e que sobrevivem dessa dessa indústria né eu vou fazer um recorte daí vou puxar pro recorte que me cabe
aqui do YouTube mas só eh trazendo complementando um pouco os dados que o Jader já trouxe também porque eu acho que é importante a gente tangibilizar e quantificar essa importância e esse Impacto econômico em números eh porque isso sempre ajuda né a mostrar a fortalecer essa importância a gente faz um estudo com a Oxford economics eh justamente para ajudar né e dá essa importância e só em 2022 quando a gente tem nesse recorte do YouTube né nessa economia criativa o YouTube contribuiu para 4.5 bilhões pro PIB brasileiro e gerou mais de 140.000 empregos então a
gente olha né para essa produção da indústria cultural a gente vê que ela movimenta uma cadeia produtiva que envolve diversos profissionais é muito comum a gente eh focar de repente no fim no Elo final da cadeia né com os artistas os músicos mas por trás disso tem toda uma variedade de profissionais que vão de de profissionais técnicos até profissionais criativos né E que ajudam a movimentar essa economia e de novo se sustentam e sustentam suas famílias Por meio dessa indústria eh eh criativa a indústria cultural inclusive assim aqui né De novo trazendo o ponto de
vista aqui do YouTube a gente tem visto no passar doss anos uma grande transformação assim nessa economia criativa e daí pensando na economia dos criadores né de uma profissionalização desse setor né então se antes os criadores eram Ali quem tava conseguindo ganhar dinheiro hoje em dia eles estão transformando o canais deles em negócios né então eles criam ali pequenas produtoras empregam pessoas e conseguem gerar ali mais empregos também eh essa transformação ela vai além eu acho que ela respinga também no universo da da Cultura né indo além da própria da própria plataforma eh porque a
plataforma ela ela acaba e daí eu vou trazer um outro ponto que foi discutido bastante aqui também que é essa questão da democratização né e não só a democratização do ponto de vista do acesso à cultura mas também do ponto de vista da produção e da possibilidade de eh de eh divulgar né a produção cultural que você faz e essa democratização ela ajuda também a descentralizar o impacto econômico da Cultura possibilitando que pessoas Fora do Eixo onde tradicionalmente a indústria da cultura acontece também consigam prosperar e movimentar a cultura daquela região eu vou trazer um
exemplo que eu acho que que eu gosto muito e que ajuda a exemplificar isso que eu tô falando que é um canal que chama Desocupados que é um grupo de 10 amigos da de Lauro Lauro de Freitas na Bahia que em 2013 eles começaram com o celular começaram a filmar sketchs de humor e começaram a publicar criaram um canal e começaram a publicar no canal Eles são muito talentosos fez muito sucesso e daí com o dinheiro da monetização dos vídeos eles começaram a investir no canal deles e hoje eles têm uma produtora cultural em Lauro
de Freitas então é uma produtora que emprega pessoas na região que é eles criaram um núcleo de Cultura ali né que vai além Hoje em dia a produtora não é só pro canal do YouTube a produtora faz inclusive eles têm peça de teatro que roda o Brasil inteiro então a produtora ajuda a produzir isso também então eu acho que essa história eu acho ela muito eh e são 10 meninos negros né acho que isso é importante também pontuar acho que essa história tangibilização para esses grupos que não normalmente não são representados dentro da indústria mais
tradicional vamos dizer assim Passando pro segundo ponto que tem a ver também com essa democratização de produção eh que é o impacto da cultura nesse fortalecimento de identidade que foi falado muito aqui também né de identidade de pertencimento eh tanto de pessoas quanto de cidades e de países né quando a gente acho que partindo da premissa né que quando as pessoas se sentem conectadas a sua cultura elas sentem um senso de pertencimento de Orgulho e elas fortalecem a sua identidade Regional por meio da vivência dessa cultura mas acho que mais o tão importante ou mais
importante ainda por meio do reconhecimento dos outros à sua cultura eh a gente eu acho que é fundamental que a gente consiga também ter essas histórias essas culturas valorizadas e contadas né e de novo trazendo pro meu recorte é algo que a gente presencia bastante no YouTube né falando da democra ização mais uma vez né num lugar onde as pessoas qualquer pessoa pode produzir o seu conteúdo e compartilhar eh você acaba a plataforma uit B acaba sendo uma janela para essa imensa diversidade cultural do Brasil o que eu acho mais interessante é que é pelo
olhar do local das pessoas que vivenciam aquela cultura não tem ninguém não é um outro contando sobre aquela cultura é a própria pessoa eh contando sobre a cultura dela eh e daí são histórias que refletem maneira real ali né da da cultura que da cultura da rua que tá acontecendo no dia a dia e que são que que que mostram essas diversas identidades brasileiras ampliando narrativas que fogem dessas narrativas dominantes né E que muitas vezes são narrativas que não encontram ali uma plataforma de divulgação eh e elas cons por meio disso né Elas acabam eh
conectando a sua cultura com outras pessoas e mostrando a cultura brasileira pros próprios brasileiros né assim trazendo alguns exemplos a gente tem eh dentro do YouTube canais dedicados a Maracatu a tradições afro-brasileiras a batalha de rima a gente tem transmissão ao vivo de Cultura de culturas regionais seja festivais pequenos como grandes como São João Parentins tem como tem canais de pessoas que vivem em comunidade ribeirinhas ou indígenas que ao mostrar o dia a dia deles estão ali mostrando as tradições culturais daquela região e ajudando a valorizar E a preservar essas tradições eh e com essas
tradições acabam ganhando né fãs no Brasil inteiro eh E essas pessoas também é que se sentem valorizadas e validadas né fortalecendo esse orgulho Regional e contribuindo para esse fortalecimento dessas identidades então só para concluir aqui acho que pensando nesse Impacto que a cultura tem na formação identitária eu acho que é fundamental a gente garantir a gente pensar em formas também que essas diferentes manifestações sejam contadas do ponto de vista dessas pessoas para que a gente tenha Então essa valorização eh dessas identidades regionais também preservando e consolidando essas culturas Obrigado thí eh então entrando agora um
pouco mais na pauta eh do dia a gente tá no muito próximo das eleições municipais e eu queria saber de vocês como vocês têm enxergado o debate ah sobre cultura nas eleições a partir do das cidades de vocês eh E como que as gestões municipais podem contribuir com políticas culturais pro desenvolvimento dessa área V começar por perfeito Antônio assim corroborando com meus colegas aqui é importante a gente olhar a diversidade tá que tem nesse território um dos princípios quando a gente fez o PIB é olhar diversidade de raça gênero território formalidade e informalidade as políticas
públicas tem que estar direcionadas essas né então gente pensa na economia informalidade É gigante né então assim tem uma correlação com a economia eh brasileira mas quando você pega né quem são os setores da que divide economia da cultura indústrias criativas Quem puxa o indicador é a tecnologia né E quando você olha ali o trabalhador artístico cultural é o que ganha menos e é o que tá mais na informalidade tá eh quando a gente pensa em média salarial ganha-se duas vezes mais então Quais são os programas formativos também que esse governo né os governos Precisam
fazer em diversas esferas Municipal Estadual e Federal Então tá só numa lógica de fomento não se sustenta a gente tem que pensar na base e tem que formar justamente para essas pessoas né esses jovens negros conseguirem também ter uma empregabilidade uma ocupação nesse setor que é pujante né e é super crescente se a gente pega a disparidade aí de de salário de homens brancos até que é a a Maria aqui má TR desculpa a gente vê que os homens na economia criativa gan 71 a mais entendeu Então como que a gente pensa aqui em meios
de tentar diminuir né esse setor e outra é desde o trabalhador criativo em si mas como a falou a gente quando a gente mensura ess indicador a gente olha Ah o advogado que trabalha na indústria criativa o pessoa que trabalha com contabilidade né o criativo que não trabalha numa indústria criativa então o designer que trabal trabalha por exemplo na indústria automobilística o publicitário que trabalha no Agro Então quais são os programas né D dentro desse ecossistema que eles têm que ser olhados né trabalhados ali com com certo eh com muita sensibilidade e atenção né que
diferentes camadas e também olhando quando a gente fala de território quando a gente olha os movimentos periféricos e as periferias né então aquele lugar que é a periferia não qu necessariamente pro centro Então como que a gente olha também os entornos né as políticas TM que olhar cada lugar também que ela se propõe eh ser implementadas passar pro pro Luiz o luí até mencionou que ele teve uma experiência na gestão pública em Porto Alegre Se ele puder também citar exemplos do que foi aplicado naquela época do que ele enxerga que cabe e não cabe para
hoje em dia sim eh é como eu disse assim eu sou professor enfim de literatura Mas trabalhei na gestão e enfim desde então e até hoje eu tenho muita relação com o movimento cultural eh da cidade assim às vezes ajudo a produzir eu sou vinculado aqui ao matinal jornalismo né que é uma iniciativa também Super Interessante de enfim de jornalismo local que também tá empenhado nisso bom eh vou começar pela pelas pela observação do do que tá aparecendo né eu tenho uma sensação assim muito triste de que eh a cultura em todos os níveis quer
dizer política cultural financiamento de cultura iniciativas culturais etc Isso parece que tá longe do Horizonte do debate imediato agora né para PR pr pra eleição Municipal e não isso tem a ver com algo né que os colegas aqui também já mencionar eu vou dizer por um outro vi por um outro ângulo eh a super democratização que a web que os computadores pessoais e os smartphones essa democratização o que ela fez é um negócio nego incomensurável né A Nossa geração e as gerações mais jovens estão vivendo um negócio que enfim a gente acho que ainda não
sabe avaliar direito mas é uma coisa eh parecida com o que deve ter acontecido com a domesticação da eletricidade com o começo da gravação de sons como o começo do cinema e tal né Eh quer dizer eu já sou enfim já sou um veterano nessa conversa no sentido de que eu já sou velhinho né tenho 66 anos mas quem tem enfim 20 anos ou até 30 anos né já nasceu nesse ambiente e não tem mais eh intimidade para o bem e para o mal com as formas antigas de produção cultural e com a com a
digamos assim com a com as com os enunciados artísticos que existiam até 30 20 anos atrás eh que passavam por aquela série de filtros não é tipo a indústria fonográfica por exemplo só dava a ouvir muito pouca coisa do que era produzido a indústria do livro da mesma forma né passava por vários filtros inclusive pelo filtro da crítica literária de jornal que hoje em dia é quase inexistente e irrelevante do ponto de vista enfim macro né e ao passo que agora não quer dizer agora com o computador pessoal com a a rede mundial de computadores
e tal o sujeito pode produzir em casa quase tudo Talvez né Isso significa Então por um lado uma descentralização na prática né e por outro outro lado significa também um pouco uma uma sensação assim de de isolamento né porque quem é que vai ouvir a canção que eu produzi quem é que vai ler o conto que eu escrevi né então Eh voltando à pergunta principal eh eu acho que a as gestões municipais tinham que se fazer essas perguntas agora né claro um caso é o caso de cidades grandes São Paulo Rio em certa medida Porto
Alegre enfim Belo Horizonte Salvador e tal com cidades né médias e grandes eh que tem meios tem volume suficiente de produção cultural e de circulação para entrar nesse debate sei lá de maneira forte né Podem pensar inclusive em financiamento em ter agências de financiamento ou ter fazer mediação de financiamento né E a outra coisa é pensar em municípios menores né eu fico aqui muito assim tentando pensar o que que acontece né em cidades Sei lá eu abaixo de sei lá 200.000 habitantes né que são muitos no Brasil eh e que tem tem enfim expressão cultural
não é tem uma coisa em geral de Horizonte mais curto não é quer dizer tem lá o escritor o O Escultor Sei lá o professor de música não sei o qu eh e e que e que enfim tem valor e precisa ter esse valor reconhecido e ao mesmo tempo precisa saber eh De que modo vai conversar com o mundo nãoé então como eu tava dizendo assim por um lado a web nos dá a sensação de que o mundo tá dentro de casa cas mundo tá na palma da mão né comparando com a minha geração por
exemplo de Formação lá nos anos 70 sei lá quando eu precisava de um livro difícil um livro que não tava disponível na minha casa ou na biblioteca da minha faculdade ou da minha escola eu não tinha acesso a esse livro e simplesmente né Agora eu tenho acesso a esse livro seja de forma oficial seja modelo pirata né então tem uma uma uma dinâmica nova que eh voltando ao ponto que eu não sei como é que os municípios Caram e como é que vão poder processar né mas é isso assim a a experiência que eu tive
lá nos anos 90 era um momento de ascensão de forças democráticas social-democratas enfim de esquerda ou de centro esquerda de partidos que naquele momento ainda eram enfim muito ligados com a sua origem sindical etc que depois foram né para para os governos centrais eh e hoje a gente tem um exemplo que acho que os nossos telespectadores e ouv aí podem talvez medir a gente tem uma profusão de partidos sei lá quantos são no Brasil hoje em dia Quantos são ativos e nenhum deles que eu consiga ver assim se marca ou quase nenhum deles se marca
por ter uma uma percepção do valor da cultura tanto no sentido da indústria cultural quanto no sentido esse mais Sutil da formação das pessoas da identificação né do do sentido de pertencimento Então realmente assim a sensação que eu tenho a gente tá num mundo muito pulverizado muito diferente daquele que eu no qual eu trabalhei lá na na naquele momento o mundo muito pulverizado eh que talvez corra o risco de de negligenciar essa dinâmica entre o pequeno e o grande entre o local e o não local né entre aquilo que é enfim Paroquial e aquilo que
é a linguagem do momento no ocidente ou no mundo né Então esse é o lado digamos problemático mais duro por outro lado sem querer ocupar muito tempo aqui e fando o outro lado eh olhando do ângulo da literatura e da das formas musicais mais mais mais correntes eh talvez no audiovisual também é não não não conheço tanto esse assunto mas enfim a gente vive uma profusão de novas vozes que é uma coisa muito auspiciosa muito auspiciosa né se a gente comparar com 20 anos atrás ou com 30 Anos Atrás a quantidade de pessoas negras de
pessoas que se identificam como indígenas de enfim do mundo LGBT etc do ponto de vista feminino e tal o que a gente periféricos e tal o que a gente tem de livros publicados é um negócio extraordinário não apenas publicados em escala local né como talvez já acontecesse um pouco mas assim gente com repercussão né Estadual nacional e mesmo internacional né então a gente tá vivendo uma o contrário do que se imaginava lá no tempo da minha formação quando a gente imaginava por exemplo que o romance era uma forma que tava morrendo romance a forma narrativa
ao contrário quer dizer hoje em dia a gente tem romances sensacionais escritos por gente de tudo que é tipo com grande circulação e eu sou otimista assim Nisso porque a sensação que eu tenho é que não apenas a gente tem uma uma produção muito boa muito enfim notável de qualidade e de variedade como essa produção ela não tá estritamente nichada quer dizer ela não é assim não é só pessoas negras escrevendo para leitores negros né a impressão que eu tenho é que de alguma maneira o o Brasil tá sabendo acompanhar esse debate de maneira muito
viva talvez até mais viva do que foi nos Estados Unidos Uma Geração atrás né quando já havia muitas pessoas negras escrevendo mas eu tenho a impressão que era um pouco mais restrit a impressão não se não tenho números a respeito disso mas enfim é essa min a minha observação é essa acho Eu lamento que as que as campanhas eh pelo que eu consigo ver assim estejam negligenciando quase que absoluta ente o debate cultural nos dois sentidos né no sentido da da da economia da cultura e no sentido esse mais Sutil da formação das pessoas e
enfim na alegria das pessoas Obrigado Luiz e Márcia você que tá aí no Rio que é uma das cidades que tem Economia mais pujante assim na cultura como você tá sentindo esse debate eh tem acompanhado o que tem acontecido em outras cidades então eu achei interessante um dos pontos que o Luís trouxe Na verdade queria aproveitar para pegar como um gancho ele ele comentou muito sobre as alterações que a gente vem experienciando né em questões mais que envolvem a tecnologia então a gente teve aí formas diferenciadas da literatura como eleit tratou estarem circulando e isso
vale também pro audiovisual né Eh a potencialidade que a Internet traz tem pontos positivos e tem pontos negativos eh coletivos organizados que estão na cidade falando aqui pelo Rio de Janeiro eu conheço alguns conseguem hoje em dia produzir curtas metragens e soltarem na internet então tem esse lado que é um pouco de alguma maneira revolucionário porque eles não teriam esse canal no passado né seria muito mais difícil conquistar né Eh distâncias eh então a internet tem esses facilitadores por outro lado a gente também acompanhou aí nos últimos anos o advento do streaming que tá streaming
né que tá mudando muito a forma do do cinema e do audiovisual circular Então até há pouco tempo atrás a gente discutia políticas públicas para diversificar o cinema brasileiro falando ah eh se produz cinema brasileiro com muito fomento né Eh do Estado então a produção do cinema no país depende do fomento público depende eh da dinamização que o governo federal dá e em alguma medida que alguns municípios também são capazes de dar mas propriamente Rio de Janeiro e São Paulo que são as duas grandes eh cidades né que produzem audiovisual no Brasil eh o streaming
tá modificando isso a gente tem hoje novos desafios tanto para que o Brasil como um todo né quanto as suas próprias cidades que antigamente eram grandes polos eh de produção audiovisual consigam se manter aí nessa disputa a gente sempre teve uma dominação da indústria estrangeira em relação ao cinema eh mas agora essa dominação tá um pouco mais complexa né ainda tá se discutindo Como que o Brasil vai eh criar políticas para regulamentar eh o streaming no país Então isso é um desafio de âmbito nacional mas que tem consequências também eh para as cidades eh e
e é isso assim as políticas públicas voltadas para diversificar o cinema para tornar ele mais representativo de toda a população começaram no governo federal para depois eh serem de alguma maneira espelhadas eh em âmbitos eh municipais né a gente teve a spcine que foi que é uma das eh mais poderosas né se não a mais poderosa eh em termos de município mas no país também eh de investimentos no cinema brasileiro a gente teve spcine começando a investir em políticas afirmativas ela tem uma sessão eh no site delas voltar delas voltadas eh só para essas políticas
e a Rio filme veio um pouco pouco depois eh e também não tem eh de alguma maneira atenção na magnitude que a spcine vem dando a questão você não entra na página da Rio filme e consegue ver essas políticas sendo descritas lá eh mas é importante que para além do governo federal trabalhando para diversificar o nosso cinema a gente tenha também essas iniciativas em âmbito local que elas sejam discutidas também né Eh em cada município principalmente dentro desses municípios que ainda eh sustentam a dominação eh no país inteiro eh no que se refere a indústria
cinematográfica agora eh do ponto de vista da do governo federal ele também teve uma importância eh porque a primeira das políticas que foi implementada para de alguma maneira diversificar essa produção do cinema brasileiro foi feita justamente eh delimitando máximos e mínimos né de distribuição em relação a diferenças regionais eh do próprio país então a gente tinha essa concentração no Sudeste de investimentos que era altamente eh forte né a gente sabe que ela é histórica também mas o governo federal implementou as primeiras cotas para tentar que essa distribuição fosse um pouco mais difusa tivesse mais alcance
em outras regiões do país e com isso Impacto também na produção do cinema em outras cidades e do país que não Rio de Janeiro e São Paulo eh e Enfim então eu acho assim que também não dá pra gente pensar na política cultural só dentro dos Municípios a gente tem sempre que tá pensando a política de maneira mais Ampla ela tem tem que est articulada eh com o estado também eh né com as políticas estaduais e com as políticas federais mais propriamente dita Eu acho que o cinema é um exemplo eh de como isso funciona
de alguma maneira de forma coordenada e de como é importante que o governo federal às vezes agende certas pautas né Para que elas consigam eh também serem agendadas nos âmbitos municipais eh mas eu também concordo com com o Luiz que que há pouco debate ainda eh no Rio de Janeiro a gente Agora até tem uma gestão que que fala mais né sobre cultura que divulga mais eh certos projetos eh mas acho que nunca chega a ser exatamente como a gente acha que tem que ser quem acredita na cultura como modo de transformação social que é
sempre eh enxergar mais investimentos nela sempre consegue perceber que não é suficiente porque a cultura é importante para transformar a vida das pessoas e principalmente eh um acesso equitativo a essa Cultura né as formas de produzir ela eh de maneira que todos os grupos sociais consigam eh participar e se sentirem realmente representados no que a gente sustenta seja no cinema seja na na na literatura seja em outras formas de arte e aí também só para falar que além dessa questão da internet ter esse valor ambivalente né porque tem eh grandes empresas estrangeiras que que também
entram no país e às vezes não deixam tanto espaço para que o que é produto mesmo do país consiga alcançar visibilidade eh a gente também tem a questão eh de que nem sempre quem eh realiza um filme de maneira independente ou publica um livro na internet um conto na internet vai como o Luiz chegou a pontuar também né hoje em dia tem muito mais facilidade da gente difundir as nossas coisas mas não necessariamente da gente ter visibilidade porque a visibilidade ela também é alcançada a partir de outros mecanismos sociais muitas vezes envolve vencimento ainda mais
nessas redes sociais hoje que são eh mobilizados para engajamento por você pagar para fazer anúncios e tudo mais Eh você conseguir circular realmente também envolve eh você ter dinheiro né para investir em publicidade você não pode ser eh não é ninguém exatamente para conseguir se alçar nesse novo campo de de comunicação que a gente tem amplo aí eh salvo uma ou outra sessão eh que muitas vezes também consegue uma alta circulação por ser parte de um movimento social organizado Então a gente tem aí casos eh episódios de mulheres ou de pessoas negras que conseguiram grande
visibilidade porque tinham um apoio muito maior em rede né do que necessariamente ela a pessoa individual eh produzindo isoladamente eh acho que é isso assim ô e eu vou fazer uma pergunta de novo paraa Márcia senão eh vai se perder no debate aí depois eu tenho uma casca de banana para paraa thí me aguarde viu thí mas eh o o mar perguntando é porque me namente eh nas suas falas tem um filme muito um filme de uma qualidade muito alta que foi financiado pela IMP plasa que é uma empresa estatal Paulista que deve estar sendo
descontinuada é uma empresa de planejamento o nome oficial dela é empresa de planejamento de São Paulo que se chama fim de semana que conta a história dos mutirões em São Paulo e que basicamente é um dos documentos mais ricos que a gente tem sobre como foi a a construção da periferia de São Paulo como mutirões de fim de semana de moradores que trabalhavam a semana toda e botavam as casas dos vizinhos eh de pé eh e pensando no que você falou eh do papel do poder público enfim foram filmes financiados pelo poder público e que
tem uma qualidade cinematográfica muito alta se você vê nos comentários no YouTube você vê muita gente desses bairros comentando sobre o filme eh se identificando com essas histórias entendendo terr no quais Elas moram eu queria saber é qual que pode ser o papel do poder público para lém eh se basta nos editais nesse fomento de de produções de pessoas dos territórios ou ou tem que ter um investimento um pouquinho mais ambicioso nesse sentido assim é um filme produzido pela emplasa se você for ver tem a eh você acha que é algo factível hoje em dia
ou ou enfim já não cabe mais num assim dentro do que a gente entende por estado hoje eh então Antônio eu eu não conheço esse filme já até notei aqui para ver eh mas acho que sua pergunta me levanta duas reflexões uma delas é que eu me recordei também que eu ia mencionar antes e e esqueci eh que a a spcine também eh lançou editais voltadas paraa periferia de São Paulo então para além das desigualdades regionais que a gente tem em âmbito nacional A gente parece que tô fazendo propaganda da SPC não é eu só
acho que eh quando a gente tem políticas públicas que procuram alterar um estado de desigualdade a gente tem que valorizar elas inclusive para tentar que elas se difundam em outros lugares né Eh porque para além das desigualdades regionais no país a gente tem as desigualdades da própria cidade né então se você for ver o conjunto de produtores que foi contemplado nos editais da Rio film O da spcine em anos passados você vai ver uma concentração em certas bairros da cidade que são bairros de classe média alta eh então é importante que essas eh lugares do
município também que podem investir invistam no município como um todo e não fiquem restritos às áreas de Elite né Tem esse lado que eu acho que é parte da política pública você tem que estar preocupado em investir não eh reforçando o privilégios locais também eh e tem o outro lado que aí eu acho que é mais a resposta a sua pergunta que realmente não adianta eh a gente ter eh transformação de política pública somente em uma das etapas eh que são necessários na indústria cinematográfica então realizar um filme Óbvio é o primeiro de tudo então
não adianta que pessoas negras e mulheres não consigam é fazer filmes tem que fazer os filmes mas também não adianta fazer os filmes e morrer na praia né E é isso que é muito falado por vários coletivos de cineastas que estão lutando aí por direitos que não basta acabou de passar um avião Não sei se vocês escutaram que não basta eh investir só na na parte da produção você tem que investir também na na parte da uição tem que garantir que esses filmes cheguem nas salas de cinema e aí isso é um Desafio que não
é só dos grupos sub representados ainda que seja ainda mais desses grupos né Eh mas é um desafio do cinema brasileiro como um todo a gente eh teve aí a renovação de uma legislação agora que garantiu a obrigatoriedade de filmes brasileiros em algumas salas de cinema né Tem uma proporção agora de de filmes brasileiros que tem que tá sendo exibido nas salas de cinema mas mesmo assim é uma proporção muito pequena eh e essa proporção muito pequena é disputada por pessoas que são majoritariamente representadas cor por homens negros Então você imagina para uma mulher negra
que já produz muito menos já tem menos investimento no no no no seu filme conseguir acessar eh uma sala de cinema dessa pior ainda né para para homens negros também e para mulheres negras ou para mulheres brancas perdão um pouco mais fácil mas também difícil não a situação não é boa para nenhum desses grupos sociais ainda que a gente temha aí uma hierarquia que obviamente posiciona um em piores situações que outras eh Então é isso política pública ela não pode ser uma política pública má formulada no sentido de não levar em conta todos os estágios
eh que são necessários serem observados eh para que o nosso cinema realmente seja produzido tenha visibilidade possa est distribuído eh de maneira correta pelo nosso país Obrigado Márcia Eh aí thí eu vou te fazer uma pergunta ela especificamente com o que aconteceu na eleição Municipal aqui de São Paulo dois candidatos que tão no campo da direita na disputa eles anunciaram apoios de produtoras de funk eh e aí eu queria saber de você Qual que é o canhão que esses canais de artistas de produtores tem eh com relação à influência de jovens Quais que são se
você tem alguma ideia de números como que eles constróem a sua audiência a relação com a sua audiência e como no que você enxerga essa aproximação de políticos de Campos que antigamente eh discriminava eh discriminavam esses atores culturais como você enxerga esse movimento de aproximação agora de um ponto de vista objetivo sem nenhum juízo de m Antônio eu não vou conseguir te responder com relação ao alcance número de alcance potencial de influência o que eu posso dizer é que esses eh canais que trazem eh questões assim identitárias de grupo eles formam comunidades que se identificam
com esse canal e formam ali seguidores e uma audiência que é uma audiência que se identifica e que acompanha o que aquele canal produz o que aquele canal eh divulga eh e quando a gente tá falando ainda de eh culturas que normalmente são ou ou representações culturais que normalmente são eh marginalizadas eu acho que quando Eles encontram ali um espaço em que eles podem valorizar a arte deles e valorizar a cultura deles eu acho que essa conexão acaba se fortalecendo eh e talvez isso responda a segunda parte da pergunta do Por que esses eh políticos
estão querendo se se eh unir e se identificar com esses grupos para poder se aproximar dessa dessa população que é uma população que encontrou ali um espaço de fala um espaço de identificação muito forte eh e que isso eh e daí né trazendo aqui de novo né uma uma percepção bem bem objetiva e bem de percepção mesmo tá porque de novo não não não tenho dados e não vou conseguir te trazer os dados de quanto isso realmente vai conseguir influenciar ou não mas eu acho que o objetivo a motivação por trás porque isso que você
falou né se antes eles marginalizava não é porque eles entenderam que talvez esse lugar essa esse essa manifestação cultural Agora tenha valor mas talvez o que eles tenham querendo buscar é essa identificação com essa população que encontrou ali um grupo identitário né Acho que volta ao que a gente falou né a cultura ela ela ela Traz essa identificação de grupos e quando você encontra um lugar onde a sua arte no geral é é marginalizada e ali ela não é você acaba fortalecendo uma comunidade que é uma comunidade fiel ali àquela aquelas pessoas que estão ali
né então acho que a motivação por trás Talvez seja conseguir eh conseguir influenciar de alguma forma essa comunidade que foi formada por meio disso Obrigado aí eu queria já pegar o gancho para falar com o Jader que tem um conhecimento bem grande sobre economia criativa eu queria saber de você se você tem números Eh Ou se você já tem algumas conclusões sobre o peso da economia criativa nas periferias eh do Brasil e e também queria que você explicasse um pouco melhor esse conceito pro nosso pro nosso espectador você explicasse o que é a economia criativa
como que ela pesa na economia Geral do Brasil como todo enfim fique à vontade aí para falar J perfeito Antônio assim a gente fez esse estudo masé foi durante qu 2 anos e meio que a gente fez estudo do PIB tá E aí nessa questão a gente olhou com conversamos com 40 pesquisadores nacionais E aí que veio essas premissas né de território gênero e Raça formalidade e informalidade e também com os internacionais para olhar também patrimônio olhando na parte da tecnologia né então esse indicador que a gente tem do PIB ele agrega ali né a
partir da massa salarial também através de lei ranet eh base de dados públicas tá então a gente pega Rise pega pade eh a gente e também pega um modelo ali que é ligado ao direito autoral a gente consegue contabilizar esse valor então a gente chegou nesse valor no nessas nessa contabilidade que é 3.11 que vale 280 bilhões de reais quando a gente pensa em exportação a gente exporta 7 bilhões deais e aí qual o setor que exporta mais de ver primeiro é moda artesanato artes visuais e se a gente faz um recorte pensando só em
moda tá a gente vê que a empregabilidade no setor da moda ele é muito frágil Então a gente tem a questão da informalidade super grande na moda mas tem a distribuição territorial muito presente e onde as mulheres estão inseridas Principalmente as mulheres negras e vej o contrassenso né então tem uma pregab alta e a exportação eh é alta e a informalidade muito elevada Então como que a gente pensa em meios né em políticas públicas para esse setor que é forte na nossa indústria né ter destaque em todas processo aqui e da cadeia de produção outro
que a gente olha o segundo colocado o artesanato Então se a gente vai para territórios né Muito específicos a gente vê que esse fazer do Artesão ele tá muito mais no nas pessoas mais velhas do que nos jovens Então esse pouco interesse da Juventude neste lugar de experimentar eh o fazer local que vem nessas tradições né até algumas dialogando ali com povos originários povos ribeirinhos ou né ligados ali ao interior Então como que também pensar como um modelo que isso promova Impacto Acho que tudo que a gente tá falando aqui tem muito nessa Esfera do
impacto como que a gente pode fazer junto e trazer informação para conseguir evidenciar o valor né da economia da cultura e de novo falar da cultura porque é um setor frágil das Indústrias criativas a gente não tem nenhuma pesquisa eh direcion focada assim nas periferias tá o que a gente tem nos hábitos culturais a gente vê essa participação de diferentes classes sociais e o interesse gigante da classe de para participar das atividades culturais porém a oferta é baixa e é um dado que aparece na pesquisa também de hábitos culturais quando esses eventos acontecem em praças
em locais públicos tem uma participação presença grande e a gente faz também contraponto econômico então quanto que impacta em transporte quanto que impacta né na gastronomia tá então se eu se eu olhar no território até no microcosmo assim no ambiente pensando às vezes num carnaval mais periférico eu tô movimentando isso também e se eu pego grandes festivais por exemplo que acontecem no país como todo e festas populares além de tudo isso eu Impacto também a indústria do Turismo né então a gente consegue ver eh dentro nossas análises isso tudo é público tá eh Tá disponível
no site da Fundação Itaú tem é um sistema indicador aberto que você pode fazer os cruzamentos para ver e a gente consegue fazer a nível Estadual a gente não consegue ter Grand analidade para municipal mas a gente consegue ver de uma forma muito Ampla Eh esses movimentos E além disso também a gente faz pesquisas setoriais ligados por exemplo a carnaval periférico de São Paulo feira as literárias para ver também um pouco da participação e a presença eh do que já foi retratado aqui na mesa da participação tanto das pessoas como esse leitor né E também
quem tá criando né as pessoas negras não querem só falar das suas causas querem falar de tudo né quer ter participação ampliada o jovem no território quer falar de tudo a gente também tem que olhar e eu vejo como nessa pauta que você está nos provocando como tamente Olha é a pauta evangélica uma pauta eh presente no país forte né E que tem ali uma presença artística e cultural de músicos ligadas artes cênicas é muito grande né E será que todos os setores né públicos e privados também estão olhando para esse tipo de questão né
então assim é um lugar que a gente pode olhar e um lugar que a gente tá passando né Acho que o a gente traz aqui é um contexto de guerra cultural né então esses movimentos que acontece associações eh de possíveis prefeitos ligarem movimentos muito específicos um tipo de linguagem uma linguagem que dialoga com a quebrada né mas que tem um grupo muito forte poxa será que a gente tá descriminalizado ou a gente tá trazendo as pessoas para conversar entender como eles são constituídos quais são as forças e as carências que eles precisam então olhando de
uma forma muito ampliado eu vejo que a gente tem um campo vasto possibilidade né a gente tem os indicadores que a gente vem produzindo e outras indústrias e outras institutos de pesquisa vem produzindo e precisa falar a mesma língua né E também trazer com base eh numa linguagem que seja dialogando com outros setores então falar de PIB é importante Se eu falar de valor agregado cultural talvez só fale é para nós mesmos né então como também a gente começa a estar em outras indústrias reforçando a nossa pauta muito bom Jader Obrigado aí eu vou aproveitar
você citou o o termo Guerra cultural eu vou trazer o professor Luís Augusto pra conversa porque afinal ele é professor universitário há décadas e as Universidades foram palco de algumas guerras culturais Ou pelo menos foram eleitas como antagonistas nas guerras culturais que aconteceram no Brasil nos últimos anos eu queria perguntar pro professor como que ele enxerga eh o papel das Universidades nesse debate cultural hoje que tá cada vez mais amplo No Brasil se há um encastelamento ou se ele enxerga a universidade um pouco mais porosa ao que vem de fora o que vem da rua
o que vem da sociedade queria ouvir do professor aí a a avaliação dele eh é uma excelente questão também né Eh o que me ocorre de imediato é o seguinte mais uma vez eu sou otimista que vou vou expor o meu otimismo a política de cotas para ingresso na universidade eh eh foi uma uma pequena revolução silenciosa né Eh isso significa do ponto de vista social talvez não no curso em que eu trabalho especificamente que é o curso de letras né mas em cursos tradicionalmente mais disputados a presença de cotistas alterou o cenário né Isso
significa então que a gente tem outras vozes se expressando né vou dar um exemplo bem banal né uns anos atrás me lembro tinha um aluno que era um um homem negro de Periferia que trabalhava como vigia noturno e chegava na no na aula né nas manhãs em que ele tinha aula chegava com muito sono e tal e às vezes esse ele uma vez me contou a gente conversando ele disse não hum às vezes eu tenho sono mesmo e tal né Eh e eu tenho perguntas para fazer dizia ele né mas eu eu vejo que eu
não tenho espaço para fazer essas perguntas né às vezes em coisas elementares assim do tipo Então mas o que mesmo que eu não o que mesmo que eu preciso melhorar como que eu preciso melhorar minha redação vou dar um exemplo bem elementar né e os professores diziam segundo ele contava di os professores apenas diziam para ele não tu tem que melhorar a tua redação né bom esse tipo de atitude que digamos excluía Uma demanda como desse aluno esse tipo de atitude não existe mais quer dizer não existe mais dominantemente né Então a primeira resposta é
isso sim a Universidade do ponto de vista da sua constituição tá muito mais representativa da população brasileira do que jamais foi não quer dizer que estejamos no melhor dos mundos mas a mudança já aconteceu né quando eu entrei na universidade estamos falando de uma universidade sei lá aristocrática ainda né E hoje ela é muito menos aristocrática e muito mais próxima da dinâmica enfim da sociedade e tudo e isso por um lado por outro lado eu acho que a Universidade Brasileira ainda é muito compartimentada e e nisso eu acho que a gente podia pensar inclusive no
sentido de uma política cultural né Hoje em dia as Universidades enfim tem muito mais estudos universitários disponíveis no Brasil né nem sempre da melhor qualidade etc muitas vezes são essas esses cursos que funcionam EAD né ensino à distância nem sempre da melhor maneira muitas vezes da pior maneira inclusive mas bom a gente tem muito mais oferta de ensino universitário do que jamais teve Então eu acho que Uma das uma das tarefas que a gente também podia pensar em termos de política pública na área de Cultura seria as Universidades se compreenderem como eh como Enfim uma
Instância que também é produtora de Cultura né ou que pelo menos é uma câmara de eco da produção cultural muito importante e que deveria fazer essa essa cultura que ela recebe e que ela eventualmente ajuda a produzir devia fazer essa essa esse essa produção cultural circular mais do que circula né A universidade tem um pouco esse um velho veso assim de ser é um lugar de de pessoas que se consideram luminares e tal né Cada professor universitário é um é um sol né imagina que ele é que ilumina todo o seu o seu o seu
entorno mas eu acho que isso a gente devia enfim devia pensar né as gestões das Universidades Talvez esteja pensando mais aqui nas universidades públicas ou nas grandes universidades né aqui no Rio Grande do Sul tem um sistema de de Universidade Comunitária que não é pública que é muito interessante também bom isso por um lado por outro lado eh a coisa da Guerra cultural eh que se expressa e continua vigorosa posições progressistas de ataque a posições enfim democráticas etc eh na universidade eu tenho a impressão que eh tem um efeito relativamente secundário né esses ataques da
direita Furiosa contra a produção científica a produção Sei lá eu como chamar humanística e tal eu acho que não Universidade no Brasil por frágil que seja ela já tem uma força considerável e consegue eh se se se defender as suas posições e e e permanecer enfim fazendo o que faz né agora eu acho que tem um outro lado também que valeria a pena mencionar não sei se estava na tua pergunta tava implicado na tua pergunta Antônio mas é a coisa do das das políticas vamos chamar assim identitárias ou das formas culturais identitárias ou que se
reivindicam identitárias né aqui eu acho que a gente tem um problema novo e muito interessante para considerar não tem agora já não tem a ver diretamente com com as eleições Embora tenha uma ponta a ver com isso né Eh que é essa questão assim da expressão de posições de grupos né que fazem um um momento inicial de ataque para poder fazer valer a sua voz né eh e e e isso cria uma dinâmica nova na universidade né para vários lados eh não é não é bem o nosso assunto aqui mas enfim eu acho que isso
é uma coisa que que a gente precisa pensar melhor né Eh não tô querendo simplificar o assunto aqui mas enfim essas posições digamos identitárias né elas elas se apresentaram nos últimos anos talvez na última década muito fortemente com Conseguiram fazer valer a sua voz às vezes na base do confronto mesmo né e eu tenho a impressão que agora a gente tá vivendo num momento assim um pouco de refluxo dessas posições mais agudas né Eh em favor de uma uma percepção mais geral vou dar um exemplo banal né num 10 ou 15 anos atrás quando por
exemplo eh o movimento negro parte do movimento negro reivindicava sei lá a inclusão de um certo autor por exemplo no repertório de leituras né Por exemplo na lista de livros de leitura obrigatória para ingresso na universidade eh isso naquele momento parecia uma coisa que se confrontava com posições antigas mesmo de esquerda né que diziam o seguinte não o centro aqui é a questão de classe não uma questão de raça ou de etnia etc eh isso é uma coisa que que que impôs a universidade um uma uma dinâmica muito muito forte né Eu me lembro que
eu quando eu passei esse tempo trabalhando do na Gestão Pública aqui quando eu voltei lá no final dos anos 90 eu me lembro que eu fiquei assim não tinha visto ainda eu imaginava né quando voltei ouvia os debates por exemplo do movimento estudantil né que já não era eu eu já como professor né Eh eh colocava questões assim identitárias no primeiro plano né e e não questões da política Universitária por exemplo né isso naquele momento parecia uma coisa era uma coisa assim realmente aguda né e mas isso isso eu acho que se estabilizou com o
tempo então voltando à tua pergunta eu acho que eh o que a gente tem agora é pensando na eleição Municipal né a gente tem eh as Universidades deveriam ter muito mais abertura para conversar com uma dinâmica Municipal e estadual ou Metropolitana né que é uma outra dimensão aliás que que a gente devia colocar mais em cena né hoje em dia pensar no município como uma política aqui aqui em Porto Alegre a gente teve uma enchente na região de Porto Alegre uma enchente vocês todos viram né que é uma coisa que simplesmente não tem como gerir
no nível do município é uma coisa que é Metropolitana e bom é nacional e é enfim Mundial né Eh mas isso é uma é uma é uma dimensão paraa qual nós não estamos não temos habilitação me parece né a universidade continuou muito pensando ainda setorizada um é especialista na sua área né mas eu acho que em parte é porque a gente não aprendeu ainda a pensar para além das nossas áreas e para além dos muros da universidade enfim falei um monte de coisa não sei se eu conseguir fazer sentido mas era por aí a conversa
não perfeito Professor aí eh Márcia eu vou pular você que eu fiz duas seguidas na última vou passar paraa thí direto que a gente tá se encaminhando pro final thí eh eu queria saber se o YouTube eh ele tem de alguma forma um olhar um olhar focado à promoção de determinadas manifestações culturais enfim sei que não ten uma questão de manipulação de algoritmo mas eu fico me perguntando como é que eh representantes de determinadas manifestações culturais que não dominam os códigos de como fazer um vídeo viralizar ou de como criar uma audiência gigantesca por exemplo
a gente falou do funk que é muito bem sucedido que tem produtoras grandes por trás mas eu penso sei lá numa manifestação sei lá como a Congada ou frevo nem sei se tem grandes comunidades Talvez esteja fora da minha bolha o YouTube olha para para essa promoção cultural em diferentes segmentos ou é uma coisa que você entende que tá fora do escopo de vocês tem alguma conversa com com secretarias de Cultura com o ministério da cultura nesse sentido ou é algo que não passa pela empresa Antônio eu acho que é uma foi uma é uma
ótima provocação essa eh a gente tem aqui uma preocupação sim de conseguir de entender que não nem todo mundo tem o acesso à produção eh e à divulgação do seu conteúdo de forma igualitária Então a gente tem sim alguns projetos que olham para isso Como por exemplo o black Voices que é para focado em vozes negras né então para ajudar eh eh a canais de vozes negras e daí o que que como a gente faz né a gente tem uma mentoria ao longo de um ano inteiro desses canais para que esses canais consigam entender melhor
como funciona e conseguir produzir para conseguir ter uma audiência maior eh e a gente tem aproximação sim com alguns setores por exemplo o próprio setor do audiovisual e do cinema né Eh fazendo eh patrocinando eh alguns festivais e alguns a gente tava patrocinando o festival eh de Gramado a gente vai ter um patrocínio como eh Nordeste Lab também agora no fim do ano com o festival de cine Pernambuco festival de do Maranhão e nesses patrocínios o que a gente faz é não só trazer o patrocínio mas também possibilitar esses workshops para poder eh ensinar e
capacitar essas pessoas eh desse setor para que consigam usar a plataforma de uma forma eh de uma forma melhor para conseguir amplificar o seu eh a sua produção né acho que foi falado aqui né que não adianta só a gente ter a produção e ter a produção lá muitas vezes você precisa também de estratégias para conseguir divulgar essa produção da melhor forma então a gente tenta a gente tem uma área aqui interna que é uma área que a gente chama de parcerias que justamente olha para isso para capacitar esses esses canais para que consigam ampliar
eh essa essa visibilidade e a gente tem sim algumas aproximações com alguns setores Mas da forma que você trouxe né Eh pegando Essas manifestações culturais é um olhar é um é uma camada que a gente ainda não tem tem mas eu achei uma ótima provocação assim vou pensar internamente como é que a gente consegue inclusive olhar para Essas manifestações mais Eh mais mais localizadas enfim e que eu acho que é fundamental também para que a gente consiga ajudar como eu falei né ajudar nessa democratização e descentralização aí dessas narrativas e dessas eh divulgações culturais perfeito
thí Muito obrigado a gente tá se aproximando do final vou passar aqui para considerações finais alguns pontos que vocês queiram levantar vou dar Aí do TR minutinhos para cada um vou começar pela Márcia que foi pulada aí nessa última rodada mcia suas considerações finais aí sobre o tema sobre o debate Oi gente então foi ótimo ouvir vocês todos acho que para concluir então só vou pontar outra coisa também a partir de uma coisa que o Lu falou a gente realmente viu aí sociedade brasileira tem constante mudança sempre e as Universidades dão evidência uma das principais
evidências disso assim de certos avanços em algumas pautas no que se refere à diversificação né dos Estudantes em termos raciais que foi consequência da implementação de ações afirmativas mas essa transformação a gente é importante ressaltar também que ela foi feita só nessa parte do quadro estudantil né então a gente tem ainda universidades que são muito desiguais os quadros docentes ainda são majoritariamente dominados por pessoas brancas e tem uma sobrer representação na maior parte das áreas do conhecimento isso é outra temática de pesquisa que o gema que é o grupo de pesquisa que eu trabalho investe
né então a maior parte das áreas de conhecimento nas universidades brasileiras tem uma sobrer representação de professores homens brancos então às vezes no caso principalmente mulheres brancas mas às vezes as mulheres conseguem ser maioria no ensino superior mas essa maioria que se titula em doutorado ela não é é eh apreendida pros quadros docentes a gente ainda tem uma universidade que é muito desigual nesse sentido e que de alguma maneira trazendo já pro campo da cultura reflete também em outros espaços do mercado de trabalho então se a gente for falar do cinema a gente pode pontuar
eh que a gente tem uma indústria cinematográfica com um movimento cada vez mais pulsante de mulheres e de pessoas negras pedindo por políticas para maior inclusão e a gente tem essas pessoas se concentrando muitas vezes em filmes de média e curta metragem isso é É também um sinal de uma evolução de alguma maneira né grupos sociais avançando mas permanecendo em posições subalternas né no quesito eh dos grupos sociais as mulheres negras mais uma vez são as que enfrentam mais dificuldades e elas quando organizadas em movimentos também falam muito sobre isso do fato de que elas
estão querendo trabalhar mas não conseguem ter recursos para fazer um longam metragem eh isso acontece também com os homens negros eh com menos gravidade do que com as mulheres negras né se a gente olhar do ponto de vista histórico eh E isso acontece também com as mulheres brancas e com outros grupos da população os indígenas também eh mas é isso assim a gente tem visto um avanço em diversidade mas é um avanço que coloca certos grupos sociais ainda numa posição subalterna a gente não consegue acessar posições melhores eh de poder também no campo da indústria
cultural e aqui eu tô tratando muito mais claro do do da do cinema porque é a área que que a gente faz pesquisa no gema mas a gente também levanta dados sobre as tele novelas né E sobre a mídia de uma maneira geral e a gente vê pesquisa de outros pesquisadores também sobre o campo da indústria cultural como todo e é um são fenômenos que de alguma maneira se reproduzem em diferentes eh setores acho que é importante a gente falar sobre isso também tem tem várias nomenclaturas algumas pessoas falam em teto de vidro né uma
barreira invisível para que certos grupos sociais consigam acender a posição de maior poder eh isso acontece também na cultura e é outra coisa que tem que ser alvo tanto de políticas públicas do estado mesmo quanto eh de empresas de Fundações né que querem aí alternar e tornar nossos campo de produção cultural mais rico e mais diverso e obrigada mais uma vez foi ótimo estar aqui com vocês Muito obrigado Márcia Jader suas considerações finais bom quero agradecer aqui o debate achei muito boas as discussões e assim o então cultural é uma empresa privada com Espírito público
e na nossa fatia do pão aqui né O que que a gente tá fazendo eh sobre esse tema da mesa a gente tem o mestrado profissional com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul eh mestrado profissional em economia da cultura indústrias criativas agora em outubro a gente vai lançar um outro mestrado profissional com outra Federal sobre gestão cultural né nesse Campo também da formação e temos também a parceria com a mestrado profissional com o Instituto cela Helena de mediação cultural então nessa Esfera do gestor da pessoa do do da pessoa que tá tomando decisão
a gente tem essa atuação eh e a gente quer crescer cada vez mais nesse Campo importante dizer que essas vagas geralmente são 50% para as ações afirmativas justamente pra gente quebrar essa lógica né hegemônica de mais pessoas brancas eh estudando nas universidades também a gente tem como política eh ter esse programa Além desse programa A gente tem ações autof firmativas né autof formativas que acontecem na escola e cultural Então vai desde história da literatura brasileira da comida afr diaspórica mas também sobre economia da cultura indústrias criativas e também ali no campo das políticas culturais Então
são cursos gratuitos autof formativos todas Nossas ações são gratuitas no campo do fomento a gente tem um projeto super importante que é o Projeto rumos a gente olha especificamente esse o processo criativo né Então como que as pessoas estão se preparando para esse essa formação de fazer arte né da construção pensando muito no no campo da fruição da participação artística E também temos outras plataformas como a enciclopédia de arte e cultura brasileira e uma plataforma de streaming de cinema nacional também todos gratuitos e quem tiver aqui pro São Paulo poder ter a oportunidade de visitar
o it cural será um prazer ali visitar as exposições e também Os espetáculos agradeço demais aqui a participação e fico à disposição para conversas futuras Muito obrigado Jader Professor luí Augusto para encerrar que que o senhor quer dizer pois olha eu me ocorre comentar duas coisas né primeiro também Agradecer o convite aí a parceria dos dos colegas de mesa eh mas eu queria dizer o seguinte dentro do meu otimismo eu quero lembrar que é a primeira vez que a gente tem escola para todo mundo no Brasil primeira vez assim historicamente né ainda é uma escola
fraca enfim com mil limites sem biblioteca sem centros de de de de produção cultural de difusão cultural enfim milhares de problemas mas é a primeira vez que não falta vaga basicamente não falta vaga para ninguém na escola né Então é eu queria marcar Isso é uma é uma conquista do Brasil né a gente não não não pode deixar de pensar nisso na metade dos anos 90 para cá a gente tem governos federais enfim com altos e baixos mas a gente tem governos federais eh que apoiaram isso governos estaduais enfim a gente melhorou nesse sentido né
era muito comum todo talvez aqui todos ainda se lembrem né Sei lá eu 20 anos atrás começava o ano não tinha vaga a criança tinha que ser mandada para não sei a onde e tal então eu acho que isso é um é um motivo de orgulho e eu acho que deveria ser uma plataforma pensando agora na eleição devia ser uma plataforma pra gente pensar em melhorar as escolas né dotar as escolas de de meios de de produção e de difusão cultural porque é isso a escola tem uma capilaridade que talvez nenhuma outra instituição tenha no
campo daeducação cultura etc e a segunda coisa que eu queria lembrar é um assunto que também mal tá aparecendo no nosso Horizonte é não é bem não é exatamente em causa própria mas é o envelhecimento da população a gente o Brasil se pensou muito até agora como um país jovem e nós estamos falando agora de outra outra realidade né enfim eu não tenho números na cabeça então é isso que que cultura a população né 50 mais ou 60 mais produz e consome né O que que gostaria de consumir Acho que são dimensões muito importantes para
pensar em política cultural né eu tenho visto assim pessoalmente um enorme aumento do interesse pela literatura nessas populações uma gente que já passou pela Universidade que já trabalhou que tá no fim da sua carreira que começa a se dar conta Assim que ler deve ser uma coisa muito legal porque disseram para ela e ela vê que as pessoas estão lendo e que é uma coisa bacana e muitas vezes não sabe nem como fazer isso porque não tem mais a livraria de rua porque a biblioteca aliás as bibliotecas é são uma vergonha no Brasil né uma
vergonha estrutur Nossa com pouquíssimas exceções não há bibliotecas e quando há bibliotecas elas elas fecham no final do expediente e as pessoas que trabalham não tem como acessar Mas enfim essa é uma outra dimensão que eu acho que a gente tem que pensar teve um pouco ausente na nossa conversa mas talvez seja um um ponto de pauta relevante aí para todo mundo no futuro mas é isso quero agradecer muito a parceria e é isso fico à disposição também obrigado Professor Taí obrigado por ter participado O que que você tem a dizer aí para encerrar obrigada
eu vou encerrar emprestando um pouco da do otimismo do luí eu acho que assim né pegando um pouco acho que foi a gente foi falado bastante né do papel da tecnologia positivo e negativo eu tenho um otimismo assim muito grande dessa democratização do acesso a contar histórias de todo mundo poder contar suas histórias eu acho que a gente a missão do YouTube né é dar voz a todo mundo e permitir que todos possam conhecer o mundo através através da plataforma né então acho que ela essa vitrine que ela possibilita que regiões do Brasil inteiro contem
suas histórias exaltem seus sotaques costumes tradições eu acho que ajuda a quebrar estereótipos né que a Márcia trouxe muito aqui também promovendo um olhar mais plural pro nosso país né Acho que essa democratização desse acesso né permite que pessoas de todas as regiões de todas as classes sociais tenham contato com Essas manifestações sejam contando as suas histórias ou ouvindo Essas manifestações né seja música Regional dança artesanato culinária Enfim uma gama muito grande eh e contribui também pra preservação e divulgação aí do patrimônio cultural acho que fazendo um contraponto um pouco do que a mcia trouxe
também né dos streamings Eu acho que o YouTube PR é uma plataforma aberta eu acho que você possibilita inclusive isso você não tem uma curadoria aqui né nossa de dizendo o que Qual é a cultura que deve Qual é a manifestação cultural que deve ou não estar ali então você permite também essa democratização dessa forma e eu acho que lógico que assim sem sem eh fechar os olhos para todo todas as questões negativas que que que foram eh as questões de de atenção que foram trazidas aqui mas eu acho que existe que que a gente
deve pensar a cultura e a formação cultural incluindo também essas novas tecnologias para que a gente possa tirar o melhor proveito disso né e para que a gente possa também contrapor a as coisas negativas que podem vir assim Acho que precisa molhar de uma forma otimista para ess para essas ferramentas que tem e poder olhar para elas de uma forma crítica também né quando você traz ela paraa formação quando você traz ela paraa discussão você consegue olhar para ela de uma forma crítica e usar o melhor que ela tem e poder potencializar aí também e
para encerrar queria agradecer também a oportunidade e o discurso muito obrigada gente muito obrigado estamos encerrando aqui a primeira mesa do festival Brasil em debate que tá na sua terceira Edição promovido pelo nexo e pelo nexo políticas públicas a próxima mesa acontece hoje mesmo à tarde às 17 horas e o tema é por que a política é tão desigual é um tema que já apareceu aqui no nosso primeiro debate as debatedoras vão ser a Flávia RS que é professora pesquisadora do afro Sebrap e atualmente a diretora do Instituto de Ciências Humanas e filosofia da Universidade
Federal Fluminense vai ter a participação também da Juliana Marques que é pesquisadora do grupo de estudos multidisciplinares de ações afirmativas da uerg é o mesmo grupo que a Márcia participa a Viviane Gonçalves também vai participar Ela é Uma das coordenadoras uma das coordenadoras do at raça etnicidade política da Associação Brasileira de cientistas políticos e e também vai contar com a mediação do Lu Augusto Campos que também é do grupo de estudos multidisciplinares de ações afirmativas e é colonista do nexo jornal Agradeço muito você que acompanhou a gente agradeço os debatedores Muito obrigado e fica com
a gente até o dia 16 tchau tchau [Música]
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