e o adulto é sempre solitário é uma pergunta triste e Solitário em o que a criança e a caroço tem a fantasia um solta a partir deste momento de acordo com a escritora o ser humano vai se transformando em triste e Solitário em a massa segredo Me desculpa não vou responder ela deu poucas entrevistas e essa para TV Cultura em 1977 é preenchida mais por silêncios do que palavras que ela sabia muito bem não dão conta de transmitir tudo aquilo que se deseja fazer um Solitário não tem muito amigos Ah e só tô triste hoje
porque eu tô cansada vou gerar os Alegre é só literatura causa espanto e estranhamento assombro uma mesma frase pode produzir no leitor atração e repulsão a sua figura é magnética e hoje em dia ela tem uma verdadeira legião de fãs exatamente hoje dia Dez de Dezembro Clarice Lispector completaria 100 anos e é claro que eu não podia deixar de fazer um vídeo sobre ela mas nem se aqueles recados básicos que eu vou até falar rápido pra gente não gastar muito tempo se inscreve no nosso canal da o joinha e ativa o Sininho de notificação para
saber que eu não tem vídeo novo desse jeito você ajuda a gente e a gente te ajuda podendo trazer mais conteúdo em e ela é uma autora imensa e no vídeo de hoje eu vou explorar Quem foi Clarice Lispector e porque a sua literatura foge dos rótulos é claro que essa é uma pergunta imensa e eu não tenho como responder ela por inteiro ai ai eu me pergunto se alguém tem acho que não eu vou me aproximar os poucos do universo de Clarice Lispector contando principalmente com a minha experiência como leitora e com o apoio
de alguns dos principais biógrafos e pesquisadores da altura você já deve ter passado pela situação de leão conto ou romance da Clarice e pensado isso aqui é muito estranho e é isso mesmo a sua literatura causa estranhamento a gente considera estranho aquilo que não se encaixa exatamente nos nossos padrões de normalidade uma pessoa que a gente julga estranha é alguém que a gente não consegue entender os hábitos comportamentos e ideias aquilo que está fora das nossas Convenções costuma ser estranho Eu sugiro Clarice Lispector se sentia ela própria estranha ela não se percebia completamente pertencente ao
mundo esse estranhamento pode ser sentido no seus textos para entender porque ela sentia esse estranhamento na sua própria vida a gente precisa recuar até o seu nascimento ela nasceu na Ucrânia na pequena cidade de titionic sua família judia fugir da perseguição aos judeus só que a família não morava nessa cidade eles estavam em trânsito e essa ideia de que Clarice nasceu em deslocamento fora de um lugar fixo é uma chave para entender a sua obra personagens fora de seus lugares aparecem muito nos contos e romances de Clarice Lispector e macabéa é a protagonista da Hora
da Estrela é só personagem fora do lugar mais famosa bom a família ficou em dúvida se é para os Estados Unidos ou para o Brasil e acabou parando na cidade de Maceió em Alagoas depois eles vão dar o cif em Pernambuco e foi lá que Clarice Lispector fez os seus primeiros estudos e aprender o inglês e francês em casa com a família ela conversava em Ibis uma língua falada pelos judeus que é uma espécie de mistura de vários idiomas depois que a sua mãe morre a família vai para o Rio de Janeiro onde ela entra
na faculdade de direito em 1939 ela mesmo conta que quando criança era muito defensora dos direitos e por isso mesmo todo mundo a sua volta tinha certeza que ela seria advogada para entrou na universidade de direito querendo reformar as penitenciárias femininas e só por isso já dá para perceber como ela tava frente do seu tempo o fato é que ela nunca exerceu o direito na Universidade ela conheceu o seu futuro marido Maury Gurgel valente que se tornaria Embaixador em 1940 um ano depois dela entrar na universidade ela inicia a sua actividade como jornalista que permite
o Tom a vida em paralelo com a carreira de escritora com o seu marido Clarice tem dois filhos e vive durante 15 anos em países como Itália Suíça e Estados Unidos onde escreve seus primeiros livros seu romance de estreia perto do Coração Selvagem se diferenciou donnell regionalismo principal expressão literária naquele período era época de autores como Graciliano Ramos Raquel de Queiroz Jorge Amado que se debruçavam sobre os problemas sociais do país o livro de estreia de Clarice Lispector recebeu elogios de críticos como Antônio Cândido ele fala sobre a renovação que a sua linguagem estava promovendo
e nota também a exploração vocabular e aventura da expressão da autora Além disso ele disse que Clarice é capaz de estender o domínio da palavra sobre regiões mais complexas e inexprimíveis no vídeo de hoje eu vou comentar os pontos da autora e para isso quero pegar como gancho essa observação de Antônio Cândido sobre a zonas inexprimíveis que ela explora a literatura de Clarice é uma busca incansável e até exasperada pelo magma primeiro pela lava essencial pelo centro de toda a vida mas afinal o que é centro de toda a vida e como dar forma a
ele é por isso que muitos defendem que Clarice Lispector é autora do indizível ou seja daquilo que não se tem como ou não se pode dizer nessa busca intensa Clarice está aberta a atravessamentos de todos os tipos tudo que existe pode chamar atenção causa espanto e maravilhamento as suas tramas são mínimas uma mulher que observa um ovo na mesa uma menina que pede um livro emprestado para uma amiga um homem que observa outro homem janta o primeiro ponto que eu quero comentar ele se chama o jantar e faz parte do livro Laços de Família o
narrador é um homem que observa a outro homem de meia-idade jantando o garçom serve o vinho leva o prato e nada mais basicamente o que acontece é isso mas de uma simples garfada num pedaço de carne ou da imagem de satisfação no rosto depois que o apetite é saciado Clarice extrai muito o personagem que o narrador observa mastiga de boca aberta limpa os olhos com guardanapo e deixe o azeite umedeceu os lábios até que de repente Eis que o velho se mobiliza de novo como se tivesse o peito contraído e barrado sua violência potência sacode-se
presa ele espera até que a fome parece assaltá-lo e ele recomeça a mastigar com apetite de sobrancelhas franzidas Eu é que já comia devagar um pouco nauseado sem saber porque participando eu não sabia de que de repente ele vai estremecer todo levando guardanapo aos olhos e apertando uma brutalidade que me leva Ou seja a simples observação de alguém mastigando a comida atravessa o narrador e causa de várias Sensações Esse é um traço da literatura de Clarice os seus personagens parecem perceber e observar as coisas pela primeira vez como crianças fascinadas as personagens da autora passam
por transformações e revelações a partir das coisas que aparentemente são banais a pesquisadora e professora de literatura da USP yudith Rosenbaum diz que Clarice pinta os detalhes do cotidiano como espécie de espiritualidade e se espanta com as coisas todas que existem e nós leitores nos espantamos com a sua linguagem a pesquisadora explica que ela faz um jogo muito próprio entre substantivo e adjetivo Clarice escolhe o motivo EA cópula ele um adjetivo completamente inesperado que nós normalmente nunca usaremos por exemplo alegria difícil felicidade insuportável horrível mal estar feliz pode ativo gera uma tensão com substantivo e
nos joga no estranhamento ué a felicidade não é o estado que todos nós mais procuramos como ela pode ser então insuportável felicidade e insuportável a partir desse momento a gente adentra o terreno do insólito da surpresa do novo e não saímos do mesmo jeito depois de um texto de Clarice Lispector A gente passa a enxergar tudo de um jeito diferente justamente porque ela quebra tantas convenções e normas o estranhamento nos convida a despertar e é sentir as coisas só que isso nem sempre é fácil autora mexe em zonas sombrias pode investigar paixões Malditas e trazer
à tona mal-estar a negatividade Esse é um dos traços por exemplo do conto perdoando Deus que está no livro felicidade clandestina nesse conto novamente temos uma voz em primeira pessoa dessa vez uma mulher que começa dizendo que fazer um passeio em Copacabana e observe lava tudo o mar as pessoas os edifícios ela se sentia livre e muito bem ela Experimenta uma sensação de carinho por tudo e todos e se sente a mãe do mundo a mãe da terra e a mãe de Deus até que de repente ela pisa em um enorme rato morto pois bem
ela fica apavorada de medo e começa a perceber um estranho sentimento ela fica revoltada com Deus e quer se vingar dele como é possível que ele tenha tirado ela de Todas aquelas sensações de bem-estar e feita ela pisar em um rato morto ela é tomada por um forte sentimento de revolta e diz o seguinte a grosseria de Deus me feria eu tava me Deus era bruto andando com o coração fechado nem a decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada Continue andando procurava esquecer mas só me ocorria a vingança Mas quem Vingança poderia
eu contra um Deus todo poderoso contra um Deus que até com rato esmagado por dia me esmagar minha vulnerabilidade de criatura só ai assim pois então não guardar em segredo e vou contar a narradora disse que vai então contar todos os segredos e vergonhas de Deus e começa um longo parágrafo em que diz que ela e o Rato são a mesma coisa e ela precisa aceitar sua natureza e mais aceitar a natureza de alguém que deseja a morte de um animal e termina dizendo Eu que jamais me habituei a mim estava querendo que o mundo
não me escandaliza se porque enquanto eu amar a 1 de é só porque não me quero serei um dado marcado e o jogo da minha vida maior não se fará enquanto eu inventar Deus ele não existe Ufa Clarice quer mostrar os ratos baratas e insetos e animais que existem dentro de nós mesmos e para isso ela exigir os entrega o texto existe uma frase dela própria e que ela diz as coisas não são fáceis mas é preciso dizê-las retomando a sua biografia em 1956 já separada do marido ela volta dos Estados Unidos e se estabelece
definitivamente na Cidade do Rio de Janeiro é nesta época também que ela recomeça a publicar matérias jornalísticas voltadas para o público feminino e também dá uma entrevista para revista Mundo ilustrado com seguinte título os dois mundos de Clarice livros e filhos eu fiquei muito emocionada nessa parte quando ela disse que a ser vista pelos seus filhos como uma mãe sempre ocupada e por isso ela colocava a máquina de escrever no colo na sala junto com eles e escrevia enquanto eles estavam ali com ela ela deixava aqueles a interromper sem e comenta e como interrompiam em
1966 ela passa por uma experiência traumática sofre um incêndio no seu apartamento fica gravemente ferida em estado de coma por quatro dias sobre tudo isso ela disse o incêndio que sofreu algum tempo destruiu parcialmente minha mão direita minhas pernas ficarão marcadas para sempre o que aconteceu foi muito triste e Prefiro não lembrar só posso dizer que passei três dias no inferno aquele que dizem espera os maus depois da morte eu não me considero mar e o conheci ainda viva uma das biografias de Clarice a pesquisadora Nádia battella gotlib autora dessa foto biografia os filhos a
publicada pela edusp que usei muito como fonte de pesquisa para o vídeo recolher um depoimento de uma das grandes amigas de Clarice Lispector Olga Borelli que passou os últimos sete anos ao lado da autora inclusive ajudando ou com seus textos porque por conta do incêndio ela não conseguia mais escrever com a mão direita aos 56 anos muito doente e no hospital Clarice queria levantar da cama e andar a enfermeira não deixou e Olga Borelli conta que Clarice respondeu Você matou o meu personagem porque está por trás dessa frase Clarice mergulho tão intensamente na sua própria
ficção que se transformou em personagem de si mesma autora se transfigurou na sua própria ficção isso acontece ainda agora de você produzir alguma coisa e rasgar e eu deixo de lado rápido não é o raio você [Aplausos] o produto de reflexão ou uma emoção um pouco de raiva com quem comigo mesmo porque cores agora Tô meio cansada é do que é diminuir a É mas você não renasce se renova a cada trabalho novo Tá bom agora eu morri e não mereceu renascer de novo por enquanto eu tô morto e a biógrafa e autora conta que
Clarice deu essa entrevista quando se sentia muito triste e depressiva ela inclusive pediu para o entrevistador só divulgá-la depois da sua morte Clarice morre em 1977 E a entrevista vai ao ar no ano seguinte em 78 mas a mesma autora que diz que o adulto é triste solitário também disse em uma de suas crônicas o mundo parece chato mas eu sei que não é eu fico muito emocionada pensando em todos os textos da Clarice Lispector e como tanta gente encontra ela pela primeira vez na adolescência e leva a vida fora a Rocco estar editando obra
completa da autora e olha só que interessante nas capas estão as pinturas dela própria Sim ela tentava em uma carta que escreveu para o seu filho Pedro dizem inclusive que a pintura é mais Libertadora do que a escrita olha só a tinta de acrílico Pincéis e telas é uma libertação pintar liberta mais do que inscrever-se para ela escrever a Libertador para nós leitores Clarice também é É difícil dar uma resposta absoluta sobre o que ela escreveu e como Clarice absolutamente singular como Disse o poeta Carlos Drummond de Andrade Clarice veio de um Stereo Partiu para
outro ficamos sem saber a essência do Mistério Clarice não foi um lugar comum agora quero saber de vocês Qual a relação que vocês têm com essa altura tão maravilhosa me conta tudo aqui embaixo que eu vou adorar saber também quero te convidar para seguir o Instagram antofagica e o meu pessoal Live Piccolo hoje eu também coloco conteúdo sobre livros Filmes séries e conta uma história bem curiosa que aconteceu comigo enquanto eu preparava esse vídeo da Clarice a gente se vê na próxima semana com mais um vídeo E aí [Música] E aí E aí alô alô
alô [Música]