[Música] a Consciência Negra sempre existiu a luta por liberdade por direitos ela sempre existiu mas o que a gente vê nos anos recentes É principalmente a escala dessa luta ela tava mais localizada E hoje você tem uma sociedade mais conectada uma Juventude mais escolarizada e isso faz diferença isso se torna muito mais visível Angola é um lugar fundamental para memória da escravidão entre Brasil e a África porque foi o lugar que mais enviou africanos escravizados para o Brasil então a cultura bantu ela é muito presente na cultura brasileira de uma maneira geral Então essa mulher
negra a mulher negra angolana eu considero deve ser levado em conta na nossa história como a mãe ancestral a figura de todos os brasileiros [Música] [Música] onde a gente mais viu um GAP social tem a coisa pobre a gente vive em outros países mas tem a reação tem Ferrari tem hotéis então isso muito nos incomodou que é um pouco que a gente vive no Brasil [Música] quando a gente teve lá no anda só perdia para Dubai em número de gruas na construção civil não era um momento do Ápice do petróleo coisa que nos impressionou também
em Luanda capital de onde a gente começou a viagem foram as marcas de malas nas paredes ainda um vestígio da profunda guerra civil pela qual eles passaram por décadas a Fortaleza de São Miguel fica no alto de uma Colina debruçada no mar ali no centro de Luanda ela acaba privilegiando mais uma memória militada Angola recente do que uma memória da escravidão Embora tenha sido uma fortaleza que foi criada no contexto da escravidão é muito bem conservada o acervo riquíssimo de arte azulejos belíssimos e status imponentes da porta uma delas que viria ser o nosso foco
na nossa vida interior do país a gente fez uma breve passagem para uma antiga casa de traficantes de escravos que hoje o museu da escravatura que fica no alto de um pequeno morrete onde eles ali eram batizados recebeu outros nomes embarcavam em navios que viriam para as Américas logo depois a gente pegou estrada em direção ao centro do país para visitar outros lugares de memória e Chegamos em massangano o rio quanza era um rio fundamental para o abastecimento do porto de Luanda o rio margeava algumas cidades onde foram erguidas fortificações justamente para poder controlar esse
fluxo de Africanos escravizados pelo rio mas sangrando tem diversas Ruínas da cidade do período da escravidão cambani também e esses dois lugares são lugares importantes da memória da escravidão por causa disso porque foram lugares onde os africanos que eram capturados eram levados para ficarem lá à espera das embarcações que levariam pelo Rio quanza até Luanda para de lá ser enviados para as Américas Principalmente para o Brasil [Música] durante todos os 400 anos se voltavam para o Brasil para basicamente o Rio de Janeiro e ainda que também para Bahia nessa região sul Equatorial exatamente onde estão
concentrados povos de língua banto houve um dos maiores reinos que a África já teve foi o Reino do Congo [Música] foi um dos reinos mais antigos existentes na África e dos maiores Rios tanto que já elucida no campo 13 de Camões ele se refere ao grande Reino do Congo e esse reino dominava toda aquela parte que hoje são os fungos foi a parte que hoje é Angola também [Música] esse reino foi quem primeiro entrou em contato com os portugueses quando elas chegaram ao final do século XV Diogo cão com desembarcou na foto do Rio Congo
ou do Rio Zaire ele invadiu entrou o sertão lá dentro ali e foi até empresa capital do reino e aí esteve em contato com o Google houve uma intromissão muito grande da Igreja Católica no Reino é o ponto de no século seguinte o Reino do Congo tá destruído e um dos subsidiário desse reino Era exatamente o rei dindongo que quando os portugueses já chegaram começaram a chamar de Angola que é o título o soberano Angola quer dizer o Divino o famoso e tal e assim ficou consagrado como Angola [Música] essa região foi uma região que
trouxe muito do que nós conhecemos como cultura afrodescendente no Brasil samba capoeira então é muito intensa essa herança africana que veio de Angola para o Brasil [Música] nós temos o que lá nós temos maxixe ando Dendê que é amar identidade da cozinha baiana hoje né prazer de entender temos o fubá tem mais a moranga aquela abóbora moranga tudo isso veio de onde E quem foi a grande responsável aí é que entra uma pessoa escondida esquecida praticamente na história do Brasil quem foi que nos ensinou a cantar As cantigas que nós ouvíamos cantiga de ninar aqui
na Bahia quem te pariu que te dei caruru quem foi que nos ensinou tudo isso a babá babá tem uma palavra manto e quer dizer curadora criadora é a primeira pedagoga das crianças foi ela foi ela que ensinou as primeiras palavras as primeiras coisas a mulher negra a mulher negra angolana e eu digo angolana porque todo vocabulário em torno dessa mulher é sempre vocabulário E se nós levamos a consideração que a língua substancia o espaço de identidade de um povo então se Essas palavras são todas as palavras ligadas as línguas angolanas Então Significa o quê
que essa mulher que cantava essas cantigas que usava essas palavras mulher preta no Brasil tá na base da construção da sociedade se você entende a família como núcleo primário né primordial da sociedade brasileira a classe média elite brasileira toda depender da mulher preta para existir para comer para dar de mamar aos filhos para cuidar dos filhos as mulheres de classe média precisaram das mulheres negras para fazerem a sua independência é fato que mulheres negras sempre tiveram um papel Central na formação desse povo um papel não reconhecido porque você trabalho não remunerado por ser trabalho de
tudo debaixo qualificação então a gente vem daí uma linhagem de mulheres que sempre fizeram de um tudo na construção desse país e que ainda hoje paga um preço alto né por essa imposição de subordinação [Música] ainda mais ao centro do país a gente chegou a um Parque Nacional das Pedras negras esse lugar além de belíssimo transformações incríveis rochosas incrível ele abriga o que seria uma pegada da Rainha Ginga gravada na pedra A Rainha Ginga ela é uma figura que se tornou emblemática da Resistência escrava comandando exércitos inclusive mulheres soberanas de formações políticas relacionadas à guerra
a rainha Zing Band a famosa Rainha Ginga é um exemplo de mulher que chefiou e comandou um reino com exércitos poderosos ela nunca se curvou a dominação portuguesa ela tem essa memória de resistência escrava que permaneceu no Brasil também mas não é uma luta simples faz muito tempo que o movimento negro prega a identidade racial a valorização blacks beautiful e agora você vê um espalhamento disso Na verdade eu vou usar uma expressão dos novos tempos o orgulho negro viralizou no século 21 Então você ganhou uma escala das mulheres todas estarem fazendo transição no cabelo assumindo
o cabelo black usando roupas com referências africanas assumindo a religiosidade tudo junto tudo ao mesmo tempo chegando na universidade confrontando pensamento e isso vai dando escala ao movimento Talvez seja um movimento mais interessante forte vigoroso da sociedade brasileira nesse momento seja o feminismo negro a jovens negros estão mais escolarizadas estão mais politizadas eu até uso dizer que talvez mais que os homens que os homens negros que os jovens negros os que a gente tem um sentido de acolhimento de união entre as mulheres que é histórico que é ancestral que fortalece essa luta desse momento era
uma princesa de beleza sem igual por isso muitos vinham de longe pedir em casamento e o pai orgulhoso dizia não haverá melhor pretendente um dia a princesa encontrou chuva e os dois se encantaram um pelo outro sua beleza me comove precisa quer casar comigo chuva era Generoso e bom era ele quem enchia os filhos fazia Florescer as árvores brotar as flores e as colheitas a princesa não hesitou e disse sim ela não sabia que nesse mesmo instante fogo tinha procurado seu pai ele era forte vigoroso afugentava os animais perigosos aquecia as pessoas iluminava as noites
e o reino disseram sim ele concedo a mão de minha filha estava criado dilema o rei não poderia voltar atrás e a princesa já não podia negar seu próprio desejo Foi então que o rei propôs uma disputa no dia das bodas aquele que chegasse primeiro casaria com a princesa um dia marcado um vento forte via solar o reino fogo lançou-se a correr rápido ajudado pela Ventania enquanto as nuvens de chuva se espalhava deixando cair apenas pequenas gotas espaços há poucos metros da chegada ouviu-se um trovão um estrondo tão forte que chegou assustar e em seguida
muito da água caiu sobre a terra apagando fogo de imediato e chuva ganhou a disputa a princesa ficou tão feliz que correu e foi dançar até hoje quando chove todos na aldeia correm para dançar e mais uma vez celebrar a bela princesa era hora de pegar uma longa estrada em direção ao Sudoeste do país horas e horas e horas de viagem a gente chegou no finalzinho do dia Sou baixinho hora ideal para fotografar e a gente viu um morro que poderia ser o morro da catumbela que estaria no nosso roteiro [Música] a gente tinha ouvido
falar por uma canção que fala dos brasileiros que passaram por lá e subiram a catumbela e virou samba jorrar lá então mas vamos subir o morro da cartola para ver que medida tem alguma similaridade com Brasil [Música] por mais uma doce ironia do destino a gente chegou na Cartola no aniversário de emancipação obviamente mais uma vez a gente teria que negociar com o líder local para fazer as fotos se a gente estava esperando ali algum Seba tocado Morro da catumbela que a gente viu mais foi um preparativo para apresentações de kuduro que iam acontecer ali
durante as festividades que é essa dança e esse ritmo que faz muito sucesso em Angola e que agora também tá globalizado que tá muito mais próximo do funk carioca do que do samba carioca tem nada a ver Simba é umbigada é uma representação dentro do Samba uma forma de sambar samba quer dizer Rezar orar porque você imagina que todo ele africano falar com Deus falar com a sua identidade O Sagrado aí passa todo o corpo Então se o sagrado até passa todo o corpo ele dança ele grita ele se Remexe para louvar seus sonhos eu
percebi nas minhas pesquisas É que na verdade o samba ele é retomado na Angola pelos angolanos que faziam parte da resistência ao colonialismo português esperados no samba enquanto uma música que remetria identidade nacional do Brasil Então retomar o samba como uma música que faz parte da identidade nacional angolana tinha a ver com recuperar tradições musicais angolanas que haviam sido sufocadas pelo colonialismo português escravizados saíram pelos americanos [Música] em frente à praia tem um museu de arqueologia que teria sido um antigo interposto de escravos dentro do mar a gente viu Estacas do antigo Porto de onde
eram mandados os escravos do Brasil [Música] é muito impressionante como apesar do pouco Cuidado que o governo angolano tem com Patrimônio Histórico que a gente viria constatar depois conversando com arqueóloga que trabalha no museu aquilo era uma memória viva de tudo que a gente foi buscar na África tava lá os pilares do porto estão lá ainda de madeira sobre as águas [Música] a gente sentia falta da cultura africana original em Angola a sensação que a gente tinha é de que a mão do colonizador foi muito pesada então Angola é muito português [Música] é justamente o
que a gente procurava Quem são os feiticeiros são aqueles que ainda celebra seus rituais cultuam religiões originais e que não foram enterrados pelo colonizador português chegamos ao nome grande no meio da tarde ainda tempo de visitar as ruínas de uma antiga fábrica de açúcar sabemos que ali também seria uma rota de onde os escravizados vinham no interior e seriam via Porto de bengala mandados suas Américas falava muito da vontade de registrar o migolo que é uma dança inspirada nos momentos da zebra que os adolescentes homens fazem para conquistar suas mulheres E começamos a ver a
comunidade se preparando para dançar o que seria o negócio [Música] o adolescente mais jovem que não sou para gente devia ter os seus 65 anos enfim não foi uma dança linda que eles fizeram para a gente [Música] e outra coisa que muito Me lembrou o Brasil foi a morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela [Música] os negros brasileiros ainda são invisíveis em vários ambientes do poder político do poder econômico e do Poder cultural da indústria cultural do Brasil no ballet clássico que eu tinha dificuldade por ser negra então o cabelo tinha que
estar esticado a bunda que a mulher negra geralmente não tem chapada E você tem que colocar para dentro você passa pó de arroz na cara para você ficar da tonalidade das outras bailarinas porque num palco clássico não pode ter diferença você vê que bailarina geralmente é tudo igualzinho você quase não consegue diferenciar uma da outra então no clássico a minha maior dificuldade era isso a falta de representatividade a falta de oportunidade de trabalhar ali nos negros já no afro a gente não tem a dificuldade ligado ao nosso estereótipo a nossa cor de pele é o
nosso cabelo mas a gente tem dificuldade de acessibilidade né dificilmente você vê Produções negras em grandes palcos a gente não vê uma Ópera no teatro municipal que tem a dança afro tem uma cultura Negra expressiva ali eu eu ai me eu eu tenho uma língua solta que não me deixe esquecer que cada palavra minha é resquício da colonização cada verbo que aprendi a conjugar foi me ensinado com a missão de me afastar de Quem veio antes nossas escolas não nos ensinam a dar voos subir e entender que nós retintos Ainda temos grilhões nos pés esse
meu português truncado faz suar em meus ouvidos o lançar do chicotes encostas de couros pretos nos terreiros de umbanda evocam entidade e liberdade com idioma que tentou nos prender a cada sílaba separada relembro do quanto fomos e ainda somos segregados eu é que não vou falar bem de nada do que vocês me ensinaram [Música] Angola O que foi mais impactante para mim foi poder viajar pelo país de carro o país que a pouco tempo atrás estava em guerra civil que tem várias minas terrestres que ainda não foram localizados poder vivenciar o país não todo ele
que Angola imenso mas esses lugares emblemáticos da memória da escravidão acho que foi a emoção mais forte que eu tive e talvez a maior de todas foi realmente ter ido nas pedras negras e ter respirado aquele lugar né onde a rainha agenda fez a resistência ao colonialismo português estar ali no alto daquelas pedras Foi um momento bastante emocionante [Música] era hora de pegar mais uma vez o avião para o nosso último destino Moçambique Possivelmente foi o país mais bonito que a gente visitou nessa expedição Moçambique era expectativa de conhecer a última rota no tráfico Transatlântico
de Africanos escravizados e uma rota tardia porque era uma rota mais distante que partiu do índio o que que tinha de diferente nisso era essa pergunta que a gente tinha antes de partir para Moçambique [Música] [Música]