Três lições de SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ para amar a Deus na vida cotidiana

Neste dia 9 de janeiro do ano de 1902, na Espanha, nascia São José Maria Escrivá, uma grande luz para a Igreja Católica, para o mundo, pela clareza do seu ensinamento e pela retidão da sua doutrina, que inspira os fiéis do Opus Dei e todos os fiéis católicos que queiram viver com intensidade a sua vocação batismal. Porque a primeira grande lição de São José Maria é viver a sua filiação divina. Todo cristão é filho de Deus; não é uma teoria abstrata, é a relação com um pai, é a relação íntima de um filho que se sabe responsável por cumprir uma missão que o próprio pai designou.

O pai que nos criou tem um propósito para a nossa vida e isso viver essa vocação com toda intensidade. São José Maria nos ensinava a vivermos como filhos de Deus. E como é que vive um filho de Deus?

Primeiro, sempre em contato com o seu pai, sempre unido com o seu pai pela oração, conhecendo a revelação de Cristo na Sagrada Escritura, vivendo a união sacramental da Sagrada Eucaristia, escutando e falando pela oração com o seu pai, com uma sensação de profunda confiança na providência divina, de quem sabe que um fio de cabelo não cai, um pardal não cai sobre a terra sem autorização do Pai que está nos céus, que não é só uma força cósmica anônima e impessoal, que engendrou e deflagrou o movimento do mundo, mas é um pai com um coração cheio de misericórdia, de amor, de caridade, pronto a nos cuidar. Então, a filiação divina deve ser o eixo da nossa vida; deve ser a gravidade, a gravitação sobre a qual orbita a nossa existência, a partir de um sentido muito profundo de serenidade, de abandono nas mãos de Deus e, ao mesmo tempo, de otimismo, de alegria, porque tudo que acontece, acontece para um bem maior, com um propósito extraordinário, mesmo que nós não entendamos e conheçamos. Nós sabemos que nada é fruto do acaso, que Deus não joga os dados, como dizia Einstein; que nós não estamos aqui para um acaso cósmico de modo fortuito e gratuito.

Pelo contrário, isso nos dá otimismo sobrenatural, porque, no fim, tudo será redimido, relacionado e articulado para um bem maior, que é a nossa salvação, que é a nossa bem-aventurança eterna, que é a comunhão permanente e definitiva com Deus. E este é o motivo da nossa alegria; a nossa alegria tem raízes espirituais. Não é uma alegria animal, não é uma alegria passageira, não é um prazer momentâneo, é uma alegria de se saber filho de Deus e de saber que nós somos peregrinos e que, depois deste vale de lágrimas, depois deste percurso, motivados pela esperança profunda na palavra de Deus, nós vamos nos reunir com este Pai que nos criou.

Mas São José Maria não só ficava nessas considerações que podem ser abstratas para muitos de nós, mas nos ensinava, em segundo lugar, a ordenar a vida espiritual. A nossa vida espiritual precisa de disciplina, precisa de ordem. Nós precisamos de um plano de vida, nós precisamos de tempo para a oração, de tempo para ler a palavra de Deus, para conhecer a doutrina católica, para ter contato com Nossa Senhora, para entrar na Santa Missa.

Então, ele propôs um plano de vida que fosse adaptável às situações correntes de um dia a dia moderno como o nosso, atarefado, atribulado, marcado por várias atividades, idas e vindas do trabalho, atividade social, mas marcando os momentos necessários para ter um contato e um convívio direto com Deus. Portanto, o plano de vida é algo extraordinário que todos os cristãos podem ter, sempre dirigidos por um mentor, por um diretor espiritual mais experiente que saiba nos conduzir nesse caminho da piedade católica tradicional. Em terceiro e último lugar, São José Maria Escrivá nos ensinou a santificar a vida corrente; é o cotidiano o local do nosso encontro com Deus, não no domingo à tarde, não no retiro, não numa situação extraordinária que pode nunca acontecer, mas no dia a dia da família e do trabalho.

Ele nos ensinou a valorizar as pequenas coisas do dia a dia que podem parecer insignificantes, mas que são revestidas de um profundo significado quando feitas com Deus e por Deus. As pequenas coisas que permitem que nós manifestemos o nosso amor a Deus pelo modo atencioso, cuidadoso, diligente e laborioso com que nós realizamos o nosso trabalho cotidiano. Tudo tem um valor importante, e o trabalho profissional, em particular, é o meio da nossa santificação, porque é aquilo com que nós nos ocupamos a maior parte do nosso tempo.

O cristão precisa de unidade de vida, ensinava São José Maria; nós não podemos ser cristãos na Igreja, no domingo, na missa, ou numa comunidade, ou numa atividade paroquial ou pastoral qualquer, e no resto da nossa vida vivermos e pensarmos como pagãos. Nós temos que pensar e viver como cristãos sempre, o que não quer dizer que nós não tenhamos que ter uma mentalidade laical para realizar com excelência o nosso trabalho profissional, que é o nosso meio de santificação. Realizando um trabalho com dedicação, com concentração, com intensidade, querendo santificar o trabalho, santificar os outros com o trabalho, nós nos santificamos no trabalho.

Pensem que a vida de Cristo, por 30 anos, a chamada vida oculta, que não era disfarçada ou escondida, mas uma vida discreta, era uma vida de trabalho. Ele era conhecido como filho do carpinteiro, era conhecido como aquele que realizava os seus afazeres cotidianos. Não passou 30 anos ocioso e muito menos realizando coisas extraordinárias, milagres.

Pelo contrário, ninguém nem sabia que ele era o nosso Senhor. Portanto, a gente precisa aprender a converter o nosso trabalho em oração. Para isso, a gente precisa ter vida de oração, relacionando Marta e Maria, aquelas amigas de Cristo de Betânia.

Maria que escutava as palavras de Deus. Pés de Cristo e Marta, que trabalhava realizando, eh, naquele caso ali, a comida e o banquete que nosso Senhor teria. E por isso, São José Maria diz: "Trabalha sempre e em tudo com sacrifício para pôr Cristo no cume de todas as atividades.

" Então, a gente pode e deve santificar o nosso trabalho, fazendo com excelência e por Cristo, ainda que ninguém saiba, ainda que ninguém perceba. Nós estamos com um motivo sobrenatural; é isso que ele nos ensinou a fazer: põe o motivo sobrenatural de agradar o teu Pai Deus com o teu trabalho e o terás santificado, diz São José Maria. Então, vale a pena conhecer esse grande santo.

Recomendo este pequeno grande livro "Caminho", que são pontos de meditação que ele escreveu ainda muito jovem e que servem de inspiração para tantos e tantos cristãos ao longo dessas décadas. Viva São José Maria Escrivá!