bem-vindos a mais um vídeo hoje vamos conversar sobre o surto que foi a minha leitura de A Hora da Estrela de Clarissa L Spector esse Grande clássico da literatura brasileira dessa escritora que nasceu em território ucraniano mas fugiu e veio morar no Brasil muito nova passou a vida inteira no Brasil e tem um impacto muito grande para a nossa literatura eu li esse livro quando eu estava na adolescência acredito que não foi para um vestibular específico mas eu li por conta né da das leituras obrigatórias de alguns vestibulares e eu tive algum interesse ali por
aquela obra Eu lembro que na época eu achei interessante gostei mas não entendi muita coisa assim ele é um livro complexo na minha opinião é um livro com muitos elementos da literatura Modernista mas eu gostei muito desse livro foi uma surpresa positiva muito grande que eu não esperava que eu fosse gostar tanto assim Bom basicamente Na minha opinião a gente tem três formas macro assim de observar esse livro o primeiro seria pelo mero enredo né pelo enredo propriamente dito que provavelmente todo mundo conhece né a história da macabé que é uma nordestina que vai morar
no Rio de Janeiro ela é uma personagem assim extremamente insossa ela é uma pessoa que sofre muito na vida mas que acha que tem uma vida feliz e nada acontece na vida dela parece até que ela economiza a própria vida vive o menos possível assim mas especialmente por todo o seu histórico de ter vindo do Nordeste de não ter se encaixado naquela sociedade de não ter encontrado bom emprego de ser uma datilógrafa ali que não se dá muito bem com as palavras Então ela acaba não se desenvolvendo bem no emprego dela pelo contraste também com
outros personagens que vão surgindo vem a glória que é aquele estereótipo de carioca né que se dá super bem e tenta fazer amizade com todo mundo e é super confiante com o próprio corpo muito diferente da própria macabé depois vem um namorado ali que é o Olímpico e esse namorado é um cara todo machão assim e trata ela super mal mas é a única coisa que ela tem de diferente na vida dela então ela vê aquilo como algo positivo mesmo assim enfim a gente vai acompanhar é alguns aspectos aqui da vida dessa personagem na macabea
o segundo aspecto do livro que para mim é o mais interessante foi o que mais me chamou a atenção que mais me arrebatou desde o início é a construção do narrador o narrador é um escritor então a gente vê na verdade nesse livro aqui a construção de um livro porque nós estamos aqui com um narrador que é um homem ele é retratado aqui como um próprio personagem assim ou seja a Clarice vai criar aqui um narrador que seria praticamente sei lá um alterego dela ou uma expressão dela aqui por meio desse narrador que é o
Rodrigo e ele vai apresentando paraa gente a macabea como personagem mas é como se ela estivesse dentro dele e E se o Rodrigo ou a Clarice né como a gente quiser interpretar eh estivesse apenas vendo aquela personagem e precisa expressar essa personagem num livro então é como se o personagem não tivesse um rumo ditado pelo escritor o escritor acaba se envolvendo ali na história daquele personagem e o personagem mesmo vai levando o livro isso eu já vi em outros textos sobre a arte da escrita né sobre a narração e outros escritores que falam sobre isso
é um tema que Eu gosto muito de estudar de ler e como eu estava recentemente relendo revisitando Paris é uma festa do remio aí que até já tem um vídeo sobre ele aqui no canal um pouco antiguinho da minha primeira leitura e nesse livro tem muito sobre a arte da escrita do Hemingway que era um escritor que prezava muito pela verdade então ele buscava sempre colocar a verdade no seu texto e ele fala mais ou menos isso também sobre esse ímpeto de escrever a verdade e como o texto parece que se escreve sozinho depois que
ele de fato Entra naquele processo de escrita então Esse aspecto do livro foi o que mais me interessou desde o início e a gente passa muito tempo nesse processo de escrita então parece que no livro A gente passa mais tempo vendo o Rodrigo que é esse narrador esse personagem narrador escritor eh buscando essa história e tentando se desvencilhar dessa história do que propriamente assistindo ao enredo do livro que seria a história da macabea o terceiro aspecto que eu acho que dá pra gente analisar ar aqui nesse livro é o aspecto psicológico e aqui vem muito
a questão do fluxo de consciência Eu até vim aqui com a minha camiseta da Virginia woof para não esquecer de dizer que a experiência me lembrou muito a minha experiência de leitura de Mrs delay da Virginia wolof que inclusive eu estou relendo nesse momento e o fluxo de consciência da Virgínia é muito nítido de você ver assim que você está andando e tem alguns personagens sendo apresentados e você vai pulando em cada mente de cada personagem é uma coisa que a gente até fica um pouco confuso assim algumas pessoas não gostam do fluxo de consciência
até por essa dificuldade Inicial mas eu lembro que isso me envolveu muito e eu gostei muito só que na Clarice parece especialmente nesse livro que é o meu único contato com ela que ao invés da gente pular de cada mente de cada personagem a gente entra na nossa própria mente ou o próprio narrador aqui que é o Rodrigo né esse escritor ele está entrando na própria mente é uma coisa muito mais introspectiva é até difícil de explicar mas o pensamento desordenado do narrador que é o Rodrigo e que vai narrando todas essas coisas e as
Sensações e os pensamentos dele até em relação à própria macabea me chamaram muita atenção por essa introspecção por esse romance psicológico que a Clarice consegue colocar aqui então é como se fosse ter nessa obra em A Hora da Estrela Três livros diferentes três formas diferentes de ler esse livro sendo que a que mais me chama atenção é essa arte da escrita que a Clarice narra aqui para nós além desses três aspectos Claro que tem toda a questão do enredo mesmo da macabé que é uma história muito famosa que virou filme e sempre tem bastante estudo
sobre a interpretação dessa história então isso também tem um grande peso aqui né Especialmente quando a gente pensa na Clarissa Spector como uma pessoa que nasceu em território ucraniano Então ela veio pro Brasil por conta da perseguição contra os judeus ela é de família judia Então ela tem toda essa coisa de ser uma pessoa fora do seu contexto Inicial ela também é uma outsider digamos assim me lembrou um pouco até a história do Kafka assim que também tem família judia que também tem essa dificuldade de se encaixar na sociedade e a Clarissa era toda uma
figura bem complexa e uma figura que deixava todo mundo muito curioso tem até algumas entrevistas dela no YouTube algumas pessoas falando sobre ela na época enfim ela é uma figura muito interessante também e alguns desses aspectos autobiográficos da Clarice estão nesse livro tanto que no pós fácil no texto aqui da minha edição que é a edição mais simples do mercado bem baratinha fácil de encontrar que eh se chama intersecções realidade ficção escrito pelo Paulo Gurgel Valente Ele conta aqui sobre algumas referências que a gente pode pegar no texto por exemplo o nome dos personagens porque
nós temos aqui a macabé que vem então do povo macabeu que era um povo Judeu né da época antes de Cristo ainda enquanto que o namorado dela se chama Olímpico sendo que os gregos perseguiam na época os macabeus por questões religiosas por motivos religiosos então tem alguns aspectos aqui que a gente pode ir puxando e trazendo algumas interpretações Além disso na época a Clarice sofreu algumas críticas por não ter uma literatura de posicionamento político de de eh se posicionar contra as questões sociais da época e de crítica a época e isso até incomodava ela de
certa forma pelo que eu li né pelo que eu pesquisei aqui de uma forma mais breve para esse vídeo e nesse livro aqui a gente tem de fato um pouco dessa crítica porque a gente tem essa personagem nordestina que vem pro Rio de Janeiro que não consegue um bom emprego que fica nessa situação complicada mas ao mesmo tempo nós temos aqui um escritor como eu falei que é o um personagem e é essa Ótica mais interessante na minha opinião que desse livro aqui que ele se sente de certa forma desconfortável em narrar a história ele
não entende o motivo de narrar essa história porque ele não está naquela posição e talvez a gente possa interpretar isso como algo da própria Clarice né que não estava nessa posição aqui para criticar os problemas que essas pessoas passavam numa entrevista que ela deu ela fala sobre a inspiração para escrever sobre a macabea ter vindo de um contato ali com o nordestinos vivendo no Rio de Janeiro ao mesmo tempo pelo fato de ela ter morado muito tempo no nordeste antes de vir para o Rio de Janeiro e passar boa parte da vida dela no Rio
de Janeiro ela também perdeu a mãe muito cedo da mesma forma que a macabéa então aqui no texto do posfácio a gente consegue fechar alguns eh algumas peças do quebra-cabeça aqui do livro na mente que estava um pouco em aberto assim mas como eu falei Eh eu gostei muito do livro me arrebatou muito mas pelos outros aspectos mesmo sem ter eh visto essas referências de uma forma nítida porque eu não conhecia muito a história da Clarice eu fui mais atrás por conta do livro mesmo então o que eu gostei foi Esse aspecto que não precisa
ir atrás de grandes referências para entender que essa profundidade psicológica e essa arte de narrar que a clariss vai colocar aqui inclusive Esse foi o último livro publicado em Vida da Clarice e vai tratar muito sobre algumas crises existenciais assim de vida versus morte de sentido da vida do que fazer com essa vida e até do próprio escritor que é o narrador aqui do livro Então eu acho que faz muito sentido que ela coroebus é um livro que vai te levar assim algumas reflexões mais filosóficas se você tiver interesse pelo assunto né esses aspectos um
pouco mais existencialistas apesar da Clarice não se dizer exatamente existencialista e seguir a corrente do existencialismo ela lia muito o Sartre por exemplo Então tinha Claro muita influência nas obras dela queria ler ainda o que diz aqui a Luciana estanho pito na história da literatura brasileira ela fala sobre a Clarice e ela vai comparar um pouco com o Guimarães Rosa São esses dois escritores que fogem um pouco do tradicional regionalismo também da época e que são bem disruptivos do período pós-guerra aqui do Brasil periódicos brevíssimos para táxis assíndeto humilhação da palavra na busca do neutro
do Paco e nesse sentido um alinhamento estilístico sobre posições de clart francesa mas também uma participação em concepções filosóficas fenomenológico-existenciais a linguagem comum quer ser aqui o correlato em nível expressivo da opacidade do mundo de seu repetir-se em uma mecânica monotonia monotonia irracional por sua vez destinada a desaguar em um sensacionismo sofístico que é o antípoda ideol do neoplatonismo de Rosa enfim várias palavras difíceis aqui na explicação da Luciana mas ela vai contrapor aqui logo depois com Guimarães Rosa explicando dessas dessa forma que fica um pouco mais simples de se compreender é como se da
floresta de Guimarães Rosa repleta de presenças divinas e diabólicas Se passasse à charnecas arenosas e desoladas caras a becket os personagens são descarnados de sua fisici dade confinados em sua dimensão subjetiva madas separadas então aqui a gente tem uma narrativa que é mais melancólica um Pou mais arrastada você não sente aquele brilhantismo todo e aqueles personagens coloridos que tem em Guimarães Rosa por exemplo eu ainda não li Grande Sertão fedas mas sei que tem pacto fáustico enfim né e uma linguagem toda diferente mas aqui em Clarice não a gente tem uma coisa muito mais introspectiva
e que tem mesmo essa ideia de ser uma leitura mais melancólica e o foco não está nos agens nos acontecimentos tanto que ela sempre escrevia sobre coisas simples triviais a a questão mesmo é o que está dentro de nós dentro de cada um de nós e dentro também dos personagens Então a gente vai fazendo essa exploração mais psicológica dos personagens por meio da Leitura aqui de Clarissa Spector Pelo menos foi a minha leitura de A Hora da Estrela né para trazer um pouquinho do que mais me chamou atenção como eu falei né que foi o
processo de escrita que que o escritor narrador vai nos transpor nessas palavras e aqui no texto vou ler alguns trechos aqui para vocês para entender mais ou menos qual que é essa dinâmica da Clarice apaixonei-me subitamente por fatos sem literatura fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar de fatos não há como fugir o fato é um ato juro que este livro é feito de 100 palavras é uma fotografia muda este livro é um silêncio este livro é uma pergunta de uma coisa tenho certeza essa narrativa mexerá com uma coisa
delicada a criação de uma uma pessoa inteira que na certa está tão viva quanto eu quero aceitar minha liberdade sem pensar que muitos acham que existia coisa de doido caso de loucura porque parece existir não é lógico Ainda bem que o que eu vou escrever já deve estar na certa de algum modo escrito em mim tenho é que me copiar como uma delicadeza de borboleta branca essa ideia de borboleta Branca vem de que se a moça vier a se casar casarse a magra e leve e como virgem de branco ou não se casará o fato
é que tenho nas minhas mãos Um Destino E no entanto não me sinto com o poder de livremente inventar sigo uma oculta linha fatal e essa já é quase no final aqui do livro escrevo sobre o mínimo parco enfeitando com púrpuras joias e esplendor é assim que se escreve não não é acumulando e sim desnudando mas tenho medo da nudez pois ela é a Palavra Final Então tem um pouco dessa coisa de frase meio Tumblr assim até comentei escolaro Virtuoso que fez a leitura desse livro comigo e ela me lembrou muito bem que na época
não tinha internet então essas ideias que acabaram impactando e continuam impactando muita gente traz essas reflexões até hoje é porque ela impactou de certa forma né ou enfim queria só comentar um pouquinho então sobre as minhas reflexões relacionadas à Hora da Estrela Eu acho que o que me fez gostar muito desse livro basicamente é o fato de eu me sentir um pouco na minha mente assim pelo fato de ter muitas coisas surgindo do nada e algumas reflexões assim no meio da história no meio do enredo e isso é uma coisa que eu gosto bastante mesmo
mesmo sendo algo mais Modernista né tanto que tem aí o fluxo de consciência que é muito famoso justamente pelos escritores modernistas nesse momento vocês podem acompanhar o meu gato tentando pegar o meu bonequinho do melville aqui em cima no minu instante Tá difícil é que não é para você pegar mesmo enfim fica aqui a recomendação para que vocês Leiam esse livro eu acho que vale o experimento e Vale ler assim de mente aberta mesmo de pensar que você pode se conectar mais com uma narrativa ou com outra com uma ideia ou outra daquela daquelas três
percepções maiores que eu comentei no início e se vocês gostaram aqui desse vídeo deixe uma curtida Deixe os comentários lembre de se inscrever no canal que isso me ajuda bastante e até o próximo vídeo