Literatura detetivesca

131 views1152 WordsCopy TextShare
Carlos Nougué Tomismo
Recomendo as obras detetivescas de Conan Doyle, Agatha Christie e Gilbert K. Chesterton, e também, a...
Video Transcript:
Dizia Aristóteles que todo homem deseja, almeja e anseia conhecer a verdade, pois é esse, exatamente, o encanto que nos dá, que nos propicia a boa literatura detetivesca. Por quê? Porque a literatura detetivesca é uma espécie de símbolo da descoberta da Verdade.
Acompanhar as peripécias do detetive em sua busca de descobrir certa verdade é-nos prazeroso, justamente por isto, porque todo homem, repito, como dizia Aristóteles, deseja, almeja conhecer, e quem conhece, conhece a verdade. É verdade que há opiniões um pouco, digamos, metidas à besta, em linguagem popular, que dizem que a literatura detetivesca é literatura de segunda categoria, que não se enquadraria na chamada literatura séria, grave e profunda. Bom, essa distinção, como expliquei em meu livro "Da Arte do Belo", é uma distinção ruim, é uma má distinção.
Tomemos um grande escritor como era o romano Virgílio. Virgílio tinha obras mais populares, como as "Bucólicas", e tinha obras mais profundas, para uma elite, para poucas pessoas que eram capazes de lê-las; nem por isso as "Bucólicas" são menos literatura que a outra. Ambas são grandes obras literárias.
No cinema, nós temos Alfred Hitchcock, que é um cineasta brilhante, com filmes destinados a poucos. Temos também um diretor como David Lynch; nem todos os seus filmes são bons, mas aqueles que são bons são muito bons e são diversão. Nem por isso o cinema de Hitchcock é inferior ou de segunda classe.
Essa distinção é inepta. Pois bem, a literatura policial, que é uma literatura que diverte, sem dúvida alguma, também nos encanta, por aquilo que já disse: pelo desejo do homem de descobrir a verdade. A boa literatura detetivesca é um símbolo, um signo desse nosso desejo.
Acompanhamos as aventuras, as peripécias do detetive com grande interesse, se for boa literatura, justamente por isso. E há grandes escritores de literatura detetivesca. Não conheço todos, já me referiram a alguns que eu nunca li, mas entre os que conheço, meus preferidos são Arthur Conan Doyle, particularmente seu "Estudo em Vermelho", que considero uma obra-prima; Agatha Christie, que foi a escritora que mais escreveu livros, pelo menos que eu saiba, são 80 e tantos livros.
Obviamente, nem todos são bons: aliás, alguns são moralmente questionáveis, como "O Assassinato no Expresso Oriente", por exemplo. Acho o final moralmente questionável, mas há várias obras-primas. Duas das melhores, para mim, são a "Última Aposta", de P.
D. James, e a outra magnífica, que é "Halloween Party", que acho que em português ficou "Noite das Bruxas". Essas são duas obras-primas.
Há outras, também, como o sensacional Georges Simenon. Eu sei que é muito elogiado por alguns, mas me parece demasiado cru em algumas de suas obras; mas não deixa de ter seu interesse. Gosto também, embora considere inferior a Agatha Christie e ao próprio Conan Doyle, de Chesterton.
A saga do padre Brown, em cinco volumes, é uma obra que traduzi, começando pela "Inocência do Padre Brown". Foi um prazer e ao mesmo tempo um desprazer, foi tão difícil que, quando terminei, jurei a mim mesmo que nunca mais traduziria Chesterton. Foi muito difícil, mas creio que o resultado ficou bom.
Chesterton junta três coisas: o prazer que nos dá a literatura detetivesca em si mesma, uma ironia, um humor à la Cervantes, sem dúvida alguma, e o lado espiritual, que sempre dava às suas obras literárias. Para mim, a saga do padre Brown é o que há de melhor de Chesterton e, para mim, é o melhor da literatura detetivesca. Mas esses são os meus três autores prediletos: Conan Doyle, nesta ordem; Agatha Christie, em particular pelo detetive Hercule Poirot, que também é muito bom, em geral.
Os livros com Miss Marple também são muito bons. Em primeiro lugar, eu ponho seu pai, o padre Brown. Simenon não é que eu desgoste, mas não o aprecio como os outros.
Mas é boa literatura, com alguns livros demasiado desencantados, moralmente desencantados, etc. Gosto muito. E só para tornar mais pitoresco este breve vídeo, eu, durante 15 anos, viajei de avião todo fim de semana.
Tenho medo, pânico de avião; tenho verdadeiro pavor de avião. Eu viajava porque necessitava fazê-lo, era meu trabalho. Então, para acalmar, sempre, no rol dos aeroportos, na sala de espera dos aeroportos, eu sempre lia algum romance de detetive.
Li quase todo, senão toda, a obra de Simenon, Conan Doyle e já Chesterton — Chesterton li na calma de casa. Mas era algo que, além do prazer que me dava a leitura destas obras, ainda tinha o condão de acalmar um pouco diante do medo terrível que eu tinha daquele monstro chamado avião. Brincadeira: não é coisa de Deus, não.
Bem, mas então é isso. Termina este breve vídeo repetindo que a literatura detetivesca é literatura de muito bom nível, se os autores forem bons. Infelizmente, não conheço todos.
Daniel recomendou-me Scott; acho que é Scott, já não lembro o nome direito. Vou procurar para ver se tenho tempo ainda, porque hoje em dia estou, acabo de terminar e já está diagramando pela editora meu livro "Do Verbo Mental ao Verbo Escrito", que deve sair até o final do mês. Fim de março e estou terminando o comentário ao apocalipse.
Além de gravar uma multidão de cursos, daqui a pouco se lançará; não sei exatamente quando, mas será neste primeiro semestre meu novo curso "Fé e Ciência". Então, meu tempo é curto, mas vou buscar ler estes que parecem ser bons, que dizem que são bons escritores da literatura texana. Os que não conheço por enquanto são esses que eu conheço, mas conheço exaustivamente a obra de todos esses: Romano José Menon e Chesterton, cuja saga do Padre Brown é algo fantástico.
Está lá nos píncaros da melhor literatura, é literatura de altíssimo nível. Recomendo, em particular, "A Inocência do Padre Brown", que foi o primeiro livro da saga dos cinco que traduzi. Particularmente, tem um conto chamado "O Martelo de Deus", que é algo fenomenal, e outro também muito engraçado, que é muito espirituoso, que é "Os Pecados do Príncipe Saradin", um conto fabuloso que começa assim: "Flambou, flambou, era um ladrão.
" Chesterton não só agarra, prende, mas também confessa; confessa como o Padre Brown, que se torna grande amigo dele. Esse conto "Os Pecados do Príncipe Saradin" — espero não estar confundindo o conto, mas começa mais ou menos assim: Flambo resolveu tirar umas férias e alugou um barco para navegar pelos rios interiores da Inglaterra. Ele só levou o essencial: uma lata de sardinha para o caso de ter fome, uma garrafa de conhaque para o caso de ter sede, uma arma para o caso de ter de matar e um padre para o caso de morrer.
É um início espetacular, né? É um exemplo de como se deve começar um conto, bem ao estilo de Chesterton, de modo genial. Bom, é isto.
Muito obrigado pela atenção para este breve vídeo e até nosso próximo vídeo!
Copyright © 2025. Made with ♥ in London by YTScribe.com