SE NADA FAZ SENTIDO, É PORQUE VOCÊ NÃO ENTENDEU ISSO

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Baka Gaijin
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Video Transcript:
Bom, eu não sei vocês, mas eu ando pensando bastante recentemente a respeito do infinito, mais especificamente do infinito que parece emergir da autorreferência da recursividade, o famoso loop, né? o famoso loop, que nem quando você aponta um espelho para outro espelho e aí forma aquele túnel infinito de espelhos se refletindo, né? E é interessante porque assim, né, um espelho ele não tem vontade própria, né? O espelho não pode escolher refletir ou não, né? Então, quando você aponta um espelho pro outro, você acaba condenando aqueles espelhos, aqueles pobres espelhos a se refletirem infinitamente por toda a
eternidade, né? Eles não têm outra opção. É um processo mecânico, né? E eu tenho achado interessante como que esse fenômeno ele ele parece se manifestar em várias escalas da natureza. Ele aparece em várias áreas do conhecimento humano, né? E ao mesmo tempo em que isso é algo que que sempre teve aí, né? O universo sempre funcionou desse jeito, a natureza sempre funcionou desse jeito e a gente sempre soube disso meio que intuitivamente. Filósofos sempre trataram disso desde da antiguidade, né? Mas ainda assim parece que só agora, né, recentemente, assim, nos últimos 100, 150 anos, é
que as ciências naturais vêm se debruçando um pouco mais, explorando um pouco mais a fundo este aspecto curioso da natureza. Lembrando que assim, né, antes de qualquer coisa, que fique sempre claro que tudo que eu vou falar aqui é altamente especulativo, né? Nem os cara mesmo, nem os estudiosos de verdade tem certeza dessas coisas que eu vou falar. Quem dirá eu, né? Quem dirá eu que estou longe de ser um estudioso, né? Mas eu tenho essa mania, né? Tenho essa mania de de querer especular sobre os assuntos mais complicados que existem, dos quais eu não
domino nenhum deles, né? Eh, e é né, quando eu tô pensando mais ou menos, né, sobre os os roteiros desses vídeos, né, assim, quando eu são vídeos que eu me arrisco em áreas mais científicas e tudo mais, né, eu acabo percebendo assim o quão leigo eu sou, né, o quão superficial eu eu posso acabar suando quando eu me meto a falar de algum desses assuntos, mas é mais forte do que eu, que que eu posso fazer, né? É mais forte do que eu essa Desde pequenininho eu sempre sempre chapei nessas brisas, né? Quando eu era
pequeno, eu dizia que quando eu crescesse eu queria virar cientista, né? Olha só onde eu cheguei, né? Não virei cientista. Então hoje tudo que me resta é falar merda na internet, tá ligado? Então estejam avisados como sempre, né? Que merdas serão ditas eventualmente e que as coisas não são necessariamente como eu digo que elas são, tá ligado? Se vocês se interessarem por esses assuntos, estudem vocês também, né? Busquem e eu vou falar de um monte de assuntos, tá ligado? de áreas completamente diferentes. Então, se vocês se interessarem por alguma dessas áreas específicas, busquem especialistas nessas
áreas, né? Não não tomem como verdade, como aprendido, a as coisas que eu digo aqui, tá ligado? Porque assim, né? Eh, eu já expliquei algumas vezes como que eu interpreto a física quântica hoje, né? E que não é uma interpretação que eu inventei, obviamente, né? é uma interpretação comum dentro da teoria da complexidade, principalmente, mas que não é a interpretação ortodoxa, né, entre os físicos de partícula. A interpretação ortodoxa é geralmente a interpretação de Copenhague, né? Mas dentro da teoria da complexidade, a partir do momento em que você entende que toda observação pressupõe interação, né?
Que a gente só percebe aquilo que interage, tá ligado? Quando você entende que conhecer, né, o ato de conhecer não é simplesmente representar algo externo a você. Conhecer é participar de uma relação que modifica aquilo que tá sendo conhecido, tá ligado? Quando você entende isso, você entende que na física quântica, quando o aparelho de medição ele analisa o sistema quântico, ele inevitavelmente perturba o sistema quântico, né? E por isso que o sistema antes da medição é um e depois da medição é outro, porque o ato de medir transforma o sistema, perturba o sistema, né? Só
que isso por si só ainda não resolve o problema do colapso da função de onda, né? Isso não explica porque que antes da medição a partícula se comporta como onda e depois da medição ela passa a se comportar como partícula, né? O que a maior parte dos físicos fazem é simplesmente não filosofar sobre isso, tá ligado? Os físicos eles se limitam principalmente à função instrumental do experimento, né? Eles não se preocupam com as implicações filosóficas de tentar entender aonde a partícula estava antes da medição, por exemplo, né? Eles entendem assim que se não pode ser
medido, não faz sentido se perguntar, né? É que nem o Bard, né? O o Nils Boy, que foi um dos caras que desenvolveu, inclusive a interpretação de Copenhag, ele diz assim que a função da física não é entender a natureza, é entender o que a gente consegue dizer a respeito da natureza, tá ligado? Então é uma visão completamente instrumental da física, né? Agora, eu que não sou físico, né? Eu que não faço experimentos, né? Eh, eu que só estou interessado na natureza do infinito, né? para fazer videozinho na internet. Eu que sou apenas um vagabundo
falando merda na internet, me pego inevitavelmente tentando entender porque caralhos, a partícula só só, né, a partícula só passa a ter uma posição definida depois da medição e não antes dela, né? Porque antes da medição a partícula só se manifesta como uma onda de probabilidades. E para mim a coisa só começou a fazer sentido quando eu deixei de entender a partícula como se fosse uma bolinha sólida microscópica, né? e passei a entender a partícula como se fosse uma rede de fenômenos, né, que é uma abordagem comum dentro da teoria da complexidade, né? A teoria da
complexidade ela não trata de coisas, ela trata de processos, tá ligado? Então a gente deixa de entender a partícula como se fosse uma coisa e passa a entender a partícula como se fosse um evento. A partícula não é, a partícula acontece, tá ligado? a diferença, né, entre ser e acontecer, né? Quando o aparelho de medição ele interage com o sistema, ele se torna parte do sistema, entende? A medição é um dos fenômenos que constitui este evento chamado partícula. A medição é um pedaço da partícula e por isso que é impossível que haja uma partícula definida
antes da medição, entende? Essa visão, ela ela ela simplificou bastante as coisas para mim. né, me ajudou a superar inclusive tanto a noção de que o colapso da função de onda teria alguma coisa a ver com a consciência do observador, né, que obviamente não faz sentido nenhum, né, é a interpretação mais porca que dá para ter, né, quanto como a a interpretação de muitos mundos também, né, que que é famosa interpretação de muitos mundos é ela tá ali eh debatendo ali com a interpretação de Copenhague para ser ortodoxa, né, é uma das das que o
pessoal mais gosta, né, que é aquela interpretação que sugere que existem infinitos universos paralelos ao nosso, né, que todas as as possibilidades elas elas no caso não existe colapso da função de onda, né? Todas as possibilidades elas existem simultaneamente em ramificações diferentes do universo. Só que isso para mim também é uma uma solução bem extravagante, né? Bem complicado defender isso também, né? Então, eh essa solução, né, de entender a partícula como um evento, ela me suou mais razoável. Só que também é complicado, né? Mas assim, eh, no caso, né, o a forma como eu entendo
hoje é como se a partícula fosse um nó numa teia, tá ligado? E a medição é um dos fios da teia que compõe esse não. A medição é um componente da partícula, né? E por isso que só depois da medição é que a partícula se apresenta completa. E é exatamente por isso também que as previsões na física quântica elas são sempre probabilísticas, né? Porque se você quisesse prever com absoluta precisão aonde que a partícula iria se manifestar, você precisaria ter conhecimento total do próprio processo de medição, né? Afinal, o processo de medição é parte da
partícula, né? né? Não tem como você ter conhecimento total da partícula se você não tem conhecimento de todas as partes dela, né? Ou seja, falando a grosso modo, né? Você precisaria ser capaz de medir a medição, entende? Por mais controlado que possa ser o ambiente do experimento, você não tem como analisar o próprio processo de análise em tempo real, tá ligado? Por isso que sempre sobra um pedacinho, né? sempre sobra alguma probabilidade que nunca vai poder ser preenchida. É uma questão ontológica no caso, né? Não é uma questão epistemológica, porque você nunca vai conseguir ter
conhecimento do próprio processo de conhecimento em tempo real, entende? Isso é mais ou menos o que diz o o os teoremas da incompletude do Gedel, né? Um dos teoremas diz isso, que existe um limite estrutural sobre o que pode ser conhecido sobre um sistema a partir de dentro do próprio sistema, né? Se o universo é um sistema fechado e você é parte desse sistema, né? Você está contido no universo, não só tá contido, mas você faz parte da estrutura do universo, né? Você nunca vai conseguir analisar todas as determinações que existem, sendo que você é
uma delas. Entende? A sua análise é ela própria, uma das determinações que você tá tentando analisar, tá ligado? Porque se todo conhecimento é interventivo, né? Ou seja, se o conhecimento modifica aquilo que tá sendo conhecido, ao analisar um sistema, você estaria perturbando o sistema, de forma que ao fim da análise, o sistema já estaria diferente de quando você começou a analisar, entende? E aí a sua análise já estaria desatualizada, né? Qualquer processo de análise, ele sempre consome energia, né? Ele sempre produz alguma interação material, entende? A análise não é uma não é uma entidade etérea,
né? separada da matéria. A análise não é um fantasma, entende? Então, enquanto você analisa o objeto que tá na sua frente, você tá deixando o mundo mais caótico nas suas costas, entende? A própria análise, ela faz parte do objeto que tá sendo analisado. Então, uma análise completa, ela precisaria incluir a própria análise em si mesma. Isso é impossível sem cair numa recursão infinita, né? você ia passar a a eternidade inteira analisando a análise da análise da análise e da análise, né, em loop, em loop, igual que nem eu falei lá no começo, né, um espelho
que reflete outro espelho, né? Agora, eu acho que a questão mais interessante disso tudo e um dos motivos pelos quais essa interpretação ela não é amplamente aceita, né, é que na na física quântica a gente tá falando de partículas subatômicas, né, que até onde a gente entende são as menores frações da matéria. Só que a rede de fenômenos que constitui a partícula, né, nesse caso, ela não precisaria necessariamente ser mais fundamental. do que a partícula em si, tá ligado? Não precisa ser menor do que a partícula, falando a grosso modo, né? E isso é extremamente
contrainttuitivo pra gente, porque o nosso senso comum ele é pautado por um sistema de pensamento hierárquico, reducionista, né? Como se a realidade fosse sendo edificada de forma linear, sempre do mais simples pro mais complexo e nunca o contrário, entende? É daí justamente que sai a nossa a nossa impressão de imaginar a partícula como se fosse uma bolinha sólida microscópica, né? A partícula como se fosse um um mini bloquinho de construção, né? Porque da forma como a gente tá habituado a entender as coisas, a gente tende a imaginar que existe um limite até onde é possível
se reduzir as coisas, né? A matéria, que no caso é o átomo, né? O átomo significa exatamente isso, né? O pedacinho que já é indivisível, né? Aí descobriu que tem um bagulho menor que o átomo, a gente chamou de partícula subatômica, né? E se a partícula ainda não for o limite, então deve ter algo ainda menor do que a partícula, mas não. Talvez não. Pode ser que tenha, né? Não sei, pode ser que tenha, mas talvez não, né? As partículas elas não emergem de uma estrutura ainda mais fundamental do que elas, mas ao contrário, elas
emergem de interações entre estruturas superiores, estruturas mais complexas, estruturas que são compostas elas próprias de partículas, de átomos, de moléculas. Entende? É difícil da gente conseguir entender isso porque isso parece violar o princípio da causalidade, né? A noção de causa e efeito. A gente é habituado a entender o universo como se ele fosse uma sequência linear. de causas e efeitos desde o Big Bang até aqui, né? Igual uma uma fileira de luminos caindo, né? E é exatamente isso que eu venho questionando nos últimos tempos, né? Eu venho cada vez mais me convencendo, né? Ou aceitando
cada vez mais a possibilidade de que talvez a causalidade seja uma ilusão, né? Ou no mínimo, né? Para ser mais cauteloso, para não ser tão radical, né? no mínimo de que além da causalidade, o universo permite também algum nível de recursividade local, né, bolhas de organização no meio do caos. E aí entra, por exemplo, uma das minhas correntes preferidas na na filosofia do espaço-tempo, né, que acaba servindo também como como uma interpretação da teoria da relatividade, que também tá bem longe de ser ortodoxa, né, entre os físicos, entre os cientistas, mas que é a teoria
do universo em bloco, né? A teoria do universo em bloco ou o eternismo, eternalismo, aí cada um chama de um jeito, né? Talvez você já tenham visto algumas chamadas nesses sites de ciência, nesses sites de curiosidade, falando assim que o tempo não existe, né? O tempo é uma ilusão, né? Alguma coisa desse tipo. Eu não sei se essa é a maneira ideal de se colocar, né? Pelo menos do meu ponto de vista, porque eu não acho que é assim que o tempo não existe, né? Na verdade, eu acho que o tempo existe mais do que
você provavelmente imagina, tá ligado? Só que talvez o tempo não seja isso que você acha que o tempo é. Talvez o tempo seja outra coisa, né? Na teoria da relatividade, o tempo ele é uma estrutura física, né? Ele é um bagulho que existe de fato, é físico, né? E e é uma estrutura que é entrelaçada com o espaço, que é o que a gente chama de espaçotempo, né? A gente junta os dois, é o espaçotempo. No eternalismo, né? O que se propõe é que se o espaçot-tempo é uma única estrutura física, não faz sentido a
gente tratar o tempo de forma completamente diferente do que a gente trata o espaço, entende? Se eles são a mesma coisa, né? Por que que a gente trata os dois de forma radicalmente diferente? Então assim, né, para ilustrar aí do Brasil, né, você não tá conseguindo ver o Japão aqui agora em tempo real, né? Mas você não tem dúvida de que o Japão tá aqui neste exato momento, tá ligado? Você não precisa estar olhando pro Japão, você não precisa estar percebendo o Japão para saber que ele está aqui, né? Então, por que que você acreditaria
que o dia de ontem não está mais lá agora, né? Ou que o dia de amanhã ainda não está lá agora, né? Só porque você não consegue perceber o ontem e o amanhã, não significa necessariamente que eles não estejam lá neste exato momento, entende? O o eternismo ele propõe exatamente isso. Ele propõe que todos os pontos do tempo existem simultaneamente, assim como todos os pontos do espaço, né? É como se o passado e o futuro fossem lugares, lugares que a gente não tem acesso, né? Mas que estão lá neste exato momento fisicamente em um bloco
de quatro dimensões, né? Por isso que é a teoria do universo em bloco, né? E o motivo pelo qual a gente se relaciona com o passado e o futuro de formas diferentes estaria relacionado a ao que a gente entende como sendo entropia, né? A segunda lei da termodinâmica, né? O motivo pelo qual a gente lembra de um e não do outro estaria relacionado à entropia. Eh, a entropia é é o grau de liberdade atômica, né? O grau de liberdade molecular de um sistema, é o nível de desordem de um sistema, né? falando a grosso modo,
então a gente estaria a gente estaria, né, tomando o universo em bloco como um sistema fechado, né, a gente estaria localizado em um ponto da geometria do bloco entre uma região de menor entropia, que é o que a gente chama de passado, e uma região de maior entropia, que é o que a gente chama de futuro, né? Ou seja, a gente percebe um passado, entre aspas, mais organizado, né? Onde todo o universo tava contindo em uma singularidade, que é que é um único ponto contendo tudo que existe, né? Até que esse ponto começou a a
expandir, né, no que a gente chama de big bang. E aí a gente observa um futuro mais caótico, né, um futuro mais desorganizado, onde o universo continua se se expandindo e se complexificando, né, movido ainda pela força do Big Bang. E por isso é que seria mais fácil pra gente deduzir o passado do que prever o futuro, né? Da mesma forma que é mais fácil você deduzir como que um ovo quebrado era quando estava inteiro, do que prever como que o ovo inteiro vai ficar depois de quebrado, tá ligado? A ordem exige menos poder computacional
para ser processada do que a desordem aparentemente, né? Por isso que a gente se lembra do passado e não do futuro, entende? E olha só que interessante, né? De fato, para nós, o universo tá se expandindo, né? Faz sentido dizer que o universo tá se expandindo, mesmo que ele seja um bloco estático, tá ligado? Mesmo que seja um bloco estático, faz sentido dizer que ele tá se expandindo. Mas se a gente tivesse localizado em outro ponto da geometria do bloco, a gente poderia observar de outra forma, talvez até o contrário, né? Se a gente levar
em consideração a a teoria do Big Crunch, né? Que é o universo cíclico lá do Pain Rose, né? Eh, a gente poderia est enxergando até o contrário. Se o Big Bang for perdendo força, né, com com o passar do tempo e a expansão do universo começar a desacelerar, em algum momento a atração gravitacional pode superar a força da expansão e aí o universo tende a se contrair em direção a uma nova singularidade, né? Então, talvez em algum outro ponto distante, né, da da do espaço-tempo, o universo poderia estar se contraindo ao invés de se expandir,
né? E nesse caso, se a gente estivesse lá, né, seria mais fácil pra gente prever o que aqui a gente chama de futuro do que remontar o que aqui a gente chama de passado, né? Porque o passado estaria mais desorganizado do que o futuro. A entropia seria negativa no caso, né? Só que nesse caso, e aqui é que tá a brisa, né? Supondo que a estrutura da nossa consciência, né, da nossa percepção sempre se dê mais ou menos da da mesma maneira, a gente provavelmente, se a gente tivesse lá, né, no numa região de entropia
negativa, a gente consideraria como passado aquilo que aqui a gente considera como futuro. E consideraria como futuro aquilo que aqui a gente considera como como passado, simplesmente porque passado e futuro não são entidades absolutas, entende? O tempo não flui de um pro outro, como induz a nossa intuição, né? Então não importa aonde a gente estivesse, né? Mesmo se o universo estivesse contraindo, não importa. A gente sempre teria a impressão de que o universo tá se expandindo, porque essa é a única forma da nossa cabeça funcionar, entende? A gente sempre vai chamar de passado o ponto
de de menor entropia e de futuro o ponto de maior entropia. Mas na realidade não existe antes e depois, não existe frente e atrás, não existe baixo e cima. O universo ele é acêntrico, né? Ele é acêntrico. O universo, ele é um bloco interiço e toda a nossa percepção resulta da nossa posição dentro desse bloco. Entende? Isso é muito interessante, né? Isso é muito interessante. Mas obviamente que nem eu falei lá no começo, tudo isso é extremamente especulativo, porque esse não é o tipo de coisa que, né, é fácil de se testar, não é fácil
de se testar isso, né? Mas o fato é que até onde a gente entende as coisas hoje em dia, a gente parece ter mais evidências teóricas e e experimentais mesmo, né, de uma espécie de simetria temporal do que o contrário, né? Na verdade, o único indício que a gente tem de que o passado, o presente e o futuro não existem simultaneamente é a nossa experiência direta, né? A nossa percepção mundana aqui na Terra, né? A nossa, o nosso pequeno campo de visão que a gente tem aqui, né? Mas em escalas de universo, né, em velocidades
próximas a da luz e tudo mais, a gente já constatou experimentalmente, né, que a massa e a energia deformam o espaço e o tempo de forma similar, tá ligado? A gravidade funciona do mesmo jeito pros dois, pro espaço e pro tempo. Talvez porque os dois sejam a mesma coisa. Talvez sejam dois nomes pra mesma coisa, entende? E além disso, a ideia de um universo em bloco, né, ela pode servir, na verdade como um dos caminhos para se unificar a teoria da relatividade com a física quântica, que é o grande desafio da da física moderna, né?
Porque quando a gente entende o universo como um bloco físico, né, onde passado, presente e futuro existem simultaneamente, a gravidade, que é um dos grandes impecílios no no desenvolvimento de uma teoria unificada, ela deixa de ser simplesmente uma deformação do espaço-tempo e passa a ser, é assim como a própria expansão, né, do universo, ela passa a ser parte da geometria do bloco, entende? É, é o formato do universo. Falando, a grosso modo, não faz sentido tratar a matéria, a energia, o espaço e o tempo como se fossem entidades individuais independentes uma da outra, né? Como
se a matéria estivesse repousando sobre o espaçot-tempo ou curvando o espaçotempo, alguma coisa assim. Não faz sentido, né? No eternalismo, todas essas entidades, elas só existem em relação umas com as outras. Elas não têm existência em si mesmas, entende? porque elas são partes de um único bloco, elas são uma coisa só, entende? nas analogias, quando é para explicar, né, a teoria da relatividade, a gravidade, né, geralmente o pessoal simula o espaço-tempo como se fosse uma cama elástica, né, ou um lençol esticado, um pano esticado, né, e os corpos celestes como se fossem bolas de bilhar
em cima do tecido, né, afundando o tecido. E a deformação do tecido, né, causada pelo pelo peso das bolas, eles falam que é como se fosse a gravidade, né, que acaba atraindo os corpos uns aos outros, né? Mas essa não é uma boa uma boa analogia pro universo em bloco, né? Porque isso acaba transmitindo a impressão de causalidade, né? De linearidade, como se primeiro tivesse um espaçotempo liso e depois viesse a matéria, sabe-se lá de onde, né? E começasse a deformar esse espaçotempo. Mas não é assim que funciona no universo em bloco. Não é assim
que funciona, né? A matéria ela só existe em relação ao espaço-tempo. E o espaçot-tempo só existe em relação à matéria, entende? Ali onde tá o Sol, o espaçot-tempo tem aquela forma porque o Sol tá ali e o sol tá ali porque ali o espaçot-tempo tem aquela forma, tá ligado? É relacional. É relacional. O Sol produz a gravidade, mas a gravidade também produz o sol. É que nem o Edgar Mohan disse, né, que o Sol, assim como todas as estrelas, lógico, né, ele tá condenado a viver em colapso, tá ligado? O sol é uma explosão congelada
no tempo, basicamente, né? Eh, eh, eh, é a força das reações nucleares empurrando para fora e a força da gravidade empurrando para dentro. Lá ele, né? Lá ele. E, e é exatamente isso que faz com que o Sol congele, né? O Sol congela, entre aspas, num colapso constante, né? A existência do Sol é um cabo de guerra, tá ligado? É, é uma contradição em si, né? Só que a brisa, a maior brisa tá em entender justamente que as reações nucleares, né, que que acontecem ali no núcleo das estrelas, elas só acontecem ali, porque ali a
força da gravidade é tão tão tão forte, mas tão forte, que acaba unindo aqueles elementos que tem ali em uma fusão nuclear, tá ligado? Só que ao mesmo tempo a força da gravidade ali é forte justamente porque as reações nucleares que estão acontecendo ali no no núcleo da estrela, elas produzem uma energia tão grande, mas tão grande, que causa uma deformação acentuada no no tecido do espaço-tempo, entende? Não dá para definir com precisão o que que acontece primeiro e o que que acontece depois, entende? Se primeiro a gravidade produz as reações nucleares ou se primeiro
as reações nucleares produzem a gravidade. Lógico, né? Durante o processo de formação da estrela, a gente consegue estabelecer a causalidade com mais clareza, né, com mais facilidade. Mas depois que a estrela se estabiliza, né, como um sistema ativo durante a vida da estrela, né, aí deixa de ser linear, entende? Deixa de ser linear. Aparentemente, apesar do universo tender a um aumento geral da entropia, né, ainda assim, no meio desse processo se formam algumas ilhas de recursividade, algumas bolhas momentâneas de organização no meio do caos, tá ligado? E a gente tem o costume de chamar essas
bolhas de organização de vida, né? De vida. Uma estrela durante o período de vida dela, né? Não é um sistema linear, é um sistema dialético, é um sistema recursivo, é um sistema autorreferente, né? Mais uma vez, é igual um espelho que tá apontado para outro espelho, né? A gravidade produz a fusão nuclear, que produz mais gravidade, que produz mais fusão nuclear e assim por diante em loop, entende? É mecânico e é inevitável ao mesmo tempo. E que nem eu falei, né? Esse aspecto da natureza, ele se manifesta de forma fractal, né? em diversos níveis, em
diversas escalas da realidade, né? Das partículas subatômicas até as estrelas, né? A estrela igual a partícula, né? Também não é uma coisa em si. A estrela é um evento, entende? A estrela é um nó numa teia, é um redemoinho no rio, é um padrão recursivo que se mantém ali por um período e depois continua fluindo, entende? Na escala biológica, né? No planeta Terra é a mesma coisa. É a mesma coisa. Sabe que foi acho que no nos anos 80, se eu não me engano, tinha dois pesquisadores lá, né, dois cientistas lá que desenvolveram uma uma
simulação de computador que eles chamavam de Daisy World, né? Daisy World, o mundo das Margaridas. E essa simulação consistia em um planeta tipo a Terra, orbitando uma estrela tipo Sol, né? Só que as únicas formas de vida que existiam nesse planeta eram flores brancas e flores pretas. Não deixa o Borab saber desse bagulho, pelo amor de Deus, né? Eram margaridas brancas e margaridas pretas, tá ligado? E aí os caras eles simularam, né, como que a vida nesse planeta, né, ou seja, as flores brancas e flores pretas, como que elas iriam se comportar durante todo o
ciclo de vida do Sol, né, bilhões e bilhões de anos, desde que o Sol nasceu até quando ele morreu, né? Então, lá no começo, quando o sol tava começando a queimar, né, o calor que ele produzia tava fraquinho ainda, nessa época, o único tipo de flor que surgiu no planeta foram as flores pretas, porque a cor preta, como vocês sabem, né, ela absorve mais calor. Então, por mais que o sol ainda tivesse bem fraquinho, as flores pretas elas conseguiam sobreviver absorvendo o máximo de calor possível, tá ligado? Aí o tempo foi passando, né, e conforme
o sol foi se desenvolvendo, né, foi emitindo cada vez mais calor, as flores foram se diversificando, né, o polo norte e o polo sul ficaram cheio de flor preta, né, porque são as regiões mais frias, né, que são as os polos, né, nas pontas do planeta. E a linha deor, que é a parte mais gordinha e consequentemente é a parte mais próxima do sol, mais quente, né, ficou cheia de flor branca, tá ligado? dividiu. Onde tava mais quente ficou cheio de flor branca. Onde tava mais frio, ficou cheio de flor preta. E aí o tempo
continuou passando, né, até que o sol chegou no ápice, né, o bicho começou a queimar que só a emitir calor para E aí, nesse ponto, a única forma de vida que se desenvolveu foi a flor branca, né? As flores brancas, porque o branco, ao contrário do preto, ele reflete o calor, né? Então, as flores brancas elas conseguem sobreviver em temperaturas mais altas, entende? É bem simples, né? Não tem segredo, né? Quando o sol tava mais forte, tinha mais flor branca. Quando o sol tava mais fraco, tinha mais flor preta. Agora, a grande sacada, né, veio
no final do experimento, quando os caras mediram a temperatura média do planeta durante todo o período, né, todo o período da simulação, desde o nascimento até a morte do sol. E qual que não foi a surpresa? Que durante toda a simulação, a temperatura do planeta se manteve razoavelmente estável, tá ligado? Ainda que o sol tivesse muito mais fraco e muito mais forte em momentos diferentes, a temperatura do planeta se manteve mais ou menos a mesma o tempo todo, simplesmente porque quando o sol tava fraco, tinha mais flor preta, as flor preta absorviam mais calor e
o planeta como um todo ficava mais quente. Quando o sol tava forte tinha mais flor branca, as flor brancas refletiam o calor e o planeta como um todo ficava mais frio, tá ligado? Isso, né? Num sistema onde tinha só dois tipos de vida. Super simples, né? Imagina então no planeta Terra que tem um monte de de bicho vivo e e planta e os tudo interagindo, né? E e se autoorganizando, entende? A vida se autoorganiza, né? A vida reproduz as condições necessárias para existência da própria vida, né? A Terra não é um sistema linear, é um
sistema recursivo, né? Em que não faz sentido falar de causa e efeito de maneira simplista, né? sistemas complexos, eles são atraídos em direção a um certo equilíbrio termodinâmico por questão de eficiência mesmo, tá ligado? É questão de eficiência. É o que na teoria do de sistemas complexos é chamado de atrator. São atratores, entende? O atrator é o ponto para onde um sistema complexo ele tende para pr para buscar eficiência termodinâmica, entende? é que nem a organização dos lipídios na água, por exemplo, os lipídios, né, que são as moléculas de gordura, eles são tipo um assim,
né, na o formatinho deles é tipo um espermatozoide, né? Eles têm eles têm uma cabeça e eles têm uma cauda, tá ligado? A cabeça deles é hidrofílica e a cauda é hidrofóbica, ou seja, a cabeça deles se mistura com a água e a calda repele a água, tá ligado? Então, quando vários lipídios se encontram na água, eles formam automaticamente, mecanicamente, eles formam estruturas complexas, tá ligado? Porque todas as cabeças ficam viradas em direção à água e todas as caudas ficam viradas contra a água. E isso faz com que eles se organizem em formato de esfera,
tá ligado? Porque essa é a forma mais eficiente, termodinamicamente falando, entende? que aí, né, todas as caudas ficam protegidas para dentro da esfera e todas as cabeças ficam em contato, né, com a água pro lado de fora da esfera, tá ligado? As cabeças formam uma parede, né, para proteger as caudas. Esse nível de autoorganização, ele tá na natureza inteira. Ele tá na natureza inteira, no universo inteiro, né? Não faz sentido tratar a vida na Terra como se fosse um processo separado da própria Terra. Do mesmo jeito que não faz sentido tratar o espaçotempo como se
fosse uma entidade separada da matéria. Assim como também não faz sentido tratar a medição na física quântica como se fosse um processo separado da partícula, entende? Dizer que a Terra possui as condições específicas pra existência da vida é a mesma coisa que dizer que Marte possui as condições específicas paraa existência de desertos, tá ligado? É a mesma situação em todos os casos, no nível do indivíduo, né, do psicológico, do psíquico, a consciência, né, o mesmo processo parece se repetir. É a mesma coisa. a gente não sabe, né, com 100% de precisão ainda como se dá,
mas eu já falei em outro vídeo, né, que existe na neurociência a hipótese de que a consciência nos seres humanos emerja da atividade de uma quantidade tão grande, mas tão grande de neurônios no córtex pré-frontal, que quando todas as funções essenciais já estão sendo mapeadas no organismo, falando a grosso modo, né, os neurônios, assim, os neurônios subjacentes, né, os neurônios, os neurônios que sobram, eles passam a analisar o funcionamento deles próprios, tá ligado? E seria desse processo de autoanálise supostamente que emergeria a ilusão de um eu projetado para fora do corpo, né? Igual quando você
quer olhar paraos seus próprios olhos, né? Para olhar paraos seus próprios olhos, você precisa projetar a sua imagem no espelho para conseguir por meio do seu aparelho ocular analisar o seu próprio aparelho ocular. Entende? O neurônio, ele não tem vontade própria, né? Tudo que o neurônio faz é analisar 24 horas por dia, recebendo e transmitindo informação, né? Então, se um neurônio passa a transmitir e receber informações sobre o próprio processo de transmitir e receber informações, ele vai se pegar inevitavelmente analisando o próprio processo de análise e vai entrar em loop, entende? E isso acabaria criando
na gente, né, junto com as memórias, claro, né, a ilusão de um eu contínuo fora do corpo, né, um eu que analisa o corpo de fora, como se a gente tivesse um corpo e não como se a gente fosse o corpo, tá ligado? Mais uma vez, né, é que nem um espelho refletindo outro espelho na sociedade humana, né, no nível social, a mesma coisa acontece. A mesma coisa acontece, né? O Marx ele identifica na sociedade humana duas grandes estruturas complementares, né? a infraestrutura e a superestrutura. A infraestrutura é a base material de uma sociedade, né?
São as capacidades produtivas, a capacidade tecnológica, a força de trabalho mesmo, né? E e a superestrutura é é a ideologia de uma sociedade, né? São as instituições, as leis, a cultura, a religião, né? Uma é a base material e a outra é a base ideológica de uma sociedade. A questão é que não existe infraestrutura sem superestrutura e nem o contrário, entende? Do mesmo jeito que não existe espaçotempo sem matéria, do mesmo jeito que não existe planeta Terra sem vida e do mesmo jeito que não existe partícula sem medição, entende? Não existe uma relação linear e
causal entre uma coisa e outra. As relações econômicas produzem a cultura e a cultura retroage sobre as relações econômicas que determinam uma nova cultura que produz novas relações econômicas e assim por diante infinitamente. Entende? Isso nunca esteve tão claro quanto agora, né, com a questão da da inteligência artificial, né? A inteligência artificial é uma nova tecnologia, né? Ou seja, é um novo aspecto da infraestrutura social que vem acarretando no desenvolvimento ou na necessidade do desenvolvimento de novas legislações, né, novas regulamentações, que são aspectos da superestrutura social. E essas novas legislações elas vão retroagir sobre a
atividade das inteligências artificiais, né? Todas as IAS a partir de então vão ser desenvolvidas levando em consideração as leis que foram desenvolvidas levando em consideração as IA anteriores, tá ligado? Então você tem a tecnologia influenciando as leis e as leis influenciando o desenvolvimento das novas tecnologias que vão influenciar novas leis que vão influenciar novas tecnologias e assim por diante no loop infinito, né? Igual mais uma vez um espelho que reflete o outro, né? A sociedade, assim como a partícula, assim como o sol, não é uma coisa, é um evento, né? É errado a gente partir
da premissa de que a sociedade é um mero reflexo da natureza humana, assim como também é errado partir da premissa de que o ser humano é um mero reflexo da sociedade, porque na verdade as duas coisas estão corretas simultaneamente, entende? A sociedade influencia o indivíduo e o indivíduo influencia a sociedade que influencia o indivíduo, que influencia a sociedade. Tudo ao mesmo tempo e agora. tudo ao mesmo tempo. E agora, né, eu costumo dizer que essa relação, né, independente do nível, se é no nível físico, se é no nível biológico, no nível social, psíquico ou sei
lá onde for, né, é mais ou menos para ilustrar, né, como uma bexiga cheia d'água, tá ligado? Quando você enche uma bexiga d'água, a água infla a bexiga, né? Ou seja, a água transforma o formato da bexiga, mas ao mesmo tempo a bexiga delimita o formato da água, tá ligado? A água assume o formato do recipiente em que ela tá contida. Então existe uma relação dialética aí, tá ligado? A água molda a bexiga, mas a bexiga também molda a água, entende? Não existe liberdade nesse sentido. Liberdade é uma palavra muito forte, né? O que pode
existir é um certo nível de criatividade. Isso eu até admito. Eu até admito, né? de que forma a água vai preencher o interior dessa bexiga. Talvez possa haver um certo grau de criatividade nesse processo, mas o formato final ele já tá definido desde o começo, entende? Não importa o quão criativa a água possa ser, ela sempre vai terminar no formato da bexiga, entende? A criatividade ela se dá dentro dos limites das estruturas que estão interagindo dialeticamente umas com as outras, né? O Einstein, ele dizia que se ele não tivesse se tornado um grande físico, ele
provavelmente teria sido um grande violinista, né? Que ele gostava de de tocar violino também. É como se é é que é ruim falar de destino, né? Destino é uma palavra meio zoada, mas é que toda aquela capacidade intelectual do Einstein, se não tivesse se manifestado na física, teria se manifestado em outro lugar. Então, ainda que as determinações tivessem sido diferentes, né, e ele tivesse seguido outros rumos na vida, o formato da bexiga teria sido respeitado de qualquer de qualquer jeito. Vocês entendem o que eu tô querendo dizer, né? É interessante porque que nem eu falei,
né? Eu me meto a falar de tudo aqui, né? Falo de física, de neurociência, de economia, de política, de biologia, né? de sociedade e vira e mexe, aparece gente falando: "Nossa, eu gosto quando o Baca fala de tal coisa, mas sobre este assunto ele não entende nada", né? E assim, eu não entendo nada sobre nenhum desses assuntos, tá? Que isso fique claro sempre, né? Que isso fique extremamente claro sempre, né? E que o que eu tenho assim é é uma forma de enxergar o mundo. Eu tenho uma fórmula, tá ligado? Eu tenho uma fórmula e
aí eu aplico essa fórmula em todos os níveis da realidade, tá ligado? Então assim, as minhas opiniões sobre a sociedade, elas descendem diretamente das minhas opiniões sobre o universo, entende? Uma coisa é completamente consequência da outra. Se você concorda comigo quando eu tô falando de física, mas discorda de mim quando eu tô falando de de economia, é possível que você esteja se contradizendo, tá ligado? Você não precisa concordar comigo, obviamente, né? Mas eu acho meio complicado você concordar com uma parte e discordar da outra, tá ligado? Porque o pressuposto é o mesmo, né? Eu tô
basicamente dizendo a mesma coisa, só que com palavras diferentes, né? O meu sistema de pensamento, ele ele é um só, né? E aí eu aplico ele em todos os níveis da realidade. Quando você admite a possibilidade de um universo em bloco, né, um universo interiço, onde não existe distinção física entre o que é matéria, entre o que é energia, entre o que é espaço e entre o que é tempo, fica tudo mais claro, né? Toda a existência se torna relacional, né? Ao invés de ficar tentando resolver as contradições, você abraça as contradições, você aceita que
elas são a base de tudo, tá ligado? Sempre que eu quero explicar esse negócio da da existência relacional, né, eu costumo dizer, já disse em vários vídeos isso, né, que é é questão de entender que o ovo não vem antes da galinha, assim como a galinha não vem antes do ovo. E aí eu recebo um monte de de comentário de professor de biologia falando que que não que eu não devia falar assim, que isso não é uma boa analogia, não sei o quê. Mas o meu argumento nesse nesse caso ele não é biológico, não tem
nada a ver com biologia nesse caso, né? Um argumento ontológico aqui, né? O que eu quero dizer, né? é que a sua mãe não vem antes de você, assim como você não vem antes da sua mãe, tá ligado? Porque aquela mulher, ela só passa a ser a sua mãe no momento em que você nasce, entende? Então, ao mesmo tempo em que a sua mãe te gera, você também gera a sua mãe. Você e a sua mãe só existem enquanto mãe e filho em relação um com o outro, entende? Antes de você nascer, a sua mãe
já existia, lógico, né? Mas ela existia como ser humano. Sei lá, talvez ela existisse até como a mãe do seu irmão mais velho, mas ela não existia enquanto sua mãe até que você nascesse, entende? E todas as coisas que a sua mãe era antes de você ter nascido, ela também só era em relação a outras coisas que também só eram em relação a outras coisas e assim por diante infinitamente. Entende? A sua mãe, ela não é nada em si mesma. Você também não é nada em si mesmo, entende? são as relações que definem o objeto.
O objeto não existe fora das relações. Até a discussão entre materialismo e idealismo cai por terra quando você assume essa postura, porque as duas visões presumem causalidade, né? Presumem que algo deva vir primeiro, ou a matéria ou a consciência. E no eternalismo não existe algo que venha primeiro, entende? Existe só o bloco eterno que sempre esteve lá com tudo acontecendo simultaneamente. O eternalismo ele dissolve completamente a ideia de origem, né? As coisas nunca começaram e nunca vão terminar consequentemente, né? Nessa hipótese, o Big Bang, ele não é uma coisa que aconteceu lá no passado e
acabou. O Big Bang tá acontecendo agora, entende? Os dinossauros, eles estão lá neste exato momento caminhando na Terra em alguma outra fração do espaço-tempo, entende? Em algum outro ponto do bloco. Os dinossauros estão lá neste exato momento. Todos os pontos do tempo, eles estão lá simultaneamente, assim como o Brasil e o Japão estão lá simultaneamente no espaço, entende? Todas as suas versões, desde que você nasceu até quando você morreu, já estão lá, cada qual na sua fração do do bloco neste exato momento, entende? em algum outro ponto do bloco, você já morreu neste exato momento,
enquanto em algum outro ponto você nem nasceu ainda. E se fosse possível observar o bloco de fora, talvez a gente nem sequer conseguir se distinguir com precisão aonde que você começou e aonde que você terminou, porque o bloco é interiço, entende? A matéria que compõe o seu corpo, ela já compôs estrelas, ela já compôs rochas, ela já já compôs outros seres vivos e ela vai compor muitas outras coisas depois de você. Você é igual a partícula, você é igual ao Sol, você é igual a Terra, né? Você não é uma coisa, você é um evento,
você é um padrão que se mantém por um determinado período, né? E depois desvanece, né? Você é uma bolha de organização no meio do caos. É que nem eu falei, né? É que nem um redemoinho no rio, tá ligado? A água tá se renovando, né? O tempo inteiro a água tá se renovando, tá correndo, né? Mas o redemoinho ele é um padrão que se mantém por um por um curto período de tempo e depois desvanece, entende? A matéria passa, mas o padrão se mantém por um tempo. O padrão emerge das interações da matéria e ao
mesmo tempo ele delimita a forma da matéria, tá ligado? Que nem a bexiga, né? Que que enche o balão, mas o balão delimita o formato da água, né? Todas as coisas que a gente considera coisas, né? Todas as coisas que a gente nomeia, todas as coisas que a gente racionaliza, todas as categorias que a gente cria são aproximações que a gente faz. Porque lá embaixo, né, no nível mais fundamental, o bloco ele é interiço, o bloco é constante, né? Nesse sentido, a separação entre o observador e o observado é arbitrária, né? É arbitrária, é meramente
qualitativa, não é material, né? Essa separação só existe na nossa cabeça, na cabeça de quem consegue atribuir qualidade às coisas. Entende? É aí que se situa, por exemplo, a discussão sobre o aborto, né? Aonde que começa a vida? É quando o bebê nasce, né? Ou é quando o feto se forma? Ou é quando o embrião se forma? Ou será que é quando o óvulo fecunda? Ou será que até o espermatozoide já não pode ser considerado vivo, né? E se for, será que a vida não começa então quando o espermatozoide se forma no corpo do pai,
né? Ou talvez quando o organismo do pai se desenvolve para começar a produzir espermatozoides, tá ligado? Ou será que a vida do indivíduo não começa quando a vida do pai dele nasce, né? Quando o pai dele nasce já começa a vida do do indivíduo que vai ser o filho dele, né? Ou quando o avô dele nasce, né? Porque daí o avô dele vai dar a vida ao pai dele, que vai dar a vida a ele. Então a vida dele já começa quando o avô, quando o tatara avô dele nasceu, né? Vocês entendem? a gente escolhe
um ponto desse fluxo para determinar, beleza, a vida começa aqui, né? É uma aproximação que a gente faz baseado nas propriedades, nas qualidades emergentes do fragmento do bloco que a gente tá analisando. Mas se você não quiser fazer esse juízo de valor, né, se você quiser continuar puxando o fio indiscriminadamente até o fim, você pode acabar descobrindo que você nasceu no momento do Big Bang. Você pode acabar descobrindo que você é o universo inteiro. Parabéns, você é Deus. É isso. Espero que vocês tenham gostado. Desculpa se eu tiver falado alguma merda. Espero que tenha dado
para entender alguma coisa. E é isso aí. Até a próxima. Beijos. Ciao.
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