Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Inspirai, Senhor, as nossas ações e ajudai-nos a realizá-las, para que em vós comece e para vós termine tudo aquilo que fizermos.
Por Cristo, Senhor nosso. Amém. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem, uma boa noite a vocês.
É uma alegria estarmos juntos mais uma vez na nossa transmissão ao vivo semanal, hoje para conversar mais uma vez a respeito desse tema do temperamento. Nós, como vocês sabem, temos um curso no nosso site a respeito dos temperamentos. Só que esse curso, embora tenha se tornado bastante popular — muita gente assistiu —, a meu ver, acho que as pessoas não deram ainda o valor que ele verdadeiramente tem.
Por quê? Porque veja, gente. Nós temos uma única coisa para fazer neste mundo, que é alcançar o Céu, chegar ao Céu.
Só que nós não iremos para o Céu como anjos, ou seja, nós somos uma forma humilde de o espírito viver com a matéria. Ou seja, nós temos corpo e nós temos alma. O nosso corpo tem uma série de influências grandes na parte da nossa alma, ou seja, na nossa forma de amar.
Os anjos têm uma inteligência intuitiva, eles têm uma decisão férrea. Quando um anjo decide uma coisa, acabou; ele não volta mais atrás. É por isso que, por exemplo, Deus não pode perdoar a Satanás, não pode perdoar aos demônios.
Por quê? Porque os demônios não estão arrependidos. Eles não voltam mais atrás, e aquele negócio lá é para sempre.
Assim também serão as nossas almas quando, separadas do corpo, elas saem desse mundo e entram na eternidade. A decisão de uma alma separada (ou seja, de uma alma que se separou do corpo) é uma coisa que não volta mais atrás. Mas enquanto nós estamos aqui neste mundo, estamos neste tempo vivendo com as nossas limitações e convivendo ainda com o nosso corpo, com a nossa capacidade de decidir, coisa que nós faremos na eternidade também… Só para ficar bem claro: nós vamos ressuscitar e nós teremos um corpo, mas aí já vai ser o corpo incorruptível, vai ser o corpo em uma outra dimensão.
Nós ontem celebrávamos a Ascensão de Jesus. Por que é que Jesus subiu aos céus? Jesus subiu aos céus porque não havia mais lugar neste mundo aqui para o seu corpo incorruptível, o seu corpo perfeitíssimo, glorioso.
Como é que num mundo onde tudo passa, onde tudo é transitório, vai ficar um corpo tão perfeito? Então, é claro, Ele subiu para um lugar digno dele. A gente fala “lugar” porque um corpo tem lugar.
Pois bem, agora vejam só. Nós, enquanto estamos aqui neste mundo vivendo esta transitoriedade, como é que nós vamos decidir por Deus? Como é que nós vamos ser santos?
Bom, a nossa alma, ela tem de conviver com o nosso corpo, e o nosso corpo, ele nos serve. Ele é instrumento para que os nossos atos de amor para com Deus sejam mais perfeitos, sejam mais completos. Nós cristãos não somos contra o corpo.
O corpo deve nos ajudar a amar mais a Deus, deve nos ajudar a servir mais a Deus. Só que aí é que vem a coisa. Nós temos de notar que cada um tem alguma tendência, alguma forma de se comportar diferente.
Você vê claramente isso. Isso se constata no dia a dia, que uma pessoa vai rezar e essa pessoa facilmente se emociona, enquanto há outra pessoa que não se emociona tão facilmente. Isso é coisa constatável no dia a dia.
Dá para a gente ver isso, e que não é uma coisa de circunstância: “Ah, porque tal dia eu estava mais inspirado”. Não, a pessoa sistematicamente se emociona com facilidade, e a outra pessoa vai rezar e não vê emoções. Ora, como diretor espiritual, eu atendo um, atendo outro, aí a pessoa que não se emociona fica achando que ela tem um defeito, que ela tem um problema: “Ai!
padre. Eu rezo, eu vejo as pessoas chorarem. Eu não choro, eu sou uma pedra de gelo” etc.
e tal. “Ah, é? ” E aí você vai descobrir que ali há um jeito de ser, ou seja, uma sensibilidade dos sentimentos, da parte cerebral, que é diferente da do outro.
Isso é corpo. O temperamento, gente, ele é corpo. Então, você precisa se conhecer.
É por isso que esse curso é importante. Esse curso é importante, porque é um curso importante para a salvação da sua alma, para o seu caminho de santificação. Você precisa se conhecer e entender por que é que algumas pessoas rezam de um jeito e se emocionam, e outra pessoa reza do mesmo jeito e não se emociona; por que é que algumas pessoas tomam uma decisão e aquela decisão é séria, permanente, para sempre, aquilo fica, e já há outras pessoas que decidem, mas, de repente, é uma coisa volátil; por que há pessoas que são, digamos assim, mais organizadas, sistemáticas, e outras pessoas são estabanadas.
Essas são todas qualidades que têm a ver com o temperamento. Eu raramente olho os comentários dos cursos e dos vídeos, mas aconteceu aí que, num dos vídeos que eu estava vendo, olhei um comentário dos nossos alunos comentando, dizendo: “Ah, porque eu sou sanguíneo”, aí outro lá: “Não, porque eu sou fleumático”, isso e aquilo, comentando os temperamentos. Aí outra pessoa foi e colocou assim: “Essa coisa de temperamento parece horóscopo católico”, ou seja, “eu sou de Gêmeos”, “eu sou de Peixes”, “eu sou de Libra”, “eu sou [de] Escorpião”, “eu sou…” não sei o que cada um tem.
Só que não é horóscopo, gente, não é horóscopo. É simplesmente jeito de ser. Muita gente estava querendo saber qual era o meu temperamento, qual era o meu temperamento, e eu dando entrevista esses dias deixei escapar que meu temperamento era sanguíneo, e muita gente ficou surpresa.
Muita gente acha, por causa dos vídeos, por causa da veemência, do jeito de falar etc. , que eu sou colérico. Não, eu sou sanguíneo.
Eu vou fazer o quê? Eu, assim, gosto muito de ser sanguíneo. Essa é uma das características do sanguíneo: é que ele está muito bem consigo mesmo.
Não quero ser outra coisa, não. Mas há coisas do meu temperamento que eu preciso conhecer. Por exemplo, se eu deixar o meu temperamento tomar conta, eu sou completamente… eu sou esquecido, estabanado, completamente desorganizado, uma coisa horrorosa.
Quem convive comigo sabe disso. Mas as pessoas que olham de fora dizem assim: “Não, padre. O senhor é tão organizado, o senhor é pontual nas coisas que faz, o senhor” etc.
e tal, isso e aquilo. Sim, mas por quê? Porque eu sei com quem que eu vivo.
Eu vivo comigo faz 53 anos, então eu sei que eu não sou de confiança. Então eu marco uma coisa, eu tenho de escrever na agenda, porque, se eu não escrever na agenda, aquilo vira nada. Para as coisas acontecerem, tenho a minha agenda.
Uma das coisas [com] que o pessoal brinca aqui, quem me conhece há muitos anos: “Ah, padre, a sua agenda é onisciente”. Eu sei de tudo, sei datas, sei aniversários das pessoas, o que aconteceu ou deixou de acontecer etc. Por exemplo, hoje, na minha agenda, sei que hoje é aniversário de canonização de Santa Teresinha.
“Nossa, como é que o senhor lembra essas coisas? ” Eu não lembro. Está anotado.
Exatamente porque eu não lembro é que eu tenho tudo anotado. “Não, mas o senhor tem uma memória para as coisas”. Sim, eu tenho memória para coisas teóricas.
Ou seja, eu estudo e, graças a Deus, guardo bem as coisas no estudo. Mas chega aquela pessoa que diz: “Padre, o senhor se lembra de mim? ”, ah!
que pergunta cruel, que pergunta medonha… Meu filho, não faça essa pergunta para mim. Eu não me lembro. Eu sou desmemoriado.
É uma coisa horrorosa. Não me leve a mal. É um defeito meu.
Não é você que não é importante. Você certamente tem uma importância muito grande. Mas eu não me lembro quem é que você é.
Tem de anotar. Então, eu vou e anoto, vejo quem são as pessoas etc. Vou, anoto os nomes etc.
, porque se não… Faz parte. Mas veja só… Mas é temperamento. Já há gente que se lembra de tudo.
Acontece uma coisa, os detalhes, o que aconteceu: “Você não se lembra que ele fez isso, depois disse aquilo? ” etc. Não, eu não me lembro de nada disso.
Essas são coisas são próprias muitas vezes do temperamento, onde a pessoa, com o seu temperamento, com o seu jeito de ser, tem de se organizar, tem de se trabalhar e viver na virtude para conseguir ser o santo que Deus quer. Vejo, por exemplo, a prova de que eu sou… Depois que eu digo que sou sanguíneo, o pessoal diz: “Ah, é verdade, olhe só”, e o pessoal começa a notar. Por quê?
Vocês não vêem que eu choro com facilidade? Não é teatro. Eu choro com facilidade, eu me emociono com facilidade.
Isso é típico de sanguíneo. Como é que eu vou ser colérico, chorando com essa facilidade? Colérico não chora com facilidade.
Não faz parte do temperamento. O sanguíneo é tendencialmente, mais no sentido da palavra, mais “romântico”, não no sentido de romance amoroso; mas é mais voltado para o “sensual”, mais voltado para os sentimentos. Mas acontece o seguinte.
É tudo muito volátil também. Eu estou rezando, aí Deus vai, me toca, me inspira uma coisa. Aí eu rezo, me emociono, choro.
Meia hora depois, não me lembro mais. Eu não me lembro mais do que é que Deus falou. Então, eu tenho de saber que há isto, e isso é um defeito grave para a vida espiritual.
Porque, se Deus falou, se Deus tocou, você tem de lembrar. Você entende? Porque Deus não é… Sei lá, que você esqueça o compromisso que você tem às 10h30 min, tudo bem, está perdoado; mas que você esqueça o que Deus falou para a sua santificação?
Isso tem de ser guardado como um tesouro dentro de você. Então, você tem de exercitar essa “memoria Dei”. Você é sanguíneo, meu irmãozinho.
Trate de exercitar a memória, exercitar a memória de Deus, o que Deus falou, você precisa guardar aquilo como um tesouro porque senão Deus está (desculpe, estou falando de mim) Deus está atirando pérolas aos porcos, jogando fora dons preciosos, e você não dá atenção. Então, veja. Eu, olhando para mim, vendo esse meu defeito, ou seja, vendo essa facilidade — facilidade de pegar fogo fácil, mas é fogo de palha —, então eu tenho de fazer alguma coisa para esse fogo permanecer, para que a devoção continue, para que a devoção não morra, para que o que Deus plantou continue dando fruto.
Então, preciso ter essa memória. Veja. É aí que entra a coisa da virtude.
O Pe. Garrigou-Lagrange coloca com muita clareza essa coisa. Ele diz assim (estou lendo para vocês “As três idades da vida interior”, publicada pela Cultor de Livros aqui no Brasil) ele diz: “Não se deve apenas tolerar seu temperamento; é preciso transformá-lo, conservando o que ele tem de bom”.
Então, eu olho para o meu temperamento sanguíneo. O que é que tem de bom? Tem de bom que eu vou rezar, e as coisas brilham com facilidade.
Isso eu devo conservar. Mas é preciso corrigir o defeito. E qual é o defeito?
O defeito é que o negócio se evapora muito facilmente. Então, “é preciso que o caráter seja, em nosso temperamento, a marca das virtudes adquiridas e infusas, sobretudo as virtudes teologais”. Então, é essa coisa de recordar.
Essa é a base da virtude da esperança. São João da Cruz nos diz com toda clareza que “a virtude da esperança está na memória”. Então, se você está o dia inteiro com aquela “memoria Dei”, com aquela recordação do que Deus me disse, do que Deus falou, onde Deus me tocou, você está constantemente fazendo memória, você está colocando, fazendo aquele exercício de virtude que vai fazer com que a virtude infusa teologal da esperança brote, e aí surge aquela vontade de corresponder a Deus, de ser santo, de se entregar logo etc.
, por causa daquela memória. Você vai se recordando… São coisas que são importantes. Mas se você não sabe o seu temperamento, se você não se conhece, o que acontece com as pessoas?
As pessoas, porque não se conhecem, ficam se torturando. Por quê? Porque elas não entendem que ali há uma tendência que, não trabalhada, vira um defeito dominante; mas aquela tendência, trabalhada, pode brotar maravilhosamente em virtudes e dons espirituais.
É uma coisa muito boa. Então, vejam o que diz o Pe. Garrigou: “E como é bonito ver, após dez ou quinze anos de trabalho sobre si mesmo, esses temperamentos transformados pela profunda impressão de um caráter cristão”.
Você vê? Eu conheço um padre que… Você olha para ele, é a mansidão em pessoa: alegre, manso, humilde. Aí eu perguntei: “Padre, qual é o seu temperamento?
”; “Colérico”; “Não é possível”. Não é possível? O caráter cristão… O que faz a virtude cristã?
Uma pessoa colérica, enérgica, difícil de domar; de repente, uma mansidão, uma humildade, uma cordura, uma coisa assim… Nossa! No entanto, isso é possível. Aquilo que faz o Espírito Santo nas pessoas é aquilo que faz a vida da virtude.
É linda essa transformação. Dez, quinze anos de trabalho constante; vai lá e, de repente, pá! aquela pessoa fica tão transformada.
Mas como, se você não conhece seu temperamento, se você não sabe [no] que você tem de trabalhar? Porque há muita gente que fica batendo a cabeça na parede querendo ser outra coisa que não é. Você veja quais são os seus defeitos, veja qual é a característica menos feliz do seu temperamento e vá com tranquilidade, como uma mãe que educa um filho, vá com jeitinho pegando o seu temperamento, procurando um jeito de o moldar e de fazer com que aquilo seja conforme o que Deus quer.
Essa é a coisa e essa é a importância desse curso. Então, nós estamos relançando o curso de “Temperamentos” nessa noite. Eu gostaria muito… Se você já é aluno, e não assistiu ao curso de temperamentos, eu peço a você… Não sei se você tem algum preconceito com essa ideia de temperamento, você que diz que é “horóscopo católico”.
Primeiro que o curso nosso de temperamentos foi feito — foi todo ele — não simplesmente por uma curiosidade de autoconhecimento; foi feito tendo em vista a vida interior, a vida das virtudes, a vida de oração, a vida de santidade. Então, a gente coloca lá as coisas tendo em vista um instrumental de autoconhecimento para poder melhor se deixar moldar por Deus, pelo Espírito Santo. Nós estamos na novena de Pentecostes.
“Gratia supponit naturam”, a graça supõe a natureza. O Espírito Santo vem, mas Ele vem onde? Ele vem sobre você com o seu temperamento específico.
Você não é anjo. Você tem disposições genéticas, herdadas dos seus pais. Ou seja, eu sou sanguíneo e minha mãe é sanguínea, eu tenho sobrinhos que são sanguíneos.
Mas por quê? Porque aquilo foi passando. É genético.
É um jeito de ser. Com características individuais, pessoais, é claro. Cada um tem a sua personalidade, cada um tem seu caráter, cada um tem suas virtudes.
Mas toda essa realidade a gente precisa trabalhar, saber trabalhar, ajudar naquilo que é a falha do temperamento e se aproveitar daquilo que é a facilidade do temperamento. Então, tudo isso é coisa muito boa, coisa muito importante. Eu gostaria, então, de realmente dizer para vocês.
Olhe, gente, é importantíssimo que vocês realmente façam esse curso. Se você já é aluno, faça o curso; se você ainda não é aluno, o que eu posso dizer? Eu só posso — número um — lamentar que você não seja aluno e — número dois — dizer: tome vergonha na cara, assine aí e seja aluno.
É o que eu posso dizer para você. Por quê? Porque é importante para você não deixar passar toda essa riqueza que está nos nossos cursos.
Você conhece o nosso site somente pela homilia diária, pelas transmissões semanais. Tudo isso é coisa boa. No entanto, eu quero convidar você mesmo a estar conosco nessa parte mais íntima dos alunos, em que a gente pode apresentar um curso de forma mais sistemática, mais redondinha etc.
, e que você possa realmente estudar. É importante. Só para já ir antecipando, nós estamos esse ano, com a graça de Deus, comemorando 15 anos do site pauloricardo.
org. . São já 15 anos neste serviço, e antecipo para você: na semana que vem, nós iremos ter na segunda-feira uma transmissão ao vivo; mas essa transmissão ao vivo será somente para os alunos.
Nós vamos ter uma conversa com aqueles que são alunos. Não vai ser aberta ao grande público como essa aqui. Está bom?
Então, já para preparar as coisas para semana que vem. Vamos então responder a algumas das perguntas de vocês. — Regiane, no YouTube, está perguntando o seguinte: “Gostaria de saber o meu temperamento.
Como posso identificá-lo? Tenho de fazer o curso? ” Regiane, seria bom que você fizesse o curso.
Por quê? Por mais que a gente tente explicar em breves palavras, vai sempre ficar uma coisa meio aproximativa. Então, o curso dá um instrumental para você conhecer o seu temperamento.
Agora, é importante para você saber também que existem alguns testes na internet, em alguns lugares fazem perguntas, questionários e, conforme as respostas daquelas perguntas, vem o resultado final. Tudo isso é válido, porém eu devo dizer para você que algumas pessoas têm uma certa dificuldade de identificar o próprio temperamento. Por quê?
Porque o temperamento é uma coisa lá da infância, é uma coisa que… você nasceu com ele. Mas, sei lá… Veja. Por exemplo, eu tenho 53 anos.
Nesse tempo, 53 anos, eu já adquiri virtudes e vícios que distorceram coisas que são do temperamento. Então, uma pessoa olha assim e pode se enganar. Então, há gente que não tem um temperamento tão clarinho.
Eu tenho essa característica porque o meu temperamento é muito claro. Eu sou sanguíneo. Sou quase uma hemorragia de tão sanguíneo.
Não há como dizer que eu não sou sanguíneo. Não há como. Mas há gente, pessoas com as quais eu convivo, que até agora são uma espécie de enigma.
A pessoa tem dia em que se comporta como um temperamento, às vezes se comporta como outro, aí você não sabe o que é aquilo, e aquilo fica um pouco assim… Então, não fique também contrariada se você não conseguir identificar com facilidade o temperamento, porque isso é bastante comum, que haja pessoas que não são tão fáceis de ler. — Patrícia, no Instagram, pergunta o seguinte: “Padre, o senhor acredita que esse curso pode ajudar também no trabalho de orientação vocacional? ” Sim, Patrícia, faz parte.
Porque, assim, nós temos uma vocação única. Todos nós viemos ao mundo para nos unir a Jesus. Acabou.
Essa é a vocação de todo o mundo. Nós viemos aqui para amar e servir a Deus nos unindo a Nosso Senhor Jesus Cristo e, nessa união com Cristo, alcançar o Céu. Essa é a nossa vocação.
Agora, a forma, o estado de vida, o jeito de ser de uma pessoa pode ajudar mais quando algumas vocações específicas exigem talentos naturais, exigem capacidades naturais que cada um tem, e o temperamento ajuda um pouco a enxergar. Mas não é uma coisa absolutamente determinante, exatamente por causa da virtude. Por virtude, uma pessoa pode, tranquilamente, ser diferente.
Por exemplo, São Francisco de Sales. Todo o mundo diz que ele era um colérico de marca maior. Ou seja: sendo ele um colérico, não há pessoa menos indicada para fazer um trabalho diplomático de conciliar pessoas etc.
Quem é o diplomata conciliador por excelência? O diplomata conciliador por excelência é o fleumático, não é o colérico. O colérico é líder, mas é tão líder, que ele causa divisão, que ele vai determinado etc.
Mas São Francisco de Sales, no entanto, com docilidade, se deixando guiar pelo Espírito Santo, ele conseguiu fazer coisas extraordinárias como grande diretor espiritual de almas, com aquela mansidão, convencendo as almas, levando uma por uma etc. , conciliando os desacordos. Foi uma coisa maravilhosa, foi um fenômeno extraordinário.
Quem é que… Se a gente fosse diretor espiritual de São Francisco de Sales e dissesse assim: “Olhe, você vai ser um diretor espiritual que vai conciliar, que vai ser causa de união para os corações, e as pessoas vão se converter” etc. , diria isso. Não é só temperamento… temperamento é de controvérsia.
Ele teve coisas de controvérsia; mas, ao mesmo tempo, manifestou ali uma capacidade de leitura das almas de grande diretor espiritual, que superou as dificuldades naturais do temperamento dele. — Leslie, no YouTube, pergunta o seguinte: “Padre, uma pessoa pode ter momentos dos quatro temperamentos? ” Leslie, não é bem isso.
Ou seja, a pessoa pode ter paixões, digamos assim, ou movimentos passionais que podem, num instante, parecer que são de um temperamento, porque as pessoas associam paixões com temperamentos. Por exemplo, algumas pessoas acham que tristeza é típica do melancólico. Sim, mas tristeza é uma paixão que todo o mundo tem.
Está entendendo? Então, não é porque você está triste que você ficou com um temperamento melancólico. É outra coisa.
O que caracteriza o melancólico é que as emoções surgem raramente; mas, quando surgem, ficam por muito tempo. Essa é a característica do melancólico. A característica do melancólico é se fixar muito no seu mundo interior e um pouco se perder e se distrair do mundo externo.
A característica do melancólico é ser indeciso, mas não quer dizer que, por exemplo, [se] eu estou um dia numa indecisão, eu fiquei melancólico. Não, aquilo é uma característica da pessoa. Ela naturalmente tem aquela tendência.
Agora, momentos de indecisão todo o mundo tem. Momentos de introspecção e de ficar voltado para você mesmo todo o mundo tem. Momentos de tristeza todo o mundo tem.
São características típicas do melancólico, mas [que] as pessoas, outras pessoas também têm. Por exemplo, a pessoa é fleumática, mas não quer dizer que ela tenha sangue de barata; ela fica irritada de vez em quando. Eu já vi fleumáticos irritadíssimos.
“Ah, então é colérico”. Não, não é colérico. É ser humano.
Os seres humanos se irritam. Qualquer temperamento. Os quatro temperamentos se irritam.
É o jeito de as emoções surgirem, com maior ou menor facilidade, e de permanecerem, com maior ou menor profundidade, o que determina os quatro temperamentos. — Bruno, no site, pergunta o seguinte: “Padre, a sua bênção. O uso de antidepressivos e ansiolíticos pode alterar o temperamento?
” Não, Bruno, não altera o temperamento. Por quê? O que é temperamento?
Vamos tentar delimitar a coisa para vocês entenderem. Um temperamento é uma tendência da pessoa. A tendência vai continuar.
Assim como o Espírito Santo e a virtude podem fazer com que um Santo Inácio de Loyola, que era colérico, fosse, se tornasse uma pessoa mansa e humilde que, no final da vida, as pessoas achavam que era fleumática, isso ele fez por virtude, por ação do Espírito Santo. Assim também um antidepressivo ou um medicamento pode fazer com que aquela tendência para a irascibilidade que a pessoa tem… um ansiolítico faz com que a pessoa tenha reações menos, porque altera a coisa do cérebro; mas a tendência vai continuar lá porque, se é um temperamento, é uma tendência. Então, essa tendência pode ser transformada por vários fatores externos.
Pode ser transformada por vícios, por exemplo. Não é só o Espírito Santo quem altera e as virtudes que alteram o temperamento. Por exemplo, uma pessoa que é, por temperamento, sanguínea, ela não se vinga, não guarda mágoa etc.
; mas ela faz parte de uma gangue mafiosa, e lá a honra está acima de tudo: a vingança tem de acontecer, você não pode ser bobo, você tem de ir lá e se vingar, tem de fazer, então ele vai e aprende o vício da vingança, o vício de ficar ofendido, a mágoa, aquele ressentimento que fica, e que não é do temperamento dele; é do pecado. Quem fez isso com ele não foi o temperamento dele. Ele não nasceu assim, ele ficou assim por causa do vício, do pecado.
Então, os pecados transformam as pessoas, e as virtudes transformam as pessoas, os antidepressivos transformam as pessoas; mas a base genética — digamos assim — que está lá continua a mesma, embora não dê tantos sinais de vida. Então, é por isso que o período da vida [em que] mais fácil de identificar o temperamento é a infância. Porque você pega a pessoa menos — digamos assim — mexida, menos transformada por esses fatores que são vício, virtude e fatores externos.
Então, ninguém tem temperamento puro. Pelo menos, até eu espero, para o seu bem, que você não tenha esse temperamento puro, [mas] que você tenha superado defeitos do seu temperamento através da virtude. — Uma pessoa que não se identificou, no YouTube, pergunta o seguinte: “Padre, existe algum temperamento que dificulta o alcance da santidade?
” Não. Todos os temperamentos, todas as pessoas são chamadas para a santidade. Existe um chamado universal para a santidade.
Por quê? Porque todos os temperamentos podem descarrilar — digamos assim —, sair do trilho e se perder no Inferno. Assim como todos, através da virtude, da graça e da ação de Deus podem ser grandes santos.
Nós temos grandes santos de todos os temperamentos. Então, ninguém está condenado à não santidade. Todos estamos chamados à santidade.
Isso é uma coisa muito clara na doutrina da Igreja. Você pega Santa Teresa d’Ávila, São Francisco de Sales, São João Bosco. .
. São santos que — todos, todos, São Luís Maria Grignion de Montfort… — são todos santos que transmitem com grande clareza e convicção a realidade do chamado universal à santidade. Se nós não somos santos ainda, é porque nós não estamos realizando aquele que é o nosso chamado.
Mas todos, com qualquer temperamento, somos chamados a ser santos. — Silvia, no Instagram, pergunta o seguinte: “Padre, o curso também servirá na educação dos filhos? ” Claro, Silvia, e serve também, inclusive, para o relacionamento com o marido, com a esposa, com as pessoas, com o pai, com a mãe.
Porque, quando você conhece as pessoas, você começa a entender como é que você vai lidar com elas. Por exemplo, há um amigo meu que tem um filho e o filho é melancólico. Então, o que acontece?
Ele já notou. É criança pequena, mas quando ele faz uma repreensão à criança, a criança já introjeta aquilo e já fica como que ressentida com a coisa. É uma tendência.
Então, como vai educar essa criança? Você tem de chamar a atenção de outro jeito. Você tem de ir com jeitinho, porque são crianças facilmente impressionáveis.
Aquelas impressões ficam ali, ou seja, quando fica a impressão muito forte, aquilo vira uma marca, um sentimento, um ressentimento de que você tem de cuidar bastante, porque aquela criança tem a tendência de ficar ressentida. Então, você vai ter de demonstrar mais compreensão. Por exemplo, o melancólico tem a tendência de achar que as pessoas não a estão compreendendo.
Eu lido com melancólicos na direção espiritual. Por exemplo, ao melancólico você tem que dar tempo para ele se explicar. Ele falou cinco minutos e você já entendeu tudo, mas ele precisa falar meia hora.
Por quê? Porque ele tem a convicção de que você não entendeu. O melancólico tem essa tendência de que “as pessoas não me entendem, então eu preciso explicar, preciso explicar” — explique, explique, explique, explique e volte outra vez… Você fica pensando: “Mas será que a pessoa acha que eu sou retardado?
” Mas não é isso. Faz parte da caridade. Você tem de deixar a pessoa expressar tudo o que ela tem a falar.
É assim que você vai educar seu filho. Deixe-o se explicar, deixe-o falar, deixe que ele… Um pai ou uma mãe que não sabe que o filho tem essa característica atropela o filho e não deixa o filho falar. — Manuela, no YouTube, faz a seguinte pergunta: “Padre, sua benção.
Existem temperamentos mais comuns do que outros? Sou fleumática e dificilmente encontro algum fleumático”. De fato, parece que existem temperamentos mais comuns.
Não saberia dizer qual é o mais comum de todos, mas o temperamento fleumático é desses temperamentos menos comuns. Pelo menos, assim a gente nota no dia a dia, na forma… Agora, existe também o seguinte, Manoela. Existe muito também da cultura.
Isso é uma outra coisa que a gente tem de entender: que a cultura brasileira é tendencialmente sanguínea. Ou seja, o sanguíneo, ele é o tipo brincalhão, boa gente, bonachão, superficial, alegre, mas sem muita profundidade. E essa é a tendência do sanguíneo, essa é a tendência da cultura brasileira.
Então, é evidente que uma pessoa que não tem essas características se sente meio peixe fora d’água numa cultura tendencialmente sanguínea. Mas não é… não é essa a dificuldade. É importante entender o seguinte: que, no fundo, no fundo, não é que existam temperamentos mais comuns ou menos comuns.
No fundo, o que acontece é o seguinte, Manoela: nós somos únicos. Nós somos uma pérola preciosa de Deus e nós somos irrepetíveis. Eu sou sanguíneo e eu convivo com um número enorme de sanguíneos, mas com personalidades diferentes da minha.
São pessoas completamente diferentes. Então, a gente não deve achar também… querer colocar as pessoas dentro de caixinhas e querer igualá-las, porque não é verdade. — Então, uma última pergunta já para irmos… nos encaminharmos para o final do nosso programa.
Jase, no YouTube, pergunta o seguinte: “Padre, sua benção. Poderia detalhar no que o autoconhecimento através dos temperamentos auxilia nos relacionamentos (namoro, noivado, casamento etc. )?
” Sim. O seguinte. Por exemplo, eu conheço um casal onde o marido é fleumático, a mulher é colérica e ela interpreta sempre aquele jeito como indiferença: “Não, porque ele não me ama.
Porque ele não me manifesta afeto. Porque eu falo as coisas, e ele não se emociona”. Ela é colérica, quer controlar o universo, ela fica batendo no marido (batendo em sentido metafórico), fica insistindo, e o marido aquela fleuma, aquela paz, aquela ataraxia, aquela imperturbabilidade olhando para ela etc.
Chegou uma hora que o relacionamento se desgasta. Então, no aconselhamento do casal, eu cheguei e disse: “Minha senhora, o seu marido não vai nascer de novo. Não adianta.
Estou aqui orientando. Você vai tentar agora se esforçar para manifestar mais afeto, para se abrir mais para o mundo das emoções, entender que as pessoas têm emoções, que a sua esposa etc. Então, vamos trabalhar o rapaz, mas ele não vai nascer de novo.
A senhora casou foi com esse daí. Agora vai ter de chupar a balinha até o fim. Vai ter de aguentar o negócio”.
Então, o conhecimento de temperamentos salva casamentos. Porque, finalmente, você entende. As pessoas têm a tendência de achar que “não, mas aquilo lá é indiferença, ele me trata com indiferença, com desprezo, com não sei o que” etc.
Mas não é nada disso. É simplesmente a forma que aquela pessoa tem, com um mundo das emoções [que] é daquele jeito. — Então, quero agradecer a vocês que estiveram conosco aqui durante toda essa transmissão, falando de temperamentos.
E novamente quero insistir. Se você ainda não é nosso aluno, que venha participar conosco. Assista ao curso de temperamentos.
Vale muito a pena. Lá você vai encontrar muita coisa para a sua vida interior, para o relacionamento com as pessoas com as quais você convive, para os seus filhos também. E na semana que vem, então, fica este convite especialíssimo que… Você que já é aluno ou que vai se inscrever esta semana para ser aluno, você terá a oportunidade de nós juntos conversarmos: um bate-papo a respeito desses 15 anos de história do site padrepauloricardo.
org. Vamos cantar as glórias de Deus desde já e alegrar-nos com as coisas boas que Deus fez através deste apostolado e, como família, nos reunir juntos e colocar um pouco para vocês como eu estou vendo a situação, a vocação do site, a evangelização e as perspectivas que nós temos para o futuro. Está bom?
Então, um bate-papo com os alunos (semana que vem, no mesmo horário da nossa transmissão ao vivo semanal). Não vai ser aberto para o público, mas para os alunos do site padrepauloricardo. org.
Eu espero você lá. Está bom? E, vivendo esta novena de Pentecostes, nós sempre, todos os meses de maio, nos voltamos muito para esta novena de Pentecostes, para essa data, que é a data na qual nós comemoramos o aniversário do site… É por volta sempre do dia de Pentecostes que a gente comemora o aniversário do site.
É sempre próximo do dia de Pentecostes, próximo do dia de Nossa Senhora Auxiliadora. São ali esses grandes advogados que nós temos, o Espírito Santo Paráclito e a Virgem Maria, nossa advogada, nos quais nós confiamos esse apostolado e colocamos toda a nossa confiança. Está bom?
Então, que Deus abençoe vocês. Obrigado por terem participado desse programa e espero você, que é aluno, na semana que vem para a nossa transmissão ao vivo. Deus abençoe.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.