Nós voltamos, hoje, em mais um episódio desta segunda temporada de Gênesis, em que nós estamos focados no sexto dia da Criação, trazendo alguns elementos sobre Adão. Para isto, nós tivemos que resgatar alguns pontos da figura de Adão que está no capítulo 3 de Gênesis. Não está propriamente no capítulo 1 e 2 que fala da criação dos dias.
Já adentra mais no capítulo 2 de Gênesis. Mas, nós achamos importante isto para, contextualizar este processo da criação do Adam. No episódio passado, nós comentávamos sobre uma palavra muito importante – nefesh - , muitas vezes traduzida por alma e destacamos, aqui, que nem sempre é uma tradução adequada.
Exploramos, aqui, os vários sentidos a palavra alma, as suas características de aparelho respiratório ou todos os órgãos da alimentação, começando pela boca, garganta, goela e todos fazendo uma referência concreta porque a mentalidade hebraica tem esta característica, inclusive, a língua parte de símbolos de realidades bastante concretas, simples mesmo, da vida de um camponês, de um pastor, e poetisa estes elementos, espiritualiza estes elementos, retira consequências espirituais, morais e abstratas desses elementos concretos. Por isso nós não podemos já partir para o abstrato com a leitura do texto bíblico. Nós temos que ter o cuidado de sempre resgatar o elemento concreto para que o nosso voo não seja sem um voo sem rumo, um voo que desrespeite o texto, uma divagação de alguém que está perdido, que não tem o texto como referência.
Também dissemos, aqui, da importância de se pesquisar a ocorrência das palavras: quantas vezes a palavra ocorre, em quais livros ela ocorre, quais os sentidos que ela assume no texto, porque a palavra não tem só um significado. Ela tem vários significados em contextos diferentes e, para fazer uma interpretação espiritual, eu não posso desconsiderar os vários sentidos que uma palavra tem. Comentamos tudo isto.
Mas, hoje, nós queremos resgatar uma outra palavra também de suma importância: ruah, que, geralmente, é traduzida por Espírito. É uma palavra muito importante. Ela vai ocorrer, aqui, na criação de Adão, já na descrição do capítulo 1 e, no capítulo 2, quando Deus insufla nefesh com o seu ruah.
Esta palavra também é muito importante, porque vai compor com uma outra como adjetivo o ruah kadosh, o Espírito Santo, que é muito mal compreendido, que é muito mal compreendido, Nós partimos para o texto bíblico com uma memória de catequese, memória de culto dominical em uma igreja de bairro e as pessoas tem certeza de que esta memória dela do culto dominical da igreja do bairro dela é o que há de mais sofisticado em estudo bíblico e teologia. E, alguns espíritas escrevem até em livros, falando sobre Espírito Santo e combatendo, porque é ideia da Igreja Católica, sem um estudo da ocorrência da palavra, do significado da palavra, ou seja, sem um estudo bíblico embasado, falta substância, falta fundamento. Eu me recordo, aqui, de um caso muito engraçado: eu fui com a Irmã Ayla, que é madre superiora da Nova Jerusalém, amiga nossa, já participou até o Levítico – não participou do Gênesis ainda, está convocada – e, um palestrante iria falar sobre céu e inferno.
E, a pessoa começou assim: porque a Igreja Católica diz isso, isso, isso e começou a falar um tanto de coisa e em um determinado ponto da palestra, a Ayla me cutucou e disse assim: ‘Engraçado, eu formei-me para freira e nunca vi isto na minha vida. ’ Então a pessoa falava da Igreja Católica e estava com a madre superiora aí que disse nunca estudei isso não sei que igreja é essa. É o que ocorre com a palavra Espírito Santo também.
Precisamos ter muito cuidado e fazer um estudo embasado, sério, para que não cometamos este tipo de erro muito primário, muito simplório. Nós estamos fazendo esta jornada com o auxílio de um guia que é este livro que nós já falamos – Antropologia do Antigo Testamento, do alemão Hans Walter Woff – onde nem sempre dá para concordar com as conclusões dele, nem sempre ele concatena bem os dados, nem sempre ele consegue juntar de uma maneira tão boa quanto ele faz em outras partes. Então, tem estas desigualdades e nós precisamos ler com espírito crítico, mas uma coisa nós precisamos valorizar nesta obra: ele teve o cuidado de contar as palavras, quantas vezes ela ocorre e quais os sentidos ela assume, Vamos começar, então, pelo Espírito e veremos que coisa maravilhosa.
A palavra Espírito, em hebraico, é ruah parece em Aramaico tambem e ocorre trezentas e oitenta e nove vezes no Antigo Testamento. trezentas e oitenta e nove Agora, aqui, começa a estatísticas que é uma beleza: destas trezentas e oitenta e nove ocorrências, trezentas e setenta e oito estão em hebraico e onze em aramaico. Parte do Velho Testamento está em aramaico sobretudo o profeta Daniel.
Destes Destas trezentas e oitenta e nove casos Destas trezentas e oitenta e nove ocorrências, cento e treze – um número relevante, é quase um terço – a palavra ruah tem o significado de vento vento (o ar em movimento). Olha que interessante isso Em cento e vinte e nove vezes, ruah se refere a seres humanos. Então, eu posso tomar o sinônimo da palavra como ser humano.
Eu coloco o ruah ou sinonimo de pessoa É como se eu dissesse assim: ‘nesta sala, existem vinte pessoas’ e pudesse utilizar ‘nesta sala, existem vinte espíritos’. Tem esse sentido de pessoa, mas tambem de animal ou de falsos deuses. Então, se você somar as ocorrências de ruah, que é espirito no sentido de pessoa, de animal ou de falsos deuses, cento e vinte e nove vezes ocorrem, mais de um terço.
Mas, a ocorrência campeã – cento e trinta e seis vezes – e, aqui, vou chamar à atenção para isto: ruah designa Deus, ruah designa Deus, cento e trinta seis vezes Deus é o Espírito do Velho Testamento. E, em algumas vezes ele ocorre como adjetivo: ruah kodesh, ou seja, o Espírito Santo é um sinônimo de Deus. voce pode trocar onde esta ruah, ou ruah kodesh, voce coloa Deus Isto é muito relevante.
Nós vamos começar, aqui, pela primeira ocorrência. O primeiro sentido que a palavra Espírito tem no Velho Testamento, é o sentido de vento, sopro ou ar em movimento. É muito interessante porque já em Gênesis 1:2, no primeiro dia da criação, encontramos um Espírito que sopra sobre as águas.
É o ruah, o vento que sopra sobre as águas, uma corrente de ar em movimento. Aqui, nós ficamos curiosos porque não tem nem terra formada ainda e já tem este elemento ar em movimento soprando sobre as águas. Depois haverá a divisão das águas de cima e das águas de baixo.
Este vento é interessante! O sentido concreto é o sentido metereológico: é um vento que sopra. Mas, aqui dá para fazer uma digressão mais espiritual.
O fato é de que, nas ocorrências de Espírito como vento, indica um fenômeno da natureza (o vento), mas, geralmente, associa a uma ação divina, ou seja, o vento como instrumento nas mãos de Deus. É assim que Deus seca as águas do dilúvio, com o ruah. É assim que Ele mostra o Seu poder e a fragilidade do ser humano: o vento é poderoso e o ser humano é frágil.
E, assim, vai. O vento, no sentido de um instrumento de juízo: assim passa um vento de Deus de modo irrevogável, como está em Salmo 78:39 e Isaías 41:29, mas sempre dando essa ideia de um elemento que expressa o poder de Deus em ação. O elemento natural, da natureza, mas usado pra expressar o poder do Criador, do Todo-poderoso, o atributo de Deus de ser Todo-poderoso.
Ao contrário do homem que é frágil, débil. O que o texto quer destacar com isto? Quer destacar que Deus é o detentor do poder.
É importante porque são cento e treze caso dos trezentos e oitenta e nove. Aqui, estamos, ainda, no concreto. Parece que não faz sentido por enquanto.
Mas, nós vamos ver este vento no início do primeiro dia, nós vamos vê-lo atuando aqui. Vamos para a segunda acepção: ar em movimento, mas não mais na natureza, ocorrências deste ruah no ser humano. Onde tem vento no ser humano?
Na respiração. Então, enquanto o nefesh é o respirar, é a garganta, o órgão, o aparelho respiratório; o ar que circula é o ruah. Quando você chega o nariz muito perto da boca da pessoa e você vê o ar dela que está circulando, você chama isto de hálito.
O ruah é o hálito, é o ar que se está respirando. Interessante, não é? Ele vai ser usado aí como sinônimo de nefesh.
Você pode utilizar na poesia hebraica principalmente, onde você faz uma frase, depois repete trocando palavras: alma-Espírito, neste sentido de ar, de respiração, do hálito, do fôlego. Onde tem respiração, onde tem fôlego, tem vida. Aliás, antes dos instrumentos técnicos, na Antiguidade, como que se determinava de pronto se a pessoa estava viva ou não?
Colocava um espelho perto do nariz e da boca, se embasasse, estava vivo e, se não embassou, morreu. Agora, aqui, tem algo curioso: nessas ocorrências da palavra ruah, como fôlego, como hálito, não há como pensar apenas no concreto, no ar. Em algumas ocorrências, por exemplo, Salmo 146:4, Zacarias 12:1, Jeremias 10:14 e 51:17, a palavra ruah, no sentido de respiração, é entendida como uma força vital que torna o ser vivo.
Aqui, não tem como fugir. Se fosse traduzir, traduziria por fluido vital. Não tem como traduzir melhor.
Querem ver que coisa curiosa: há uma passagem épica, no profeta Ezequiel 37: 6, 8, 10 a 14. Em sonho, Ezequiel vê um vale cheio de ossos. De repente, os ossos se agrupam e formam esqueletos.
Os esqueletos se enchem de músculos, depois dos músculos preenchem-se de carne, depois vem pele: estão lá os corpos. Daí, Deus vem, coloca o fluido vital e os corpos ganham vida. Ou seja, daquele elemento que é um tipo de ar, como se fosse uma respiração energética que os organismos vivos têm que os mantém vivos.
Olha que coisa linda! Por que nós estamos dizendo isto aqui? Porque Deus sopra ruah nas narinas de Adão e ele vive.
Isto não pode ser só uma coisa. São várias coisas. Adão começou a respirar.
Então, começou a ter o ar da respiração. Mas, também, esta energia vital, que vitaliza, que torna vivo o corpo do Adam, o fluido vital. É tão interessante que, em Eclesiastes 12:7, fica claro que é fluido vital.
Que diz que Deus dá e quando a pessoa morre, volta para Deus. Nós aprendemos na literatura espírita que, quando você desencarna, o fluido vital volta para a fonte. Tem até tentativa de se apossar do fluido vital, os Espíritos vampirizadores precisam daquele elemento, mas o fluido vital volta para a fonte.
Isto está em Eclesiastes 12:7 e a palavra que está lá é ruah. Então, não dá para traduzir como Espírito. Como é que você traduz em Eclesiastes 12:7 a palavra ruah por espírito?
Não tem jeito. É o fluido vital. Em Ezequiel também.
Tem um caso curiosíssimo em Samuel 30:12 que Sansão bebeu da fonte que Deus fez brotar, a ruah dele voltou e ele reviveu. É interessante isto: o hálito, como a respiração no sentido concreto, mas como o fluido vital, o alimento que tiramos de Deus, utilizamos e depois devolvemos. Isto é muito bonito e interessante.
Mais interessante ainda quando em Salmos 33: 6 e lê que os céus foram criados pela palavra de Deus. Está lá o nome Dele, com as quatro consoantes que não se pronunciam. E, aí, vem o segundo verso que irá repetir o primeiro: todo o seu exército (todas as estrelas) pela ruah da Sua boca, ou seja, pelo hálito da boca de Deus.
O que este Salmo está dizendo? Está dizendo que o Senhor das Estrelas criou as estrelas com o hálito de sua boca. O que lembra aqui?
Capítulo 1 do livro Evolução em Dois Mundos, primeiro parágrafo, André Luiz vai definir o fluido vital como o hálito divino. Olha que sensacional! Foi aqui que André Luiz buscou.
Com certeza, Emmanuel deu aula de hebraico bíblico para André Luiz e assessorou-o para escreveu o livro Evolução em Dois Mundos. Emmanuel e outros, e estudaram palavra por palavra, coisa que nós, encarnados, não estamos fazendo, mas estamos escrevendo livros a torto e a direito. Veja o cuidado que tem que ter com isto: fazer o estudo das palavras.
Então, Deus tem um hálito divino que é o seu fluido cósmico nós temos um hálito, que é o fluido vital. Daí, nós voltamos para O Livro dos Espíritos: o fluido vital é uma modificação do fluido cósmico que nós absorvemos e depois devolvemos. E, tem a ver com vitalidade: uns tem mais fluido cósmico, por isso tem mais vitalidade; outros, tem menos fluido cósmico, portanto menos vitalidade e a quantidade e outras características do fluido vital estão relacionadas com o tempo da reencarnação.
Daí, a dificuldade do suicídio, porque quando você se suicida, você ainda está com um repositório de fluido vital e isto causa perturbações. Só que a palavra é a mesma: ruah. Dá para traduzir por Espírito?
Não dá. Se traduzir por Espírito, perde o sentido. É a mesma palavra, mas ela tem vários sentidos.
Ou seja, em Português nós temos várias palavras para expressar aquilo que os hebreus ó tinham uma. Agora, eu quero entrar numa coisa bonita: tem uma ocorrência de ruah que, compreensivelmente, o Hans Walter Woff colocou esta ocorrência de ruah com este sentido que eu vou falara agora dentro do item de força vital. Se ele tivesse criado um item próprio para expressar esta força, ele teria que começar a frequentar grupo espírita.
Mas, não tem como fugir. A palavra ruah significa também uma espécie de força divina que desce sobre o homem e que se expressa de diversos modos: sabedoria, paciência, força interior, mediunidade. Em Gênesis 41:38, o faraó está procurando um homem no qual está a ruah de Deus e encontra: José.
Mas, ele queria um homem que estivesse empoderado, que estivesse em conexão com esta ruah, com este Espírito que vem de Deus. No caso, aqui, que poder teria este homem? O poder de administrar porque ele precisava de um administrador, de um economista, de um ministro da economia.
Nos agora tambem Estamos ai buscando um homem que tem essa ruah de Deus para poder Resolver os ploblemas da Makro economicos estamos precisando de um Jose do Egito presisamos de um Jose do Egito mas no versiculo 33 e 39 Este homem prudente sabio O que está implícito aqui? Que quando esta ruah se apossa do ser humano, ele passa a ser dotado de talentos extraordinários. talentos extraordinários.
Isto aqui é muito importante, vamos com calma. E, com relação aos profetas e, aqui, é uma coisa muito importante: como o profeta toma posse no cargo, qual e a posse do profeta como ele assina á atá ágora sou o profeta qual o elemento que autoriza ele? É esta descida da ruah sobre ele.
Quando ruah (o Espírito de Deus) desce sobre o profeta, ele se torna um homem autorizado a falar, a prever, a orientar, a julgar, a discernir, a sonhar, a predizer. Tudo a ver com mediunidade, não é? É um empoderamento.
E este, talvez, no caso aqui, seja um sentido muito importante para nós, porque enquanto nefesh é a alma (um dos sentidos de nefesh é alma, no sentido do ser humano enquanto um ente necessitado que precisa comer, que precisa respirar, necessitado, carente), ruah expressa, aqui, o ser humano autorizado por Deus, o ser humano secundado por Deus envolvido por Deus em condições de agir de ser um instrumento de Deus. É importante isto, porque vamos perceber que Pentecostes lá em Atos dos Apóstolos não é um fenômeno isolado. Aquilo ali aconteceu com todos os profetas do Velho Testamento e, enquanto lá em Atos está falando que o Espírito Santo desceu em forma de língua de fogo, no Velho Testamento dizia que o Espírito descia sobre os profetas, do mesmo jeito.
Mas, não podemos imaginar Espírito como entidade, o Espírito de Bezerra de Menezes. Não é isto. Apenas Não é isso não é isso Isto é uma concretização.
Então, a vinda de um Espírito para orientar um profeta, de um Espírito mesmo, de uma entidade é apenas um resultado do Espírito de Deus já ter descido sobre ele. Aqui está o ponto, porque, às vezes, nós, Espíritas, ao interpretar queremos levar tudo para a mediunidade, psicofonia, psicografia. Não é assim.
O fato de vir uma entidade em concreto pra o profeta que, às vezes, diz que é um anjo que falou para ele, isto é uma consequência do fato de ter descido sobre ele o Espírito de Deus. Ou seja, ele foi envolvido por esta força. Você pensa em fluido cósmico?
Sim, porque se você pensar no fluido cósmico não mais como a fonte que gera matéria nas suas infinitas combinações, mas, como Kardec escreveu no livro A Gênese, como veículo de transmissão do pensamento de Deus, o fluido cósmico está impregnado o pensamento divino, da sabedoria divina. Por isso Agora vou colocar ó thiago no aperto danado quando esse episodio for ao ar O poema Matéria Cósmica, de Augusto dos Anjos, musicado por José Henrique Martiniano é uma aula. esse poema e uma aula Ele fala: “o livro onde Deus grava com o seu pensamento almo e insondável, seus poemas de seres e universos”.
Fala também lá que é a “fonte máter de toda a sabedoria”, por quê? É o que Kardec fala: como o fluido cósmico é um veículo de transmissão do pensamento divino, ele está impregnado da sabedoria divina, porque o pensamento divino não está circulando lá? É como você pegar um cabo de fibra óptica.
O que está passando em um cabo de fibra óptica? Imagens, sons. A ideia é esta: o fluido cósmico não é só um elemento que gera a matéria.
Ele também é a biblioteca de Deus. A lei divina está inscrita no fluido cósmico e ele transmite o pensamento de Deus. Daí vem Emmanuel, no Capítulo 30 do livro Pensamento e Vida (não vamos entrar muito nisto porque é tema do próximo litero-musical) e acrescenta mais um elemento.
Ele diz que não é só pensamento divino que esta no fluído cósmico, o amor de Deus também. Então, o fluido cósmico é onde Deus deposita energia do seu amor e de toda a sua sabedoria, ou seja, nós estamos mergulhados no amor e na sabedoria de Deus. Por isso que ruah é isso.
De repente tem uma chuva de fluido cósmico e o indivíduo tem um acesso, insigths da sabedoria e do amor de Deus. Então, ele se compadece, porque isto que é o profeta. Aliás é o livro O Profeta, de Abraham Joshua Heschel.
A tese dele é esta: Deus envolve o profeta e o profeta se compadece do ser humano. Como Deus envolve? O fluido cósmico é o veículo do amor de Deus.
Então, é este empoderamento. O profeta é envolvido pelo Criador, através do seu fluido cósmico, é como se Deus concentrasse fluido cósmico nele e aí ele passa a receber sabedoria e amor divino. É o que aconteceu com Salomão na literatura bíblica.
Ele começou a ter uma sabedoria que não era dele, no sentido de que não foi ele que construiu com o seu talento esta sabedoria. Ele foi envolvido por uma sabedoria divina diretamente de Deus e, também, através dos entes espirituais que Deus envia, que são seus intermediários e que, por suas vezes, estão mergulhados também neste fluido cósmico. Esta é que é a ideia!
Ou seja, quando chega um Espírito protetor, um Espírito iluminado e orienta, ele é um instrumento, ele é o responsável direto pela orientação. Mas, quem é o responsável indireto? É Deus.
Quer dizer, na causa primária está Deus. É por isso que o Espírito de Verdade não se identificou e é por isso que a maioria dos Espíritos que compõem a plêiade do Espírito de Verdade não se identificaram. Por que não?
Porque o Espírito primário é Deus, tudo mais é instrumento deste Espírito. Todo Espírito é instrumento do Espírito de Deus. Então, o Espírito Santo é Deus.
A plêiade de Espíritos redimidos que atuam são veículos do Espírito de Deus. Você pode escolher: você quer falar com o assessor ou com o juiz? Você quer falar com o chefe de gabinete ou com o presidente?
Depende. Agora, você imagina o assessor de imprensa da Presidência falando algo que o Presidente não autorizou? Não.
Quando diz que o Palácio do Governo se pronunciou vem o assessor e fala, quem está falando? O Governo. Então, quando vem alguém da plêiade do Espírito de Verdade, eles estão falando, mas não estão falando em nome próprio, estão falando em nome do Espírito.
Por isso que eles não se identificam na maioria das vezes. É uma questão de remontar as causas. Se veio o Dr Bezerra, causa direta é ele.
É quando você pega a mensagem do Dr Bezerra de Menezes sobre a unificação. Não é o Dr Bezerra que está falando. Ali, ele está falando em nome de Ismael, em nome do Cristo.
Aquela mensagem é fabulosa. Mas, qual é o nosso problema? Nós precisamos de uma carteira de identidade, senão não tem jeito.
Eu me lembro do Arnaldo que contou um caso muito engraçado que tem a ver com isto aqui: tinha uma senhora com um problema respiratório e ele falou: eu tinha uns exercícios (porque ele fazia natação) e ensinou para ela os exercícios. A moça ficou muito feliz e ela falou: ‘Chico, que Espírito é este que orientou o Arnaldo? ’ E, o Chico respondeu: ‘O Espírito da fraternidade.
’ No Velho Testamento, ruah é utilizado como o Espírito da sabedoria, o Espírito da prudência, o Espírito da compaixão, o Espírito da maledicência, o Espírito da maldade, o Espírito da crueldade. É claro que quando se refere a Deus é só coisa boa. Salomão foi tomado pelo Espírito da Sabedoria.
Se está com dificuldade para entender isto, precisa ler o capítulo 1 do livro Pensamento e Vida. Neste capítulo, Emmanuel diz que a mente é o espelho, ou seja, não tem nenhum Espírito no Universo que cria coisa original, ele só reflete. O único original é Deus.
Original e primeiro. Nós refletimos. O que criamos?
Nem confusão criamos, porque já existem os criaram antes de nós e nós só refletimos eles. Esta é a ideia. Quando se diz que o Espírito de sabedoria tomou Salomão significa que a mente de Salomão, como espelho, passou a refletir sabedoria divina, entrou em conexão com as fontes da sabedoria.
Como você pode entrar em conexão com as fontes da inspiração na música, na poesia etc. Você ouve trechos de música e daí você vem e arranja. Este sentido é bonito e é sobre este sentido que nós vamos um texto que todo mundo conhece que é o texto que está em Joel 3:1: “Eis que naqueles dias derramarei do meu Espírito sobre toda a carne.
Eis que vossos filhos e vossas filhas terão sonhos (. . .
)” O que é isto? Basar (= carne) nunca é utilizada com referência a Deus, porque basar é a nossa condição perecível, é o encarnado. É como se perguntasse assim: o que é preciso para desencarnar?
É encarnar. A condição para desencarnar é encarnar. Essa é a nossa condição e, aqui, o Espírito de Deus desce e fala do evento que é a abertura dos talentos espirituais, que não são só mediúnicos, são também faculdades anímicas.
Nós podemos falar que a psicometria está mais para um faculdade anímica que para mediunidade. Ela pode estar associada a uma mediunidade, mas é uma faculdade anímica. O desdobramento é uma faculdade anímica.
Ele pode se associar a uma mediunidade. Então, as faculdades psíquicas (anímicas e mediúnicas) são parte desse empoderamento que desce de Deus sobre o encarnado, para que ele ultrapasse os limites sua condição limitada de encarnado e passe a devassar o ilimitado, o mundo espírita. O mundo espírita, para Kardec, é o mundo dos Espíritos.
Não é o do movimento Espírita. É diferente. É lindo isto, porque agora nós temos condições de interpretar com mais maturidade um texto que está no Novo Testamento.
Em Gênesis 1:2 diz que o Espírito de Deus soprava sobre as águas. Mas, este ‘soprava’, sabe qual é o verbo usado em hebraico? Nefahefesh, é o batido das asas de um pássaro.
Se fosse traduzir literalmente seria: e ruah de Deus batia as asas sobre as águas. Vamos guardar isto? Daí, nós vamos lá no Novo Testamento.
Jesus vai ser batizado por João Batista. Antes de começar o seu ministério público, ele vai ser batizado. O que é isto?
João Batista chega e diz: ‘Senhor, eu que tenho que ir até o Senhor para ser autorizado como profeta e o Senhor está vindo até mim para eu te autorizar como profeta? ’ Por exemplo, Elizeu foi até o profeta Elias e Elias impôs as mãos sobre ele e o Espírito foi para Elizeu. João Batista pensou: ‘como eu com o meu copo d´água vou encher este tanque de milhões de litros?
’ E, Jesus disse que deveria ser assim para que se cumprisse a lei. Jesus submeteu-se para fazer referência a que todo o profeta do Velho Testamento passou por um processo de empoderamento. Só que aí acontece algo maravilhoso.
Quando João Batista batiza Jesus, o Espírito de Deus desce em forma de pomba. A referência é Gênesis 1: 2: as asas batendo sobre as águas. O Espírito Santo é Deus.
Ele desce sobre o Cristo, o que significa que o Cristo foi empoderado para a ação pública, porque, a partir daquele momento, ele sairia da vida privada e iniciaria uma vida pública de profeta: o profeta nazareno. Então, Jesus é empoderado pelo Espírito de Deus; mas, de uma maneira única. Por que única?
Porque aquelas asas lá do início da Criação veio sobre ele. Ele acalma tempestade, ele multiplica pães, ele cura cego, ele tem poder co-criador nunca dantes visto em nenhum profeta. É bonito, não é?
E, dentre este poder, está o quê? O poder de vivificar, de dar vida, de infundir fluido vital: curava leproso, recompunha órgãos físicos, ressuscitava quem já estava quase desencarnando. A pomba é um símbolo que faz referência a isto: significa dizer que, aqui e agora, a ação pública de Jesus é uma ação que expressa a ação divina, ele, agora, é instrumento de Deus.
Ele, agora, fala por Deus. Ele, agora, age por Deus. Ou melhor, Deus fala por ele, Deus age por ele, Deus conosco (= Emmanuel).
Agora, Deus está conosco na pessoa do Cristo, porque ele, agora (agora, que eu digo, é o simbólico ali do momento), é um instrumento, expressando a presença de Deus. Não era só mais arco-íris, agora é comunhão! Isto é bonito porque Paulo em Coríntios 15 vai fazer o jogo de o primeiro Adam (o primeiro homem) é alma – nefesh – que vive; mas, o segundo Adão, que é o Cristo, é ruah, é Espírito que dá vida, porque o Espírito desceu sobre ele.
Não se trata de incorporação! Não é nesse sentido. É em um sentido muito mais amplo.
É no sentido de empoderamento. Isto é bonito porque nos leva a pensar no seguinteespírita um palestrante espírita, um médium espírita, um escritor espírita, o trabalhador espírita, o dirigente espírita, se ele perde este empoderamento– porque tem, a pessoa é empoderada, recebe este envolvimento e esta energia dos planos superiores (alguns vão dizer que ele tem as orientações dos Espíritos: isto é concretização, é plano secundário, isto é execução. Ter um Espírito, ter um orientador, estar inspirado é execução.
A causa primária é o Criador dando o aval) - se ele perde esta conexão, a ação dele se enfraquece e ele começa a agir por conta própria. Aí, ele é um palestrante por conta própria. Ele não fala mais inspirado.
Ele está falando por ele. Ele está escrevendo por ele. Ele está sendo médium por ele.
Ele está dirigindo por conta própria. Perdeu o brilho espiritual, que vem da conexãocom as fontes e de um mandato. Então, a pessoa é investida.
Se ela descumpre as regras contratuais, ele é desapoderado. Daí, é uma tristeza. Pode acontecer com qualquer um: tanto o empoderamento, quanto o desempoderamento.
O desempoderamento é muito triste, porque a criatura era brilhante. Daí você vê ela desempoderada, ela é humana. Tem uns altos e uns baixos que dá vontade chorar.
O Velho Testamento falava disso. Por que o profeta era ouvido, por que o profeta comovia? Porque ele estava empoderado, ele estava envolvido.
Como é este mecanismo? Não sei. Tem fluido cósmico no meio?
Sim. Tem ação divina, do pensamento divino, do amor divino? Sim.
Mas, como é que é? Não sei. Assistam, agora, ao vídeo “Matéria Cósmica”, porque todos estes sentidos da palavra ruah vão ficar patentes neste poema de Augusto dos Anjos e dessa música lindíssimo de José Henrique Martiniano, nosso querido amigo, que resume tudo o que eu falei aqui.