Hoje você vai descobrir como é fabricado o papel higiênico. Boravê? Quem que vai usar um rolo desse tamanho, né?
A gente veio aqui em Bragança Paulista, interior de São Paulo, nessa fábrica que produz vários tipos de papel. Mas, hoje, a gente vai se concentrar no salvador da pátria, que é o papel higiênico. A matéria-prima aqui é a celulose, que é o material que forma a parede das células dos vegetais.
Esse material vem do eucalipto, que é plantado, não é tirado direto da floresta, e chega aqui nessas embalagens de 250 kg. Inclusive, a parte de fora também é feita de celulose. Eu não sei se sou só eu, mas eu acho essa embalagem muito bonitinha, parece aqueles pacotes antigos que fazem com papel pardo depois amarrava com barbante.
Para fazer o papel, as fibras precisam se soltar, então elas vão ser misturadas com água em um liquidificador gigante que se chama hidrapulper. O que sai desse mingau se chama polpa de celulose. Aqui ela tem 95% de água e só 5% de celulose.
E em seguida, essa mistura vai passar pelo refinador. A função dessa máquina é aumentar a resistência do papel. Aqui dentro tem dois discos que vão dar uma espécie de descabelada nas fibras e, com isso, a gente tem mais pontinhas, isso aumenta os pontos de ligação das fibras do papel.
A polpa vai receber ainda mais água e chega num dos principais equipamentos da fábrica, que é a máquina de papel. Ela vem por esses tubos azuis e vai ser jogada entre uma tela e um feltro, passando no meio desses dois cilindros. É aqui que começa a formação do papel.
Só que agora tem um desafio. . .
Nessa etapa, o papel é 99,8% água e só 0,2% celulose. Como é que a gente vai secar isso? A primeira coisa a ser feita é passar por uma prensa que tem um cilindro com vácuo.
Ele vai puxar a água do feltro. Você pode ver que sai praticamente um rio daqui, mas essa água vai ser reaproveitada. Essa máquina que você tá vendo consegue separar celulose da águam que volta lá para o hidrapulper.
Mas calma que ainda não secou ainda, não. O papel ainda vai passar por um cilindro gigantesco que se chama yankee. Ele é aquecido com vapor e chega a 140 graus Celsius.
Em cima dele, ainda tem um jato de ar quente. Uma coisa muito legal é quem pra esquentar esse vapor, eles têm uma caldeira aqui que usa como combustível a biomassa, que é bagaço de cana, palha de arroz. .
. Hoje aqui, por exemplo, tá usando cavaco de madeira que veio de paletes e móveis que foram descartados. Para descolar o papel do rolo yankee, existe um raspador.
Mas ele tem ainda uma outra função muito importante. É criar umas dobrinhas pequenininhas no papel e é isso que vai garantir que fique macio. Então, se a gente olhar o que está saindo ali bem de perto, parece que tá um pouco enrugadinho.
É por isso que ele é macio, já dá para sentir, ó. Nessa etapa, o papel ainda tem uma espécie de um efeito mola. Ele estica, parece um tecido.
E se você olhar de perto, dá para ver o quadriculadinho da tela que formou o papel. O que sai dessa máquina é impressionante. É um rolo de três toneladas com 2,90 m de largura e 85 km de comprimento.
Para vocês terem uma ideia, um rolo desse seria capaz de cobrir 24 campos de futebol. E uma coisa muito legal é que o papel é extremamente fino. Se a gente cortasse do tamanho de uma folha de sulfite, ele pesaria umas cinco vezes menos.
Agora começa um processo que eles chamam de conversão, que é transformar esse rolo nesse aqui. Essas bobinas vão ser desenroladas. Se for um papel higiênico de folha dupla, tem que juntar o papel de duas bobinas e vai um pouquinho de adesivo entre elas.
Em seguida, elas passam por uma estampa para formar aqueles desenhos no papel e dá um pouco de textura. O nome técnico disso é gofragem, é um cilindro com uma espécie de carimbo de metal e do outro lado um cilindro de borracha. E depois eles vão enrolando isso no tubete, que é aquele rolo marrom que sobra no papel higiênico quando ele acaba.
Mas espera aí, como é que é feito esse tubete? Vai ter que ficar para um outro Boravê. .
. Até parece! A gente vai mostrar é agora!
O tubete é feito de papel cartão maculata, que é esse papel marrom 100% reciclado. Ele já chega cortado nessas tiras estreitas e vai passar por uma máquina formadora de tubete. Ela enrola duas tiras ao mesmo tempo com um pouquinho de cola no meio.
A máquina forma o tubo sem parar, e ele vai sendo cortado a cada 2 m e 70 cm. E onde você acha que é aplicada a fragrância, o cheiro do papel higiênico? Pois é, no tubete.
Então, o papel vai ser enrolado com 30 m de comprimento e sai nesse tubão cumprido, que eles chamam aqui de log, uma serra super rápida corta cinco logs ao mesmo tempo e, no final, a gente tem o nosso querido papel higiênico. Agora só falta embalar e é tudo automático. A máquina separa em montinhos com 24 rolos, comprime, passa o plástico, dobra e sela com calor.
Esse tubete dobrado pode parecer meio estranho, mas faz com que o rolo ocupe muito menos espaço. Renata, como é que vocês fazem um teste de qualidade? Vocês têm que se limpar?
Não, nós temos laboratórios de controle de qualidade com técnicos especializados para certificar todas as principais características do papel. Sendo ela a maciez, as resistências e também os dimensionais. É meio que um sommelier de papel higiênico.
Quantos metros de papel higiênico vocês fazem por dia? Uns 115 mil Km, que dá aproximadamente aí umas três voltas na Terra com papel higiênico. E agora, quando a natureza te chamar, você vai lembrar desse vídeo, desse processo todo que é necessário para você poder se limpar com conforto, sem precisar de um sabugo de milho.
Esses dias eu resolvi contar quantos Boravês a gente já tinha feito Manual do Mundo. Deu mais de 120. Eu aposto que você não assistiu todos e tem muita coisa legal para você aprender.
Então, eu tô deixando aqui do lado uma playlist com todos os Boravês que a gente já fez. Dá uma olhadinha lá!