Em 2016, era lançado na Netflix o documentário “Minimalismo: um documentário sobre as coisas importantes”. O documentário de uma hora e vinte minutos basicamente mostra a jornada de dois amigos rumo a uma vida mais simples. Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus eram profissionais da área do marketing, bem sucedidos profissionalmente, a vida pessoal dos dois não correspondia, por mais que tivessem sucesso financeiro eram infelizes.
A pressão da vida moderna fez com que eles se questionassem se tudo aquilo que haviam adquirido valia a pena, a partir daí eles buscaram um estilo de vida alternativo, algo pra se desprender do materialismo contemporâneo. Autointitulados “The Minimalists”, ou “Os minimalistas”, a dupla de amigos escreveu um blog, lançou diversos livros, e no documentário entrevistaram uma série de pessoas, entre arquitetos, sociólogos, empresários e artistas, pra entender o que significa viver uma vida minimalista, então o sucesso do documentário fez o movimento ganhar popularidade. O que era apenas um conceito de arte na década de 50 e 60, passou hoje a representar também uma filosofia de vida.
O movimento prega uma redução no número de bens materiais de uma pessoa, literalmente ter o mínimo do que se precisa, se você vive sozinho pra que ter mais que um prato, um copo e poucos talheres? Os minimalistas acreditam que para aproveitar as coisas realmente importantes ao seu redor, eles não precisam de tantas distrações e nem da necessidade de aderir ao consumismo como fonte de felicidade. Só que o minimalismo se disseminou tanto, que em alguns aspectos acabou se tornando algo mainstream, e com isso, também acabou virando uma filosofia altamente lucrativa, apesar de se basear em não consumir o que não é necessário.
Além disso, a obsessão por se livrar das coisas tornou o minimalismo uma ideia tóxica pra muita gente – gerando ainda mais preocupações e ansiedade. Então em que ponto o minimalismo deixa de ser um estilo de vida benéfico e uma reflexão sobre o modo de consumo para passar a ser só uma tendência pra vender certos itens? Ou até onde o minimalismo pode ser saudável sem que passe a se tornar uma compulsão prejudicial?
Hoje, muita gente nas redes sociais continua pregando o estilo de vida, mas com várias outras percebendo que a busca pelo minimalismo pode estar sendo usada como uma jogada de marketing ou piorando a qualidade de vida, a pergunta que fica é: O minimalismo é apenas mais um movimento para controlar sua vida e te dizer o que você pode ou não ter? O minimalismo é um conceito que surgiu através de movimentos artísticos do depois da Segunda Guerra, eles buscavam o que se chamava: a “beleza pura”, isso surgiu em Nova Iorque entre 1950 e 1960 e ficou conhecida como minimal art. Recebeu esse nome devido ao uso dos elementos visuais pelos artistas da época, que passou a ser mais simples e com poucas cores, como no caso de obras de Donald Judd e Sol LeWitt que valorizavam as formas geométricas puras e simétricas.
Mas não foi só na arte que esse movimento ganhou destaque: no design e na arquitetura atual também é possível perceber tendências minimalistas. Nos dias de hoje, a redução de informação e de objetos que compõem os ambientes de casas ou de edifícios empresariais tem sido cada vez mais comum. A ideia é criar ambientes práticos que valorizem o espaço por meio de cores neutras e design simples, que dão um ar mais moderno a qualquer imóvel.
Pra quem decide adotar esse estilo de vida, o minimalismo significa basicamente ter menos posses, sejam elas objetos pela casa ou roupas no armário. Literalmente ter menos de tudo, se algo não é absolutamente necessário, você não precisa, o que na prática significa se livrar de roupas, calçados e até o próprio carro. Por isso pra maioria das pessoas, ser minimalista representa uma mudança radical e propõe deixar o espírito consumista pra trás.
Isso porque quem é minimalista busca viver uma vida mais simples e desapegada do que consideram os prazeres do consumo, o que pode ajudar a sanar dívidas e focar suas atenções no que realmente importa, como realizações pessoais, autoconhecimento e autonomia. Apesar do movimento minimalista ter como base os mesmos fundamentos ao redor do mundo, ele se tornou um conceito que se adequa a diferentes realidades, afinal, um minimalista americano será diferente do minimalista brasileiro. Como nos explicar o Pinho, criador de conteúdo sobre minimalismo.
Pode parecer que o minimalismo é um movimento de restrições, dizendo o que você pode ou não pode ter, como deve se vestir, como deve ser sua casa, mas para algumas pessoas, abdicar do consumismo desenfreado pode significar realizar sonhos que não seriam possíveis de outra forma, como viajar, por exemplo. Mas há quem se pergunte o que é o verdadeiro minimalismo: seria um simples estilo criado pra ajudar quem quer abrir mão de objetos considerados inúteis ou, realmente é uma filosofia de vida que prega o "desapego" da vida como a gente conhece na busca de tentar viver algo totalmente novo e que tenha significado? Seja nas redes sociais ou numa conversa com amigos, muito tem se especulado sobre o minimalismo, que ao longo do tempo, se tornou um movimento representante de uma filosofia de vida alternativa em meio à cultura do consumo, recusando a ideia de que pra ser feliz é necessário ter muitos bens e pagar caro por eles.
O carro do ano, o celular do momento, a casa dos sonhos ou aquela televisão enorme que qualquer um gostaria de ter na sala: tudo isso é considerado supérfluo pra quem acredita que é possível viver bem com pouco. Porém o movimento também está ligado a coisas pequenas do dia a dia: como utilizar apenas roupas simples e normalmente sem estampa, ter poucos utensílios domésticos como panelas, talheres, pratos e copos. Enquanto isso aparentemente é mais eficiente, ao mesmo tempo exclui a possibilidade de receber visita em casa ou ter utensílios pra usos esporádicos, como uma panela especial para risoto, ou talvez até uma churrasqueira.
A essência do minimalismo busca reduzir, o máximo possível, o hábito de comprar e consumir — que, para a maioria de nós, pode ser associado à satisfação pessoal e ao bem-estar momentâneo. No entanto, pra quem segue a filosofia minimalista, se desprender desse hábito é necessário, seja por questões éticas ou objetivos maiores. Em Novembro de 2021 a Forbes Online publicou um artigo enumerando diversas pesquisas sobre o porquê aderir a movimentos como esses, uma delas liderada por Joshua Hook da University of North Texas aponta que pessoas que aderiram voluntariamente conseguiram sentir positivamente o reflexo do bem estar.
Já o estudo de Chatzidakis e Lee (2013), quanto a motivação, revelou que certas pessoas decidem adotar práticas anticonsumo por motivos variados, mas algumas se enxergam como verdadeiros heróis capazes de mudar o mundo por meio da cultura anticonsumo. Já outras, buscam apenas uma transformação pessoal e acreditam que o desapego material seja um dos melhores caminhos pra isso. Por qualquer que seja a razão, o minimalismo parece ter a internet como seu principal veículo de propagação, afinal, atualmente as redes sociais são referência pra qualquer moda que se queira criar, uma vez que é muito mais fácil disseminar uma ideia na web e alcançar gente de todo o mundo em segundos.
Comunidades virtuais e até mesmo influenciadores divulgam o estilo de vida da “simplicidade voluntária”, numa interação com pessoas que já são adeptas ou que querem entender melhor como funciona. Diferente do que aconteceu com outros movimentos radicais que pregavam estilos de vida alternativos ao que era dito “comum”, como os hippies e os punks, o minimalismo foi ganhando espaço por se adequar aos diversos aspectos da vida cotidiana: a moda, a arquitetura, o social e o pessoal. Qualquer um pode aderir ao minimalismo, em maior ou menor grau, sem precisar ter apenas móveis em tons neutros ou usar roupas monocromáticas.
Ao contrário de movimentos ditos revolucionários que marcaram época graças a sua influência cultural e política, o minimalismo é bem mais fácil de ser praticado, já que não necessariamente requer uma atitude radical e definitiva em seus graus mais equilibrados. Comprar papel reciclado, consumir produtos ecologicamente corretos e diminuir a quantidade de peças no guarda-roupa são algumas das atitudes propagadas por alguns blogs, enquanto outros criadores de conteúdo minimalistas como o Pinho falam em incorporar essa filosofia de vida em uma gama mais ampla. Para muitos pode parecer ser difícil definir exatamente o que é necessário e o que não é, mas de todo modo, quem vive na sociedade moderna precisa consumir, e a questão é que as noções de consumo não se limitam apenas à sobrevivência independente da filosofia que segue.
Atualmente consumimos diversos produtos que em tese poderiam ser descartados, mas abrir mão deles seria como “dar adeus” à sociedade — um exemplo é o smartphone, que se tornou o principal meio de comunicação e até mesmo ferramenta de trabalho pra muita gente. Outro fator importante foi a pandemia de 2020 e 2021, onde como resultado das restrições a grande maioria da população ficou confinada tendo que lidar apenas com o que tinha entre quatro paredes, a escassez de viagens e experiências fez das compras onlines um dos poucos prazeres ainda disponíveis nessa época, colocando em cheque o estilo minimalista de muitas pessoas Mas graças à flexibilidade do minimalismo, ele se torna um conceito em evolução. Não se sabe ao certo qual é o verdadeiro “lifestyle” minimalista, já que para alguns, é necessário rever todos os hábitos de consumo, enquanto pra outros, algumas mudanças bastam pra fazer a diferença.
Mas como tudo que existe, o exagero pode acabar trazendo consequências indesejadas, e há casos onde a busca incessante pelo minimalismo pode não ser exatamente o que se espera. Menos é mais: esse é o lema dos minimalistas, que buscam viver uma vida desacelerada e distante dos prazeres que o consumo pode proporcionar. Mas, ao mesmo tempo, o conceito de ser “minimalista” ainda é uma incógnita, já que a maioria das pessoas associa o termo apenas à se livrar de objetos inúteis.
Ainda que esta seja uma questão, o minimalismo não escapou de se tornar um “produto de consumo”, e isso acontece devido à concepção que muita gente tem a respeito do termo: o pensamento de que “menos é mais” nos leva a querer ter poucos itens, mas também induz a pagar mais caro pelo que decidimos comprar. É simples: se você decide abrir mão de ter várias peças de roupa no seu armário, as que você tem precisam ser de qualidade e, de certa forma, têm de ocupar o lugar das 10 camisas que você decidiu doar. É aí que vem o excesso: você gasta uma fortuna pra ter 4 ou 5 camisas com um design mais simples e “coringa”, que julga ser de qualidade superior.
O minimalismo se tornou uma questão de status e, consequentemente, ajuda a vender produtos que compõem o “pack da simplicidade”. Só que muitas vezes, esses produtos não passam de invenções pra que você pague mais caro quando quer substituir aquilo que jogou fora, sem pensar duas vezes se precisava ou não — algo que você fez pra alcançar o objetivo do minimalismo: ter o mínimo de coisas possíveis. Isso pode significar comprar ‘camisetas básicas super tecnológicas’ de mais de 150 reais ou carteiras extremamente pequenas por mais de 300 reais.
Sem perceber, você acaba caindo no hábito que jurou evitar: o consumismo. A obsessão pelo minimalismo pode levar a decisões equivocadas, já que o simples ato de se desfazer das coisas não vai te tornar uma pessoa melhor ou mais leve. De fato, existem vantagens no estilo minimalista: uma vida mais simples acaba nos proporcionando mais tempo e menos preocupações, o que nos permite um maior controle das situações e mais clareza pra pensar nos objetivos que realmente importam.
Viver rodeado de objetos e levar um estilo de vida que não condiz com a sua realidade, não te leva a lugar nenhum, pelo contrário: só vai lhe trazer uma rotina cansativa e uma vida financeira quebrada. Mas é preciso ter cuidado com o extremismo: a busca exagerada pelo minimalismo é tóxica quando o desejo de evitar gastos se torna prejudicial à saúde. Abrir mão de objetos e serviços que poderiam lhe trazer um maior conforto e qualidade de vida em nome do minimalismo é um tipo de extremismo.
E isso provavelmente só vai trazer prejuízos a longo prazo, são inúmeros os vídeos de ex-minimalista, ou pessoas que simplesmente se arrepende de ter se desfeito de objetos. O minimalismo pode ajudar a compreender melhor o que é prioridade, mas é preciso ter cuidado pra não cair na falácia do “menos é mais”, já que nem sempre essa afirmativa é uma verdade absoluta. Ainda que essa frase tenha virado moda e minimalistas do mundo inteiro queiram transformá-la numa espécie de “mantra” superior da simplicidade, não é algo que pode ser aplicado a todos os estilos de vida.
A obsessão por viver com menos acaba tornando o conceito de minimalismo muito distante do que deveria ser, e o transforma em uma espécie de “competição” por status, que vai totalmente contra ao que realmente importa. Afinal, quando a moda passar e outros estilos de vida vierem à tona, será que o minimalismo ainda vai ser legal? Me diz ai, qual a sua opinião sobre o minimalismo?
Comenta aqui embaixo e dá uma olhada no que o pessoal tá falando. Se você quiser descobrir o que eu chamo de Algoritmo Humano e como você pode usar ele pra levar um canal no youtube de 0 a 100 mil inscritos, confere uma aula grátis no primeiro link da descrição, ou apontando a câmera do seu celular pro QR code que tá na tela antes que essa aula saia do ar. Agora pra o que diabos aconteceu com a Kabum, que passou de um site extremamente especializado de informática pra se tornar o que parece simplesmente só mais um marketplace genérico, confere esse vídeo que tá aqui na tela.
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