Vamos, então, abrir a palavra de Deus no texto da segunda carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 12, versos 7 a 10. Lido o texto, permaneça com a sua Bíblia aberta na passagem, por favor. Paulo escreve assim: "E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que não me exalte.
Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então ele me disse: 'A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. ' De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo, porque, quando sou fraco, então é que sou forte. " Amém. Vou falar sobre glória e sofrimento.
Glória e sofrimento. Bom, é sabido de todos que a segunda carta de Paulo aos Coríntios é a sua carta mais pessoal; é a carta onde Paulo mais abre o coração para relatar os sofrimentos que passou ao longo do seu ministério. Vocês podem conferir isso comigo no capítulo 2, verso 4.
Ele confessa isso quando diz assim: "Porque, no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração, vos escrevi com muitas lágrimas, não para que ficásseis entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro. " Em grande medida, ele vai dizer no capítulo 1, versículo 8, seguinte: "Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porque foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. " Então, se você está passando por esse tipo de angústia, se você já está sofrendo a ponto de achar: "Meu Deus, eu não estou aguentando mais.
Parece que eu vou sucumbir, parece que eu vou naufragar. É maior que minhas forças", entenda que Paulo estava lidando com isso também. Mas esta carta foi escrita não só para abrir o coração e falar do seu sofrimento, mas esta carta é uma espécie de tratado de autodefesa, não só defesa do evangelho, mas defesa do seu apostolado.
Porque, depois que Paulo saiu de Corinto — e ele ficou lá um ano e seis meses, naquela capital da Acaia, plantando a igreja —, aquela igreja foi a igreja que Paulo mais amou, mas foi a igreja que mais fez Paulo sofrer, a ponto de algumas pessoas ali acharem que Paulo era um impostor. Quando Paulo foi pastor da igreja, a igreja não pagou o salário dele. Foi preciso que irmãos pobres da Macedônia sustentassem Paulo em Corinto para que ele pudesse ser pastor da igreja de Corinto.
E depois que Paulo saiu, chegaram os falsos apóstolos, com a sua empáfia, com a sua arrogância, com as suas falsas credenciais, dizendo para a igreja de Corinto que Paulo não era um verdadeiro apóstolo, que Paulo não tinha credenciais, que Paulo não tinha as experiências místicas, estáticas, arrebatadoras que precisava ter para ser um verdadeiro apóstolo. Então, Paulo, nesta carta, vai fazer uma espécie de defesa do evangelho e defesa do seu apostolado. E eu peço que você observe comigo.
Veja aí, capítulo 11, versos 4 a 6: olha o argumento dele: “Se na verdade vem alguém e prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tens abraçado, a esse de boa mente o tolerais, porque supondes nada ter sido inferior a esses tais apóstolos. " Então, o que Paulo está dizendo é que a igreja de Corinto, que não dera acolhida a ele como deveria ter dado enquanto lá esteve, agora está acolhendo com portas abertas e com coração franqueado os falsos apóstolos, que enaltecem a si mesmos. Veja comigo, ah, no capítulo 10, no versículo 17 e 18, o que ele diz: “Aquele, porém, que se glorie, glorie-se no Senhor, porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva.
" Não fica bem você elogiar a si mesmo, então que seja outro a elogiá-lo. Os falsos apóstolos estavam se autoelogiando, e Paulo diz que eles estão na contramão até do bom senso. Mas tem mais.
Olha comigo aí, por gentileza, capítulo de número 11, versos 18 a 20, o que ele vai dizer: “E, posto que muitos se gloriam segundo a carne, também eu me gloriarei, porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos. " Ele está usando uma linguagem irônica: "Tolerais quem vos escravize, quem vos devore, quem vos detenha, quem se exalte, quem vos esbofeteia no rosto. " Ele está fazendo uma crítica aos falsos apóstolos e uma crítica à igreja, porque os falsos apóstolos se elogiavam, se enalteciam, e a igreja estava sendo explorada por esses falsos apóstolos.
Eles não estavam atrás do povo, estavam atrás do dinheiro do povo, queriam explorar o povo, queriam usurpar o povo, e a igreja dando espaço para essa gente. Mas tem mais! Olha aí comigo, capítulo 11, versículo 30: "Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.
" Então, eu quero terminar esse pano de fundo para entrar no texto. Paulo foi levado, na defesa do seu apostolado, a fazer uma coisa que ele não concordava em fazer: em se autoelogiar, em se autopromover. Ele achava isso um contrassenso, uma coisa inadequada para um crente maduro.
Porém, uma vez que os falsos apóstolos estavam dizendo e espalhando na igreja de Corinto que Paulo não tinha credenciais, que Paulo não tinha experiências tão arrebatadoras como as deles, que Paulo não era um homem qualificado, então Paulo forçosamente vai registrar uma espécie de experiência que era única dele, que nenhum outro tivera, na semelhança dele, para mostrar suas credenciais. E aí é o que vai fazer no capítulo 12, verso 1. De botar na primeira pessoa, mas ele vai dizer o seguinte: "Olha, eu conheci um homem.
Ele tá falando dele mesmo, que no corpo ou fora do corpo, eu não sei, Deus o sabe. Foi arrebatado até o terceiro céu: primeiro céu, o céu que você vê a olho nu; segundo céu, é o céu do espaço sideral; terceiro céu, é o céu da habitação de Deus. Ele tivera outras visões, né?
A Bíblia diz que ele teve uma visão lá no caminho de Damasco, quando ele foi convertido. A Bíblia diz que ele tem uma visão onde passa Macedônia e ajuda-nos. A Bíblia diz que ele tem uma visão em Jerusalém: 'Coragem, Paulo, porque assim como você deu testemunho aqui em Jerusalém, o quer que você dê testemunho a Roma'.
Ele tem uma visão do anjo de Deus no navio à beira de um naufrágio: 'Coragem, nenhum desses 276 que estão no navio vão perecer, eu entreguei toda essa gente na sua mão'. Mas agora ele conta uma experiência de êxtase. Ele, ao ser arrebatado até o terceiro céu, ouviu palavras inefáveis que não podem ser ditas pela beleza, pela grandeza, pela majestade.
E então ele entra no texto que nós lemos para mostrar uma coisa: Deus tempera na nossa vida glória e sofrimento. Porque se a nossa vida fosse feita só de glória, só de experiências sublimes, de êxtase, de arrebatamento, de sucesso, de grandeza, de conquista, de prosperidade, de saúde, nós correríamos um grande risco de ficarmos com narizinho empinado, com peito estufado, agasalhando na nossa vida soberba. Então, entrando no texto, eu quero conversar com vocês sobre sete verdades que estão nesse texto.
A primeira delas, aí no versículo 7, parte A: 'E para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações. . .
' A grandeza das revelações! Ô, irmãos, Deus tantas vezes nos permite ter momentos de êxtase. Eu não diria que teríamos a experiência de Paulo ou de João: 'Sobe para aqui, eu te mostrarei as coisas que devem acontecer', mas Deus nos dá experiências tão incríveis de comunhão com Ele, de intimidade com Ele, daquele gozo inefável, daquela alegria indizível e cheia de glória, daquela percepção da beleza de Cristo, da glória de Cristo; aquela compreensão da riqueza das verdades eternas do céu, da bem-aventurança eterna.
Quantas experiências maravilhosas! Quantas noites em que o céu se abriu e a luz celestial inundou sua alma! Quantas visitações poderosas do Espírito Santo na sua vida, na minha vida, na nossa vida!
Nós temos isso. Paulo teve isso. A grandeza das revelações é claro que ele está tratando aqui daquela experiência de ser arrebatado ao terceiro céu, de ouvir palavras inefáveis, de ter as verdadeiras credenciais do seu apostolado.
Mas aí notem comigo, vem o segundo ponto, que é o doloroso espinho na carne. Confira comigo a parte B do verso 7: 'E para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne. .
. ' Preste atenção nessa expressão: 'espinho na carne'. A primeira pergunta é: de onde procede o espinho na carne de Paulo?
E a resposta óbvia é: procede de Deus. E você diz: 'Mas Deus não é bom? ' Ele é bom, mas o espinho na carne nos faz sofrer.
Faz. Mas então, se Deus é bom (e Ele é), e se o espinho na carne nos faz sofrer, por que Deus permite o espinho na carne? Por que um crente sofre?
Por que um crente pega Covid? Por que um crente é entubado? Por que um crente fica numa cama anos?
Por que um crente perde emprego? Por que um crente sofre um revés na vida financeira? Por que um crente enfrenta angústia na alma ou tribulações tais ou perseguições tais a ponto de desesperar-se da própria vida?
E a resposta está clara: para que eu não me ensoberbecesse, Deus tempera glória e sofrimento. Bom, a segunda pergunta é: o que é esse espinho na carne de Paulo? Aqui não há um consenso.
Esta palavra 'espinho' só aparece aqui em todo o Novo Testamento, e a palavra 'espinho' é uma estaca que entra, rasga a carne e produz sofrimento. Não houve consenso na história da Igreja sobre isso. Para Calvino, o espinho na carne eram as angústias espirituais de Paulo; para Lutero, eram as perseguições sofridas; outros achavam que o espinho na carne de Paulo eram as suas tentações, uma vez que ele era um homem solteiro lidando com todas as tensões da alma.
Mas eu quero crer, e até estou convencido disso, embora não seja unanimidade esse entendimento, que o espinho na carne de Paulo era uma enfermidade física. Só para você chegar comigo a essa conclusão, vire duas páginas da sua Bíblia: Gálatas 4, 1 a 15. Paulo saiu da Síria e foi para a região da Galácia, Galácia do Sul, Antioquia, de Pisídia, Derbe, Listra.
E olha o que ele narra, verso 13: 'E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física, e posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo não me revelastes desprezo nem desgosto. Antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus. ' E aqui eu chamo a sua atenção no verso 15: 'Que efeito, pois, da vossa exultação?
Pois vos dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para me dar. ' Então, há uma ideia muito eloquente entre os estudiosos de que Paulo contraiu uma doença entre a sua saída de Antioquia da Síria e a sua chegada ao destino da primeira viagem missionária. E, muito provavelmente, ele pegou essa enfermidade em Antioquia, em alguma região alagadiça, pantanosa, e possivelmente pegou uma malária, que dava uma dor de cabeça alucinante, afetando inclusive a visão, porque os crentes queriam arrancar os próprios olhos para dá-los a Paulo.
Isso não faz sentido se Paulo não tivesse uma enfermidade que afetasse. " A sua visão tanto é fato que Paulo tinha um secretário para escrever suas cartas. Por que não escrevia ele mesmo?
Eu acho mais fácil eu mesmo escrever do que ditando para outra pessoa. Escrever, o raciocínio fica mais rápido, mais claro. Paulo chegou a chamar o sumo sacerdote de "parede branqueada.
" Talvez ele não enxergasse tão claro, tão lúcido. O certo é, meus irmãos, que a enfermidade foi colocada nele, e talvez é isso que ele está falando, esse espinho na carne, para se catar e trazer sofrimento, para que ele não se ensoberbecesse. Então, quero dizer a você que muitos crentes ainda hoje sofrem.
Você está sofrendo? Você lida com enfermidade crônica? Precisa tomar remédio todo dia, todo dia?
Pois é, às vezes Deus equilibra glória e sofrimento para que a gente não se ensoberbece. A terceira lição do texto: as bofetadas de Satanás. Olha aí o versículo 7, a parte C.
Veja comigo: "Foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte. " Você pode perguntar: "Bom, mas para um pouquinho aí, o espinho na carne vem de Deus, e como é que se veio de Deus? Satanás bate na minha cara com esse espinho?
" Porque esta é a tarefa de Satanás quando a providência é carrancuda, e às vezes é. Satanás chega para você e diz assim: "Está vendo aí? Ó, você não é crente, você não anda com Deus, você não é fiel a Deus, você não faz as coisas direitinho, tá sofrendo, tá passando por essa magrela, tá passando por essa dificuldade.
Olha o seu vizinho lá, ó, não é crente igual você, não anda com Deus igual a você. Ele não reconhece Deus como você, ele não vive como você, tá lá num vidão, não tem a preocupação dos mortais, o corpo dele é sadio e né ótimo. Já vem bronzeado de fábrica.
E você tá passando essa magrela toda? Se Deus amasse você, você não tava nessa. Se Deus amasse você, você não tá passando por isso.
" Deixa eu lhe dizer algo muito importante: hoje, as pessoas mais usadas por Deus foram as pessoas que foram quebrantadas, buriladas, moldadas no cadinho do sofrimento. As grandes lições da vida nós não as aprendemos em dias de festa, nós as aprendemos no vale da dor. Eu olho a história e vejo homens como Calvino, que passou boa parte do ministério dele acamado, e enquanto acamado, ia ditando para os seus secretários as obras que escreveu.
Eu fico imaginando um homem da grandeza de Charles H. Spurgeon, que tinha gota, sofria depressão, e muitas vezes tinha que se retirar do púlpito para ir se tratar. Eu fico lendo a história de um homem como John Bunyan, que ficou preso por pregar o Evangelho em praça pública por 14 anos.
Eu fico olhando a história de um David Brainerd, que foi um missionário mais piedoso do século XVII e que morre precocemente aos 29 anos, experimentando um poderoso reavivamento espiritual entre os índios. Ele pregou aos índios canibais, levando a eles a esperança do Evangelho. Eu fico olhando a história de um advogado de sucesso de Chicago, Dr Spafford, muito rico, mas que teve cinco filhos, um filho e quatro filhas, e sofreu um golpe tremendo ao ver o seu filho criança ainda morrer em um incêndio que quase destrói Chicago no século XIX, e ele perdendo grande parte da sua fortuna ao receber a notícia de uma viagem que a sua esposa fez com as quatro filhas para a Inglaterra, e o navio naufraga.
A sua esposa lhe manda um telegrama: "Salva, porém só. " E ao viajar para encontrar a sua amada esposa, diante daquele drama terrível, o Deus que inspira canções de louvor nas noites escuras coloca no coração dele essa música: "Se paz a mais doce me deres gozar, se dor a mais forte sofrer, ó, seja onde for, Tu me fazes saber que feliz com Jesus sempre sou. " Esta música tem abençoado milhões de pessoas ao longo dos anos.
Se Deus está permitindo você passar por um espinho na carne e se Satanás está batendo no seu rosto com esse sofrimento, entenda uma coisa: o seu sofrimento vai ser uma fonte de consolo para muita gente, porque é Deus quem nos consola em toda a nossa angústia, para consolar outros que estejam passando pelas mesmas angústias com que nós fomos consolados por Deus. Mas em quarto lugar, a quarta lição do texto: as orações indeferidas ou não atendidas. Olha comigo o versículo 8: "Por causa disso, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.
" Notem comigo, irmãos: Paulo era um homem de oração. Paulo era um homem que orava até por gente que nunca tinha visto. Paulo orava incessantemente.
Paulo orou por muitas pessoas doentes, elas foram curadas. Paulo orou e Deus ressuscitou Utico, um milagre extraordinário. Agora Paulo está doente.
Agora Paulo está orando por ele mesmo, em uma oração honesta, profunda, sincera e perseverante. Orou três vezes, como Jesus orou no Getsêmani: "Pai, se possível, passe de Mim este cálice. " Ele pede a cura, ele pede o alívio, e Deus disse para ele: "Não, não, eu não vou lhe curar, eu não vou tirar o espinho.
" Tem horas que o que mais queremos é alívio do sofrimento. Tem horas que o que você anseia é que você fique livre daquilo que se apresenta como algo que machuca você, que dói em você: é um problema familiar, é um problema de saúde, é um problema financeiro, é um problema emocional. Você sabe qual é o espinho que você enfrenta e talvez você que está aqui já orou por isso há tanto tempo e tantas vezes, e Deus diga, como aqui está escrito: "Por causa disso, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.
" E Deus disse para você: "Não, não. " Paulo pediu substituição e Deus respondeu para ele: "Transformação. " Eu não vou tirar; eu vou lhe capacitar.
Eu vou lhe dar minha graça, e você vai me glorificar, mais sofrendo com consolo, mantendo-se humilde do que eu curando você, e você tendo alívio e tendo perigo, e o risco de se ensoberbecer. Irmãos, a vida aqui não é em dor; aqui tem choro, aqui tem lágrima, aqui tem dor. E eu não estou fazendo apologia ao sofrimento; eu não estou fazendo apologia à lágrima; eu não estou fazendo apologia à enfermidade.
Eu não estou dizendo que você é masoquista; eu não estou dizendo que você tem prazer em sofrer. Eu não estou falando isso, e Deus não está dizendo isso. Mas, muitas vezes, o sofrimento nos vem para nos colocar numa posição de completa e permanente dependência de Deus.
Então vem a quinta lição: a resposta desconcertante de Deus no verso 9a. Olha aí! Então Deus me disse: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.
” A maior necessidade sua e minha não é nem de alívio; é da graça suficiente. Tiago, no capítulo primeiro da sua carta, no versículo 2, ele diz assim: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria” — preste atenção nisso — “motivo de toda alegria o passardes por várias provações. ” Parece que não é comum você juntar as duas coisas: alegria e provação.
Quando você pensa em provação, você pensa em choro, você pensa em gemido, você pensa em sofrimento, você pensa em tristeza. Agora, Tiago está nos confrontando com essa verdade, dizendo: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passares por várias” — não é por uma; vem em pencas, em todas as provações. E ele fala da palavra “várias”: é a palavra “várias” no Grego; é a palavra “poikilos”, de onde vem a nossa palavra portuguesa “policromático”.
De diversas cores, tem provas leves, tem provas médias, tem provas pesadas. Tem prova que tem a cor de rosinha, igual esmalte de noiva; tem provação que vem com rosa choque; tem provação que vem com cinzento bem firme; tem provação que é tenebrosa. Tem provação que você passa por ela de nave espacial; tem outra que você passa de carro de corrida; tem outra que você passa andando; tem outra que você passa engatinhando.
Mas sabe o que a Bíblia diz? Que para cada cor de prova que você enfrenta existe a multiforme graça de Deus. E a palavra “multiforme” é a mesma palavra “poikilos”.
Sabe o que a Bíblia está dizendo? Para cada cor de prova que você enfrenta, existe uma cor de graça suficiente para sustentar você. Deus nunca vai deixar você sozinho, Deus nunca vai deixar você desamparado.
Deus nunca vai largar você no meio do caminho; Ele vai sustentar você. “A minha graça te basta, Paulo; o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. ” Então vem a sexta lição: a rendição obediente.
Confira comigo: verso 9b e o versículo de número 10. Ele diz assim: “De boa vontade; pois mais me gloriarei nas fraquezas para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo.
” Meus irmãos, tem muita gente que, quando recebe um não de Deus, se revolta. Não é verdade? Tem outras pessoas: “Ah, Deus me decepcionou!
Eu pedi para Ele e não me atendeu. ” Tem também: “Eu vou lá, vou sair da igreja porque, na hora que eu precisei de Deus, Deus me disse um não. ” Tem outras pessoas que ficam apáticas, param de orar, não acolhem com submissão e humildade a resposta divina.
Paulo, ao Deus ter respondido para ele: “Meu filho, eu não vou tirar o espinho na carne; eu vou lhe dar minha graça. A minha graça é suficiente; o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”, ele disse: “Deus! ” Então, ele responde: “De boa vontade; pois eu mais me gloriarei nas fraquezas para que o poder de Cristo repouse em mim.
” O que Paulo está dizendo aqui, irmãos, nenhuma pessoa que não seja cristã vai entender. Não vai entender o que ele diz no verso 10; é algo incompreensível para nós sem a graça, sem o Espírito Santo agindo na nossa vida. Pelo que sinto prazer!
Olha que prazer! E o hedonismo é a filosofia mais presente neste mundo; gasta-se bilhões e bilhões de dólares todo ano para patrocinar prazer, diversão. As pessoas estão à caça de prazer.
E Paulo vai dizer o seguinte: “Pelo que sinto prazer em quê? Nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. ” Você diz: “Isso aí é masoquismo; isso não é cristianismo.
” Quem tem prazer em sofrer? Quem gosta de sofrer? Ninguém.
Nem você, nem eu, nem Paulo. A Bíblia não ensina isso. O que Paulo está dizendo aqui é que ele tem prazer por amor de Cristo.
Não é prazer no sofrimento pelo sofrimento; é porque ele sabe que Deus é soberano, que Deus está no controle e que Deus está trabalhando em você. Deus está moldando você; Deus está burilando você. O próprio Jesus aprendeu pelas coisas que sofreu.
E os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com as glórias por vir a serem reveladas em nós. A nossa leve e momentânea tribulação vai produzir para nós eterno peso de glória, acima de toda a comparação. É o propósito de Deus em um sofrimento, e não o sofrimento em si.
Então, irmão, não se rebele contra Deus; não se irrite contra Deus; não endureça o seu coração. Não seja como a mulher de Ló, amaldiçoando a Deus e morrendo. Jó, não!
Não! Deus não é sádico; Deus não desperdiça sofrimento na vida dos seus filhos. Se você está passando por uma luta, entenda isso: Deus está no controle; Deus é bom; Deus é pai.
Ele está trabalhando por você, Ele está trabalhando em você, para depois trabalhar através de você. Mas, finalmente, o último ponto, sétimo ponto, que eu quero destacar agora é a constatação confiante. Olha a parte B do verso 10.
Porque, quando sou fraco, então aqui sou forte. Isso é um paradoxo; é um paradoxo. O homem que se vangloria na sua força, ele é fraco, mas o homem que confia em Deus, na sua fraqueza, ele é forte.
Por isso, a Bíblia diz: "Não se glorie o sábio na sua sabedoria, não se glorie o rico na sua riqueza, não se glorie o forte na sua força, mas antes glorie-se em conhecer a Deus. " Quanto mais dependente de Deus você for, mais forte você vai ser; quanto mais você compreende que você é fraco, que precisa de Deus, não pode se afastar da presença de Deus e depende do poder de Deus, da graça de Deus, do sustento de Deus, da providência de Deus, aí você é forte. Mas, no momento em que você diz: "Agora eu sou forte, agora eu cuido da minha vida, agora eu sei o que faço, agora eu tenho todas as ferramentas para fazer, agora eu consigo, eu vou, eu faço, eu alcanço", bom, aí você é muito fraco.
O braço da carne é muito fraco; nenhum de nós consegue ficar sequer de pé escorado no bordão da autoconfiança. Então, concluindo, Deus, na sua bondade, tempera na sua vida glória e sofrimento. Se fosse só glória, você ficaria soberbo; se fosse só sofrimento, você seria esmagado.
Mas Deus tempera as duas coisas. Do berço à sepultura, aqui tem sofrimento e tem glória. Mas, depois que nós atravessarmos as fronteiras do tempo e adentrarmos na eternidade, aí não tem mais sofrimento; será apenas glória, porque Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima.
Não haverá dor, nem pranto, nem luto, porque as primeiras coisas já terão passado, e Deus console o nosso coração nesta manhã. Amém.