[Música] quão natural é o maior desastre natural que o Brasil já viu que é o que tá acontecendo no mês de maio no Rio Grande do Sul natural no sentido de que chove Ok mas quanto do efeito desse desastre e do estrago que essas chuvas causam é algo natural quanto disso não seria previsível previsto avisado e esperado que que a gente poderia ter feito de diferente para não ter mais de me milhão de pessoas deslocadas das suas casas por conta da inundação sem falar nas vidas Perdidas em vários tipos de prejuízo que sugera por que
que a gente tá passando por isso agora podemos ter esse tipo de problema no futuro não necessariamente só um futuro distante mas no futuro próximo de nos próximos meses também e como que dá pra gente saber e entender isso entender um des desastre como esse acontecendo é fundamental pra gente poder prevenir os próximos e punir os responsáveis pelo que acontece agora porque punição tem que vir junto com a prevenção dos próximos se a gente quiser que não aconteça então para poder discutir isso e entender um assunto desse a fundo a gente aqui no não ficção
onde a gente faz ciência do dia a dia com especialistas precisa de um especialista que tá lá em Porto Alegre entendendo a situação do Rio Grande do Sul de perto podendo falar com propriedade sobre tudo que tá acontecendo Então nada Mel melhor do que trazer para essa conversa o Fernando Maynard Fan que é engenheiro ambiental formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul a urgs Doutor em recursos hídricos e saneamento ambiental professor do Instituto de Pesquisas hidráulicas que pesquisa entre outras coisas simulação hidrológica e previsão de vazões de rios Então bora conversar com quem
realmente domina e entende da coisa para saber o que tá acontecendo Fernando antes de tudo muito muito obrigado pelo privilégio pela disponibilidade no meio das coisas acontecendo tão próximo né de de tudo que o Rio Grande do Sul tá passando então para terminar de te agradecer te introduzir e começar a conversa ao invés de fazer o que eu faço com todo mundo que é segurar a pessoa por 10 minutos enquanto eu faço o monólogo aqui na hora de abrir e eu queria começar a te perguntando como é que você tá Como é que tá sua
família como é que estão as coisas por aí eh né Obrigado antes de tudo e como é que estão as coisas Atila H primeiro prazer Zão tá aqui conversando contigo né h para mim tu é uma referência na divulgação Científica nacional e pena não poder estar eh presencial nessa conversa né gostaria muito de poder conversar presencialmente mas infelizmente estamos passando por uma situação aqui no Rio Grande do Sul que é dramática né a gente não tem aeroporto por exemplo aqui em Porto Alegre mais e não sabemos quando ele vai reabrir Felizmente eu fui uma pessoa
muito abençoada eu fui afetado em termos mínimos perto de pessoas né que perderam suas casas perderam parentes ou até suas vidas né O que aconteceu comigo foi ficar sem luz sem água né durante alguns poucos dias e mas agora no meu bairro já está tudo restabelecido e e eu tô bem né então Hã agora apesar do desastre eu especificamente estou bem né mas a gente tem no Rio Grande do Sul muitas pessoas afetadas que a gente tem procurado ajudar aqui né dentro do possível também eu tô bom enquanto a gente conversa aqui e a água
que tá baixando em Porto Alegre né eu vi que tem vários bairros que já tão que estavam embaixo de água agora não tão mais mas as chuvas estão subindo para Santa Catarina e ainda tem muitas regiões onde o rio não baixou né exato bom a gente aqui na na urgs né junto com apoio de vários colegas TM feito previsões dos níveis do Guaíba diariamente né a gente na verdade fez uma folguinha no final de semana aí do dia 18 e 19 não fizemos previsões porque a tendência era de diminuição dos níveis mas eh nessa que
a gente finalizou no dia de hoje dia 20 de Maio a tendência é que as águas sigam baixando tem chuvas previstas pros próximos dias mas elas vão mais eh diminuir a velocidade da descida doos níveis do Guaíba do que causar novos picos de elevação aqui né e os ventos também os ventos vão barrar um pouquinho a saída da água do Guaíba Talvez isso Gere pequenos aumentos nos níveis mas nada preocupante eh para os próximos dias então eu estou particularmente otimista com a descida das águas aqui na região metropolitana de Porto Alegre Maravilha cara bom de
novo obrigado pela disponibilidade aqui fico feliz em saber né a gente conversou antes Aqui sobre filhos né começo da escola brincar com Lego Power Ranger outras coisas não entramos nesse assunto de como é que estão as coisas mas fico feliz em ouvir isso e saber e bom eu relutei bastante em fazer um episódio sobre o que tá acontecendo no Rio Grande do Sul eh por não saber o que contribuir o que olhar diferente dá para isso enquanto as coisas estavam desenvolvendo acho que uma análise de de à distância depois de um tempo para falar sobre
o que foi ou como a coisa caracteriza tem mais valor de longo longo prazo para quem tiver assistindo Mas de repente no que já tá sendo registrado como a maior catástrofe o maior desastre natural brasileiro e a gente conversa sobre o quão natural ele é ou não e falam falam em termos econômicos até agora né em em tamanho da região afetada número de pessoas deslocadas mais de meio milhão de pessoas deslocadas 95% da capacidade Econômica do Rio Grande do Sul afetada e outras coisas porque felizmente não foram tantas vidas perdidas perto do que um desastre
nessa escala poderia causar acredito que por conta da água subir relativamente devagar né perto do que é uma coisa tipo um desabamento ou um desmoronamento algo assim e a gente conversa mais sobre isso por favor eh mas e a gente ainda vai ter a contagem dessas vidas ao longo de meses agora né conforme desaparecidos se transformam no no que é essas coisas ganham uma resolução né Mas tem uma coisa que particularmente me chamou muita atenção e eu tô extremamente sensível a isso depois da pandemia que é como a gente já tem uma onda junto de
mentiras ao redor de tudo que tá acontecendo Eu tô impressionado de verdade com a velocidade e o volume de desinformação e de mentiras estão sendo contadas a respeito de tudo ao redor do que aconteceu com o Rio Grande do Sul nesse período vou pegar uma reportagem aqui D pública inclusive recomendo demais eles estão com muitas reportagens muito boas sobre Rio Grande do Sul bem como a BBC Que foi quem eu mais Consultei para para fazer a pauta aqui e pegando uma uma pesquisa do bom eu vou ler o trecho todo aqui e falar o tema
das inundações no Rio Grande do Sul dominou as redes sociais e motivou 7,7 milhões de publicações que tiveram engajamentos 71 milhões de engajamentos entre 7 e 3 de Maio Essa é uma das conclusões do estudo produzido pelo Instituto democracia em cheque ao qual agência pública teve acesso exclusivo então para dar o crédito aí de quem fez a pesquisa e quem tá divulgando o resultado a organização aponta que 4,3 milhões de postagens envolviam desinformação Muitas delas repetidas ou compartilhadas e renderam pelo menos 28 milhões de engajamentos ou seja desses 7,7 milhões de postagens mais da metade
foram mentiras e para não ter gerado tanto engajamento acredito que deve ter algumas que geraram muito porque já tem muita pesquisa mostrando que mentiras em redes sociais eh tem mais alcance do que a verdade mas boa parte disso deve ter sido coisa que foi postada mas não foi muito compartilhada porque foi postada no vácuo O que me diz que são perfis falsos Postando essas coisas o que também me diz que teve muito dinheiro colocado nisso para espalhar tanta mentira tão cedo assim eh o estudo atribuiu 75% das interações nesse tipo de conteúdo a extrema direita
cuja produção foi classificada como contínua e massiva então de novo um volume de dinheiro insano para contar um monte de mentira enquanto o desastre acontece em outro não ficção com outras pessoas eu vou conversar sobre essa desinformação esse fenômeno porque que tem tanto dinheiro investido nisso e porque manter as pessoas desesperadas numa catástrofe mas contigo dada a tua especialidade eu queria muito falar desmentir parte desses boatos e mostrar como o papel da ciência poderia ser é muito diferente e muito melhor e muito benéfico numa situação como essa então eu queria começar te perguntando isso assim
o quão imprevisível ou quão inesperado é ter uma enchente dessa nessa região nesse período do ano com o mundo como tá indo para alguém que estuda isso Atila se tu me pergunte me permite antes de responder a tua pergunta vou contar uma história que é um pouquinho engada sobre a fake News tá quando começou a a cheia a gente foi muito requisitado a gente que eu digo eu e meus colegas professores aqui da da ufgs urgs é jeito quem chama a Universidade Federal do Rio Grande do Sul né ciclo Uhum E obrigado eu não tinha
feito descritivo e para fazer comentários né na mídia do do do perigo da inundação evacuação e tudo mais e aí eu falei rádios e e televisão e principalmente na rádio o pessoal gravou o que eu falei e tava distribuindo no WhatsApp só se vocês buscarem meu nome no Instagram ou no Facebook eu não tenho Instagram ou Facebook e eu comecei a receber de volta ã mensagens que eram assim eu acho que não é verdade eu acho que essa pessoa não existe porque eu não encontrei ela no Instagram e no Facebook então eles eh alguém criou
a fake News que eu não existia que eu era fake e que o que tava sendo falado na rádio então era um personagem inventado com o meu nome que que estava espalhando alguma fake News sobre inundação né então isso foi um um fato eu fiquei incrédulo né porque eu não tenho Instagram e Facebook então eu não existia cara mas assim a pandemia eh para mim foi foi a divisão de águas foi aí quando eu comecei a falar do que podia vir acontecer dos casos e a coisa começou a ganhar atração se eu não tivesse 10
anos de divulgação na internet antes eh ou mais tinha uns 13 anos já nessa época Comecei em 2007 2020 uns 13 anos com certeza iam falar a mesma coisa de mim como não dava para falar a mesma coisa de mim porque já tinha vídeo meu de 2014 falando que podia ter uma pandemia de um vírus respiratório pouco letal pouco entre aspas que seria um caos aí parte-se pro ataque pessoal então vamos pintar do que for aqui e atacar a pessoa para falar que você não de ouvir ouvir essa pessoa já que não dá para admitir
o que ela tá falando bom e agora vou vou responder a tua pergunta Atila e daí eu vou vou dividir essa previsibilidade em três tá primeiro né em termos da recorrência a gente teve aqui no Rio Grande do Sul um evento que ultrapassou Em vários pontos inclusive Porto Alegre a recorrência da última grande cheia que tinha sido no ano de 1941 então o que que a gente espera se já aconteceu no passado e algum momento ela vai acontecer novamente então pelos dados né de níveis os rios dados hidrológicos estatisticamente a gente espera que vá se
repetir um grande evento de cheia só assumindo então que o comportamento é estacionário né que que a estatística segue a mesma ela não vai mudar ao longo do tempo a gente espera que B ter hoje fosse o mesmo de 41 né exatamente e quando a gente joga em cima disso ainda a mudança climática aí a gente ã pelos estudos né das projeções que a gente tem estudado com elas aqui na UFRGS a tendência é que eles vão ser mais recorrentes ainda tá então em termos de recorrência né poder acontecer novamente a resposta é sim né
Eh era esperado que fosse acontecer de novo um grande evento de de cheia né em Porto Alegre região e com a mudança climática a gente pode discutir isso um pouquinho mais a fundo depois tá ah que isso vai ser mais recorrente ainda Uhum E aí por exemplo a gente já tá na terceira dentro disso o fato da gente ter das quatro maiores cheias do Rio Grande do Sul Três acontecendo no último ano dá pra gente dizer que tem sido mais recorrente ã alguns estudos tá tem apontado que essas últimas cheias de 23 e agora 24
com certeza vai cair dentro do mesmo rol de estudos que essas cheias já são relacionadas já estão assim eh incrementadas digamos assim por causa da mudança climática não são estudos meus né são estudos que eu li né estudando sobre o assunto mas sim eles já estão apontando que essas cheias já TM como uma das causas a mudança climática bom aí Atila vou agora pra segunda parte da resposta das três que eu prometi tá a questão da sazonalidade H que é assim no horizonte sazonal né nesse período específico tinha chance maior desse evento ocorrer e o
que a gente nota é que a gente está numa situação de El ninho nós tivemos ano passado dentro desse ainho já duas cheias muito grandes aqui no Rio Grande do Sul uma em setembro de 23 e uma em novembro de 23 e agora essa cheia de maio de 24 que vem ser a maior de todas todas elas acontecendo dentro desse mesmo contexto de Ninho e de um bloqueio atmosférico que tá gerando muito calor no centro-oeste sudeste do Brasil e faz com que aquela ah água que vem da Amazônia via atmosfera ela não entre no sudeste
Centro Oeste ela desce em direção ao sul e faça com que ocorram as chuvas aqui de forma mais recorrente Então dentro desse contexto de sazonalidade né que é esse período do El ninho sim né era possível crer ainda mais com o indício da cheia de23 das duas che 23 que agora em 24 ã temos eh ou teríamos né ocorrência de outra grande cheia assim como paraas próximas semanas ou meses ainda pode ter essa cheia de novo ou até maior dentro desse contexto atual da atmosfera é aquela coisa de que data é incerta mas probabilidade do
evento acontecer se tem uma noção que tem né isso exatamente inclusive hoje eh pela manhã né um um dos questionamentos que que a gente teve com com entes públicos aqui no Rio Grande do Sul foi quando baixar as Águas né quais serão os planos de ação para imediatamente restabelecer os sistemas de proteção contra cheias porque a gente tá numa situação que que promove que facilita a ocorrência de de mais eventos extremos ainda uhum bom e agora eu vou pra terceira escala então eu comecei na escala grande né que é escala assim de estatística recorrência fui
pra escala sazonal né Desse meses e agora eu vou pra escala dos dias né era possível dizer com dias de antecedência que poderia ter uma cheia sem precedentes em Porto Alegre e aí eu e outros dois colegas né um colega professor e aluno de Mestrado nós temos todos os dias desde o dia 1eo de Maio se reunido trabalhado durante horas juntando dados dados meteorológicos dados observados de rios chuva e rodado modelos matemáticos de previsão e no dia primeo de Maio nós de noite terminamos a previsão naquele dia e a gente viu olha aqui tem um
evento sem precedentes Mas a gente não divulgou no dia primeiro de maio aquela previsão porque a gente pensou que a gente podia ter errado né de repente a gente Errou alguma coisa que a gente tá cansado de noite amanhã de manhã vamos fazer outra vamos aí a gente acordou no dia 2 e a gente trabalhou toda manhã e quando chegou ali metade da manhã a gente olhou e falou Gente o Guaíba a maior cheia que já teve aqui Guaíba é Manancial que banha Porto Alegre tá o Guaíba na melhor cheia foi 4,76 met na cota
da referência e a nossa previsão tá dando que ele pode passar dos 5 m vamos ter que divulgar e a gente a gente já tinha feito outras previsões assim como pesquisadores a gente não é um um centro operacional a gente chama Universidade né em 2023 já tinha feito algumas previsões a gente não deu divulgação para aquelas previsões a gente divulgou para pessoas que a gente achou que seriam interessantes assim chave e aí fou de autoridades prefeitura segurança pública e por aí vai né examente exatamente daí dessa vez a gente decidiu ã publicar elas amplamente assim
inclusive pra imprensa né mandar essas previsões E aí qualquer um pode conferir que que dia 2 de Maio saiu nos jornais aqui em Porto Alegre que é Instituto de Pesquisas hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul a Alerta que é cheia do goiba pode passar dos 5 m né Essa eram as manchetes no dia 2 o goiba foi passado a 5 m dia 3 ou dia 4 uma um um ou dois dias depois do nosso Alerta então ã na escala pequena também era possível prever que esse evento estava chegando né ã então resumindo
a tua pergunta né Atila É sim né em em em todas essas escalas era possível de dizer que um evento como esse ele iria se repetir e é possível prever ele com nem que seja alguns dias ou horas de antecedência para permitir alguma espécie de preparação Então você tá me dizendo eu vou vou fazer um paralelo aqui porque eu me sinto flashbacks assim da da pandemia assim constantes como eu falei tinha material de 2010 2012 2014 falando a possibilidade de uma pandemia em escala global de uma doença respiratória parecida com a sars que seria um
problemão então assim né em grande escala ser humano convive mais com animais vírus respiratórios circulam com mais facilidade eh as mudanças que a gente tá causando no ambiente circulamos mais pode vir uma nova doença aí tem a escala de meses Olha tem casos de uma doença respiratória desconhecida acontecendo na China isso já aconteceu antes e não foi bom se isso sair de lá vai ser um problema para do mundo e tem a escala de dias de falar Olha apareceu o primeiro caso No Brasil se a gente não fechar não fizer é não usar máscara não
não sei o quê vai pegar feio aqui no país então assim n como fenômeno vale a pena ter preparo força estudos Laboratórios testes é importante na escala de meses vamos se preparar comprar máscara comprar luva não sei o quê tem também e na escala de dias do tipo detectamos um caso tem que agir fechar coordenar também é a mesma coisa né agora você tá me dizendo que é um fenômeno previsível previsto e com aviso e por tudo que eu vi até aqui Porto Alegre não é uma cidade despreparada para essas cheias né Toda essa referência
que você me dá de cota né ah tem a cota de 4 m a cota de 5 m a cota de 6 m eu entendo isso tudo num contexto de até onde a cidade tá preparada para ter uma cheia desse tipo ou de outra eh Então por que que aconteceu isso por que que encheu tanto por que que não necessariamente por que a água subiu tanto a gente também pode entrar nisso mas porque que que uma água que Subiu até o nível que subiu causou o estrago que causou se dias antes vocês já estavam em
condições de dar esse Alerta pras pessoas e pra imprensa do que tava acontecendo bom hã Porto Alegre tem um sistema vou falar só de Porto Alegre depois eu posso falar de algumas cidades eh vizinhas Tá mas Porto Alegre tem um sistema de proteção contra cheias que é projetado a Rigor para proteger a cidade com inundações até uma cota de referência 6 m e é importante eu dizer assim a cidade começa a inundar no três Tá então não é 6 m de coluna de água né na verdade são 3 m de coluna de água o que
ela seria capaz de suportar esse sistema de proteção ã e o que aconteceu no dia desculpa se se o rio subir mais 3 m do que ele normalmente é é isso é em geral o rio ele tá ali na em torno da cota um a cota dois isso é o normal tá flutuando ali na cota 1 cota do quando tem uma cheia ele Sobe ali perto da cota 3 acima da cota 3 nos últimos anos quando é que ele subiu 2015 ele subiu assim um pouquinho bem perto da cota 3 e 2023 ele veio a
subir ah a cota 13 e tanto tá não chegou na cota 4 13 e tanto foram os únicos dois momentos dos anos 70 até agora em que a gente teve subidas acima dessa cota TRS de referência de inundação e não aconteceu inundação e não aconteceu inundação 2023 apesar do sistema ter falhado alguns pontos não foi nada parecido a que aconteceu agora né foi possível consertar tempo e tudo mais o que aconteceu agora foi várias falhas no sistema de proteção a Então como é que fona a proteção ele eh São dicks dicks de terra h dicks
que são vias elevadas né a rua é elevada e ou Avenida né e o di que é a Avenida e no centro de Porto Alegre em torno de 2 m 2,5 k tem um muro que separa a cidade do do Guaíba né Eh e tem comportas daí que são fechadas no momento do ã de uma inundação né quando chega ali na cota 2,55 fecham-se as comportas Porque caso suba até o 1 a água não vem bom a gente tá aqui notícia né as comportas serão fechadas fecharam as comportas a água começou a subir e começou
a entrar né então isso foi um momento assim que deu até um certo desespero assim tu vê a água entrando né porque tinha um vão na numa comporta tinha um vão na outra comp porta e aí quando tu faz um C de proteção Tu faz uma casa de bombas na parte de dentro porque toda a que chove dentro da cidade tu tem que mandar lá para fora ou a água que o rio Tenta mandar de volta pelas Galerias pelo Viagem tu tem que mandar lá para fora a casa de bombas porque assim como a água
não entra ela não sai o ralo os bueiros as coisas se o rio sobe a água subiria neles também E aí essa água você tem que bombear para fora isso tem que bombear para fora o que que a gente viu começou a entrar água começou a entrar água e lá pelas tantas teve uma casa de bombas que a água entrou pela própria casa de bombas né a notícia era assim a casa de bombas estourou e daí a casa de bombas que para tá mandando água para fora tava entrando água por ela e começou a inundar
isso gerou uma espiral de de coisas negativas que é começa e não dar a rede elétrica tem que ser desligada senão pode ser Fatal para as pessoas e que tu Desliga a rede elétrica Tu desliga a casa de bombas também E aí a água já não sai mais e só entra e só entra e a gente começou a ter água invadindo a a cidade teve um Jornalista que que representou isso como se fosse um um cenário de guerra assim que a cidade perdendo o território paraa água sabe e as nossas linhas de defesa que seriam
sistema de proteção então elas Acabaram acabaram cedendo E aí ã infelizmente né a cidade foi inundada Talvez uma coisa que que é interessante comentar é que elas não cederam todas ao mesmo tempo então teve bairros que acharam que estavam protegidos depois de um dia de inundação dois dias e quando V Ah tem que desligar essa casa de bombas também e a gente teve cenários assim de de pessoas que achavam que estavam bem em casa quando ve desligou a casa de bombas e começou a subir água no seu bairro tiveram que evacuar daí desliga luz então
o que aconteceu em Porto Alegre foi isso né o nosso sistema de proteção contra enchentes que deveria proteger até a cota 6 ele falhou falhou antes da da a água foi até o nível 5:30 aproximadamente tá então eu falou antes da cota 6 mas antes do 5:30 a gente Tava acompanhando Né tava aqui já estava entrando água né por vários pontos do sistema Então o que aconteceu em Porto Alegre foi isso nosso sistema que deveria nos proteger né que Porto Alegre ele não protegeu então para eu para eu amarrar um pouco PR as pessoas entenderem
isso porque é fácil a gente ver o tanto que choveu falar da conjunção ali né da das das chuvas que não caíram no centro do país caírem todas em cima do Rio Grande do Sul de ter um volume de chuvas absurdas eu fui ver como foi a cheia de 1940 e em 41 eh foram 20 dias chovendo muito um negócio assim parece que teve um vento na Bahia que Manteve parte da água dentro dela e daí veio a grande cheia não foi uma coisa dessa de três dias de inundação de chuva assim torrencial a água
subiu dessa forma Então tem um aspecto aí de desastre natural mesmo da coisa né Imagino que temas cidades aí no no ao longo do curso de vários rios que não tem o que fazer mesmo porque o rio ali sobe 2 3 M coisa que ele nunca subiu e não tem preparo mas Porto Alegre em si onde foi o maior impacto Teoricamente teria um preparo tem um sistema feito des para aguentar até 6 m de cheia e então você tinha um sistema feito para aguentar essa cheia o um evento que é previsível no sentido de saber
que se acontecer uma vez pode acontecer de novo tanto que construíram tudo isso você ter a sazonalidade de saber que nessa época é uma época de chuvas e cheias né de 41 foi nesse nesses mesmos dias de Maio né e e tem um intervalo de poucos dias falando olha o que vai vir de chuva agora vai usar essas bombas vai usar esse tema vai usar essas comportas e apesar disso tudo o sistema não tava preparado organizado em dia para dar conta do que veio e aí quando ele falha você tem essa Cascata e esse dominó
de de de coisa acontecendo Uhum E agora o por ele falhou vai ser o motivo da próxima discussão né O que que assim a gente conjectura né que se ao longo da vida desse sistema Dee porque é um sistema que tem 50 anos aproximadamente que ele tá construído a gente tivesse dado mais atenção né não negligenciado ele tanto historicamente né Talvez ele tivesse funcionado né agora exatamente quem quando falhou qual foi essa manutenção que não foi dada né em quais momentos eh vai ser eh o que dev deve ser investigado né no nos próximos dias
né após a resposta ao Desastre e tudo mais até porque a gente tem que botar esse sistema em pé logo como eu falei ali ainda ainda estamos no Rio Grande do Sul nesse momento sob ação de um el Ninho e de bloqueio atmosférico na par central e pode ocorrer outra outra chuva mas é isso muitas pessoas esperavam estar protegidas pelo sistema de proteção de Porto Alegre e e não não estavam não foram protegidas bom eu eu eu nem nem penso em entrar no aspecto pessoal disso De quem é o responsável não acho que é um
trabalho mais jornalístico até do que acadêmico mas eu queria entender um pouco do Papel acadêmico nessa discussão toda eu tenho a urgs como referência de uma universidade que tem um centro hidrológico enorme muito competente com muita gente boa que tem centros de estudos de Ecologia de ecossistemas de meio ambiente muito bons pelo menos dentro das biológicas Essa é a fama eh me fala um pouco do que que é a estrutura da urs Por que se estuda a água tanto aí o que que se entende quanto dessa questão do previsível do do do predito disso tudo
vem do fato de se ter uma universidade federal aí e de ter um corpo de pesquisa tão competente atil aqui na UFRGS a gente tem o Instituto que é o iph Né Instituto de Pesquisas hidráulicas ele tem esse nome porque ele foi criado ali nos anos 50 com o objetivo de estudar as águas principalmente num ponto de vista hidráulico então era assim projeto de adutoras de águ barragens né E a gente tem lá ainda galpões onde o pessoal faz modelos reduzidos que são como se fossem maquetes eu falo maquetes mas meus colegas trabalham com isso
vão ficar bravos né que não é uma maquete né Pode falar É mas é uma espécie de maquete tá quem tá acompanhando aqui ã só que feita em proporções a físicamente ajustadas né em que a gente testou durante décadas ali na iph grandes barragens que foram construídas no Brasil tinha seu modelo reduzido construído ali onde você testava vários aspectos Hidráulicos esforços Hidráulicos operação da barragem e tudo mais ao longo do tempo outras preocupações foram aparecendo né Por exemplo questões ambientais questões hidrológicas né a gente pode dividir assim o o iph entre colegas que trabalham mais
com hidrologia e colega que trabalha mais com hidráulica e colega que trabalha mais com saneamento então é um centro que tem cerca de 40 professores com essas três grandes áreas E então preocupações de camento preocupações da hidrologia foram surgindo né e o IP Manteve o nome para uma questão histórica né Instituto de Pesquisas hidráulicas mas a verdade é que a gente trabalha esses temas de forma bem Ampla e meio ambiente também né um tema muito forte dentro do do iph começou com um curso técnico em em hidrologia nos anos 60 e um h mestrado depois
surgiu o doutorado depois no iph foi aberta a graduação em engenharia ambiental e mais recentemente também uma graduação em engenharia hídrica então a gente eh durante um tempo né agora o curso técnico infelizmente ele está pausado né mas durante um tempo a gente formou nos três níveis o técnico em hidrologia o o graduado engenharia ambiental engenharia hídrica e Mestres e doutores né na pósgraduação e a gente eh ao longo do tempo né como o IP PH tem se proposto muito né a contribuir com os problemas da sociedade brasileira em geral né e acho que o
iph é um dos centros do do Brasil que maior concentra pesquisadores na área de águas num único ponto né num único local eu assim eu acho isso muito sintomático de várias coisas porque por exemplo para pegar o meu a minha vivência quando acontece a pandemia eu tinha amigo que fazem pesquisa com epidemiologia que estavam prestando serviço até para outros países falando pô aqui nesse país da América Central não tem ninguém com essa especialidade o pessoal não sabe como distribuir máscara pensar atendimento em saúde fazer qualquer coisa para isso aí você entende num país desse a
coisa fugir de controle o que não faz sentido não deveria acontecer um país com o SUS e com a competência técnica que a gente tem como Brasil passar pelo que passou aí é um trabalho ativo para que a coisa dessa forma porque motivo para não acontecer tinha missor como a mesma coisa e Como assim um ironia triste demais você ter um polo de referência no em estudo sobre comportamento e efeitos da água passar por uma inundação dessa com um sistema desse feito para impedir isso né e e assim por que que eu falo isso porque
quando a gente fala do papel da Universidade do centro de pesquisa eu acho muito fácil fazer a comparação que nunca vai funcionar de pegar centros de pesquisa de fora e fala nossa olha o MIT quantas patentes produz por ano Olha o Stanford quantos eh ceos do Vale do Silício vieram de lá olha Harvard com o nome que tem e quando você vai ver são centros que formam 1000 pessoas por ano a um custo de 2 milhões por aluno e recebem gente do mundo inteiro para fazer aquilo e um um dinheiro assim que é único no
mundo quando a gente tem aqui no Brasil centros de pesquisa que fazem um papel muito mais de um ônibus do que um carro de Fórmula 1 que seria esse centros que é formar 10 20 200.000 alunos por ano dependendo do sistema de de de rede de universidades e produzir uma pesquisa que se você vai fazer comparações internacionais de volume citações eh patentes muitas vezes é comparável Mas às vezes não é tão comparável quanto lá fora mas assim o o a qualidade e o grau de conhecimento que se gera sobre o Brasil sobre os problemas que
a gente tem aqui sobre atuação é insano toda vez que eu quero entender alguma coisa daqui eu preciso falar com alguém que tá na universidade fazendo pesquisa porque tá ali o conhecimento e e e assim você tá me descrevendo isso né Você tem um centro de pesquisa aí estudando uma questão que é totalmente pertinente ao Rio Grande do Sul inteiro produzindo esse conhecimento há décadas já né É é então é essa ironia para mim é triste mais por que não foi melhor aproveitado né bom eu tenho duas histórias para contar sobre isso se tu me
permite por favor a a primeira delas é em relação ao a cheia de 23 tá quem tá vendo aqui a gente deve ter visto nos noticiários que o Grande do Sul passou por cheias muito severas em setembro novembro de 23 tá inclusive muito Mortais Quando aconteceu aquela cheia a gente fez uma Manifesto lá do iph né com algumas frases bem contundentes que era assim ó dava para ter previsto melhor essa cheia dava para ter avisado melhor as pessoas né o conhecimento que a gente tem permite que a gente faça isso eu infelizmente como Universidade né
a a gente não não é tomador da decisão final não tem nenhum recurso para isso né ã mas a gente consegue ah estruturar propostas ideias e foi o que a gente fez né a gente falou ó se o estado fizer prioritariamente isso aqui Alguns alguns itens nos próximos seis meses me dá um exemplo desse tipo de item assim ã levantamento de uma topografia digital do Rio Grande do Sul de alta resolução que permita mapear as áreas de risco e a gente colocou isso nesse documento tem que ser feito imediatamente por quê porque aí tu mapei
as áreas de risco e aí tu começa a evitar por exemplo no caso de 23 reconstrução de casas naquela mesma área outro item que a gente botou adensamento das redes e monitoramento dos rios Porque como é que tu faz uma previsão de evasão tu pega o dado do Rio que tá subindo na cidade Rio Acima e tu olha olha aqui tá subindo a uma taxa de 3 cm por H lá na cidade que tá Rio Abaixo daqui a 2 horas vai acontecer isso então tu ganha 2 horas de antecedência para pessoal da cidade de baixo
agir e aí escrevemos isso né colocamos e dispusemos pra sociedade olha os professores do iph aqui tem um grupo de x professores que trabalham com hidrologia e entendem que isso aqui é prioritário isso aqui tem que ser feito agora mas né foi o alcance que a gente teve mas as propostas estão lá né e e acreditamos piamente que se tivessem sido feitas algumas daquelas medidas que a gente sugeriu naquele momento as cheias de agora teriam mais previsibilidade e possivelmente seriam menos da nós então isso é um ponto que que eu queria colocar né o outro
ponto é essa cheia de agora né Eh a gente lá no IP não é um centro operacional né a gente faz ensino a gente faz pesquisa a gente faz extensão executa alguns projetos mas assim não é uma sala de situação né com uhum várias telas né e previsões etc O que que a gente fez a gente viu que era um evento muito Severo e a gente simplesmente inverteu todos os nossos en forços esforços para começar a fazer previsão dos dos níveis né talvez numa linha parecida com o que tu fez durante a pandemia né a
de tentar dar informação paraas pessoas né claro que numa escala menor aqui a gente tentou informar as pessoas que a gente achava que uma coisa muito série tava acontecendo e fazer essa previsão a é muito trabalhoso a gente passa das 6 da manhã hoje conseguimos finalizar ela 1:30 da tarde a previsão trabalhando com dados que são escassos né para conseguir fazer né o que que vai acontecer com o Eba nos próximos dias aí a gente decidiu divulgar esse resultado e o feedback que a gente recebeu a gente que eu digo eu e meus colegas né
Foi maravilhoso as pessoas falam assim nossa muito obrigado né é essa previsão que nos permite um Horizonte de planejamento algumas pessoas falaram assim essa previsão que me dá um alívio e ver que uma hora vai acabar e então isso foi muito gratificante para nós né e e o que que que eu tô percebendo se não fosse agente Instituto de Pesquisas hidráulicas né e eu e meus colegas a gente não teria esse dado durante esse evento extremo mas não foi só esse dado né as previsões é uma das ações que mais que que a gente fez
mapeamento tenho eu tenho colegas e alunos de pós-graduação que são muito bons em mapeamento rapidamente começou a produzir mapas de inundações mapas de áreas que seriam inundadas e lançamos esses mapas também na mídia assim livremente vários feedbacks se não fosse vocês a gente não tinha não tinha saído de casa não tinha evacuado aí eu entre outras coisas assim colegas resgataram pessoas de barco pegaram os barcos da universidade e foram resgatar pessoas coletas de qualidade da água por causa da saúde das das pessoas Apoio aos órgãos de saneamento para botar para operar as bombas que tinham
parado de funcionar então o iph virou né de um centro de pesquisa e ensino ção pra sociedade e a gente começou a fornecer essa essa informação né então quando a gente foi requerido E aí o ponto que eu queria chegar né quando a gente foi requerido não oficialmente mas pela necessidade que a gente viu que era eminente a gente foi lá e fez Está fazendo ainda né E talvez a resposta da tua pergunta né fazendo uma reflexão agora não tinha feito essa reflexão antes tá mas talvez a resposta da tua pergunta seja essa assim que
quando a a gente é requerido a gente vai lá e faz né e e e talvez a gente não tenha feito outras coisas porque não fomos requeridos não fomos convidados e talvez esse evento agora sirva de exemplo né pelas coisas que foram feitas né mostrando essa nossa capacidade que que eu pessoalmente sou muito orgulhoso né das pessoas que trabalham comigo dos meus colegas da da Universidade aqui não eu digo que para mim a pandemia foi a melhor pior coisa que já me aconteceu porque é a melhor coisa no sentido do maior senso de propósito de
Putz eu estudei a vida inteira para entender o que tá acontecendo agora e parte do que dá para entender disso ajuda as pessoas e faz a diferença na vida delas então é um senso de propósito sem igual Mas é pelo pior motivo possível que é porque as pessoas não têm outra referência fazendo uso dessa informação sendo que tá todo mundo lidando com a mesma situação e teria a mesma capacidade né quando a gente fala de poder Público centro de tomada de decisão e outras coisas então eh eh eu eu entendo perfeitamente assim aquela aquela vontade
de contribuir o que você pode com o que tá acontecendo e mas ao mesmo tempo isso acontece porque o resto falhou né Porque as pessoas não não não receberam esse tipo de informação no meu caso era a a poder público em parte porque políticos tem que sempre passar uma imagem positiva do que tá acontecendo e de que tem algum controle da situação esses eu entendo mas assim os órgãos por públicos que fazem a gestão desses políticos também não estavam agindo no caso da pandemia não sei dizer a situação de vocês mas então assim é claro
que o prefeito da cidade ou o governador de um estado x queria na imprensa falar não Daqui a 15 dias passou pensando na pandemia né daqui a um mês tudo volta tá tudo bem E a gente sabia pelos números e pelos casos que não isso daqui é um problema de década de de anos de meses no melhor cenário com vacina Então não é uma coisa que daqui a du semanas a vida vai voltar ao normal e então fica essa tensão entre né a figura pública querendo falar olha tá tudo bem segue a vida normal finge
que não tem nada acontecendo ou vai ser um incômodo temporário e a gente com conhecimento falando não é é é muito mais sério do que isso vai afetar muito mais a vida das pessoas nessa interface você poder falar olha essa região vai ser afetada a água vai subir até aqui isso vai levar semanas para descer não vai valer a pena voltar para essa região depois quando a água baixar porque podem vir outras enchentes é muito delicado esse balanço né É exatamente e e o serviço que a gente tá fazendo digamos assim né serviço ele vem
todo voluntário né não não foi assim alguém nesse momento que falou assim olha Fernando agora tu tá designado né a ser a pessoa que vai fazer um produto uma previsão uma modelagem foi olha as pessoas estão precisando gente a gente é quem sabe fazer vamos lá e e e vamos fazer né então ã Graças assim a assim a nossa empenho né deu tudo certo que bom que a gente conseguiu ajudar várias pessoas e me identifico com o teu comentário do senso de propósito né Atila isso também tive o mesmo mesmo sentimento e vamos para outro
lado agora desse senso de propósito que é o que acontece quando esses fatos encontram a realidade e quem depende da realidade não mudar reagir como pode para trazer de volta o que não dá mais para ter né A partir do momento que vocês começam a falar vai ter essa enchente ela pode ser histórica ela pode passar de 5 m vai ter isso vai ter aquilo eu imagino que Vocês encontraram muita gente que pelo menos na pandemia eu sei que não são pessoas são perfis falsos gente trabalhando para isso falando que não que isso é alarmismo
que a coisa não vai ser assim que não tem por achar isso eh e quem dera fosse né a gente teve um evento por exemplo no Rio de Janeiro do do Governador falando olha saiam dessa região que pode ter enchente e depois não teve e as pessoas ficaram pô Olha o alarme falso quando a melhor situação possível é essa você receber um aviso e nem precisar da do do né passar pela consequência do do pior eh bem-vindos ao meu mundo agora onde vocês vão ter que conviver com gente cada vez mais atacando vocês tentando eh
falar que você não existe falar que as previsões são falsas falar que vocês trabalharam com quem fez a enchente aconte para prejudicar as pessoas eh que as soluções que vocês vão dar não se resolvem E aí inventando mentira solução falsa dizendo que tem que dragar o rio que tem que fazer um outro canal pro Rio sair pro mar ou que se todo mundo né e sair na rua a coisa volta normal vamos entrar nessa outra parte agora que é a reação à coisa vai vir desinformação Imagino que já esteja vindo e se não tiverem ligando
para você e paraa sua família para te ameaçar não é o pior dá para ser muito pior mas vamos entrar nessa parte do do do do entender o que tá acontecendo Me situa agora o que que a gente tem que levar em conta para entender que mundo é esse que a gente tá que você tem três das quatro piores enchentes em um ano e pode ter outras ainda piores no futuro o que que tá acontecendo e o que que a gente tem que estudar e entender e levar em conta para descrever a situação e para
não cair nessas mentiras bom ã o que a gente está observando agora e projeta-se pro futuro é um mundo em que essas cheias serão recorrentes que que é recorrente é todo ano é uma vez a cara 10 anos né esse cálculo a gente até tem né algumas estimativas mas o fato é que o Rio Grande do Sul como estado né todo estado eu consigo pegar todo ano e dizer aqui teve uma grande cheia em um um rio pelo menos que causou muitos danos né então a gente vive aqui num estado que aconteceu nos últimos anos
vai ser acontecendo grandes cheias todo ano né Talvez um pouquinho mais catastróficas de mudança climática ao mesmo tempo a gente não está pronto para lidar com isso exemplo Santa Catarina sofreu sofre muito com desastres naturais Santa Carina tem uma defesa civil muito bem estruturada ela tem um mapa da topografia digital do estado com 1 m de resolução para cada metro do Estado Eu sei aprofundidade né a elevação do do terreno que permite que eu faça mapas de inundação movimentos de massa né que são os escorregamentos com alta precisão e entre outras né medidas de preparação
que o Rio Grande do Sul não tem então eu diria que que a gente tem que no Rio Grande do Sul né primeiro passo né é olhar esse modelo do estado que é vizinho e compreender que a gente tem que ser igual ou melhor do que eles ou seja temos que ter esses dados né a gente não tem os dados básicos a gente não tem uma topografia detalhada básica para mapear áreas que são inundadas e dizer assim olha gente aqui não dá para reconstruir ã de novo né temos que reconstruir melhor em outros locais que
não Ten o risco até um erro muito comum né as pessoas tiram essa casa ah não Vou reconstruir aqui porque inunda e coloca no morro que pode escorregar Então eu tenho que ter os dois mapeamentos para mim saber as áreas que são são menos sucetíveis e eu de Fato né habitar esses locais a gente tem que entender que o monitoramento das águas ele é fundamental né como eu falei para a previsão eu preciso saber o quanto que tem de água no rio ã acima no momento que tá chovendo Endo a previsão meteorológica ela erra às
vezes de um dia para outro né a gente acha que vai chover e não chove no outro dia ou vice-versa não vai chover e choveu a gente não pode confiar só no dado da previsão do modelo meteorológico quero saber as chuvas medidas nos pluviômetros né Então precisamos entender que o sistema natural né a natureza não é um sistema construído que se comporta como ele foi projetado né é o sistema natural ele vai se comportar do jeito dele que tem que ser entendido tem que ser compreendido a gente precisa de fato melhorar nosso monitoramento da natureza
melhorar nosso mapeamento e melhorar nossa cultura finalmente e o que que eu digo como Cultura né a gente não tem cultura de prevenção de desastres pelo menos aqui Não no Rio Grande do Sul não tão forte quanto Santa Catarina Deveríamos ter Igual ou melhor por exemplo outros países né Japão algo assim que de fato a gente encara esse assunto com muita seriedade né A cidade é demarcada com zonas de risco no caso de ocorrência de inundações as pessoas são treinadas né para momentos de de inundações e ou outros eventos extremos Então a gente tem que
perdão não só para finalizar o raciocínio Então a gente tem que se imbuir dessa dessa Cultura né que essa cultura perpassa esses três Campos que que eu comentei então a a questão do monitoramento doap ento pra gente poder planejar né o uso do solo e finalmente da da cultura imbuída nas pessoas né E para finalizar dar o exemplo desse último caso da cultura tem uma aluna Nossa de doutorado que é da cidade de lagado aqui no no Rio Grande do Sul e ela propôs que numa grande cheia que aconteceu lá colocassem uma régua com as
marcas das grandes cheias num ponto para dizer pras pessoas informar né olha água chegou aqui em 1941 chegou aqui em 2 21 e etc né pras pessoas verem Ah não realmente é Sério Achei chega aqui quando ela mandou para nós a notícia de Jornal dizendo assim olha que legal aqui saiu no no Jornal Local né a régua que a gente instalou os os comentários eram nebulosos eram tipo assim ah perda de tempo sabe que que esse pessoal não tem que gastar dinheiro e a gente pensa assim nossa a gente não tem nenhuma cultura da prevenção
das Chei a gente não tá levando a sério não tá levando a sério esse assunto essa régua que foi colocada nesse local Deia ter vários espalhados por toda a cidade pras pessoas no momento inundação e com uma previsão que diz assim vai chegar no nível 32 por exemplo elas olharem e falar Opa aqui tá baixo nível 32 vamos sair daqui tem um vídeo sobre memórias no canal que eu pego as pedras de tsunami do Japão que são pedras colocadas no em Pontos estratégicos falando olha no tsunami no ano tal a água chegou até aqui não
construa para baixo desta linha é é um aviso fixo ali é isso para lembrar as pessoas do do que acontece Exatamente é isso Exatamente isso então é essa parte da da Cultura a gente ter essa cultura então o mundo que a gente tá vendo pela frente agora que vai ficar para os nossos filhos que a gente tava conversando antes do programa começar é esse ele ele vai precisar mudar nesse sentido isso vai fazer precisar fazer parte da nossa cultura essa da questão da prevenção dos Desastres e bom você da sua descrição né a gente tá
indo para um mundo incerto onde você olhar para tendências do passado não prediz mais o clima do Futuro porque ele tá mudando parte de mudanças climáticas é isso né para se preparar pro que tá mudando a gente teria que entender melhor no seu caso aí a descrição que você me dá né de entender a topografia do Rio Grande do Sul até onde pode encher sistema de monitoramento para ver quanto que tem de água no rio onde isso vai desembocar E por aí vai e isso tudo passa por centros de pesquisa que tem que ser financiados
mantidos e acreditados depois para ter esse resultado aplicado né então parte da coisa até é mais um desabafo até do que algo que você possa fazer algo a respeito mas assim eu acho que a universidade no Brasil as instituições de pesquisa não tão Preparadas paraa responsabilidade que vem junto disso De quanto elas vão passar a ser atacadas e minadas para esse tipo de coisa não acontecer né você a gente viu Butantan sendo atacado na pandemia Fiocruz sendo atacada inclusive pelo presidente na época eh universidades sendo atacadas e eu tenho certeza que agora no momento de
responsabilização onde forse entender o que aconteceu com Porto Alegre Porque que o sistema não deu conta o que aconteceu com as outras cidades quanto mais importante Se vocês forem para mostrar o que aconteceu e estudar isso mais atacados vocês vão ser ã por conta disso para eu ir para outra ponta disso para pegar algumas das mentiras que a gente vê circulando você já me descreveu o que aconteceu né porque que choveu como choveu onde a água subiu eh sobre o que podia ser feito para começar com o básico soluções simples e fáceis que o pessoal
começa a soltar agora como se fosse Resolver o problema dragar os rios eh fazer um outro canal para fora do do do Guaíba e isso soluciona alguma coisa me dá um como alguém que estuda isso me dá uma noção do do do qu errado pode ser esse tipo de conceito bom eu eu vou fazer uma analogia Átila se tu me me permite tá não foi inventada por mim tá foi outra pessoa que comentou aí na internet não vou saber quem mas ela falou assim a abertura dos canais na Lagoa dos Patos ou no Guaíba pro
mar para drenar mais rápido é a nova cloroquina da hidrologia né Essa que o pessoal tem colocado no sentido assim da solução mágica pro pro assunto tá e a gente como o Instituto de Pesquisas hidráulicas foi muito questionado por isso aqui né e e a bem da verdade a gente Talvez seja um pouquinho culpado vou dizer para ti por quê quando alguém pergunta para mim por que que o Guaíba aí em Porto Alegre subiu tanto e acumulou tanta água e por que que demora tanto para esvaziar como é que eu explico eu falo assim tem
vários rios que drenam para cá choveu muito nesses Rios assim chuvas que em uma semana superam 66% da chuva de um ano todo essa água tá na base do Funil né isso Exatamente é como se fosse um funil ou um balde que acumula essa água e todo ele tá saindo para essa desembocadura que é a Guaíba e depois ele sai lá embaixo na Laguna dos Patos ã bom nessa explicação se tu Ouve essa explicação é natural que tu vai pensar assim então eu vou fazer um segundo furo nesse balde ou nesse funil vou aumentar o
diâmetro e vai esvaziar mais rápido tá então essa explicação é boa assim didaticamente para as pessoas entenderem o problema tá só que se tu olha no mapa perigosa é se tu olha no mapa não é um balde não é um funil né O que a gente tem na verdade é um grande sistema hídrico que ele é formado pelo Guaíba que tem discussão né se é Rio ou sei lá ou alguns pesquisadores defendem que é Rio outros que é lago não vou entrar nessa polêmica também eh isso as V é exatamente nesse Grenal né não vou
entrar mas tem um rio que contribui que é o principal contribuinte do Guaíba que você chama Rio Jacuí no Rio Jacuí ele tem muitas várzeas que que são as várzeas são as áreas que são inundadas então quando a água começa a subir ela começa a extrapolar extrapolar para fora da calha do Rio e ela começa a invadir essas vares e lá ela fica armazenada e quando a cheia Vem Descendo essas varas vão esvaziando devagarinho e olha só que interessante a gente fez um experimento com os modelos matemáticos que a gente roda as previsões aqui pro
Guaíba terminamos de rodar a previsão de manhã todo mundo foi almoçar voltamos PR os computadores né e a gente rodou um experimento que é matematicamente a gente retirou essas váci eu eu o meu colega Rodrigo Paiva e o Mateus Sampaio que é o nosso aluno de Mestrado né ah retiradas essas várzeas o nível do Rio Guaíba no caso dessa inundação que teve agora poderia ter sido até uns 2 m maiores ou seja a vsia ela Dá uma proteção enorme pro nível máximo da inundação em em Porto Alegre a dar um espaço de acomodação dessa água
dessa água exatamente e ela também aumenta a duração dessa cheia Ou seja a água ela não tá toda dentro do Guaíba aqui ela tá espalhada por essas Vas que são áreas espalhadas ao longo de de todo o Rio Jacuí antes de chegar aqui no Guaíba então não adianta eu fazer um furo a mais digamos assim no no Guaíba porque não vai esvaziar mais rápido aquela Várzea lá né Ela é responsável por boa parte da taxa de diminuição dos níveis assim como ela é responsável por abater o nível para ele não ser tão rápido ela é
responsável pelo esvaziamento mais lento Então isso é o primeiro ponto né e o problema não é simples tá ele não é só o o o o funil com o furo né e fazer um furo Extra tem toda essa essa questão aí hidrológica hidrodinâmica dentro dela E aí quando nos questionaram a gente olha pessoal tem que fazer estudos mais aprofundados antes de fazer uma obra como essa não dá para pegar uma retroescavadeira sair lá cavando agora um canal e a gente pode citar posso citar para ti agora vários problemas questões que deveriam ser estudadas caso essa
proposta fosse de fato levantar diante a primeira delas é se tu pega uma lagoa que é doce né Água Doce por sinal o litoral doce do Rio Grande Sul na Laguna dos Patos é bem legal quem quiser visitar Algum dia se puderem visitar né ã tu vai cortar essa Lagoa doce para o mar quando a lagoa tiver mais baixa que o mar a água vai entrar vai salinizar vai salinizar a maior Laguna da América do Sul o o o ecossistema vai todo pro saco né E aí então temos um problema que agravado pela questão ambiental
e pela destruição ambiental vamos fazer mais destruição ambiental para tentar mitigar isso isso exatamente e daí pode salinizar e daí alguém fala assim Ah mas aí vai só ser problema pro ecossistema né os peixes do tipo assim o ambiente não importa né o ambiente natural não importa mas problemas econômicos por exemplo turismo na Costa Doce ia deixar de ser Costa Doce I ser Costa Salgada também né pesca A Pesca ia ser completamente modificada né Eh irrigação tem cultura de arroz irrigada com essas águas não ia poder ser mais feito então são vários problemas que surgem
Se isso for levado a cabo por causa da aí tem propostas adicionais que é assim ah não vamos fazer então um barramento com um vertedor né que quando a água sobe na Laguna ela ela vai em direção ao Mar mas não tem como o mar subir e voltar em direção a à Laguna ou com comportas tá então a primeira coisa comporta tem que ter operação ela já não funcionou agora daí já tem o problema de Porto Alegre que não não deu muito certo as comportas aqui imagina operar comportas na na Laguna pro mar manutenção tem
que ter num ambiente que é salino do mar né Tem mais abrasão e tudo mais vertedor I ter que ser um como a lâmina da água não poderia ser muito grande justamente porque tem que protegir da flutuação do mar tem que ser um vertedor extenso ser uma obra enorme caríssima Mas vamos lá Digamos que a gente superou isso também a gente conseguiu construir esse vertedor aí enorme ou essa comporta aí tem a questão da vazão a vazão quando ela sair e tem que ser uma vazão alta que vai sair ela tem que ser ida para
não causar erosão nas margens porque senão aquela água vem com toda a força e vai levando vai erodindo a volta e aí a gente constrói uma obra do tipo moles que quem conhece moles são aquelas pedras os geólogos vão ficar brab comigo agora né são as rochas né que são colocadas na saída para fazer um canal de saída para permitir que a água saia em alta velocidade desses desses pontos então tem que construir moles também e tem que garantir que a corrente de retorno formada por esse moles não vá mudar também o perfil das praias
ao redor Então pode dar erosão nas praias do litoral gaúcho se a gente não estudar Direito essas correntes de de retorno tudo isso tem que ser assim estudado na minúcia para garantir que não vai causar esses esses problemas ambientais e aí tu coloca em cima disso que provavelmente vão ser obras caríssimas que tem que ter manutenção e tudo mais ti eu fica pensando assim ó Será que vale a pena o benefício E aí para coroar essa minha análise aqui o que eu posso dizer é que com o mesmo modelo que a gente fez essa análise
das várzeas que a gente vem fazendo previsões a gente também fez algumas simulações simples de abertura de expansão desses canais que já existem de saída de água do Guaíba e da lagona dos Patos e o benefício para amortecer essa grande cheia que aconteceu nas nossas simulações que foram preliminares né foram feitas assim numa tarde mas para ter algo para falar quando nos perguntam que nem agora foi assim centímetros Então seria uma obra caríssima que provavelmente teria um benefício de centímetros com muito custo de operação e tudo mais e aí no custo benefício me parece que
não é a prioridade né teriam outras medidas que a gente poderia tomar que traria muito mais benefício do que essas propostas aí que têm surgido e que repito assim não é que eu seja contra elas tá é que realmente tem que estudar muito todos esses problemas e potencialmente o benefício delas não é tão grande assim ainda mais quando você começa me contando que Porto Alegre tem um sistema para lidar com cheias piores do que as que aconteceram agora e que o sistema não tava mantido e funcionando o suficiente para fazer isso né quer dizer antes
de você arrumar outro outra preocupação pra cabeça melhor resolver a que já tem aí que já teria dado conta né Exatamente exatamente a gente pode entrar também nesse assunto das propostas Em algum momento se tu quiser tá outras propostas que não essas Mágicas ah eu tô fazendo aquela paradinha de sempre para lembrar você de assinar o canal assim você pode receber os próximos episódios do não ficção e os próximos vídeos e para quem já se inscreveu Pensa em se tornar um membro mandar um apoio um Valeu demais isso tudo faz muita diferença pra gente poder
ter outras conversas como essa e bom virando virando a chave agora pro para lições importantes Fernando eh a gente vai est No momento agora de espero não ter mais cheias né que as chuvas baixem que as coisas né que a situação volte a melhorar e as pessoas possam reconstruir reocupar fazer as coisas e a gente teve um atrito de narrativa muito grande durante as últimas semanas aqui durante o mês de maio vou colocar dessa forma eh inclusive sobre o papel do estado se o governo Municipal Estadual Federal tava agindo ou não a respeito daquilo nós
discutimos aqui sobre a situação de Porto Alegre a falta de manutenção de comportas e outras coisas então assim eh eh eu eu entendo e me vem fácil também críticas a ao governo a inação a incompetência ou descaso a fazer coisas que cham muito mais atenção do que manutenção básica que não gera voto mas é fundamental para as coisas funcionarem eh mas ao mesmo tempo pelo menos para mim pelo menos dentro das áreas que eu estudei trabalhei e fiz é nítido como eh sem o poder público grandes problemas não vão ser sanados porque são problemas que
demandam infraestrutura e infraestrutura não tem iniciativa privada que dê conta de fazer e manter como iniciativa pública eh vídeo SUS vídeo uma série de outras coisas que a gente tem aqui no Brasil Então eu queria entender de você como alguém que eh já atuou profissionalmente inclusive né Não só na universidade não só como pesquisador mas já passou por vários meios eh que e que estuda isso agora de onde vem as soluções para esse problema o que que a gente precisa mais paraa frente você já deu uma pincelada que i é falar sobre estudos para entender
a topografia eh entender melhor sentir melhor Como tão o regime de águas e outras coisas mas o que mais que tem que acontecer me dá uma noção de se a iniciativa privada ou pública que vai agir para fazer as coisas aqui pra frente e que tipo de iniciativas que tem que vir desses órgãos para não se repetir o que a gente viu agora né a chuva a gente não controla mas o efeito dela pelo menos né perfeito bom eu entendo que a gente vive né nas bacias hidrográficas como hidrólogo e as bacias hidrográficas elas não
respeitam fronteiras políticas né Elas são aí na na verdade às vezes divisores um rio né um divisor de água entre dois estados e os dois estados estão numa mesma bacia eh hidrográfica ao mesmo tempo os atores das bacias hidrográficas as pessoas as empresas né estão situadas em Pontos dos Rios né dessas regiões só que a gente depende um do dado do outro né assim a água que tá chegando aqui em Porto Alegre por exemplo ela tá vindo de outros rios que estão acima de mim e o que as pessoas jogaram no rio lá em cima
tá chegando aqui eh agora ou a chuva que caiu lá em cima tá chegando aqui agora então eu entendo que a gestão desse território ela é impossível de ser feita por uma empresa privada né que vai cuidar da bacia hidrográfica né Isso começou a estranho né é um problema coletivo né é um problema coletivo né as questões ambientais elas são coletivas então é impossível a gente fugir de uma solução que seja pública e que demanda muito investimento e e quando me perguntam assim ah é o governo Municipal é o Estadual é o Federal a minha
resposta é a todos né Por exemplo a gente tem no Brasil um órgão que é maravilhoso que é o serviço geológico brasileiro Eu já trabalhei com eles né Treinamentos e tudo mais são as pessoas que instalam os equipamentos de medição em campo trabalham lá e é um pessoal assim Atila que é Rambo né o pessoal vai lá no campo tem uma ribanceira põe um barco desce corda amarra equipamento mede instala sensor no meio do nada todos os rios do Brasil até os mais remotos o pessoal vai lá viaja horas e horas desce o barco no
Rio vai de barco até o ponto fazer a medição E então assim eu entendo no nível Federal por exemplo pô fortalecer o serviço geológico é fundamental né pra gente melhorar nossa capacidade de monitoramento tanto dos níveis dos rios evasões dos rios quanto das das chuvas também no nível Federal onde Residem né nossas principais instituições né São Paulo ainda tem a fapespa né mas Rio Grande do Sul até tem um órgão e aqui que é que é Estadual também de de fomento a pesquisa mas CNPQ e Caps eles são do governo federal e são grandes motores
né de distribuição de recursos para pesquisa né então eu também espero do governo federal empenho nesse sentido né em fortalecer a pesquisa né na área de desastres recursos hídricos escorregamentos inundações e etc no nível Estadual o que que eu espero eu espero esse esforço de mapeamento do território então levantamento topográfico detalhado de todo o território do Rio Grande do Sul pra gente conseguir produzir mais mapas de inundação escorregamentos também auxiliar nessa questão do monitoramento Veja uma proposta simples né Cada município ter um pluviômetro automático que mede a chuva automaticamente e transmite esse dar de hora
em hora que vai ficar por exemplo no pátio da prefeitura não me parece uma proposta difícil de executar cada município tem o seu pluviômetro só isso já aumentaria nossa capacidade de medir o que tá acontecendo em todo o nosso estado em muito e prevê o que vai acontecer no futuro e muito também porque a gente transforma o dado da chuva que que cai usando aí modelos matemáticos na vazão dos Rios então a gente consegue melhorar nosso cálculo da vazão dos rios esse seriam esforços do meu ponto de vista estaduais né e no nível Municipal isso
desculpa ainda ainda no no Estadual ainda teria o esforço na outra ponta que é ter uma política ambiental condizente que vai ajudar reter essa água dispersar ela bem não deixar o solo ir embora então né ter uma gestão ambiental que você vai ter mata ciliar e outras coisas que vão além das chuvas serem mais bem registradas causar menos efeito delas né é a gente tem visto muita pressão sobre a legislação ambiental também e e eu dei o exemplo aqui para vocês da proteção das vsas né então assim vás não necessariamente precisa ser só Floresta né
Tem muita área de vás que tem plantação de arroz por exemplo que a gente não pode acontecer é ã ter políticas por exemplo de desenvolvimento urbano que promovam um aterramento dessas vses aqui inunda então a gente vai vai aterrar para poder construir né as edificações sem inundar E aí tu encolhe a vár daí não tem mais espaço pro Rio passar ali que que ele vai fazer ali ali ele ele vai passar mas na parte de baixo ele vai causar uma inundação maior E e essa esse tipo de política é uma política a nível Estadual até
Federal né Porque alguns Rios eles são divisores de água dos estados ou até com outros países é e uma coisa é uma pessoa perdeu uma plantação de arroz um Arrozal ali que é vsia outra coisa é você tem um bairro inteiro que ocuparia a mesma área de prédios com a água invadindo né É Exatamente exatamente e o que que eu espero no nível mais Municipal né ah que a gente obedeça um ordenamento do território Organize um planejamento Urbano um plano diretor de acordo com o mapeamento de áreas de risco e aí eu não tô falando
para ti atilar uma coisa nova eu tô falando que tá escrito na política nacional e de defesa e e e proteção de contra desastres né não é bem isso o nome mas na nossa política nacional né de proteção e defesa civil e tá escrito lá né a gente tem que mapear as áreas que são ã áreas de risco e evitar a ocupação delas e se eu for ocupar eu vou ocupar com coisas que assim é um parque sabe é um ginásio ou se é um local assim que tem baixo risco que permita uma evacuação supondo
uma boa previsão e então obedecendo esse ordenamento territorial dentro da cidade também né um planejamento a nível Municipal e e não ceder a pressões imobiliárias em detrimento né de de botar pessoas em locais eh perigosos ã a gente consegue melhorar muito a nossa convivência com com o risco e e todas essas medidas que eu tô propondo para ti elas são medidas que vão na linha do do das medidas não estruturais porque também existem as medidas estruturais que que é a medida estrutural põe o Dick constrói uma barragem para reter a água né etc existe na
hidrologia um um conceito muito interessante que é assim O Dilema do Dick ou o paradoxo do Dick como é que é o paradoxo do Dick quando tu tem um local que é inundado com com uma certa frequência os decisores gestores daquela área podem falar assim vamos fazer um Dick para nos proteger aí tu faz o Dick tá lá o Dick te protegendo as pessoas que estão protegidas atrás do Dick vão falar assim Opa agora estou protegido Vou investir nessa área porque essa área não é inunda mais e tu começa a botar infraestrutura Urbana ali prédios
mais caros ah ambientes comerciais mais caros etc oculpa aquela área só que uma hora esse Dick Pode ceder ou ele Pode falhar porque o evento extremo que vai Vi vai ser maior do que a capacidade que ele foi Projetada né ou até menor e ele falhar como a conteceu em Porto Alegre né E aí a água vai inundar e aí o dano que acontecer nesse momento vai ser muito maior do que o dano que teria acontecido caso essa cheia tivesse acontecido e a gente não tivesse construído aquele Dick porque a gente não teria ocupado com
infraestrutura urbana tão cara assim e aí e aí tu percebe que Opa mas vale a pena então eu fazer Dick fazer muro se em algum momento posso gerar um dano muito maior talvez vha a pena é eu aprender a conviver melhor com as cheias mapear melhor as áreas que são de risco e ocupar as áreas que são de menos risco al eu não vou gastar uma fortuna com o sistema de proteção e sua manutenção e eu vou ter uma solução que vai causar menos danos é mais barata e a mais harmoniosa com a a natureza
Então essa é a conclusão que O que O Dilema do Dick ele acaba nos levando né que as soluções não estruturais elas são preferíveis por vários motivos seja seja por motivos de custo né custo benefício dos danos seja por por motivos de eh convivência né com com com a natureza e daí para brindar né talvez como exemplo né eu posso citar foi o que aconteceu aqui a gente teve em Porto Alegre o sistema falhou E aí a cidade foi inundado e tem duas cidades vizinhas Canoas que a água passou por cima do Dick e São
Leopoldo que a água também passou por cima do Dick e em Canoas especificamente e várias pessoas não acreditaram que o bairro E aí não dá e depois Elas tiveram que ser resgatadas de barco porque o bairro não mas elas achavam que estavam protegidas pelo Dick só que elas não estavam então o dano não só material né mas assim teve pessoas que perderam a vida nessas situações aí que pizar quer dizer a falsa sensação de segurança e de controle da situação que um Dick pode trazer faz com que mais gente se instale numa situação mais vulnerável
e aí o prejuízo seja muito maior né prejuízo em vidas e tudo isso exato por isso que a gente sugere a gente como né hidrólogo em geral a gente sugere essa solução assim estrutural do Dick quando já tem um lugar que pô Aqui tem uma infraestrutura urbana que acabou sendo colocada aqui no momento que teve um período de seca por exemplo que todo mundo achou que ia ser bom colocar aqui bom já tem a infraestrutura urbana Então vamos colocar o Dick para proteger agora se são locais que não tem essa essa infraestrutura já estabelecida então
o ideal é a gente partir pra solução que é não estrutural faz muito mais sentido caramba não tinha pensado nisso quer dizer senão você entrar nesse CIC de fazer uma estrutura que manté a situação Como tá E você ter cada vez mais a perder e ter que fazer uma estrutura cada vez mais complexa para segurar aquilo e e invariavelmente numa situação em que aquilo não é mantido não é financiado não recebe devido cuidado porque tá todo mundo nessa falsa sensação de segurança o prejuízo que vem em seguido é muito pior né exatamente caramba caramba eu
não tinha pensado nessa nessa nessa analogia nessa Não nessa nesse fenômeno né e o quanto isso descreve o que a gente viu acontecer em Porto Alegre tem um uns trabalhos que quem tiver interesse nessa linha a sugestão é pesquisar o tema que se chama sócio hidrologia né nesse nessa linha aí de pesquisa tem vários pesquisadores que analisam fenômenos similares a esse né ou o próprio Dilema do Dick Dilema do Dick eu vou fazer um vídeo só sobre isso agora aqui pelo amor e dentro do que você me descreve assim do que eu entendi até aqui
Porto Alegre por exemplo teria condições de lidar com macheia até maior do que agora que seria a cota 6 ali 6 m eh tem outras regiões em que não tem jeito eh a inundação aconteceria de qualquer maneira porque foi muita chuva mesmo foi uma situação absurda dá para ter uma noção do que que é viável ou inviável daqui para frente se a gente tá entrando nesse mundo de mais eventos extremos de uma atmosfera mais carregada de água de chuvas mais concentradas num período dá para saber já olha aqui com o sistema de preparo melhor dá
para continuar habitando aqui nessas regiões vai ser para quem por exemplo reconstruiu a casa em setembro depois da inundação pegou outra inundação em novembro reconstruiu de novo e agora tá pegando Pela terceira vez e tem regiões onde dá para pensar não dá mais para ficar por aqui assim esse mundo não é mais viável tem Átila assim uma a gente inclusive né tá sendo convidado como iph a fazer Algumas propostas dessa linha de reconstrução pós desastre né no Rio Grande do Sul e algumas coisas são bem evidentes né em locais on que a força da água
ela foi suficiente para danificar as edificações estruturalmente falando infelizmente a gente não pode querer sabe seguir construindo ali né então esses locais são locais assim que a evidência é bem clara que é muito perigoso ficar ali claro tem locais de repente que inundou mas a velocidade da água foi baixa né OK de repente a gente pode assumir algum critério né com um bom sistema de previsão ali é possível conviver com a cheia mas para mim a principal evidência do momento é essa né em locais onde a destruição foi oag ante três vezes seguidas né Não
dá para insistir infelizmente tem que só só tomar o cuidado daí para quando fizer essa mudança né Essa transposição de lugar para não transpor num lugar que daí pode dar outro desastre que é o movimento de massa ní vocês tem relaç na literatura de pessoas que vão para um evitam né o lugar que inunda e acaba indo para lugar que escorrega Então tem que ter esse cuidado adicional nesse momento também caramba bom um conselho de alguém que passou por por uma situação análoga de tá falando sobre um problema tá querendo dar uma visão mais Ampla
do que tá acontecendo e e vê o pior acontecer o pior previsível acontecer que para mim é o é é o que dá mais desgosto eh se preparem porque se vocês vão deveriam pelo menos né orientar Ah quando próximos problemas devem acontecer onde vale a pena ocupar ou não onde os problemas vão vão ser recorrentes ou o que eu consigo contribuir é não assumam que o que vi é de desinformação tá vindo de pessoas bem intencionadas mas mal informadas a tendência Nessas horas para quem fala que o problema não é assim eh para quem cria
as mentiras para quem fala solta uma cloroquina ambiental dessa de Vamos abrir um um um outro canal eh serem pessoas mal intencionadas e bem informadas a gente tende a lidar né na universidade na pesquisa com com dados com números com análises E assumir que tá todo mundo bem intencionado todo mundo quer o melhor então se a pessoa tá falando uma coisa que discorda que destoa do que é razoável é só porque ela não tá bem informada e a gente acaba descobrindo que NS vezes não às vezes a pessoa até tá bem informada ela sabe o
que seria a solução mas essa solução implica em abrir mão do modelo de negócio Fantástico até agora e ela vai fazer o possível para manter a situação anterior e manter o status qu né perfeito perfeito cara parabéns pelo teu trabalho parabéns pela resiliência Por estarem contribuindo tanto com a sociedade Por estarem dando esses avisos fazendo o papel de vocês e mais né eh só falando dos estudos sem falar quem aí se mobilizou para pegar o barco sair fazer as coisas e lá ajudar a pôr bomba para funcionar de novo fazer as coisas funcionarem quero muito
ver a urgs de volta né e contribuindo com o que podia e queria muito que as pessoas saíssem daqui com a lição de entender que a gente tem no Brasil pessoas extremamente competentes e capazes de entender o que tá acontecendo e de contribuir com informação relevants Sima pra gente mas se a gente não elege quem leva essa informação em conta se a gente elege negacionistas e eu não tô falando espectro político de direita ou de esquerda eu tô falando de se se baseia no que a gente conhece do mundo ou não esse tipo de informação
vai ser ou da Universidade pras pessoas ou da Universidade pra rádio mas não é posto em prática e quando não é posto em prática se paga muito caro por isso né perfeito a gente assim eu particularmente tô muito orgulhoso Enquanto iph aqui enquanto urgs e até esses dias a gente que foi eh eh eh convidado né teve uma transmissão do Jornal Nacional do iph né foi direto lá da da Universidade né e a gente ficou assim apesar de todo o desastre H assim muito orgulhoso disso né assim de poder tá dando essa contribuição e espero
né poder seguir eh contribuindo né talvez não só no Rio Grande do Sul mas também em outros locais do do Brasil com com essas experiências aqui que a gente tem eh levantado Maravilha Obrigado de verdade Fernando tenho fico honrado e muito feliz de dividir o espaço aqui contigo de de de ter a confiança de você entrar participar e falar as coisas que você falou aqui pra gente e agradeço de verdade pelo trabalho e por tudo que vocês estão fazendo é é precisamos disso nesse novo mundo que a gente tá entrando cada vez mais né Maravilha
Eu que agradeço Atila foi um enorme prazer para mim né ten acompanhado o teu trabalho aí há tanto tempo Talvez um Marco na minha vida essa conversa aqui que que a gente tá tendo então Obrigado aí pelo convite Espero um dia poder fazer presencialmente né uma uma conversa Espero que você tenha gostado da conversa dessa aula particular que a gente teve aqui com uma pessoa que é tão competente e entende tão de perto o que tá acontecendo no Rio Grande do Sul em Porto Alegre em particular e eu vou te pedir algumas coisas para você
de repente com mais calma mais para frente com outra cabeça voltar e ouvir a conversa que a gente teve aqui para ver quantas vezes eles avisaram prefeitura governo e autoridades sobre o que ia acontecer antes da coisa acontecer Quantos sistemas Porto Alegre já não tem para prevenir o tipo de desastre que aconteceu agora entende inesperado um problema um desastre uma catástrofe é Godzilla sair do mar e pisar numa cidade você ter chuvas numa região que tem chuvas uma cheia histórica numa região que tem uma história de cheias e ter uma enchente dessa depois de duas
das maiores enchentes acontecerem logo no final do ano passado é tudo menos imprevisível ainda mais com toda a conjuntura do que tá acontecendo ali e isso é numa escala macro infelizmente porque é uma coisa que pegou o Estado do Rio Grande do Sul inteiro uma palinha um um preview do que a gente vai ver no Brasil inteiro com mudanças climáticas a gente teve grandes enchentes já em Petrópolis no Maranhão no Espírito Santo em vários outros lugares em Santa Catarina e vai ver de novo porque parte do que a mudança climática faz é transformar eventos extremos
em algo ainda mais Extremo e ainda mais frequente cheias mais cheias secas mais secas e por aí vai e a gente para conviver nesse futuro incerto precisa entender o que acontece precisa de dados precisa de números todo esse levantamento que o Fernando falou que é importante fazer daqui paraa frente e o fund mental precisa dar ouvidos e credibilidade para quem faz isso então o que faltou pelo menos a lição que eu levo dessa conversa que a gente teve aqui não foi entender o que poderia acontecer mas sim agir de acordo com isso e ter um
poder público agindo como poder público salvando vidas e não tentando acalmar as pessoas por uma coisa que não era Calma que precisava mas sim preparo a gente precisa mudar isso e dar menos espaço e menos Voto para negacionistas e para quem dá D voz a criacionistas se a gente quer lidar com o mundo como o mundo em que a gente tá agora que tá mudando então mais do que apontar problemas parte do trabalho aqui é tentar trazer soluções uma delas é essa dá espaço e financiamento para essas pessoas poderem fazer os estudos que elas fazem
e quando elas chegam com esses estudos e com esses resultados dá ouvido para elas e agir de acordo se a gente não fizer isso vamos perder muito mais do que precisamos daqui pra frente como sempre foi se você quiser ter outras conversas como ess acompanhar isso aqui e receber mais informação vindo de quem estuda e tá de fato lá aproveita se inscreve aqui no canal assim você recebe os próximos não ficção e os vídeos regulares do canal e se você já acompanha viu e curtiu apoia a gente manda um Valeu demais ou Principalmente agora mais
do que apoiar a gente apoia o Rio Grande do Sul vi as iniciativas as vaquinhas e outras coisas que o pessoal tá fazendo mas não esqueça a gente tem que fazer a nossa parte ajudar como puder mas para um esforço de catástrofe é um esforço de poder público tão importante quanto ajudar quem você pode agora é votar com consciência em todas as eleições desse ano e nos próximos em pessoas que são capazes de dar ouvidos pra ciência e agir de acordo até o próximo [Música]