a lavoura meu estúpido a lavoura precisamos de braços e não de provas em romances agricultura felicito os indivíduos enriquece os povos a foice a enxada e foi com essas calorosa as recomendações que aluísio azevedo então um jovem escritor de 20 e poucos anos foi recebido pelo único jornalista que se dignou a falar sobre o seu trabalho o romance de hoje aquino ler antes de morrer o mulato uma obra que inaugura a escola naturalista no brasil e que ao contrário do que o jornalista lá falou até que não é de se jogar fora não [Música] então
vamos começar primeiro quero dizer que o mulato foi indicação de leitura do quadrinho diego fontenelle que apadrinhou o canal desde o começo e eu fico muito contente de ter tido a oportunidade de ler mais essa obra de aluísio azevedo principalmente porque o primeiro livro que eu redesenhei dele aqui no canal que foi o cortiço que é justamente a obra prima de aloísio é o vídeo o vídeo de resenha mais popular aqui do canal e já está com quase 100 mil visualizações isso me deixa muito contente porque eu vejo que eu consegui alcançar um público que
aprecia também a literatura brasileira então eu acho o nosso eu sou uma privilegiada de conseguir falar com o público especial como vocês mas continuando é preciso dizer que o mulato não é uma obra tão bem acabada quanto curtir isso não é à toa foi o segundo livro que o aloísio escreveu sendo que o primeiro que se chama uma lágrima de mulher era um romance romântico extremamente tradicional repleto de dramalhões e de clichês do gênero uma obra ruim mesmo que a crítica hoje não considera importante do ponto de vista literário aloísio na verdade intercala ele oscila
bastante a obra dele se você for analisar ela contém muitos romances românticos tradicionais que eram cheios de clichês ao lado de outros romances que de fato contribuíram muito para o crescimento da literatura brasileira e transformaram aloísio num escritor extremamente importante além de um mulato que foi o primeiro livro nessa linha realista naturalista daqui a pouco vou falar sobre isso a gente tem também caso de pensão o homem e o cortiço são obras que a crítica encaixa dentro da escola naturalista e um mulato foi o livro que inaugurou dentro da obra de aluísio azevedo essa corrente
literária que na época dele na época dessa publicação um ano de 1881 era considerada super de vanguarda super moderna ele estava muito alinhado com o que estava sendo feito lá na europa estava ultrapassando os antiquado os padrões dos romances românticos que ainda faziam muito sucesso no brasil e eu acho até que continuou fazendo sucesso no brasil por mais muitas e muitas décadas e talvez não tenha deixado de fazer sucesso até hoje mas afinal de contas o que é esse tal de naturalismo naturalismo uma escola literária que está muito associada com as correntes científicas que começavam
a ser publicadas mais ou menos no final do século 19 eram correntes de diversas áreas da ciência da biologia à física matemática era um teorias que começavam a colocar em xeque pela primeira vez aquelas visões metafísicas da existência humana ou seja aquelas baseadas em explicações sobrenaturais ou divinas para que a natureza fosse como ela era eu tô falando naturalmente de teorias como a evolução do darwin mas também estou falando de outras descobertas que começaram a pipocar no final do século 19 que simplesmente revolucionaram o mundo são invenções como a electricidade o telégrafo que permitiu a
comunicação à distância os motores a vapor que permitirão a criação de locomotivas né as estradas de ferro e também os famosos barcos os navios a vapor que também encurtaram as distâncias fizeram com que as viagens entre as capitais do brasil que eram praticamente todas costeiras ficasse relativamente mais rápido e mais curta esses são só alguns exemplos das inovações e das novas teorias científicas que estavam começando a colocar em xeque não só ao antigo modo dos seres humanos viverem mas também o antigo modo dos seres humanos pensar em novas correntes filosóficas sociológicas e políticas estavam tomando
força em vários lugares no mundo e exige uma modernização a implementação de novas formas de organização da sociedade aloísio que mais ou menos nessa década de 1880 era um jovem de 20 e poucos anos que tinha aspirações artísticas que além de ser escritor também era desenhe pintava ele estava muito alinhado com a boa parte dessas teorias e ele acreditava que a literatura deveria incluir dentro da construção dos seus personagens das suas tramas essas novas descobertas que estavam chegando então naturalismo é uma escola que enxerga os seus personagens quase como se fossem ratinhos de laboratório que
eram submetidos a diferentes experiências então da mesma maneira como você pode pegar um rato de laboratório ou qualquer outro né animal qualquer outra cobaia e colocar num aquário com ácido num aquário com água salgada num aquário com água doce e observar como que cada uma dessas formas de vida se desenvolve de acordo com o meio em que ela está inserida da mesma maneira escritores naturalistas criavam ambientes insalubres ou ambientes salubres e colocavam seus personagens lá dentro para mostrar para o público o que um ambiente podia fazer com uma pessoa e o ambiente escolhido por aloísio
no romance o mulato é a província do maranhão a gente tem que lembrar que na época do império brasileiro não existiam estados isso veio só depois com a república mas existiam províncias e aluísio azevedo era natural da província do maranhão no norte do brasil que era considerada no mais ou menos na década de 1880 uma província bastante atrasada do ponto de vista dos costumes e onde movimentos políticos de natureza mais liberal que exigiam a democracia exige uma proclamação da república e sobretudo a abolição da escravatura estavam muito muito muito atrasadas lá na província do maranhão
justamente o lugar onde luiza azevedo teve o azar de nascer eu não quero que nenhuma nem se que esteja assistindo esse vídeo comece agora me xingar os comentários não sou eu que estou falando que o maranhão era atrasado era luiza azevedo e ele tinha grandes motivos para acreditar nisso aloísio nasceu numa família que por definição era uma vítima dos preconceitos a mãe dele que se chamava emília amália pinto de magalhães ela foi uma mulher notável porque muito cedo como aconteceu com todas as moedas naquela época ela foi obrigada a se casar com um homem escolhido
pelo seu pai um homem que se revelou rapidamente um péssimo marido grosseiro violento e milhas encheu de coragem e fez o que nenhuma mulher na época dela fazia ela fugiu do marido ela se separou foi viver longe e depois ela se apaixonou de novo por um homem que era vice cônsul português lá em maranhão o nome dele era davi gonçalves azevedo e ela começou a viver junto com esse homem ela não teve o divórcio do primeiro marido porque não existia divórcio no brasil e ela começou simplesmente viver junto do homem de quem ela gostava causando
um escândalo jamais visto sem precedentes nenhum na sociedade de são luís ela passou o resto da vida sendo apontada na rua agredida xingada o que não impediu pelo menos de ter um casamento razoavelmente feliz ela teve muitos filhos com esse davi entre eles a luiza azevedo então você vê aloísio já nasceu fruto de uma relação proibida e mal vista pela sociedade preconceituosa marines e mesmo assim ele cresceu e cresceu acho que talvez guardando uma certa mágoa e ele publicou assim que teve oportunidade esse romance um ato em que ele detona completamente a sociedade tradicional maranhense
não só do ponto de vista dos costumes mas acima de tudo do ponto de vista do preconceito racial consta que naquela época o movimento abolicionista tinha muito pouca penetração lá no maranhão ea sociedade era completamente contrário à libertação dos escravos e eles tinham muito apoio inclusive da igreja tudo isso é muito visível na trama que ele apresenta um mulato e é provavelmente o motivo pelo qual aquele jornalista lado maranhão lado começo do vídeo porque que ele desceu o pau no livro e mandou o cara vai trabalhar vagabundo invés de ficar falando mal da nossa terra
é difícil não pensar mal dessa província quando a gente leva essa história que é basicamente uma história de amor pela história de amor impossível entre um homem mulato filho de um português com uma escrava negra escravo essa que provavelmente ele estuprou com a sua prima essa branca chamada ana rosa nem o protagonista raimundo que é o boato nem a mocinha na rosa correspondem perfeitamente aos ideais românticos que ele é o que tem esses ideais talvez mais impactos porque ele é um homem de grande fibra de valores morais muito rígidos é um homem de caráter um
homem que cumpre suas promessas é um homem enfim um homem que tem muito bons princípios ao passo que ana rosa não é tanto uma heroína romântica ela é uma mulher desequilibrada que só pensa em se casar desesperadamente comete milhão de loucuras ao longo da história e enfim ela não é exatamente uma mocinha doce virginal como costumava aparecer nos romances românticos o que impede no entanto a união desses dois personagens que se amam e querem se casar é justamente o preconceito ea firme oposição da família contra o fato de que o raimundo é filho de uma
escrava é isso é é colocado pelo aloísio é usando as tintas mais fortes da injustiça porque raimundo apesar de ser filho de uma escrava ele é descrito como um homem que não tem nenhuma aparência de negro muito menos de mulato é só vocês verem a ilustração da capa eu não gosto muito das ilustrações aqui da capa da desta série bom livro da editora ática já falei sobre essas capas em várias ocasiões mas eu acho que aqui vai até que eles conseguiram acertar a luz imagina um homem que seja mulato mas que é calhou de nascer
com uma aparência quase que completamente branca ele só tem a pele um pouco mais morena mas ele tem os traços finos que é uma maneira antiquada de dizer que eles tinham os traços europeus e ele tinha que a nossa capa não representa nem porque ele sempre tem que ter algum defeito nessas licitações do editor a dica aqui mostra ele com os cabelos ondulados quase lisos enquanto raimundo é descrito como um homem de cabelos crespos mas tanto ele não se parecia um mulato um filho de branco com negro que ele próprio nunca imaginou que ele fosse
um lado a trama se desenvolve de uma forma que raio tudo fica órfão muito cedo não conhece sua mãe não conhece seu pai e não sabe que é filho de um branco com uma negra ele pensa que ele é um homem branco e colabora para essa confusão o fato dele ter olhos azuis herdados do seu pai português o que hoje a gente sabe ser geneticamente meio improvável para não dizer impossível um branco de olhos claros ele não pode ter um filho com uma mulher negra que não tivesse outros brancos de olhos claros na família dela
porque olhos claros são uma característica recessiva então provavelmente numa miscigenação de primeira geração que é o que acontece aqui com ele a primeira geração de mistura ele provavelmente sairia com os olhos castanhos porque os olhos escuros são dominantes sobre os olhos azuis mas aloísio apesar de estar muito alinhado com as teorias científicas do seu tempo não conhecia as leis de mendel as leis da genética elas não deviam ter chegado no brasil na época dele então ele imagina isso um protagonista que apesar de ser filho de um branco com uma negra é praticamente todo branco e
que nem mesmo sabe que é mestiço e no entanto ele vai sofrer uma oposição terrível da família da menina que ela gosta porque a família sabe as suas origens conhece a sua quem foi a sua verdadeira mãe uma escrava e acha que é um absurdo que a filha se case com o mulato de maneira a sujar o sangue da família essa é uma expressão horrorosa usada em muitas ocasiões por vários personagens do livro a idéia de que você ter filhos com uma pessoa que não fosse branca era sujar a raça e além da sua posição
terrível da família da moça aí mundo o mulato protagonista também vai sofrer com a atuação de um padre um padre amigo da família da moça que vai ser um dos vilões mais maquiavélicos que eu já vi num livro dessa época aqui no brasil é realmente dá pra entender porque que o mulato ofendeu tantos setores da sociedade brasileira ele é uma crítica ferozes mor dais a hipocrisia da igreja o papa diogo é ardiloso maquiavélico é capaz de cometer crimes ele não tem moral nenhuma ele não tem nenhum escrúpulo ele não tem nenhum peso na consciência e
ele é um racista de marca maior uma pessoa porque a gente sentir nojo ao longo de toda a narrativa agora apesar de todas essas qualidades é importante que a gente faça também algumas ressalvas como eu falei essa não é a obra prima de aluísio azevedo ele ainda era um escritor iniciante e existem alguns probleminhas nativos que me incomodaram uma série de cenas que na minha opinião só estava ali pra encher linguiça que não compunham muito bem a trama longas cenas descritivas excessivamente detalhadas que eu sei estava mais ou menos na moda por causa das escolas
realistas e tudo mais fazer de inscrições praticamente fotográficas das casas dos cenários dos ambientes mas isso é muito cansativo outra ressalva que a gente precisa fazer que apesar desse livro é considerado muito avançado para a época no sentido de denunciar o preconceito racial ele é em muitas ocasiões um livro racista em vários momentos você percebe no livro a insinuação de que existe uma superioridade da raça branca com relação à raça negra você percebe que se à raimundo não fosse um homem de aparência quase que completamente branca se ele fosse de fato uma mistura um mulato
alguém um homem bonito apresentava como aquele ator por exemplo marcelo melo júnior se ele fosse um mulato como expor mais bonito que ele fosse muito provavelmente a mocinha na rosa não se apaixonaria perdidamente por ele além disso tem o fato de que todos os personagens negros que aparecem que são invariavelmente escravos são descritos como velhos feios obesos rap tcos e de otta sdo doentes mentais estúpidos incapazes de concatenar as idéias enfim são várias manifestações que para nós são extremamente racista enfim são várias manifestações que pra nós sou extremamente racistas dá um pouquinho de raiva que
a gente percebe nem no o espírito da obra uma ideologia que já foi ultrapassada há muito tempo mas que dando uma colher de chá para luiza azevedo era o que havia de mais moderno na época no sentido da democracia racial mas que a gente ainda precisou caminhar muito muito muito acho que vale a pena conhecer um mulato vale a pena por ser mais uma obra do aloísio azevedo que embora ainda fosse um escritor mais iniciante mais inexperiente já carrega um pouco de ironia um pouco das críticas sociais ele é muito corajoso a gente tem que
entender que ele estava criticando um dos setores mais poderosos do tempo dele que era o clero a igreja e ele estava denunciando preconceito de raça ele estava é colocando no papel de vilões as pessoas que julgavam pela cor de pele isso era pra época considerado muito muito temerário ele sofreu perseguições depois da publicação desse livro tanto é que se mudou definitivamente do maranhão pegou o dinheiro que ele ganhou com a venda desse livro e se mudou para o rio de janeiro e não voltou mais para o maranhão porque não sei o que aconteceu com ele
que queriam fazer com ele se ele permanecesse lá por isso recomendo que vocês conheçam mulata uma obra clássica brasileira você encontra em várias edições eu vou deixar aqui embaixo algumas edições em diferentes livrarias e agradeço todo mundo que assistiu agradeço ao meu padrinho diego por ter indicado esse livro foi uma leitura super bacana e se você quiser se tornar um padrinho ou madrinha com essa nossa campanha no site padrim o endereço aqui embaixo é só conhecer quem participa quem se torna padrinho ou madrinha recebe vários benefícios participa de sorteios exclusivos entre outras vantagens e eu
quero desejar um beijo pra todo mundo lembra que eu voltar na bienal do livro no dia hoje é sexta feira dia que esse vídeo tá indo ao ar no dia 2 não tem muito horário fixo mas mais ou menos na parte da tarde você vai me encontrar e que me encontrava ganhar marcador lugar antes de morrer que eu falei um monte para distribuir por aí com um beijo pra todo mundo a gente se vê no próximo vídeo ou se você for na bienal a gente se vê na bienal tchau [Música]