hoje nós vamos falar sobre as relações entre a psicanálise e o dsm manual diagnóstico estatístico de transtornos mentais que é uma espécie de catálogo de código das doenças mentais ou então assim chamadas né de disorders transtornos conforme a tradução brasileira mas que na verdade já indica um certo entendimento que vem a ser a loucura né disorder fora da ordem esse manual Ele nasceu com uma tentativa de estabelecer uma espécie de língua Franca para os diferentes eh orientações em psicopatologia havia uma grande diferença entre os diagnósticos na Europa diagnósticos Estados Unidos no resto do mundo e
que ensejou uma um grande dicionário a partir do qual todos podiam então praticar pesquisas com o com a mesma base estipular o que que seria então código das doenças mentais eh paraas políticas públicas paraa saúde mental em todo o mundo a partir da anexação ou incorporação eh desse manual pelo pela Sid né classificação internacional de doenças feitas feita pela Organização Mundial de Saúde esse manual ele a partir de 1973 ele tem uma característica muito interessante ele começa a ex de si aqueles quadros a partir dos quais a psicanálise se desenvolveu ah com Freud com as
diferentes escolas psicanalíticas que foram introduzindo outras modalidades de sofrer e que naquele momento em função de um conjunto de contendas que eram assim científicas por um lado mas políticas por outro começa a ver uma exclusão por exemplo de quadros como a histeria ou mais recentemente como a paranoia mesmo a a antiga tendência a pensar os quadros como reações reações e e que envolvem e a relação com o outro a gente tem o que a gente podia chamar um casamento Inicial entre psicanálise e a psicopatologia psiquiátrica até o pós-guerra a psicanálise era a principal fonte de
e de produção teórica para para os psiquiatras com aquilo com aquela escola que ficou conhecida como escola psicodinâmica e depois 73 há uma há uma divergência né também com a chegada das neurociências com outros aportes né em termos de medicação os novos antidepressivos tudo isso fez com que durante algumas eh alguns anos eh se anunciasse a morte da psicanálise Freud está morto enfim que é não é uma ciência que foi enfim um capítulo assim da nossa história isso é muito interessante porque eh de fato a aqui se introduz um entendimento discutível do que que vem
a ser o sofrimento Mental para a psicanálise e essas categorias elas eh exprimiam isso a categoria de neurose a categoria de histeria a noção de paranoia ela trazia o seguinte que a forma como a gente fala e a forma como a gente entende o nosso sofrimento transforma a nossa experiência a maneira como a gente conta o nosso sofrimento pro outro como a gente divide ou como a gente silencia a maneira como a gente entende que o nosso sofrimento é um um problema individual ou é um problema dessa família ou é um problema dessa cultura ou
a maneira como a gente pensa isso como vamos dizer assim um acontecimento fortuito na na história da nossa vida ou como uma resposta uma maneira de lidar com os bons e maus encontros que constituem a história da nossa vida tudo isso determinava o entendimento de que os sintomas eles eram no fundo efeitos eles tinham uma relação com a forma como a gente se relaciona com os outros bom isso foi então a partir de 73 gradativamente cortado isso foi eliminado a partir de Então a gente vai enfatizar cada vez mais lendo as diferentes versões hoje estamos
na versão número cinco desse manual de de 2000 lançada em 2013 a partir de então o sofrimento passa a ser mais e mais individualizado o sofrimento passa a ser mais e mais entendido como um déficit de produção de neurotransmissores ou seja uma espécie de doença que dá no seu cérebro e que precisa ser compensado então com com medicações que repõem aquilo que seu corpo não está conseguindo produzir muito curioso que na abertura desse manual nas suas diferentes versões e esteja declarado lá os duas coisas primeiro que esse manual é ateórico ou seja isso não é
uma teoria isso é vamos dizer assim expressão dos fatos segundo que esse manual não vai se basear em nenhuma concepção etiológica ou seja em nenhuma concepção sobre a causa dos transtornos ou das desordens bom essa renúncia à etiologia essa renúncia a gente pensar Afinal o que que tá fazendo o que que tá fazendo com que a gente Produza aquele sintoma o que que nós estamos eh contribuindo para que aquela angústia apareça o que que nós essas relações T que ver com determinadas inibições tudo isso é vamos dizer assim suspenso né suspenso em pró de um
entendimento de que o nosso nossos sintomas eles são ã um problema que acontece por origens genéticas ainda que indeterminadas já que não podemos falar em etiologia uma dificuldade neurológica ainda que imprecisa ainda que a gente não consiga dizer exatamente como funcionam a maior parte das eh das medicações as medicações que são extremamente eficazes que nos ajudam muito a a permitir que alguém saia do seu sofrimento a permitir que alguém supere os seus seus impasses os seus conflitos mas A grande questão entre psicanálise e e esse esse modelo vamos dizer assim de de psiquiatria esse modelo
de entendimento do que que é o sofrimento eh diz respeito Justamente a o que a gente chama de eh função hermenêutica do sofrimento né Ou seja faz diferença a forma como você fala do que te acontece faz diferença a forma como você inclui o sofrimento nas suas relações com o outro porque vejam tanto a hipótese genética como a hipótese dos neurotransmissores no fundo elas tornam nossos sintomas Independentes eh da nossa vida né da nossa vida de relações frequentemente os psiquiatras eh argumentam contra os psicanalistas de Que bom o que você querem então é voltar a
um estado vamos dizer assim moral de entendimento dos sintomas em que tudo depende da força de vontade do pensamento positivo né como que a reduzir toda a nossa experiência subjetiva a volição à vontade à consciência que exatamente então cria uma caricatura da psicanálise e que tem feito muito mal né a gente vê isso na clínica a gente vê isso na Cultura né isso tem feito muito mal as nossas experi ICI de Sofrimento cada vez mais as pessoas se recolhem cada vez mais as pessoas entendem seu sofrimento como espécie de fracasso como espécie de adoecimento ou
como algo em relação ao qual elas não têm muito o que fazer n Então os níveis suicídio aumentam vertiginosamente não só no Brasil em vários países no mundo os níveis de ansiedade aumentam os níveis de depressão aumentam possível que em 5 ou 10 anos essa seja a segunda maior causa de afastamento no trabalho então por diversas or orens a gente tem uma uma espécie de inflação das nossas modalidades de sofrimento e que está muito mal acolhida porque esse discurso de que os nossos sintomas eles são vamos dizer assim expressões de algo que nos acomete que
vem de fora que não tem nada que ver conosco isso não é que é inerme não é que isso simplesmente não funciona isso prejudica isso faz com que a pessoa não articule narrativamente o seu sofrimento que a pessoa não se Observe que a pessoa não lute Contra isso por quê Porque quem vai fazer alguma coisa é a medicação é o outro não sou eu não é uma guerra entre a psicanálise e a psiquiatria nós estamos juntos para cuidar das pessoas para enfrentar essa inflação do sofrimento mental mas o debate precisa ser melhor qualificado Chega dessa
história de Ah vamos dizer assim excluir a o tratamento pela palavra porque inclusive as pesquisas científicas mostram que ele é extremamente eficaz contra a maior parte das nossos transtornos para continuar recebendo pequenos fragmentos de saber se inscreva aqui no canal da casa do Saber [Música]