[Música] K [Música] Muito bom dia a todos vocês! Sejam bem-vindos. Vamos fazer a nossa meditação do dia de hoje, pedindo a Deus a sua bênção sobre nós.
Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. O Senhor todo-poderoso nos abençoe, nos guarde, nos livre de todo mal.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem, meus caros.
Estamos no capítulo 12 do livro "Caminho de Perfeição". Até o dia de ontem, lemos até o capítulo 5º, até o parágrafo 5º, perdão. E hoje leremos do parágrafo sexto em diante.
Então, sigamos com o que diz Santa Teresa: Vede se isso vos toca em alguma coisa, irmãs, pois não estais aqui para outra coisa. Com essas desavenças, não ficareis mais honradas e perdereis o proveito que poderíeis obter. Assim sendo, a desonra e o prejuízo caminham juntos aqui.
Então, aqui ela fala a respeito da desonra, no sentido de que nos conventos, antes da reforma carmelita, as irmãs poderiam receber presentes, poderiam receber até mesmo empregados para ajudá-las. Então, poderia existir diferença entre as religiosas. Mas, na ordem reformada do Carmelo, reformada por Santa Teresa e que restaurava o antigo modo de viver da ordem, todas iam viver de modo igual, né?
Sem privilégios. É disso que ela está falando: que cada uma de vós veja em si mesma o que tem de humildade e verá que proveito obteve. Tenho a impressão de que o demônio não se atreverá a tentar em questão de primazia o verdadeiro humilde, ainda que bem suavemente.
O inimigo, sagaz como é, teme o golpe. É impossível que a pessoa humilde não ganhe mais força e mais aproveitamento nessa virtude caso venha a ser tentada por aí, porque, naturalmente, ela revê nessa tentação a sua vida passada, comparando o serviço que prestou com o que deve ao Senhor, bem como o enorme favor que Ele fez ao humilhá-la, mesmo para nos deixar um exemplo de humildade. Ela considera também os seus pecados e pensa no lugar onde deveria estar por causa deles.
A alma sai disso tão bem que não ousa voltar; não ousa voltar outro dia para não ter quebrada a cabeça. Segui este meu conselho e não o esqueçais, não só no interior, se assim não fosse, grande mal seria, mas no exterior. Fazei com que as irmãs tirem proveito de vossas tentações.
Se quereis vingar-vos do demônio e livrar-vos mais depressa da tentação, tão logo ela vos assalte, pedi à prelada, à superiora, que vos mande realizar alguma tarefa inferior, ou lutai como puderes no tocante a isso. Refleti sobre o modo de sujeitar a vossa vontade em coisas que vos contrariam, pois o Senhor fará-vos descobrir as ocasiões que vão levar a tentação a durar pouco. Deus nos livre de pessoas que, desejosas de servi-lo, se lembrem da própria honra, pois, por isso, é pouco lucro.
E, como eu disse, perde-se a honra com desejá-la, em especial no tocante à primazia. Não há veneno no mundo que mate com tanta eficiência quanto essas coisas matam a perfeição. Direis que se trata de coisinhas naturais que não devem ser levadas em conta.
Não vos deixeis enganar, pois isso cresce como espuma, e não há nada pequeno em perigo tão grande quanto as questões de honra e as suscetibilidades que nos levam a sentir as ofensas. Sabeis por que é assim? Sem falar de muitas outras coisas, uma irmã começa com um pequeno melindre, um quase nada, mas logo o demônio faz com que dê maior dimensão, pensando até ser caridade dizer à primeira que não sabe como ela suporta aquela ofensa, que Deus lhe dê paciência, que ela deve oferecê-la a Ele, que um santo não sofreria mais.
Assim, induz aquela a ficar tentada e a se vangloriar, mesmo quando decide sofrer com resignação, muito embora não tenha suportado a ofensa com a devida perfeição. Deve-se isso à nossa natureza tão fraca, que mesmo quando dizemos a nós mesmas que não há razão para sofrer, nos leva a pensar que fizemos alguma coisa e a senti-lo ainda mais quando vemos que alguém o sente por nós. Assim, a alma vai perdendo as oportunidades que lhe foram dadas para o seu merecimento, ficando mais fraca e abrindo a porta ao demônio para que este retorne com outra coisa pior.
Pode também acontecer que, quando a irmã deseja suportá-lo, alguém lhe diga que ela é tola. Pois é bom que se sintam essas coisas. Ó, por amor de Deus, irmãs minhas, que nenhuma de vós seja movida pela caridade, pela caridade indiscreta, de mostrar pena de outra em matérias referentes a ofensas imaginárias.
Essa pena é a mesma que os inimigos do Santo Jó tiveram por ele e por sua mulher. Muito bem, então encerramos aqui a leitura do Capítulo 12. No dia de ontem, vamos voltar um pouquinho, né?
Santa Teresa comentava o seguinte: ela falava a respeito das superioras que acabam sendo muito condescendentes, tendo muito dó, né, das suas súditas dentro de um convento. Então, Santa Teresa diz assim: existem superioras que possuem um dó, uma misericórdia, entre aspas, né, porque não é misericórdia real, que acaba não ajudando as irmãs no caminho da perfeição. Ou seja, uma superiora que.
. . Não cobra que as coisas sejam feitas, e Santa Teresa vai dizer assim: quem tem a desgraça de ter uma superior assim é porque Deus está vos entregando a própria ruína.
E aí, isso parece um pouco incompreensível para nós, né? Como que Deus pode entregar uma alma à ruína? Pois é, mas Deus é pai, e como pai, ele age pedagogicamente.
Às vezes, Deus permite inclusive que nós sejamos cercados. Pensando agora em nós, que estamos no mundo como leigos, principalmente, Deus pode permitir que nós sejamos cercados por pessoas que sejam condescendentes, por pessoas que não nos incentivem à virtude e ao bem. Então, nesse caso, Deus está nos testando.
Nós temos de sempre pensar no seguinte: por que que Deus permitiria o mal? Por que que Deus me testaria, né? E às vezes a gente acha que isso é impossível de acontecer, não é?
Deus, aliás, ele pode permitir que o mal sobrevenha na nossa vida para nos purificar, para tirar de nós aqueles apegos indiscretos que nos impedem de nos aproximar ainda mais dele. Deus pode permitir até o mal para tirar dele um bem. Deus pode até ir tirando as coisas de nós.
Santa Teresa, aqui no fim do capítulo, fala de Jó. Jó perdeu tudo; Deus tirou tudo dele. Mas uma coisa, né?
Deus não permitiu que fosse tirado dele: uma coisa nem o demônio conseguiu tirar dele, que foi a sua fé. Uma fé inquebrantável, os olhos de Jó estavam sempre voltados para Deus; olhos fixos em Deus. Só Deus!
A própria Santa Teresa vai insistir em vários e vários e vários escritos dela, principalmente nas cartas, numa frasezinha curtinha que a gente pode dizer que resume a espiritualidade teresiana, que é: "Só Deus basta". Só Deus basta! Quem tem Deus, tem tudo; quem não tem Deus, não tem nada.
Só Deus basta! Então, Deus pode permitir o mal para tirar dele um fruto maior. Deus pode nos provar.
Basta que nós pensemos nos nossos primeiros pais, Adão e Eva, lá no Paraíso. Deus deu a eles a graça. O que é a graça?
É a amizade com Deus. Deus também dá a nós a sua graça pelo batismo e, mesmo que depois do batismo nós pequemos, pelo sacramento da confissão, Deus nos dá a graça. Mas qual que é o desejo de Deus?
Deus não quer dar uma coisa só; ele quer dar duas. Ele quer dar a graça e a glória. O que é a glória?
É a vida divina. Nós nascemos para isso; nós nascemos para viver na glória de Deus. Deus nos dá a graça para que nós conquistemos a glória, colaborando.
Fazendo aquilo que Deus quer que façamos, buscando a vontade de Deus em nossa vida, nós alcançaremos a glória, a graça e a glória. Só que, lá no Paraíso, o que que Deus fez? Deus deu a graça.
Adão e Eva gozavam da amizade de Deus; Deus andava pelo Paraíso. Eles podiam ouvir os passos de Deus no Paraíso: a graça. Mas Deus ainda não havia dado a glória.
Para dar a glória, Deus faz o quê? Coloca uma prova. É necessário ser provado.
E, uma vez provado, e ficando ao lado de Deus e escolhendo a Deus livremente, conquista-se a glória. Esse era o objetivo. Adão e Eva foram postos no Paraíso, criados por Deus na graça.
E aí, então, Deus coloca a árvore do conhecimento do bem e do mal e diz: "Essa árvore aqui, vocês não vão tocar". Esse era o limite: a lei de Deus, o desejo de Deus, a vontade de Deus. Esse é o limite.
Se Adão e Eva aderissem a esta vontade, abraçassem esta vontade de coração aberto, confiando em Deus: "Só Deus basta", então eles passariam pela prova, que é uma prova de obediência, e conquistariam a glória no Paraíso terrestre. Acontece que os nossos primeiros pais pecaram; eles não foram humildes. E o que que Santa Teresa está falando nesse capítulo 12?
A humildade! Quem não é humilde, não se deixa ensinar; quem não é humilde, não aprende, porque acha que já sabe. Quem não é humilde é soberbo.
O contrário da humildade é a soberba. O orgulho. Deus disse: "Desse fruto não comereis", mas a serpente diz que Deus está mentindo.
Então, na minha soberba, eu julgo por mim e não ouço o que Deus tem a dizer. E o que nós, homens, filhos de Adão, fazemos hoje? Exatamente isso.
Nós conhecemos, nós temos a Sagrada Escritura; nós temos a tradição; nós temos o magistério da Igreja; nós temos os sacramentos; nós temos todas as graças que Deus nos dá para que nós nos salvemos, mas nós queremos tomar o caminho por nós mesmos. Erramos, e pecamos, e caímos. Essa recusa de Adão, ela ecoa no tempo, mas nós precisamos fazer essa passagem de deixar morrer Adão para que nasça Cristo em nós.
É a prova para conquistar a glória. Então, Deus coloca ali um obstáculo. Este obstáculo não é porque Deus nos quer mal, mas pelo contrário: ele quer nos provar para que, na nossa liberdade, nós o escolhamos.
Vejam, em Adão não houve a conquista da glória; em Cristo, nós temos a conquista da glória porque Cristo vai dizer: "Pai, afasta de mim esse cálice". Na sua humanidade, Jesus olha para o cálice, olha para o sofrimento que Deus lhe reservava: "Pai, afasta de mim esse cálice". Mas que não se faça a minha, mas a tua vontade.
O próprio Jesus vai dizer: "A carne é fraca, mas o espírito é forte". A carne recusa, a carne refuga o sofrimento, mas o espírito é forte. Faça-se a tua e não a minha vontade.
Jesus passa pela prova e conquista a glória. Nossa Senhora, de todas as criaturas humanas, foi a que mais recebeu privilégios de Deus, mas ela não foi poupada. Olhemos para as sete dores de Maria.
É a prova. Maria já tinha a graça, mas era preciso. Conquistar a glória, e ela conquista.
E por que Jesus conquista a glória e merece essa glória para nós? Por que Maria conquista essa glória e é dada por Jesus como nossa mãe? Porque foram humildes.
E o que é a humildade? É o primeiro degrau para a santidade. E aqui, Santa Teresa fala muito concretamente da questão da honra e da desonra.
Ela fala para essas freiras: "Por acaso, o fato de vocês não poderem ter coisas, não poderem usufruir do sobrenome da família? " Porque nos conventos tinha muito disso, né? Tinha muita gente da nobreza que entrava para a vida religiosa e era tratada com diferença dentro do convento.
Santa Teresa, naquele contexto, era algo até socialmente aceito, ninguém se escandalizava com isso. Mas o que Santa Teresa faz? Fala: "Não, aqui, uma vez que a religiosa entrou, ela será igual a todas as outras.
Não existe sobrenome, não existe título, não existe nada. Todas são religiosas. " Aí ela fala para quem fica muito preocupado com essas honras ou desonras: "Não vai conseguir alcançar humildade.
" Isso vale para nós. Quantos de nós ficamos preocupados em ser vistos pelos outros, né? Hoje em dia, nesse campo, né?
Nesse mundo de internet, a gente vê muito isso, né? Quanta gente quer ser vista, quer ser lembrada, quer ser louvada. Isso atrapalha no caminho da humildade, na busca da humildade.
Humildade é a reta consciência de si. Nós devemos saber o que realmente merecemos, com todas as graças que Deus já nos deu. Onde nós deveríamos estar?
Nós deveríamos ser grandes santos. Quantos anos nós comungamos? Quanto tempo faz que a gente vai à igreja?
Somos melhores? Somos santos? Não, não somos ainda.
Então, o que nós mereceríamos? O inferno. Então, por que se gloriar de virtudes que nós não temos ainda?
Por que querer parecer aos olhos dos outros aquilo que nós não somos? Façamos o exercício de olhar para os nossos pecados e pensar no seguinte: e se todas as pessoas conhecessem quem realmente eu sou e quais são realmente os meus pecados? Vamos fazer esse exercício, né?
Quando você for se confessar, pense assim: se as pessoas que me estimam, que me conhecem, soubessem disso aqui que eu conto no confessionário, o que seria de mim? O que seria da minha fama? Ah, as pessoas iam ficar escandalizadas e se afastar.
Então, pois é, é isso que você é, é isso que eu sou. Não devemos nos gloriar de glórias que não existem. E Santa Teresa fala muito da caridade perniciosa, quando uma pessoa recebe uma ofensa e aí já vem outro e diz: "Nossa, mas que coisa!
Olha que humilhação que você sofreu! Olha, mas você realmente, eu admiro! Nossa, porque você não retrucou?
Você sofreu isso aí, e né, realmente, se fosse comigo, eu já iria explodir! " E aí a pessoa absorve isso, toma isso para ela e fala: "Não, realmente, eu tenho um alto controle. " Aí a pessoa já começa a vangloriar-se.
A glória vazia é a glória humana que não leva a nada. O que é isso? Uma tentação demoníaca.
Quando algumas pessoas nos elogiam por coisas que realmente são dons pessoais, muito bem. Então, por exemplo, sei lá, alguém fala muito bem, aí vem alguém e elogia: "Se a pessoa fala muito bem, obrigado, e é verdade. " Se a pessoa canta muito bem: "Nossa, você canta muito bem, realmente, se é um dom.
" Se a pessoa toca muito bem, canta muito bem, muito obrigado e tal. Agora, quando se trata de virtude, aí a gente tem que tomar muito cuidado com a vanglória, né? Porque, às vezes, essa caridade indiscreta serve de instrumento para o mal.
E aí o que o mal faz? O mal é sutil, o mal esvazia o sentido das coisas. Então, a aparência, a casca, é de virtude: "Nossa, você sofreu, aguentou aquele desaforo.
Olha, nossa, realmente, eu admiro você. " Aí a pessoa se enche e começa a pensar: "Puxa vida, né? Eu realmente sempre fui assim.
" E pronto, a vanglória já tomou conta. E qual é o fruto que você vai obter desse sofrimento? Nenhum, porque você já ganhou o seu salário, que foram os aplausos humanos.
Por isso vale mais que nós suportemos entre nós e Deus. E só nós e Ele sabemos o que realmente está acontecendo. Isso vale muito mais do que aquilo que é visto pelos outros.
Agora, se aquilo que é visto pelos outros gera uma caridade perniciosa, nós aprendemos a treinar os nossos ouvidos para não escutar esse tipo de coisa e pensar: "Se a pessoa está entendendo isso: Tadinha, ela não sabe quem eu sou! Eu sou muito pecador, eu sou miserável. " Ou senão, você já corre logo para Deus.
Você ouve isso e vem aquele movimento interior de dar ouvido: "Senhor, me socorra, que eu não dou ouvidos para isso, porque eu não sou assim. " E assim nós vamos avançando neste caminho de perfeição. Hoje, dia 20 de janeiro, a Igreja celebra o grande mártir da Igreja, São Sebastião.
Que São Sebastião interceda por nós, para que nós sejamos fortes para lutar por Deus, neste caminho de perfeição. Que Nossa Senhora, nossa mãe, a Rainha dos Mártires nos ajude. A vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.
Amém. Deus nos abençoe neste dia, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Até a nossa meditação de amanhã, se Deus quiser.