1964: Memórias que resistem | Caminhos da Reportagem

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TV Brasil
O programa Caminhos da Reportagem que a TV Brasil exibe neste domingo (31), às 22h, discute os desdo...
Video Transcript:
[Música] o senhor presidente da república incumbiu-me de comunicar à vossa excelência que em virtude dos acontecimentos nacionais das últimas horas decidiu viajar para o Rio Grande do Sul não podemos permitir que o Brasil fique sem governo abandonado assim sendo declaro vaga a presidência da república Aí veio uma voz a partir deste instante a Rádio Nacional passa a fazer parte da cadeia da legalidade a revolução Vitoriosa como o poder constituinte se legitima por si mesma tava dado o GO caminharemos para a frente com a segurança de que o remédio para os malefícios da Extrema esquerda não será o nascimento de uma direita [Música] reacionária eu faço a faculdade de Filosofia e na faculdade de filosofia sou presidente do centro acadêmico e me osava com as instâncias nacionais da União Nacional nas [Música] instantes no dia 13 de dezembro de 1968 o General Costa e Silva decreta o ato institucional número 5 com o pretexto de garantir a ordem e a segurança interna fecha o congresso e endurece a repressão a decisão está tomada e é prop ao Conselho de Segurança Nacional para a Ampla discussão para a Ampla opinião de cada um porque eu não desprez conselho do Conselho de Segurança Nacional após ter ouvido os membros do Conselho de Segurança Nacional resolveu baixar um ato institucional que tem como finalidade fundamental preservar a revolução de março de 1964 vários movimentos de resistência armada surgem um deles é a Guerrilha do Araguaia eu assistia o A5 na casa de um companheiro do pcd E ele disse tá vendo tô amanhã você terá um outro documento um outro nome você não mais morará em Fortaleza não será mais presidente do DCE e você vai entrar na clandestinidade Foi aí que eu vim para São Paulo em Julho de 70 eu me desloquei para o Araguai AIC numa opção de resistência armada à ditadura militar a Guerrilha se estabeleceu às margens do Rio Araguaia numa região conhecida como Bico do Papagaio entre os Estados do Pará e Maranhão e do atual [Música] Tocantins foi uma operação monstruosa chegaram a colocar de 15 a 20. 000 militares lá a região foi totalmente ocupada ao todo éramos 70 companheiros n guilha companheiros e companheiras a maioria dos companheiros morreram até hoje só duis companheiros que morreram foram localizados vim para Brasília no dia 21 de abril de 72 com capuz na cara no setor militar urbano fiquei no pique durante 9 meses in comunicável E aí eu vim para São Paulo em São Paulo eu passei por todos os presídios aqui e terminei em for completando os 5 anos de prisão política isso aqui a gente fazia também de lá ó que nossa amizade fojado em condições adversas e fruto da luta do povo pela Liberdade e Independência Se fortaleça e crie raízes sólidas para que um dia possamos todos nós encontrar em Nossa pátria livre a memória é Libertadora e é revolucionária que a memória tá vinculada ao presente futuro o passado não passa quando ele é esquecido nós tivemos uma transição por cima que não aflorou tudo que tinha acontecido naquele período não é por acaso que parece que a história se repete de forma trágica vem o 8 de janeiro e o 8 de janeiro é uma intentona golpista que tenta fazer a ponte a ligação com aquilo que não foi resolvido dos anos 70 pros anos 80 Angela Mendes também participou da Resistência foi da organização revolucionária marxista política Operária apol numa das reuniões da organização conheceu o jornalista luí Eduardo merlino eu conheci ele ele me conheceu nós Nos olhamos e nos apaixonamos com A5 e o aumento da repressão Ângela e Lu ganharam novos nomes ele passou ser chamado de Nicolau e ela thí no fim de 1970 o casal viaja para a França para um estágio com a quarta internacional uma organização socialista e daí aconteceu que nos últimos dias antes dele voltar várias pessoas tinham sido presas sido torturadas nessas últimas prisões acabou uma pessoa sendo torturada e que sabia o nome dele Angela ficou na França poucos dias depois de merlino chegar ao Brasil em 1971 ele é preso foi imediatamente levado cod dizem que foi torturado por 24 horas e a perna começou a gangrenar e acabou falecendo foi um dos momentos mais terríveis da minha vida luí Eduardo merlino tinha apenas 23 anos Ângela 32 até hoje ela e a família dele lutam na justiça para que o estado brasileiro e o Coronel ustra sejam responsabilizados pela morte do jornalista apesar de toda a dificuldade Ângela afirma que não desiste da luta pela memória do Companheiro essa luta não vai morrer comigo ela continua e continua por por todos os outros mortos e desaparecidos de quem não se conhece filho da senhora chama Nicolau por uma homenagem homenagem a Merlin para Ângela que dedicou boa parte da vida na luta contra o autoritarismo os protestos que aconteceram em São Paulo no último dia 25 de Fevereiro são reflexo dessa não prestação de contas com o passado manifestações que ganharam força em 2018 e que tomaram conta da porta dos quartéis em 2022 com faixas que pediam intervenção militar esse monstro Doo Ele sempre teve aí a Extrema direita aquela que defende a tosta as execuções sumárias dos pobres e dos pretos e outras violações dos Direitos Humanos Eles estiveram sempre aí bairro do Bom Retiro centro de São Paulo do antigo presídio Tiradentes por onde passaram centenas de presos políticos sobrou apenas um portal existia uma placa dizendo que aqui era o preso Tiradentes e fazia uma referência ao tombamento mas essa placa por ser de metal acabou sendo furtada e nunca foi substituída essa placa né agora do ponto de vista da história é triste mas ao mesmo tempo o fato de ter sobrado um portal ainda nos faz trazer a lembrança do que foi esse espaço e do apagamento que foi promovido durante ainda o período da ditadura sobre este lugar para ela assim como Angela a falta de memória fez com que a democracia tenha sido colocada em cheque o pouco de lugaras de memória e de política de memória que existem são frutos da resistência de familiares de expressos políticos familiares que ainda não enterraram o cor os corpos dos seus desaparecidos e a justiça é uma é uma um pressuposto de qualquer estado que se pretenda democrático Débora cordena a tentativa de transformar em museu um importante espaço na capital paulista o do COD Adriano Diogo passou por aqui no início dos anos 70 aqui era uma unidade do segundo Exército no começo as unidades de tortura eram aqui a viatura chegava em altíssima velocidade quando você chegava aqui os caras ou faziam corredor polonês Ou estavam tudo armado dando tiro pro ar quando eu cheguei o já tava muito nervoso ele me atendeu aqui tem dois tipos de tortura um para tirar informação o outro é de castigo tem hora que eles não te perguntam por nenhuma só te torturam no começo você aguenta raciocinar depois era só pau pelo pau Adriano Diogo ficou 90 dias nesse espaço na época uma pequena cela o que que tinha aqui dentro era um cofre de Ferro não era tão grande que era um pré-moldado de Ferro era menor como que é pro senhor toda vez que o senhor entra aqui é uma emoção muito grande mas eu tô mais preparado né mas mesmo Senhor se preparando todo dia quando eu perguntei agora pro senhor senhor se emocionou Lógico você imagina o que eu vi aqui eles matavam gente aqui no pátio o dia que Alexandre foi preso dia 17 eles mataram três meninos aqui no pátio que eles prenderam na Rua Caquito na Penha Imagino que eles matavam gente aqui bem-vindo à Casa do Terror aqui acontecia de tudo que você puder imaginar aqui era o desmanche primitivo Quando eles [Música] começaram é isso aqui esse horror aqui não mudou muito ao percorrer os corredores do antigo Edifício Adriano vai Relembrando de histórias e dos companheiros assassinados Estavam todos reunidos e o ustra Onde você tá e os todosos militares tudo paisan na loja você fazia teatro não fazia você lembra daquela japonesinha você gostava muito dela né gostava falei eu realmente gostava assim minha amigaa fazia letras Você acredita que ela morreu morreu era guerrilheira F quer ver a foto delais as fotos da menina decaptada costurada contada falou assim conta para eles lá o que aconteceu conta para ele memória é um direito de um povo todo povo deve ter o direito à memória a verdade é quando essa memória é reconhecida a memória é dos oprimidos a verdade é dos opressores agora a justiça essa nós nunca alcançamos lá no [Música] Brasil que as estrelas te iluminem que a vida te seja leve que tua mesa seja farta que tuas dores Sejam breves é no palco que DCE D voz aos sentimentos que a natureza te seja grata que tenha sempre o coração generoso que possa sempre fazer o bem e sobreviver ao mal o teatro ele tem mais de 10. 000 anos e ele sempre foi perseguido e nem assim o teatro deixou de desistir em 1970 A Dulce foi presa ela fazia parte do partido Operário revolucionário troquinha tamanho nas paredes excremento sangue e eu me deitei Eu sempre tive uma mania de encolher sabe ficar na posição fetal de lado e eu papi E aí eu li É preciso que a palavra amor seja a primeira escrita para que me faça companhia agora e seja companheira amanhã de quem precise dela Tiago de mel Dulce foi solta Depois de alguns dias e fez parte da criação do teatro jornal era arte como forma de resistência até hoje a atriz faz oficinas inspiradas no formato de atuação not o teatro de Dulce leva o nome de sua professora Guariba morta pela ditadura em 73 tive esse compromisso comigo e com ela entendeu e com a história quando eu dou o nome dela eu tô dando o nome de todos os [Música] desaparecidos asas que trancaram Dulce outros presos políticos no departamento de ordem polí social agora se abrem para mostrar esse passado de repressão a sede do dops de São Paulo se tornou num dos mais importantes memoriais do Brasil muitas expresas e expresos falam desse pacto do silêncio que é um pacto da Tortura é um pacto daquilo que não é dito é um pacto da violência Então na hora que a gente cala essas violências a gente não consegue superar então a noção de memória justiça e verdade é também uma noção de reparação e essa preparação ela nunca é individual ainda que seja um indivíduo mas a gente tem que entender que ela foi feita num contexto da sociedade segundo dados da secretaria especial de direitos humanos pelo menos 50.
000 pessoas foram presas nos primeiros meses da ditadura militar 20. 000 passaram por torturas quando um familiar de um morto no desaparecido político demanda que o estado reconheça a morte reconheça que aquele corpo desapareceu não é só uma demanda individual é demanda da sociedade para que a gente tenha um país realmente democrático [Música] né a repressão foi estruturada e se espalhou pelo Brasil oio Grande do Sul recebeu dezenas de instalações locais for documentados desde o presidente da repúbl ministros senadores deputados militares foram para o Uruguai cerca de 5. 000 Brasil foram por Uruguai e se montou aqui um aparato repressivo para cuidar para fazer essa vigilância da movimentação na fronteira o movimento de justiça e direitos humanos tenta dar visibilidade a esses espaços em Porto Alegre foram instaladas nove placas chamando a atenção do público nós que somos uma organização privada é que estamos fazendo aquilo que o estado deveria fazer como não F nós fizemos provocamos Com todas essas dificuldades Brasil Bolívia Argentina Uruguai países que enfrentaram ditaduras e que cada um a seu modo presta contas desse passado o museu da memória e dos direitos humanos em Santiago no Chile é uma referência no continente aquos que ser perseguidos porqueo horas presente [Música] o objetivo principal é da visibilidade e dignidade à vítimas e a seus familiares não apenas aos que foram executados e são desaparecidos por exemplo mas também a todos que lutaram que resistiram e dar visibilidade em maior medida a essas vidas que foram tão difíceis durante esse período e também para que as novas gerações conheçam para que nunca mais algo assim aconteça um mapa interativo mostra os mais de 190 memoriais existentes no Chile nossas duas ditaduras no Chile no Brasil foram parte da operação cond dor assim como aconteceu em outros países como Uruguai Paraguai e Argentina nessas ditaduras de direita militares atuaram em conjunto eu acho importante que hoje como sociedades democráticas trabalhemos juntos também para mostrar em toos os países centro do Rio de Janeiro parte da história da ditadura passa por essas ruas em especial num restaurante frequentado pelos estudantes secundaristas que ficou conhecido como calabo é março de 68 então é o grande início desse ano né com o assassinato do Luiz culmina em dezembro com a edição do A5 é um ano de muito enfrentamento estudantil com a ditadura é um ano dos grandes protestos da passeata dos 100.
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