Você já deve ter ouvido que a Selic é a taxa básica de juros da economia. Que ela é definida pelo Banco Central. E que ela é usada para controlar a inflação.
Nesse vídeo a gente vai te explicar como realmente funciona isso tudo em 4 pontos. Primeiro, o que é a Selic? Todos os dias, pessoas depositam e sacam dinheiro nos bancos.
Dependendo do que foi maior no dia, o volume de depósitos ou de saques, no fim do expediente, um banco fica com dinheiro sobrando ou faltando em caixa. Não é que ele fique no negativo: há um mínimo obrigatório que deve ficar parado no caixa. Mas, quando falta dinheiro, os bancos costumam pegar um empréstimo de um dia com os outros bancos.
E, na hora de devolver, pagam uma diferença: os juros. A taxa usada para calcular os juros dessas operações é a chamada taxa Selic. Isso porque os bancos oferecem como garantia títulos do governo.
Que pagam essa mesma taxa Selic. O nome vem do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Que é o lugar onde ficam registrados esses papéis. Como a Selic é definida?
É comum dizer que o Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, define a Selic. Mas o que ele define, na realidade, é uma meta para a Selic. O Banco Central não impõe por decreto a taxa a ser seguida.
O que ele faz, na verdade, é comprar ou vender títulos para influenciar o mercado. Por exemplo: Digamos que um título público custa hoje no mercado R$ 800 e promete pagar R$ 1. 000 daqui a um ano.
Isso quer dizer que os juros desse título são de R$ 200, ou 25% em um ano. Se o Banco Central quer fazer essa taxa subir, ele aumenta a oferta de títulos no mercado. Pela lei da oferta e da demanda, o preço cai.
Passa, digamos, para R$ 700. Aí, todo mundo compra porque, afinal, está mais barato. Assim, aumenta a diferença entre o dinheiro investido e o que vai ser recebido no futuro.
Ou seja, aumentam os juros. O Banco Central induz assim uma nova taxa Selic - mais alta. Mas se o Banco Central quer baixar a taxa, ele vai ao mercado e compra títulos.
Aumenta a demanda e o preço sobe. Passa, digamos, para R$ 900. Os novos juros, portanto, vão ficar mais baixos (10% ao ano) Por que a Selic afeta a sua vida?
Uma premissa básica do mercado é que a taxa de juros varia de acordo com o prazo e com o risco de inadimplência de um empréstimo. Quanto mais longo o empréstimo e quanto menos certeza o credor tem sobre a possibilidade de ver seu dinheiro de volta, maior é a taxa de juros cobrada. Um empréstimo de um dia de um banco para outro, lastreado em títulos públicos, é uma operação de baixíssimo risco.
Por isso a Selic é chamada de taxa básica da economia. O banco usa essa taxa para calcular os empréstimos mais arriscados Sobe a Selic, sobem todas as outras taxas. Cai a Selic, as outras também caem.
A taxa do seu empréstimo no banco é necessariamente muito maior que a Selic. Você não pode dar a garantia do Tesouro Nacional. E seus empréstimos não são de um dia só.
Por último, como a Selic influencia a inflação? No Brasil, a taxa Selic é o principal mecanismo de controle da inflação. De uma forma simplificada, funciona assim.
O dono de uma loja tem dez bicicletas. À vista, elas custam R$ 1. 000 cada uma.
Num cenário em que a economia vai bem e os que juros estão baixos, existem 15 pessoas na vizinhança dispostas a pegar empréstimo para comprar uma bicicleta. O dono da loja então tem um incentivo para aumentar o preço. Ele vai cobrar o máximo que puder até ter dez compradores para as dez bicicletas.
Esse aumento, quando acontece em vários setores da economia, é chamado de inflação. Quando o Banco Central sobe os juros, aumentando a taxa Selic, os financiamentos ficam mais caros, e isso desestimula o consumo das famílias e os investimentos das empresas. Com juros mais altos, a bicicleta de R$1.
000 vai sair, por exemplo, em 12 parcelas de R$100. Aí, em vez de 15 pessoas querendo comprar, só vai ter oito. Se falta comprador, o dono da loja não tem motivo algum para aumentar o preço.
Pode até ter que diminuir. É assim que o Banco Central usa a taxa Selic para controlar a inflação.