Você Conhece a Verdadeira Origem dos Orixás na África?

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Você conhece a verdadeira origem dos orixásis na África? Você já parou para pensar de onde realmente vieram os orixásis? Será que o que conhecemos aqui no Brasil é fiel à origem africana?
Ou será que no caminho entre a África e o Brasil alguns mistérios se perderam e outros foram criados? A verdade é que os orixais têm raízes profundas na história espiritual do povo africano, mas o que muita gente não sabe é que essa origem é muito mais complexa, rica e até contraditória do que parece. E quando essa sabedoria chegou aqui, ela não veio sozinha, veio misturada a outras energias, crenças e até imposições.
É por isso que hoje quando falamos em umbando ou candomblé, estamos falando de algo muito além de uma simples ou tradição africana. Neste vídeo a gente vai mergulhar nesse mistério. Vamos descobrir como os orixásis surgiram na África, como foram cultuados por séculos e o que aconteceu quando essa energia atravessou o oceano.
Fica comigo até o fim, porque a última parte vai te revelar algo que quase ninguém fala, mas que muda completamente a forma como você enxerga a presença dos orixais no Brasil. Já deixa seu like e se inscreve no canal para fortalecer esse trabalho e espalhar essa sabedoria ancestral. Tópico um.
E o que são os orixais e onde tudo começou? Você já se perguntou o que exatamente são os orixais? Muita gente imagina que eles são como santos africanos ou até mesmo deuses, mas a verdade é bem mais profunda, se bem mais bonita também.
Os orixásis são, antes de tudo, divindades da natureza. Cada um representa uma energia específica do universo, uma vibração da criação. Mas mais do que isso, eles também são arquétipos humanos com histórias, virtudes e desafios que nos ensinam a viver em harmonia com a natureza e com a coletividade.
Essa visão não nasceu no Brasil. Ela tem raízes profundas no continente africano, especialmente entre o povo yorubá, que habita regiões da Nigéria, Benim e Togo. É ali que começa a história dos orixais.
Segundo os ensinamentos da tradição yorubá, o mundo foi criado por um ser supremo chamado Olodo Marê, que delegou aos orixásis a organização do universo, da natureza e da sociedade. Ou seja, os orixais não são deuses isolados, mas emissários da vontade divina e da ordem cósmica. Quem traz essa explicação de forma clara é o antropólogo e fotógrafo Pierre Verger em sua obra clássica Orixis em deuses y orubais na África e no novo mundo.
Verder viveu muitos anos na África Oal e no Brasil, mergulhando profundamente na religiosidade e documentando suas práticas com uma riqueza de detalhes que virou referência mundial. Para ele, entender os orixásis é também entender uma outra maneira de ver o mundo, som de tudo é interligado, tudo tem alma e tudo vibra em conexão. Os orixais estão ligados aos elementos da natureza de Xangô ao trovão, Iançã ao vento, Emanjá ao mar, Ochós Matas, Ogum ao ferro e à guerra e por aí vai.
Mas cada um deles também representa aspectos do comportamento humano. Isso significa que cultuar um orisha é ao mesmo tempo se reconectar com a natureza e também com partes de si mesmo. É um caminho de equilíbrio, de autoconhecimento e de reconexão com a ancestralidade.
Outro ponto importante é que os orixais não aparecem isoladamente. Eles fazem parte de um panteão estruturado com relações de parentesco, rivalidade e aliança. Por isso, suas histórias, seus chamados o itan, os mitos jorubais são fundamentais para entender a dinâmica espiritual e social da religião.
Esses mitos que sempre foram transmitidos oralmente não são só contos simbólicos. Eles funcionam como guias éticos e existenciais para quem caminha na fé dos orixais. O estudioso nigeriano Vand Abimbola, um dos maiores especialistas vivos em Ifá, a tradição espiritual eubá, destaca que esses mitos ensinam sabedoria prática.
Como lidar com o sofrimento, como tomar decisões, como entender os ciclos da vida. É uma pedagogia espiritual baseada na natureza, na observação e na experiência. Além disso, o culto aos orixásis é profundamente comunitário.
Ele não acontece isoladamente dentro da cabeça de cada um. É nos rituais, nas danças, nas oferendas e nas palavras cantadas que os orixás se manifestam. É ali que a comunidade se conecta com essas energias e se fortalece como grupo, como linhagem, como povo.
Por isso, os terreiros de África, chamados de Leorichá, são espaços de profunda vivência espiritual e também de resistência cultural. E aqui vale um ponto essencial. E diferentemente das religiões ocidentais, que muitas vezes se baseiam em livros escritos e doutrinas fixas, as religiões de matriz africana se baseiam na oralidade e na experiência direta.
Não é à toa que, como lembra a antropóloga Joana Elben dos Santos, os rituais africanos não se explicam, se vivem. É dentro da roda, do toque do tambor, do transe que se compreende o sagrado. Então, quando a gente fala de mistérios dos orixais, não estamos falando apenas de segredos ocultos ou misticismos distantes.
Estamos falando de uma espiritualidade viva, dinâmica, conectada com a Terra, com o corpo, com o tempo e com a comunidade. Estamos falando de uma forma de sabedoria que sobreviveu a séculos de opressão e ainda pulsa nos terreiros do mundo todo. Agora, talvez você esteja se perguntando se os orixás são tão vivos e fortes na África, como será que eles chegaram até aqui no Brasil?
E mais, será que o que vivemos hoje nos terreiros é fiel à tradição original? Ou será que houve mudanças, adaptações, até mesmo distorções? É sobre isso que vamos conversar no próximo tópico.
E aí, você já conhecia essa visão mais profunda sobre os orixais? Tem alguma dúvida ou vivência para compartilhar? Escreve nos comentários.
Quero saber como essa história te toca. Tópico dois, a tradição em Orubá, vestrutura, culto e valores. Quando falamos em orixais, não dá para entender de verdade, sem conhecer a estrutura religiosa e cultural que sustenta esse culto na África.
Entre os orubais, tudo está conectado por uma lógica ancestral e profunda, onde o mundo espiritual e o mundo material convivem em perfeita harmonia. Os orixásis são o elo entre esses dois planos. Ti oculto a eles é, na verdade, uma forma de manter essa conexão viva e equilibrada.
O sistema religioso Yorubá é conhecido como Ifá e se baseia no princípio de que cada pessoa nasce com um destino, uma missão, uma energia própria chamada de Ori. O ori é, segundo os ensinamentos de Fá, mais importante até do que o próprio Orixá que acompanha a pessoa. Isso porque o ori representa consciência individual, o centro da vontade, aquilo que guia cada ser humano pelas estradas da vida.
O culto faz gira em torno da figura dos babalaus, que são os sacerdotes do oráculo de Fá. São eles que, por meio da consulta ao oráculo chamado Pom e Fá, conseguem decifrar os caminhos espirituais das pessoas, revelando quais orixás estão ligados àquela alma, quais energias precisam ser equilibradas e quais rituais devem ser feitos para restaurar a harmonia. É um sistema completo, filosófico e ritualístico que envolve matemática, poesia, mitologia e ética.
O autor Van de Abimbola, que além de estudioso é também Babalaó, explica que o oráculo de Fa é composto por 256 odus, que são combinações sagradas de sinais, e cada um deles carrega um conjunto de histórias, ensinamentos e orientações. Ou seja, estamos falando de um verdadeiro código espiritual que funciona como uma biblioteca viva da sabedoria ancestral africana. Quando alguém consulta Efá, não está apenas buscando uma resposta, se está se reconectando com os fundamentos do seu próprio destino.
Dentro dessa tradição, os orixais não são apenas entidades espirituais, eles também são ancestrais divinizados, figuras históricas que viveram em tempos remotos e que, por sua sabedoria e poder, se tornaram energias cultuadas. Esse aspecto é muito importante porque mostra como a espiritualidade yorubá está enraizada na vida cotidiana. Os orixais têm histórias, sentimentos, escolhas e suas narrativas nos ajudam a entender os dilemas humanos samor, guerra, justiça, maternidade, fertilidade, sabedoria, etc.
O culto tradicional é marcado por rituais precisos. Cada orixá tem suas cores, comidas, ritmos, danças e formas de saudação. As festas são comunitárias, envolvem música ao vivo com instrumentos sagrados como os tambores Batá, e são regidas por sacerdotes e sacerdotisas que passaram por iniciações longas e rigorosas.
Como afirma a pesquisadora Joana Elben dos Santos, essas cerimônias são mais do que celebrações, são atualizações do sagrado, momentos em que o divino se faz presente no corpo da comunidade. Um aspecto que chama a atenção é a forma como os orixais são chamados à Terra. Isso acontece por meio da incorporação ritual, um fenômeno que exige preparo, respeito e uma relação íntima entre o iniciado e a divindade.
Não é qualquer um que incorpora um orixá se isso acontece dentro de um processo longo que envolve ritos de passagem, aprendizado e consagração. O corpo que recebe o orixá é tratado como templo e os gestos da divindade são observados com reverência e atenção. Outro ponto essencial do culto tradicional é a hierarquia religiosa, que garante a transmissão do saber e a continuidade dos ritos.
Cada sacerdote ou sacerdotisa pertence a uma linhagem específica e os conhecimentos são passados oralmente, de geração em geração. Não existem manuais, nem fórmulas prontas. A tradição é viva, moldada pela experiência dos mais velhos e pela escuta dos ancestrais.
É por isso que a palavra aché o que significa energia sagrada em movimento, se é tão importante, bela é o que garante que o saber flua, se atualize e continue. O filósofo e historiador Nei Lopes, em sua vasta obra sobre culturas africanas e afro-brasileiras, destaca que o sistema religioso iorubá não é apenas espiritual, mas também social. Ele organiza a vida das comunidades, ensina valores como o respeito, a reciprocidade, a coletividade e o equilíbrio.
Cada orixá traz uma lição de conduta. Sogu ensina coragem, Oxum ensina doçura, Shangu ensina justiça e assim por diante. Por fim, é importante dizer que mesmo dentro da África existem variações no culto aos orixais.
Cada aldeia, cada família, cada território pode ter uma forma particular de reverenciar suas divindades. Isso não enfraquece a tradição, salo contrário, mostra sua pluralidade e adaptabilidade. A espiritualidade yorubá não é dogmática.
Ela se molda ao tempo, ao espaço e à experiência. E é justamente essa capacidade de adaptação que permitiu que os orixais cruzassem o oceano e sobrevivessem no Brasil. Mas será que o que chegou aqui foi exatamente o que existia lá?
Ou será que essa espiritualidade passou por transformações profundas ao longo do caminho? O que mais te surpreendeu nessa estrutura religiosa? Já conhecia o culto de Ifá?
Deixa nos comentários. Quero ouvir a sua visão. Tópico três.
Da África ao Brasil, a travessia e a resistência espiritual. A presença dos orixais no Brasil não é fruto de uma expansão voluntária como foi com outras religiões no mundo. Ela é consequência direta de uma das maiores tragédias da humanidade do tráfico transatlântico de africanos escravizados.
Estima-se que mais de 4 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil entre os séculos X e X, se com eles vieram suas línguas, saberes, costumes e, claro, sua espiritualidade. Boa parte desses africanos era de origem orubáos, conhecidos no Brasil como nagos, mas também vieram pessoas das ednias J, Bantu, entre outras. Cada uma delas trazia suas próprias divindades, cosmologias e formas de culto.
E foi no caldeirão brutal da escravidão que essas tradições começaram a se misturar, a se proteger e a resistir. A religião, nesse contexto não era apenas fé, se era estratégia de sobrevivência. O historiador e sambista Nei Lopes explica em sua obra bantos, leis e identidade negra, o que os africanos escravizados usaram a espiritualidade como forma de preservar sua identidade e manter algum controle sobre a própria existência.
Mesmo proibidos de praticar seus rituais e obrigados a se converter ao catolicismo, eles encontraram formas criativas de disfarçar seus cultos dentro da aparência da religião dominante. Foi aí que surgiu o chamado sincretismo religioso. Vos orixais foram associados a santos católicos com características parecidas.
Por exemplo, Yeman já foi ligada a Nossa Senhora dos Navegantes, Ogum a São Jorge, Oxó a São Sebastião e por aí vai. Essa estratégia permitiu que os rituais continuassem sendo feitos, mesmo sob vigilância, mantendo viva a presença dos orixásis no cotidiano dos terreiros e das cenzalas. Mas é importante dizer que o sincretismo não foi uma fusão pacífica e espontânea, como às vezes se romantiza.
Foi uma resposta à violência colonial, à repressão e a tentativa sistemática de apagar a cultura africana. O antropólogo Reginaldo Prand, em seu livro O Mitologia dos orixais, mostra que o sincretismo foi uma resistência silenciosa, uma forma de burlar o controle e preservar o sagrado. Os orixais nunca deixaram de ser orixais, se eles apenas usaram outras vestes para continuar existindo.
E mesmo com essa estratégia, o culto aos orixais enfrentou perseguições pesadas. Durante séculos, as religiões de matriz africana foram consideradas feitiçaria, crime ou superstição. Terreiros foram invadidos, objetos sagrados destruídos, líderes religiosos presos.
Ainda assim, a fé resistiu. Ela se reinventou nas comunidades quilombolas, nos fundos dos quintais, nas festas populares e nas práticas cotidianas que misturavam reza, samba, ervas e ancestralidade. O antropólogo Roger Bastid, que estudou profundamente as religiões afro-brasileiras no século XX, dizia que o Brasil é o único país do mundo onde a África renasceu religiosamente.
Isso porque, mesmo com todas as adaptações, os orixais mantiveram sua energia, sua simbologia e seu papel central na vida espiritual de milhões de pessoas. Eles continuaram sendo guias, protetores, espelhos da alma humana. E foi nesse ambiente de opressão e resistência que surgiram as primeiras casas de santo, também chamadas de terreiros.
Esses espaços se tornaram verdadeiros santuários da ancestralidade, onde o saber era preservado com cuidado e transmitido de boca a ouvido. As mães e pais de santo não eram apenas líderes espirituais, se eram guardiões da memória africana, educadores, curadores e líderes comunitários. Vale lembrar também o papel das mulheres negras nessa preservação.
Muitas mães de santo foram as grandes responsáveis por manter os rituais vivos, mesmo diante da perseguição e do preconceito. Elas passavam o saber adiante, cuidavam da comunidade e defendiam o aché com coragem. A pesquisadora mãe Stella de Ochossei, uma das figuras mais respeitadas do candomblé da Bahia, sempre enfatizou que os terreiros foram e ainda são espaços de luta e dignidade.
A travessia da África ao Brasil, portanto, não foi apenas uma viagem fortalecida de corpos, foi também uma travessia espiritual em que os orixásis se fizeram presentes mesmo nos momentos mais sombrios. Eles vieram com seus filhos e filhas, cruzaram o Atlântico com eles e seguiram protegendo, guiando, curando. E assim, mesmo em terras distantes, o tambor não se calou, a energia não se apagou.
Mas é claro que ao chegar aqui, muita coisa mudou. A espiritualidade africana não foi transplantada intacta, ela foi transformada, ressignificada, reinterpretada. E dessas mudanças nasceram as religiões afro-brasileiras que conhecemos hoje, com suas próprias identidades, símbolos e caminhos.
No próximo tópico, vamos mergulhar nessas transformações. Como o culto aos orixais virou candomblé e depois como influenciou e se adaptou à Umbanda. Você conhecia essa história de resistência dos orixás no Brasil?
Já viu sincritismos no seu terreiro ou na sua vivência? escreve nos comentários. Vamos construir esse saber juntos.
Tópico quatro. Scandona, vorixais em Nova Terra. Quando os orixásis chegaram ao Brasil com os africanos escravizados, eles não vieram sozinhos.
Junto com eles vieram cosmologias, formas de ver o mundo, técnicas de cura, organização social e espiritualidade viva. Mas aqui encontraram um novo terreno, outro clima, outras línguas, uma nova configuração social. Se, claro, uma pressão imensa para desaparecer, mas eles não desapareceram, eles se transformaram.
E dessas transformações nasceram duas das maiores expressões religiosas do Brasil, Lucandomblé e a Umbanda. O candomblé é a religião que mais se aproxima das práticas tradicionais africanas. Ele nasceu principalmente nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro, nas primeiras comunidades de africanos libertos e seus descendentes.
No candomblé, os orixais continuam sendo cultuados em rituais específicos, com danças, cantos em orubá outras línguas africanas, sacrifícios rituais e incorporações. É uma religião iniciática, com rituais complexos e uma hierarquia muito bem definida. O sociólogo Reginaldo Prand, em seu livro Os Segredos Guardados, afirma que o Candomblé conseguiu manter viva a grande parte da estrutura original africana, apesar das perseguições.
Isso se deve à dedicação de comunidades que trataram o culto aos orixais como herança sagrada. Nos terreiros, o tempo é diferente. Não é o relógio que manda, mas o ritmo da natureza, do corpo, do tambor e do aché.
É ali que os orixás dançam, cantam e ensinam. como se o Brasil tivesse se tornado uma extensão espiritual da África. No entanto, à medida que o Brasil ia se tornando um país urbano, missigenado e religiosamente diverso, outras manifestações começaram a surgir, se foi assim que nasceu a Umbanda no início do século XX.
A Umbanda é uma religião brasileira nascida aqui, que reúne elementos do espiritismo cardecista, do catolicismo popular, das religiões afro-brasileiras e até das filosofias indígenas. E sim, os orixais estão lá também, mais de um jeito bem diferente. Na Umbanda, os orixásis são vistos mais como energias cósmicas e não tanto como divindades antropomorfizadas.
Eles não costumam incorporar diretamente. Quem incorpora são os guias espirituais, como os pretos velhos, cabôlos, exus e crianças. Os orixais funcionam como linhas de trabalho ou campos de energia que organizam esses guias.
Por exemplo, um cabôclo pode trabalhar na linha de Oxosse e um preto velho pode vir na vibração de Obalua. Essa mudança não é uma traição à tradição africana, é uma releitura, uma nova maneira de acessar essas mesmas energias adaptadas ao contexto brasileiro urbano, espiritualista e missigenado. A Umbanda fala a língua do povo, lida com os problemas do cotidiano e se organiza de forma mais aberta e menos hierarquizada que o candomblé.
Por isso, cresceu muito rápido e conquistou um espaço importante na religiosidade popular. Segundo a historiadora Kelly Silva, a Umbanda representa um ecossistema espiritual brasileiro, onde convivem não apenas os orixais, mas também entidades indígenas, cristãs e espíritas. Isso faz com que ela seja muitas vezes criticada por puristas, mas também celebrada por sua capacidade de acolhimento e adaptação.
Afinal, espiritualidade também é transformação se os orixais sempre souberam como se mover entre mundos. Mesmo assim, é importante dizer que nem todos os umbandistas cultuam os orixásis da mesma forma. Em algumas casas, eles aparecem apenas como nomes simbólicos.
Em outras, são invocados com cânticos africanos. E há ainda quem confunda orixá com guia espiritual, su mostra o quanto o conhecimento sobre o assunto ainda é fragmentado. Por isso, estudar e conversar sobre esses temas é tão importante.
No livro Encantaria Brasileira, o escritor e pesquisador Luís Antônio Simas aponta que o Brasil é um país onde os deuses só descem do céu e se sentam no banco da praça. Aqui o sagrado é vivido no corpo, na música, no gesto. É por isso que Oxun pode estar presente tanto num ritual de candomblé com toques africanos, quanto numa gira de umbanda com flores amarelas e pontos cantados em português.
O importante é o aché sa vibração que se manifesta ali. Muita gente pergunta, mas qual é a forma certa de cultuar os orixais? E essa pergunta, embora compreensível, parte de uma ideia que talvez não se aplique a essas religiões.
Porque aqui o sagrado não é fixo, ele dança, ele se adapta. O importante não é repetir rituais a risca, mas sim manter a conexão viva, o respeito, o aprendizado e a ancestralidade em movimento. Portanto, tanto o candomblé quanto a Umbanda são formas legítimas de relação com os orixais, cada uma com sua linguagem, seu estilo, sua proposta, uma não inválida a outra.
Elas mostram como a energia dos orixais é ampla, versátil e capaz de atravessar fronteiras culturais, sociais e espirituais. Mas isso levanta uma questão que precisa ser olhada com carinho. Será que com tantas mudanças ainda podemos dizer que os orixás cultuados no Brasil são os mesmos da África?
Ou será que eles se tornaram outros com nomes iguais, mas sentidos diferentes? E para você, qual foi sua experiência com os orixás na Umbanda ou no candomblé? Tópico cinco.
E a diferença entre os orixás africanos e os brasileiros? Essa talvez seja uma das perguntas mais delicadas e mais importantes quando falamos sobre os orixásis no Brasil e eles são os mesmos que os da África. A primeira vista, a resposta parece simples, e sim, são os mesmos nomes, os mesmos mitos, as mesmas associações com a natureza.
Mas basta olhar com mais atenção para perceber que a forma como esses orixás são vivenciados aqui é bastante diferente. E essa diferença não é um erro, se é um reflexo de tudo o que o povo negro passou neste país. Na África, o culto aos orixais está profundamente ligado à territorialidade.
Cada divindade tem um local específico de culto, um povo que a cultua, uma genealogia precisa. Ogunirê não é o mesmo que Ogun de Fé. Oxum de Ozogbo tem um mito diferente da Oxun de Jexá.
Isso mostra que os orixais africanos são diversos dentro da própria África, com identidades moldadas pelo ambiente, pela história local e pela linhagem dos sacerdotes. No Brasil, esse panorama foi dramaticamente modificado. Os africanos escravizados foram misturados propositalmente pelos colonizadores para dificultar a comunicação e a organização dos cativos.
Com isso, pessoas de diferentes etnias e tradições religiosas se viram fortalecidas a recriar uma espiritualidade comum, se foi daí que nasceu o candomblé, como conhecemos. Ou seja, os orixais brasileiros são fruto de uma síntese ritual e simbólica feita em condições de extrema violência e necessidade de preservação. O antropólogo Reginaldo Prand, um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, explica que os orixais no Brasil foram ressignificados, seus rituais foram adaptados.
suas histórias simplificadas e sua estrutura modificada para funcionar dentro do contexto de um país escravista e posteriormente cristianizado. Isso não diminui a profundidade do culto, se apenas mostra que ele é outro, com raízes africanas, mas com identidade própria. Um exemplo claro é o de Exu.
Na África, Exu é um dos orixais mais cultuados, mensageiro entre os mundos, senhor da comunicação e do movimento. No Brasil, por influência do cristianismo, ele foi muitas vezes confundido com o diabo su que gerou uma enorme distorção da sua imagem. Só nas últimas décadas, com mais informação e estudo, Exu vem sendo redescoberto como aquilo que realmente é uma energia fundamental, inteligente e necessária no equilíbrio da vida.
Outro exemplo é Oxum. Na África, ela é vista como uma deusa da fertilidade dos rios, com aspectos complexos que vão desde a sensualidade até a guerra. No Brasil, muitas vezes ela foi reduzida à imagem de uma mãe doce e romântica, perdendo parte de sua energia combativa e seu aspecto de divindade da justiça.
Essas mudanças mostram como o imaginário coletivo influencia, se às vezes limita a forma como os orixais são compreendidos. A pesquisadora Joana Elbind Santos lembra que no Brasil os orixais foram traduzidos ou não apenas nas palavras, mas também nas emoções. Eles passaram a ser sentidos de forma diferente, muitas vezes dentro de uma lógica mais emocional e menos cosmológica.
Isso pode ser visto como uma perda? Talvez sim, mas também pode ser visto como um processo de recreação, de resistência cultural e de espiritualidade viva. Já no caso da Umbanda, como vimos no tópico anterior, os orixais foram ainda mais simbólicos.
Muitos deles não têm rituais próprios, mas são referências energéticas. Em vez da presença direta dos orixais, temos entidades que o trabalham na vibração de cada um deles. Isso gera confusões frequentes.
E tem gente que pensa que um cabôlo é um orixá ou que preto velho é uma entidade africana. Na verdade, são manifestações distintas, com origem e função diferentes, mas que convivem dentro do mesmo sistema espiritual. O escritor Luís Antônio Simas costuma dizer que no Brasil os orixais ganharam o corpo brasileiro.
Eles passaram a falar português, a comer comidas daqui, a vestir-se com símbolos que fazem sentido neste chão. Isso não é um problema. Isso é identidade, é transformação viva, é o modo como os orixais escolheram continuar presentes na vida do povo negro e do povo brasileiro como um todo.
Ainda assim, é importante estudar, pesquisar, conversar com sacerdotes e mestras que dedicaram à vida a esse saber. Porque sem conhecimento a gente corre o risco de misturar tudo e acabar esvaziando o sentido profundo de cada coisa. É possível amar a Umbanda e respeitar o candomblé.
É possível ser um bandista e aprender sobre Ifá. O que não dá é para repetir sem questionar ou ignorar que por trás de cada canto tem uma história, uma dor, uma ancestralidade. Então, será que os orixás brasileiros são ou menos autênticos que os africanos?
Claro que não. Eles são diferentes. São orixais moldados pela travessia, pela dor, pela resistência e também pela criatividade.
Eles são prova viva de que o sagrado não morre se ele se reinventa. E é por isso que hoje milhões de pessoas seguem dançando, cantando e se fortalecendo com o aché dessas entidades aqui mesmo nesta terra. E agora que você já conhece a origem, a trajetória e as transformações dos orixais, uma pergunta fica no ar.
Do que será que ainda não sabemos? Que outros segredos os orixais trouxeram da África e que talvez ainda estejam guardados esperando o momento certo de serem revelados? E você, o que pensa sobre essas diferenças?
Acha que os orixás no Brasil mantém sua essência? Compartilha a sua visão nos comentários. Vamos continuar esse aprendizado juntos.
Os orixais não mudaram, eles se transformaram com a gente. Agora que você caminhou com a gente por essa jornada da África ancestral aos terreiros do Brasil, já dá para perceber que os orixais não são apenas entidades religiosas. Eles são histórias vivas, energias em movimento, espelhos da alma coletiva do povo africano e afro-brasileiro.
Eles atravessaram oceanos, sobreviveram a perseguições, se vestiram de sincretismo, mas nunca deixaram de pulsar, nunca deixaram de dançar, de curar, de ensinar. O que vimos aqui não foi uma oposição entre orixásis africanos ou e orixais brasileiros, mas sim um ciclo de continuidade e reinvenção, um ciclo de resistência. de vida.
O candomblé preserva tradições milenares. A Umbanda cria pontes com o povo e o cotidiano. E os orixásis seguem presentes em cada um desses caminhos, irradiando sabedoria, ancestralidade e aché.
Mas agora fica uma nova pergunta. Será que ainda existem mistérios dos orixais que nunca chegaram ao Brasil? Saberes que ficaram nas aldeias, nas montanhas, nos rios africanos, esperando serem redescobertos?
Se esse tema te tocou, se despertou algo aí dentro, saiba que esse é só o começo. Curtiu esse mergulho na origem dos orixais? Então já deixa o like e se inscreve no canal, se isso ajuda muito o nosso conteúdo a chegar em mais pessoas e fortalecer a voz das religiões afro-brasileiras.
Compartilha nos comentários. Você já viveu uma experiência marcante com um orixá? Conhecia essas diferenças entre os cultos africanos e brasileiros?
Vamos construir essa conversa juntos. Manda esse vídeo para alguém que também ama a espiritualidade afro, seja para quem está começando na Umbanda ou para quem já vive o aché há anos, se esse conhecimento precisa circular. E não sai do vídeo agora, não.
Clica no card aqui na tela e assiste o próximo conteúdo do canal, onde a gente fala sobre a verdadeira função das oferendas aos orixais e o que acontece quando elas são rejeitadas. É um assunto que muita gente teme, mas que você precisa entender. Nos vemos lá.
Aché e até já.
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