Glória a Deus! E me faz até a certeza tão grande que eu escolhi o melhor. Senhor, que o Senhor me atraiu para o melhor. Eu fiz a melhor escolha! 10 de junho, à noite, era o dia de encontrar o Senhor aqui nessa Capela. Era o dia para ter o encontro contigo, Espírito Santo. É o dia que eu permiti que o teu Santo Espírito tocasse na minha vida e entrasse na minha casa. Aleluia! [Música] [Aplausos] Espírito! [Música] [Aplausos] Espírito, Espírito Santo de Deus! [Música] Espírito! [Música] Espírito, Espírito Santo. Nossa irmã tem uma palavra. Quando nós
começamos a orar, a palavra de ciência que o Senhor me traz é confiança. E aí eu pedi uma palavra ao Senhor. Me veio a palavra em Romanos 8:18: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada". Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Glórias a ti, Senhor! Glórias a ti, Senhor! Meus irmãos, eu queria chamar o padre José Eduardo para trazer a palavra para nós. Eu queria pedir que
nós estendêssemos as nossas mãos e pedíssemos o Espírito Santo de Deus sobre a vida do padre. Recebe, Senhor, o teu servo! Derrama, Senhor, o teu Santo Espírito sobre o homem de Deus que está diante de nós, de tudo que preparou, todo cuidado, todo zelo, Senhor, pela vida de missão, pela vida de padre. Seja agora submetida à vontade do Espírito Santo. Que agora a pessoa do padre Eduardo diminua, que o Senhor cresça, cresça, cresça! Espírito Santo, sopra o teu ar sobre a vida do Padre José Eduardo. Que as palavras sejam palavras que venham cortantes, alcançando o
nosso coração, nossos ouvidos, transformando as nossas vidas. E pedimos que Maria Santíssima seja doce companheira do Padre José Eduardo nessa pregação. Clamemos à nossa Mãe nesse lugar: Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém! Amém! Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém. Os queridos podem se sentar. Hoje nós vamos dar um ensino sobre o dom do discernimento de espíritos.
Em 1 Coríntios, no capítulo 12, aparece listado esse dom entre os dons espirituais. São Paulo diz a respeito dos dons do Espírito: "Irmãos, não quero que vivais na ignorância. Sabéis que, quando ainda éreis gentios, éreis conduzidos e levados para o culto dos ídolos mudos. Por isso, agora eu vos declaro que ninguém, falando pelo Espírito de Deus, vai dizer: 'Jesus seja maldito!' Como também ninguém será capaz de dizer: 'Jesus é o Senhor!' a não ser pelo Espírito Santo. Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o
mesmo. Há diferentes atividades, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada uma manifestação do Espírito em vista do bem de todos. A um é dada, pelo Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, é dada fé, pelo mesmo Espírito; a outro, são dados dons de cura, pelo mesmo Espírito; a outros, o poder de fazer milagres; a outros, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a diversidade de línguas; a outro, a interpretação das línguas. Todas essas coisas são realizadas
por um único Espírito, que as distribui a cada um conforme quer". São Paulo aqui está falando sobre o dom do discernimento dos espíritos, ou do discernimento de espíritos. Em que consiste este carisma? Eu não vou falar muito sobre o carisma em si, eu já vou explicar por quê. O carisma é uma graça dada por Deus de maneira totalmente unilateral. Ele dá a quem quer, do modo que quer, em função do ministério que essa pessoa exerce na igreja, em função do dom ministerial que lhe corresponde enquanto membro do Corpo de Cristo, em união com outros carismas.
Porque os dons do Espírito não são manifestações isoladas, é uma espécie de fórmula química em que esses nove dons se dão em medidas diferentes a cada um. O dom do discernimento de espíritos, portanto, é um desses carismas. Em que ele consiste? Ele consiste na percepção imediata de qual é o espírito que está operando: se é o Espírito de Deus, o espírito do homem, ou o espírito maligno. Por isso, ele tem este nome, discernimento de espíritos, porque são três os espíritos que podem atuar: o Espírito de Deus, o espírito do homem, ou o espírito maligno. O
dom do discernimento de espíritos, portanto, tem a ver com uma espécie de flagrante que as pessoas que possuem esse carisma têm, dada por Deus, a capacidade de fazer. Então, é muito automático, não é algo que você consiga raciocinar. É um movimento muito rápido. De repente, por exemplo, alguém começa a ter uma manifestação espiritual e você entende, você percebe que aquilo é do demônio, ou você percebe que aquilo é uma coisa divina. Às vezes, por exemplo, não é simples discernir. Uma pessoa começa a ter um surto. Quantas pessoas chegam em mim com uma pessoa surtada? Esses
dias mesmo, veio uma família muito querida, altas horas da noite, me trouxe uma menina que estava surtada. Eu fui conversando com a família, perguntei se teve alguma mudança de comportamento. Ela me disse que estava tendo uma crise de ansiedade. De fato, ela tinha introduzido alguns medicamentos. Liguei para uma médica amiga minha. Ela falou: "Olha, este remédio aqui deve estar causando o surto nela". Aí eu falei: "Então, vão ao hospital, falem isso e vejam o que o médico vai dizer". Tirou o medicamento, parou o surto. Muita gente pensa que, por exemplo, um surto é a ação
do demônio. Pois... É quem tem um dom de discernimento de espíritos percebe na hora. É uma espécie de faro espiritual, é uma capacidade de perceber. E isso acontece mesmo de repente. Por exemplo, tem uma pessoa rezando; uma pessoa qualquer pode pensar: "não, isso aqui é de Deus, está falando de Jesus", etc. E quem tem o dom do discernimento de espíritos capta que tem algo estranho, parece uma música desafinada. É como se você captasse ali uma presença hostil, algo diferente; às vezes até é a manifestação desse dom de modo assim inerente, de diferentes formas. Por exemplo,
pode se dar por uma visão. Certa vez, um sacerdote estava em um determinado lugar, rezando com um ajuntamento de pessoas, e, no que virou a cabeça, viu um macaco e disse: "olha, tem um demônio aqui". Começou a rezar e caíram algumas pessoas possessas. O dom de discernimento de espíritos às vezes, por exemplo, se manifesta pelo olfato. A pessoa parece que o nariz começa a coçar, é um negócio um pouco estranho; você tem um incômodo de diferentes maneiras. O discernimento de espíritos, às vezes, na audição, a pessoa escuta; parece que escutei, por exemplo, uma gargalhada estranha,
sarcástica, ou um ruído. Às vezes, é um gosto que sobe; enfim, às vezes é uma percepção intelectual. O carisma é assim: ele se manifesta e a pessoa nem procura aquilo. De repente, ela percebe que tem alguma coisa, ou de Deus, ou do homem, ou do demônio, e a reação é automática. É muito claro para quem tem o dom de discernimento de espíritos quando é demônio e quando é surto psicótico. Por quê? Quando é demônio, a pessoa tem coragem; vem uma força dentro dela, ela vai. Quando ela já está em cima do possesso e, quando é
surto, ela tem um medo, um receio. Só por isso ela consegue discernir se realmente ela tem esse dom. Quando é que está em operação: o espírito maligno, ou é o espírito do homem perturbado, ou é uma ação do Espírito de Deus. Às vezes, uma ação do Espírito de Deus pode ser desconcertante. Por exemplo, eu me lembro de uma pessoa que tremia e o pessoal achava que ela estava possessa, mas não era; naquele caso, não era. Quem tem o carisma percebe na hora, mas quem não tem... e aqui que entra o ensino de hoje. Porque uma
coisa errada que as pessoas aprendem muitas vezes é um certo fatalismo em relação aos dons espirituais, que é mais ou menos assim: quem tem, tem; quem não tem, não tem. E, portanto, parece que está todo mundo dispensado da tarefa de discernir. Não é assim; tudo demanda discernimento. No Novo Testamento, absolutamente tudo. São Paulo, um pouco depois, no capítulo 14 da primeira carta aos Coríntios, diz algo muito interessante, falando sobre o dom de profecias. Ele diz: "quanto aos profetas, falem dois ou três, e os outros façam discernimento." Versículo 29. E outras traduções dizem: "falem dois ou
três e os outros julguem." Eu preciso julgar uma profecia; ela demanda de mim discernimento. Por exemplo, às vezes uma pessoa vem com alguma palavra profética para mim, só que há equívocos no modo dela transmitir. Porque nós somos seres humanos, nós somos falhos. Então pode acontecer um erro dos dois lados: de quem está integrando com aquele autoritarismo profético que chega dizendo: "Deus está falando, faz assim, faz assado." Não pode ser assim; não deveria ser assim, porque existe o perigo humano de alguma incompreensão e na transmissão pode entrar um elemento humano aqui de não fácil compreensão. E
também quem recebe tem que entender que é preciso discernir o que aquela pessoa viu, o que aquela pessoa sentiu. Talvez, por exemplo, 10% seja verdade, 90% não. Mas aquele 10% pode ser importante; ela pode estar tocando num ponto nevrálgico. Quem está lidando com carismas precisa ter grande humildade, muita sabedoria e um discernimento sempre em exercício. Por isso que nós precisamos aprender sobre discernimento. Porque, se nós não aprendemos sobre discernimento, o que acontece é que, se nós não temos o carisma do discernimento de espíritos, o que vai acontecer é que nós vamos discernir errado. Vamos discernir
errado e podemos cometer grandes erros por falta de discernimento. Aqui eu vou usar a doutrina dos autores espirituais católicos que escreveram muito sobre esse assunto nos tratados de espiritualidade. O primeiro espírito mais fácil de se manifestar é o espírito humano. Vamos começar por ele. Vejam: todo mundo que quer crescer na vida espiritual estará fatalmente debaixo da influência de um desses três espíritos: o espírito maligno, o espírito de Deus, mas o espírito humano é aquele que mais facilmente vai se manifestar em nós. E o espírito humano, ou o modo humano de julgar as coisas, muitas vezes
será usado pelo diabo. Existem pessoas que pensam o seguinte: "só porque eu sou uma pessoa de oração eu não posso ser usado pelo demônio." Não é verdade. Em Mateus 16, Jesus pergunta: "e vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro diz: "tu és o Messias, o Filho do Deus vivo." Jesus diz: "bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, mas o meu Pai que está nos céus." Instantes depois, se você continua a leitura de Mateus 16, o que vai acontecer? Jesus vai falar da paixão, vai
falar da cruz. Pedro diz: "isso não te aconteça, Senhor," e ele começa a repreender a Jesus. O que acontece? Jesus vira-se para Pedro e diz: "vai para trás, Satanás." Ou seja, em um instante ele está sendo usado pelo Espírito de Deus, no instante seguinte está sendo usado pelo espírito maligno. Mas o mais interessante é o que Jesus diz a ele: "vai para trás, Satanás, porque tu não pensas segundo...". Deus, mas segundo os homens, ou seja, não é que Pedro estava propriamente possesso; ele apenas estava reagindo de uma maneira humana. E, reagindo de uma maneira humana,
o que aconteceu? Ele simplesmente foi usado pelo inimigo. Então, o espírito humano é o nosso maior problema. E, se nós pudéssemos dizer o que é o espírito humano, em que sentido nós falamos em espírito humano? O que eu estou dizendo é que o espírito humano é uma maneira naturalista de lidar com as coisas espirituais. Ou seja, nós sempre queremos o nosso conforto, o nosso bem-estar, o nosso amor próprio. É aquilo que se diz, né? O que te faz feliz não é pecado. É quando a pessoa se regula unicamente em torno do seu próprio proveito, do
seu próprio estado de preservação. O espírito humano, por causa disso, é um espírito medíocre; é o modo medíocre de avaliar as coisas. Porque, no evangelho, nós aprendemos com Jesus: se o teu irmão te pede para andar 1 km com ele, anda dois; se ele pede para você entregar a capa, entrega também a túnica. Mas o espírito naturalista diz: "Ah, não! Para que eu vou andar 1 km com ele? Ele está querendo minha capa, mas a capa é minha! Eu vou entregar minha capa para ele!" Esse é o modo naturalista de ver as coisas. Quando, por
exemplo, nós falamos de cruz, porque teoricamente é bonito falar de cruz. Agora, quando a cruz chega para você, a perseguição chega para você, quando a situação adversa chega para você, qual que é a tua reação? É uma relação sobrenatural? Você está analisando o que a providência divina está querendo te ensinar, permitindo que aquilo chegue à tua porta? Ou você já começa a reagir como Pedro: "Ai, não! Deus me livre! Isso não pode acontecer! Deus me defenda! Deus me defenda! Não, não, não, porque eu, eu, eu... Os meus planos, os meus sonhos, o meu desejo, a
minha vontade." Falando sobre o espírito humano, São Paulo diz, no capítulo 8 da carta aos romanos, que a carne tem desejos opostos ao Espírito de Deus, porque a vontade da carne, a vontade do homem, conduz à morte. Mas a vontade de Deus, o espírito de Deus, é vida e paz. Ou seja, se nós nos guiamos apenas por pensamentos humanos, nós buscamos apenas o nosso conforto. A grande desgraça do cristianismo do século XXI – isso vem desde o século XIX, é verdade, mas nós estamos infeccionados com isso – é o naturalismo. As pregações já não querem
mais se centrar sobre o céu ou o inferno, sobre a luta contra o pecado e a aquisição daquelas virtudes heróicas que todos nós deveríamos ter para progredir na vida de oração, para receber o sacramento com fruto. Nós estamos o tempo todo falando sobre amenidades carnais para confortar o ego adoecido do homem do século XXI. Veja, o objetivo de uma pregação nunca é te fazer se sentir bem, Deus. O objetivo de uma pregação é fazer você se sentir diante de Deus e te colocar numa posição de exame, de autoanálise: "Será que eu estou correspondendo à tua
vontade? Em que ponto preciso me converter? Aonde eu preciso me entregar mais?" Porém, o naturalismo pressupõe que o homem é bom, que todo mundo é bonzinho, que a natureza humana é maravilhosa, que não tem nenhum defeito. Quando a doutrina católica nos ensina que nós nascemos feridos pelo pecado original e o pecado original produz em nós quatro feridas. Segundo a doutrina católica, no entendimento: a ferida da ignorância na vontade, a ferida da fraqueza no nosso raciocínio, a ferida da indisposição, da indolência, e na nossa sensibilidade, a ferida do apego ao prazer daquilo que é mais fácil.
Todos nós temos essas quatro feridas. Portanto, nós temos que entender: nós não somos bons juízes em causa própria. Nós não podemos nos aconselhar com a nossa carne. Nós não podemos tomar resoluções baseadas no nosso conforto. Todos nós precisamos nos contrariar. Mas o homem que é guiado pelo espírito humano foge da mortificação como o diabo foge da cruz. É aquela pessoa que, por razões estéticas, passa por todas as dores possíveis, mas por Deus não é capaz de nada. Se for por uma dieta, ela jejua naquela dieta, ela não come quase nada; ela vive essa vida infernal,
por exemplo, que as atrizes vivem, né? Que têm que levar um potinho com aquela raçãozinha, aquele pouquinho de coisa etc. Passa fome o tempo todo, tem que fazer um esforço físico, atividades físicas lancinantes que causam dores etc. Às vezes, cirurgias horríveis. E por Deus, não! Por Deus, não! Deus não merece um dia de jejum! Por Deus, não uma procissão que eu tenho que fazer; passar um pouco de frio ou de calor, não uma noite que eu vou dedicar a Deus numa vigília de oração. Não! Porque quando é para mim, tudo bem, mas quando é para
Deus, não! O espírito humano é ativista. Ele acha que, quanto mais ele faz, mais ele merece, e, portanto, ele fica o tempo todo numa espécie de correria. Mesmo as orações, as orações são feitas de um modo simplesmente rotineiro, às vezes realmente apressadas, como quem quer pagar uma conta, como quem quer se livrar de uma dívida. Não aproveitam a oração para mergulhar em Deus, para experimentar algo do sobrenatural. Estão o tempo todo apenas do lado de fora, aprisionados fora da vida interior. E, por isso, às vezes, o ativista dá a impressão de ser um homem apostólico.
Como ele corre muito, ele sai de uma reunião, vai para outra reunião, ele está aqui, ele está ali, ele faz isso, ele faz aquilo o tempo todo; vai, vai, vai, vai. Parece que ele é zeloso, mas o problema é o seguinte: nós não estamos numa obra humana. Se a obra é divina, eu preciso ter... Acesso a Deus, ou seja, eu não vou produzir nada espiritualmente pelo acúmulo de carne. Eu preciso ser vivificado pelo Espírito Santo. O espírito humano é egoísta e, sobretudo, hoje, em que praticamente os consultórios de psicologia fazem a única coisa que aprenderam
a fazer, que é dizer: em primeiro lugar, você; em segundo lugar, você; em terceiro lugar, você. Você tem que se amar, você tem que se querer, você tem que se aceitar, você tem que fazer todas as suas vontades. Se as pessoas não te aceitam, elas vão ter que te aceitar goela abaixo. Você, você e você! As pessoas introjetamos isso e elas se tornam profundamente egoístas, o que nos infantiliza muito, né? Porque veja, o que é característica de uma pessoa adulta? É esquecer de si mesmo e pensar na criança, no filho, naquele que precisa. Não há
como você ser pai ou mãe querendo: "Ah, eu tenho que me realizar, eu tenho que ser feliz." Você não pode deixar isso de lado; você não vai acordar de noite para poder dar de mamar para aquela criança. Você não vai poder perder horas de sono, dias da sua vida, só para cuidar de uma criança. O que é próprio da vida adulta é você se esquecer um pouco de você mesmo. Mas o egoísmo infantiliza as pessoas, e elas se tornam profundamente carentes de atenção, querendo sempre, sempre, sempre um respaldo para todas as suas escolhas, ainda que
sejam as mais terríveis. Isso conduz à mediocridade. Ou seja, quando Aristóteles ensinava que a virtude está no meio, o aforisma latino, deixado tão célebre por São Tomás, "Virtus in medio", a virtude está no meio. Ela não está no meio como um meio que desce, mas ela está no meio como um cume entre dois excessos. Ou seja, as pessoas às vezes entram num mecanismo que é aquele: "Não posso ser muito exagerado. Não, nada em exagero é bom, então a oração tem que ser dosada." E a Igreja? Não, pela Igreja tem que tomar cuidado, as coisas de
Deus não podem, senão vou ficar muito espiritual demais. Não, não, não! As coisas de Deus a gente também tem que dosar, porque elas são perigosas. Pois é, esse é o lema do medíocre: ele nunca quer ir mais a fundo, ele nunca chega ao nível de uma virtude heroica, porque assim é fácil você dar uma esmola. Difícil é você dar um abraço no mendigo. É fácil você cumprir o seu dever, difícil é quando você tem que cumprir o dever dos outros e fazer isso com espírito de sacrifício. Por que as pessoas não ficam casadas hoje facilmente?
Porque não têm virtude! Ninguém consegue ficar casado sem abnegação, sem autoesquecimento, sem espírito de sacrifício. Mas só tem espírito de sacrifício quem é realmente virtuoso. O homem que é guiado pelo espírito humano é medíocre, é mesquinho. Ele faz tudo pela metade, ele não consegue ir até o fim nos seus propósitos. Ele sempre se poupa, ele sempre se economiza e, por isso, ele é cheio de contrariedades. O homem que é guiado pelo espírito humano, ele sempre faz concessões a si mesmo: "Ah, não, só hoje, não tem problema. Ah, mas essa é a última vez, não tem
problema. Ah, mas sabe como é, Deus há de entender, não tem problema. Ah, sabe como é, a carne é fraca, não tem problema." Ele faz concessões sobre concessões sobre concessões e, por isso, dá a Deus a santidade, porque não existe santidade sem virtude heroica. Isso é muito importante. O homem que é guiado pelo espírito humano tem uma vida espiritual mecânica. Então, ele vai à missa, ele comunga, ele reza de uma maneira pragmática, como quem cumpre uma tarefa na sua agenda: um checklist, check, check, check, check. Ele vai cumprindo os seus compromissos, mas não extrai deles
a seiva sobrenatural. Veja, Deus não está interessado no que você faz; Deus está interessado em você. Glória a Deus! Ele quer um relacionamento com você, e para ter um relacionamento com você, você tem que entender que, mais do que ter uma folha de serviços impecável, o que você tem que ter é um coração ardendo de amor que te faz ir mais longe para poder corresponder às graças do Espírito Santo. Deus aumenta a vida da graça; Ele não concede graças a pessoas que sempre são mesquinhas no relacionamento com Ele. Não acontece, porque precisam aprender a se
entregar, a se render. Precisam aprender a se derramar verdadeiramente na presença de Deus. Espírito diabólico! Sobre isso, há uma frase de São Tiago no capítulo 3 da sua epístola que eu gostaria de trazer aqui, porque me parece muito importante. Ele diz aqui: [Música] eu perdi o versículo, mas eu acho ele rapidinho. Glória a Deus! Aqui, olha, ele diz o seguinte: "Tiago, capítulo 3." Bom, eu não achei, não, mas é porque a tradução que eu consultei é um pouquinho diferente dessa daqui. Mas ele diz o seguinte: "De uma mesma fonte não pode nascer água doce e
água salgada." O que eu quero dizer com isso? Quando nós falamos das coisas espirituais, nós precisamos tomar muito cuidado com a fonte da qual elas provêm. Eu fico impressionado como as pessoas têm uma ingenuidade diabólica. Por exemplo, dizer assim: "Ah, olha, você está com uma situação? Eu aqui, uma pessoa que faz uns serviços aqui..." e ela chega, e ela vem: "Não, não tem problema, tudo de Deus, tudo de Deus." Ela vai vir aqui, vai fazer uma limpeza. Espera aí! Escuta, para de brincar! Entenda uma coisa: não há neutralidade nas coisas espirituais. As coisas espirituais são
integralmente boas ou integralmente más. Versículo 11, está aqui: "Porventura, a fonte faz jorrar pelo mesmo orifício água doce e água amarga?" Não! Então, preciso tomar cuidado com a fonte. As coisas de Deus são íntegras. São Tomás dizia, né, que "Bonum integram causam", ou seja, o bem é íntegro. É total, mas o mal é qualquer defeito, e é aí que entram as ações malignas. Se você é católico, entenda uma coisa: você só pode buscar auxílio na Igreja Católica. "Ah, mas tem lá uma pessoa do bem, uma pessoa tal é da Igreja." Não, então fora! "Ah, mas
também, em nome de Jesus!" Escuta, escuta aqui. Em Atos, capítulo 19, tinham lá uns judeus exorcistas que tentaram mandar embora um demônio dizendo: "Em nome de Jesus, a quem Paulo prega, nós te expulsamos!" O que aconteceu? Eles tomaram uma peia de satanás. Eles apanharam do diabo porque o importante não é quem, não, não é dizer o nome de Jesus, é quem diz o nome de Jesus. Se aquela pessoa está em Cristo, ela é uma nova criatura; se ela não está em Cristo, pode dizer o que ela quiser. Glória a Deus! Veja, isso para nós tem
que ser muito importante. Jesus disse no capítulo 7 de São Mateus, lá no Sermão da Montanha: "Naquele dia, muitos dirão: Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Senhor, Senhor, não foi em teu nome que expulsamos demônios? Senhor, Senhor, não foi em teu nome que curamos os enfermos?" E eu lhes direi: "Em verdade, não vos conheço!" Meu Deus, por quê? Porque há muitos mistérios, queridos, muitos mistérios que nós jamais conseguiríamos explicar por causas humanas. Mas se a fonte da qual você bebe não é a fonte correta, você se expõe a um tipo de influência
maligna. E deixa eu te falar: nós estamos vivendo em tempo de um neopaganismo em que todas essas superstições e feitiçarias que tinham sido erradicadas pela Igreja estão aparecendo com muita força. É católico acreditando em bruxaria, católico acreditando em todo tipo de adivinhação, todo tipo de ritual que não é ritual cristão, fazendo coisas absurdas. Desculpa, você tem que tomar uma posição na sua vida. Não há neutralidade nas coisas espirituais. Meu Deus, vai falando. Se você saiu da influência do Espírito Santo, você se expõe à influência do mal. E quais são as características de uma influência maligna?
Porque, veja, muitas vezes nós teremos um enfrentamento direto do inferno. O diabo sabe se camuflar; ele sabe se transfigurar em anjo de luz. Então, o que acontece? Ele entra muitas vezes mais pela mentalidade do que por uma ação espiritual estranha. Essa é a razão que São Paulo diz na segunda carta aos Coríntios, lá no capítulo 4, que o Deus deste século, versículo 4, cegou a inteligência dos incrédulos para que eles não vejam a luz do Evangelho da Glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. O deus desse século, quem que é o deus
desse século? O diabo cegou o quê? O entendimento dos incrédulos. Meu Deus! Então, isso é muito importante para que nós entendamos. O diabo sempre vai te levar à soberba. Esta é a marca característica das ações diabólicas. Sempre vão te levar à soberba e, pela soberba, à desobediência. É a coisa mais frequente de acontecer. Então veja, por exemplo, no que diz respeito ao espírito de mortificação. Ao invés de a pessoa ser humilde e se submeter a um confessor, o que que ela faz? "Ah, não, eu sou santo, não! Eu li na vida do Padre Pio que
ele se flagela, vou me flagelar!" A pessoa se flagela, se flagela, se flagela. Por quê? Por vaidade, por orgulho! Meu Deus, o oposto! "Ah, eu não quero também, não preciso me mortificar tanto. Deixa para lá, não tenho desprezo." Aí toda a mortificação exterior, porque o importante é o coração. Deus vê o coração, então eu não preciso fazer nada de sacrifício, não preciso dizer não à minha carne, porque Deus vê o coração. Essas, né, bonitinhas, né? As pessoas assumem certas crenças para si mesmas que são muito bonitinhas. Pois é, mas o que que um homem de
Deus, uma mulher de Deus faz? Ela confia na sua própria avaliação? Não, ela vai procurar o bom pastor. Então diz: "Padre, eu queria me flagelar." O padre fala assim: "Aprende a acordar cedo primeiro e arrumar sua cama. Depois você vai pensar em mortificações mais ousadas. É muita areia pro seu caminhão, meu filho!" "Ah, Padre, mas eu queria fazer três dias de jejum na semana." "Bom, começa parando de falar mal da vida dos outros. Vamos fazer um esforço aí para calar essa boquinha, né? Fazer um exercício de juntar o lábio superior com o lábio inferior hermeticamente,
depois a gente vai lidar com mortificações mais pesadas." É o caminho da humildade, é o caminho da obediência. A pessoa que está sendo guiada pelo diabo sempre acha que é o máximo, de um lado ou de outro. Por exemplo, na fé, a pessoa que é guiada pelo espírito maligno tem uma soberania intelectual. Só ela sabe, só ela tem a verdade, a razão. Não escuta ninguém! Tanto faz o que diz o Papa, os bispos, o padre. Não, porque eu sei, porque eu sou! Ninguém presta, tá tudo corrompido, tudo acabou. É uma soberania intelectual que é uma
coisa realmente diabólica! Porque, veja, o demônio não peca por fragilidade, ele não tem carne, ele peca por soberba intelectual. Todo herege é um intelectual, é alguém que a Igreja disse: "O que você tá falando é errado", mas ele prefere acreditar na ideia própria. Hoje a Igreja tá cheia disso: gente que não baixa a crista para ninguém. Fala Deus! A pessoa mal se converteu, vai lá pra internet, começa a dar aula, começa a ensinar: "Porque eu, porque eu que sei!" "Porque isso é ser católico! O resto não é ser católico." A gente tá aqui zelando há
20, 30 anos tentando fazer a vontade de Deus, mas a pessoa chegou ontem, já é iluminada, já quer ensinar, formar discípulos e enviá-los em missão. Soberbo intelectual! Estão conduzidas pelo Espírito de Deus, minhas dúvidas! Mas é claro... Soberbo intelectual, do outro lado eu tenho o excesso oposto que é a incapacidade de compreender a palavra. Às vezes, queridos, quando nós temos na nossa mente uma estrutura que nos impede de aceitar a simplicidade da fé, nós estamos cegos pelo espírito deste século, pelo espírito desse mundo. Há uma ação diabólica, há um espírito de engano que aprisionou a
nossa mente. Porque vejam, quando você lê as Escrituras, você faz uma análise em Gênesis 3:15, o texto que nós lemos na missa desse domingo. Nós temos o diabo como uma serpente, e quando você chega em Apocalipse 12, ele virou um dragão com sete cabeças, dez chifres; um bicho imenso. E ali diz: "Essa é a primitiva serpente". O que a Escritura está querendo nos dizer? Que o engano do demônio, essas sete cabeças, os padres da Igreja interpretavam como sete pecados capitais, mas que agem pela cabeça, como a serpente que ataca pela cabeça, causando todo tipo de
pensamento de engano que aprisiona a mente da pessoa. Ela não consegue mais entender que o que é certo é certo, e que o que é errado é errado. Vejam, o profeta Isaías diz, no capítulo 5 da sua profecia, "Ai de quem diz que o bem é mal e que o mal é bom", "Ai de quem diz...". Isso significa que eu não vou pecar, que eu sou uma pessoa impecável. Não! Todo homem é pecador, só que há uma diferença entre aquele que peca e que diz: "Estou errado, me confesso, eu me humilho. Eu sou frágil, eu
sou fraco, eu não obedeci à Tua palavra". O que fazenda a mais linda do mundo, que me orgulhar disso, eu tenho que fazer com que isso se torne a nova regra moral do universo. No primeiro caso, ele é só um homem pecador; no segundo caso, ele está aprisionando pessoas. Conhecemos pessoas que estão com a mente totalmente infestada de falácias. Você diz qualquer coisa, e ela tem uma resposta. Você diz tudo, e ela se defende; em qualquer situação, ela já tem um contra-argumento. Você chega com alguma coisa na simplicidade do Evangelho, e a pessoa não aceita.
Ela é complicada; ela aprendeu a se mover em estruturas intelectuais perversas. Pois é, ela está aprisionada por um espírito de engano. Por exemplo, o diabo adora levar as pessoas para o oposto da sua vocação. Então, por exemplo, eu sou padre e o demônio começa a colocar a vontade de eu ir para o mosteiro, de eu me trancar, de eu não querer falar com ninguém, de eu não atender mais nenhuma pessoa, de eu não suportar mais a presença de nenhum ser humano, etc., etc., etc. A pessoa é casada, e ela diz: "Não, eu quero ser freira,
eu quero ser religiosa, eu quero me entregar, eu quero não sei o quê...". Ela vai para o caminho oposto da vocação. A pessoa é freira, está lá trancada no mosteiro, não porque ela quer pregar, fazer, viajar, ou ter um Instagram. Ele está te levando para o oposto da tua vocação. Se você é casado, você tem que se santificar no seu matrimônio. Leia a Filoteia de São Francisco de Sales. A devoção tem que ser adaptada à vocação de cada um. Não dá para você viver a mesma regra de uma religiosa de clausura sendo mãe de família,
assim como não é possível que eu, sendo padre, me comporte como um leigo solteiro que vai por aí, mundo afora, fazendo o que lhe dá na telha. Não é assim; eu tenho obrigações. Portanto, se alguma coisa te tira da tua vocação, saiba: não é de Deus. É muito possivelmente obra do demônio. A esperança, outra virtude teologal, o diabo, ele causa presunção e depois causa desespero. São os dois opostos. Presunção: "Ah, não precisa de tudo isso, eu sou uma pessoa boa, eu vou me salvar. No final das contas, vai dar tudo certo. Eu não preciso de
nada, não preciso de conselho, não preciso de sacramento, não preciso me confessar. Deus sabe quem eu sou, ele sabe que eu sou bonzinho", etc., etc. Você confia na sua bondade natural como se ela fosse te salvar. E nós não somos salvos pela nossa bondade natural; nós somos salvos por Jesus Cristo, glória a Deus! Portanto, eu preciso aprender diariamente a depender de Deus. Só que o que acontece? Quando a pessoa já cometeu todos os excessos, quando ela já foi ultrapassando todas as barreiras, todos os limites, aí ela diz: "Agora já não adianta mais voltar; agora ficou
essa carcaça, só vou entregar logo para o diabo, leva logo para o inferno isso que restou, porque aqui já não tem mais nada, já não dá mais tempo, já não tem mais jeito, eu estou condenado". Isso às vezes se manifesta de uma maneira sutil. Por exemplo: sabe aquela pessoa que entra em crises de desespero? "Ai, acho que Deus não me escuta, acho que Deus não me ouve, que Deus não me ama, que não tem jeito, que não sei o quê... que o diabo é mais forte", que entra um espírito de derrotismo espiritual? Às vezes o
sacerdote fica constrangido diante da pessoa porque a pessoa acha que aquilo é bonito. Não, que o bonito é você entrar naquele derrotismo, naquele negativismo, você vai se entregando àquilo. Outras vezes, a pessoa está fora de si porque as coisas, humanamente, estão dando certo. A Escritura diz: "Nos dias bons, lembra-te dos dias maus; e nos dias maus, lembra-te dos dias bons". Eu não posso estar tão para baixo que eu não entenda que o Senhor está permitindo que eu passe por uma fase ruim para o meu crescimento. Mas eu também não posso estar tão em cima porque
Deus adora derrubar quem está de salto alto no caminho da graça. Eu preciso aprender a... Andar em humildade, glória a Deus! Veja que a humildade está por detrás de tudo. A humildade fecunda todas as coisas. O homem humilde desconfia de si mesmo. Ele não vai logo achando que o que ele está fazendo é de Deus, que o que ele está fazendo é certo. Ele se arrepende, ele se converte, ele bate no peito; ele sabe fazer isso em relação à caridade. O diabo, desgraçadamente, conseguiu criar uma espécie de espantalho da caridade. Que que é isso? É
o sentimentalismo, é o filantropismo, é esse humanitarismo, esse liberalismo no modo de se comportar, que parece que amar é eu não exigir nada de você. Amar é eu te aceitar, amar é eu dizer aquilo que você quer ouvir. Amar é fazer com que você se sinta aceito, poupando de você a verdade. Isso não é amar! Segundo o Evangelho, esse é um tipo perigoso de falsificação do amor. O amor verdadeiro é verdadeiro; ele sabe carregar em si a verdade com caridade, exatamente como diz São Paulo: "Veritas in caritate", fazendo a verdade com caridade. Agora, hoje em
dia, há um tal "mimimi" em que as pessoas criaram defesas contra a verdade. Você não pode dizer mais nada. Esses dias, eu fiz uma postagem falando que a Madonna era velha e teve uma pessoa que me xingou, disse que eu estava cometendo um crime de etarismo. Antigamente, o mundo estava ficando cada dia mais chato, né? Porque antigamente, você chamar uma velha de velha era a coisa mais normal do mundo. Até ela falava: "Ô, seu velho! Ô, sua velha!". Tranquilo! Não tem peso, não tem essa raiva, esse ódio. Mas hoje em dia, as pessoas se blindam
contra a verdade. E aí nós, cristãos, caímos na armadilha de um tipo de amor naturalista, carnal, em que eu apenas fico em amores, apenas fico massageando o ego das outras pessoas. E fica aquela coisa nojenta de um ensaboando o outro, de um tempo todo ali alisando, como se fosse tudo uma questão de quem é mais "veludado" no seu tratamento. Nós não podemos confundir a caridade com isso, porque a caridade é o amor que me leva a dizer as coisas mais difíceis, justamente porque eu amo aquela pessoa. Quantas vezes, por amar alguém, nós vamos ter que
fazer exatamente o oposto do que aquela pessoa quer? Você tem uma pessoa que está com a cabeça virada, e você, porque a ama, vai ter que dizer para ela: "Você está louca! Você não pode fazer isso! Você vai destruir a sua família, você vai destruir a sua vida, você está completamente desequilibrada". Nós vamos te salvar de você mesma! Meu Deus, essa é a caridade! Mas essa falsificação pegou. Agora, o oposto disso é aquela discórdia. O diabo adora causar discórdia, então ele usa muito a ferramenta de causar perturbação na cabeça dos outros e joga um contra
o outro. Tem gente que tem o dom de atazanar. É um negócio que é impressionante! A pessoa tem o dom de pegar o nervo, de fazer doer, de puxar e de enlouquecer. Você fala: "Meu Deus, como é possível que haja alguém assim tão terrível?" Pois é, o diabo dá uma ajuda, né? É alguém que está sendo conduzido pelo espírito maligno. Por último, o Espírito de Deus sempre vai nos levar à mortificação exterior; ou seja, eu não quero fazer o que é mais cômodo para mim, eu não quero fazer aquilo que me é mais confortável. Eu
quero me sacrificar. Se eu vejo que estou dando muito mole para mim mesmo, eu começo a reagir e digo: "Não, Senhor! Não pode ser assim!" A devoção tem que ter algo de incômodo. Eu tenho que contrariar um pouco a minha vontade. E aqui, a pessoa sempre vai agir na prudência e na obediência; ou seja, ela vai falar com alguém que dirige sua alma, com seu pároco, com seu confessor, com aquela pessoa em quem ela tem confiança. Ela vai ter aquela fome de ter um conselho. Ela vai dizer: "Não, eu não vou agir pela minha cabeça,
vou falar com meu bom pastor. Eu vou tomar uma palavra dele". Isso não é um formalismo, um jeito de simplesmente transformar a vida espiritual em uma burocracia. Não, isso é realmente de quem está sendo conduzido pelo Espírito de Deus, porque a pessoa, sendo levada à humildade, sempre vai desconfiar de si mesma. Glória a Deus! Portanto, ela vai saber dizer: "Olha, se me mandaram fazer isso, isto aqui é a vontade de Deus para mim. Então, eu não vou cobiçar fazer aquilo outro porque eu quero, porque eu sei que eu vou estar fazendo a minha vontade". O
Espírito Santo vai nos conduzir para um grande caminho de obediência e de humildade verdadeira, porque é muito fácil a pessoa fingir humildade. É o fulano que se faz de coitadinho, é o fulano que se faz de desentendido, de bonzinho, que sempre está ali falando docemente, que faz o humilde, mas que não é humilde. Realmente, não é, porque não é bom, porque ele está querendo aparecer às custas da humildade. A pessoa verdadeiramente humilde não está muito preocupada consigo mesma, com o que dizem, com o que falam dela. Não está muito preocupada com a sua aparência. Ela
se esqueceu de si mesma. Ela simplesmente está ali, fazendo o que Deus quer. A humildade verdadeira é uma libertação. A pessoa que é soberba, ela facilmente enlouquece. Por quê? Porque ela sempre quer se justificar. Ela sempre quer uma salvação rosa para ela mesma, ela sempre quer aparecer diante dos outros como certa. Então, é um inferno! É um inferno, porque se eu tenho que ficar me justificando, me justificando, me justificando, eu não... Eu fiz isso, mas não foi isso, foi outra coisa. Não sei o quê, não sei o quê. A madre Teresinha do Carmelo de Cutia
tinha uma frase que ela dizia: “Carmelita, não se justifica; beija o chão e segue em frente.” É assim que fala Deus. Ah, mas acharam que eu sou ruim! Não tem problema, eu sou mesmo. Ah, é que Fulano falou mal de mim. Olha, sabe que ele tem razão? Eu até concordo, viu? Tô concordando. Ah, mas Fulano não gosta de você. Eu entendo, nem eu gosto de mim mesmo. Quer dizer, a pessoa humilde não cria esse tipo de problema porque o outro é mais amado, porque o outro é mais querido, porque o outro aparece mais. Porque eu
queria aquilo? Não! Eu quero fazer a vontade de Deus, eu quero estar onde Deus me colocar, somente isso. A fé de alguém que é conduzido pelo Espírito de Deus é uma fé simples, não é uma fé complicada. A fé de alguém que quer ficar sempre especulando, sempre com aquela curiosidade mórbida, uma espécie de gula intelectual que nada sacia, não. Ele sabe rezar com um Pai Nosso muito bem, ele sabe em todas as circunstâncias encontrar Deus. Tem gente que é tão soberba, ela tem que estar assim: “Ai, não consigo para rezar. Eu tenho que estar num
canto tal, de jeito tal, numa capela tal.” Não sei que modo tem que ser dentro desse esquema, assim, assim. Frescura! Quem quer rezar, reza em qualquer lugar. Glória a Deus! Sabe que, na época em que eu ia para Brasília, graças a Deus, eu não vou mais; não sei também, né? Nunca diga nunca. Mas muitas vezes eu queria estar um pouco atrasado com as minhas orações, né? Tava naquele tapete verde, aquela confusão dos infernos. Eu disse assim: “Olha, fiquem aí que eu vou rezar.” Me sentava ali num lugarzinho, ficava olhando para o nada e pronto; ficava
ali rezando. Aquele inferno, aquelas... Bom, enfim, não vou nem descrever muito. Uma pessoa que realmente é conduzida pelo Espírito de Deus tem uma esperança sobrenatural. Ela sabe que não vai ser salva por causa dela mesma, ela vai ser salva apesar dela mesma. Ela vai ser salva porque Deus é bondoso, misericordioso. Ela vai chegar no céu com um só título: pecador arrependido. Aleluia! Pecador que tentou se converter e que quase não conseguiu, chegou naquela última hora de: “Fala, coitado!” Vai, é uma esperança, só ela não está baseada na nossa vaidade, em quem nós somos. Eu conheci
uma pessoa que dizia assim que ela rezava: “Deus, me santifica sem eu saber.” Eu achava bonito isso. É uma oração, uma oração muito bonita. Por quê? Porque eu não quero... Não adianta nada aquela santidade diante do espelho em que a pessoa está tratando a vida espiritual como se fosse uma clínica de estética. Quebra o espelho! Não quero olhar para mim, quero contemplar a Deus. A caridade de alguém que é conduzido pelo Espírito de Deus é uma caridade fervorosa; ela ama Cristo mesmo, tem um ardor no seu coração. Não é um sentimentalismo momentâneo e fingido. Não!
O coração queima, pega a palavra, lê, medita, faz o amor subir no coração. É uma caridade sempre paciente para com os outros. Uma das virtudes mais características de quem é santo é a paciência, porque ela é um teste realmente de santidade. Quer dizer, uma pessoa que não é de aguentar, ela não ama a Cruz verdadeiramente. Então, sei lá, né? Chega aquela pessoa reclamando de tudo e de todos, que nada presta, que ninguém tá... que ninguém tá sempre ali murmurando, murmurando, murmurando. Ela não vai conseguir crescer espiritualmente simplesmente porque não existe santidade sem uma grande paciência.
Ah, mas é que a minha sogra... Ame a velha! Ah, mas é que não sei o quê... Ah, que lá meu marido! Porque o pessoal fala o seguinte, né? Que para casar você tem que ter compatibilidade no casal, como se isso existisse. Fala Deus! Porque, assim, homem e mulher têm estruturas mentais diferentes. Um vai mortificar o outro sem falta. Eu sempre digo que, quando a pessoa se apaixona, acho que é Deus que coloca uma cegueira na pessoa pra ela casar. Senão, a humanidade não ia pra frente. Ela casa, passa um tempo e diz: “Meu Deus,
o que eu fiz?” Mas esse é o Caminho do Céu. Você tem que aprender a ter paciência. Se você não tiver paciência, então, por exemplo, né? A sua mulher gosta de falar muito... coisa muito rara nas mulheres. Você aguenta, tá lá, suporta. Né? O seu marido, sei lá, é muito tosco, é muito seco, é muito... Você sabe levar aquilo com um sorriso nos lábios. Essa paciência é santificante. Então, o que acontece quando nós somos conduzidos pelo Espírito de Deus? Atenção! Quando somos conduzidos pelo Espírito de Deus, a caridade para nós é uma exigência. Você não
consegue ser ruim, você não consegue. Aquilo produz frutos de amor, de docilidade. Você é uma pessoa amorosa, você é uma pessoa positiva, alegre. Você tem no seu coração uma fé pura, simples como a de uma criança. Ora, como é que eu percebo isso? Em circunstâncias fundamentais. E aqui eu termino: primeiro, nas minhas reações espontâneas. São aquelas reações súbitas, imprevistas. Acontece algo e você reage, pá! Ali você percebe quem você é de verdade, qual é o espírito que está te conduzindo. Nessas horas, o que vem para fora é a verdade sobre quem você é. Presta muita
atenção nisso! Em segundo lugar, na hora da provação. Quando chega a provação, qual é a sua reação interior? É a reação de desespero, de pânico, de ódio, de revolta ou é de paciência, de alegria? Você sofre. Não é que você não sofre, você sofre. Mas você sofre positivamente, né? Você sofre com um espírito de entrega, de confiança em Deus e por... Último, como você lida com as coisas normais? Porque uma das coisas mais irritantes do ponto de vista espiritual, e isso sempre é obra do diabo ou obra da carne, são pessoas que gostam do que
é exótico e extraordinário. Elas sempre querem se comportar de um modo extravagante, de uma maneira pitoresca; elas não conseguem ser apenas pessoas normais. Fala, Deus! Elas não conseguem ser pessoas normais; é um peso para elas. Aqui você percebe que ou ela está com uma vaidade exacerbada, e ela precisa aprender a fazer o que João Batista diz: "Convém que eu diminua e ele cresça," ou ela está conduzida pelo espírito do demônio. Então, ela sempre vai querer, em todas as circunstâncias, o extraordinário, porque acha que Deus não está nas coisas de cada dia. Veja que quando Jesus
foi a Nazaré fazer a sua primeira pregação, em Lucas, no capítulo 4, os seus conterrâneos se revoltaram contra ele porque eles não puderam lidar com o fato de que a graça de Deus brotou no quintal deles e eles não viram. Meu Deus, todo mundo gosta de gente extravagante! Chega aqui uma pessoa esquisita, com uma pedra na cabeça, com turbante, com não sei o quê; junta a gente, todo mundo quer saber, todo mundo quer ver. Todo mundo gosta daquilo que é exótico. Agora, quando chega alguém com a simplicidade de Cristo e diz a palavra com bom
senso, com sobriedade, com sensatez, com lucidez, com equilíbrio, a pessoa se pergunta: "Será que é Deus mesmo falando? Meu Deus, por quê?" Porque ela só gosta do que é exótico. Nessas três circunstâncias, nós podemos ter um sinal claro de como estamos. Termino dizendo: você veio aqui talvez pensando que essa palestra era para você aprender a discernir o demônio dos outros, e você está saindo daqui percebendo que essa pregação foi para você aprender a discernir o demônio que está em você. Fala, Deus, toma sempre cuidado! Nunca estamos totalmente no espírito a tal ponto que não possamos
decair para a carne. Fique em pé, nós vamos fazer uma oração. Coloque a mão no seu peito. Pai, em nome de Jesus Cristo, nós queremos te pedir nesta noite que o Senhor nos conduza a uma vida de amor a Ti, cada vez mais fervorosa, de dependência da Tua palavra. Porque o apóstolo Paulo diz: "Aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." Nós não queremos ser conduzidos pela nossa própria carne. Nós não queremos ser conduzidos, Senhor, por nada que não venha de Ti, unicamente de Ti. Nós queremos sempre beber da Tua fonte
e não cavar para nossas fontes externas rachadas. Nós queremos, Senhor, seguir com espírito de gratidão, de docilidade, obediência à palavra do Teu Filho que ecoa por todos os séculos mediante a Santa Igreja. Ajuda-nos a não sermos filhos rebeldes, mas filhos que honram a santidade do seu pai. Nós Te pedimos: dai-nos a mesma humildade de Maria Santíssima para que hoje e sempre entendamos que o Senhor é quem faz em nós grandes coisas, olhando para a humildade da nossa servidão. Nós Te agradecemos por estarmos aqui nesta noite e pela oportunidade de ter ouvido a Tua palavra, palavra
gerada na Tua intimidade eterna, em Teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina para sempre. Amém. O Senhor esteja convosco. Ele está no meio de nós. Abençoe-vos Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. Uma boa noite a todos. Até a próxima, se Deus quiser! Ah! [Aplausos]