Lacan tem essa conhecida afirmação de que a relação sexual não existe para tentar traduzir o que que que que tá em jogo nisso e vamos retornar um dos mitos fundadores da nossa Experiência Amorosa que tá lá no banquete do Platão onde pela boca de um comediante aristófanes aparece esse mito do né homem e mulher Originalmente compõe um único ser com quatro pernas e quatro braços e que pela Ira de Deus esse ser é separado por um raio e de tal maneira que então as duas partes tentam indefinidamente fazer um de novo isso se exprimir no
encontro amoroso e este um é justamente o filho que nasce o signo de amor desse reencontro laak vai se opor a essa essa ativa ou vai respeitar essa narrativa como uma espécie de mito que fala exatamente do seu oposto ou seja fala da impossibilidade radical De que Dois façam um essa impossibilidade vai aparecer em três níveis no primeiro nível ela é uma impossibilidade no plano da identidade da identidade entre o homem e a mulher que juntos formariam então um binário como a crítica que muitas feministas fazem a psicanálise né quer dizer a psicanálise parte de
eh de duas posições de gênero pré-constituídas como então ela tá dizendo assim isso é o homem e a papéis sociais e a modalidade de poder que pertencem a esse a essa identidade enquanto isso é a mulher e consequentemente implica Uma expectativa social e normativa para o que viria sendo Então essa identidade de gênero Lacan questiona isso né ela questiona isso dizendo basicamente que a as duas posições elas são efeitos de linguagem exatamente como o construcionismo social né as duas posições elas são efeitos de um ato de linguagem eh baseado em certos pronomes conhecidos como shifter
então eu me reconheço quando eu te eh interpelo e digo ei você aí você se reconhece nesse você aí e olha para trás bom a posição homem posição mulher nada mais e mais são do que posições eh de linguagem posições discursivas construídas portanto historicamente transformáveis e antropologicamente variáveis como a gente vê do ponto de vista temporal e do ponto de vista da relatividade bom mas esse é apenas um dos níveis em que a gente pode dizer assim não H binário não há binário porque no fundo estas posições nunca chegam a se concluir como definição substancial
homem definição substancial mulher elas são jogos de linguagem exatamente como ou de forma aparentada o que diz judit budler quando diz que os gêneros são reifica ou eh reiterações performativas que a gente constrói na medida que a gente o pratica os gêneros há um segundo nível um segundo nível em que quando a gente fala em e relação sexual a gente fala numa espécie de proporção ou unificação entre as modalidades de satisfação e aí não tá em jogo diretamente as identidades mas o tipo de gozo tipo de gozo que podia dizer assim aqui tem um lá
tem outro conforme também o mito de tirésias né o mito mito grego Ok então o Zeus transforma a tiesas numa mulher depois retrans fora ele em homem daí ele pergunta qual dos dois tem mais satisfação no encontro sexual e o tiras diz é claro que a mulher 100 vezes mais a mulher ou seja há uma suposição de que existe uma diferença que é no nível da da experiência gozosa dizer ah então aqui tá o binário tem o homem e tem a mulher tem o gozo masculino e o gozo feminino aqui o vai ser muito engenhoso
ele vai dizer assim olha não há um por qu porque a gente nunca consegue realmente produzir esse gozo masculino ele é marcado por um fracasso constitutivo por um paradoxo constitutivo por uma espécie de de rateamento né de falha que nunca cessa de se repetir e essa falha diz respeito ao seguinte a relação entre os homens todos os homens né ou para todos e aquele que seria a exceção aquele que seria assim o pai da orda primitiva para falar uma figura do Freud aquele que é exceção a regra do lado desse gozo a gente tem um
quase um que é assim gozamos todos iguais mas tem um que goza diferente que está fora bom esse um não existe esse um é uma ficção esse um é uma estrutura quecompleta o um homem né um todo homem olhamos para outro lado lado da mulher e aqui o Lacan vai introduzir uma outra dificuldade que é assim como a gente não consegue chegar ao um a gente também não consegue chegar ao dois o dois aparece com uma perspectiva assim infinita uma perspectiva semelhante assim a aos números reais né que fazem uma série mas nessa série A
gente não consegue entender a lógica de Formação desses números ao passo que a série e correspondente ao infinito masculino poderia ser a série de números inteiros naturais 1 2 3 4 5 eu produz um certo modo de relação que a gente imagina vai fazer um não vai fazer um do outro lado é uma outra maneira de fracassar não fazer um ou não fazer dois que vai levar o Lacan a dizer assim o gozo feminino eh é um gozo não todo é um gozo que não faz totalidade é um gozo aberto é um gozo indeterminado é
um gozo não todo fálico é um gozo não todo regido pela lei da possessividade e da identidade é um gozo que disjunta é um gozo que não é idêntico a si mesmo então o que a gente tem é vocês podem duas unidades não duas não unidades e por isso elas de novo não encontram e não realizam um um da relação sexual a relação sexual não existe mas agora por outros motivos ocorre que ainda uma terceira um terceiro andar em que a gente pode dizer que a relação sexual não existe que é o andar da fantasia
que a gente chama de sexualidade são três coisas diferentes identidade modalidade de gozo e modalidade de fantasia que é o que determina como eu desejo quem eu desejo porque ter uma identidade Não está adstrito não exige que eu então deseje x ou deseje Y isso é determinado por outra coisa não exatamente pela minha identidade Mas pela minha fantasia e aqui de novo a relação sexual não existe porque a minha fantasia põe o outro no lugar de um objeto ao qual ele não corresponde e reciprocamente o outro me põe no lugar de um objeto ao qual
eu não correspondo é como se tivessem dois tenistas né numa quadra de tênis e eles acham que estão jogando a bola para um lado pro outro só que entre eles tem uma parede de vidro tem uma parede que eles nem percebem então quando eles jogam a bola a bola volta mas ela volta com a força proporcional ao seu lance e não o do outro só que o outro também tá jogando do outro lado da da quadra de tênis contra essa parede de vidro essa parede de vidro é a fantasia ela faz com que eh o
nosso desejo se ligue ao desejo do outro ela faz com que eu só consiga experimentar tanto efeito de identidade como efeitos de gozo na medida em que eu acesso eu Suponho Qual é o desejo do outro eu adivinho Qual é o desejo do outro adivinhar o desejo do outro é fazer a minha fantasia funcionar é assim que a gente permite põe de pé a gente faz laços sexuais encontros penetrações coitos Carícias tudo isso que que compõe o universo erótico dos seres humanos tá baseado Não exatamente em comportamentos mas em fantasias e por isso elas são
tão plásticas tão indeterminadas por isso Ela depende da história de cada um por isso não há nenhum sentido natural nem nenhum sentido normativo que possa dizer ah não há fantasia ideal a fantasia normal é essa todas elas são contingentes todas elas tomam o outro nessa posição de objeto ficcional e constrói isso a partir de uma atividade cultural intersubjetiva que faz o desejo do homem ser o desejo do outro o desejo da mulher também ser o desejo do Desejo do outro então para receber eh mais fragmentos sexuados de saber inscreva-se no canal da casa do Saber
[Música]