Unknown

0 views16343 WordsCopy TextShare
Unknown
Video Transcript:
k [Música] Imagine sua história como uma linha do tempo quantos altos e baixos já viveu alegrias dores superações obstáculos a verdade é que essa linha não é assim tão linear inúmeros fatores internos e externos influenciam o tempo todo nossas jornadas e as tornam únicas e complexas Mas e se pudéssemos ser responsáveis por um pequeno estímulo capaz de impactar de forma positiva vida inteir e se cri oportunidades de Minimizar vulnerabilidades e de alguma forma mudássemos uma trajetória acreditamos que sim isso é possvel e por isso desde 2003 apoiamos projetos inspiradores com objetivo de incentivar o protagonismo
social acreditamos que podemos gerar o impacto hoje para que versões cada vez mais felizes dessas histórias possam ser escritas no futuro próximo Instituto CPFL energia que transforma realidades Boa noite estamos começando mais uma gravação do programa Café Filosófico CPFL agradecer a todo mundo que veio hoje aqui em Campinas pra gravação e também quem está acompanhando a gente pelo YouTube e já faço o convite para você se inscrever aqui no nosso canal só apertar aqui embaixo no inscreva-se acionar Sininho também para notificações você terá acesso a mais de 20 anos da nossa programação do Café Filosófico
e também sabe vai saber bastante sobre nossa programação nos próximos meses e você pode seguir a gente também tanto no Instagram quanto no tiktok no @f filosófico under CPFL onde a gente também coloca a programação e coloca alguns cortes desses programas e a gente vai começar agora a gravação do programa Café Filosófico CPFL C [Música] e a gente continua hoje o módulo gozai por nós a inteligência artificial entre nós de curadoria do Alfredo simonet e a gente recebe hoje Paulo dalgalarrondo falando sobre o tema vida hiperconectada quem aguenta Paulo é psiquiatra e autor de diversas
obras sobre psicopatologia graduado em medicina pela Universidade Estadual de Campinas mestrado em Saúde Mental pela mesma universidade e doutorado em Psiquiatria pela Universidade de HE Berg na Alemanha Ele é professor titular de psicopatologia da Unicamp e Doutor em antropologia social também pela Unicamp então por favor recebam com aplausos o nosso convidado da noite Paulo agradecer a sua presença aqui no Café Filosófico vou te passar a palavra um bom café palavra toda sua Muito obrigado boa noite a todas a todos é um momento muito muito especial muito legal tá aqui poder conversar um pouco com vocês
eu queria agradecer particular ao Alfredo Simonete curador desse dessa série de eventos né e que muito gentilmente e muito carinhosamente me convidou para participar eh Como comentei com ele né que eu não sou especialista em Vida digital em vida hiperconectada eu sou mais um um um consumidor bastante mediocre de de de de internet de redes sociais e curioso Mas ele falou não Paulo Você trabalha com psicopatologia você eh pesquisa na área de psicopatologia sofrimento mental cultura eu acho que você pode falar Ele acreditou você tem certeza f não vai vai você vai falar então eu
estamos estamos aqui num numa Aposta que o Alfredo fez em mim eu não sei se no final ele vai vai sair satisfeito com o resultado da posta Espero que sim viu Alfredo foi muito de qualquer forma muito carinhosa a o convite a minha tarefa de falar sobre vida hiperconectada quem aguenta é uma tarefa bastante difícil essa tarefa dessa noite eu vou começar com duas ideias eh que eu acho que dão uma ideia dessa dificuldade a Primeira ideia é que é uma ideia que eu defendo e muitos psiquiatras psicopatólogo defendem que o sofrimento mental a psicopatologia
os transtornos mentais de uma forma ou de outra eles se transformam eles são moldados pelas mudanças econômicas tecnológicas sociais culturais políticas de cada momento né E então cada momento histórico cria uma forma em cada sociedade né cria uma forma possível de Sofrimento mental de Sofrimento psíquico de dor psíquica de transtornos mentais de psicopatologia essa é a primeira ideia a segunda ideia eu tomo emprestado de um filósofo italiano contemporâneo eh o George agamben eh um filósofo brilhante e ele tem um texto eh sobre o contemporâneo o que que é o contemporâneo né e ele tem uma
frase que é lapidar ele diz que o contemporâneo é aquilo que não podemos compreender ou seja ele tá ele tá nos dizendo que o contemporâneo é por natureza obscuro é por natureza intransponível e é um mistério que a gente não vai conseguir solucionar no momento contemporâneo então eu tô colocando essas duas ideias e que parecem contraditório mas que mostram que a minha tarefa é quase impossível mas se resolver essas questões da da vida hiperconectada é impossível colocá-las problematizá-las pensar com vocês eu acho que é possível eu vou tentar fazer isso né eu vou fazer minha
apresentação eh em três partes eh eu vou falar Eh uma primeira parte sobre fazer um breve voo panorâmico na história recente na história contemporânea na história Econômica social política cultural e e o que essa história tem a ver com internet com vida digital né o segundo ponto desses três eu vou comentar sobre aspectos culturais e subjetivos da vida hiperconectada e as suas relações com a psicopatologia e eu vou terminar o terceiro ponto falando sobre o sofrimento mental e os transtornos mentais atuais né No momento atual na contemporaneidade né E que a sua possível Associação a
sua debatida Associação com a vida hiperconectada com a vida nas redes sociais com o uso dos smartphones dos telefones celulares eu vou apresentar nessa terceira parte dados de pesquisas eh Há muita pesquisa pesquisa bem feita empírica sobre eh sofrimento mental contemporâneo transtornos mentais contemporâneos e há um grande debate um importante debate sobre as interpretações dessas desses dados então começando com o primeiro aspecto esse esse breve voo panorâmico na história recente que eu convido vocês a fazer comigo né só para situar alguns pontos da história contemporânea que nos eh nos ajudam a a ver em que
cenário estamos vivendo né nós vivemos num cenário eh da economia mundial globalizada tremendamente globalizada onde há uma homogeneização marcante da vida Econômica mas não apenas da vida Econômica da vida social da vida cultural até da vida política né nós vivemos também numa sociedade de consumo que hoje é uma sociedade de hiperconsumo o consumismo ele ele avança a cada década e nós eh constatamos um um a presença dessa desse hiperconsumo eh generalizado nós vivemos numa sociedade que também foi caracterizada muito de uma maneira muito feliz por um sociólogo alemão contemporâneo Christoph turke Christopher turke escreveu um
livro sobre a sociedade excitada que ele fala ele mostra como a nossa sociedade contemporânea eh é hiper excitada nós vemos isso nos padrões de consumo nós vemos isso por exemplo um exemplo São são é o cinema né e Os filmes são cada vez o ritmo é cada vez mais veloz os filmes de animação para criança eu acho que esse é um exemplo as animações para criança das da década de 40 50 tinha uma velocidade muito mais lenta que as animações atuais parece que a cada década elas vão ficando mais mais rápidas né um ritmo acelerado
no ritmo in né isso de certa forma expressa essa ideia do christof da sociedade hip excitada um outro aspecto nós vivemos numa sociedade que um sociólogo francês o guide Deb ele caracteriza como Sociedade do espetáculo a ideia da espetacularização da vida né e ganhou cada vez maior proeminência é uma sociedade que outro sociólogo francês filósofo o jean-claude gub fala da tir do prazer né as pessoas são obrigadas de forma tirânica a ter uma vida prazerosa a ter felicidade imediata né e junto com essa tirania do prazer e da e da Felicidade imediata há uma ideia
da visibilidade né Eh uma tirania também da visibilidade né esse é um cenário contemporâneo um Talvez um um um os últimos elementos que eu queria pinçar desse cenário contemporâneo é que nós vivemos numa era eh da da identidade das políticas identitá identitárias dos grupos identitários a ideia de identidade de ter uma identidade isso definir a sua vida se transformou numa pauta política Central O que era pautas eh econômicas de de luta por poder econômico por quem detém os os meios de produção quem detém o poder econômico na sociedade se a burguesia se o proletariado essee
tipo de de debate ele perde importância e ganha a cena cada vez mais a questão das das políticas identitárias das lutas identitárias dos grupos identitários grupos identitários por gênero eh por Por orientação sexual por raça cor de pele por religião e religiosidade por posições políticas também né e um uma uma forma identitária muito recente que nós particularmente nós da psiquiatria da Psicologia Clínica estamos eh surpresos que é a identidade que nós chamamos por falta de um termo melhor uma identidade diagnóstica a as pessoas se identificam com o seu diagnóstico um diagnóstico muitas vezes elas próprias
eh constroem consultando o Dr Google consultando n as várias Fontes aí a acessíveis na na internet e eh as pessoas se apresentam muitas vezes nas redes sociais né Eu sou um um homem de 40 anos Sis hétero ou gay eh branco ou negro TDH ou eu sou uma pessoa não binária de 30 anos Negra Branca bissexual teia temho autista ou ou ou bipolar ou depressiva ou seja essa parte da identidade que nos anos 70 no movimento da contracultura no movimento da antipsiquiatria era rejeitada pelas pessoas as pessoas odiavam os diagnósticos psiquiátricos né rótulos que nos
aprisionam que tiram a nossa liberdade é uma forma de controle social hoje a gente vê inclusive na juventude na na universidade nos universitários as pessoas querendo ter um diagnóstico psiquiátrico eu sou teia Olha só isso isso me define isso é muito importante isso me dá direitos isso me coloca num certo lugar na sociedade eu sou bipolar né Eu sou TDH eu sou assim porque eu sou TDH isso explica a minha vida né esse também é um padrão bastante eh bastante recente e que nos intriga bastante né Eh finalmente nesse nesse contexto eh contemporâneo eh nós
na a por conta da vida eh digital da vida hiperconectada né do uso crescente de de smartphones né Nós estamos numas eh alguns autores sobretudo uma uma filósofa e pensadora econômica da Harvard Business School né a Zu bof ela propõe que nós estamos na era do que ela chama de Capitalismo de vigilância eu vou explicar um pouco que é esse capitalismo de vigilância que de certa forma tá conectada tá relacionada à vida hiperconectada né esse Então esse eh é um pouco Panorama aqui talvez e entra entra o o texto que os nossos atores gravaram para
nós né Eh texto de de um de um de um livro meu algumas mudanças recentes como a mudança demográfica somando 8 bilhões de humanos vivendo no planeta predomínio crescente da população urbana crise ambiental com aquecimento global assim como a recente pandemia da covid-19 produziram marcante Impacto sobre a vida e as formas de sofrer no mundo contemporâneo em particular o incremento das tecnologias de informação e crescimento acelerado em importância do mundo informático constituindo a cibercultura com as redes sociais são hoje realidades dominantes marcando profundamente a vida pública e privada das pessoas a saúde mental e os
quadros psicopatológicos enfim o avanço em importância das biociências e biotecnologias das neurociências e incremento dos diagnósticos psiquiátricos na vida cotidiana das pessoas em suas identidades pessoais assim com a onipresença cotidiana da internet Cyber cultura vida nas redes sociais devem ser analisados com profundidade quando se busca uma melhor compreensão do enigmático sofrimento mental contemporâneo muito bem eh tentando terminar esse primeiro essa primeira parte do voo panorâmico eu falo sobre a revolução propriamente o tema da de hoje à noite a revolução da informática a revolução da cibercultura das redes sociais da vida hiperconectada fazendo um breve histórico
isso essa história começa na década de 1950 1960 70 a chamada revolução digital alguns autores chamam de terceira revolução industrial né ou era digital né começa com o uso de computadores começa no meio militar as forças armadas eh lançando mão dos dos primeiros computad né para pro para para seus seus projetos vamos dizer relacionados ao seu trabalho militar né Depois isso passa paraas empresas pros grandes bancos indústrias passa pro uso pessoal paraas famílias para as pessoas comuns até o uso de celulares e a propagação da internet o uso cada vez maior da internet e criando
uma cultura Cyber Cultura né em 1900 na década de 1990 se vai se popularizar muito os telefones celulares né Eh nos anos 2000 popularizam também os notebooks os os tablets os smartphones e outros equipamentos eletrônicos do tipo né e as redes sociais finalmente as redes sociais e a vida hiperconectada isso é um fenômeno que já começa nos anos 90 mas nos anos 2000 ganha importância cresce o Facebook por exemplo é de 2004 o Twitter de 2006 o Instagram de 2010 e o tiktok agora de 2016 tem vários outros citei alguns importantes né para vocês terem
uma ideia quantitativa nós temos hoje 8 bilhões de pessoas vivendo no planeta né Eh são 5 bilhões de celulares estima-se no planeta ou seja cerca de 80% da população mundial com mais de 10 anos tem um telefone celular um equipamento do tipo telefone celular e pelo menos 3 A 4 bilhões ou seja metade da humanidade usa redes sociais no Brasil eh isso também nós temos dados né Há 249 milhões de celulares no Brasil e e juntando celulares tablets né Eh você tem uma média de 1,7 dispositivos quase dois dispositivos por pessoa por habitante no Brasil
os brasileiros passam em média 3 horas 42 minutos nas redes sociais quase 4 horas por dia nas redes sociais Isa média né E também um fenômeno bem recente que não dá para deixar de de assinalar é o o crescente e super preocupante uso das apostas eletrônicas bets né uma epidemia de apostas eletrônicas as pessoas sobretudo das classes c d e e Estão muitas vezes jogando a com dos filhos a roupa dos filhos e nas nas apostas nas nas betes no no na roleta eletrônica nas roletas eletrônicos no jogo do Tigrinho então é um fenômeno super
importante impactante também para terminar esse cenário eu falo do do surgimento e da importância da Big Data a Big Data vocês conhecem eu só tô Relembrando para vocês né é esse Grande volume esse imenso volume de dados das pessoas dados que são coletados e são analisados com utilização de de aprendizagem de máquina para se conseguir extrair informações e disponibilizar essas informações para grandes grupos grandes grupos empresariais grupos econômicos grupos políticos partidos políticos governos organizações políticas eh que utilizam a Big Data a chamada Big Data nesse sentido que a a chona zuboff vai chamar o nosso
momento político econômico de Capitalismo da de vigilância né é um capitalismo que repousa muito da sua atividade econômica do seu planejamento do seu funcionamento na utilização cada vez mais intensa da Big Data né Eh é uma economia a economia contemporânea cada vez mais nutrida e orientada né para linhas de produção linhas de comércio baseados na digitalização de grandes e Crescente quantidade de dados das pessoas da Big Data Dando um exemplo né tudo que nós fazemos hoje com os Nossos celulares tudo que nós consumimos as séries que a gente assiste no computador na TV eh os
filmes os textos que nós lemos eh as compras eletrônicas que nós fazemos em supermercados roupas que a gente compra as mensagens que a gente troca nas redes sociais os nossos likes né Eh o nosso uso do iFood o que nós comemos como nos locomovemos onde estamos e como nos locomovemos ou seja Como usamos o eaz Como usamos eh os Uber né eh eh Como usamos nossos cartões de crédito tudo isso alimenta esse grande sistema de informação que a Big Data né Inclusive a nossa vida afetiva amorosa sexual através dos aplicativos de encontros encontros amorosos encontros
sexuais né também de forma crescente vão alimentar o Big Data né então a a Big Data além de todo esse aspecto comercial né quando você faz uma viagem logo surgem eh eh no seu celular a propaganda de todos os hotéis possíveis e todos os passeios possíveis no local no local para onde você comprou a passagem você compra uma geladeira surgem eh né ou seja isso tudo é alimentado pela pela Big Data né mas também e não só nesse plano econômico no plano mais pessoal mais íntimo mais afetivo né nos nos nos aplicativos de encontro então
a Big Data também é alimentada pelos eh pelos desejos eh das pessoas pelas atrações eh amorosas físicas né Isso também alimenta a a a Big Data né E E essas essa Big Data ela vai alimentar empresas cada vez maiores com cada vez mai maior renda maior concentração de renda e cada vez com mais poder grupo econômicos políticos cada vez mais poderosos e eu acho que vocês estão vão ficar cada vez mais um pouquinho mais ansiosos com a minha fala aqui porque a minha fala é de um cenário bastante distópico né mas quando a gente estuda
esse tema não dá para ter uma visão mais assim né Poliana né não dá sinceramente né Eu gostaria de eu quando eu trabalho muito com comid de de psiquiatria medicina da Família com alunos de medicina de enfermagem e eu não gosto de falar essas coisas tão duras tão tristes para pros jovens né Eh eu já eu tenho 64 anos boa parte da minha vida bem vivida né né eu falar para uma pessoa de 20 anos desse cenário eu me sinto meio culpado é uma confissão que eu tô fazendo a vocês agora eu queria dar notícias
melhores mas quando a gente encara a realidade as notícias não são eh parece Teoria da Conspiração né gente parece Eh que que sou meio paranoico mas eu não tenho nenhuma tendência a ser paranóica Eu garanto para vocês Lógico que o meu psiquiatra que deve falar isso não eu né mas tudo bem bom vencemos o primeira etapa das três etapas o cenário his o voo panorâmico né o segundo ponto são alguns aspectos culturais e subjetivos da vida hiperconectada e suas relações com a psicopatologia então a gente tá falando de uma de uma hiperconexão de uma vida
hiperconectada de uma hiper exposição de um culto à imagem né Eh de uma exigência em relação à visibilidade constante incessante a exigência de gratificação de prazer constante incessante Esse é é um aspecto cultural da subjetividade contemporânea também nós temos um fenômeno do do tempo de trabalho e de estudo se se sobrepor e se confundir cada vez mais com o tempo livre com o tempo de lazer com as atividades de lazer estão bem misturados né o o uso do do celular dos smartphones é um exemplo disso né a gente não sabe quando mais a gente tá
trabalhando quando a gente tá se divertindo o turismo eh o turismo ele ele ele foi cooptado completamente pelo sistema econômico a gente viaja a gente é um agente econômico de consumo né que tá que tá dentro desse sistema pleno então aquilo que a gente acha que é tempo livre que tá fora do sistema produtivo do sistema econômico do capitalismo não tata totalmente dentro não existe mais separação isso também é um aspecto eh cultural contemporâneo né Eh o uso da das Telas os usos dos celulares dos smartphones também produzem uma sensação curiosa nas pessoas de poder
de onipotência de escolha né eu tenho meu celular eu faço o que eu quero com o meu celular eu escolho né eu conduzo a minha vida eu Controlo a minha vida eu acho que ler do Ivo engano né é assim cada vez mais a gente controla menos cada vez mais a gente é mais controlado eh por um um sistema de informação cada vez mais rico mais complexo né mais trabalhado inclusive com inteligência artificial né que de fato nos controla cada vez mais né então o o por exemplo um comportamento importante na vida social e política
o comportamento de voto vocês sabem que hoje existe claramente uma uma influência forte da Big Data sendo utilizado por grandes grupos políticos né para para manipular o comportamento de voto né a própria eleição uma eleição anterior nos Estados Unidos do trump teve eh uma série de de implicações do uso da Big Data né pelo governo Russo e tal vocês acompanharam essa história toda ou seja eh Essa ilusão de onipotência é é eh é um grande engano né e e e há esse esse sistema né que inclusive não é um sistema individualizáveis impor nada pra gente
elas oferecem pra gente as coisas né Eh eh ela mexe com o nosso desejo nós que queremos fazer aquilo então nós queremos entrar nesse Sistema de Controle nós buscamos Esse sistema de controle ninguém tá ninguém tá obrigando as pessoas a jogar no beds as pessoas estão ávidas por jogar a gente vê no no Hospital das Clínicas lá na lá na na Unicamp né os funcionários na portaria jogando no Bees todo mundo jogando no bets Isso é uma loucura uma febre ISS é um controle né do uso do tempo do dinheiro das pessoas que não é
na porrada é no desejo pega pelo Desejo o desejo que a Big Data cada vez vai saber melhor do que nós né então cada vez mais nós vamos perguntar pros aplicativos Mas afinal o que que eu desejo mesmo o que que eu quero Qual é o meu desejo mais profundo mais inconsciente né é o aplicativo que vai dizer é que tá o meu tesão o aplicativo que vai dizer não vou ser eu ele sabe muito mais do que eu onde é que tá o meu tesão né aí a questão do de de dos aplicativos eu
eh que é um um exemplo disso que eu tô falando dos aplicativos de encontros amorosos eles estão crescendo o uso de de dos aplicativos eh não só nas pessoas solteiras É principalmente em jovens solteiros mas jovens solteiros casados viúvos divorciados é cada vez mais as pessoas utilizando os os os aplicativos os tinders e os da vida né Eh e esses aplicativos eles são são alimentados com informação os algoritmos trabalham essas informações os metins são feitos a partir desses algoritmos né isso tudo entra na no compõe essa Big Data né E essas formas de encontro de
escolhas amorosas sexuais as formas de Amar De se relacionar de fazer sexo de gozar de se frustrar de sofrer cada vez mais estão eh passam pela pela pela por essa Big Data e e e esses aplicativos vão cada vez mais saber melhor do que nós né eh vão cada vez mais colonizar a nossa subjetividade o nosso desejo mais íntimo e a gente pode perguntar desejo íntimo que intimidade é essa né que um sistema de dados tem muito mais acesso do que eu próprio né ao ao meu desejo íntimo né Eh os aplicativos eh eles vão
saber melhor do que nós quem nós queremos encontrar no fundo quem é Nossa parceira ou parceiro ideal mais desejado como é conformado o nosso desejo o nosso tesão como é o melhor gozo como é o melhor orgasmo né Eh eles saberão melhor do que nós sobre o nosso desejo né E também sobre o nosso sofrimento sobre como devemos sofrer com as perdas amorosas com os abandonos com os fracassos amorosos bom esse é o segundo aspecto do do que eu queria comentar com vocês dos três né o os aspectos culturais e subjetivos da vida hiperconectada e
eu vou terminar meu terceiro aspecto vai ser sobre o sofrimento mental e os transtornos mentais atuais e a sua possível Associação com a vida hiperconectada eh Aqui nós temos eh eh um conjunto de dados de pesquisa empírica bastante volumoso um conjunto de de Pesquisas muito bem feitas metodologicamente numerosa em vários lugares locais do mundo em vários países à nossa disposição se você pesquisar eh nos nos sistemas de de pesquisa de busca de de artigos científicos eh na área médica o pubm é o é o maior né mas existem vários outros o Google Acadêmico né o
Google scholar né e um é um é um um sistema desse de busca de de artigos científicos você vai encontrar um um grande número de pesquisas e não só de Pesquisas originais e bem feitas metodologicamente Mas também de revisões você tem já revisões que atualmente na na área médica as chamadas metanálises revisões de metanálises já existe uma quantidade enorme mostrando muito claramente algo que é extremamente alarmante ó eu dando notícias ruins para vocês outra vez né a gente constata que nos últimos 15 20 anos houve de modo geral no mundo né um aumento muito muito
significativo do sofrimento mental dos transtornos dos sintomas mentais sobretudo ansiedade e depressão sobretudo em adolescentes e jovens sobretudo em garotas adolescentes e jovens é o grupo em que mais aumentou sintomas ansiosos sintomas depressivos comportamentos de automutilação como cortar cutting né Skin picking cutting cortar a pele furar a pele e o suicídio o os comportamentos Suicidas e o suicídio completo A pessoa se matar o a jovem se matar o jovem se matar né esse é um aumento muito bem documentado e impressionante alarmante não é alarmismo que eu tô faz fazendo não eu tô falando de dados
dados eh que se você fizer uma uma uma pesquisa eh um pouco um pouco cuidadosa você vai ver que esses dados são muito consistentes né esses comportamentos eh Suicidas e automutilação eh eles aumentaram claramente no mundo anglofono nos Estados Unidos é muito bem documentado nos últimos 15 20 anos um aumento do suicídio em adolescentes das garotas principalmente né o aumento maior nas garotas os garotos ainda os homens ainda se matam mais que as mulheres mas o crescimento é maior entre as garotas no Canadá na Inglaterra Austrália Nova Zelândia na Europa ocidental de modo geral na
Escandinávia de modo geral mas se você aprofundar a pesquisa você vai ver que você tem dados de aumento de sintomas depressivos em muitos lugares do mundo Fora esse centro de países mais desenvolvidos você tem no Oriente Médio bem documentado aumento de sintomas depressivos entre os jovens sobretudo entre garotas na África na Ásia aumento de sintomas depressivos e aumento de suicídio nos Estados Unidos isso é bem documentado né nos países europeus é bem documentado Escandinávia é bem documentado e no Brasil também é bem documentado há algumas pesquisas bem feitas e com dados originais dos últimos 15
anos o suic está aumentando no Brasil as taxas de suicídio estão aumentando e principalmente estão aumentando entre os adolescentes e jovens marcadamente entre as garotas adolescentes e jovens né Eh suicídio é um uma das questões mais dramáticas de saúde mental quase um eh 800.000 pessoas quase 1 milhão de pessoas morrem por ano no mundo por suicídio né e a segunda a causa de morte entre jovens adolescentes e jovens o suicídio eh em 2000 as taxas de suicídio e automutilação não fatal tiveram um aumento sem precedentes nos Estados Unidos né sobretudo em garotas como eu falei
o aumento dos comportamentos Suicidas e do suicídio eh além de ser mais pronunciado na nos adolescentes e jovens nas adolescentes e nas jovens ele também se concentra mais nas minorias raciais mais nas minorias étnicas minorias sexuais e minorias de identidade de gênero mais naqueles grupos que vivem na pobreza e mais naquelas pessoas que passaram por maus tratos também essa pesquisa tem identificado isso né uma das pesquisas mais bem feitas no Brasil foi um uma tese de doutorado feita na Escola Paulista de Medicina eu participei da da banca né eu fui examinador dessa tese que estudou
suicídios eh com dados eh bem coletados em grandes cidades brasileiras entre 2006 e 2015 e mostrou um aumento de 13% na taxa de suicídio em adolescentes é muita coisa aumento de 13% nas taxa de adolescentes e e eh esse suicídio ele se dá mais nas cidades onde há mais desigualdade social socioeconômica que mais desemprego eh foi uma uma uma pesquisadora boliviana né na Escola Paulista de Medicina Jean varas que defendeu essa tese em 2019 há um debate atual e eu vou caminhando eh pra fase final da minha apresentação pra gente poder ter perguntas e debates
né eh Há Há um debate atual eh protagonizado por dois autores importantes eh sobre a relação a a possível relação entre esse Esse aumento de Sofrimento mental de transtornos mentais de suicídio entre jovens entre as garotas adolescentes e o aumento da vida hiperconectada do que eu tô falando para vocês hoje à noite o aumento da da das horas e da vida eh nas redes sociais nos smartphones né esse debate ele é exemplificado por dois autores de um lado o Jonathan Heid um importante psicólogo social americano publicou um livro que tá fazendo um impacto tá tendo
um impacto Grande a geração ansiosa né de anxious Generation né agora em 2022 23 saiu agora em 24 nesse ano no Brasil a tradução pro português o Jonathan height defende a ideia de que há uma conexão causal entre aumento da do uso das redes sociais né dos dos dos smartphones mas principalmente das redes sociais e o aumento de Sofrimento mental de suicídio entre as adolescentes entre os adolescentes e sobre tudo As adolescentes do outro lado uma autora chamada Candice oders publicou Agora em março desse ano na revista científica mais importante a Nature que nós temos
ela publicou um longo ensaio se contrapondo essa ideia do do do Jonathan Heid a ideia de que as a as mídias sociais estariam por trás da epidemia de Sofrimento mental entre os adolescentes ela vai dizer que existe uma correlação mas que nós não temos elementos para dizer que essa correlação é causalidade Aí cabe Uma Breve breve breve ideia dessa dessa Essa é uma coisa que se discute muito em metodologia científica e que correlação é diferente de causalidade correlação quando dois fenômenos acontecem e crescem ao mesmo tempo né causalidade com um fenômeno causa o outro eu
um exemplo muito claro disso é você entra num bar ou num restaurante e E observa as pessoas que mais usam adoçante e você vai observar depois de um tempo que as pessoas que mais usam adoçante são as pessoas mais gordinhas então se você então há uma correlação entre uso de adoante e ser mais gordinho se você transformar correlação em causalidade você diz assim usar adoçante engorda Então na verdade o adoçante tem mais caloria que o açúcar O que é falso né na verdade H uma correlação não uma causalidade talvez outros fatores estejam implicados por exemplo
as pessoas mais gordinhas estão constantemente fazendo um esforço para emagrecer usando adoçante né por isso elas usam mais adoçante E isso não é suficiente para elas emagrecerem Talvez seja esse esse a flecha de causalidade tá no outro sentido ou seja Esso é um dado básico de metodologia científica que correlação não é causalidade né para você estabelecer que existe uma relação de causalidade entre dois fenômenos você precisa vários fatores como por exemplo precedência temporal o fator causal tem que anteceder o o efeito né Eh haver relações de dose e efeito então quanto maior mais intenso o
efeito causal mais intensa a a a consequência assim por diante existem vários meios de saber que uma correlação entre uma correlação existe um fenômeno causal né o jonath hde diz que há uma uma um fenômeno causal do uso das redes sociais da das mídias sociais sobretudo do Instagram né ele coloca muito ênfase no Instagram e o maior sofrimento entre os adolescentes entre as garotas adolescentes principalmente mas há autores que dizem que não é suficiente de fato eu revi essa Literatura e essa literatura é basicamente correlacional as meta-análises os estudos mostram correlação muito menos estudo mostram
causalidade mas há alguma alguma alguns dados que que fazem pensar na causalidade né Eh também é importante lembrar antes da gente terminar que além do uso das redes sociais do dos dos telefones celular da tela pelos adolescentes outros fatores eh na sociedade contemporânea mudaram e tem se tem acontecido tem se transformado que podem estar implicado podem estar implicados nesta verdadeira epidemia de Sofrimento mental de transtornos mentais de suicídio entre os adolescentes eu eu vou pensar aqui esses possíveis essas possíveis causas candidatas para explicar o aumento de sofrimento mental entre as os adolescentes e jovens sobretudo
as garotas né O que que tem sido sugerido aí um ponto que tem sido sugerido é a a misoginia e o machismo né talvez nem tanto o aumento do machismo e da misoginia porque o o o o mundo sempre foi machista e misógino né ele não é mais misógino eu pelo menos penso hoje do que foi no século XIX no século XVI era terrivelmente machista e misógino no século XVI x e no começo do século XX entretanto talvez a percepção e a sensibilidade da misoginia e do machismo estejam mais aguçadas no momento atual também isso
é válido pro racismo né o racismo eh Terrível ele Talvez não não seja mais intenso hoje do que foi no século XIX onde havia escravidão no século XVI né Eh no século no século 20 onde nos Estados Unidos havia um verdadeiro regime de Apartheid nos Estados Unidos né e e e e e um racismo muito mais eh cruento né do que o racismo contemporâneo estrutural que nós temos hoje Entretanto é possível que a percepção do racismo e a sensibilidade para o racismo estejam mais aguçadas no momento contemporâneo Além disso um outro elemento contemporâneo nesse nesse
cenário de possíveis candidatos para explicar esse essa epidemia de Sofrimento Mental é o impacto da crise financeira a crise financeira global que foi muito impactante em 2008 sobretudo nos Estados Unidos com repercussões para pro mundo inteiro o que acontece nos Estados Unidos repercute no mundo inteiro Tanto que uma amiga minha me falava outro dia que a eleição dos Estados Unidos devia ser ter participação de todo mundo porque é tão importante o que vai acontecer nos Estados Unidos que todo mundo deveria poder votar né eh ou na camala hervis ou no trump né o mundo decidi
isso não só os americanos né porque vai respingar pro mundo inteiro o que acontecer lá né né então essa crise de 2008 que foi muito importante e tem consequências até hoje uma crise que implica como alguns economistas mostram um uma concentração crescente de renda a renda no mundo está cada vez mais concentrada em em menos pessoas menos famílias cada vez mais ricas mais poderosas menos empresas cada vez mais poderosas economicamente e um paralelo empobrecimento das camadas mais pobres né em vários países não em todos não em todos mas em vários países há dificuldades sobretudo paraa
Juventude contemporânea de dificuldades econômicas dificuldade de emprego muitos economistas mostram que a vida Econômica pros millennials pros jovens de hoje que tem 20 anos e 20 e Poucos Anos é bem mais difícil do que a vida foi pra minha geração por exemplo eu pego o final dos baby boners né Eh daquela geração que nasceu na depois da Segunda grande Guerra eu nasci em 1960 e tô no finalzinho dessa geração né que que a vida foi mais fácil economicamente tinha mais oportunidade de emprego maior possibilidade de crescimento econômico para essa geração e a geração contemporânea é
bem mais difícil tá bem mais difícil tem tem o emprego tá tá tá tá desaparecendo no no no ou ou tá sendo corroído No sistema capitalista contemporâneo Então tá tá mais difícil de certa forma esse cenário eh de início da vida Econômica de início e continuidade da vida Econômica pros pros jovens né também um outro elemento que eu penso aqui nesses candidatos eh de causalidade é a crise ambiental que tem um impacto cultural eh real e cultural importante a ideia de que não há um futuro né Muita muitos jovens eh T essa sensação e que
não é uma sensação absurda longe disso né porque muitos bons ecólogos bons biólogos falam que a crise ambiental é séria o aquecimento global é um fato né é um fato e as consequências no sentido de eh de secas né de enchentes eh de deslocamento de populações são bastante possíveis bastante plausíveis bastante prováveis então eh a a a a juventude ouvindo isso e estando presenciando esse cenário assim que futuro é esse que futuro é esse que que que me que me espera e que espera a mim a aos meus filhos aos meus netos né Eh e
por último mas não menos importante né o uso e aí o o o Jonathan Hyde vai dizer que esse é o fator mais importante então e aí tá o debate né é o uso crescente generalizado dos telefones celulares dos smartphones o o aumento do tempo nas telas né Eh o aumento do uso das redes eh sociais a vida a vida hiperconectada né Eh sobretudo aí na no Instagram eh que o Jonathan Heid diz que é o principal vilão mas tiktok Facebook etc né bom eu vou tentar terminar agora eh fala falando de possíveis eu trouxe
muitas dúvidas muitas questões para vocês questões ansiogênico de seis possíveis consensos ou coisas que são mais plausíveis mais conceituais não são boas notícias eu vou continuar dando notícias ruins para vocês então não vim hoje embora eu tô muito confortável aqui tomando meu vinho né Eh eu não tô criando um ambiente confortável para vocês né não me propus a isso também não porque eu seja mal né eu tenho as minhas maldades e as minhas bondades mas eu acho que a realidade que é é é é bastante terrível né os os seis consensos são primeiro eu acho
que é bastante consensual que o uso intenso por várias horas por dia e a gente tá falando em 4 6 horas por dia pelo menos né Eh de de de celular de redes sociais pelos pelos adolescentes com padrões de dependência que que é um padrão de dependência uma preocupação cada vez mais exclusiva com as redes sociais com a vida nas redes sociais e Em contrapartida deixar ou abandonar as atividades presenciais as relações presenciais sendo trocadas pelo pela vida nas telas né que isso eh é bastante plausível que isso seja nocivo a saúde mental que isso
faça mal pras pessoas que faça mal pros adolescentes pras garotas adolescentes é muito plausível eu acho que é quase um consenso né o segundo eh elemento consensual é que a ideia de autoimagem E aí pegando muito sobretudo as garotas né é autoimagem o ideal de beleza né cada vez mais difícil inatingível né causando um sofrimento muito grande né a o GAP né a diferença entre a minha imagem real aquilo que eu consigo postar no Instagram e a imagem idealizada de uma atriz linda a o GAP é é é tão grande que isso causa um sofrimento
imenso né Isso é bastante plausível que essa essa essa esse ideal de autoimagem tenha um um efeito eh de Sofrimento Mental para essas garotas eh o terceiro elemento é o advento do Cyber bullying o bullying nas nas redes sociais que também é uma realidade bastante constatável as relações tóxicas nas redes sociais frequentes né um quarto elemento também eh talvez mais sensível para as garotas é a ideia de pertencimento não pertencimento aos grupos né e e e e aí a a situação Cruel de não se sentir pertencente a um grupo sentir lada sentir eh rejeitada por
grupos sociais né grupos que estão ativos aí nas nas redes sociais um Quinto Elemento seria o um ambiente pessimista crescente nas redes sociais eh vários eh jovens T me falado nisso a gente estava conversando contigo William eh há pouco tempo né da desse ambiente mais pesado mais negativo nas redes sociais me chamaram Atenção para isso trazendo prejuízo possível prejuízo para para os adolescentes e por último sexto último mas não menos importante né as Pesquisas mostram que o uso crescente de celulares o uso eh a a permanência cada vez por mais tempo nas redes sociais traz
prejuízos muito significativos ao sono dos Adolescentes né os adolescentes dormem cada vez menos horas e cada vez pior com pior qualidade de sono e sono eh é um elemento fundamental pro bem-estar e pra saúde mental dormir mal faz mal para todo mundo e faz muito mal pros adolescentes e muito tempo de tela muita rede social atrapalha seriamente o sono isso é eu não tô falando em hipótese aqui eu tô falando de dados bastante consistentes então o prejuízo do Sono dos Adolescentes correlacionado a aí de forma causal com o uso das redes sociais com esses seis
possíveis consensos eu termino a minha apresentação e me coloco aqui à disposição Agradeço o ouvido de vocês e peço perdão por não trazer notícias mais alegres para vocês esta noite obrigado Paulo vou agradecer a sua apresentação eh dar uns recados aqui para a gente vai agora pra segunda parte a parte das perguntas né então quem tá aqui em Campinas tem uns papeizinhos nas mesas só escrever a pergunta ali chamar alguém da produção caso queiram fazer pergunta também só levanta a mão a produção chega até vocês e no YouTube continuem escrevendo os comentários escrevendo as perguntas
a gente está anotando já já a gente começa a lê-las Também aqui só vou ler um comentário antes de começar o eh te dando para eu não vi o nome aqui mas Parabéns pela sua palestra muita riqueza de Sabedoria ficarei mais rico no saber você é excelente então um comentário de alguém que escreveu aqui no YouTube para você e para começar a gente vai ter uma pergunta do curador que tá aqui presente hoje com a gente então Simonete por favor pode abrir abrir as perguntas Paulo boa noite boa noite eu fiquei com uma obrigado querido
eu de minha parte Estou encantado com a sua fala por um lado e angustiado por outro então tem esse sentimento de Valência mas o Encantamento com seu jeito de falar mesmo né de Como você consegue tornar um pouco menos obscuro esse universo do contemporâneo né a clareza com que você coloca as coisas então primeiro lugar muito obrigado por isso eu vou pedir para você fazer um comentário sobre dois grupos de profissionais que se dedicam que trabalham em relação ao sofrimento mental né os psiquiatras e os psicanalistas queria pedir para você comentar Qual é a relação
deles atualmente eu quero enfatizar o atualmente porque eu acho que a relação entre os psiquiatras e os psicanalistas também ao longo do das últimas décadas mudou muito na década de 70 a psicanálise era importante demais paraa psiquiatria uma pesquisa feito com os catedráticos de das faculdades das das cadeiras de psiquiatria da Universidade americana 90% deles dizia de alguma origem ou de alguma fundamentação psicanalítica eles diziam ah Posso não ser exatamente um psicanalista mas é psicanálise é o meu chão Isso é uma frase deles 30 anos depois A pesquisa foi feita de novo em vez de
ser 1970 2000 e apenas 7% deles diziam ainda ter alguma filiação referência da psicanálise ou seja nos Estados Unidos né Isso é isso tá no livro do Stone sobre história da da psiquiatria né da psiquiatria né então houve um divórcio literalmente falando em 30 anos né entre a Psiquiatria e a psicanálise e nesse divórcio né a a psiquiatria começou a considerar a psicanálise como aquele ex ou aquela ex né como falar eu falecido não quero saber não serve para nada no começo era assim ah não faz mal né uma atitude da psiquiatria em relação à
psicanal hum depois chegou ponto assim não isso atrapalha não quero saber então criou-se uma uma distância muito grande e e o que aconteceu com a psiquiatria que se ela se eles já foram casados né lá na década de 70 eram casados a psiquiatria psicanálise divorciaram a psiquiatria casou com a TCC né Nós terapia comportamental cognitiva atualmente por razões metodológicas por uma série de de razões que eu não vou enumerar aqui mas isso é o fato né né e a psicanálise ficou no E então eu queria saber de você hoje como é isso você é um
é um professor universitário é um psiquiatra você trabalha numa das universidades brasileiras que tem um pensamento mais humanista acho que podemos dizer isso né e como é para você como é que você vê de lá essa relação entre a Psiquiatria e a psicanálise existe não existe aquela história de que se eu levar essa analogia da do casamento de separação para Diante O problema é que o filhos são os mesmos né os pacientes são os mesmos tratado por psiquiatras e psicanalistas ou não não são enfim esse queria trazer essa relação para pedir para você comentar sobre
isso super super obrigado pela pergunta é uma pergunta que me toca bastante né eu eu comecei a fazer psiquiatria em 1984 me formei em 83 e 94 comecei a residência em Psiquiatria e então são eh 40 anos né de estrada e eh quando eu comecei a fazer psiquiatria tava na vigência do casamento era um casamento bastante eh sólido e parecia eh aquele casamento tradicional que Deus uniu o homem não separa né não tem papo de divórcio não tem isso daí não tem conversa vai ser né e a gente fazia psiquiatria para um dia ser psicanalista
na Unicamp Pelo menos era assim né era um departamento fortemente psicanalítico Professor Maurício Nobel eh eh um psicanalista argentino bastante bastante famoso e tal e tinha todo um etos um uma cultura nesse sentido mas a psiquiatria se transformou muito né nos anos 80 nos anos 90 Você lembra que os anos 90 Foi decretado como a a década do cérebro né Eh o advento da da da neuroimagem né da das tecnologias de tomografia computadorizada depois ressonância magnética de crânio com estudo do cérebro vivo do cérebro em funcionamento e eh a neuroquímica depois h a questão da
da da genômica né da eh da da do projeto Genoma né com com soletramento de todo todo Genoma Humano quer dizer houve uma transformação um incremento da ciências biológicas genéticas eh da das neurociências eh isso varreu a Psiquiatria e a psicanálise foi olhada com muita desconfiança porque a psicanálise é é muito mais para ciências humanas do que para ciências biológicas as chamadas ciências duras né Eh eu vivi isso me angustie com isso sofri com isso né pensei dei cambalhotas iso na minha vida profissional pessoal né com os meus amigos mais próximos minhas amigas e amigos
e colegas mais próximos né iso tem a ver com não tem a ver com o que a gente tá falando hoje também porque eu acho que a a psiquiatria comprou algo da ideologia contemporânea que é a ideologia ideologia da eficiência né que a gente tem que se basear em em evidências tem que se basear em ciências duras e a gente vai ser mais eficiente para tratar as pessoas se a gente fizer isso Isso é uma falácia quem é Clínico quem trabalha com as pessoas sabe que isso é uma falácia Hoje nós não tratamos melhor os
pacientes do que nós tratávamos há 40 anos eu comecei a tratar as pessoas há 40 anos eu acho que a psiquiatria que nós fazemos hoje não é melhor eh e houve aumento obviamente houve houve incremento de de conhecimentos científicos em todas as áreas inclusive na psiquiatria novas drogas né novas tecnologias entretanto o centro da questão o modo de cuidar das pessoas que é o mais importante da Clínica isso não mudou e em certo sentido piorou ó eu dando notícia ruim outra vez para vocês terrível né devia me prender gente não me convidar para Café Filosófico
mas me prender né porque eu acho que hoje nós temos eh uma medicina e uma psiquiatria mais empobrecida no sentido de que as pessoas têm menos tempo pro encontro o encontro Clínico para ouvir as pessoas né para eh e a a ideia de de de de eficiência também eh a gente eu não sei se eu tô com papo de velho né mas assim essa essa ideia de que e a gente vê nas gerações jovens de de de jovens médicos e se formando uma preocupação enorme com com sucesso econômico com um consultório com visibilidade as pessoas
estão indo paraas redes sociais virando influencers fazendo propaganda de si é uma ideologia hoje de que se você é um profissional liberal você tem que fazer uma boa propaganda de si você tem que ir no Instagram você tem que né e fazer um criar uma Persona e fazer propaganda de si é uma coisa que a gente repudiava né se você é um bom profissional você vai ter sucesso porque você trabalha bem porque você é sério porque você estuda porque você trata bem os pacientes melhoram as famílias Confiam em você você e é isso que se
faz não você não precisa fazer propaganda fazer propaganda era uma coisa meio mal Vista hoje é uma coisa idealizada você tem que fazer propaganda né então tem um éos que tá correlacionado com a sua pergunta e a e o que nós estamos falando da vida hiperconectada obviamente a sua pergunta abre para muito mais coisas que é que não é que não a gente não não poderia falar eu acho que tem muito mais coisas né a própria ideia do TCC Alfredo eu acho que e eu acho que TCC é terapia cognitiva comportamental é uma é uma
forma interessante tem sua riqueza terapia comportamental também tem a sua riqueza tem a sua força mas eh a a a a TCC entrou na psiquiatria ela foi a a nova esposa da psiquiatria eh eh por motivos eh eh não muito nobres né não que a TCC tenha defeitos é que a a TCC ela é ela se encaixa muito melhor no modelo de prova que que a psicofarmacologia tem que são os ensaios clínicos porque você pode fazer testagem de 12 semanas de TCC modelada já pré modelada para pessoas com toque pessoas com fobia social isso você
não faz com psicanálise isso você não faz nem com terapia comportamental você faz com TCC então a TCC ofereceu um produto que a psiquiatria queria comprar que que o que o establishment científico da sobretudo da psiquiatria norte--americana queria comprar e comprou e foi um casamento feliz eu tenho minhas dúvidas porque eu acho que a gente é feliz quando a gente faz coisas boas acontecerem E isso não não não não produziu isso que eu tô te dizendo não produziu uma maior eficácia uma uma assim um alívio maior no sofrimento das pessoas porque ao final o que
a gente quer como clínico é que as pessoas tenam uma vida melhor que a gente possa contribuir muito ou pouco para que as pessoas sofram um pouco menos gozem um pouco melhor da vida tenham mais Liberdade interior né É isso que a gente busca eh como clínicos né e eu acho que a gente não tá conseguindo fazer isso melhor Paulo chegaram várias perguntas aqui agradecer a todo mundo que tá mandando Pergunta via papelzinho tem três aqui que elas são relacionadas eu vou ler as três aqui numa ordem Mas você vão ver que é o mesmo
tema eh o luí Paulo ele diz que de posse dos dados que o senhor trouxe eh poderia dizer que a atual tendência de retirada de uso dos celulares em escolas deve ser adotado como política pública a pergunta dele a Evelyn diz assim dentro dentro da pesquisa dela de Mestrado ela tem identificado entre os adolescentes o uso do celular acaba sendo empírico sem instruções e supervisão dos pais a pergunta é como podemos abordar isto com essa geração de pais e a Ana Lúcia é como conscientizar os pais dos riscos à saúde mental de seus filhos em
razão da hiperconectividade São perguntas eu Aim muito importantes perguntas pragmáticas né diante desse cenário O que que a gente pode fazer a gente tem que tentar fazer alguma uma coisa né Eh o o o Jonathan H ele ele propõe isso ele eu não não enfatizei isso porque ele faz um diagnóstico bastante acurado né e ele ele propõe eh Então se o mal é o o Smartphone e e as redes sociais vamos tirar na marra a os smartphones e as redes sociais dos Adolescentes muito fácil de falar para praticamente impossível de fazer né Eh porque tá
colocado e tá colocado num num num sistema né Eh poderosíssimo né de um sistema que é econômico que é social que é político também né que di interessa a sociedade eh contemporânea esse padrão você pode proibir nas escolas e na França eu ouvi falar outro dia proibiram então você na e o Jonathan diz proíbe no no ensino fundamental não tem celular na escola só no no na High School que seria o nosso ensino médio né Eu acho que você pode primeiro eu acho que no Brasil não vão conseguir proibir eu acho que é impraticável isso
segundo se proibirem a garotada vai burlar vai dar baile vai dar baile no no nos professores nos pais e tal e vai vai continuar usando eu acho que é uma política na verdade eh tá tá pau sol com a peneira Eu não eu acho que isso é uma ideia até boa assim é uma ideia bem intencionada mas muito frágil que eu acho que né Eh eh Óbvio eu acho que seria interessante que que que nas escolas os alunos escutassem os professores conversassem com os professores conversassem entre si brincassem entre si né e deixassem guardado o
celular eh eu acho pouco provável que isso aconteça e no Brasil eu acho quase impossível que isso aconteça teria que haver um esforço enorme eh da de políticas públicas eh eh da cultura da sociedade e eu não eu vocês já perceberam que eu sou cético né Eu acho que que eh isso né mas é uma ideia correta não é uma ideia errada não é uma ideia errada eu acho que ela é impraticável a gente tem uma pergunta agora do público a ali na mesa ali no fundo pode se apresentar fazer a sua pergunta eh primeiramente
muito esclarecedora sua exposição eh eu sou economista e no começo da sua exposição você trouxe um aspecto eh econômico social né bastante pertinente à discussão que é a questão de como as classes mais baixas elas são afetadas diretamente tanto eh pela questão né da hiperconectividade quanto também da questão em relacionada às apostas que a gente tá visualizando hoje em dia que tá se tornando né um problema bem grande eh parafraseando também um professor meu né que ministrou bastante aulas e também uma tese que ele apresentou pra gente eh na sala de aula eh o David
Antunes capitalismo e desigualdade ele traz um aspecto muito importante quando estamos falando do aumento da desigualdade na sociedade que a gente eh percebe cada dia que é a perda das classes mais baixas eh dos espaços de sociabilidade e o que que isso acarreta na vida dessas classes mais baixas né acaba como elas não TM acesso eh eh a dado das Barreiras que existem né tanto Barreiras de renda tanto tanto quanto outras Barreiras sociais também elas acabam sendo empurradas né para esses para esses espaços virtuais eh para tentar achar uma forma né de se conectar de
trocar ideias de consumir outros eh conteúdos culturais e tudo mais e isso está estritamente relacionado com a questão do aumento né tanto da Hiper conectividade da sociedade como num todo mas também como a as classes mais baixas elas são usadas né num termo que a gente usa na economia que é chamada da economia da atenção que é a atenção ela virou uma moeda né nos últimos 15 anos então eu gostaria de trazer uma provocação até mesmo a sua a a visão pessimista né ou até mesmo contrário à visão pessimista de que como poderíamos pensar como
sociedade eh alguma forma de circundar ou eh ou evitar questão né de trazer esses espaços de sociabilidade novamente paraa população em geral ter acesso a cultura que não seja né através dessas plataformas digitais que elas não elas não estejam sendo expostas né a todas as a as a as as questões relacionadas à economia da atensão né então o que não importa não é aquilo que você consome aquilo que você recebe e a quantidade que você recebe e como isso impacta né diretamente eh nessa na na questão né da da da hiperconectividade e também no aumento
né da da da das mazelas relacionadas à saúde mental e tudo mais essa seria a minha questão é é ótima a sua questão e e eu eu torço para que propostas otimistas e vençam né Eu torço para est errado né Eh você fala de uma coisa que me parece também muito importante e particularmente importante na realidade brasileira que é a questão do da dos espaços de sociabilidade né Eh com a pandemia a gente viu eu vi no meu dia a dia na Unicamp por exemplo eh uma perda de espaços de sociabilidade muitas cantinas foram fechadas
muitos espaços de sociabilidade dos Estudantes foram fechados e simplesmente não reabriram depois da pandemia né e os os os estudantes estão cada vez mais ados com os seus smartphones né Eh isso num numa num num grupo bastante privilegiado da sociedade brasileira que é o estudante universitário de uma universidade como como a Unicamp é um grupo que socialmente economicamente e tá de modo geral melhor do que a a a média das da da sociedade sobretudo da sociedade periférica brasileira outro aspecto desses espaços de sociabilidade que é mim me me impacta muito é é é e e
é constatar o desastre que são as políticas eh de planejamento urbano no Brasil né o Brasil é um é um país onde não há planejamento Urbano quem domina o planejamento Urbano são os interesses Imobiliários né cada vez mais você tem cidades maiores cidades com qualidade de vida pior cidades onde a população trabalhadora mora cada vez mais longe do seu local de trabalho né com meios de transporte ruins passam muito tempo nos meios de transporte ruins né e o seu espaço de moradia é é super desvalorizado né quer dizer eu acho que assim nós temos uma
necessidade no Brasil imensa imensa de começar a pensar de uma maneira séria em planejamento Urbano em uma em uma organização do dos espaços urbanos minimamente Digno Para as pessoas e não totalmente controlado por interesses Imobiliários a gente tá vendo isso em Campinas a gente tá vendo isso em Campinas não não não não se faz nada em em termos de se pensar essa cidade daqui 20 de 30 anos com uma qualidade de vida mais decente sobretudo paraa população mais pobre se faz é eh incentivar empreendimentos imobiliários para classe média alta e para ganhar dinheiro para para
grandes grupos ganharem cada vez mais dinheiro né então eu acho que essa essa ideia de espaço de sociabilidade se contrapondo a a a a a ao ao consumo crescente das redes sociais é eu acho que é um ponto muito importante que você tá concordo plenamente a nele Fagundes Pergunta se o uso excessivo das redes é a necessidade necessidade de se expor do ser humano e consequentemente conseguir aplausos status eh não não acho não acho que é que é que é algo natural do ser humano e necessidade Lógico todas as pessoas necessitam de conhecimento necessitam de
de afeto de acolhimento isso é mas não necessitam necessariamente de aplauso aplauso é diferente de de reconhecimento né de de de afeto de acolhimento né Eu acho que o que a sociedade do espetáculo né Eh do Guide debor e a tirania do Prazer estão falando não é de reconhecimento de acolhimento de relações significativas as pessoas eu acredito que os seres humanos precisam para sobreviver afetivamente de relações significativas relações afetivas significativas nós não vivemos sem uma figura materna sem uma mãe que diga Olha você é uma pessoa amável né eu vou investir em você porque você
vale a pena amar você né né eu eu acredito em você né Eh uma figura materna figura paterna a o outro significativo a posa em você isso é é essencial paraa sobrevivência psíquica do ser humano isso é diferente de aplauso de visibilidade nas redes eh de de exaltação da da da da autoimagem é bem diferente isso não é natural eh essa ideia do aplauso é uma criação bastante recente bastante recente na na na na nossa sociedade mais uma pergunta do público na mesma mesa lá pode se apresentar e fazer sua pergunta Olá boa noite meu
nome é Lara Freire e recentemente ocorreu uma situação onde o jovem de 14 anos fora do país eh desenvolveu uma relação com uma inteligência artificial que era basicamente a calícia the nar Game of Thrones ele ficou 10 meses né Eh conversando com essa ia e e nenhum momento eh Apesar dele desabafar sobre as tendências Suicidas dele el essa ia não e desincentivo ele em momento algum e depois de 10 meses ele se suicidou eu queria que você comentasse um pouco sobre o que você acha sobre isso e queria saber também eh se você acha que
a tendência desses cenários é aumentar nos próximos anos é excelente pergunta é é terrível né é medonho isso que aconteceu e e e eu acho que isso a tendência é isso acontecer mais e mais infelizmente né e acontece talvez num num nível não tão dramático mas acontece tá acontecendo no no no dia a dia essa ideia de que eh a relação que você estabelece com com essas essa figura da inteligência artificial é uma relação eh tá se intensificando tá se intensificando e o que aconteceu tem um filme né o Hell né que que retrata vai
vai vai nessa linha um filme já Quantos anos tem 10 anos esse filme O Hell ou um pouco mais né eh e e que retrata essa relação no caso de um já não é um adolescente é um é um homem jovem com com uma namorada que é inteligência artificial que é a namorada perfeita né Ela é perfeita n o único problema é que ela não existe e como real né o único o único defeito dela é que ela é um sistema operacional né Ela não é uma pessoa né E no final do filme eh ele
descobre que ela ela ela tá namorando com ele e mais 17.000 pessoas ao mesmo tempo e ela faz isso muito bem né O filme é muito bacana muito bem feito né mas é eu acho que essa essa é uma realidade assim mas não dá para dizer que isso vai acontecer porque futurologia é a coisa mais mais fadada ao fracasso né a gente sempre que faz futurologia a gente costuma errar né por isso que o agamben fala né o contemporâneo é obscuro o futuro é mais obscuro ainda né pode tanta coisa acontecer então a gente tá
falando do presente e do passado do futuro eu acho que que aí sim é falar o Roger ele ele diz assim que hoje ele se deparou com o seguinte meme mantenha-se informado mas não muito se não dá vontade de chorar e aí a a questão é que somos bombardeados por informação o tempo todo e a pergunta que ele te faz é se seria correto afirmar que o excesso de informação poderia ser responsável por desordens mentais como a depressão por exemplo pergunta bem bacana né olha [Música] Eh eu não sei eu não sei a resposta eh
o excesso de informação a gente constata hoje eh uma um uma facilidade muito grande um acesso muito grande à informação e e e e para mim e para minha geração eu acho é é bastante é muito legal você você ter uma quantidade enorme de informação né eu consulto o o google o google scholar esse o pubm da minha casa e faço uma revisão bibliográfica em em em duas horas que eu levava duas semanas para fazer né porque eu tinha aqui a biblioteca Eu consultava um livro enorme chamava index médicos que vinha os artigos eu eu
pedia pra bibliotecária trazer o artigo de outra cidade ou se um negócio assim absurdo né E hoje você tem as informações fantásticas né assim acessíveis isso é fantástico isso é maravilhoso né eu uma vez estava no no no no ginásio e eu vi uma música Um grupo de teatro cantando aquela música uma peça de teatro fazendo mem do do Chico Bararque que é uma canção belíssima do Chico Bararque eu ouvi aquela música eu tinha 13 anos 14 anos eh aqui no anibo de Freitas no ginásio aqui de campinas eu fiquei fascinado com aquela canção aquela
canção eu demorei anos para achar um disco que tivesse aquela canção não achava aquela procurava e t hoje você ouve uma canção você põe no E você tem a canção na hora né você tem então isso é fantástico o problema é o seguinte então eu acho que informação e ela não é em si prejudicial eu acho que obviamente a informação ela ela tem consequências e saber utilizar informação é tão importante quanto tem informação né saber processar a informação saber analisar saber criticar que informação é é é consistente que informação é baseada em em em em
coisas consistentes e tal que informação é falsa que informação é enganosa Isso você precisa de uma formação crítica para poder fazer esse exercício de seleção na informação obviamente toda informação necessita ser selecionada processada e interpretada não existe informação que não que não que não deva ser interpretada né E esse trabalho é um trabalho eh eu acho que aí que as pessoas podem podem se atrapalhar né nessa eh indiferenciação de de Como processar a informação ela em si não é ruim mas ela mal processada pode ser ruim tem mais uma pergunta do público da Gabriele Rocha
tá aqui hoje com a gente ela é psicóloga e psicanalista ela vai te fazer uma pergunta agora Gabriele boa noite Professor eu gostaria de te perguntar professor em relação a essa questão da hiperconectividade e da formação dos Profissionais de Saúde Mental acho que vai ao encontro da pergunta do Simonete mas te escutando eu lembrei de um provérbio que o bman cita no livro que ele diz que os homens se parecem mais com o seu tempo do que com os seus pais e aí pensando que você é um dos Pais da psiquiatria né a sua trajetória
profissional é formando muitos profissionais da Saúde Mental não só psiquiatras como psicólogos e independente da vertente teórica eu queria escutar um pouco Como você percebeu O que que mudou tanto durante essa formação assim desse tempo que você forma e acompanha tantos profissionais né Eu brinco com meus colegas da área da da Saúde Mental psicólogos psiquiatras que não consigo imaginar como era um paciente chegando por uma secretária eletrônica deixando mensagem da da Saudade do que a gente não viveu assim mas tem WhatsApp tem e-mail precisa falar com o psiquiatra tem psiquiatras que respondem só por e-mail
a gente fala Poxa eu preciso ligar para ele mas isso são ferramentas isso são ferramentas que a hiperconectividade nos trouxe mas a minha pergunta é e além dessas ferramentas Que recursos internos esses profissionais hoje precisam ter que vocês precisam transmitir que Vocês precisam ensinar que antigamente não precisava mudou a forma de medicar mudou a forma de escutar o sofrimento porque o sofrimento você diz né o núcleo não muda o núcleo da psiquiatria Talvez o sofrimento não mudou mas exem novos Sofrimentos o que que mudou queria escutar um pouco de você da sua experiência em relação
a isso obrigada legal Gabi Eh pergunta difícil e e e eu acho que é uma pergunta que leva a muitos a muitos lugares eu acho eh eu acho que mudou bastante coisa né Eh apesar de de eu ter uma crença eh muito arraigada de que a base do ser humano ela é mais ou menos a mesma há uns sei lá 200 300.000 anos que Quando surge a espécie humana né não não muda a nossa base a história a cultura a sociedade muda muda muita coisa eh de como a gente sofre de como a gente sente
de como a gente lida com o sofrimento de como a gente lida com o sofrimento então tentando tentando responder a aos seus questionamentos né eu acho que a gente tem um desafio bastante eh importante atualmente eh na na formação dos dos novos Profissionais de Saúde Mental eh esse desafio passa né Por eh por coisas muito básicas né Eh eu eu a a minha geração ainda foi eu acho que é o final né de um de uma fase uma geração que se formava eh principalmente em Psiquiatria né em psicologia Clínica se formava com o livro lendo
livros e lendo autores e a gente tinha que encarar os autores e os autores nos desafiavam né E os autores eram modos de perceber o mundo de conceber o mundo né E isso eh eh a gente tinha que passar por isso né não é assim que as gerações atuais novas encaram o conhecimento o conhecimento são bits de informação né são informações e e a informação mais recente vai superar a mais antiga né e as informações têm mais ou menos eh o mesmo peso tem mais ou menos a mesma linhagem né Eh não existe muita diferenciação
não existe eh uma preocupação e com o o o background teórico da onde você tá falando né então e quando eu tô falando com um jovem estudante de medicina Will tá aqui né com com residente eu eu tenho que fazer um esforço falei olha eu tô falando com uma tribo diferente da minha né então Eh eu tenho e eu tenho essa obrigação eu ganho para isso eu ganho meu salário para tentar ensinar bem para tentar fazer uma coisa legal né senão é você ser uma espécie de impostor né vou tá enganando eu preciso fazer alguma
coisa que seja de fato e e eh então é é é é um esforço de se colocar no lugar dessa geração entender Quais são as dificuldades e uma coisa que eu noto eu não tô sendo demagógico não eu acho que é isso É de fato eu acho que que que a a a a rapaziada né as novas gerações eh de de de de de médicos de psiquiatras de psicólogos eh Elas têm sonhos eh que são sonhos parecidos eh em certo sentido eh na na na prática clínica que todas as gerações têm sonho de poder fazer
alguma coisa legal poder fazer um trabalho bem feito né Eh poder fazer diferença na vida das pessoas elas vibram eu vejo isso no trabalho Clínico com Sobretudo com os residentes que acompanham os pacientes vibram quando você tem você consegue mudar a vida de uma pessoa você consegue influenciar a vida de uma pessoa que é caminhando muito mal você consegue fazer alguma coisa que mude esse cenário e as pessoas vibram com isso que eu acho que é isso que que nos alimenta eu eu me coloco profissionalmente como um clínico eu sou meu trabalho é basicamente como
Clínico sou muito mais Clínico do que pesquisador do que intelectual meu trabalho no dia a dia é com pacientes com pessoas no Hospital das Clínicas da Unicamp é o meu trabalho principal lá né e e e tentar fazer alguma diferença na vida dessas pessoas e eu vejo que que os jovens residentes também querem fazer isso Eh mas aí entra a o o a dificuldade Gabi Eh você precisa de certas ferramentas para poder pensar o mundo eu tô convencido disso você precisa de certas ferramentas você não vai conseguir pensar o mundo se você não eh tiver
eh acesso né a a determinados referências teóricas fundamentais né as referências teóricas fundamentais são essenciais para você conseguir pensar bem senão seu pens fica desordenado e a gente linc com a com a informação com a pergunta anterior né muita informação pode fazer mal é muita informação pode confundir se você não tiver uma maneira de processar e a maneira de processar eh a realidade é você ter lentes eh Teoricamente eh bem equipadas para poder ler a realidade Sem essas lentes teóricas e bem equipadas você vai ficar confuso você vai ficar atrapalhado e vai ficar na superfície
e vai ficar nadando sabe você se você não tem um um local você fica nadando nadando uma hora você entra em exaustão e morre afogado né E você precisa ter alguma algumas diretrizes e quem dá essa diretriz No meu modo de ver e são alguns referenciais e mentais por isso que eu acho que cada vez mais a gente tem que ir contracorrente e e fazer os estudantes eh encararem os autores né Não dá para abrir mão dos grandes autores em Psiquiatria em psicologia em sociologia em antropologia em economia eh não dá não Essas são são
autores que nos orientaram a a como o mundo né O Mundo É muito difícil de ser pensado é muito complicado é muito complicado e hoje a gente tem para piorar a situação nós temos muito ruído e pouco sinal Então você tem que filtrar né O que é sinal o que é ruído a gente tem uma quantidade de ruído constantemente aí é a pergunta também eu acho que eu tô entendendo melhor a pergunta agorao informação pode ser muito ruído e ruído perturba muito você não ouve a música Você não ouve o sinal Você só ouve o
ruído ouve barulho né E então eu acho que é esse esforço Gabi esse esforço como fazer isso ainda eu não sei né Eu sou jovem eu vou aprender pa Paulo eh o público aqui presente em Campinas tá te ouvindo pessoal também que tá acompanhando pelo YouTube tá te ouvindo e para deles a máquina também tá te ouvindo a gente fez uma seguinte experiência eu vou até pedir para colocar uma imagem aqui no telão essa aqui é a nuvem de palavras Com base no que você falou nessa primeira parte do Café Filosófico foi a parte da
sua explanação que a máquina ouviu e trouxe uma nuvem de palavras as palavras as maiores palavras são as palavras mais faladas né durante essa sua apresentação e para além dela criar essa nuvem de palavras Ela também fez uma pergunta para você que a gente vai ouvir a agora e eu que você responda her está querendo fazer uma pergunta nós vamos ouvir a pergunta de que maneira a dependência das redes sociais e da vida digital influencia a saúde mental e os transtornos psíquicos contemporâneos sabe sabe sabe aquele joguinho aqueles joguinhos que se você vai o peão
vai avançando e talal tal volte pra primeira casa né você chega no lugar volte pra primeira casa né vamos voltar pro começo da nossa da nossa conversa hoje eu acho que a eh na verdade a gente esteve a noite inteira tentando responder essa pergunta que a inteligência artificial refez agora né Eh de que maneira né Eh eu acho que eu eu vou confessar assim não vou manter uma neutralidade científica assim eu acho que de fato eh eh nós temos bastante elementos para pensar que o o Jonathan hde tá mais certo né naquele debate que eu
apresentei para vocês eu acho que eh as redes sociais do jeito que elas estão colocadas e o consumo de de tempo nas redes sociais pelos adolescentes Tem sim um efeito eh bastante deletério né bastante perverso sobre sobre a vida emocional dos dos adolescentes e dos jovens né E isso passa por uma complexidade por um um um na verdade não é só o tempo na na tela passa por um modo de vida um modo de ser que ela que ela que as que essa vida digital que essas redes sociais elas certa forma nos impõe elas impõe
aos adolescentes ainda com com mais força ainda né Eh esse modo de vida né que está intimamente conectado com a sociedade eh com o o padrão de de funcionamento social econômico político que é uma forma contemporânea avançada do capitalismo é eh eh eu acho que é a expressão dessa forma avançada do capitalismo por isso que eu acho que uma revolução não socialista mas uma revolução anarquista eh Radical para mim é a melhor solução então acho que a gente tem que destruir o mundo que tá aí e começar do zero então a proposta que eu tô
trazendo no final aqui dessa fala é uma proposta sim [Música] reforminha ideia te agradecer pode mandar me prender V te agradecer em nome da máquina aqui a gente vai paraa outra pergunta pessoal que tá tem alguém ali no fundo só se apresentar e fazer a sua pergunta Boa noite meu nome é Marco Antônio eu sou da área de letras mas eu estudo e me interesso um tanto por este assunto porque eu tenho uma filha de 15 anos que é hiperconectada então eu lhe pergunto a ausência ou uma conexão muito Tênue com algum tipo de espiritualidade
tem quanto de peso nesses comportamentos ansiosos depressivos e nos transtornos mentais eh relacionados à hiperconectividade curiosamente perdão o seu nome como é que éco amente eh embora eu seja uma pessoa pouco praticamente nada Religiosa e e e espiritualizada eu estudei muito tempo a relação entre religiosidade e saúde mental porque eu sempre me interessei por cultura e saúde mental e e e no Brasil e religiosidade é um elemento forte da Cultura né Por Conta mais por um por uma inquietação eh antropológica uma inquietação pessoal minha religiosa que não sou não não né Eh de fato você
tem eh você tem bastante bastante indícios de que eh de alguma forma religiosidade espiritualidade e e e e participação da vida religiosa eh ajuda muitas pessoas a a a a lidar com sofrimento a lidar com dificuldades Esse é o ponto eu acho que isso eh dá para se dizer né entretanto eu acho que seria um pouco simplório você eh você fazer uma associação de que e a os adolescentes estão sofrendo muito por causa de falta de espiritualidade e religiosidade né na verdade assim a sociedade brasileira ela é muito eh ela é muito marcada por religiosidade
né o Brasil é um país profundamente ioso profundamente religioso em um crescimento eh contínuo contínuo eh da religiosidade nas classes populares sobretudo da religiosidade evangélica que é uma religiosidade muito intensa de maneira geral né Eh isso eh não implica menor sofrimento né você vê que a a os as taxes de sofrimento mental nas classes populares CD e no Brasil tão aumentando e as pessoas estão cada vez mais religiosas não estão menos religiosas né Você pode falar ah não é uma boa religiosidade não é uma boa espiritualidade mas aí a coisa fica muito mais complicada O
que que é uma boa espiritualidade a minha é boa espiritualidade do outro é ruim então é complicado isso né É É muito difícil você você definir o que que é é boa já tentaram viu vários vários autores sociólogos e tentaram falar de uma boa religiosidade e uma má religiosidade mas eu acho muito muito complicado isso e não ser atravessado por preconceitos e e e preconceitos políticos ideológicos eh classistas E por aí vai né então assim eh eu eu eh Marco Antônio eu acho que assim eu acho que a que que os adolescentes você falou da
sua filha de 15 anos né Eu acho que os adolescentes eh eles têm necessidades eh fundamentais eh que são as mesmas eles têm as necessidades de contato afetivo de reconhecimento de acolhimento né Eh isso acho que não mudou né isso que não mudou tá mais difícil eu acho tá mais difícil chegar nos adolescentes né acessá-los conquistá-los né porque a gente tá competindo com rivais poderosos né o o celular é um rival poderoso você quer conversar com seu filho adolescente e bater um papo e com calma e ouvi-lo e tal você vai ter que competir com
com com o celular e muitas vezes o celular ganha de você né então eu acho que esse é um cenário difícil mas que é é muito importante esse contato afetivo próximo né Eh humano caloroso né e eh que muitas vezes nas redes sociais você não tem eu não tenho dúvida que isso é que isso é importante eu acho que nós continuamos sendo seres carentes desse afeto humano pessoal né Eh precisamos de contato físico precisamos de abraços de beijos né Eh de acolhimento eh afetivo e de acolhimento físico né ah o modelo de amor que a
gente tem é a mãe Abraçando a gente beijando a gente cuidando da gente eh eh nos cobrindo quando a gente tá com frio eh nos dando comida quando a gente tá com fome é o modelo mais primitivo e mais Fundamental e a gente não não escapa muito disso no meu modo de ver mais uma pergunta aqui do público pode se apresentar fazer Boa noite meu nome é Williams Oi Paulo eh Muito obrigado pela sua fala sou seu aluno faço medicina na Unicamp a gente se conhece já Paulo eu queria willas é um brilhante aluno de
Medicina do 5º ano da Medicina no Unicamp que sempre tá nos ensinando coisas Paulo eu queria voltar nessa questão que Você levantou sobre ã diagnósticos psiquiátricos como identidade né Tem um elemento que é dessa hiperconectividade eu acho que é um sentimento que eu compartilho e acho que outras pessoas jovens também podem sentir de que e essa coisa de a a última informação é sempre né a mais válida a verdade é sempre a última coisa que sai então tem um sentimento de que o agora talvez tá sempre à prova e tá sempre a ser superado pelo
próximo momento e de que você nunca sabe você nunca pode estar certo do que é real do que é uma verdade então tem um um sentimento realmente de né é impossível est atualizado é impossível saber de algo e tem outra dimensão que é essa espetacularização da vida íntima Então você tem a obrigação o tempo inteiro como alguém que é empresário de si mesmo de ser interessante você tem que ser interessante o tempo inteiro e você tem que se colocar E você tem que ser conveniente você tem que atrair né e o seu íntimo tem que
refletir isso para fora porque alguém que não posta alguém que não conta a própria vida não tem não tem um valor dentro da rede social né pelo pela própria ideia de rede social e dentro dessa dimensão de que no fundo no fundo traz a mentira como consequência né porque eh você tem que eh performar você tem que personalizar eh essa ideia essa dimensão esse ideal do interesse da da moeda Atrativa se essa essa falta de algo real hã não possa no fim acabar que o sofrimento vira a dimensão mais perto da realidade que a gente
possa ter se o sofrimento no fim não é o que a gente pode encontrar mais real existindo sendo nesse meio Então esse é um ponto de que talvez Será que o sofrimento não é a coisa que pode por fim nos marcar realmente dizer realmente quem nós somos não é quando eu sofro isso é o mais verdadeiro que eu tenho de mim o segundo ponto pensando hã até nos num regime econômico que é é também produtor de subjetividade né o o um regime econômico que produz pessoas que eh determina também a forma como eu me vejo
quem eu sou também tá determinado por essa realidade né então se é esse sofrimento que parece uma dimensão tão real tão tão de mim Eh não possa também tá sendo cooptado eh por um sistema econômico para me tornar um mercado para me tornar um consumidor né um agente que é ao mesmo tempo ou empresário de si mesmo mas também um consumidor então e observando a internet e tal tem muitos produtos que são dedicados especialmente para eh pessoas com autismo pessoas com TDH pessoas com depressão são produtos e são serviços ofertados para que isso possa ser
superado ou para que isso possa ser vivido né então se talvez essa transformação de identidade também não seja um um jeito e aí a psiquiatria seria um instrumento né de do sistema para produzir ã consumidores e empresários de si né enfim só é um comentário sobre essa dimensão da do eh diagnóstico psiquiátrico como identidade eh Muito obrigado de novo Viu legal bacana olha Eh você eh você tá sendo profundamente ano viu falando o sofrimento é lá que fala muito mais da nossa verdade né Eh o Freud defendeu isso a vida inteira né Eh que que
a gente tá muito mais próximo da verdade quando a gente deprime do que quando a gente tá em Mania né Eh tá muito mais próximo da Verdade tanto que existe até o conceito de Realismo depressivo né Não sei se se dá conta né do que é a a a a vida crua e nua a a reação mais eh natural é é você deprimir você deprimir a gente sabe que que nós temos limites nós sabemos que nós vamos morrer uma hora e que as pessoas que a gente mais ama vai morrer algumas antes da gente outras
depois da gente mas vai todo mundo morrer né Eh eh que as grandes questões humanas eh não são fáceis de resolver que o ser humano não é esse ser bonzinho né é o lobo o homem é o lobo do homem o Freud usava essa essa frase que que o hobs vai trazer né porque o homem é é o principal eh lobo do homem é o principal destruidor do homem né Então veja essa essa visão por isso que eu falei é profundamente freudiana né e eu eu Ito nisso eu acho que eh embora eu não tenha
nenhuma tendência a a a exaltar a idolatrar a melancolia né eu reconheço que ela é é um ponto de verdade é o que você tá falando ela ela é um é um lugar de verdade né importantíssimo que a gente não pode negar também né Ela é incômoda não é gostoso ficar melancólico toda hora é horrível ficar melancólico toda hora mas é um lugar de verdade né Eh eu gostei muito dessa ideia que você fala de de eh eh empresários de si mesmo e consumidores eu acho que essa é muito uma ideia Central eh da eh
do etos contemporâneo né das redes sociais né Eh eh dos do coaching desse fenômeno do coaching né você se transformar em um empresário de si mesmo né E essa ilusão de autonomia você é empresário de si mesmo você é dono da sua vida você na verdade não é dono de nada né você é cada vez mais um instrumento de um sistema que tá funcionando eh assim que se você se você funciona para ele é ótimo senão você é facilmente descartável são 8 bilhões de pessoas você é um coisinha que vai ser jogada fora se você
não fizer a lição de casa direitinho entendeu então acho que que você tomar consciência disso é fundamental você tomar consciência disso e eu acho que você tem razão eu acho que a Psiquiatria e a psicopatologia que eu tanto gosto né que eu tanto trabalho nela ela serve ela ela fornece instrumentos eh elementos [Música] para tem um residente me ligando tem alguém passando mal desculpa deixa aqui eu prometi quer desligar e não desliguei desculpa viu Eh bom eh mas o que que eu tava falando é da perdi willam ela produz ela produz ela produz eh uma
série de ideias de de e de identidades né quem inventou eh o autismo fomos nós nossos psiquiatras Quem inventou a a depressão Quem inventou a a o TDH né Eh com a melhor das intenções melhor nem sempre uma boa intenção de ajudar as pessoas uma a outra intenção de ganhar dinheiro vendendo remédio também tem isso também né que tá dentro de um sistema é fortemente marcado pela Indústria Farmacêutica venda de medicamentos isso é inegável né mas então e isso que nós produzimos né ele pode ser utilizado eh como como como como instrumentos de identidade né
e tem um debate Sabe tem um debate eh gente falando que não é legal as pessoas se identificarem com com o transtorno com o transtorno mental tem que desligar isso aqui jogar isso aqui jogar na parede né ô meu meu Deus do céu cadê cadê sempre leva leva embora joga joga obrigado querido né então eu eu acho que é isso eu acho que a gente você vê eu eu falei mal deles eles se vingaram de mim né Mas é isso então eu acho assim a gente tem que tá atento a isso daí tem que tá
atento eu tô apavorado com essa com essa ideia das pessoas se identificarem com diagnósticos né quer dizer eh tudo bem você é importante você reconhecer que você tem problemas e tal e procura ajuda eu sempre defendi isso na na minha vida né você reconhecer que você tem dificuldades não eu tenho eu tenho a depressão eu tenho o transtorno bipolar eh eu né Eh eu tenho uma Psicose eu preciso de ajuda eu sempre defendi isso é muito diferente isso de você eh usar isso como uma uma coisa identitária que eh no fundo te aprisiona te aprisiona
porque você resume toda a sua vida a isso né E você você você você explica a sua vida e explicar sua vida de uma maneira muito com muitas certezas é uma coisa muito limitante é muito limitante Mas obrigado pela tua pergunta Paulo a gente vai ver agora um trecho do Acervo do Café Filosófico que de dialoga um pouco com o tema de hoje para você comentar E aí quando a gente junta o excesso de tela o excesso de trabalho porque de novo depois da pandemia o trabalho foi pra casa e a casa foi pro trabalho
e todos os limites foram ultrapassados é um combo que é extremamente prejudicial à nossa mente principalmente para nós millennials nós milenial somos considerados a geração do Burnout é a geração que tenta equilibrar a vida profissional com a vida pessoal é a geração que tenta manejar a geração multitask porque foi jogado sobre nós que ser multitarefa é sinônimo de sucesso você só é bom só é boa Você consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo e é a geração que mais sofre com Burnout também Burnout é esse que o Brasil ocupa aí mais uma vez liderando o
ranking de Burnout Mas também como sendo país mais ansioso do mundo muito legal muito legal gostei muito do que ele falou eu acho que ele ele fala né com lugar de fala né um jovem falando da da da sua geração eh eh dessa angústia dessa angústia de de de você ter que dar conta de uma série de de de de demandas e é isso um pouco na na na na sua pergunta Gabi que tem a ver com a a função de professor né a gente tentar entender as angústias que o aluno tem que o residente
tem tentar se colocar no lugar dele né que é difícil né difícil porque é uma é uma outra geração é um outro mundo são outros valores são outros modos de funcionar que às ve gente tem que fazer um exercício Grande para para Mas se a gente não fizer isso a gente vai ficar falando que nem velho chato dizendo que no meu tempo que era bom e eu acho que a coisa mais horrível do mundo é essa atitude né No meu tempo que era bom e também não era bom também é mentira que não era bom
tinha muita coisa ruim né Eh eu acho que essa eh o que esse rapaz falou acho que tem tem tudo a ver eu acho que é esse esforço que a gente tem que fazer para entender né que que angústias e essa geração tá vivendo né e e para tentar trabalhar trabalhar juntos né trabalhar juntos Paulo a gente chegou ao fim do Café Filosófico de hoje tem muitas perguntas aqui muitas perguntas aqui ó isso aqui são só as perguntas de papéis acho que tem muita gente que quer fazer pergunta aqui também fora perguntas que vieram também
pelo YouTube mas infelizmente a gente chegou ao fim do café mas eu vou deixar de falar um pouco aqui de passar a palavra caso você queira fazer um encerramento pra noite fica à vontade você tinha me dito né que a gente ia que eu que eu ia ter que fazer um fechamento né Eh você foi Gentil comigo eh e eu queria fazer eu gostaria de fazer um fechamento passando Sei lá uma mensagem bacana para vocês irem para casa mais leves assim sabe assim né as coisas vão melhorar e tal tem perspectiva e tal eh eu
acho assim eh teve um um psiquiatra que foi muito importante que criticou muito a psiquiatria o Franco basaglia um psiquiatra italiano que ele tinha uma frase que eu gostava muito né contra o pessimismo da razão o otimismo da prática gostava dessa frase então contra todo o pessimismo que a gente tem eh a gente tem a possibilidade de tentar fazer coisas que façam diferença e talvez talvez a a minha geração er uma geração muito marcada pela ideia de mudar a sociedade fazer uma grande revolução que ia mudar as bases da sociedade eu tô me contradizendo agora
viu gente né e o que a gente aprendeu e que talvez a gente não não não consiga mudar grandes coisas e tal mas a gente possa mudar pequenas coisas na nossa vida diária pessoal na na nas nossas relações a gente possa se conscientizar desse processo feroz de alienação que a que a vida hiperconectada tá nos lançando e tentar mudar na nossa vida na nossa pequena vida diária alguma coisa né nas nossas relações pessoais né na nossa prática diária a gente entender um pouco isso que tá acontecendo e tentar fazer diferente tentar sair dessa lógica que
ela é poderosíssima mas ela não é onipotente também né eu eu falei que que os aplicativos vão saber melhor do desejo da Gente do que a gente mesmo mas tem um erro nisso que eu falei porque eh nessa minha fala tem a ideia de que o desejo é uma coisa que se resolve e que tem solução e que né e o desejo a a psicanálise nos ensinou isso muito bem né o desejo por natureza ele é insaciável ele é incompletude né Ele é aberto né Ele é plástico né Eu acho que e e por isso
que eh a Big Data não vai nos dominar Tá certo beijo gente Paulo vou te agradecer muito pelos por esse Café Filosófico agradecer também todo mundo que veio aqui hoje participou quem acompanhou a gente também pelo YouTube fazer um convite para vocês e semana que vem a gente continua ainda com esse módulo durante o mês de novembro gozar por noss Inteligência Artificial entre nós a gente vai ter o Guilherme Olival com o tema neurociência e o eu com isso então convido todos vocês a voltarem aqui na quinta que vem e para quem está aqui em
Campinas fiquem à vontade a partir de agora acabando aqui o Café Filosófico tirem fotos com o cenário tirem fotos com o nosso palestrante Façam as perguntas que vocês não conseguiram podem fazer agora para ele e a gente se vê semana que vem Obrigadão domingo Desde quando a gente acredita que a gente vem de um pai e não de uma mãe o que a gente sabe é que as religiões femininas que eram predominantes elas não morreram de morte natural a palavra Sagrada torna-se prostituta né E aí tudo que é feminino é desonrado a história oculta das
mulheres tá tudo interligado né nessa perseguição porque as mulheres eram as primeiras a iniciarem as revoltas Café Filosófico contar essa história oculta do feminino pode ser a chave para compreender as dores das mulheres de hoje domingo 7 da noite tu [Música]
Related Videos
Efeitos do pecado na familia com Pr. John - IBNU FLORIDA Church 01-19-2025
50:38
Efeitos do pecado na familia com Pr. John ...
IBNU FLORIDA CHURCH
22 views
everything will be fine
31:20
everything will be fine
Silence.
17,477 views
Aula 4 - Aprendendo Consoantes Aspiradas e Vogais Compostas
1:47:30
Aula 4 - Aprendendo Consoantes Aspiradas e...
Fale Coreano com Kevin Lee
13,319 views
reexibição: psicanálise da estranha civilização brasileira, com contardo calligaris
1:59:47
reexibição: psicanálise da estranha civili...
Café Filosófico CPFL
1,804 views
A mente: de um virtual a outro, com Pedro de Santi #aovivo
2:04:30
A mente: de um virtual a outro, com Pedro ...
Café Filosófico CPFL
8,430 views
Aula com o Prof. Dr. Paulo Dalgalarrondo sobre Princípios de Psicopatologia.
44:45
Aula com o Prof. Dr. Paulo Dalgalarrondo s...
Liga Psiquiatria e Saúde Mental Unicamp
14,323 views
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR - Inteligência Ltda. Podcast #442
3:54:06
PASTOR ANTÔNIO JUNIOR - Inteligência Ltda....
Inteligência Ltda
4,657,581 views
Flavio Gomes: Historiador e especialista em escravidão - Clube da História #12
47:15
Flavio Gomes: Historiador e especialista e...
Mary del Priore - Clube da História
5,181 views
O amor ainda é possível na velocidade 5G?, com Carol Tilkian #aovivo
2:05:36
O amor ainda é possível na velocidade 5G?,...
Café Filosófico CPFL
15,503 views
Por qual janela a criança olha o mundo?, com Julieta Jerusalinsky #aovivo
2:05:51
Por qual janela a criança olha o mundo?, c...
Café Filosófico CPFL
11,093 views
Subjetividade artificial - a tecnologia que vive a vida no meu lugar, com Alfredo Simonetti #aovivo
2:03:50
Subjetividade artificial - a tecnologia qu...
Café Filosófico CPFL
8,375 views
Psicopatologia da vida cotidiana | com Débora Damasceno e Daniel Perez
1:42:16
Psicopatologia da vida cotidiana | com Déb...
ESPEcast
3,680 views
Nietzsche e os Sentidos da Vida • FERNANDO SCHÜLER
1:56:46
Nietzsche e os Sentidos da Vida • FERNANDO...
Território Conhecimento
1,735,658 views
LINHAS CRUZADAS | INCONSCIENTE | 14/11/2024
50:44
LINHAS CRUZADAS | INCONSCIENTE | 14/11/2024
Jornalismo TV Cultura
44,351 views
“Like ou delete” - O amor pode ser virtual?, com Tatiana Paranaguá #aovivo
2:04:15
“Like ou delete” - O amor pode ser virtual...
Café Filosófico CPFL
6,493 views
MIGUEL NICOLELIS [+ ÁLVARO MACHADO DIAS E SACANI] - Flow #48 🤝 @CienciaSemFim
3:29:57
MIGUEL NICOLELIS [+ ÁLVARO MACHADO DIAS E ...
Flow Podcast
4,412,675 views
Vida corrida X saúde mental: existe um equilíbrio? | Ep. #02 | Com Dra. Ana Beatriz Barbosa
1:19:29
Vida corrida X saúde mental: existe um equ...
Anima Podcast
782,684 views
Prof. Lúcia Helena Galvão: A Natureza do Universo e do Ser Humano | Lutz Podcast #213
1:18:29
Prof. Lúcia Helena Galvão: A Natureza do U...
Lutz Podcast
570,019 views
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA - TRANSTORNOS MENTAIS - CONCURSOS DE PSICOLOGIA
23:26
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA...
Prof. Monique Mistura - CONCURSOS DE PSICOLOGIA
14,483 views
January Jazz: Sweet Jazz & Elegant Bossa Nova to relax, study and work effectively
January Jazz: Sweet Jazz & Elegant Bossa N...
Cozy Jazz Music
Copyright © 2025. Made with ♥ in London by YTScribe.com