Com 100 km² e pouco mais de 500 mil habitantes, a capital de Portugal é uma das mais procuradas por estrangeiros para viver. Pra você ter uma ideia, dos pouco mais de 500 mil habitantes da cidade, quase 300 mil são imigrantes. Só no primeiro semestre de 2022, Portugal chegou a registrar 133 mil novos imigrantes, 22 mil a mais que nos 12 meses de 2021.
Em Lisboa, 78 mil são brasileiros. Isso acontece porque a entrada de estrangeiros em Portugal foi bastante facilitada nos últimos anos pelo governo. Medidas como a criação e facilitação de vistos para pessoas que querem procurar empregos no país, nômades digitais e estudantes universitários fez com que Portugal virasse um dos destinos preferidos de imigrantes e Lisboa foi um dos principais alvos.
Lisboa tem atraído muita atenção nos últimos anos. Seu clima, educação, saúde e acolhimento são alguns dos principais motivos. Mas a verdade é que a cidade pode estar se tornado vítima do seu próprio sucesso.
Com a chegada de tanta gente, os problemas começaram a aparecer. As moradias passaram a ser insuficientes, os aluguéis ficaram extremamente caros e muitas pessoas começaram a perceber que morar e trabalhar em Lisboa não é o mesmo sonho que é vendido por aí. Um estudo da CIA Landlords calculou o custo de vida na cidade em mais de mil euros negativos.
Isso quer dizer que para quem recebe o salário médio de Lisboa hoje é praticamente impossível sobreviver, se não em situações precárias ou em moradias divididas com várias outras pessoas. Então os portugueses estão sendo expulsos da sua própria capital, os que chegaram para trabalhar estão voltando para casa e a cidade está ficando cada vez mais parecida com as grandes metrópoles das quais as pessoas estão fugindo. Mas será que isso é suficiente para derrubar Lisboa?
Afinal, O que ainda atrai pessoas para lá? Quais são os principais problemas que preocupam a cidade hoje? E será que esses problemas podem ser a ruína de Lisboa?
Continua aí que é exatamente isso que eu vou te contar neste vídeo! Lisboa é o destino dos sonhos de muita gente. A capital de Portugal é conhecida mundialmente pelo clima ensolarado, a população amigável, as praias paradisíacas e as paisagens históricas.
É o tipo de lugar pra quem gosta de cultura e natureza, mas também não abre mão dos benefícios da vida urbana. Ou seja, a cidade agrada todo tipo de pessoa. E pra melhorar, ainda é considerada um dos destinos mais baratos da Europa.
No quesito férias, Lisboa perde só para Atenas, na Grécia. Segundo o Post Office Travel Money, uma visita de dois dias em Lisboa, considerando estadia de duas noites para um casal em um alojamento de três estrelas, mais bebidas, jantar, passeios turísticos e transporte custa em torno de 218 libras esterlinas, o que equivale hoje a menos de 1. 400 reais.
Uma viagem parecida em Roma, que ocupa o 10º lugar da lista, custaria em torno de 2 mil reais. E os atrativos de Lisboa com certeza não estão atraindo só turistas. Quando você encontra uma cidade onde pode viver com uma qualidade de vida consideravelmente melhor, sem precisar pagar os preços europeus para isso, a vontade de ficar é incontrolável.
E é isso que tem acontecido. Muitas pessoas enxergaram na cidade a chance de ter uma vida boa, segura e feliz, diferente do que acontece em grandes metrópoles ao redor do mundo como Nova York e São Paulo. Fora a educação portuguesa que é bastante recomendada mundo afora.
Desde as escolas públicas até as faculdades particulares são conhecidas pelo ensino de excelência. É por essas razões que Portugal como um todo tem registrado taxas altíssimas de imigração. Hoje, segundo a CNBC, a quantidade de cidadãos estrangeiros em Portugal já chega a mais de 714 mil.
Esse número é um recorde. Em 2021, os imigrantes já representavam cerca de 7% da população. Só os brasileiros representam quase um terço dos imigrantes e formam a maior comunidade estrangeira do país.
Mas não são só os brasileiros que decidiram morar em Portugal, moradores de países da própria União Européia e até mesmo dos Estados Unidos também fizeram as malas. O The Wall Street Journal diz que o número de americanos em Portugal quase triplicou na última década, chegando a quase 7 mil. E por que eles estão deixando os Estados Unidos?
É simples, muitos dos que decidiram trocar o sonho americano pelo português foram atraídos pelo custo de vida mais baixo, saúde, clima ensolarado, incentivos fiscais e facilidade para conseguir um visto residencial. Fora que nos últimos tempos ficou muito mais fácil para os americanos que trabalham à distância viverem em países europeus como Portugal por conta do equilíbrio do dólar e euro, que em julho de 2022 atingiram a paridade pela primeira vez em 20 anos. Boa parte dos estrangeiros que se mudam para Lisboa são nômades digitais, pessoas que não precisam estar fisicamente no escritório, por isso perceberam a oportunidade de viver com uma qualidade de vida melhor ou igual, pagando menos por isso.
Para os que vêm de fora e recebem em moedas fortes, é muito vantajoso morar em um lugar como Lisboa. A cidade hoje pode parecer um verdadeiro paraíso e para essas pessoas realmente é, mas a Lisboa dos sonhos está longe de ser um consenso geral. Segundo um estudo da seguradora CIA Landlords, Lisboa foi considerada a terceira cidade mais cara do mundo para se viver.
Eu sei que isso parece contradizer todo o papo de custo de vida mais barato que atrai os estrangeiros, mas eu vou te explicar porque faz sentido. Lisboa realmente é uma cidade barata, mas para quem vem de fora. O problema real é para os que dependem do salário português para viver.
De acordo com o estudo da CIA Landlords, levando em conta os preços de aluguel, custo de vida e salário, ficam faltando 1. 149 euros pra conta fechar, isso é cerca de 6,2 mil reais faltando todo mês. No cálculo, foram levados em consideração os preços de aluguéis no centro da cidade, o custo de vida e o salário médio dos trabalhadores.
Um apartamento de 3 quartos no centro sai um pouco mais de 1. 600 euros e o custo de vida fica ali nos 561, tudo isso pra bancar com um salário de 1. 037 euros.
Isso que nem tá incluso no cálculo o preço da educação para crianças, que sairia em torno de 500 euros pra cada. E não pensa que a conta seria muito diferente pra uma pessoa solteira e sem filhos. Um apartamento de um quarto no centro não sai por menos de 850 euros.
Muitos brasileiros que saíram para trabalhar em Lisboa logo foram atingidos por essa realidade. Em 2019, a Veja publicou uma reportagem que preocupou os que estavam planejando se mudar para a cidade. Na matéria “Quando o sonho de emigrar para Portugal vira pesadelo”, a revista reuniu uma série de depoimentos de brasileiros que foram desiludidos pelo sonho português.
Marina Lamar foi uma delas. A capixaba contou que deixou o Brasil em 2018 procurando um lugar mais seguro e onde a educação para seus filhos fosse mais barata e de qualidade. Mas ela e o marido logo foram atingidos pelos salários baixos e os aluguéis altíssimos, então no final eles e os três filhos acabaram tendo que morar de favor no apartamento de uma amiga e precisando da ajuda dos parentes para pagar as passagens de volta para o Brasil.
Ana Duarte foi outra desiludida. A mulher de 43 anos chegou em Lisboa em 2016 pronta para fazer seu mestrado, arrumar um bom emprego e viver bem. Mas mesmo enviando mais de 300 e-mails com seus currículos, não conseguiu um bom emprego e por isso pretendia tentar uma bolsa em outro país europeu assim que terminasse o curso.
Acontece que o país não é lá uma maravilha para encontrar trabalho, pelo menos os mais qualificados e principalmente para estrangeiros. Apesar de se tratar de um país que também fala a língua portuguesa, as leis e costumes são muito diferentes dos brasileiros, a realidade é outra e o custo de vida é em euro. O que não faltam são vagas em comércio, serviços de limpeza e em setores do turismo.
Mas em sua maioria, esse é o tipo de emprego que não paga nem um aluguel em Lisboa. Pra conseguir uma boa posição no país é preciso ter um diploma válido em território português, o que exige uma série de burocracias. Fora que também depende muito da sua área de atuação.
Existe oportunidade de trabalho com qualificação em Portugal, alguns setores, inclusive, sofrem com a falta de mão de obra, mas como os salários são muito baixos, as pessoas precisam morar longe da cidade, sair de casa às 5h da manhã para chegar de volta às 23h, o que dificulta e muito. Tecnologia da Informação, por exemplo, é uma área que está muito em alta no país inteiro. Mas dependendo da sua formação, é bem provável que você se junte a muitos portugueses que estão deixando Lisboa ou até mesmo o país em busca de oportunidades melhores em outros lugares da Europa.
Fora os muitos estrangeiros que estão voltando para casa ou vivendo em situações de precariedade. E os brasileiros estão bem incluídos nesse problema. O Programa de Apoio ao Retorno Voluntário e Reintegração, que oferece ajuda para os imigrantes que querem voltar para casa e não têm recursos para isso, apoia em sua grande maioria brasileiros.
Em 2019, recebeu mais de 400 candidaturas de pessoas daqui, e em 2020 os brasileiros representavam 97,9% dos pedidos por ajuda. Ou seja, as coisas em Lisboa não estão tão fáceis quanto parece para o imigrante. E não são só os estrangeiros que estão infelizes com a cidade.
O princípio da oferta e demanda é simples, quanto mais demanda e menos oferta, mais altos são os preços. É esse problema que assola o mercado imobiliário de Lisboa. A cidade não tem moradias infinitas, pelo contrário.
Na medida que tanta gente foi chegando, menos moradias disponíveis sobraram e, com isso, os preços de compra e aluguel foram lá pra cima. De acordo com um relatório do FMI, os preços de aluguéis mais do que duplicaram desde 2013 em Lisboa, foi a maior alta da Europa. Hoje é impossível alugar um apartamento no centro da cidade por menos de 850 euros.
Isso um apartamento de 1 quarto. Se você tem uma família e precisa de algo com três quartos, por exemplo, esse preço já sobe pra 1. 700 euros.
Se você aceitar morar afastado do centro, pagará valores mais baixos, a partir de 650 euros em apartamentos de 1 quarto e 1. 100 euros em apartamentos de 3 quartos. Mas é um sacrifício por outro, já que é muito provável que acabe morando muito longe do trabalho.
Por isso existe um movimento muito grande de adultos voltando para a casa dos pais, optando por alugar quartos ao invés de lugares individuais ou simplesmente indo embora. O que está acontecendo é que os estrangeiros com mais dinheiro estão expulsando os lisbonenses da cidade, mesmo sem querer. Em conversa com uma seguidora portuguesa do canal, a pressão do imobiliário é brutal em Lisboa, seguido por Porto, Braga, Guimarães e Aveiro, que também são cidades muito procuradas.
Os preços em 10 anos dispararam para níveis impossíveis para classe média e baixa. Os jovens e estudantes universitários que moram em Lisboa, onde estão as melhores universidades, sofrem muito - o valor de um quarto, sem nada de especial, está próximo do salário mínimo. Muitos abandonam o ensino superior por não conseguirem acompanhar financeiramente os custos da habitação, universidade e o mínimo necessário para viver.
É um drama o que se vive em Portugal, mas principalmente em Lisboa. Ela também nos contou uma situação em que seu filho precisou passar um fim de semana em Lisboa para fazer uma visita escolar, ele teve que fazer entrevistas com pessoas na rua, mais especificamente na Baixa de Lisboa, que é o centro da cidade, e foi difícil encontrar algum português para entrevistar. Então não é à toa que a visão de alguns portugueses sobre pessoas de fora não seja das melhores.
Isso acaba, inclusive, sendo um prato cheio para situações xenofóbicas. No relatório estatístico anual de 2021 do observatório das migrações, o povo português em dado momento parece favorável à entrada de estrangeiros no país. Quando perguntados se Portugal se tornou um lugar melhor ou pior com a vinda de pessoas de fora, por exemplo, as respostas se mostraram acima da média nos últimos anos, demonstrando uma tendência positiva.
Entretanto, na hora de responder sobre o maior problema que a União Europeia precisa enfrentar nos próximos anos, a imigração ficou no top 4 dos portugueses. De acordo com a Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial, denúncias de casos de xenofobia contra brasileiros em Portugal aumentaram 433% desde 2017. E os problemas do país e de sua capital não acabam por aí.
O alto custo de imóveis e os salários abaixo da média europeia têm causado a famosa fuga de cérebros. Que é quando jovens recém-formados se mudam para outros países para conseguirem melhores oportunidades de carreira, o que acaba deixando o mercado português carente de bons profissionais. Lisboa está envolvida até o pescoço nesse fenômeno.
Existem casos de empresas que pagam a um portugues, ou a quem viva em Portugal, um salário de 3000 a 5000 Euros contra 20 ou 25 mil na França ou Alemanha, pelo mesmo trabalho. É um grande atrativo para as empresas, para uma parte do setor econômico, mas não para a esmagadora maioria da população, que está muito pressionada. O Jornal Económico, um jornal português especializado em finanças, noticiou em 2019 que só na Região da Grande Lisboa, mais de 1.
800 famílias viviam em barracas. Não faltam empregos na cidade, mas para muitos faltam bons empregos, com salários decentes. Dados compartilhados em 2021 pela Fundação Francisco Manuel dos Santos mostram que Portugal é um dos países que mais empregam em cargos temporários.
Além disso, segundo a Fundação, 1 em cada 5 trabalhadores sobrevive com o salário mínimo nacional e só 3 em cada 10 trabalhadores possuem ensino superior. E, para completar, Portugal está entre os 6 países com o maior risco de pobreza entre os trabalhadores na Europa. É um cenário desanimador para um país onde as pessoas vão em busca de uma vida melhor.
E esses não são os únicos problemas de cidade grande que Lisboa enfrenta. As drogas também ainda são uma questão para a cidade. As vendas a céu aberto são proibidas, mas acontecem muito.
E isso assusta muitos turistas e moradores que acabam se sentindo inseguros. Nos anos 90, Portugal enfrentou uma crise bastante séria com o uso da Heroína, uma a cada cem pessoas usava a droga. Para lidar com isso, Portugal descriminalizou o uso de drogas, tratando a questão como um problema de saúde pública e não mais como um crime.
Os viciados passaram a se encontrar com médicos, advogados e assistentes sociais ao invés de irem para a cadeia. A solução funcionou em grande parte. O número de portugueses em programas de reabilitação foi de 6 mil em 1999 para quase 26 mil em 2008.
E a quantidade de pessoas usando heroína caiu de 100 mil em 1999 para 50 mil em 2018. Mas o país ainda não está totalmente livre dos problemas com drogas. Por causa de sua localização geográfica, Portugal serve como a porta de entrada para o tráfico na Europa.
Fora que traficantes parecem se sentir à vontade para oferecer drogas no centro da cidade, principalmente para turistas. Então essa é uma questão que o país como um todo ainda precisa resolver. E, por último, mas não menos importante, o fantasma da recessão na Europa também assombra os portugueses.
A pandemia afetou economias em todo o mundo. Nos últimos meses a guerra na Ucrânia se juntou ao time. Economistas já estão alertando que a zona euro deve entrar em recessão nos próximos meses.
E apesar de afirmar que não haverá recessão no país, o primeiro-ministro português António Costa disse na comemoração dos 112 anos da Implantação da República de Portugal que eles também sofrerão as consequências e deverão crescer menos em 2023. Agora, será que todos esses fatores são suficientes para derrubar Lisboa? Dizer que Lisboa vai se afundar é muito precipitado.
Apesar dos pesares, a capital de Portugal é hoje considerada a terceira melhor cidade do mundo para viver. Para nômades digitais, empresários e aposentados ricos, Lisboa é uma excelente cidade para morar, não existe dúvida disso. É claro que não estou dizendo que se você for para Lisboa pra arranjar um emprego na cidade vai quebrar a cara.
Existem sim bons empregos, principalmente na área da tecnologia. E tem vários brasileiros que se mudaram para Portugal e até para Lisboa e hoje vivem muito bem por lá. Na internet a gente encontra diversas histórias assim.
Mas é muito importante acabar com essa ideia de contos de fadas e entender que morar em Lisboa não é uma solução mágica para todos os problemas da sua vida. Se quiser construir uma carreira na cidade ou em qualquer outra de Portugal, é preciso pesquisar bastante, montar uma boa reserva financeira, ir bem preparado e ir disposto para lidar e resolver todas as burocracias necessárias para ter uma carreira ou até mesmo abrir um negócio por lá, o que é uma ideia interessante. Lisboa de fato é um lugar incrível e não deve sumir do mapa tão cedo.
Mas, se quiser parar de expulsar os de casa, evitar a fuga de cérebros e continuar no radar do mundo, precisa vencer alguns obstáculos importantes. Enfrentar a recessão iminente da Europa é um deles. Fora isso, com habitações suficientes e salários melhores a cidade seria uma utopia quase perfeita.
E ai, o que você acha de tudo isso que tá acontecendo em Lisboa? Comenta aqui embaixo e dá uma olhada no que o pessoal tá falando sobre isso. Agora, se você quiser descobrir como usar o que são chamados de Mecanismos de Alavancagem Compostos pra criar um negócio absurdamente lucrativo ainda esse ano, confere uma aula grátis que eu acabei de liberar chamada de “O Mecanismo Oculto”.
Pra assistir é só acessar o primeiro link da descrição descrição desse video apertando em “mais” logo abaixo do título desse vídeo. Ou apontando a câmera do seu celular pro QR code que tá na tela antes que essa aula saia do ar. Agora, pra descobrir como a LEGO foi da quase falência com mais de 800 milhões de dólares em dívida pra um faturamento de bilhões por ano, confere esse vídeo aqui na tela.
Aperta nele que eu te vejo lá em alguns segundos. Por esse vídeo é isso, um grande abraço e até mais.