tudo o que você sabe de você mesmo por experiência são elementos que vem e passam de todas as suas impressões sensíveis bem e passa os seus estados anímicos vem e passam e até as sínteses que você tenta fazer da sua biografia também vem e passam Tá certo porém se tudo fosse Passageiro não haveria o menor fio de unidade entre uma coisa e outra quer dizer você só teria estados separados a tendência geral da nossa cultura é achar que não existe nada além desses estados quer dizer que você em cima disso você cria uma ilusão chamada
o seu eu recria uma falsa um remédio como se você fosse um personagem mas essa tese me parece absolutamente impossível porque se todos esses estados e todos os conhecimentos ideias eles vêm e façam vocês imaginam a capacidade construtiva e unificante que eu teria que ter para eu construir um personagem com Isto às vezes nós não conseguimos sequer fazer juntar duas ideias que nós temos que ser pensa uma coisa aqui pensa outra contraditória lá e você não consegue achar a unidade quanto mais não seria impossível eu mesmo criar a unidade do meu personagem então eu Suponho
que é o contrário que existe uma unidade profunda que ela não chega a ser expressa mas que ela está super entendida em todas essas vivências temporárias que elas se unificam temporalmente graças a continuidade desse desse eu profundo cujo a origem também desconheço mas que sem dúvida é precisamente o que eu chamo de eu e eu me lembrei de uma conferência do Zé Maria que muito tempo atrás em que ele dizia que caso existisse uma imortalidade ele psicou essa pergunta caso exista uma imortalidade e eu tenho acesso a ela o que que eu levaria para lá
ele sem dúvida eu levaria aquilo que faz com que eu seja eu e dispensaria o resto tá certo Ora mas o que faz que você seja você não é nenhuma das experiências que você teve não é associação de estados não é associação de ideias não é o fluxo de palavras não é nada é um espécie de fio da meada que está por trás é tudo isso e continua constante e que permite que você se lembrando do que você era aos Três Anos você sinta a mesma unidade pessoal quer dizer eu era eu naquele tempo mas
eu me reconheço que eu me recordo de mim naquela época e sei que era o mesmo que está aqui agora tá certo é curioso este eu permanente Todos nós sabemos que ele existe e ser não existe isso nós não poderíamos se quer contar a nossa história nós teremos que ter uma capacidade construtiva quase Divina Isso sim seria um milagre quer dizer eu só tendo vivências separadas atomísticas eu consigo com a minha força criativa inventar um personagem que se sobrepõe tudo isso eu acho isso tão utópico tão tão louco o caráter fragmentário da sua experiência e
depois diz que você unificou ele como se eu só tenho experiências fragmentadas como é que eu poderia unificar tudo isso é absolutamente contraditório e impossível quer dizer com um pobre bichinhos solto no fluxo de experiências atomísticas ele por si mesmo inventa uma forma transcendente não uma forma priori de entendimento e se unifica a si próprio com isso não dá para fazer quer dizer se eu já não fosse eu mesmo antes da minha experiência eu não poderia ter experiência nenhuma então vamos dizer a unidade profunda do eu é a condição de toda de toda a experiência
e esta unidade Você pode ter um canteiro ela é transcendental no sentido de que ela é necessária para que você tenha experiência mas você só toma consciência dela ao refletir retroativamente sobre a experiência Porém na hora que você reflete você vê que você está refletindo sobre algo que estava dentro da experiência e que sempre esteve ali e que de certo modo é mais real do que todo o fluxo da experiência que vieram e passaram Então vamos chamar o evangelho esse sentimento do eu profundo é talvez a palavra não seja Exatamente Essa mas é o que
me ocorre no momento quando você percebe isso Você nota que somente isso é real e somente isso a seu verdadeiro eu e que todo o resto foram elementos que vieram e passaram alguns incorporaram outros não outros foram embora pra sempre é certo mas aquilo está presente e aquilo é real porque todas as outras experiências ideias etc são coisas que realmente são temporárias são transitórias são evanescentes não tem substancialidade alguma então é aí que vem o famoso verso do aporiné-junção quer dizer os dias se vão e eu fico misteriosamente eu fico Então eu só posso entender
que este eu permanente que é de certo modo anterior e transcendente a toda a experiência ele é onde a verdadeiro substrato ontológico da minha pessoa se existe algo em mim que mereça o nome de ser de ente é isto o resto não o resto apenas estado São qualidades Este é o profundo e agora embora você só tome consciência dele no curso da experiência e depois de muita experiência você vê que ele está super entendido em toda a diferença que é ele que articula não articula racionalmente mas é ele que por assim dizer colore com a
sua cor pessoal todo o campo da sua da sua experiência note bem quando você se refere uma outra pessoa é a isso que você está se referindo quando você fala com uma pessoa é com este eu profundo dela que você tá falando você tá falando com aquilo né ela que você acha que tem unidade tem permanência você não está falando com o estado é passageiro dela né vamos supor falando com uma pessoa e tenho certeza que aquilo que eu tô falando com ela é apenas um estágio estado passageiro que ela vai vivenciar desaparecer em seguida
eu não posso conversar com a pessoa porque seria como conversar com uma sombra como uma uma impressão lançada na parede por uma lanterna Mágica como conversar com o Fantasma seria uma coisa horrorosa Então nós não apenas temos esse sentimento da nossa permanência interna mas nós sabemos que as pessoas com quem nós conversamos também tem e são esses e os profundos que se comunicam na verdade porém o eu profundo não tem instrumento de comunicação próprios porque todos os instrumentos de comunicação foram recebidos do meio externo da linguagem do aprendizado etc etc então sempre tem uma certa
defasagem mas a confiança de um eu profundo na existência do outro é a base de toda a convivência humana quer dizer você só pode se dirigir uma pessoa como ser humano se você admite que ela tem esta unidade que ela existe efetivamente que ela não é somente uma impressão passageira sua e muito menos dela própria Se eu for achar que a pessoa apenas uma impressão passageira Tá certo eu também seria uma impressão passageiro certinho e evidentemente todo diálogo se torna impossível diz que René descarte às vezes olhar pela janela e as pessoas andando e ele
disse que prova eu tenho de que essas pessoas tem alguma existência interior que não são apenas máquinas que estão se movendo etc igual esse é um estado evidentemente patológico eu não sou capaz de olhar as pessoas assim nem por um momento quer dizer eu teria que me colocar numa altura divina e dizer não só eu tenho vida interior é isso eu só eu tenho subjetividade e os outros todos são apenas bonecos que estão se movendo nunca eu tentei eu não consigo me colocar nessa posição nem por um segundo que seja e para ser era uma
experiência habitual ele acreditar que os outros existiam como focos ativos de consciência de sentimento etc etc Então esta consciência desse eu permanente ela pode ser reativada diariamente você pode sempre se lembrar disso aí quer dizer lembrar de quem você é verdadeiramente é quando você se coloca nesta posição que aí você pode falar com Deus você pode orar porque aí você é uma alma verdadeira que está se dirigindo ao Espírito eterno Então você tem que ter alguma substancialidade para você falar com Deus né senão não por outro lado isto nos mostra que se fomos criados neste
sentido como almas Imortais então não existe a famosa identidade Suprema de que fala o hinduísmo quer dizer você vai se desfazer se vai se diluir no mar da divindade Se você pudesse diluir do mar da divindade você deveria ser uma impressão passageira também para o próprio Deus que vai integrar você nele e te esquecer mas se é para ele te esquecer se é você para você ser apenas ser uma forma como se fosse uma cristalização Cristal que aparece na superfície da água que depois se dissolve na água que é uma imagem que é muito usada
por esse místicos orientais se fosse para acontecer isso Deus não te constituiria como alma Imortal então é importante entender que Deus tem um amor pessoal por essa forma que ele criou por este eu Imortal e ele quer te preservar como tal ao mesmo tempo você nesse estado você reconhece que você não tem substância além do além do Amor Divino mas que o amor divino ele pressupõe ao mesmo tempo essa essa dualidade eterna essa diferença eterna de criatura e criador mas ao mesmo tempo a criatura sabe que ela não tem consistência ontológica própria embora ela tem
uma uma identidade ontológica própria mas não uma consistência não uma substância quer dizer nós somos Obra do Amor Divino Mas é uma obra que veio para ficar não foi para ser diluída você não vai cair na inexistência então deste ponto de vista nós podemos a doutrina está errada está flagrantemente errada ele é um erro que se consagrona e da Milena e esse negócio ficar buscando a identidade Suprema isso vai fazer buraco na água alguns místicos do sulfis o próprio hino árabe que o grande codificador da teoria da unidade essa corretora ele mesmo reconhece que esta
dualidade é eterna qualidade criadora e criatura e que marcada por uma relação de amor e não de absorção no sentido ontológico de como a o cristal que se desenvolve Nós não fomos feitos apenas como uma forma para ser dissolvida Tá certo então se não nós seríamos assim como se fazer com um capricho de Deus que nos fez para durar um tempinho e desaparecer não de fato de fato não é assim Porém para entender isso é preciso você se colocado ponto de vista do sentimento profundo do eu que acompanha você desde que você nasceu e que
permanece idêntico a si mesmo como uma melodia sem fim ao longo de todas as experiências que você vai que você vai vivendo olha essa essa a tomada de consciência isso é um treco maravilhoso não tem não há coisa mais importante na vida do que isso então no caso você pode refazer o seu processo histórico tendo esta consciência da sua comunidade profunda que no caso do outro você não não tem que você não tem o sentimento da identidade você sabe que ele tem essa identidade como é que você chega a captar algo disso pelo amor que
você tem pela pessoa tá entendendo então tanta pessoa que tem lá dentro quantos filósofo que você tá lendo então assim somos constituídos pelo amor de Lima Então é somente o amor ao próximo que nos dá a verdadeira dimensão do que que o outro é fora disso não tem como você Como você compreendê-lo