[Música] Olá pessoal tudo bem meu nome é Rafael Valim Eu sou professor doutorando em teoria literária literatura comparada pela USP e pesquisador da obra de Machado de Assis e também fundador do clube leituras do Cosme Velho que é voltado justamente né para os contos e romances desse escritor e hoje eu tô aqui com uma tarefa muito muito legal mas também um tanto quanto difícil quer apresentar justamente um dos romances mais Geniais já feitos na nossa literatura e talvez a obra prima de Machado de Assis na opinião de muita gente eu tô falando de Memórias Póstumas
de Brás Cubas um romance que é tão mas tão importante para nossa literatura que a gente pode até dizer que é uma literatura brasileira antes e depois de Memórias Póstumas e a própria Obra do Machado também pode ser dividida de acordo com essa publicação memórias pós Mas ele saiu no ano de 1880 no periódico que era muito famoso no Rio de Janeiro chamado revista brasileira e esse periódica é muito interessante porque ele era voltado já para um público mais erudito E aí ele vai saindo em fascículos né Realmente no formato do folhetinho até ser publicado
na versão livre em 1881 e essa publicação ela realmente na nossa literatura tanto que de acordo com a definição das escolas literárias É justamente no momento da publicação desse romance que surge a fundação do Realismo da Escola Realista aqui no Brasil eu vou pedir para vocês segurarem um pouco essa informação que a gente já vai voltar a ela mais adiante e esse primeiro vídeo vocês podem assistir tranquilo sem preocupação com spoilers Tá eu vou guiar vocês por algumas ferramentas de leitura dessa obra A gente vai passar por alguns elementos Para justamente facilitar e enriquecer a
experiência de ler esse romance que é tão gigante a primeira coisa que a gente precisa entender sobre Memórias Póstumas é que ele é um livro tão estranho para os padrões da época que ele entregou os próprios críticos há um crítico muito famoso inclusive chamado Capistrano de Abreu que publicou uma resenha na época do lançamento e nessa resenha ele se perguntava seriam As Memórias Póstumas de Brás Cubas um romance de fato se a gente parar para pensar nessa dúvida ela dá muito pano para manga Porque como é que um livro consegue ser tão complexo a ponto
de gerar dúvida sobre a própria forma romance né E essa dúvida é curiosamente incorporada pelo próprio Machado no prólogo terceira Edição em livro do Memórias Póstumas só que a resposta ela não é dada de modo direto o próprio Machado Vai atribuir ao seu personagem o narrador né Braz Cubas uma forma de responder essa pergunta para alguns leitores pode ser que sim para outros não então esse questionamento sobre a forma romance é algo que vai pautar a própria estrutura desse livro e eu acho que chega até nós hoje em dia justamente por ser uma obra muito
muito inquietante que foge dos padrões do romance linear e realista E aí está o primeiro jogo com a palavra realista né porque chega a ser um tanto quanto interessante pensar que o romance que Funda a Escola Realista de acordo com as classificações literárias é também aquele que mais coloca em questão em cheque muitas das práticas do romance realista europeu estava em voga no século XIX Então esse é uma obra um tanto ambivalente ao mesmo tempo que ela vai ajudar a estruturar a forma novelística que é a forma do romance que de fato é um gênero
que nasce na Europa na Inglaterra na França que vem para o Brasil sobretudo no século XIX Memórias Póstumas ele vai criar então e consolidar essa forma estrangeira aqui no solo Nacional mas ao mesmo tempo ele vai desmontar cada uma dessas bases estruturais desse romance então aí vai o primeiro ponto interpretativo importante dessa obra ela é um romance mas é também um anti romance ela constrói mas também desconstrói elementos da cultura ocidental referências literárias padrões religiões pensamentos científicos e pseudo científicos da época tudo isso vai ser amalgamado nessa forma e relativizado pela voz desse narrador que
é o Brás Cubas um narrador um tanto quanto não convencional que narra a partir da Morte justamente como um defunto autor e a importância de Memórias Póstumas também se estrutura no ponto de vista da cronologia das obras do Machado de Assis É justamente no momento dessa publicação que a gente tem um salto gigantesco na produção do Machado alguns críticos como automaria capô vão dizer que é uma separação muito direta e até intransponível entre as duas fases da Obra do Machado tanto que o ato Maria Carvalho vai dizer que o machado é um escritor nascido duas
vezes então haveria uma primeira fase da Obra do Machado de Assis marcada principalmente pelos seus quatro primeiros romances que seria uma fase um tanto quanto mais ingênua e para alguns romântica mas cuidado o adjetivo romântico não se aplica totalmente as obras do Machado e o machado sempre vai se valer e ao mesmo tempo se utilizar elementos da escola romântica ao longo dos seus primeiros romances já mas a de fato um salto muito interessante que se dá entre essas esses dois momentos da escrita do Machado e a gente pode entender essa diferença de um ponto de
vista um tanto quanto dialético eu acho que é muito interessante válido pensar nas obras do Machado como movimento de continuidade e ruptura então Brás Cubas ele vai consolidar muitas práticas que o machado Já explorou Nos romances anteriores nos contos e também na crônica a crônica do Machado É de fato um laboratório para a forma desse romance que não por acaso é narrado em capítulos muito curtos e que lidam diretamente com as expectativas dos leitores como as crônicas dos jornais faziam na época então para além da ruptura assim continuidade a gente só precisa saber dosar isso
de acordo com a leitura das obras do o que importa é pensar justamente nessa dialética que rege as obras do Machado de Assis há um crítico muito importante da Obra do Machado chamado Silviano Santiago e Ele defende uma ideia da Obra do Machado como um sistema totalmente organizado de modo interno Então nesse sistema único que conforma romances contos crônicas poesias a estruturas primárias e primeiras que vão se repetindo e se complexificando se a gente pensa desse ponto de vista dialético a gente consegue captar um pouco mais desse resultado formal que é uma Memórias Póstumas não
é simplesmente um elefante na sala não é uma obra que surgiu do nada ela é uma consolidação do percurso desse escritor ao longo do tempo então e se a gente compreende isso a gente também consegue entender o que há de inovador e de estranho eu diria nessa obra tão encantadora que a memórias pós voltando as possíveis interpretações para essa mudança entre as duas fases existe uma vertente crítica do Machado que tenta buscar as respostas através da biografia do próprio escritor A Lucia Miguel Pereira que é uma importante crítica e biografia do MA ela apresenta a
hipótese de que o que houve de fato na mudança significativa da passagem dos primeiros romances para Memórias Póstumas é uma espécie de crise dos 40 anos que se associa inclusive algumas doenças que o machado enfrentou na época Lembrando que como o machado nasceu em 1839 na época de publicação e preparação do Memórias Póstumas ele já eram escritor bastante consolidado que tinha já reconhecimento artístico de seus pares conhecido como um poeta como prosador e que estava envolvido no meio literário artístico muito profico e interessante da sua época e quando o machado entra nos seus 40 anos
ele acaba sofrendo com algumas infecções intestinais e até problemas da vista e essas doenças acabam levando a fazer uma viagem ele acaba parando de trabalhar no seu serviço na sessão pública ele vai para Nova Friburgo município do Rio de Janeiro e lá ao que tudo indica seriam surgir dos primeiros Capítulos deles que seriam Memórias Póstumas de Brás Cubas junto da esposa do Machado Carolina Xavier de novas Mas tudo bem essa é apenas uma hipótese o que importa entender como do âmbito literário do âmbito da forma as duas fases do Machado se distinguem pensando justamente nessa
ideia de ruptura e continuidade que eu havia comentado a primeira questão que a gente pode apontar é que a maioria dos primeiros romances de Machado de Assis com exceção do primeiro que a ressurreição focam em protagonistas femininas que são pobres e vivem a sombra do seu senhores sempre tentando se adequar a uma lógica paternalista que depende também da vontade senhorial então personagens como Guiomar Helena e aí a Garcia sempre estão as voltas com a vontade do seus senhores elas dependem deles e precisam também do casamento para acenderem consolidarem a sua posição social nessa sociedade o
que que Machado vai fazer com Memórias Póstumas ele vai simplesmente fazer uma guinada de classe se nos primeiros romances o foco são as meninas pobres da corte aqui é o homem de Elite o senhor escravocrata que vem à tona e é o primeiro plano há uma substituição inclusive da forma narrativa Então os narradores da partir de Memórias Póstumas são muito mais complexos e também uma tendência adgressão a interrupção do fluxo narrativo que já existia também nos primeiros romances mas aqui é extrapolado há também uma tentativa de explorar a narrativa em primeira pessoa aqui a gente
tem um narrador que é também personagem e é também protagonista de sua história não é um narrador em terceira pessoa isso faz total diferença no resultado formal desse romance para Além disso um salto muito gigantesco envolve a amplificação do uso das referências que são pulverizadas ao longo de várias e várias páginas aqui o machado vai citar os gregos os romanos os franceses os norte-americanos ingleses e por aí vai é realmente uma constelação de referências que são incorporadas e até descartadas de modo tão rápido e reiterado que o leitor fica até sem saber mais ou menos
para onde olhar Ah também o emprego do humor e da ironia estão totalmente vinculados ao manejo dessas referências também e até uma visão tanto quanto mais cínica e alguns diriam pessimista do mundo considerando isso eu vou incorporar um pouquinho o cinismo do Brás Cubas e vou pedir para você assistindo esse vídeo acompanhar comigo três motivos pelos quais você deve ler esse romance e pelos quais ele é também genial Além disso esses motivos também vão apresentar algumas ferramentas que podem ajudar sua leitura da obra se você é um leitor ávido que ama se aventurar A politeratura
então saiba que esse vídeo é feito para você agora se você é um leitor um pouco mais preguiçoso que gosta de pouco texto e larga margem Como o leitor que o próprio braço Cubas vai criticar na obra fica tranquilo que também esse vídeo para você porque afinal são só três motivos vai passar rapidinho o primeiro deles é o título Memórias Póstumas de Brás Cubas esse título dá muito o que falar por vários motivos primeiro porque ele já é um spoiler desde o início Afinal você vai descobrir antes mesmo de abrir o livro que o narrador
dessa história está morto Brás Cubas né então um defunto autor não o autor defunto não confundam isso o próprio narrador vai questionar essa diferença no começo do livro porque é extremamente interessante saber que ele só começa a escrever Do Além Túmulo a tampa o caixão desse personagem é um novo berço segundo ele mesmo porque a partir da Morte que ele pega na Pena escreve e como é que ele faz isso afinal ele está morto bom aí a gente tem o primeiro contracenso lógico do romance já estampado na nossa cara afinal de contas como pode um
narrador morto contar a sua própria história entre em cheque já uma questão ligada a forma realista do romance porque se esse romance é de fato realista como é que ele pode ser narrado por morto e mais do que isso como é que esse morto teve a possibilidade de lançar essas memórias aqui para Terra isso é algo que o próprio narrador vai escamotear não interessa para ele explicar essas questões Sobrenaturais então há um jogo de negação e relativização do Realismo Mas também da fantasia porque afinal de contas esse romance ele não é sobre a vida após
morte é sobre a vida do próprio Brás Cubas sobre o que ele conquistou o que ele deixou de conquistar os vários casos amorosos que ele teve ao longo da vida e assim por diante então só no título dos meus caros leitores a gente tem uma extrapolação de pelo menos duas formas da época primeiro a forma da autobiografia e segundo a forma do romance realista europeu pensando na questão da autobiografia a gente tem que entender que existe um senão desse gênero toda autobiografia nunca é definitiva alguém que escreve sobre esse mesmo esse baseia nas suas memórias
para contar a sua vida ele nunca vai poder atingir o ponto final porque quando ele está morto ele já não pode mais contar a sua história e aqui a ironia do Brás Cubas é exatamente essa a partir de um subterfúgio de uma desculpa aparentemente fantástica ele vai extrapolar e colocar em questão o que é uma autobiografia como uma autobiografia pode ser contada Afinal de contas se de fato uma autobiografia fosse definitiva ela só poderia ser narrada após a morte pois ali haveria o ponto final e o encerramento de uma vida e aí quebrando essa lógica
Realista ele também relativiza a forma do romance porque afinal de contas aqui a lógica principal é uma lógica que Beira o absurdo desde o começo e esse absurdo ele também deve ser entendido a partir de uma longa linhagem da qual Machado de Assis se vale é importante lembrar que então de um famoso método de composição que vem lá da antiguidade conhecido como sátira manipédia tem esse nome por conta de um escritor grego chamado menipo que viveu na antiguidade mas cuja as obras a gente não conhece porque ela nenhuma delas chegou na íntegra Até nós hoje
em dia a gente acaba conhecendo a sátira manipédia mas por um dos seus maiores representantes que é o Luciano de famosa um escritor Sírio né que vivia numa província Romana no século II depois de Cristo e o Luciano ele escreve uma obra muito interessante que chama-se diálogos dos mortos na qual ele vai unir simplesmente heróis da mitologia greco-latina filósofos gregos e romanos que são relevantes importantes historiadores figuras de imperadores tudo isso vai estar ali no mesmo lugar que seria o Hades ou submundo esperando justamente para receber as pessoas que chegam né nesse além após a
morte essa linhagem ela então levada diante pelo Machado e já elencada no próprio título mas ela também de novo ela é relativizada afinal de contas o romance não é sobre o que acontece no submundo no momento pós-morte não é uma preocupação religiosa nem moral de saber o que acontece a partir do momento que o Brás Cubas cai no caixão percebam Então essa lógica de relativização continua e ininterrupta o narrador ele vai brincar com esquemas e estilos literários e colocá-los em questão Um sendo substituído por outro à medida que o romance avança pensando nisso prestem atenção
nessas trocas nessa volubilidade nessa tentativa de sempre mudar de assunto e também de estilo ao longo do romance aqui o raciocínio dessa obra é um raciocínio de palimpses sextos e o que que seria isso o palimpsexto é um pergaminho cujo documento original foi raspado ou apagado para escrita de novo ou seja é sempre uma escrita de segunda mão você vai valer de um material que já existe e vai substituído pois essa forma de pele é justamente o que vai estruturar esse livro e também o comportamento desse Nar profundo o segundo motivo é a dedicatória desse
livro não bastasse ser uma autobiografia de alguém que já morreu a pessoa ou melhor a coisa para quem ele vai dedicar o livro é o verme que primeiro roeu as frias carnes do cadáver dele que bizarro bom a gente já tem uma animalização desde o início que Beira Inclusive a estética do naturalismo é o naturalismo parodiado aqui porque a descrição um tanto quanto brutal e animalesca do Verme roendo As carnes do homem né ela é usada para chocar os leitores mas também para tirar sarro para fazer uma gracinha e o termo gracinha é algo que
o narrador usa o tempo todo nesse romance né mas é uma gracinha que tem também o seu teor pessimista afinal de contas de todas as pessoas que ele encontrou na vida a única que merece uma dedicatória é um verme que nem uma pessoa é é curioso Então esse jogo entre a Saudosa Lembrança e o pessimismo que envolve o verme que roe as carnes dele porque se houve uma Saudosa Lembrança não foi no momento da vida mas sim no momento em que ele chegou ao caixão isso explica então um pouco dessa visão pessimista e satírica desse
narrador que vai misturar o riso e a melancolia ao longo de toda a obra ele mesmo vai dizer no prólogo ao leitor que ele escreveu essa obra com a pena da galhofa e a tinta da melancolia a gente pode também considerar a própria estrutura tipográfica por meio da qual essa dedicatória é feita Se você pegar a primeira edição do livro você vai perceber que a dedicatória é o verme é feita na vertical com espaçamento muito interessante que lembra inclusive um Epitáfio e isso é um outro elemento interessante e inovador na prosa do Memórias Póstumas ele
vai brincar com a materialidade do romance com a tipologia com a margem do texto a própria forma do livro vai ser importante e metodonicamente incorporada na discussão desse romance e essa incorporação da materialidade gráfica no âmbito da própria obra lembra a literatura inglesa do século 18 sobretudo por conta do escritor autor de a vida e as opiniões do Cava que é também um romance anti romance isso porque o christianchandy também vai extrapolar a forma da autobiografia de outro modo inusual se no Brás Cubas há um questionamento sobre onde começar uma narrativa do final ou do
início da morte ou do Nascimento No Twist Andy esse questionamento vai ser ainda mais extrapolado porque o narrador vai se questionar onde seria o começo seria o momento em que a pessoa nasce ou ao momento da Concepção da relação sexual e onde seria o final como a gente vai terminar um livro isso se ficar ainda mais curioso se a gente pensa que o próprio Twister não foi terminado em vida ou foi a gente não sabe porque houve uma interrupção na publicação após a morte do Loren stern e a gente não tem como saber se o
romance foi de fato encerrado ou se havia mais fascículos a serem publicados nesse sentido Machado de Assis vai associar a sua prosa uma longa linhagem dos escritores Ingleses do 18 e é uma linhagem que é focada no nosso terceiro motivo para ler esse livro que é justamente o prólogo ao leitor esse prólogo é sensacional primeiro porque vai de novo o reivindicar essa Associação com a tradição do learnit Witch que seria Justamente esse humor ligado a erudição que é mobilizado pelo Loren Storm e ele também vai fazer uma brincadeira com uma frase de um escritor francês
chamado Standard e um dos seus romances O stand up diz que ele espera que aquele livro tenha pelo menos 50 leitores E aí o Brás Cubas vai rebaixar ainda essa expectativa e dizer que se ao menos o livro dele tiver cinco leitor ele já seria o suficiente nesse rebaixamento Há também um comentário tanto quanto implícito e eu diria até que pessimista em relação a quantidade de eleitores que havia no Rio de Janeiro e no Brasil do século 19 Lembrando que a nossa população era extremamente analfabeta o nível de analfabetismo beirava 80% e a leitura e
escrita era de fato um privilégio reservado a uma minoria um milite na qual o próprio braço Cubas faz parte e é também nesse prólogo ao leitor que ele vai chamar a atenção da nossa importância enquanto leitores empíricos mas também enquanto categorias discursivas para esse romance esses vocês vão ser evocados humilhados muitas vezes e até convidados para participar da composição do sentido da obra então aqui aquilo que a gente conhece um teatro como quebra da quarta parede o narrador vai se relacionar com os leitores o tempo inteiro e vai criar também expectativas sobre o comportamento deles
e para finalizar a relação com esse leitor envolve justamente o movimento do piparote que é uma espécie de Peteleco ao final desse prólogo ao leitor o narrador vai dizer que se aquele que estiver lendo não gostar de fato da obra o narrador vai simplesmente pagá-lo com o piparote e esse gesto do piparote é fundamental e eu realmente recomendo que vocês prestem atenção nesse símbolo ao longo de Toda obra porque o piparote é uma espécie de violência que é levadas zombaria é uma espécie de brincadeira é um gracejo mas que envolve também um ato de brutalidade
de coerção Afinal de conta se o leitor não gostar da obra ou gostar ele não tem muita escolha ali o braço Cubas não dá uma margem de erro para ele A escolha é uma falsa escolha porque receberam piparote é também receber uma agressividade velada e ensaiar a postura desse narrador uma agressividade velada uma ironia brutal e também uma indiferença para com a Humanidade para com a moralidade também pensando nesse gesto do piparote eu espero que vocês Leiam esse livro com muita risada e também com um certo ar de melancolia para que a gente capte essa
atmosfera que o Machado de Assis está tentando trazer tente também questionar um pouco a voz desse narrador verifique se ele é de fato confiável se as coisas e as estratégias literárias que ele ativas são de fato equivalentes então espero que você seja preparado para receber muitos piparotes e dar muitos sorrisos amarelos também ao longo dessa leitura uma boa leitura para vocês e divirta-se no mundo maluco de Brás Cubas