Muito boa tarde. Muito boa tarde para você que está nesse momento nos assistindo ao vivo, mas também bom dia, boa tarde ou boa noite para você que tá assistindo essa live já gravada. Isso porque as lives do Conselho Federal de Psicologia, depois desse momento que elas acontecem ao vivo, elas vão lá pro nosso YouTube, lá pro canal do Conselho Federal de Psicologia. Então fica aqui a sugestão para que você possa acessar a nossa nossa conta do YouTube, porque lá vai ter essa e várias outras lives que falam sobre a nossa profissão. Bom, mas o dia
de hoje é um dia especial, é um dia em que nós estamos nessa live intitulada Riscos Psicossociais no trabalho, que tem como função fazer um lançamento, o lançamento da edição comentada da resolução 14/2023. E essa resolução comentada só existe porque no Conselho Federal de Psicologia existe um grupo de trabalho chamado trabalho, gestão e saúde psicossocial. Isso porque o Conselho Federal de Psicologia, assim como os outros conselheiros federais, são compostos por conselheiros e conselheiras, só que o tanto de trabalho que existe no Conselho Federal faz com que seja necessária a construção de grupo de trabalho e,
portanto, a existência do grupo de trabalho aponta de que nós não fazemos nada sozinhos. E é exatamente porque nós estamos aqui com esse grupo de trabalho que nós estamos podendo fazer o lançamento dessa resolução comentada, mas é preciso que a gente se apresente. Vou me apresentar. Meu nome é Pedro Paulo Bicalho. Sou professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e também sou o atual presidente do Conselho Federal de Psicologia. Então, é com muita honra e com muito orgulho que eu me dirijo a vocês nesse dia tão especial que é
o lançamento da nossa resolução comentável. Mas eu quero dizer para vocês, antes de mais nada, qual a importância de termos resoluções. Bom, primeiro é importante dizer que a psicologia ela passa por um processo histórico que faz com que ela tenha uma lei de regulamentação e ela tenha também a construção de um sistema conselho de psicologia. Isso não acontece em todas as profissões. São hoje 88 profissões que possuem leis de regulamentação, mas só 32 possuem conselhos. Portanto, são apenas 32 profissões que possuem resoluções. E as resoluções elas têm um sentido, elas produzem o limite ético da
profissão. São elas que normatizam e dizem até onde nós, psicólogas e psicólogos, podemos ir com as tantas especificidades que compõem a pluralidade da psicologia brasileira. E nós estamos hoje aqui porque os fatores psicossociais trabalho importam muito a psicologia brasileira. Temos ouvido falar sobre uma quantidade grande de agravo da saúde psíquica que são produzidas no campo do trabalho. Temos ouvido falar de tantas questões importantes, ouv, temos ouvido falar sobre a NR1, temos ouvido falar sobre tantas questões importantes que envolvem essa interface entre psicologia e trabalho. Portanto, estarmos aqui hoje produzindo o lançamento de uma resolução comentada
é para nós muito importante, porque afinal de contas só temos a possibilidade de fazer uma resolução comentada porque temos uma resolução. A psicologia brasileira já tem muito tempo que chegou ao Brasil, não dá nem para precisar exatamente desde quando, mas nós sabemos que um marco importante paraa nossa profissão aqui foi quando a profissão foi regulamentada por lei no dia 27 de agosto de 62, mas não foi dia imediato que começamos a produzir resoluções. Para isso foi necessário construir um sistema conselhos de psicologia. Como eu falei há pouco, são só 32 profissões que podem produzir resoluções.
E entre essas 1158 resoluções já produzidas no dia de hoje, essa da qual nós estamos falando hoje e as outras de 1157, é porque a gente tem então uma profissão que possui normatizações. As normatizações dizem os limites éticos da profissão. O código de ética, por exemplo, é uma dessas resoluções. Resolução 1025, mas é uma resolução generalista, é um código de ética para toda e qualquer exercício profissional da psicologia no Brasil, mas nós somos muito pluriversos. A psicologia ela possui interfaces com muitas outras áreas, uma delas a área de trabalho. Portanto, poder estar aqui hoje lançando
essa resolução comentada é para nós motivo de muito orgulho. Orgulho porque temos uma resolução e, portanto, temos normatizada a questão relacionada aos fatores psicossociais do trabalho. Mas mais do que isso, agora nós temos os comentários dessa resolução, que a resolução serve para dizer o limite ético da profissão. A resolução comentada serve para que esta resolução sirva de orientação pra gente, para que a gente possa entender efetivamente o que diz uma resolução. Uma resolução comentada nos ajuda e, portanto, esse, portanto, é um dia importante para nós. Então fica aqui o convite para que vocês possam continuar
nessa live. Essa live vai tratar sobre esta resolução comentada, mas vai tratar também de outras questões que são que surgem a partir da própria resolução comentável. Falei que a primeira resolução nossa lá em 1974 foi a número 1 de 74 que criou os conselhos regionais. E a última, a mais recente assinada é a resolução 8 de25. Aliás, desculpa, resolução 9 de 2025. Essa é tão nova que foi assinada ontem. Resolução 9 de 2025 é a mais nova resolução. É aquela que fala sobre o modo como nós, psicólogas e psicólogos, atuamos com pessoas surdas no campo
da saúde. Essa é a mais nova. Teve aquela outra que criou as os conselhos, que é a mais antiga. E nesse meio a resolução da qual nós vamos falar hoje. Falaremos de uma resolução e comentaremos sobre a própria resolução. Portanto, isso tudo só existe porque a psicologia no Brasil é uma profissão regulamentada, é uma profissão que possui um sistema conselhos de psicologia, é uma profissão que produz resoluções. Fiquem com a gente. Vamos hoje comentar essa resolução importante do campo dos fatores psicossociais no trabalho. Mas para isso vou chamar aqui a nossa mediadora Dayane Bentvi. Daiane,
assim como todas as pessoas que estarão aqui nessa live, compõe o grupo de trabalho que produziu, entre outras coisas. É um grupo de trabalho que produz muito, viu? É um grupo de trabalho que, entre outras coisas, produziu essa revolução comentada. Então, Dayane, junto com as outras pessoas que ela mesma vai apresentar, vai então continuar essa live. Dayane Bentevi, ela é psicóloga organizacional e do trabalho. Ela é mestre em psicologia social pela PUC de São Paulo, é doutora em sociologia pela Universidade do Porto e possui pós-doutorado em psicologia pela Universidade Federal da Bahia. É pesquisadora, consultora
organizacional e membro do GT de Pote do CFP. Mas antes de passar pra Dayane, um esquecimento da minha parte, não fiz a minha audiodescrição. Então, para que todos vocês possam me ver, eu sou um homem branco de cabelos grisalhos. Estou nesse momento com uma camisa verde, uma calça jeans e estou sentado exatamente na cadeira, eh, no meio dessa nossa live. Então, a audiood desescrição, ela é importante porque nós precisamos incluir todas as pessoas e para que todas as pessoas possam nos ver. Dayane, agora é com você. Obrigado, obrigado por estarem aqui com a gente. Essa
live só faz sentido porque você tá aqui. Obrigado. Obrigado pela audiência. Obrigado por estarmos juntos, Dayane, obrigado por estarmos juntos aqui também, viu? Obrigada, Pedro, pelo convite estar aqui e também muito obrigada pela em nome de todo o GT, por essa gestão de ter construído, né, esse GT de pote, que eh hoje a gente tá aqui, os membros desse GT, parte eh desse grupo de 14 pessoas, estamos aqui apresentando o resultado de ar do trabalho desde 2022. Eh, mas antes eu vou me vou fazer minha audiodescrição. Eu sou uma mulher branca de 38 anos, estou
com cabelos lisos, uma blusa preta e um casaco marrom e atrás de mim tem um painel branco. Eh, eu vou primeiro apresentar eh quem vai participar da live com a gente, que Pedro já falou de antemão, né, que são membros do GT de pote. Jorge Falcão. Ele é psicólogo organizacional do trabalho, doutor em psicologia pela Universidade de Paris 5 e pós-doutorado pela Universidade de que não. É professor titular e pesquisador do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e membro do GT de Poste do CFP. Eh, ao lado de Pedro Paulo,
a gente tem Ana Carolina Poiker. Ela é psicóloga organizacional do trabalho, doutora em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pós-doutorado pela mesma universidade. Ela é CEO da Bitot e membro do GT de PO TP. E Bruno Chapadeiro, né, ele é psicólogo organizacional do trabalho, doutor em educação pela Universidade Estadual de Campinas e com pós-doutorado pela UNIFESP. é professor adjunto da Universidade Federal Fluminense e também membro do GT. Antes de eu passar a palavra para os convidados e a gente fazer um bate-papo sobre essa resolução, eh, eu vou falar um pouquinho sobre
eh esses, na verdade, eh essa resolução, ela é um, a resolução, né, que a gente tá tratando aqui, a 14 de 2020 23, né, a 14 de 2023. Ela é parte de um longo processo, né, de construção dentro do sistema conselhos, dentro da da do pensamento da categoria sobre a área de pote, mas especificamente sobre a área de saúde do trabalhador, né? Ela foi construída a partir de uma proposta eh no CNP, né? Eh, que quem não conhece o sistema conselhos, é um momento onde os psicólogos e as psicólogas se reúnem para pensar eh o
que que o que que seria importante a gestão do CFP conduzir ao longo dos anos que tem aí de gestão. E aí veio, é uma uma proposta do CNP e aí dentro do sistema conselho, eh, se estruturou um GT e esse GT construiu uma resolução. Essa resolução foi lançada em 2022. E aí, eh, a categoria também tem o seu papel, né, de dialogar. Eh, as resoluções vêm e elas vêm para a categoria, né? E aí diante dessa nova resolução 2022, a categoria veio diante do CFP e discutiu-se sobre algumas alterações e aí eh construiu um
grupo e esse grupo eh editou essa resolução de 2022 e aí lançou-se a resolução de 2023, 14 de 2023. Eh, importante ressaltar que dentre as quantas resoluções que o conselho tem? 1158. Essa resolução, ela é muito especial para mim e para todos nós que estamos aqui e para um grupo de psicólogos que atuam na área de trabalho, que é a primeira resolução do sistema conselhos, que trata da área da psicologia organizacional do trabalho. É uma área histórica dentro da psicologia, mas ela veio como primeira resolução que trata especificamente desse campo. Como o Pedro Paulo falou,
a psicologia ela é ampla e diversa. E aí dentro da atuação de psicólogos no campo do trabalho, essa é a primeira. E aí, eh, ela é também especial porque além de ser a primeira, ela é ela vem antes da discussão que tá super atual agora, né? a gente não tinha noção na época, mas eu acho que é esse é o ponto assim que traz a tamanha importância dela de que em 2023 a gente falava, que aí os nossos comentaristas vão falar um pouco mais especificamente sobre isso, tratava sobre a gestão dos riscos psicossociais do trabalho,
não só avaliação, né? E aí ela ela vem antes de um outro marco nesse campo que é a mudança da alteração da NR1 que foi em agosto de 2024 e entra em vigor exatamente agora, né, que inclui a importância da gente não só identificar eh e avaliar, mas a gente gerenciar os riscos psicossociais. E aí quando a gente pensou numa numa resolução comentada, a gente trouxe isso, né, mostrando como ela é à frente do tempo dela nessa resolução e ela se mantém atual mesmo diante das mudanças das normativas. Mas enfim, já falei aí, fiz esse
histórico pra gente poder contextualizar a criação dessa resolução. E aí eu vou passar a fala, fazer uma pergunta pro pro nosso convidado aí. Jorge Falcão. Então, eh, quando a gente fala, Jorge, em riscos psicossociais no trabalho, o que que a gente tá falando especificamente? Que marcos teóricos ajudam a gente a nos situar pra gente entender o que seriam esses riscos psicossociais de trabalho? É uma pergunta que nos toca a muito de perto, a mim e tenho certeza, a todos os membros da CGT, a quem eu saúdo no momento, tá? Aí eh o nosso presidente Pedro
Paulo, Ana Carolina, que vai também intervir, eh eh Bruno que vai intervir. Ah, eu sou um homem pardo, ah, com cabelos lutando entre preto e branco. A barba já tomou uma decisão. A barba já é eh branca. Ah, tô vestindo uma camisa polo em tons de grená e uma calça em tons de azul. Ah, essa questão ela é muito importante para nós porque ela foi uma das motivadoras mesmo do esforço que nós fizemos na constituição desse GT. Eh, nosso GT é um GT plural, assim como é plural a própria psicologia e a psicologia do trabalho.
E em face dessa pluralidade, a gente sabia que era necessário primeiro fazer um esforço de clarificação conceitual e não só fazer um esforço de clarificação conceitual, como enfrentar essa pluralidade no contexto do nosso grupo de discussão para construir algum tipo de de de proposta eh minimamente honesta. e conceitualmente pertinente para eh prestar essa esse serviço, prestar essa apresentar esse produto à categoria dos psicólogos brasileiros. Ah, nós temos a convicção e isso começa já a falar, da em relação a esses marcos teóricos eh que nós a que nós vamos nos referir um pouco mais. Eh, nós
temos a convicção que existe um domínio do funcionamento das profissões em geral. que é o domínio das prescrições. O eh entidades como o Conselho Federal de Psicologia são centrais. Foi mencionado aqui as resoluções que o Conselho eh eh tocou até hoje, elas são importantes, elas são históricas, elas estabelecem parâmetros pro trabalho dos psicólogos e das psicólogas. Mas desculpe, entre eh o trabalho que é prescrito e o trabalho que é realizado, há necessariamente um gap, há necessariamente uma descontinuidade. Então, não é uma coisa evidente que é proposta uma um regramento e automaticamente, tranquilamente, simplesmente a o
trabalho dos psicólogos se adequam a esse a essa prescrição. A gente começa aqui mais uma vez num processo rico e complexo, que é uma portaria importante que surge. Os psicólogos e psicólogas estão recebendo essa portaria um certo grau, inclusive de ansiedade, porque eles justamente se perguntam como é que a gente vai fazer, como é que a gente deve entender determinados princípios. E nesse sentido, a resolução comentada, que já está disponível no site do CFP, é um marco importante, porque lá na resolução onde a gente não podia se alongar sobre determinados aspectos, na resolução comentada, a
gente poôde dar mais desdobramento a pontos que não estão explícitos naquele princípio, mas que são importantes, que foram cruciais para o estabelecimento desse regramo. Esse regramento e parte um ponto importante é justamente a questão dos riscos psicossociais. Foi uma uma um ponto importante que é ressaltado em toda a portaria, vocês vão ver em toda a resolução, desculpe, vocês vão ver que a questão da pluralidade do conceito de risco psicossocial, ele não é algo que deva ser deva ser circunscrito ao indivíduo, ele não é algo que deva ser circunscrito ao contexto organizacional, ele não é algo
que deva ser circunscrito ao contexto do ofício profissional. ele abrange todas essas todos esses níveis de consideração. Então isso vocês vão ver que é uma um ponto forte dessa resolução, eh, levar em conta a a complexidade, a riqueza, a abrangência do conceito de risco psicossocial. Outro ponto importante que nos uniu é a convicção de que o trabalho é mais do que um meio de angarear recursos para ter poder de compra. O trabalho nos defin, o trabalho faz parte do nosso lugar psicossocial. Isso é importante para a nossa saúde mental, pro nosso desenvolvimento, assim como pro
nosso adoecimento. Então, esses foram alguns pontos importantes nessa nessa nessa resolução. a questão dessa consideração da diversidade dos riscos psicossociais, a questão inclusive do quanto a psicologia tem um papel importante na abordagem desses riscos, tanto em termos de regramento como em termos de orientação, como em termos de proposição de formas de atenuação do adoecimento que possa estar vinculado a ele. E nesse sentido, isso vai ser um ponto que vai ser retomado aqui. A psicologia tem um papel crucial. a psicologia não pode ser banida desse dessa iniciativa, apesar de que a gente não propõe que nós
temos uma reserva de mercado. Então não é apenas a psicologia, mas sim a psicologia. Isso é um ponto que vai ser retomado aqui. Então há outros aspectos aqui, mas eu prefiro não me alongar para que a gente possa rodar mais a a conversa. Vai haver outros aspectos aqui importantes em relação a esses aspectos relacionados a marcadores conceituais que estão presentes nessa resolução e que nos são muito caros. Obrigada, Jorge, pela resposta. E aí eu gostaria de convidar quem tá ouvindo a gente, quem tá assistindo a gente pelo YouTube para fazer perguntas no chat, para que
a gente possa responder aqui eh na nossa live com os nossos convidados. Agora eu vou passar um pouquinho agora para eh Ana Carolina, vou fazer a pergunta para ela. Eh, quais evidências ou dados da realidade do trabalho brasileiro que demonstram que essa resolução ela é necessária, né, paraa nossa categoria e pra sociedade, né, que a gente presta o serviço pra sociedade. E e se você puder falar um pouquinho qual é a relação, né, dessa resolução com a mudança da NR1 e como que isso eh situa atuação profissional da psicologia. Eh, nesse contexto é uma satisfação
tá nesse momento histórico paraa psicologia, né? E a gente não pode negar o quanto que nós vivemos aí. num momento muito delicado, né, com a assim os afastamentos por motivo de saúde mental tiveram um crescimento de quase 70%, representando o maior número numa década inteira, assim. Então, é algo que revela, né, eh o quanto que essa resolução chega no momento certo ou não, né? ou talvez a gente tivesse, ainda que tá pensando na questão da saúde mental no do do an, eh, ansiedade, depressão, esgotamento pelo trabalho, né? Isso tem sido sentido na pele pelos trabalhadores,
pelas trabalhadoras, impactando também aí eh os números das organizações, né, repercutindo aí em perda, né, eh também de produtividade, enfim, né, uma série de de impactos. Eu gostaria de falar que também não é só essa questão, né, lembrar do momento de policrisees que nós estamos vivendo. Então, assim, passamos para uma crise pandêmica que que teve um impacto profundo, né, uma crise humanitária e depois e e depois disso, um momento assim complexo em que múltiplas crises afetam as pessoas, né, as mudanças climáticas extremas, a insegurança laboral, tensões políticas, então uma série de questões, né? Esses dados
eles acabam escancarando, né, o quanto que a saúde mental é de fato aí uma questão crítica. Eh, mas o que é importante daí fazendo a relação com a resolução do momento histórico, é que isso não é definitivamente um fenômeno do indivíduo que tem que ser analisado só sob a perspectiva de quem, mas também do ponto de vista coletivo. A gente precisa olhar paraas dinâmicas que adoecem. a gente precisa olhar para aspectos da organização, do conteúdo, do contexto desse trabalho para entender, né, se existem ali aspectos que estão adoecendo os trabalhadores e trabalhadoras. Então, nesse cenário,
a gente não pode eh negar que a psicologia ela tem um compromisso social, né, que é inegociável. E a nossa eh atuação, ela não pode se limitar ao olhar clínico, não pode se limitar a uma avaliação a aquele papel do testólogo, tá? o psicólogo ele tem que tá comprometido com uma compreensão crítica desse contexto de trabalho para promover transformações que vão garantir saúde, dignidade, segurança, justiça para esses trabalhadores. E é isso que essa resolução traz. Então, eu sei que há aquele anseio de saber qual é a escala que eu aplico, qual é o teste que
vai dar conta. E por tudo que a gente pôde ver aqui nesse pouquinho tempo, a gente consegue ter a dimensão da complexidade desse fenômeno. E é por isso que o psicólogo não pode tá de fora desta circunstância toda, né? profissional que tem a capacidade técnica para acessar a subjetividade humana. É o profissional que tem um instrumental para fazer a avaliação sobre parâmetro parâmetros nomotéticos, ideográficos, né? Então, o psicólogo detém conhecimento de avaliação psicológica, sabe conhecer as dinâmicas que acontecem no ambiente de trabalho e e acima de tudo não trabalha só para tratar o adoecimento. Psicólogo
trabalha para prevenir o sofrimento humano. Então essa resolução, claro que é uma tarefa ercúlia, como o Jorge havia dito, né? a gente tentou, com a resolução comentada, trazer todos esses aspectos e lembrar da complexidade que existe no próprio mundo do trabalho, os tipos de vínculos, né, que pode ser um vínculo informal, né, que hoje a gente vê a precarização da mão de obra, né, especialmente com a digitalização, né, o contexto, se é num contexto público, privado. Então assim, existem muitas camadas na análise desse fenômeno que uma escala, infelizmente não dá conta. Então assim, ajuda com
certeza, né? Mas a gente precisa entender que essa resolução, ela nasce desse lugar ético, técnico, que o reconhecimento de que os fatores de risco psicossociais eles têm que ser enfrentado com seriedade, com responsabilidade técnica e com a presença qualificada da nossa categoria profissional. Eu acabei não me audiodescrevendo. Eu sou uma mulher branca de cabelos um pouco abaixo dos ombros. Tô com blazer azul marinho e uma saia clara e brincos grandes com detalhes dourados e óculos. pegando um gancho aí do que Carol falou sobre esse olhar crítico da psicologia eh na avaliação eh de riscos psicossociais
no trabalho. queria voltar para Jorge e perguntar como que as teorias críticas, né, eh, foram importantes paraa construção dessa resolução com o olhar eh mais eh mais acurado, né, sobre tanto o trabalhador como todo o contexto de trabalho. Muito bom. Acho que isso é um uma questão ah crítica, central num mundo que a gente vive, nesse mundo real que nós vivemos, que é marcado por algumas peculiaridades estruturais do modo capitalista em que a gente se, o mundo em que há tensões entre quem detém o capital, quem detém a força do trabalho, um mundo em que
muitos apontam que essas tensões são tensões estruturais e estruturantes e uma relação de opressão, uma relação de precarização estrutural do trabalho e um mundo em que muitos ocasionalmente apontam dedo paraa psicologia organizacional como sendo uma espécie de cadjuvante dessa situação de desigualdade, essa situação de precarização, essa situação de exploração. Então aqui ali a gente ouve vocês psicólogos, você fazia o quê? Vocês vocês são efetivamente têm essa essa potência crítica? Vocês trazem algum elemento de criticidade para esse contexto que é um contexto estruturalmente definido por uma relação de trabalho que nasce já destinada à precarização, à
exploração do trabalhador. Qual é o papel de vocês? Eu tô falando isso claramente porque eu sei que aqui e ali, muitos de nós já ouviu isso e eu não tenho receio, não tenho medo de tratar desse assunto. Eu acredito que realmente essa desigualdade existe. Eu acho que essa esse aspecto estrutural está posto. Eh, eu acho que não cabe à psicologia resolver esse dilema, porque ele se resolve politicamente, se resolve no contexto de uma luta política. Mas eu também acho, por outro lado, que mesmo no mundo ideal que a gente venha e que estruturalmente as coisas
estejam resolvidas, ainda perdurarão coisas como a subjetividade de cada um de nós, a saúde mental de cada um de nós, aquilo que nós sentimos como nossas frustrações, nossos afetos, nossos desafios, nossas colisões pessoais. Então, haverá sempre necessariamente um espaço para essa essa essa reflexão em psicologia. No que diz respeito à psicologia do trabalho, eu acredito sim na contribuição de uma abordagem crítica que eh não é eh eu queria aqui desde já distinguir, não passa pela importação do modelo clínico tradicional para dentro da organização, não se trata disso. Ah, eh, eu entendo que e essa é
a iniciativa que se que se que é deflagrada em muitos contextos, mas me parece que uma abordagem realmente crítica é aquela que possibilita visualizar o trabalho como um tripé em que você tem o trabalhador, a organização, o ofício profissional, que você enfrenta essa situação complexa nesses termos, em que você parte inclusive do pressuposto de que para lidar com os riscos psicossociais, para lidar com essa situação, não caberá a nós detentores de um suposto saber trazer diretrizes pro trabalhador e sim mediar que esse trabalhador possa refletir sobre sua atividade profissional. Isso me parece um aspecto crítico
crucial. Não somos nós quem traremos soluções em termos de brochuras bem acabadas pelas quais a gente cobra eh por conta do serviço prestado e informa ao trabalhador como é que ele deve se comportar. Nosso papel é o papel de mediadores para que o trabalhador, ele que conhece a sua contexto de trabalho, possa refletir sobre as formas de lidar com situações que limitam suas perspectivas e que eventualmente o adoecem. Então, a perspectiva crítica me parece ser essa, de levar em conta o a importância do trabalhador, sabendo que sim, nós vivemos num mundo de desigualdade, num mundo
que está estruturado nos termos que a gente conhece, mas que ainda assim a psicologia não é necessariamente conivente. A psicologia tem um papel importante no final das contas que deve ser preservado e respeitado. Muito obrigada. fala potente. E aí eu lembro a todas e todos que estão nos assistindo de que a resolução comentada já pode ser acessada no site CFP, tem um Qcode aí na tela, é só você eh acionar o seu celular e aí você pode ter acesso à resolução comentada que a gente tá tratando aqui. Voltando pra Ana Carolina, que eh também foi
uma pergunta do chat, né, sobre a NR1, né? Primeiro, como que essa resolução eh se relaciona com a mudança da RN1 ou da NR1 e que você pensa, né, sobre o adiamento. Eh, não foi adiada a aplicação, eh, mas no caráter orientativo. O que é que você pensa sobre? Então, a a 9 NR1, ela estabelece de maneira inédita que os riscos psicossociais devem ser considerados no programa de gerenciamento de riscos. Então isso tem um valor que é o avanço legal. e ao mesmo tempo simbólico, porque de alguma maneira o sofrimento do trabalhador deixou de ser
eh negligenciado, invisível, né? Então, de alguma maneira a gente assume que eh esse essa obrigação empresarial ela deve ser assumida, né? E como que a nossa resolução dialoga, né? Ela tá, ela é, como tu falou assim, absolutamente vanguardista, porque ela tá alinhada com as melhores práticas internacionais, como a ISO 45003, que é o primeiro padrão internacional, que sugere como se deve gerir e avaliar fatores de risco no contexto do trabalho. Ela foi uma ISO publicada em 2021 como em janeiro de 2021 como uma resposta à crise pandêmica. Então é um marco também importante para que
os psicólogos se inspirem numa boa prática. E a NR1 se inspirou também amplamente nesse padrão. E o que que é a grande novidade? Vocês devem lembrar que antes o trabalho ele ficava meio circunscrito a uma avaliação para definir se aquele trabalhador tinha aptidão ou não para um trabalho em altura, pro ambiente confinado, paraas NRs específicas e muitas vezes aquele laudo era engavetado. A principal mudança que NR1 traz é a perspectiva de um ciclo de melhoria contínua. Então, o que que isso quer dizer? que esses riscos que podem estar contidos no ambiente de trabalho, no contexto,
no conteúdo do trabalho, na organização do trabalho, eles podem, né, eles vão ser avaliados de maneira contínua, ou seja, não é uma pesquisa, muitos têm dúvida qual é a diferença da pesquisa de clima e até comparam com a pesquisa de clima e a a finalidade ade é completamente diferente, tá? Eu brinco que a pesquisa de clima é como se tivesse numa festa e a gente quer saber se a música tá agradável, tá boa. E a avaliação de risco psicossocial, ela é feita para ver se tem algum perigo, né, de alguém, né, sofrer um assédio na
festa, de alguém escorregar na festa, porque tem alguma condição perigosa. Então assim, a finalidade é absolutamente distinta e a gente precisa encarar isso como um sistema de gestão, não é algo estanque limita a uma avaliação ou uma palestra na CPAT, tá? É algo que tem que acontecer de maneira contínua. E é complexo. Por quê? porque isso vai envolver sensibilização da alta gestão, sensibilização de todos os níveis hierárquicos. Então, o psicólogo, ele vai se envolver para além da avaliação propriamente dita, intervenções educativas, intervenções preventivas. Então, o Conselho Federal eh recentemente lançou, né, também aí a nota
eh que trouxe as diretrizes ali éticas, técnicas paraa questão do assédio no ambiente de trabalho. E esse é um aspecto fundamental e que também traz a importância do psicólogo nesse contexto. Então, resumindo, a NR ela define o que deve ser feito e a nossa resolução qualifica o como, né, garantindo que esse gerenciamento de riscos seja não só um exercício burocrático, mas que seja uma prática real de cuidado, de proteção dos direitos de quem trabalha. Agora eu vou fazer a pergunta para Bruno, nosso terceiro convidado. Eh, qual é o diferencial da atuação do psicólogo e da
psicóloga eh na identificação e análise desses psicossociais no trabalho? Alô. Pronto. Bom, eh, bom dia, boa tarde, boa noite, né, para quem tá nos acompanhando. Então, eh, eu sou Bruno Chapadeiro, sou psicólogo e professor do Departamento de Psicologia de Volta Redonda da Universidade Federal Fluminense. Eu sou um homem se gênero de pele pele negra clara. Eh, eu utilizo cabelos e barbas razoavelmente aparado. Estão querendo ir pro pro branco também, viu Jorge? já tá. E eu tô utilizando uma camisa social na cor verde. Atrás de mim há um há um painel também com a a logo,
né, da da nossa live. E ã também utilizo óculos na armação azul escura. Bom, eh, são as as perguntas de de 1 milhão de dólares, né, que estão chegando pra gente, mas essa, né, do diferencial da atuação, da psicologia, né, eh, eu endosso o que Jorge coloca de que nós somos os profissionais que somos fojados nesse campo da saúde mental, da compreensão da subjetividade humana, né, e o quanto que isso reverbera no na nas nossas formas de pensar, de sentir, de agir com a vida, né? Eh, eu acho que eu celebro, né, essa nossa resolução
comentada, eh, Modéstia as Favas, né, ela ficou muito bonita também, porque a gente ela, ela tem um marco também que me chama atenção, que é o fato dela ter sido a primeira resolução no campo das organizações do trabalho, né, em mais de 50 anos aí de sistemas conselhos, a 14/2023 é a primeira que vem, né, e vem dizer justamente sobre essa avalia avaliação de riscos psicossociais relacionados ao trabalho. Então, a psicologia, né, vanguardista, como sempre, né, busca eh uma normatização eh para orientar também a categoria, né? Me chamou muita atenção quando nós tivemos a primeira
reunião do GT, eh, toda a assessoria que nós tivemos eh do Conselho Federal de Psicologia, a qual, né, de antemão aqui agradeço o convite na figura do nosso presidente Pedro Paulo, mas também a todos os funcionários de todas as as gerências do conselho que nos deram todo o apoio. Eu lembro deles terem dito pra gente, né, que resolução tinha força de lei, né, e que a categoria precisava fazer daquela forma. Então, foi uma baita responsabilidade para nós construir essa resolução comentada, eh, porque vai auxiliar, né, esses profissionais que nas suas formações, né, por vezes tiveram
esse campo das organizações do trabalho tratado como lobo mal da psicologia. Agora, uma resolução, né, que é oriunda desse campo para poder orientar uma prática eh imprescindível. Afinal, o mundo social que a gente vive é o mundo do trabalho, né? Somos todos condenados aí, fadados a a trabalhar, né? Então, acho que esse profissional da psicologia ele é de suma importância nessa discussão, né? Afinal, a nossa formação é é sólida, é é robusta para compreender uma visão mais integrativa e sistêmica dessas relações entre trabalho e subjetividade. Compreender o trabalho, né, eh, na determinação social do processo
de saúde e doença é de extrema importância. E esse profissional vai ser capaz então de compreender esses aspectos objetivos do trabalho, se os aspectos da dimensão subjetiva, vai ser capaz de utilizar de ferramentas e métodos, né, cientificamente validados, né, como Ana Carolina coloca pra gente. e também é um profissional, né, que não chega depois quando as coisas já aconteceu, mas também chega pra prevenção, pra promoção, pra vigilância, né, ah, dos ambientes de trabalho, ou seja, eh, a partir dessa abordagem ética e cuidadosa, né, que foi dita aqui, é um profissional da o profissional da psicologia
que tem essa capacidade de de interpretar os fenômenos organizacionais e nós nós tivemos um maior cuidado, nessa resolução comentada de compreender todos os tipos de processos de trabalho e processos organizativos, né? Quando a gente fala muito de avaliação de riscos psicossociais, a gente vai falar daquelas empresas formais, né? Que possuem os serviços especializados de segurança e medicina do trabalho, CESMS, né? Mas a gente tem que pensar essas dimensões psicossociais também em quem tá, por exemplo, eh, entregando comida pro aplicativo, que tá dirigindo o Uber. né? Eh, essas pessoas também têm, né, mediante e o seu
processo de trabalho também, né, podem estar acometida de um de um sofrimento eh de ordem psíquica, né? Então eu eu vejo dessa forma, né, que o profissional da psicologia é imprescindível e indispensável para estar nestas nesses trabalhos de avaliação de riscos psicossociais relacionados ao trabalho. Obrigado aos nossos convidados pelas perguntas iniciais, mas nós temos agora intervenções que vêm pelo chat e é muito importante que vocês façam perguntas, que vocês possam fazer comentários, porque a live ela só faz sentido assim, né, pela esse por esse processo de interação. Então, Sérgio Rezende, ele tem um comentário: "Parabéns
CFP por nos trazer este tema tão importante, pela complexidade e subjetividade no processo de avaliação dos fatores de risco eh no trabalho e gestão e defende que esse processo seja conduzido por psicólogas e psicólogos. Parece que o Bruno Chapadeiro também defende, né, Bruno, que seja conduzido por psicólogas e psicólogos. Carla Fernanda tem um comentário: "Muito rico poder participar e adquirir novos conhecimentos aqui nessa live. Sou Carla, estudante de psicologia na cidade de Trindade, Goiás. Que bom, Carla, te ter aqui. É isso, né? Estudantes de psicologia são sempre muito bem-vindos e bem-vindas todas as nossas todos
os eventos que o Conselho Federal de Psicologia produz, né? Hoje, Carla, só para você ter uma noção, hoje nós somos 553.000 psicólogos no Brasil, né? Somos o maior país do mundo em número de psicólogos e psicólogos. E temos cursos de graduação em psicologia neste momento no Brasil. Então, imagina em 109 cursos de graduação em psicologia, imaginem vocês quantos estudantes tem nesse momento, como é importante a participação dos estudantes nessa live, em outros eventos que nós participamos, porque em muito breve serão os nossos novos psicólogos, né? Olha, para você, pra gente ter uma ideia como é
que como é que a profissão cresce. Quando completamos 50 anos de regulamentação, em 2012, éramos 216.000 psicólogos, psicólogas no Brasil. Hoje somos mais do que o dobro e passaram só um pouco mais de 10 anos, né? Hoje já somos 553.000, já passamos a marca do meio milhão. Eu me tornei presidente do Conselho Federal de Psicologia no final de 2022. Éramos 434.000. né? Estou no terceiro ano de gestão e já somos mais de 100.000, né? A diferença, né? Só tô falando de 2022 e 2025. Então, eh, os estudantes de psicologia eh entenderem a importância, a importância
eh de complementarem aquilo que estudam nas disciplinas, dos estágios, na extensão através das das entidades nacionais da psicologia brasileira. É um é um é sempre uma boa um bom caminho, né? Então fica também a dica para seguirem o Instagram do Conselho Federal e dos 24 Conselhos Regional de Psicologia. Fica a dica para seguirem a a o Instagram das atuais 28 entidades nacionais da psicologia brasileira, entre elas a SBP, né, que é a nossa Associação Brasileira de Psicologia, Organa Nacional do Trabalho. Então, sigam se tem interesse na discussão sobre o trabalho. A SBPT é um lugar
para você seguir, para ver o que tá acontecendo, participar dos congressos, né? A psicologia ela se constrói assim também. Carlos Ferreira tem uma pergunta. Qual a posição do CFP quanto ao adiamento da entrada em vigor da atualização da NR1? Então, já foi comentado sobre isso. Quer quer comentar mais alguma coisa? Eu acabei não respondendo. Ah, então então assim, o CFP eh se posicionou na ocasião que que isso estava sendo debatido, se seria adiado ou não. O o CFP se posicionou publicamente contra o adiamento, porque os números revelam a criticidade do tema da saúde mental e
a necessidade da proteção da vida dos trabalhadores e das trabalhadoras. Contudo, se tomou a decisão de adiar a sanção, a multa eh por um período e se considera que esse período seja educativo. Então, vamos assumir que esse seja um período em que os psicólogos poderão atuar sensibilizando também, né, aos empregadores, né, paraa necessidade dessa gestão de riscos psicossociais. A gente sabe que junto com essa nova onda, né, que eu costumo dizer que houve a ampliação de NR1 e com ela surgiu uma onda de pseudos especialistas, né, e a psicologia está sendo combativa nesse sentido, né,
se posicionando tecnicamente, se posicionando é, né, e mostrando, fazendo toda uma articulação também política. né, revelando aí o quanto que o o psicólogo ele é imprescindível nesse contexto. Então, assim, não gostaríamos que tivesse sido adiado, né, essa questão da multa também não, né? Mas agora que que isso aconteceu, temos aí uma janela de oportunidade também para sensibilizar aqueles que acham que a avaliação psicossocial, já respondendo aqui a próxima pergunta do Marcos, pode ser reduzida a uma planilha colorida ou a um checklist. De nenhuma maneira, a avaliação de riscos, a avaliação de fatores de risco psicossocial
pode ser circunscrita a isso, né? Então, ela é muito mais complexa, ela requer conhecimento técnico, né, profundo. E essa nota ela traz isso, ela traz a base em evidência que deve ser o grande norte do psicólogo e da psicóloga. Então, Ana, concordando com o Marcos a Silva Reinaldo, né, que foi que fez a pergunta, nem a avaliação psicossocial ser reduzida a uma ao checklist burocrático, nem desconsiderar a subjetividade e o contexto organizacional que a classe trabalhadora está inserida, né? Algo que o Bruno também tinha comentado sobre isso na sua fala, né, Bruno? É, a gente,
como eu disse, tomou todo o cuidado, né? Algumas perguntas que têm me sido feitas em outros espaços, eh, desde a resolução, né, a 14/2023, quando ela foi lançada para agora na comentada, né, em em nenhum momento a gente, eh, coloca que essa avaliação de riscos psicossociais relacionados ao trabalho, ela é privativa e exclusiva da psicologia, não é? a gente entende que a saúde é coletiva, é assim que deva ser, né? Eh, mas que o psicólogo e a psicólogas são esses profissionais que eu disse que são eh imprescindíveis, né, para estarem na numa equipe multiprofissional, interdisciplinar,
né, que possa ah conduzir essa avaliação dos riscos psicossociais. Afinal, como a Ana Carolina coloca, né, eh, eu tenho dito isso por aí também, hã, para um tema complexo exigem soluções complexas, né? Não dá mais pra gente ter aquela visão de saúde ocupacional tradicional que se tinha, porque riscos psicossociais a gente não avalia, não mede, tal como, por exemplo, o ruído que a gente usa o decibelímetro, né, para saber, né, quando a gente vai fazer, eu sou também perito na justiça do trabalho, quando eu vou fazer a perícia, né, no ambiente de trabalho, que é
esse, né, o espaço que deve ser realmente periciado, não só não só os cofos das pessoas, mas o ambiente de trabalho, Eh, eu não vejo um assédio moral, por exemplo, acontecendo, né? Mas eu tenho elementos ali do trabalho prescrito que me ajudam. E essa escuta dos trabalhadores e trabalhadoras do ambiente de trabalho é de suma importância. Então, eh, as ferramentas somente quantitativas também não vão nos ajudar. a gente precisa de elementos, né, qualitativos para dar conta dessa avaliação. Então, eh, de novo, né, eu vejo, eh, por exemplo, os profissionais de ergonomia t muita competência, né,
para para compreender a organização do trabalho. os profissionais geral que estão geralmente no no SESMITS, né, os assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, a psicologia sempre aberta ao diálogo, né, as outras categorias profissionais, mas acima de tudo a gente a gente endossa isso também na resolução comentada, né, de que eh ninguém melhor que os próprios trabalhadores e trabalhadoras que lá estão no ambiente de trabalho, né, para poder dizer pra gente como é que a banda toca, né, para poder eh contar pra gente como que a coisa e criar, né, esse ambiente que seja protetivo, que em que
se possa, né, trazer esses elementos é de suma importância. A ideia não é uma caça as bruxas, né, mas a gente fazer um levantamento com vistas à vigilância, a promoção, né, de saúde mental nos ambientes de trabalho. queria ainda no âmbito da avaliação, que é uma das áreas aí que mais suscita dúvidas de como proceder essa avaliação, eu gostaria de dizer que o que o Conselho Federal ele também tá na vanguarda, né? Temos agora um GT também de IA, né? Então eu gostaria de lembrar a importância da tecnologia nesse âmbito também, né? o quanto que
os modelos aí preditivos, modelos eh matemáticos também ajudam a entender padrões populacionais e, né, eh, prevenir, predizer o risco no contexto de trabalho. Então, a nova resolução, a resolução comentada, ela também traz essa perspectiva, ela sai do âmbito do indivíduo, não sai, eh, não é talvez essa a melhor expressão, mas ela avança também, né, pro olhar coletivo. Então, lembrar que a gente pode ter uma abordagem combinada, né, assim como métodos quante, quale, mas que todas essas abordagens nunca deixem de considerar a perspectiva do trabalhador e da trabalhadora. Ele sempre deve ser ouvido, né? Então isso
é muito importante. Isso também tá na ISO 45.003. Eu queria só trazer essa ênfase, né, do quanto que hoje eh nós já dispomos também de novas tecnologias, né, para poder fazer essas análises. Queria acrescentar aqui nesse debate importante agradecer pelas perguntas, elas são de fato bastante eh relevantes pertinamentos. Queria me dirigir a Marcos da Silva Reinaldo e trazer Marcos um dado histórico paraa nossa reflexão que mostra a pertinência de sua pergunta. Quando eu estive na França, foi o meu primeiro estágio pós-douteral, eh a França tinha acabado de vivenciar, isso foi em 2010, uma crise grave
no contexto do mundo do trabalho por conta de uma onda de suicídios vinculados ao trabalho. O o caso representativo na época foi justamente que aconteceu na Telefônica, na na França Telecom, com vários e vários casos de suicídio que engendrou todo um debate sobre a insalubridade, a precarização do contexto de trabalho representado no momento pela França Telecom. Isso mobilizou sindicatos, mobilizou pesquisadores, mobilizou o Ministério do Trabalho na França e dentre outras movimentações, surgiu uma portaria que estabelecia o controle das condições de trabalho nas empresas. essas empresas passariam a ser fiscalizadas, visitadas, eh de maneira a se
verificar as condições de trabalho nessas empresas e eventualmente nessas empresas um selo de qualidade, uma acreditação como empresas em que o contexto de trabalho seria saudável. Vocês estão sentindo alguma semelhança com o contexto? Se vocês estão sentindo alguma semelhança ao contexto atual, vocês estão lembrando bem, porque a gente tá vivendo, vivendo justamente uma iniciativa muito semelhante. Eu volto pro meu segundo pós-doutorado agora em 2024 na França, mais ou menos 14 anos depois, e eu perguntei aos colegas qual era a avaliação deles em relação a essa iniciativa, o que é que eles achavam que isso tinha
propiciado. E a resposta deles, Marcos, foi muito próxima da sua pergunta. eles acharam e eh na na nossa avaliação isso foi um checklist quase que inóco em termos das condições de da melhoria das condições de trabalho nas organizações. Qual o nosso desafio? Quando houve a discussão do projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, o Conselho Federal de Psicologia se fez levou uma posição extremamente eh grave no sentido de que a implementação dessa dessa lei que está emoia crucial para que justamente essa medida não fosse mais uma vez um checklist voltado simplesmente para proporcionar vantagens
fiscais às empresas A, B ou ser que isso tivesse uma um rebatimento importante sobre as condições de trabalho. Então isso está em andamento. Como é que isso vai ser posto? Como é que essas empresas vão ser eh eh controladas, fiscalizadas? A psicologia tem um papel crucial nesse processo, porque não se trata realmente de propor itens do tipo visitas disso, visitas daquilo, debates isso, debates daquilo, mas de fato ouvir os trabalhadores e ter uma abordagem de fato eh eh eh eh eh realista em relação às condições de trabalho dessas empresas. Repito, sem os trabalhadores não se
avança na verificação das condições de trabalho. Isso para nós é um mantra, é muito importante levar isso em conta, inclusive leva em conta cidade histórico. Quem tiver interesse depois e ter mais informações sobre o que se passou historicamente nesse outro país em relação a iniciativa muito semelhante, me consulta depois que eu terei prazer em compartilhar esses dados. Você me permite, Jorge, eh que essa escuta desses trabalhadores não seja de uma forma instrumentalizada também, né? e depois acabe se voltando contra eles de algum jeito, né? Porque há muito receio também, né? Ao dizer alguma coisa de
pensar, bom, onde isso vai parar? Se isso vai se voltar contra mim de algum jeito, né? Eh, quando é quando isso é feito de uma forma que não se estabelece um certo vínculo também, né? Eu falo muito isso paraas minhas eh estagiárias, né? Eu digo, o mais importante que a gente pode fazer aqui, que eu consigo ensinar algo a vocês, mais do que qualquer técnica, é que vocês estabeleçam vínculos, né, eh, compreendam o que as pessoas fazem, o processo de trabalho delas, né, a partir da compreensão, né, a clássica, o o título do clássico livro,
né, da da ergonomia, inclusive, compreender o trabalho para transformá-lo, né, é essa é esse o o ponto de partida. E só para lembrar que também conselhos regionais de psicologia estão também transmitindo essa live. Então, já queria agradecer aos conselhos que fizeram a transmissão. E uma pergunta chegou lá da transmissão conjunta com o CRP de Minas Gerais, que é do Eduardo Santos, que faz a seguinte pergunta: Considerando a complexidade da avaliação psicossocial, como vocês avaliam a metodologia que tem sido utilizada para essa avaliação? Quem gostaria de comentar? Eu acho que que a gente tem vivenciado um
momento nebuloso assim, né? que é por isso que essa live, essa entrega do Conselho Federal é tão importante paraa nossa classe, porque de fato, né, se se abriu um mercado e com ele, né, muita gente emergiu, né, eh sem o devido preparo ou com uma ideia assim ã um pouco simplista. E o grande risco que a gente acaba correndo é o da banalização. Então assim, a área da saúde mental ela é historicamente negligenciada. A gente herdou da filosofia o dualismo. Então há ainda essa cisão entre mente e corpo. E a gente trabalhou muito para mostrar
o quanto não existe saúde sem saúde mental. Não são duas saúdes, é uma saúde só. E e certamente, né, por mais que os instrumentos de medida e a psicologia tem uma área robusta, né, dedicada a à psicometria, né, do de fenômenos que muitas vezes parecem até inapreensíveis, né, complexos. Por vezes a gente acha que são até metafísicos e não são, porque a gente tá falando do comportamento humano, tá? Ainda assim essa realidade tão complexa que ela não pode ser. Então assim, qual é a solução para isso, né? para trazer uma solução prática, triangular a informação,
então ter mais de uma fonte, né, de medida, né, poder falar com o gestor, poder falar com o trabalhador, buscar evidências no ambiente de trabalho. Então assim, eu não vou conseguir medir, né, algo como, por exemplo, uma carga horária excessiva ou a presença ou não de assédio, sem instrumentos de medida apropriados, com validade, com fididade em relação ao construto que tá sendo avaliado, tá? Então assim, eu tive a infelicidade de ver esses dias um curso que tava sendo oferecido, em que seria ensinado como criar o questionário para avaliação de riscos no GPT. Então assim, qual
é o risco que a gente corre com esse tipo de prática? a banalização da saúde mental e do sofrimento no trabalho. E a gente não pode permitir isso. Então, o que a classe precisa é buscar se amparar na ciência, buscar se amparar em órgãos que legislam esse respeito, né? Ficar atento também a tendências mundiais, porque esse não é um fenômeno do Brasil, é global, né? Então, existem legislações em outros países que agora, por exemplo, tem emergido a questão do direito a desconexão, né? A gente vive. Então, assim, os riscos eles não são estáticos, eles mudam
com a realidade social também. Então o psicólogo precisa estar atento a isso, ao que tá acontecendo no mundo. É por isso a importância de escutar os trabalhadores. Então assim, mais do que um instrumento válido, é importante que o psicólogo e a psicóloga sejam válidos, tenham uma escuta válida, né, para prevenir, né, o adoecimento, para proteger a vida no trabalho. E só pegando um gancho aí do que a Ana Carolina falou e reforçando, né, a importância da gente ter eh essa como marco da primeira resolução eh sobre a área de psicologia organizacional do trabalho no país
dentro do sistema conselhos, é que a nossa resolução a 14 de 2023 ela traz esses parâmetros epistemológicos, metodológicos e e éticos também. Eh, e a comentada, ela traz um arcaboço teórico que a resolução não traz, né? Mas esse essas duas unidas, a resolução, ela é importante para garantir o adequado exercício da psicóloga e do psicólogo dentro da sociedade. Então, eh são resoluções que trazem a segurança da sociedade de que esse trabalho tá sendo executado por um profissional que tá fazendo algo de qualidade. Não é qualquer atuação que vai dar conta de responder, é uma atuação
qualificada, né? Que é isso que a psicologia entrega e é isso que o conselho faz pra sociedade. E a comentada, ela vem para orientar a categoria. Então, ela amplia o que a resolução diz e ela traz, além da regulamentação, ela traz orientação de que o psicólogo e a psicóloga recémformado, que se vê diante do mercado de trabalho e com expectativa, né, de que faça uma atuação de uma avaliação de risco psicossocial no trabalho, da própria gestão dos riscos psicossociais dentro das organizações, ele possa dizer: "Não, eh, eu vou ler aqui, eu vou conseguir entender e
a partir de todo o conhecimento específico da psicologia, a partir dessa resolução que delimita os parâmetros éticos e da comentada que traz o como fazer, eu consigo me, eu estou qualificado para atuar de forma ética responsável e utilizando as metodologias e as teorias e técnicas próprias da psicologia. Eu queria pegar o mote dessa fala de de apesar de eu não ter procuração aqui do GT para isso, mas eu queria na representação desse GT primeiro reconhecer e agradecer ao protagonismo, a liderança do professor Vigílio Bastos, que teve um papel absolutamente fundamental em todo o esforço que
foi feito, agradecer de de coração ao presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo, por ter justamente aberto as portas do conselho a esse grupo que é um grupo inédito na no psicologia. Conselho Federal de Psicologia trouxe uma ênfase para essa área da psicologia que muito nos agradou e muito nos contemplou. E se alguma coisa de fato de do médico acontecer, o Conselho Federal de Psicologia terá um papel importante nesse processo. A gente queria registrar isso porque o foram algumas entregas que foram feitas. A gente lutou com muito vigor para transformar a nossa heterogeneidade, não
só em fricção, não só em calor, em luz, né? e recebeu essas iniciativas, incorporou essas iniciativas e a tem esse reconhecimento de outro. Nos chegaram também alguns comentários. Raniele Rodrigues, que nos fala que a avaliação de riscos é multiprofissional, inclusive o próprio trabalhador participa, porém é necessário que haja um profissional capacitado que faça a orientação de toda a equipe. Rubens de Macedo que nos parabeniza, Conselho Federal de Psicologia, parabéns. Trabalho e compromisso chegaram no momento certo. Ainda dá tempo, viu, Jorge, de evitarmos o que aconteceu na Europa, né, Rubens Macedo, obrigado. E obrigado, obrigado. A,
foram mais de 200 comentários, perguntas do nosso chat, isso diz da importância dessa discussão, né? Então, queríamos agradecer imensamente a vocês que participaram. Agradeço muito ao Bruno, Ana Carolina, Dai, Jorge, que não somente estão aqui hoje nessa live, mas que compõem o nosso grupo de trabalho. Não podemos deixar de falar, né? O Jorge já falou, mas falar de novo. Virgílio, ele é um entusiasta do campo de trabalho. Ele ele não nos deixa esquecer da importância da psicologia do trabalho para a psicologia brasileira. Então fica aqui o nosso reconhecimento ao conselheiro Virgílio que tem uma importância
muito grande na nossa vida e no cotidiano desse Conselho Federal de Psicologia. E obrigado a você que tá aqui nos assistindo, que esteve conosco, que comentou, que fez perguntas, né, que mostrou pra gente a importância dessa dessa discussão. Então agora, tarefa de casa, agora todo mundo entrando no link, né? O link já tá disponibilizado. Leiam a nossa resolução comentada, passam da da resolução comentada no instrumento de outros comentários. Então vamos comentar com com o colega do trabalho, vamos comentar com o colega da faculdade, né? Quem é professor coloca uma aula, dá uma aula sobre essa
resolução. Então agora é com a gente, né? Então a resolução já tá aí. Acessem, comentem, façam da resolução instrumento vivo de transformação da própria psicologia, que é só assim que a gente muda, né? Somente a resolução, ela não faz sentido. Então, ela vai somente entrar para uma estante onde tem todas as resoluções. A gente precisa fazer com que essas resoluções elas sejam instrumento de trabalho, instrumento de transformação e instrumentos de transformação dos fatores de risco do trabalho, né? Então, obrigado a vocês, obrigado também aqui toda a equipe técnica que permitiu com que essa live acontecesse.
E até a próxima, né? Tem temos muitas temos muitas entregas nesses nesse nesse momento que nós estamos. Então, eh, assistam as próximas, eh, sigam o canal do Conselho Federal de Psologia, ali você fica sabendo de tudo que tá acontecendo. Obrigado. Obrigado mais uma vez e até a próxima.