E aí! [Música] [Música] Tá! [Música] Bom, vamos começar este encontro de hoje. O tema é um tema especial: o sentido da morte. A morte, em geral, foi identificada desde sempre com algo ruim, e a finitude da vida orgânica. Eu escolhi, aqui, muito curioso, a Jaqueline não me deixa mentir, está ali. Eu vim com o objetivo de iniciar esta aula lendo um excerto de uma meditação de Santo Afonso de Ligório, que é a meditação da Quarta-feira de Cinzas. Eu vim com a intenção de ter anotado aqui na minha cola a temática, e a Jaqueline aproximou-se
de mim antes da aula e disse: "Olha, tem a meditação de Santo Afonso de Ligório". Eu não acredito em coincidências, ou seja, cada incidência no mundo coincidindo com o instante eterno era porque realmente Deus queria que eu falasse de Santo Afonso. É o CDB de tô aqui em três volumes, as meditações de Santo Afonso para cada dia do calendário litúrgico, que não é o calendário ordinário, de segunda a sexta, mas o calendário da liturgia da Igreja. Aí, na Quarta-feira de Cinzas, que foi outro dia, há uma meditação extraordinária. E, dia e Santo Afonso de Ligório,
para compreendermos em toda a sua extensão o sentido das palavras da Escritura, imaginemos ver uma pessoa que acaba de exalar o último suspiro. Deus, a cada um que veste, inspira nojo e horror. Não passaram bem nem 24 horas depois que aquela pessoa morreu e o mau cheiro já se faz sentir. É preciso abrir as janelas e queimar bastante incenso a fim de que o fedor não infeccione toda a casa. Os parentes, com pressa, mandam levar o defunto para fora da casa e entregar à terra. Até não muitas décadas atrás os defuntos eram velados dentro de
casa e a criança, desde cedo, tinha consciência da finitude da vida, da dor que é a morte de um ente querido, etc. A nossa sociedade afastou para longe a ideia da morte, ao mesmo tempo em que a trouxe, falsamente, perto de nós, nos filmes violentos, etc. Mas, é sempre uma morte, neste último caso, um tanto abstrata e distante. É dito que, foi o cadáver na sepultura. Vai se tornando amarelo e, depois, preto. Em seguida, aparece em todos os membros uma lanugem branca e repelente, de onde sai um pus infecto que corre pela terra e onde
se gera uma multidão de vermes. Os ratos vêm também procurar neste cadáver, roendo uns por fora, ao passo que outros entram na boca e nas entranhas. Dizem que pegam e caem as faces, os lábios e os cabelos, assim como os braços e as pernas apodrecidas. E, afinal, os vermes, depois de consumidas todas as carnes, consomem-se a si próprios. E, deste corpo, só restará um esqueleto fétido que, com o tempo, se divide e, quando reduzido a um punhado de pó, é... A meditação é um texto maior. Aqui, é só um excerto da meditação da Quarta-feira de
Cinzas e nos lembra que nós somos pó. É porque, como diz o nosso grande Vieira, as coisas não são apenas opção: são o que foram e o que é. Um descer... Ora, se formos pó e havemos de ser pó, somos pó agora. E o esquecimento do pó que somos é que nos faz levar uma vida distraída dos valores que configuram e que constituem a condição humana. Esta sociedade ou do Instagram, esta sociedade do Facebook, das redes sociais, etc., é uma sociedade distraída de todos os valores que realmente importam. Não poderia ser senão uma sociedade violenta.
Não poderia deixar de ser uma sociedade sem respeito aos idosos, sem respeito aos pais, sem respeito aos professores. Uma sociedade que se esquece do que é o mais importante, a fortiori, como se diz em filosofia, se esquecerá das coisas menos importantes também. Então, para uma aula sobre o sentido da morte em geral e, em particular, para o cristão, nada como começar com um texto como este de Santo Afonso de Ligório, que nos faz meditar a respeito do esqueleto fétido que seremos. Machado de Assis, a certa altura do seu "Brás Cubas", nos diz que seremos todos
pontuais na sepultura. Então, a grande verdade da morte: ninguém escapará. Tudo que nasce, desenvolve-se, cresce e morre. Então, falar sobre a morte convém! Para falar sobre a morte, falarmos daquilo que vem depois da morte, e que é evidente: todos nós vamos embora. Queiramos ou não, apartar de nós esta nojeira que é o pós-morte é, inclusive, a própria cremação. Não deixa de ser uma medida higiênica, digamos, uma espécie de ressurreição de práticas pagãs, já que nós cristãos adoramos o corpo morto do Senhor. É um cadáver que tem um sentido espiritual. Então a Igreja, sempre, desde sempre,
como institui o seu magistério, sempre fez questão de ressaltar que o sepultamento implica uma certa reverência para com o corpo do defunto, que já não é uma pessoa; já que não pode ser levada em nenhum dos atos propriamente humanos, porém é uma casca do que foi. Pois muito bem! Eu pus aqui no quadro, já que vamos falar sobre o sentido da morte, algo a respeito da vida. A vida, eu pus aqui, primeiro, a vida orgânica em geral, que é o ponto análogo ante qualquer meditação sobre a vida. É a vida orgânica, e a vida orgânica
divide-se, por evidência, em vida vegetativa, ou seja, nos vegetais, melhor dizendo, nos animais e no homem. Os vegetais, segundo Aristóteles, têm vida, já que a vida é princípio intrínseco de movimento. Tudo que vive tem alma e mantém a alma, tem que ter esse mesmo seu princípio intrínseco de movimento, a começar pelo movimento local. E XVII: esta caneca não se move, e não por forças extrínsecas a ela, não tem alma, não tem princípio intrínseco de movimento do corpo. E, quando Aristóteles... Nos diz que os vegetais têm vida. Isto é, para nós, uma evidência: eles desenvolvem-se depois
de germinar, após um sem-número de causas que concorrem para que uma árvore venha a ser aquilo que é. Os vegetais se desenvolvem; eles definem-se. Eles vivem. Os animais, chamados de racionais, também vivem; porém, vivem uma vida sensitiva no seguinte sentido: eles estão arrojados no plano da sensibilidade. Eles têm tato, olfato; em geral, há vários tipos de animais. Vamos pensar naqueles que são mais facilmente identificáveis por nós. Um pet tem visão, tato, olfato, paladar, audição, etc. Então, os sentidos também me digam: fita e aos animais irracionais, um gato, por exemplo, eles também têm alguns sentidos internos,
como memória. O cão tem memória; costumo dizer: se o Pit Bull não se lembrasse que seu dono é aquele que entrou na parte da casa, em certo momento, talvez ele não o devolveria. Os animais têm memória, têm imaginação, têm emoções. No sentido analógico, quem não já viu alguma imagem de um cão chorar na sepultura de seu dono? Uma coisa comovente! O animal tem emoções. O que ele não consegue fazer é transcender este âmbito do sensitivo e chegar à vida intelectiva, à vida dos conceitos, à vida que é abstraída da matéria. Aristóteles nos diz que a
vida da inteligência é a vida humana propriamente dita, porque ele tem em vista que, na verdade, essa vida humana se caracteriza, sobretudo, pelos atos da inteligência e da vontade, que nos dão a notícia – aquilo que os escolásticos chamavam de “notícia veritax”, a notícia da verdade das coisas, a começar pela verdade da nossa própria finitude. Nós não somos infinitos; nós passaremos. Portanto, a nossa importância é muito relativa e deve ser sempre lembrada nesta nossa efeméride de vida. Nossa vida é uma efeméride. Estamos vivos hoje, amanhã pegamos a chikungunya e caímos duros lá, ou coisas piores,
né? Agora, o mal súbito é o que está correndo aí aos borbotões. A vida nós a temos hoje; amanhã, não a temos, até porque não somos proprietários dela. Segundo sua visão mágica, eu, como um vivente humano, não sou proprietário do número de dias que viverei, e vou vivendo conforme se me dá, como se dizia antigamente. Porém, eu não sou o proprietário do amanhã. Nesta perspectiva metafísica, Deus é o proprietário de todos os amanhãs, porque Ele está extra-tempos, está para além do tempo; então, em Deus não há propriamente futuro. A vida orgânica, em geral, vegetais, animais,
homem, vida orgânica humana. Eu pus ali no quadro: potências vegetativas, potência sensitivas, inteligência e vontade. Então, a alma humana é aquela que traz em si tudo que as demais almas possuem. Nós temos potências vegetativas, que são aquelas operações do nosso corpo que, pelo motor da alma, operam à revelia da nossa vontade, como, por exemplo, o meu coração bate no ritmo que bate, das certas circunstâncias, e para isso eu não interfiro com a minha vontade. A minha circulação sanguínea é uma potência vegetativa da alma; se atualiza no corpo. Então, o homem tem potências vegetativas: o aparelho
digestivo, os neurônios, a sinapse, etc. Tudo isso opera em nós ao modo vegetativo, no sentido de que não interferimos diretamente nessas operações. Temos, assim como os animais, sentidos, todo um aparato sensitivo que são cinco sentidos externos. Não vou enumerá-los; estão aí em muitas aulas minhas no Facebook. Os sentidos externos são: os olhos, os quatro sentidos internos, que são: senso comum, que dá unidade à nossa percepção; a memória; a imaginação; e a potência cogitativa da alma. A nossa sensibilidade, a nossa sensitividade, é muito complexa, porque sobre ela reflui a inteligência. Então, a memória aqui é um
sentido; a perna em nós não deixa de ser certa participação, ou ter uma certa participação, na razão, já que também lembramos dos conceitos. Em algum momento, assimilamos e abstraímos, etc. Então, participamos nós do reino animado em sentido pleno. Temos potências vegetativas, potências sensitivas e, em nós, aquelas chamadas potências superiores da alma, que são a vontade, que é um apetite, mas não é o apetite físico, sensitivo, e o apetite intelectivo de um bem. Quando a vontade quer algo, o quer pela moção intelectiva de um bem. Vocês estão aqui hoje porque lhes pareceu que estar aqui era
bom sob algum aspecto. Então, sempre a vontade é o motor das nossas escolhas. É óbvio que daria aqui uma aula sobre a vontade; dar um curso. Há vários atos próprios da vontade, né? Atos executivos e atos que estão ligados à causa final, aquilo que Santo Tomás chama de “intenção”. Eu fiz a intenção do fim; quando eu tenho a intenção de algo, é um pouco mais complexo e me obriga a recorrer a uma coisa, assim, ter média em um só ato de querer. Eu quero o fim e tudo que conduz ao fim. Então, o cirurgião precisa,
para fazer a cirurgia bem feita, ter em vista o fim, que é a saúde, mas, no caso da cirurgia, todos os aparelhos e instrumentais que vão participar desta operação são justamente o modo instrumental e vão participar da bondade da operação. Então, quando eu quero o fim, quero também os meios conducentes ao fim. Então, a vida orgânica, em geral, vida orgânica humana e vida propriamente humana. Eu pus ali no quadro várias coisas que são propriamente humanas: já a vida sensitiva, e nós ficamos ali de cima para baixo, que eu fui escrevendo conforme me veio. Mas acho
que ela é ascendente: vida sensitiva, e essa vida dos sentidos que é muito importante para nós. Nós devemos educar a sensibilidade, e isto se faz à luz de alguns critérios. Eu devo educar, por exemplo, meu paladar, devo educar minha audição. É possível educar os cinco sentidos para que eles operem em... Máximo que podem realizar um, não podemos educar os sentidos. A vida psíquica abarca o físico, mas já abstrai um pouquinho da matéria e chega àquelas coisas que a alma humana tem, e nenhuma outra alma tem. Por exemplo, a eleição para escolha. Escolheram a tão complexa,
e às vezes nós nos embaralhamos. Amo justamente que só entendemos da vontade a ser epifania mais rasteira de uma escolha que se manifesta. Porém, há todo um aparato que entra em marcha no meu querer. A vontade é a sede e inexpugnável da liberdade; ninguém pode pôr em ação a nossa liberdade porque a vontade é material e, portanto, incorrigível. Um homem tem essa vida psíquica que é a vida da alma. Quando eu educo os meus sentidos, estou educando também a minha percepção anímica deles. A música, por exemplo, é a mais universal das artes; nos deixa isto
evidente. Como quando nós conseguimos gostar, porque habituamos o nosso ouvido a ouvir harmonias mais complexas. Ou seja, a música não só possui ritmo, não só possui melodia, mas tem harmonia das mais complexas. Um só compasso de bar, às vezes, é um universo. Vai, professor, baixar alguma coisa riquíssima. Então, quando chegamos a esse padrão contemplativo, estamos educando ao mesmo tempo os sentidos, ou seja, o nosso ouvido e também a nossa imaginação, já que tudo que nos acontece passa a integrar o nosso patrimônio imaginativo. Vida moral, vida sensitiva, a vida psíquica: a vida moral já é uma
abstração superior à da vida psíquica e diz respeito ao que eu devo ou não devo fazer em situações e circunstâncias específicas da minha vida. A escolha moral está aí; Santo Afonso de Ligório não nos deixa mentir. Não vou estar acabando a edição desta obra magna da história da humanidade, que é a Teologia Moral de Santo Afonso de Ligório, e realmente a vida moral já é uma vida superior à vida. E eu não apenas quero educar-me nisto, naquilo, naquilo outro; eu preciso escolher o que é melhor, objetivamente, aqui e agora. O que não é fácil. Devemos,
agora, dar vários exemplos. Nesta ditadura, eu prefiro usar a expressão "durante a ditadura". Muitas pessoas foram compelidas a fazer escolhas, e muitas vezes com pedidas de uma maneira tão agressiva, já que algo era vendido para elas como se fosse uma verdade absoluta e, portanto, ainda estava no âmbito de imensas discussões científicas. E as pessoas, sem muitos elementos, muitas delas acabaram por escolher de acordo com o padrão do Cidadão Kane. Quem viu aqui o "Cidadão Kane", a obra-prima de Orson Welles, sabe que a imprensa era, naquele momento, o terceiro poder, capaz de transformar as pessoas em
um rebanho manipulável facilmente. Então, nós temos essa liberdade interior que pertence à vida moral e que nos faz, inclusive, dizer não quando todo mundo diz sim. Está todo mundo ouvindo a Ludmila, né? Eu não, né? Está todo mundo sapateando. Eu digo aqui que a Ludmila é nada! Pessoal, é porque para qualquer coisa, uma pessoa conhecedora, minimamente, de música sabe que ouvir Xisto esganiçado digamos assim, né? Ela percebe que aquele não é música nem por analogia de atribuição metafórica. É o baticum do quinto dos infernos. É uma espécie de barco a passo do desespero. Não pensem
que o desespero, o desespero que cresce em progressão geométrica no mundo atual, sem uma vida. A mente humana, o que o homem se animaliza, cresce o desespero. Recebo no meu WhatsApp mensagens de pessoas desesperadas toda semana. É muito triste. A gente, é possível ajudar; não dá para ajudar todos, né? Mas para certo grau de desespero, a pessoa que quer sair dele precisa necessariamente mudar alguns hábitos mentais e alcançar uma vida mais propriamente humana. Então, vida sensitiva, psíquica, vida moral, vida intelectual. A vida moral é superior à moral, já que a moral depende da inteligência. A
inteligência é o que dá à vontade os critérios de escolha, os critérios de certo e errado, de bom e mau, etc. Então, nesta perspectiva que é de Santo Tomás de Aquino, a inteligência está no epicentro da personalidade. Uma pessoa, né? Persona e personalidade, né? São termos analógicos. Uma pessoa vai ser tanto mais fiel a si mesma quando, nela, a inteligência estiver no governo dos seus atos e não o inconsciente, e não a vida sensitiva, e não a vida meramente psíquica que busca só o bem-estar. A felicidade para o mundo contemporâneo, desprovido de metafísica, diz cristianizado,
é uma espécie de bem-estar, mas não é a felicidade. Esta está para além do bem-estar físico. O digam, por exemplo, alguns mártires, as freirinhas que foram guilhotinadas com PMs na França durante a Revolução Francesa, um dos grandes crimes modernos. Digamos assim, elas foram para o cadafalso cantando "Veni Creator". Ou seja, no momento final de suas vidas, elas estavam louvando a Deus. E nós vamos ver aqui, com a vida própria mente humana sendo da inteligência, me dá notícia da nossa finitude e da dependência das nossas finitudes com relação ao infinito absoluto, que não é outro senão
Deus. Mesmo que São Tomás de Aquino chame-o de próprio ser subsistente ou como diz na Suma Teológica, aquele a quem normalmente todos chamam Deus, parece que ele está... é a assinatura do Zorro. Eu nem vou dar o nome de Deus, é aquele... é demonstrada a impossibilidade de inexistir o absoluto infinito, este, aquele a quem normalmente chamamos Deus. É o próprio ser subsistente, horizonte possibilitante no plano ontológico de todas as existências. Como eu costumo dizer, se Deus não existisse, seria a inexistência que daria sentido a todas as resistências, porque retirar-se do universo dos entes o ser,
bom... e o que serão os entes já que em ti, aquilo que tem ser e nada, da úlcera, assim mesmo. Nada é a causa de si mesmo, etc. Consciente individual, esta caneca é a câmera que me filma. Cada um de vocês, nenhum de nós aqui é proprietário dos seus próprios atos de ser em sentido absoluto. Nós somos finitos, recebemos o ser de outrem, e esta percepção nos leva a concluir, é óbvio, que aí no encadeamento de raciocínio metafísico, que se não houvesse aquele que não tem potência para não ser, todo o universo seria absurdo. Mal
comparando, é como se concebêssemos um sistema solar sem o sol; apague-se o sol e tudo o que acontece nos planetas do sistema deixará de acontecer. Tal como acontece, de maneira análoga, quando morre uma pessoa, e aí aquela pessoa que fez tanta bobagem na vida, acertou aqui, ali, etc. O cadáver é só pó; o dito humano também foi analogia, já que ele não tem princípio de operação próprios. E São Tomás diz uma frase aqui na Summa Contra Gentiles: a operação própria dos homens é entender. Portanto, qual é a serventia da nossa inteligência que abstrai da matéria
as notas do indivíduo, antes de chegar aos conceitos? Para chegarmos às verdades por um processo administrativo. Qual é a maior serventia para nós da nossa inteligência no terreno prático? Segundo Santo Tomás de Aquino, na magna obra que é a Summa Contra Gentiles, duas coisas: a inteligência serve-nos, de um ponto de vista mais rasteiro (entre aspas), para dar notícia da nossa própria finitude; ou seja, nós somos finitos fisicamente e logicamente ontologicamente. Há uma circunscrição que demarca a nossa finitude, e a inteligência humana é justamente essa que se conforma com a finitude. Ela é capaz de perceber
a finitude, e já que vai acabar, já que a minha vida vai acabar, eu vou tentar vivê-la o mais plenamente possível. Chegar àquilo que Aristóteles chamava de bios theoretikos, a vida contemplativa, que a vida espiritual é tão na escala. Se a pessoa mais disse, repetindo Aristóteles, que a inteligência é a vida própria da mente humana, mas também diz, com outras palavras, que além da vida intelectual, há a vida espiritual. Com a vida espiritual, medito a respeito do que é este próprio ser subsistente que é Deus. Então, aí entram várias virtudes: a virtude da religião, que
é um débito de justiça para com Deus. O segundo Santos, o mágico, Aristóteles chegou perto disso na sua Ética, quando ele diz que a maior coisa que um cidadão da polis deve fazer é prestar culto aos Deuses. Porém, há uma aporia em Aristóteles, já que o Deus aristotélico é o chamado primeiro motor imóvel. Segundo Aristóteles, não pensa nada que não seja ele próprio; ele é uma espécie de superego alto contemplativo de estar. É uma contemplação, uma espécie de Narciso metafísico. Para quê eu vou olhar para os temas? Se olhar para os demais, eu vou me
degradar. Isso Hermes, tóteles. Ora, mas se o Deus dos Deuses para ele é este ente impessoal, como é que o DVD dos cidadãos deve prestar culto a um Deus, que não se comunica conosco? Já no caso do cristianismo, nós não temos este problema, porque Deus fez-se homem. Então, o catolicismo é diferente das outras religiões monoteístas. De todas as outras religiões, ele é eminentemente teomórfico; é Deus que dá a forma da religião. Se pensarmos nas religiões mais antigas, até a manhã, a infestação física dos Deuses é animalesca. É o ganache, as imita animais. Há uma antropomorfização
de Deus. Os deuses do Panteão grego são os verdadeiros f de peixe; traem, matam, fazem o diabo. É uma projeção humana. Os gregos perceberam que a outra ascendente, os mais antigos também, os hindus. Em todos esses casos, não deixa de ser uma projeção. Bom dia! Algo do homem, ainda que sublime, ao que está para além do humano. No caso do cristianismo, não. Deus, na plenitude dos tempos, faz-se homem, assume todas as debilidades da carne, com exceção do pecado. Cristo é impecável; em Cristo não há tropeços existenciais; e mostram os por amor um sacrifício que é
o amor em sentido pleno. Não amor nesta vida sem sacrifício. Hoje em dia, os jovens, alguns são pais jovens, querem educar a criança, dão uma merda de um celular para a criança, não chamam a atenção, não têm autoridade, lá, sentido nenhum de autoridade, sentido nenhum de sacrifício pessoal que cada um trabalha. A educação são profiláticos. Dizer a alguém: "Não faça isso, meu filho. Isso você não deve fazer", é a explicação que não se deve dar, aquela que muitos dão, infelizmente. Até a minha querida avó, que já não está neste mundo. "É assim porque eu quero
e acabou". O ideal. E ela tinha um tamanco de pau. Eu era um demônio. Eu era aquela, ver todos os meus irmãos eram de uma placidez, e eu assim, botando o apartamento de cabeça para baixo. Realmente, verdadeiramente insuportável. Eu, criança e a avó, né, Dona América, agora dizer que meu nome é América, devia ser América do Norte. Ela, às vezes, nunca me bateu, nem me serviço de. Mas ela me ameaçava com tamanco de pau de uns 15 centímetros de espessura. É óbvio que estou a caricatura. Porém, o sentido da autoridade; sem ele não há vida
própria da mente humana. O jovem vai crescer sem esse alimento. Ele não tem reparo em casa, não tem reparo na escola. A vida, em algum momento, vai dizer não, e ele não vai estar preparado para esses nãos. Ou vai se tornar violento, ou vai se vingar em alguém. É da ouvir; esta forma, uma mãe. Falei da vida, que é triste, né? A jogar toda a cultura do... Cancelamento agora, pior, melhor do que cancelar um sujeito desses, é os seus eleitores votarem, a mão na consciência, por ter ele trazido uma vida parlamentar. Um sujeito claramente especializado
aqui assim não precisa ser nenhum Aristóteles ou Platão, é contemplado da República ideal para pensar que alguém que vai ser um parlamentar... Mamãe, falei, pelo amor de Deus, né? Nós perdemos o senso do ridículo e, por fim, essa vida espiritual, portanto, ela é a garantia de que não perderemos o senso do ridículo, que ela nos dá o discernimento das pequenas coisas que constituem a vida. Eu lembro aqui que quem já estudou um pouco de história da Igreja, né, sabe que nos hinos antigos, muito anteriores aos latinos, muito anteriores à Idade Média, eles traziam a inscrição
que dava notícia do seu próprio ofício. Então diziam algo assim: "Laudo del 101", né, "Louvo o verdadeiro Deus, é pré bem, vuco, convoco o povo a eu congrego, congrego Claire um com gregos, sacerdotes, né, defunto, exploro, choro os mortos, né, peste, Hugo, afugento a peste" e, por fim, "Festa, decoro, alegre as festas tão doce". Não faz isso tudo, o sino era para alegria, para tristeza, era para liturgia. Mas duas coisas a que importam: eu choro os mortos e afugento a peste, ou seja, morrer não é apetecível. A morte não é algo que nos apeteça naturalmente,
já que é próprio da inteligência pensar que aquele que é o inteligente deve perdurar no ser. E o suicida, ele mata-se não porque odeia a vida, mas porque a vida não está como ele gostaria que estivesse. Em qualquer dos casos, ou seja, naquele momento grave em que pôr fim à sua vida é melhor do que viver, porque é colocar fim ao sofrimento. Até no suicídio que move a vontade é a forma inteligível de um bem. Porém, estamos aqui em horizonte humano, naquela ordem de considerações, segundo a qual eu devo viver da melhor maneira possível, né?
Amanhã não é agora, nesse exato momento, em cada circunstância objetiva da minha vida, eu devo meditar a respeito do que eu preciso fazer. De Santo Agostinho, quem não faz tudo o que pode é algo mais ou menos nesse sentido, né? É, se nós não fazemos tudo o que devemos, estamos em débito com o que é mais profundo. E nós, é óbvio, que cada um de nós vai estar sempre em relação ao amor, amor com A maiúsculo, porém temos um dever de tentar levar a vida da melhor maneira possível. Algumas coisas que estou só mais a
sua escola... eu trouxe um livrinho, vou ler um trechinho dele que é "O Valor Revelador da Morte". É de um espanhol, você Inácio Muridio, e ele pega algumas coisas que a pessoa mais vai dizendo, tanto da vida quanto da morte. Eu separei algumas que não me parecem ociosas. Então, uma das coisas que ele diz é o seguinte: a morte é o único evento humano insusceptível de experiência. Ninguém voltou para contar como é que foi o evento; nós só temos experiência da morte, Tércio, né, pela morte de terceiros. Nós não conseguimos, já que todo e qualquer
ciência, entre os seus elementos, tem a experiência como algo constitutivo. No caso da morte, nós temos um evento que não é susceptível de experiências, ou só o é pela experiência de terceiros. Tanto isto também indica o limite que a nossa inteligência pode chegar com relação a algo que é inerente, o próprio da vida dita humana. Outra, a morte é a prova de que nesta vida o homem está à mercê de forças que não domina. É óbvio que neste mundo maluco dos Bill Gates, era dos grandes mega bilionários que são os donos da saúde... a procurem
aí, façam uma pesquisa. Alguns enlouquecidos que se submetem a processos criogênicos, eles estão, tô achando que preservando o corpo da morte, agora, em algum dia vão ser ressuscitados fisicamente. É uma ilusão do homem sem Deus achar que vai dominar todas as forças da natureza. Isto é o que aconteceu com a Torre de Babel. Quando o homem quer ir além das suas possibilidades, não é possível abrir a Concórdia. E um homem sem Deus, o homem descristianizado, o homem que nem sequer consegue dar ordem à vida sensitiva, esse homem, é óbvio que ele vai viver numa agonia
de cunho heideggeriano. Heidegger, um sujeito muito modesto, que dizia que desde Platão até ele, a filosofia tratou doente e esqueceu de ser. Antes Modesto, não é? Como outros modelos são muito modesta, não estão sempre reinventando a roda. E ele desistiu da assign que é o ente humano. Tu tem notícia de si mesmo quando sabe que vai morrer? Toma essa consciência. E a morte é o nada ao qual ele está arrojado. Ora, que desgraça! É uma espécie de niilismo seu do metafísico, que é o que acontece não só com Raiva, com outros autores incensados aí pela
modernidade do século XX, em detrimento de grandes metafísicos, até da escola atomista. É esta ideia de que a vida não tem sentido nenhum. Ela vai longe, ela vai longe no tempo, mas ela ganha o ateísmo contemporâneo, e ele ganha configurações pretensiosas no sentido filosófico mais estrito. E dá muita lenha para que alguns olá, doidinhos da Silva, resolvam virar ateus militantes ou militem pelo ateísmo. É uma espécie de contraacesso de uma sociedade que o sujeito não crê em Deus, da existência, e deixa quem normalmente nós chamamos de Deus... vá agora militar pela inexistência de algo que
ele não é capaz de nem conceber na sua mente. É uma pessoa de idade, mas no século XX, o século do inconsciente freudiano, o século do niilismo nietzschiano, o século em que gra Saram os marxismos materialistas de todos os tipos, ele gerou um homem... Orgulhoso de si mesmo e soberbo, no sentido mais profundo do termo, ou seja, um homem que ama desordenadamente a si mesmo, e aí está a sua queda. Tão muito do desespero contemporâneo, e isso não tem nada a ver com esta sanitarismo; tem a ver com o tempo que se veio formando a
isto ao longo dos últimos séculos. Chegamos; as coisas não chegam a esta configuração uma cabra do dia para a noite, é um processo, um processo de negação da transcendência que culminou na absolutização da imanência. Cada homenzinho se acha mini Deus, e a sua vontade é o Deus máximo; é o super-homem nietzschiano. Quem leu aqui, é nítido saber que aquela vontade absoluta do super-homem, que ele inclusive identifica como a culminância de um processo evolutivo, é o volume. Para quem não sabe, e para quem não sabe, limite que se diziam profetas, para muito além de seu tempo
em várias coisas, eram reféns de crenças pseudocientíficas do seu tempo. E ele disse que o super-homem é aquele que vai realizar a sua vontade de ter medo de todas as imagens. Não, a felicidade é a única coisa boa que uma pessoa pode querer: superar, suplantar as demais; é uma competitividade absurda. E num ambiente como este, com isto pintado como se a filosofia fosse, é óbvio que muitos vão bebendo desta fonte que é pior do que a água da Cedae, que não é, a água da Cedae realmente tem uma quantidade de coliformes de fazer vomitar o
capeta. Mas dá, essas fontes que se dizem filosofia, são fontes contaminadas. É, ó, que não podia dar senão neste aumento em progressão geométrica da violência, neste desamor, desta falta de capacidade de olhar o outro. Vi um vídeo ontem; alguém comentou comigo, e eu falei: "Eu vi também", de uma criança que teve um mal súbito. Cai; estavam todos, não, na escola eram adolescentes. O rapazinho cai no chão, e continuam correndo em torno dele, continuam correndo; ninguém vai acudir, nenhum professor. E se a gente não se incomoda com isso, vai se comover com quê? Eta, nós somos
os mais bárbaros dos bárbaros; somos bárbaros, tecnologia usada, bárbaros pretensiosos, né? Somos desamor em ato. Isso é para todos nós, em algum grau, algum grau. Estamos muito mais numa sociedade que só vai se preocupar em sobreviver e não se a vida é boa, se amar como devo viver uma vida. Uma sociedade que se apaixona pela sobrevivência a qualquer custo, ou seja, a vida é o valor absoluto; não há nada além de viver. Esta é outra tese nietzschiana: o que vale é o vitalismo, né? O que vale é a vida e nada mais. Bom, então, o
martírio absurdo, o sacrifício por amor é absurdo. Só que vale a "Bíblia Orgânica", que eu pus ali no quadro; que sentido pode haver tanto na vida? O que pode haver tanto na vida como na morte? A morte, a perda da unidade ontológica do composto hilemórfico humano, ou seja, nós temos o sentido de unidade no nosso ato de ser; nós temos corpo, matéria, forma, alma. A alma é o princípio crístico de movimento do corpo, de tudo mais, todos os processos anímicos, intelectivos, volitivos etc. Conhecer, diz um tomista, foi o grande cardeal Caetano, grande tomista da história,
né? Conhecer é um movimento acidental da potência intelectiva. Bom, é um movimento; movimento é o trânsito do desconhecido ao conhecido. Eu saio da ignorância ao conhecimento; conhecer no homem é um movimento da ignorância ao conhecimento e acidental. Por quê? Porque nós não vivemos conhecendo as coisas; conhecemos algumas bem, outras mal, e depois esquecemos. Então, conhecer é um acidente do nosso intelecto. Mas não é por isso que nós devemos pegar o nosso intelecto e jogá-lo na lata do lixo. Justamente que, além de tudo, ele tem essa serventia; nós somos finitos, nós somos mortais, nós temos deveres;
nós precisamos acender para além da vida sensitiva, além da psíquica, além da buriti, valendo a interativa e chegar à compreensão unitiva que só o amor de Deus é capaz de trazer. Cristo é para nós o modelo da imitação. "Imitação de Cristo" é um livro que é sempre bom ler e reler. Ele é um modelo máximo. É contemplando a Cristo que nós vemos o tamanho das nossas imperfeições; e a morte, neste sentido cristão, entra no estado de inocência original. Há uma aula que está no YouTube sobre o estado de inocência e a queda, que tem muita
coisa interessante ali nessa aula sobre a queda. Que não existe, Santo Tomás. E realmente a presunção não é teológica; é a seguinte: Deus não criaria um ser que não continuasse amorosamente. Se fosse assim, sendo à sua imagem e semelhança, um ser mortal finito, tendente a todos os tipos de erro. A psicologia de um homem pós-queda é uma psicologia que já aborda todas as nossas tendências, as mais inclinações. Uma inclinação é um hábito ruim que, quando o adquirimos, nos projeta a coisas que não são o melhor que nós podemos fazer aqui e agora. Então, nós temos
sempre um farol, aquele "aqui agora". O que é? Taca! Seria um grande atris; preciso atuar, eu vou fazer o melhor aqui agora. Um professor, um médico, todos nós. Antigamente, Santo Afonso de Ligório tem a "Praxe dos Confessores" que o Centro do Almoço produziu; hoje já não é muito habitual isso. Às vezes, o sujeito ia confessar e o padre perguntava: "Qual era o seu ofício?" E se não era um consenso um fiel habitual, porque só é médico, então vamos lá: vamos a alguns deveres do médico. "Senhor, o senhor deixa de cobrar quando o paciente não tem
dinheiro?" Só obrigação moral é a não cobrar, né? Eu compro sempre, né? Já é para penitenciá-lo. Então, nosso ofício, senhor professor, se eu atendi os alunos, eu dei a aula da melhor maneira. Se preparam para dar a melhor aula possível, ou você chega lá, ou eu chego lá. E a rota mentalmente, qualquer coisa de improviso, é: toda profissão tem os seus deveres próprios. Então, pensamos bem: a vida moral é o que são Tomás de dos Anjos. O seu intelecto não é tábula rasa, é tábula de pita, é uma tábua cheia de bordados, né? Esses bordados
são os inteligíveis. A vida angélica é uma vida de conhecimento. O anjo, diferentemente de nós, vive entendendo, e nós morremos, neste sentido metafísico, entre outras coisas, porque muitas vezes não entendemos nem sequer aquilo que é básico, e nós perdemos o sentido de unidade ontológica. A alma se separa do corpo. Eu publiquei, fiz publicar aqui no Brasil, que dá para realizações as questões disputadas sobre a alma, e a pessoa mais uma tradução do meu querido amigo, professor Luiz Astorga. Nós fizemos 467 notas explicativas para o texto. A certa altura, se a pessoa mais nos dias seguintes,
o próprio da alma é animar um corpo. Então, isso cria para nós, católicos, vários problemas. Ora, se a alma sobrevive ao corpo, como isso se dará? Esse é, com o corpo que eu conheço, as coisas singulares, já que os sentidos nos dão notícias do singular e o intelecto não nos dá notícias do universal. Eu conheço com o conceito de homem; veja aqui este homem, meu amigo. Passar é ver aquela mulher, minha querida e digníssima, com a linha, etc. Mas o conceito é o estágio dos sentidos, notícias do aqui e do agora. Como é que um
anjo — já que... Como é que uma alma separada do corpo vai conhecer os singulares? São problemas de nosologia altíssima, né? Então, nós somos chamados a uma compreensão maior da vida própria, mente humana, para não ficarmos pensando em coisas abstratas, etc. Para tentarmos melhorar o padrão das nossas ações aqui e agora. A nossa vida vai acabar. Que vidas tristes são essas: pessoas incapazes de se sacrificar em algo por alguém, por um projeto, para uma pessoa? Uma pessoa que não amaram não vai chegar a ver isso; não vão ter saudade, porque a saudade pressupõe um passado
amado. Verdadeiramente, quem não ama agora vai ter uma vida, um único... uma delícia? Então, ridículo. Essas pessoas, a velhice hoje... Machado sempre me dá, o nosso querido Machado de Assis, algumas coisas que eu acho muito interessantes. A certa altura, o Conselheiro Aires — um personagem muito interessante do "Brás Cubas", é o próprio alter ego do Machado — ele disse: "Deus me livre da ridicularidade na velhice". E hoje, os velhos... Põem-se ridículos, tá bem? Só as metafísicas do tamanho do mundo. O MEC havia harmonizações faciais; a pessoa chega no médico e já diz: "Sim, doutor, por
favor, só me ponha com a cara da minha alma". Aí aquela coisa horrível é que só é mais horrorosa; a pessoa entra no cirurgião e sai deixando o capeta corado. Tá? E assistem, vergonha! Pô, eu caprichei! Ou seja, que vida ridícula sem Deus no nosso horizonte! A juventude é ridícula, a velhice é ridícula, tudo é ridículo com Cristo no nosso horizonte. A pobreza é digna, a riqueza é digna, né? Existe pobreza de galera. A Igreja trouxe as ordens mendicantes; pessoas riquíssimas. Ontem foi o dia do nosso amado Santo Tomás de Aquino, filho de um milionário.
Santo, mas era filho do adido do rei; largou tudo. Sua mamãezinha queria que ele fosse o administrador dos bens da família. O pô... E numa torre, botou uma prostituta lá para fazer uma visita de cortesia. E só... chamou-a e disse: "Senhora, por favor, ponha-se fora daqui". Aí, depois daquilo, disse ao seu confessor que foi cingido por um cinturão de fogo. Nunca mais teve um movimento desordenado do seu apetite concupiscível. Nessa sua... Mas eu não posso deixar passar; ontem foi o dia dele, 7 de março. Ele é um modelo também para nós em vários sentidos: modelo
de vida plena. A vida plena não é realização profissional. Hoje em dia, todo mundo quer ter um perfil no Instagram para divulgar e vender não sei quantos os custos. Não é esta vida humana; é o sucesso profissional que a pessoa deve ter. Eu devo, relativamente, é melhor; queria fazer bem o que se faz do que ser reconhecido pelo bem que se faz. "Elogio em boca própria é vitupério" — é ditado popular antiquíssimo. E hoje, as pessoas, com... a falarem bem de si mesmas, uma disfarçada... "Texto" é que é vergonhoso; me causa, às vezes, vergonha alheia.
A nossa vida, para ser boa, deve ser uma vida espiritual, intelectual, de realizações pessoais no sentido mais pleno. Muitas dessas pessoas são incapazes de ajudar alguém na rua, perguntando a pessoas que estão precisando de algo na vida pobre, né? Depois, vai chegar lá na hora da pontualidade, na sepultura. Muitos não vão amar, né? Não vão chorar; será uma morte pobre. Então, a morte, a privação do bem mais excelente. Santo Tomás de Aquino, "Summa Contra Gentiles", questão 86: Qual é o bem mais excelente? Alguém poderia me dar uma dica? Qual é o bem mais excelente? E,
na verdade, que mais? Alguém pode chutar algo? A morte é a perda do bem mais excelente. A vida não bateu na trave; é mais do que a vida. É o ser, tá? O ser é aquilo em relação ao que tudo mais está impotente. Tudo o que existe na realidade tem um núcleo, que é o ato e a essência: o ato de ser. Quem toca aquilo que é tocável pela minha mão, pela mão humana? Eu posso tocar aqui; olha a forma e a matéria desta caneca. O ato de ser, que é o núcleo dela, é intocável;
é aquilo que ela tem de mais precioso: essa participação na ordem do ser. Uma participação muito para além da matéria. Da forma dos acidentes, indivíduo, antes da matéria, etc., então quando nós perdemos a vida, o que se desfaz em nós é a unidade essencial, é o ato, cês e humano. É óbvio que entraríamos aqui numa outra discussão a respeito da imortalidade da alma. Platão, já na Antiguidade Clássica grega, nos deram algumas demonstrações a seu modo da imortalidade da alma. Alguns diálogos, como "Fedon", por exemplo, são verdadeiras obras-primas de ler. Alguns renascentistas liam Platão e depois
acendiam velas; era exagero, mas davam um pouco da reverência que se deve ter diante de um grande autor. Não é qualquer um; alguns o chamam de Divino Platão. Tão são de maiores! Gente fica arrepiada aqui, ó, mundo dos maiores gênios que já pisou. Pode! Deixe! O mundo é muito difícil para um cristão imaginar que Platão se perdeu, seria como se Deus não fosse tão justo, porque um homem que partiu de tantos e é tão excelso, os bens dos quais a própria Igreja se apropriou, alguns deles para crescer no muito. O homem que nos fez tanto
bem e que teve um mestre como Sócrates, que é uma espécie de santo pré-cristão. A certa altura, a morte de Sócrates é uma beleza. O primeiro diálogo de Platão, em "Apologia de Sócrates", por favor, quem não leu "Apologia de Sócrates", leia! Ontem, aliás, Cássia dá uma bela representação teatral em "A Apologia de Sócrates". Sócrates teve um, o nome do marido da invés de Beckman, que fez aqueles filmes sobre os filósofos. Roberto Rossellini tem uma trilogia sobre alguns filósofos, de Carpas Calça, um deles é Sócrates; é de uma beleza! Ele pega trechos de diálogos diferentes de
Platão e Sócrates como personagem principal, e realmente, naquele momento do seu julgamento, ele mostra que não apenas pugna pela verdade, como a vivia profundamente. É melhor sofrer uma injustiça do que praticar uma, porque quem sofre uma injustiça não degrada aquilo que é mais excelente em si mesmo, que é a sua alma. Quem pratica uma injustiça não só degrada isto em si, que é excelente, como degrada todas as suas relações com as demais pessoas. Então, a privação do bem mais excelente é outra coisa que não li em nenhum tom. Isto é só um corolário que eu
mesmo extraí da leitura de alguns deles a partir de somente uma leitura de Ferrari em si, que o Francisco de Ferrara é que é o seguinte: quando nós morremos, o que morre em nós são as potências vegetativas. Qual é a potência vegetativa principal do nosso corpo? O coração, né? A pessoa mais tem um pequeno opúsculo chamado "De Motu Cordis", sobre os movimentos do coração, em que ele faz uma analogia dos movimentos do coração com os movimentos do cosmos. É lindo, é de uma beleza magnífica! Mas quando nós morremos, o que morre no momento da morte,
o que falece, são essas potências vegetativas, sobretudo a... O que é o coração? É a circulação sanguínea e, em decorrência disto, vai parar também o cérebro. Não será alimentado. Ou seja, a morte, essa falência das potências vegetativas... Olha que curioso! As potências vegetativas são em nós aquilo que é o mais básico, mas, porém, é aquilo que primeiro se perde com a morte. Isso nos deixa uma pista que é a seguinte: olha, ser humano é tão desafiadoramente complexo que, às vezes, aquilo que é o mais básico é aquilo a que devemos dar mais atenção. Circunstancialmente, algumas
pessoas fazem projetos espetaculares até de vida pessoal, de aperfeiçoamento pessoal, vida profissional e, às vezes, esquecem o básico. O básico: se arrume a cama, né? Coma bem, acorde cedo. Para Deus, ajuda! "Quem cedo madruga, Deus ajuda". O vagabundo que acorda meio-dia... menos que trabalha de noite, tá? Trabalha à noite vigia noturno. Agora, o sul e avó dizia... Essa mesmo que me davam estar marcadas, às vezes, é uma frase que um dia publicarei como uma epígrafe ou uma citação no meu livro de máximas, que é o livro que vai se chamar "Provérbios do Abismo". Quem não
faz nada não tem tempo para fazer coisa alguma. Você já prestaram atenção? Olha que profundo: quem não faz nada não tem tempo para fazer coisa alguma. É, sujeito está ali coçando o saco filosófico dele a vida inteira, né? Está ali, não tem tempo. Agora, quem faz muitas coisas arruma tempo para fazer mais ainda. Nós somos conformados de maneira tal que nós vamos fazer muitas coisas. Ótimo! Para fazermos essas coisas todas mais ou menos bem, é necessário ter ordem. É necessário a ordem, o conceito agostiniano que escreve Santo Agostinho, escrever um livro, uma obra chamada "De
Ordine", em que em tudo deve imperar a ordem. A paz... O que é a paz? Todo mundo acha que é a paz, mas ninguém sabe o que é a paz, né? Aí bota... É bonito botar no Facebook, no Instagram, aquelas bandeirinhas. Como é o nome daquilo que você faz? Você muda a foto de perfil, acrescenta... E não é fazer feito imagem 1. O que é uma... que você lá... É uma porcaria, porque você deve saber mais do que eu, pelo amor de Deus. Não é na foto de perfil que você muda algo, né? O é
o filtro! É o filtro! Filtro tá! É muito bom, ele bota um filtro lá, hoje é o crânio, amanhã a vacina, depois da manhã... (que o pai me perdoe, né?) Agora, e pensar! E pensar, a pessoa se dá ao trabalho de pensar. Pensar é de graça! Agora, até para eu pensar preciso botar uma ordem nos raciocínios. Eu tenho que entender que é uma premissa, o que é uma evidência, né? O que é uma concatenação entre as premissas? O que é um silogismo? Senão, eu vou emitir pujos vocálicos aqui, é o Facts votes, e vou achar
que estou fazendo alta filosofia, né? Bom, então a morte, ela... É antinatural. Santo Tomás, na "Summa Teológica" de Veritate, na "Summa contra Gentiles", diz que a morte é, em certo sentido, natural com relação ao corpo, mas é antinatural com relação ao nosso espírito, que, em suas próprias potências, deseja perdurar no ser. A vida humana é um tipo de perduração no ser. Muito excelente, esse copo aqui perdura no ser, né? Em uma perspectiva meramente material, nós podemos perdurar no ser com o nosso corpo, mas perdurar no universo axiológico, seja dos valores: quanto mais próximos do amor
são os valores humanos, melhor é a qualidade da minha perduração no ser. E todo mundo quer perdurar no ser; viver, mesmo para aquele homem que está em estado terminal, às vezes é uma migalha. Eu queria, às vezes, até para refazer a vida, para recomeçar de algum tempo. Não, Padre Antônio Vieira, no Sermão da Quarta-feira de Cinzas, ele diz: "quem disse que a morte é o mais terrível dos acontecimentos", disse o bem, mas não soube o que disse, porque a morte não é terrível pela vida que acaba, mas pela eternidade que começa. E aqui vale dizer
o seguinte: o tempo é a medida das coisas finitas; é uma perda a perduração cronológica das coisas finitas; aquilo que está para além do tempo, e que os metafísicos chamam de "Evo", seria a eternidade. É uma perduração, também de uma coisa finita; porém, uma perduração muito mais perfeita do que a nossa. Já quem está no eu não está, digamos assim, circunscrito às coisas que dizem respeito à matéria; é uma vida superior. E, por fim, à vida divina é uma perduração no bem daquele que é o ser infinito. Ora, nós, nesta tríade aqui que eu pus:
Deus, os anjos e o homem, podemos pensar, entre outras coisas, o seguinte: Deus é anterior às coisas pensadas. Deus é o próprio ser; tudo que ele pensa, criação. Deus é anterior a tudo. Só te dou mais um comentário: a sentença de Pedro Lombardo diz uma frase que é a seguinte: “nada preexistia à criação, só Deus mesmo”. Então, Deus é o incausado que perdura com a sua própria onipotência, sua ausência de potências passivas para ser movido por qualquer coisa. "Stream", seca a ele. Então, estamos neste plano aqui metafísico; lá em cima do arco, já os anjos
são. Deus é anterior às coisas pensadas, os anjos, as criaturas em cuja forma não há composição de matéria, são concomitantes às coisas pensadas. Não no sentido meramente cronológico; eles também estão fora do tempo, mas no sentido de que incluem a coisa pensada, que ele já conhecia. Ele não é como nós; a verdade da coisa pensada ele já tem. Ele já tem os inteligíveis na sua mente a respeito das coisas do mundo desde sempre. Eu trouxe aqui uma obra maravilhosa, Deus, meu amigo Luís Astorga: "O Intelecto e a Substância Separada: Sua Perfeição e Unidade", uma tese
de doutoramento feita na Universidade da PUC do Chile. É gnosiologia angélica e é uma maravilha, porque aqui, nós, pensando nos anjos, somos levados a ver o exato tamanho da inteligência humana. Ora, Deus é anterior às coisas pensadas; o anjo, num certo sentido, é concomitante. Não vou dizer em que sentido ele pode ser anterior ou posterior, senão entraríamos na discussão que não é da aula. E no caso do homem: o homem é posterior às coisas pensadas. Não no sentido propriamente em que ele e as coisas em que ele pensa sejam anteriores a ele, mas sim no
sentido de que, quando ele pensa numa coisa, ela tem uma anterioridade em relação àquilo que ele pensa a respeito dela. Então, tudo que nós pensamos sobre a realidade provém das coisas. É nesse sentido que o intelecto humano é posterior às coisas. Agora, esta posterioridade, embora admeta uma diminuição, uma imperfeição em relação aos intelectos mais perfeitos, ela é suficiente para nos dar notícia de que a vida humana é infinita. Nela, nós temos valores a realizar, temos deveres a cumprir e, portanto, o sentido da morte não é apenas o fim da vida orgânica. O sentido da morte
não é outro senão a própria vida, já que queremos viver o lado espiritual com Cristo e a sua ressurreição. A ressurreição de Cristo é a causa modelar da nossa ressurreição. Ainda que se Deus não existisse, eu disse que ele seria a inexistência que dá sentido a todas as existências. O mesmo acontece com a ressurreição; é óbvio que você tem um tema já teológico, eminentemente teológico, mas serve para meditação. Ora, a vida não é o valor único e absoluto; a vida, em nós, tem um valor relativo e ela será tanto mais valorosa quanto mais a preenchermos.
O melhor dizendo: quanto mais a preencheremos com eventos amorosos. E o amor é esse êxodo, é um êxodo da alma do amante na direção da coisa ou da pessoa amada. No amor, nós somos livres; do amor, nós somos dignos de louvor alheio. Aí dizia, de Deus, eu disse ainda pouco, né? Louvor a Deus. É o amor, também, de alguma maneira, não deixa de ser uma louvação dos bens que integram a realidade. Eu estava vindo agora; passei pelo Aterro do Flamengo; estava com a Carlinha. O Uber vinha passando rápido, mas deu para tirar uma foto com
essa porcaria de celular, que é mais uma foto linda do Cristo Redentor com entardecer avermelhado ao fundo. Pois até no meu Facebook, belíssimo! Ora, perceber a beleza é o fim contemplativo da natureza propriamente humana. Digo, confie em toda vez que vir uma pessoa solidária com pessoas que estão diante das belezas da paisagem, por exemplo, só aquelas pessoas que, em geral, entram na capela assistindo, têm a mesma atitude de um bode. E, no entanto, né, diante de qualquer... Bumbum, paticumbum, prugurundum. Tá bem? Extras: The Beat, fícus, a e é isso. Eu pus lá na seguinte chamada:
"O Boçal Engajado". F. Gonçalves, gacha máquina de devorar consciências. Não sejamos boçais, engajadas ou não, tenhamos a percepção de que a morte dá sentido superior à vida humana, desde que nos abramos para os valores que constituem esta mesma vida. E quem é jovem aqui tem vários jovens. Não procure estudar aquilo, procure dedicar-se àquilo que realmente aparece para você como algo a ser realizado, desde que o melhor de ser deu o melhor de si, com todo o coração, sem se preocupar muito com o resultado. O melhor resultado de uma ação boa é realizá-la; é o prêmio
das boas ações, é realizá-las, já se diz. Já diz o adágio: não precisamos de outros prêmios espetaculares. O prêmio que um físico vai ter é cobrir um teorema que vai lançar luz sobre um novo aspecto do ser. Nos dentes que se movem, qual é o Léo? A grande honra para um matemático, né? Chegar à resolução de alguns teoremas. Está o Léo, que sempre cita. O Léo é o teorema de Fermat, por exemplo. O teorema de Fermat, quer saber a história do teorema de Fermat? Afirmar teria sido um matemático e deixou um teorema escrito, rabiscado, digamos
assim, só que incompleto. Alguns dias... eu não sei se é lenda, né? A resolução estava num pedaço que se perdeu. Acontece o seguinte: mais de 200 anos se passaram, e vários, 450, 350 anos se passaram, e matemáticos dos mais brilhantes já pisaram o pau neste mundo, tentaram resolver o teorema de Fermat, não conseguiram. Foi no final do século 21 em inglês que conseguiu resolver o teorema de Fermat. Assim, essa realização não vai ter um Nobel, não importa nada. A senha: não queiramos esse reconhecimento. Nós vivemos em um tempo em que é preciso dizer "não" a
essas condecorações mundanas, que só fazem as pessoas se sentirem vaidosas. A vaidade é um dos sete pecados capitais. E quando Saramago ganhou o prêmio Nobel de Literatura, né? Na época, Saramago, assim como todo o talento que ele possa ter (e tem) para escrever, não se pode dizer que ele tem uma visão de mundo boa, né? Ele é, sem dúvida, um praticante blasfemo, etc. Mas talento literário não se pode negar a Saramago. Saramago escreveu um livro, "Memorial do Convento", que é uma metáfora da construção do Convento de Mafra, em Portugal, e escreveu um português da época.
Não é fácil fazer isso, não. Não é fácil escrever um texto em que, durante quatro páginas, só haja ponto final, e todas as orações subordinadas estão no seu devido lugar, as coordenadas, a principal. Isso é arte, arte sustentável. Agora, o que acontece? Depois que ele ganhou o Nobel, escreveu um livro horroroso, que foi "A Caverna". Não sabe nada da Caverna de Platão; a visão ateísta dele o impede de transcender a matéria. Já estou, a Caverna de Platão, um lugar obscuro, uma olaria onde os olheiros produzem uma coisa ou outra, não tem nada a ver com
a Caverna de Platão. Agora, se ganhou ou não ganhou um Nobel, isso não tem a menor importância. Houve até quem dispensasse Nobel. Qual foi o escritor que dispensou o Nobel? Caminho Sata? É, mas eu não posso dizer que é F. V. Que nem você. Podemos recorrer às vezes a... né? É porque... Oi, Bob Dylan! Bob Dylan, né? Graças a Deus! Não! Porque não é a mesma coisa. Podemos dizer, vamos supor, que o Jô Soares ganhasse um Nobel, né? Vamos entrar no mundo surrealista. O grande crítico Wilson Martins, que tem uma obra maravilhosa chamada "A História
da Inteligência Brasileira", e na ocasião era colunista do Globo, do Jornal, no caderno Prosa e Verso no Globo, quando Chico Buarque lançou "O Estorvo" e Jô Soares lançou "Xangô de Baker Street", Wilson Martins disse que o romance exige certos talentos que estão para além dos esquetes e dos êxitos televisivos de humor, no caso do Jô, e também dos versos de uma música popular, no caso do Chico. Foi uma tentativa de repetir o Nouveau Roman francês, né? Que era como se uma câmera que caminhasse... O personagem está como que olhando pelo buraco da fechadura, não traz
nada de novo. Mas o grande Caetano foi fantástico e disse: "Quem é Wilson Martins?" "Quem é esse Martins?" Alguém disse: "Meu Caetano, os tomatinhos." É um grande crítico literário! Ele é autor, João consciente, das famílias espirituais, agora ligado à literatura. Não é qualquer um, né? Mas no mundo em que o que importa é o que os outros vão dizer, que é uma... e fora essa vaidade, é uma maneira de viver desumanamente. É por isso que eu falei aqui, me desculpem aqui o certo palavreado. Eu falei para enfiarem o Oscar não sei aonde, em qualquer lugar
obscuro da ordem dos... e é, mas não é com nenhum intuito de... assim. Mas é porque certas coisas a gente pode dizer com tranquilidade, porque o mundo hoje, de tanto querer láureas, né? A contemporaneidade está cada vez mais distante da vida propriamente humana e, portanto, a morte não tem sentido. Embora as pessoas queiram viver... Pensem bem, as pessoas querem viver! Agora, tem uma doença mundial; todo mundo queria viver, até fazer isso, quero fazer aquilo, mas tá todo mundo desesperado. E não é um contrassenso? Eu quero viver indefinidamente, em desespero? Seria o inferno! O céu seria
vida profícua, no bem viver. Só por viver, é viver sem desistir! Então nós, aqui, estamos na terça-feira, tá lotada esta sala. O Brasil tem dado algumas mostras de que renascem valores cristãos que são a sua... Seiva, não sabemos o dia de amanhã, mas sabemos que esta foi a terra da Santa Cruz. Nasceu assim. Ora, se as coisas são o que foram, nós haveremos de ser também. Então, eu termino essa aula com uma reflexão: que a morte, para nós, não seja o motivo de desespero, mas sim um ponto para reflexão a respeito da nossa vida moral,
da nossa vida espiritual, e, por chá, da vida eterna. Nós somos chamados a participar desta eternidade, a transcender o tempo da melhor maneira possível, que é com o amor. O amor não está sujeito, diz o Padre Antônio Vieira no Sermão do Mandato. Às intempéries, né? O amor mundano, sim, né? Ele está sujeito às intempéries, mas esse amor que transcende a mundanidade não tem cronologia. Quem ama o seu filho sabe disso. A boa, quando nasceu, o amor, quando foi crescendo, ou continuou a amar, quando é grande, quando é adulto, vai continuar amando. Depois, se preocupando. O
amor está para além das construções do tempo. Ora, esse amor que vê a vida para além da própria vida... Também um grande abraço, meus caros. Até a próxima, hein? Tá bom!