Um milionário encontrou uma menina que morava na rua, chorando na chuva, e a levou para sua casa...

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Histórias do Coração
Um milionário encontrou uma menina que morava na rua, chorando na chuva, e a levou para sua casa... ...
Video Transcript:
Em uma noite chuvosa, um milionário encontrou uma garota chorando na rua e a levou para sua casa. Ao observá-la mais de perto, ficou chocado ao perceber que ela usava um broche que pertencia à sua falecida esposa. Laura e Alice eram inseparáveis. A vida delas não era cheia de luxos, mas isso nunca importou muito. Laura trabalhava em um supermercado, lidando com as longas horas e os clientes apressados. Não era o emprego dos sonhos, mas era o suficiente para garantir que Alice tivesse o que precisava. Elas moravam em um pequeno apartamento de dois quartos, simples e
acolhedor. Para elas, aquilo era um lar, onde o som da risada de Alice preenchia cada canto. Alice, com apenas 8 anos, era uma menina curiosa; queria saber de tudo, principalmente sobre o pai. Ela perguntava para Laura quase todos os dias: "Mamãe, como ele era? Onde ele está? Por que ele nunca veio me ver?" Laura sempre desconversava, mudava o assunto rapidamente, inventava uma desculpa ou simplesmente dizia que falariam sobre isso outro dia. Alice nunca insistia demais porque sabia que isso deixava a mãe desconfortável; era como se Laura carregasse um segredo pesado, algo que não estava pronta
para dividir, pelo menos não ainda. Apesar das perguntas sem resposta, a vida seguia tranquila para as duas. Laura fazia o possível para garantir que Alice não sentisse falta de nada. Aos sábados, as duas tinham o costume de fazer pequenos passeios pela praça do bairro; compravam pipoca de um vendedor de rua e passavam horas brincando juntas. Era nesses momentos que Laura se esquecia do cansaço da semana, do peso das contas que às vezes se acumulavam. Ali, na companhia de Alice, tudo parecia certo. Mas um dia, em uma manhã que, como qualquer outra, tudo mudou. Era uma
terça-feira comum; Laura tinha saído para resolver algumas coisas na cidade antes de começar seu turno no supermercado. Alice estava na escola e Laura planejava passar no mercado para comprar algo rápido para o jantar antes de ir trabalhar. Ela andava pela calçada distraída, pensando na lista de coisas que precisava fazer, não notou o carro que vinha em alta velocidade, não notou o motorista imprudente, distraído com o telefone. Quando o carro se aproximou da faixa de pedestres, Laura estava no meio do caminho. Tudo aconteceu rápido demais para ela reagir. O barulho do impacto foi terrível; os gritos
das pessoas ao redor ecoaram pela rua. Laura foi arremessada no asfalto e, por um instante, o mundo ao seu redor pareceu parar. Não houve tempo para gritar, não houve tempo para se proteger. O corpo dela ficou ali, inerte, enquanto as pessoas se reuniam, algumas chamando por ajuda, outras simplesmente chocadas demais para fazer qualquer coisa. A ambulância chegou em poucos minutos, mas já era tarde; Laura não resistiu aos ferimentos. A morte dela foi rápida, como um choque que ninguém esperava, e em questão de segundos a vida de Alice foi destruída, sem que ela soubesse. Alice estava
na escola ainda, ali, ao que aconteceu. Era uma menina animada que gostava de aprender e brincar com os colegas. Para ela, aquele era apenas mais um dia comum, sem nada que indicasse que sua vida estava prestes a desmoronar. Quando o sinal tocou e ela saiu para o recreio, Alice estava feliz; talvez até imaginasse que mais tarde teria o jantar com a mãe e que poderiam brincar ou conversar antes de dormir. Mas naquela tarde, ao invés de encontrar Laura, ali encontrou uma assistente social. A mulher tinha uma expressão triste e Alice, mesmo sem saber o que
estava acontecendo, sentiu o coração apertar. Não demorou para que ela ouvisse as palavras que mudariam tudo: "sua mãe... ela sofreu um acidente." As palavras "sua mãe morreu" não faziam sentido na cabeça de uma criança de 8 anos. Alice ficou paralisada, sem saber como reagir; o mundo parecia confuso, as vozes ao seu redor ficavam abafadas. A dor era uma coisa estranha, um vazio que crescia no peito, mas que ela ainda não sabia como entender. Nos dias seguintes, tudo foi um borrão: a escola, o apartamento, a rotina que conhecia, tudo desapareceu. Alice foi levada para o orfanato,
um lugar que ela nunca imaginou que conheceria. O pequeno mundo que construíra com Laura, aquele onde elas eram apenas mãe e filha, agora era apenas uma lembrança distante. Alice sentia falta do cheiro de café que Laura fazia todas as manhãs, das noites em que sua mãe a colocava na cama e lhe dava um beijo de boa noite. Tudo isso se foi com a morte repentina de Laura. A realidade era cruel e Alice, tão pequena, se viu completamente sozinha no mundo, sem pai, sem mãe e agora sem casa. Aquele acidente não foi apenas o fim de
uma vida; foi o início de uma jornada solitária para Alice, uma que de repente tinha que enfrentar um mundo frio e sem respostas. Quando Alice chegou ao orfanato, tudo parecia assustador. O lugar era grande, frio e cheio de vozes de crianças que ela não conhecia. O prédio era velho, com paredes cinzas e janelas que nunca pareciam deixar entrar luz suficiente. Para uma menina de 8 anos que acabara de perder a mãe, aquilo parecia ainda mais triste e sombrio. A sensação de vazio em seu peito crescia a cada dia. O orfanato era um ambiente rígido; as
crianças ali não tinham muita liberdade. As regras eram claras e não podiam ser quebradas: havia horários para tudo, para acordar, comer, estudar e até para brincar. Mas a brincadeira não parecia divertida ali; tudo era feito com pressa, com os gritos das cuidadoras lembrando constantemente que as crianças deviam se comportar. Não havia espaço para risos despreocupados, para a espontaneidade que Alice conhecia quando vivia com sua mãe. No orfanato, o silêncio era uma regra não dita, mas sentida o tempo todo. Alice se sentia sufocada naquele ambiente; as outras crianças estavam tão acostumadas àquela rotina que pareciam nem
questionar mais. Seguiam as ordens sem discutir, como se tivessem desistido de sonhar com algo melhor. Mas Alice não conseguia se adaptar. Todas as noites, quando estava deitada na cama dura do dormitório, ela fechava os olhos e pensava em sua mãe. Lembrava-se de como Laura a fazia rir, de como a abraçava quando tinha medo. No orfanato, ninguém fazia isso; não havia carinho, só disciplina e ordens. O mais difícil para Alice era não ter respostas. Ela se perguntava por que aquilo tinha acontecido com ela, o que havia feito de errado para perder sua mãe e ser enviada
para aquele lugar todos os dias. Ela olhava para as outras crianças e, por mais que tentasse se conectar com elas, sentia-se sozinha. As conversas no orfanato eram rápidas, secas; não havia aquela cumplicidade que ela tinha com sua mãe, nem alguém que perguntasse como ela estava se sentindo. O máximo que recebia das cuidadoras eram olhares impacientes e ordens firmes para seguir as regras. Logo, Alice começou a entender que ninguém ali estava interessado em escutar; as cuidadoras pareciam sempre ocupadas demais para dar atenção verdadeira às crianças. O trabalho delas era garantir que os horários fossem seguidos, que
as camas estivessem feitas e que ninguém causasse problemas. Alice aprendeu rápido que, para sobreviver ali, precisava obedecer. Mas isso não significava que ela aceitava aquela vida. Apesar de tudo, Alice tinha algo que a mantinha diferente das outras crianças: um desejo imenso de liberdade. Ela não queria se acostumar com aquela realidade; queria sair, fugir daquele lugar que parecia mais uma prisão do que um lar. E todas as noites, quando se deitava, ela sonhava em encontrar um jeito de escapar. Não importava como; ela só sabia que não podia viver ali para sempre. A comida no orfanato também
era difícil de engolir, literalmente. As refeições eram sempre as mesmas: sopa aguada, pão duro e, às vezes, uma fruta que parecia ter visto dias melhores. Alice sentia saudades do que sua mãe cozinhava; mesmo nas dificuldades, Laura sempre dava um jeito de preparar algo que aquecia o coração, mesmo que fosse simples. No orfanato, a comida era apenas combustível, sem gosto, sem amor. As crianças comiam em silêncio, como se a vida tivesse perdido a cor. O salão de refeições era grande, mas o barulho das mulheres batendo nos pratos de metal parecia ser a única coisa viva ali.
Alice, mesmo com fome, sempre demorava para comer, olhando em volta e se perguntando se aquilo algum dia iria mudar. As cuidadoras eram severas; qualquer deslize, como uma cama mal arrumada ou uma demora para fazer as tarefas, era motivo para gritos e, às vezes, castigos. O castigo mais comum era ficar horas sentado em silêncio em um canto, sem poder se mexer. E Alice, por ser nova e por não ter se adaptado rápido às regras, já tinha passado por isso algumas vezes. Sentada olhando para a parede, ela sentia o tempo se arrastar e cada segundo ali fazia
seu desejo de fugir crescer mais e mais. Um dia, enquanto limpava o pátio do orfanato como parte de suas tarefas diárias, Alice notou algo diferente: o portão grande, que sempre estava trancado, estava entreaberto. Foi uma visão rápida; logo, uma das cuidadoras apareceu para fechar o portão com força. Mas aquele instante plantou uma ideia na cabeça de Alice. Ela começou a observar os movimentos das cuidadoras com mais atenção, percebeu que, às vezes, uma delas se distraía, outras ficavam cansadas ao final do dia e pareciam não prestar tanta atenção nos detalhes. A cada dia que passava, o
desejo de liberdade crescia dentro dela como um fogo. Ela não sabia o que a esperava do lado de fora, mas tinha certeza de que, onde quer que fosse, seria melhor do que aquele lugar sem cor e sem esperança. As outras crianças pareciam conformadas, mas Alice não; ela não queria ser como elas, não queria esquecer que existia um mundo lá fora. Sua mãe sempre dizia que havia algo especial nela, uma força interior, e agora, naquele lugar opressivo, Alice sentia que precisava usar essa força. Em uma tarde chuvosa, enquanto todas as crianças estavam ocupadas em suas tarefas,
Alice olhou pela janela e viu o portão de novo. Ele estava ligeiramente aberto. A chuva caía forte e as cuidadoras estavam todas dentro do prédio, longe do pátio. Era sua chance. O coração dela batia acelerado, e suas mãos suavam, mas, ao mesmo tempo, uma certeza crescia dentro dela: era agora ou nunca. Sem pensar duas vezes, Alice correu. Correu com toda a força que tinha, não olhou para trás, não parou para pensar; apenas correu. O vento frio batia em seu rosto e a chuva molhava suas roupas, mas ela não se importava. Quando passou pelo portão, o
mundo lá fora parecia enorme, assustador, mas também cheio de possibilidades. Alice estava livre. Ela não sabia para onde iria, nem o que fazer. Só sabia que não voltaria para o orfanato. Não queria mais aquela vida de regras, silêncio e opressão. No começo, a sensação de liberdade era quase eufórica. Alice andava sem rumo pelas ruas, explorando cada esquina, cada beco, com uma curiosidade que nunca tinha sentido antes. Mas, à medida que o tempo passava, a realidade começava a pesar. A liberdade que ela tanto desejava trazia também desafios que uma menina de 8 anos não sabia como
enfrentar. A fome logo começou a apertar. Nas primeiras horas, Alice não pensou muito nisso, mas, quando o estômago começou a roncar e as horas se arrastaram, o vazio era impossível de ignorar. Ela começou a perceber o quanto era invisível para as pessoas ao redor. A cidade era cheia de movimento: adultos apressados, carros passando, barulhos de lojas e de vendedores ambulantes. Mas ninguém notava a menina de roupas sujas que andava sozinha pela calçada. Alice observava os rostos dos adultos, tentando encontrar algum olhar gentil, alguém que pudesse lhe oferecer ajuda. Mas as pessoas passavam por ela como
se... Ela não existisse a fome, piorou. No segundo dia, ela encontrou um banco de praça, onde decidiu se sentar, observando o movimento das pessoas que iam e vinham. Uma senhora passou por ela, carregando uma sacola de pães. Alice tentou sorrir, na esperança de que talvez aquela mulher percebesse seu estado e, para sua surpresa, a senhora parou, olhou para Alice com olhos cansados, mas gentis. Sem dizer uma palavra, ela tirou um pão da sacola e entregou à menina. Não era um gesto grandioso, mas para Alice foi como um banquete. Ela devorou o pão, mas, enquanto mastigava,
algo chamou sua atenção. Não muito longe, sentada em um canto da praça, estava uma jovem mãe tentando acalmar um bebê que chorava de fome. A mãe, desesperada, tentava balançar a criança nos braços, mas o choro continuava alto, como se fosse impossível acalmar aquele bebê faminto. Alice olhou para o pedaço de pão que ainda tinha nas mãos. Ela sabia o que era sentir fome, sabia o quanto doía, e naquele momento, algo dentro dela a empurrou a agir sem pensar muito. Alice se levantou e foi até a jovem mãe. Ela ofereceu o pedaço de pão com as
mãos trêmulas, sem saber se a mulher aceitaria. A mãe olhou para Alice com surpresa, mas seus olhos logo se encheram de gratidão. Pegou o pão como se fosse o maior presente do mundo e deu pequenas migalhas ao bebê, que parou de chorar quase imediatamente. A jovem mãe, com lágrimas nos olhos, agradeceu várias vezes. Alice não respondeu nada, mas sentiu um calor no peito. Mesmo sem ter muito, ela sabia que tinha feito a coisa certa. Os dias nas ruas eram duros. Alice vagava sem destino, tentando encontrar algo para comer, algum lugar para descansar. Às vezes dormia
em cantos de prédios, outras vezes encontrava abrigo em bancos de praças ou até mesmo embaixo de pontes. O frio da noite era um de seus maiores inimigos, especialmente porque suas roupas, molhadas pela chuva, nunca secavam completamente. Ela se encolhia, tentando se aquecer, mas o frio parecia penetrar até os ossos. Alice rapidamente aprendeu as regras não ditas da vida nas ruas. Sabia que não podía confiar em todo mundo; havia pessoas que se aproximavam dela com sorrisos falsos, tentando enganá-la ou roubar o pouco que ela tinha. Mas havia também pequenos gestos de bondade que faziam com que
ela mantivesse a esperança. Às vezes alguém lhe dava uma moeda, outras vezes um pedaço de comida, mas o mais difícil era a solidão. Durante o dia, Alice vagava pelas ruas, observando as pessoas e sentindo-se cada vez mais deslocada daquele mundo. Ela era apenas uma criança sozinha em uma cidade grande e impessoal. Às vezes sentia uma saudade esmagadora de sua mãe. Laura sempre sabia como cuidar dela, como proteger. Agora, Alice tinha que se virar sozinha, enfrentando um mundo que não parecia disposto a lhe dar muitas chances. Apesar disso, Alice não perdeu sua bondade, mesmo em meio
à miséria. Quando encontrava outras pessoas em situações difíceis, ela tentava ajudar, como naquele dia em que viu um cachorro de rua com uma pata machucada. Mesmo sem saber como cuidar de animais, ela tentou ajudá-lo, improvisando uma pequena faixa com um pedaço de pano que encontrou. O cachorro, com os olhos tristes, parecia grato pela atenção que Alice lhe deu, mesmo que por pouco tempo. A vida nas ruas também era cheia de perigos. Alice aprendeu a evitar certas áreas, onde grupos de pessoas mal-intencionadas se reuniam. Em algumas noites ela ouviu gritos distantes, sons de brigas, mas sempre
tentava se manter longe de tudo isso. Sabia que não podia se envolver em problemas; a sobrevivência dependia de ser discreta, de se misturar à paisagem, de não chamar atenção. Havia dias em que a fome e o frio eram tão intensos que Alice quase pensava em voltar ao orfanato. Lembrava-se do portão que ela havia atravessado com tanta coragem e, por um momento, sentia saudade até das cuidadoras rígidas. Mas sempre que esse pensamento surgia, Alice se lembrava de por que fugiu. Não podia voltar para aquele lugar; precisava encontrar um caminho melhor, por mais difícil que fosse. Os
dias se transformaram em semanas e Alice, apesar de tudo, se manteve firme. Cada dia nas ruas era uma nova lição, um novo desafio. Ela ainda era uma menina pequena, vulnerável, mas havia algo em sua determinação que a fazia continuar. Cada pequeno ato de bondade que recebia e que oferecia era uma fagulha de esperança, uma lembrança de que, mesmo no caos, ainda havia espaço para bondade. E foi essa bondade que a manteve de pé, mesmo quando tudo parecia estar contra ela. A tempestade daquela tarde parecia não ter fim. A chuva caía forte, transformando as ruas em
rios. As pessoas se escondiam sob guarda-chuvas ou corriam para se abrigar em lojas e marquises. Ninguém queria ficar do lado de fora naquele tempo, exceto Alice. Ela estava encolhida em um canto, embaixo de uma marquise qualquer, tremendo de frio. As roupas molhadas colavam no corpo e o vento cortante fazia seus ossos doerem. Apesar disso, Alice não chorava. Já havia se acostumado com o frio e a solidão, como se aquela fosse sua nova realidade para sempre. Foi naquele momento, em meio à chuva e ao desespero silencioso, que a vida de Alice deu uma guinada inesperada. Marcos,
um empresário rico que estava saindo de uma reunião, passou por ali apressado, tentando se proteger com um guarda-chuva grande e preto. Seus sapatos caros espirravam água. O barulho da chuva fazia com que ele mal prestasse atenção ao que acontecia ao seu redor. Por um instante, seus olhos se fixaram em Alice, quase invisível meio à tempestade. Marcos hesitou por um segundo, mas algo naquela menina chamou sua atenção. Talvez fosse o olhar dela, vazio e cansado, ou talvez fosse o fato de ela estar ali sozinha em uma noite tão cruel. Ele parou, observou mais de perto e
então... decisão aproximou-se de Alice, se abaixou para ficar na altura dela e perguntou: "Ei, você está bem? Está sozinha?" Alice olhou para ele, surpresa. Ninguém falava com ela há dias, talvez semanas; a maioria das pessoas evitava até olhar em sua direção. Mas ali estava aquele homem bem vestido, se molhando na chuva, preocupado com ela. Por um momento, ela não soube o que responder; estava tão acostumada a ser invisível que aquela atenção parecia irreal. "Eu estou sozinha," respondeu Alice, a voz quase um sussurro. Ela estava exausta, com fome e não tinha energia para inventar desculpas; não
havia mais o que esconder. Marcos olhou ao redor, tentando entender por que uma criança como ela estaria nas ruas. O coração dele apertou. Ele já havia visto muitos casos de crianças abandonadas, mas algo em Alice parecia diferente. Talvez fosse o rosto dela, marcado pela inocência, que a vida nas ruas ainda não tinha conseguido apagar completamente. "Você não pode ficar aqui," ele disse, olhando para a tempestade ao redor. "Venha comigo, vamos tirar você desse frio." Alice hesitou por um instante; não estava acostumada a confiar nas pessoas, especialmente depois de tudo que havia enfrentado nas ruas. Mas
algo no tom de voz de Marcos a fez acreditar que ele não queria lhe fazer mal. Além disso, ela não tinha mais forças para lutar contra o frio, contra a fome; o corpo dela já estava quase desistindo. Ela se levantou lentamente, sem dizer nada, e seguiu Marcos. Ele a levou até seu carro, um veículo luxuoso que Alice nunca imaginou que entraria um dia. Enquanto o motorista acelerava pelas ruas encharcadas, Alice olhava pela janela, sem conseguir acreditar no que estava acontecendo. Dentro do carro, estava quente, e o cheiro de couro novo preenchia o ambiente. Era como
estar em outro mundo. Marcos não perguntou muito; sabia que Alice precisaria de tempo antes de contar sua história, então ficou em silêncio enquanto o carro os levava para sua casa. Quando chegaram à mansão, Alice ficou impressionada. As luzes grandes e o portão de ferro eram imponentes, como algo que ela só havia visto em filmes. Mesmo assim, tudo aquilo ainda parecia distante para uma menina que mal tinha onde dormir; aquilo parecia surreal. Marcos a levou para dentro e uma das empregadas, que também parecia surpresa com a chegada da menina, a levou para tomar um banho quente
e vestir roupas secas. Alice não lembrava da última vez que havia tomado um banho de verdade, e a sensação da água quente em sua pele foi tão reconfortante que quase chorou. Quando saiu do banheiro, vestindo roupas limpas e secas, Marcos a esperava na sala de estar. Ele tinha preparado uma refeição simples para ela: uma sopa quente e pão fresco. Alice olhou para a comida desconfiada, no começo, mas a fome logo venceu qualquer resistência. Ela comeu em silêncio, sentindo o calor da comida aquecer seu corpo por dentro. Marcos observava, sem dizer muito, tentando entender quem era
aquela menina e por que ela estava sozinha nas ruas. "Como você se chama?" ele perguntou, com um tom gentil. "Alice," respondeu ela, ainda sem levantar o olhar. Marcos sentiu um aperto no peito ao ouvir o nome. Alice era um nome simples, mas que trazia à mente lembranças de seu passado, lembranças de Laura, a mulher que ele amou muitos anos atrás. De repente, uma lembrança do passado veio à sua mente: quando namorava Laura, anos atrás, ela mencionou que, se um dia fosse mãe, colocaria o nome de João se fosse menino e de Alice se fosse menina.
Isso deixou Marcos ainda mais surpreso. Mesmo depois de tantos anos, ele ainda se lembrava dessas palavras. Poderia ser apenas uma coincidência, mas algo naquela menina parecia familiar, embora ele não conseguisse identificar o que era. Talvez fosse apenas a coincidência do nome, ou talvez algo mais profundo, algo que ele ainda não conseguia explicar. " onde está sua família?" Alice, ele perguntou, tentando entender a situação. Ela não respondeu de imediato, apenas baixou a cabeça; os olhos se encheram de lágrimas. A dor da perda de sua mãe ainda era muito recente, e falar sobre isso era quase insuportável.
Marcos percebeu que aquela era uma ferida que ainda não tinha cicatrizado, então não insistiu. "Não se preocupe, você está segura agora," disse ele, com uma voz suave. "Pode ficar aqui o tempo que precisar." Alice, ainda com o coração cheio de desconfiança, sentiu pela primeira vez em muito tempo uma fagulha de esperança. Ela ainda não sabia quem era aquele homem ou por que ele estava ajudando, mas sabia que, pelo menos naquela noite, não precisaria enfrentar o frio e a solidão das ruas. E assim, sem entender completamente, a vida de Alice começava a mudar. Quando Alice foi
levada para a casa de Marcos, ela não tinha ideia de que aquela mansão, tão grandiosa e cheia de luxos, também escondia seus próprios segredos e conflitos. Para ela, aquilo era um refúgio, um lugar onde, pela primeira vez em semanas, não precisaria dormir nas ruas frias ou se preocupar com o próximo pedaço de comida. Mas para Beatriz, a esposa de Marcos, a chegada de Alice foi como uma faísca que acendeu algo profundo e doloroso. Beatriz sempre desejou ser mãe; esse era seu maior sonho desde que se casou com Marcos. No início, ela tinha esperança de que
logo teriam filhos correndo pela casa, enchendo os corredores de risadas e brincadeiras. Mas o tempo passou, e as tentativas fracassadas de engravidar foram se acumulando como uma sombra sobre o casamento. A descoberta de que ela não poderia ter filhos foi um golpe cruel, e Beatriz nunca conseguiu superar completamente essa dor. Então, quando Marcos apareceu com Alice, uma menina de rua magra e desamparada, o impacto em Beatriz foi devastador. Na mente dela, Alice não era apenas uma criança perdida precisando de ajuda; Alice representava tudo que ela, Beatriz, nunca poderia ter. Cada olhar que Marcos dava para
a menina, cada gesto de carinho, era um lembrete da maternidade que lhe fora negada. Carinho era como uma faca no coração; ela sentia que Alice estava ocupando um espaço que deveria ser seu, um lugar que ela nunca poderia preencher. — O que você está pensando, Marcos? — Beatriz perguntou, tentando manter a voz controlada, mas a raiva era clara. — Trazer uma estranha para nossa casa, o que isso significa? — Marcos, que já antecipava a reação da esposa, tentou explicar da melhor forma possível. — Beatriz, é só uma menina. Ela estava sozinha na rua, no meio
da chuva, não tinha para onde ir. Eu não podia simplesmente deixá-la ali, não podia! — Beatriz rebateu, cruzando os braços e encarando-o com olhos cheios de amargura. — E o que você espera que aconteça agora? Vamos adotar essa menina e fingir que tudo está bem, que isso não muda nada entre nós? Marcos suspirou. Ele sabia que o assunto dos filhos era um ponto delicado. Beatriz, apesar de sua postura forte, estava machucada; a incapacidade de ter filhos a corroía por dentro, e a chegada de Alice apenas fez com que esses sentimentos viessem à tona com mais
força. — Eu não estou tentando substituir nada, Beatriz. Só estou tentando ajudar uma criança que precisa. É temporário, até encontrarmos uma solução — ele disse, embora no fundo já sentisse uma conexão com Alice que não conseguia explicar. Mas Beatriz não via da mesma forma. Para ela, Alice era uma intrusa. Cada vez que olhava para a menina, sentia um misto de inveja e raiva. Por essa criança vinda do nada, estava recebendo a atenção e o carinho de seu marido. Porque, de repente, parecia que ela era estranha em sua própria casa? Os dias passaram, e a tensão
na casa só aumentava. Beatriz evitava Alice sempre que podia e, quando não podia, tratava-a com frieza. Não era cruel abertamente, mas sua indiferença era evidente. Ela mal falava com a menina e, quando fazia, era com respostas secas e rápidas, como se quisesse terminar a conversa o mais rápido possível. Alice, por outro lado, sentia o desconforto. Apesar de estar feliz por não estar mais nas ruas, a hostilidade de Beatriz a fazia sentir como se não pertencesse àquele lugar. E então, um dia, algo curioso aconteceu. Alice estava ajudando uma das empregadas a arrumar o quarto quando Marcos
entrou e a viu segurando um broche, um pequeno broche prateado com uma pedra azul no centro. Ele ficou paralisado por um momento, como se tivesse visto um fantasma. Aquele broche era o mesmo que ele tinha dado a Laura, sua antiga namorada, anos atrás. Ele se lembrava perfeitamente de ter escolhido aquela peça em uma pequena joalheria e de como Laura tinha ficado encantada com o presente. — Alice! — Marcos começou, tentando controlar a surpresa em sua voz. — Onde você conseguiu isso? Alice, sem entender o motivo da pergunta, respondeu calmamente: — Era da minha mãe. Ela
me deu antes de ir embora. Marcos sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Laura, a mãe de Alice, era Laura! Isso não podia ser coincidência. Por anos, ele havia tentado esquecer Laura, sua grande paixão da juventude que um dia partiu sem deixá-la rastros. Mas agora tudo estava voltando, e se Alice fosse sua filha? E se, de alguma forma, Laura tivesse mantido esse segredo dele por todos esses anos? A cabeça de Marcos rodava com tantas perguntas, mas ele sabia que precisava ser cauteloso. Ele não podia simplesmente fazer uma acusação dessas sem provas. Mas a possibilidade, a
simples ideia de que Alice pudesse ser sua filha, era algo que ele não conseguia ignorar. Nos dias seguintes, Marcos ficou obcecado com a ideia. Ele passou a observar Alice com mais atenção, procurando traços que pudessem confirmar sua suspeita. O sorriso dela, o jeito de andar, até a maneira como ela falava lembravam Laura. Cada detalhe parecia um eco de um passado que ele achava que havia deixado para trás. Beatriz, que já estava incomodada com a presença de Alice, começou a notar a mudança no comportamento de Marcos. Ele passava mais tempo com a menina, conversava com ela
e até parecia mais animado quando estavam juntos. Isso só aumentou seu ciúme. Para Beatriz, agora não era mais apenas uma menina qualquer que havia entrado em sua casa; era uma ameaça real. Alice estava tomando o lugar que ela nunca conseguiu ocupar. A tensão na casa aumentava a cada dia. Marcos, dividido entre a possibilidade de Alice ser sua filha e a culpa por esconder suas suspeitas de Beatriz, tentava encontrar uma maneira de descobrir a verdade sem explodir a situação de vez. Ele sabia que, se fosse verdade, tudo mudaria. Marcos passava cada vez mais tempo com a
menina, e isso corroía Beatriz por dentro. Ela assistia enquanto seu marido, antes sempre tão distante e focado no trabalho, agora dedicava uma atenção quase paternal àquela menina que ela mal conhecia. A cada sorriso que ele dava para Alice, a cada conversa que tinha com ela, Beatriz sentia o chão de sua vida conjugal desmoronando. Na cabeça de Beatriz, Alice era o símbolo de tudo que ela não podia ter. Ela não podia ter filhos, não podia dar a Marcos a família que ele sempre quis, e agora aquela menina parecia estar preenchendo esse vazio. Uma criança que apareceu
do nada, ocupando um lugar que deveria ser dela. Beatriz estava consumida por uma mistura de ciúmes, ressentimento e, no fundo, um medo que ela não queria admitir: o medo de que, no fim, ela fosse a peça dispensável naquela história. Marcos, por sua vez, estava cada vez mais envolvido na vida de Alice. Ele continuava sem falar diretamente sobre suas suspeitas, mas a semelhança da menina com Laura era algo que ele não conseguia ignorar. O broche que ela carregava, o jeito dela, até a maneira como olhava para ele às vezes, tudo trazia à tona memórias que ele
pensava estarem enterradas no passado. O desejo de descobrir a verdade crescia a cada dia, e isso o aproximava ainda mais de Alice. Enquanto isso, Beatriz se... Sentia mais e mais isolada. A casa, que antes era um refúgio tranquilo, agora parecia estranha. Ela não se sentia à vontade em lugar nenhum. "Não há para onde ir", pensou. "Lá está Alice", como se ocupando cada espaço, roubando o afeto de Marcos. E o que mais a irritava era que a menina nunca fazia nada errado. Alice não era uma criança desobediente ou mal-educada; ao contrário, era educada, gentil e calada.
O que só fazia Beatriz se sentir ainda mais irritada era como se a presença da garota fosse uma afronta silenciosa à sua própria existência. Um dia, depois de uma discussão silenciosa durante o jantar, Beatriz tomou uma decisão que mudaria tudo. Ela já havia passado noites em claro pensando em como resolver aquilo. Sentia que, se Alice continuasse naquela casa, seu casamento não sobreviveria. E o que mais assustava era que talvez Marcos nem se importasse. Ele parecia tão envolvido com Alice que, aos olhos de Beatriz, o lugar dela na vida do marido estava cada vez mais em
risco. Foi então que, aproveitando um dia em que Marcos saiu para o trabalho, Beatriz decidiu agir. Ela sabia que o marido só voltaria tarde. Naquela tarde chuvosa, decidiu que era a hora de fazer o que julgava ser o melhor para si mesma. Chamou Alice, que estava no quarto lendo um livro que Marcos tinha lhe dado. — Alice, venha, preciso que me ajude com algo — disse Beatriz, com um tom suave que Alice não estava acostumada a ouvir. A menina seguiu, sem desconfiar de nada. Beatriz conduziu-a até o carro e, com um sorriso forçado, disse que
iam dar uma volta. Alice, mesmo surpresa com a gentileza repentina, não questionou. Ela entrou no carro e ficou em silêncio enquanto Beatriz dirigia pelas ruas molhadas da cidade. O silêncio entre as duas era espesso, pesado, como se algo estivesse sendo dito sem palavras. Beatriz dirigiu para longe, para um bairro que Alice nunca tinha visto. A cidade parecia mais sombria, as ruas estavam desertas por causa da chuva forte e as casas eram antigas e mal cuidadas. Era um bairro perigoso, e mesmo que Alice não soubesse disso, sentia uma sensação estranha dentro dela. Quando o carro parou,
Beatriz desligou o motor, olhou para Alice e, com uma voz que tentava soar firme, mas que revelava seu nervosismo, disse: — É aqui que você vai ficar. Alice, a menina, olhou para ela, confusa. — Ficar? Mas eu não entendo! Beatriz respirou fundo, tentava manter o controle, mas a verdade era que seu coração estava disparado. Ela sabia que o que estava fazendo era errado, mas ao mesmo tempo acreditava que era necessário. — Eu... eu acho que você não deveria mais ficar em nossa casa. Você já passou muito tempo lá e isso não está certo. Você vai
ter que encontrar outro lugar para ficar. Alice, com os olhos arregalados, sentiu um nó na garganta. Ela não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Tinha começado a sentir que talvez pudesse pertencer àquela casa, que talvez Marcos e até Beatriz se importassem com ela, mesmo que de forma distante. Mas agora aquela realidade estava sendo arrancada dela de uma maneira brutal. — Eu não posso voltar! — Alice perguntou, a voz frágil e cheia de medo. Beatriz não respondeu de imediato; ela evitou o olhar da menina, fixando os olhos no volante. A culpa começava a invadir seu peito,
mas ela afastou rapidamente. — Isso é o melhor para mim — repetia para si mesma. Não respondeu. — Finalmente, você vai precisar seguir seu próprio caminho — disse, abrindo a porta do carro, fazendo sinal para Alice sair. A menina, sentindo o desespero crescer, olhou para Beatriz com um olhar de súplica, mas não havia nada que pudesse fazer. Sabia que estava sozinha de novo. Lentamente, desceu do carro. A chuva caía forte, molhando-a por completo em poucos segundos. Beatriz fechou a porta, ligou o motor e, sem dizer mais nada, acelerou, deixando Alice sozinha naquela rua deserta. Alice
ficou parada, sem saber para onde ir. As gotas de chuva se misturavam com as lágrimas que começavam a escorrer pelo seu rosto. Ela sentiu o coração apertar, como se estivesse sendo esmagada. Não sabia o que fazer, não sabia onde estava, e a única coisa que conseguia pensar era que tinha sido abandonada novamente. Enquanto vagava pelas ruas escuras, o medo tomou conta. O bairro era perigoso, com becos mal iluminados e pessoas que ela nunca tinha visto antes olhando para ela com desconfiança o tempo todo. O som da chuva era o único que a acompanhava, um eco
sombrio do que se passava dentro dela. Depois de horas andando sem rumo, ali se encontrou em um pequeno beco, onde se encolheu para se proteger da chuva. Ali, sentada no chão molhado e sujo, ela abraçou os joelhos e chorou. O mundo parecia ter desabado sobre ela de novo e a solidão era insuportável. Enquanto isso, na casa de Marcos, ele voltava do trabalho mais cedo do que o esperado. Quando chegou e não encontrou Alice, sentiu um aperto no peito. Perguntou às empregadas, mas ninguém sabia onde ela estava. Desconfiado, foi até Beatriz. — Onde está Alice? —
ele perguntou, com um tom firme que fez Beatriz congelar. Ela tentou disfarçar, mas sabia que Marcos não desistiria até ter uma resposta. Depois de algumas perguntas insistentes, ela cedeu e contou o que tinha feito. Marcos, tomado pela raiva e pelo desespero, não acreditava no que ouvia. — Como você pode fazer isso? — ele gritou, saindo apressado para o carro. Sem perder tempo, foi até o bairro onde Beatriz tinha deixado Alice, seu coração batendo rápido, cheio de medo do que poderia acontecer com a menina. Depois de dirigir pelas ruas escuras, finalmente a encontrou. Ela estava encolhida
no beco, encharcada e tremendo de frio. Quando Marcos viu Alice naquele estado, algo dentro dele se quebrou. Ele correu até ela, se abaixou e a abraçou com força, sentindo as lágrimas dela molhando seu ombro. Naquele momento, prometeu a si mesmo que nunca mais a abandonaria. deixaria sozinha. Eu estou aqui. Alice, nunca mais vou deixar isso acontecer, eu prometo, sussurrou enquanto a chuva continuava a cair, misturando-se às lágrimas silenciosas que escorriam dos dois. Aquela promessa, feita sob a chuva, não era só para Alice; era também uma promessa de redenção para Marcos, que sabia, naquele momento, que
faria qualquer coisa para proteger aquela menina, mesmo que isso significasse enfrentar todos os fantasmas do passado. Depois do que Beatriz havia feito, a casa de Marcos nunca mais foi a mesma. A confiança entre eles, já frágil, estava quebrada. Marcos trouxe Alice de volta para casa, mas agora tudo era diferente. Ele estava determinado a cuidar da menina e a descobrir a verdade sobre seu passado. O incidente com Beatriz fez com que ele percebesse a profundidade da conexão que sentia por Alice e, mais do que nunca, a ideia de que ela pudesse ser sua filha estava sempre
em sua mente. Os dias que se seguiram foram tensos. Marcos evitava falar com Beatriz sobre o que aconteceu, mas o ressentimento estava no ar e a distância entre eles aumentava a cada dia. Alice, por sua vez, estava silenciosa e retraída, ainda se recuperando do choque de ter sido abandonada. Ela sabia que havia algo errado entre Marcos e Beatriz, mas não entendia exatamente o quê. O que ela sabia é que agora se sentia mais próxima de Marcos do que nunca. Foi nesse clima pesado que Marcos decidiu agir. Ele não podia mais viver com as dúvidas. Precisava
saber se Alice era realmente sua filha, se Laura, a mulher que ele havia amado tanto no passado, havia guardado esse segredo dele. Então, em um dia que parecia comum, Marcos fez algo que mudou tudo: ele decidiu realizar um teste de DNA. Ele não explicou muito para Alice, apenas disse que queria garantir que cuidaria dela da melhor maneira possível e que esse teste os ajudaria a entender melhor o que havia entre eles. Alice, ainda confusa, concordou. Ela não sabia muito sobre o passado de Marcos nem sobre o relacionamento que ele tinha com sua mãe, mas confiava
nele de uma forma que não sabia explicar. O período de espera pelos resultados do teste foi agonizante; cada dia parecia se arrastar mais devagar do que o anterior. Marcos, apesar de tentar manter a calma, estava claramente ansioso. Ele evitava falar sobre o teste com Beatriz, pois sabia que isso só traria mais conflitos. Beatriz, por sua vez, sabia que algo estava acontecendo, mas preferia não perguntar. Ela sentia que sua posição na vida de Marcos estava cada vez mais ameaçada e que qualquer palavra poderia explodir o que restava de seu casamento. Finalmente, o dia do resultado chegou.
Marcos segurava o envelope nas mãos, com os dedos trêmulos. Por mais que tentasse se preparar, nada poderia aliviar o nervosismo daquele momento. Ele chamou Alice para o escritório, fechou a porta e, com a menina sentada à sua frente, abriu o envelope. O silêncio naquela sala parecia sufocante. Marcos leu as palavras no papel lentamente, seu coração batendo tão forte que ele achava que Alice podia ouvi-lo. Quando finalmente levantou os olhos, seus sentimentos estavam claros no rosto. "Alice," ele começou, a voz embargada, "você é minha filha." Por um momento, Alice não soube o que pensar. Aquelas palavras
pareciam ecoar pela sala, mas demoraram a fazer sentido. Ela olhou para Marcos, tentando entender o que aquilo significava. "Filha? Como assim?" Marcos se levantou, foi até Alice e se ajoelhou na frente dela, ficando na altura de seus olhos. "Sua mãe, Laura... ela foi muito importante para mim há muitos anos e, pelo jeito, ela nunca me contou que você... que nós tínhamos uma filha. Mas agora eu sei, Alice. Agora eu sei." A verdade que Marcos não sabia era que, naquele dia, quando ainda eram jovens, Laura planejava revelar tudo para ele. Era uma noite especial para ela;
estava nervosa, mas ao mesmo tempo cheia de esperança, guardando um segredo precioso dentro de si. Laura estava grávida, havia descoberto a notícia algumas semanas e estava ansiosa para contar a Marcos, o homem que amava e com quem sonhava construir uma vida. Nos últimos dias, ela havia imaginado aquele momento tantas vezes, pensava em como ele reagiria: talvez com surpresa, mas, no fundo, tinha certeza de que ele ficaria feliz. Eles estavam apaixonados e, embora não tivessem falado abertamente sobre filhos, Laura sabia que uma criança seria uma bênção. A notícia da gravidez parecia o próximo passo natural para
a relação deles. Ela vestiu sua melhor roupa, querendo que tudo fosse perfeito; havia uma mistura de nervosismo e excitação dentro dela. Afinal, essa era uma notícia que mudaria suas vidas para sempre; eles passariam de casal a uma pequena família. Laura, enquanto se olhava no espelho, sorriu ao imaginar a reação de Marcos quando ela contasse. No entanto, naquela mesma noite, uma outra história estava se desenrolando, uma história cheia de segundas intenções e ciúmes que Laura não podia prever. Na festa de aniversário de um amigo em comum, Beatriz estava à espreita. Ela, como sempre, mantinha um olhar
atento sobre Marcos. Beatriz, que por tanto tempo havia nutrido sentimentos obsessivos por ele, sabia que aquela noite poderia ser sua oportunidade de ouro. Por muito tempo, ela observava à distância, planejando como poderia afastar Laura e tomar o lugar dela ao lado de Marcos. Beatriz era uma mulher calculista e essa obsessão a consumia desde que conheceu Marcos. Ela se recusava a aceitar que ele pudesse ser feliz com outra pessoa. Naquele instante, Beatriz estava pronta para agir. A festa estava em seu ponto alto; as pessoas conversavam e riam. Laura, em meio àquela atmosfera festiva, procurava o momento
certo para falar com Marcos em particular. Ela queria contar sobre o bebê de maneira tranquila, no momento que fosse só dos dois, mas antes que pudesse encontrar esse momento, algo trágico aconteceu. Beatriz, que sempre parecia saber o momento exato para causar estragos, fez... Sua jogada. Ela esperou até que Laura estivesse distraída, talvez conversando com alguém do outro lado da sala. Foi então que ela se aproximou de Marcos como quem não quer nada e, em um movimento rápido, sem qualquer aviso, roubou um beijo dele. Marcos, pego de surpresa, mal teve tempo de reagir; ele tentou se
afastar imediatamente, mas já era tarde demais. Naquele exato instante, Laura, que procurava por alguém para dar a grande notícia, viu tudo. Ela viu Beatriz beijando o homem que ela amava. Foi como se o mundo de Laura tivesse parado. Toda a alegria, a esperança e a felicidade que ela carregava desabaram de uma só vez. Ela sentiu como se o chão tivesse se aberto sob seus pés; o que ela mais temia estava acontecendo diante de seus olhos. Marcos, o homem com quem ela queria construir uma família, estava com outra mulher. A dor foi imediata, profunda. Laura não
sabia o contexto, não sabia que Marcos tinha sido beijado sem consentimento. Tudo que ela via era uma traição, um rompimento brutal da confiança que existia entre eles. O choque foi tão grande que Laura sequer conseguiu confrontar Marcos naquele momento; ela apenas virou as costas e saiu da festa, lágrimas já escorrendo por seu rosto. Marcos, ao perceber o que havia acontecido, foi atrás dela. Ele sabia que Laura tinha visto o beijo e que, para ela, aquilo parecia uma traição. Ele correu para se explicar, para dizer que aquilo não era o que parecia, que ele nunca quis
aquele beijo, que foi Beatriz quem o forçou. Mas, quando ele alcançou, Laura estava devastada demais para ouvir. O olhar em seus olhos era de pura decepção. "Laura, por favor, me escuta," ele implorou, tentando alcançar sua mão, mas ela recuou. "Eu vi, Marcos. Eu vi com meus próprios olhos," Laura respondeu, a voz tremendo de dor. "Não foi o que parece. Foi ela, foi Beatriz. Eu nunca faria isso com você." Marcos estava desesperado, mas Laura, no auge de sua mágoa, não conseguia acreditar nele. A imagem do beijo estava gravada em sua mente como uma ferida aberta que
não parava de doer. Aquela noite, que deveria ter sido uma das mais felizes da vida de Laura, quando ela iria contar sobre a chegada de uma nova vida, se transformou em seu pior pesadelo. O bebê que ela carregava, uma prova do amor entre os dois, agora parecia um fardo pesado demais para suportar. Ela se sentia traída, enganada, como se toda a sua vida tivesse sido uma mentira. Sem dizer mais nada, Laura virou as costas para Marcos e foi embora. Ela nunca contou a Marcos sobre a gravidez; a oportunidade de compartilhar a notícia foi roubada pela
amargura daquela noite. Laura, com o coração em pedaços, partiu sem olhar para trás, levando consigo o segredo de sua gestação e a mágoa de uma relação que, aos seus olhos, tinha acabado. O tempo passou e, com ele, a verdade de que Alice era sua filha foi finalmente revelada. Alice sentiu um turbilhão de emoções; por um lado, era uma revelação enorme, algo que ela nunca poderia ter imaginado, por outro, isso explicava tantas coisas: o porquê de Marcos sempre ter sido tão gentil com ela, o porquê de ele parecer tão familiar de alguma maneira. As lágrimas escorreram
pelo rosto dela, mas, desta vez, não eram de tristeza; eram de alívio. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu que pertencia a algum lugar. Marcos a abraçou com força, e naquele abraço havia uma promessa silenciosa de que ele nunca a abandonaria, de que ela nunca mais teria que enfrentar o mundo sozinha. Alice, ainda chorando, retribuiu o abraço. Ela não sabia o que o futuro guardava, mas, naquele momento, soube que não estava mais sozinha. Mas, como em muitas histórias, a felicidade foi interrompida por uma tragédia inesperada. Naquela mesma noite, enquanto todos dormiam, um cheiro estranho
de fumaça começou a se espalhar pela casa. Alice foi a primeira a notar; o cheiro era forte e, quando ela saiu do quarto, viu a fumaça densa se espalhando pelo corredor. Em pânico, correu para o quarto de Marcos. "Marcos, acorda!" gritou ela, sacudindo-o. Marcos abriu os olhos rapidamente, sentindo o cheiro de fumaça também. Quando ele viu o desespero no rosto de Alice, tudo aconteceu em um flash. Ele pulou da cama e correu para o corredor, já sentindo o calor vindo de algum lugar no andar de baixo. O coração dele disparou; a casa estava pegando fogo.
"Beatriz!" gritou Marcos, correndo em direção ao quarto onde ela agora dormia. Por causa das várias brigas que haviam tido, ele a encontrou acordada, também confusa e em pânico. "O que está acontecendo?" perguntou ela, já com os olhos arregalados de medo. "Não sei, mas precisamos sair daqui agora!" O fogo estava se espalhando rapidamente pela casa e as chamas já podiam ser vistas subindo pelas escadas; o calor era sufocante e a fumaça deixava difícil respirar. Beatriz e Alice tentavam seguir Marcos, mas o fogo estava se movendo rápido demais. As chamas subiam pelas paredes, consumindo tudo que tocavam.
No meio do caos, Marcos percebeu que eles não conseguiriam sair pela porta da frente; o fogo já tinha tomado conta daquele caminho. Desesperado, ele olhou ao redor tentando encontrar uma saída. Foi quando viu uma janela que dava para o jardim. Ele correu até ela, puxando Alice e Beatriz. "Vamos por aqui!" Eles chegaram à janela e, com toda a força que tinha, Marcos quebrou o vidro com uma cadeira. O som do vidro estilhaçando ecoou pela casa, mas o barulho do fogo rugindo era ainda mais alto. Um por um, eles começaram a sair pela janela, mas, no
momento em que Marcos tentou sair, ele tropeçou e bateu a cabeça com força no batente. Alice, que já estava do lado de fora, viu tudo; o pânico tomou conta dela. Ela correu de volta para a janela, ignorando as chamas que subiam cada vez mais. "Marcos!" gritou. Tentando puxá-lo para fora, ele estava desorientado, com a cabeça sangrando, mas ainda consciente. Alice, com uma força que nem sabia que possuía, conseguiu guiá-lo para fora, mesmo com o calor das chamas queimando a pele de seus braços e pernas. Finalmente, os três conseguiram se afastar da casa, agora em chamas.
O som das sirenes já podia ser ouvido à distância, mas tudo o que Alice conseguia pensar era em Marcos, que estava deitado no chão, respirando com dificuldade. Ela se ajoelhou ao lado dele, as lágrimas caindo novamente; desta vez, porém, eram lágrimas de alívio misturadas ao medo de perder quem acabara de encontrar. Marcos abriu os olhos devagar, ainda grogue pela pancada. Ele olhou para Alice, que estava ao seu lado, e sorriu levemente, apesar da dor. "Eu te disse", ele sussurrou, com a voz fraca. "Eu nunca vou te deixar sozinha." Alice sorriu, segurando a mão dele com
força. A casa, o fogo, tudo aquilo parecia insignificante naquele momento. O importante era que estavam juntos. As autoridades informaram que o incêndio ocorreu devido a um vazamento de gás; no entanto, isso já não importava. O que realmente contava era que todos estavam bem. O incêndio mudou tudo: a mansão de Marcos, que antes era imponente e cheia de lembranças, agora não passava de destroços fumegantes. O fogo consumiu quase tudo: os móveis, os quadros, as memórias construídas ao longo dos anos. Restava muito pouco além das cinzas. Mas, apesar da perda material, algo muito mais valioso tinha sido
preservado: a vida de Marcos, Alice e Beatriz. Depois daquela noite, as coisas começaram a se reorganizar de uma forma que ninguém esperava. O hospital foi o primeiro destino dos três após o incêndio. Marcos, com uma concussão por causa da queda na cabeça, ficou em observação por alguns dias, mas logo se recuperou. Alice, apesar dos machucados e queimaduras leves, estava fisicamente bem, embora ainda lidasse com o trauma de quase ter perdido tudo de novo. Beatriz, por sua vez, também estava em choque, mas algo dentro dela começou a mudar. Desde aquela noite, enquanto estavam no hospital, houve
tempo para reflexões que, em meio à correria do cotidiano, haviam sido ignoradas. Beatriz, ao ver Alice praticamente arriscar a própria vida para salvar Marcos, começou a perceber a força daquela menina. Alice, mesmo tão jovem, tinha passado por coisas que a maioria dos adultos nunca enfrentaria e, ainda assim, ela tinha um coração bom, capaz de perdoar, de ser gentil, mesmo depois de ter sido machucada tantas vezes. Beatriz nunca havia visto Alice daquele jeito; até então, tudo o que via era a ameaça de uma criança ocupando o espaço que ela achava que lhe pertencia. Mas, com o
incêndio, veio a clareza. Pela primeira vez, Beatriz enxergou Alice como uma menina que, acima de tudo, só queria pertencer a uma família, e talvez, só talvez, ela também pudesse fazer parte dessa nova família que estava se formando. Quando saíram do hospital, era hora de começar do zero. Sem a mansão, Marcos decidiu que a casa não precisava ser construída da mesma forma; não queria mais viver em um lugar cheio de luxos, vazios, grandes demais para uma vida que agora entendia ser mais simples e mais verdadeira. Ele comprou uma casa menor em um bairro tranquilo. Não era
a mansão grandiosa de antes, mas, para Alice, era mais do que suficiente; era um lugar que finalmente parecia um lar. A nova casa era aconchegante, com um jardim na frente e uma árvore grande que logo se tornou o lugar preferido de Alice para ler seus livros. Lá dentro, o ambiente era caloroso; não havia o silêncio pesado que antes rondava a mansão. As paredes logo foram preenchidas com desenhos de Alice, que pendurava seus rabiscos coloridos nos corredores, e a casa se encheu de vida de uma forma que antes não era possível. Marcos, que sempre havia sido
um homem de negócios, percebeu que agora sua prioridade era outra. Ele reduziu suas horas no trabalho para estar mais presente. Em vez de passar noites em jantares de negócios, ele estava em casa, jantando com Alice e Beatriz, construindo uma nova rotina que era mais real, mais próxima. Ele começou a levar Alice para a escola todas as manhãs, algo que nunca teria feito antes, e adorava escutar as histórias que ela contava sobre o que tinha aprendido ou sobre os novos amigos que estava fazendo. A relação entre Marcos e Alice florescia a cada dia mais; agora que
a verdade sobre o parentesco deles havia sido revelada, algo profundo mudou. Marcos não era mais apenas o homem que a resgatou da rua; ele era seu pai, e essa conexão crescia a cada pequena interação entre os dois. Ele ensinava Alice a andar de bicicleta, ajudava com as lições de casa e estava presente em todos os momentos que importavam, grandes ou pequenos. Alice, por sua vez, sentia algo que nunca tinha sentido antes: segurança. Sabia que não precisaria mais fugir, não precisaria mais se preocupar com o amanhã. Ela tinha um lugar para onde voltar, tinha uma família
que amava. Isso lhe deu a confiança para crescer, para se permitir ser uma criança de novo, algo que havia sido tirado dela tão cedo. Aos poucos, o medo e a desconfiança foram substituídos por alegria e curiosidade. Beatriz também começou a mudar. O relacionamento com Alice, que antes era distante e frio, foi se transformando. Não foi da noite para o dia, mas, aos poucos, Beatriz passou a se aproximar de Alice, mostrando pequenos gestos de carinho que antes seriam impensáveis. Ela começou a participar das atividades diárias com Alice e Marcos, ajudando nos deveres de casa, assistindo aos
jogos de futebol com eles na TV e até ensinando Alice a cozinhar, uma habilidade que ela adorava e que a fazia se sentir útil. Beatriz percebeu que, apesar de não ser a mãe biológica de Alice, ela podia ser uma figura importante em sua vida; podia ser uma madrasta. Sim, mas uma madrasta diferente da imagem fria e distante que tantas histórias retratam. Ela podia ser uma pessoa em quem Alice se confiasse, alguém com quem ela pudesse contar. Com o tempo, esse laço foi se fortalecendo. A amargura que Beatriz carregava, aquela frustração pela infertilidade, começou a se
dissipar. Ela finalmente entendeu que a maternidade pode ser construída de várias formas e que o amor que se desenvolveu entre ela e Alice era tão genuíno quanto qualquer outro. Seis meses após o incêndio, a nova casa já estava completamente cheia de vida. Alice tinha se adaptado à nova escola e feito muitos amigos. Ela adorava estudar, sempre curiosa e interessada nas aulas, e agora que tinha um lugar seguro para voltar todos os dias, seu desempenho na escola melhorava a cada semana. Ela também começou a descobrir novos talentos; um deles foi o desenho. Ela passava horas na
mesa da sala, rabiscando com lápis de cor e canetinhas, criando mundos imaginários que ela mesma inventava. Marcos e Beatriz também estavam mais próximos. O que antes era um casamento cheio de tensão e ressentimento agora começava a se reconstruir. Eles haviam enfrentado uma tempestade juntos e saído do outro lado, agora com a Alice como um elo entre os dois. Eles estavam aprendendo a ser uma família, algo que antes parecia tão distante. As conversas ao jantar, antes cheias de silêncios desconfortáveis, agora eram preenchidas com risadas e histórias do dia. A casa era, finalmente, um lar de verdade.
Em uma tarde ensolarada, Alice estava no jardim, sentada debaixo da árvore que tanto adorava. Estava desenhando um retrato da nova família: ela, Marcos e Beatriz, todos juntos e sorrindo. Quando terminou o desenho, olhou para ele por um longo tempo e sorriu. Pela primeira vez, não havia mais um vazio no seu coração. Ela sabia que Laura, sua mãe, sempre seria parte dela, mas agora, com Marcos e Beatriz, ela tinha uma nova família, uma nova vida. Ao olhar para o céu azul e sentir o vento suave no rosto, Alice sabia que, mesmo depois de tanta dor e
dificuldades, havia encontrado o que sempre desejou: um lugar onde era amada, onde era protegida e onde finalmente podia ser ela mesma. Uma nova vida tinha começado e ela estava pronta para vivê-la ao máximo, cercada pelas pessoas que se importavam com ela. O passado não a definia mais; agora ela tinha um futuro. Ah!
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