[Música] na base da proposta da investigação da Alice estão as epistemologias do Sul podes explicar-nos um pouco o que são as epistemologias do Sul eu parto da ideia de que para nós eh conhecermos e sobretudo conhecemos de uma maneira que seja capacitante que dê credibilidade e importância a estas experiências não eurocêntricas e que vê de outras regiões do mundo informadas por outras cosmovisões por outros universos simbólicos por outras maneiras de ver a vida por outras maneiras de ver a natureza e de conceber a natureza para isso nós precisamos realmente de outras formas de conhecimento porque
o conhecimento e eurocêntrico nas Ciências Sociais e aliás nas outras ciências e que também tem muito mais de contextualização cultural do que a gente pode imaginar esse conhecimento foi construído para não valorizar essas outras experiências dou-te um exemplo o nosso conceito de natureza como recurso natural obviamente que é muito difícil hoje na nossa comunidade científica nas nas ciências da vida nas Ciências Sociais que a gente conceba a natureza de outra forma senão o recurso natural o rio é um objeto as montanhas são objetos os recursos naturais é para explorar o petróleo é para explorar até
ao tutano podemos explorar estes recursos todos sem nenhuma sem nenhum limite Ora bem esta conceção de natureza é uma conceção eurocêntrica Há outras concessões que eu encontrei no meu trabalho no meu ao longo das minhas das minhas investigações em que a natureza é um ser vivo eh não está separado de nós nós somos parte da natureza e portanto a natureza não é um recurso natural a natureza é a terra mãe de onde vem tudo e portanto nós não podemos agredir a nossa mãe não podemos matar a nossa mãe portanto é outra conceção como é que
eu vou eh com o conhecimento científico eurocêntrico analisar estas questões se eu os fizer desta forma eu descredibiliza dis são loucos ão a natureza é mãe a natureza é um recurso natural é um objeto não tem nada não tem a dignidade porque porque o nosso conhecimento está feito na base cartesiana da da diferença entre as coisas e as pessoas e portanto não podemos sair disso portanto é necessário uma revolução epistemológica como eu costumo dizer não há justiça social Global sem justiça cognitiva Global Ora bem as epistemologias do Sul São exatamente uma tentativa de realizar Essa
justiça cognitiva global ou seja trazer outros conhecimentos para dentro do conhecimento científico porque são outras outas maneiras de fazer ciência inclusivamente nem faz sentido dizer que não são científicos eles são outras ciências que existem noutros contextos simbólicos e que estamos a falar no fundo des esmagador a maioria da população basta olhar para para a China e para a Índia onde as suas cosmovisões e os seus universos simbólicos e os seus conhecimentos milenares são totalmente distintos daqueles que existem na Europa para não falar da África para não falar das Comunidades eh camponesas e indígenas da América
Latina e também da própria América Norte apesar do extermínio portanto há realmente muitos outros conhecimentos e as epistemologias do Sul vêm Trazer isso o sul é aqui exatamente e o sul anti Imperial não é aquele Sul que imita ao norte é o Sul que resiste e que produz alternativas em relação ao imperialismo e ao colonialismo do Norte claro que é evidente que este não é fácil obviamente construir esta proposta que tenho vindo a formular com epistemologias do Sul Mas ela é sente em em em quatro ideias muito muito enfim que muito simplesmente podem ser assim
por um lado e esses conhecimentos vão resgatar experiências que estão invisibilizadas que não se conhecem e que não nem se sabe que existem e e e por outro lado elas foram produzidas exatamente para serem invisíveis cham isso sociologia das ausências por outro lado este conhecimento é um conhecimento que vai dar eh voz e amplificar o sentido das grandes das inovações que têm lugar no no no no no sul Global não como sendo coisas exóticas que não têm interesse ou que são de interesse local mas são emergências de coisas novas sociologia das emergências para captar isto
eu preciso de um conhecimento que não pode ser um conhecimento monocultural porque eu parto da ideia da pluriculturalidad logo o conhecimento tem que ser pluricultural tem que haver uma diversidade de conhecimentos é isso que eu chamei a Ecologia dos saberes que é fundamental para as hipmi do solo mas como tornar os saber inteligíveis uns para com os outros como por exemplo esta natureza recurso natural versus natureza a nossa mãe ou a terra mãe bem nós precisamos da tradução intercultural e portanto a tradução intercultural é outro fenómeno é outro procedimento que nós temos que utilizar porque
muitas vezes as as mesmas aspirações de transformação social Progressista São designadas de modos muito diferentes e tem difer conceitos mas serão assim tão diferentes por exemplo a Europa sobretudo a partir do século XX E H do século XIX eh passou a identificar como a ideia mais progressista da transformação social com a palavra socialismo E essa palavra continua hoje a correr como digamos assim uma versão de emancipação social Se nós formos para outros contextos culturais provavelmente Esta palavra socialismo não soa da mesma forma e pelo contrário tem outras palavras como por exemplo os povos indígenas da
América Latina para designar essa emancipação social falam por exemplo de dignidade falam de respeito e falam da sua autodeterminação outras palavras serão tão diferentes daquelas ideias que estão por detrás da ideia do socialismo não sabemos teremos é que ir averiguar e se averiguo de tradução intercultural n