Descartes - Meditações (Parte 4 - Erro)

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Escola de Filosofia
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Video Transcript:
Bom dia a todos meu nome é Leonardo zocarato Ferreira e aqui estou para gravarmos esta quarta e última aula a respeito da análise que estamos fazendo sobre um autor o autor chamado [Música] decartes como nós vimos nas últimas aulas o autor começou a sua reflexão chegando à conclusão que ele deveria se livrar de todas as dúvidas perdão ele deveria se livrar de todas as certezas que achava ter deveria suspender todas elas e deveria submeter todas elas a todo tipo de dúvida concebível de modo a demolir tudo aquilo que ele achava que era certo e Reconstruir
com bases sólidas o castelo do seu conhecimento do conhecimento interno do conhecimento da sua consciência depois disso o autor passou a duvidar sistematicamente daquilo que parecia mais Óbvio e no final das contas o que lhe sobrou foi a unicamente a capa que ele tinha demonstrado de duvidar então ele percebe que se há algo de certo e seguro no seu no seu ser esse algo é a capacidade que ele tinha de duvidar então ele percebe que ele é algo que duvida Esta é a essência e aí vem o penso logo existo entretanto o autor estava preso
numa ilha existencial se não fosse a ideia de Deus se não fosse ele ter conseguido encontrar uma ideia que tinha existência fora do seu próprio eu então ele encontra a ideia de Deus ele demonstra a existência de Deus e o próximo passo para o que nos interessa para essa aula será desmantelar o próprio argumento que ele tinha lançado anteriormente do Deus mal e dizer que se Deus era perfeito ele era Virtuoso se era Virtuoso amava a verdade e se amava a verdade ele não poderia mentir para mim então não não existe um Deus maligno para
me enganar a hipótese do Deus maligno ela tinha sido construída pelo autor para que Ele pudesse contestar as verdades que ele achava inquestionáveis as verdades matemáticas ele de fato consegue questioná-la porém é uma hipótese que não se sustenta conforme os argumentos dele vão avançando o fato dele perceber que não existia um Deus maligno tornava portanto as certezas da Matemática válidas 100% válidas isso é muito importante porque a temática era para o autor uma fonte de conhecimento objetivo eh se você lembrar da primeira aula lembrará também que descart se encantava com a matemática justamente pela certeza
que a matemática demonstrava a matemática ela é imune a mudança de tempo e de espaço e isso faz dela intrigante sobretudo se você é um daqueles que está acostumado a ouvir argumentos históricos sociais paraas nossas condutas ou pro modo como o mundo é só para vocês entenderem ã vocês sabem que a soma de um a soma dos ângulos internos de um triângulo dará sempre 180 acho que vocês já sabiam disso mas se não sabiam agora estão sabendo bom Isso é uma verdade que resiste ao tempo essa é uma verdade mutável não há não é uma
questão de interpretação isto era a verdade há 10 anos atrás era verdade há 50 anos atrás era verdade no Brasil colônia era a verdade na Idade Média era a verdade na Grécia e será daqui 1 milhão de anos eu posso garantir que um triângulo daqui a 1 milhão de anos a soma dos ângulos internos dele dará 180 da mesma forma a soma dos ângulos internos de um triângulo dá 180 independentemente da sua nacionalidade seja você japonês coreano chinês [Música] brasileiro palestino ou israelense Esse é o resultado árabe judeu ou Cristão Esse é o [Música] resultado
seja você um ex ou um proletariado seja você um Oprimido ou um opressor seja você sei lá estudante ou [Música] aluno seja você quem for Esse é o resultado correto Ah você pode perguntar é evidente que você vai perguntar assim pô mas o eu não posso errar Claro que pode mas você pode por exemplo calcular os ângulos internos um triângulo e chegar ao resultado 175 Mas você errou e todos nós podemos saber que você errou porque sabemos o resultado certo As Verdades da Matemática estão imunes a interpretação na matemática não existe esta mania relativista de
dizer cada um tem sua opinião cada um tem isso cada um tem aquilo cada um tem uma visão de mundo a verdade está nos olhos de quem vê não na matemática na matemática 3 + 2 iG C dependente dos olhos de quem vem de qu V Então essa certeza veja bem as regras da Matemática valem até nos sonhos essa certeza encantava muito decartes entusiasmava decartes e de certa forma decartes quando fazia o caminho que nós ilustramos nas aulas passadas do cógito para Deus de Deus para mundo pro corpo ele nada mais estava seguindo do que
o método matemático algo que interessava muito o autor era esse encadeamento racional que o mundo parecia parece ter que torna nós encontrarmos o desconhecido a partir do que é conhecido como numa equação como é que é uma equação você não tem a Fórmula 3 + x iG 7 Aí você faz aquilo que te ensinaram na escola passa um número para cá passa outro para lá passa outro para lá isola o x e encontro o valor de X você contra o valor do termo desconhecido Pois é decartes fez a mesma coisa com a filosofia ele do
códo ele passou para Deus de Deus ele passou e sempre assim concluindo passo a passo sem deixar dúvidas acerca dos argumentos no fundo Portanto o autor tinha uma visão do universo como se o universo fosse uma grande teia racional a ser descoberta a alma do mundo para decartes seria revelada e não criada revelada pelas certezas da álgebra e da geometria Deus como grande arquiteto do mundo estabeleceu um universo mecânico estabeleceu leis Gerais que regulavam essa mecânica o mundo pode ser entendido como uma relação de forças e uma relação entre leis Racionais inteligíveis não é preciso
apoiar-se no misticismo para explicar por que o mundo é como é você sabe que na época de Descartes algumas pessoas iriam explicar as coisas da seguinte maneira elas iriam virar para você e falar assim você perguntaria Por que que a pedra cai e o fogo sobe e elas responderiam porque é da natureza da pedra cair e é da natureza do fogo subir existe algo [Música] dentro da pedra algo que é próprio da pedra que define essa qualidade cair e do Fogo subir explicações como essa para cartes eram estranhas porque as coisas reagem relacionadas elas não
reagem segundo necessariamente uma natureza própria pelo menos não do ponto de vista físico então não sei se no discurso do método eu não sei que livro que ele faz isso Descartes para lá no meio do livro para começar a explicar como é que funcionava o coração e a gente que tá lendo fica vendo um negócio desse onde ele quer chegar e ele explica o coração explicando que o sangue sai daqui e tal é bombeado volta passa por ali ali pressão explicando o funcionamento do coração como se fosse parte de uma grande máquina e aí a
gente entende por que descart está fazendo esse debate porque haveriam pessoas que diriam que o coração age como age porque a natureza dele é bombear é importante citar a vocês que o ato de conhecer para decartes não é um ato de criação e sim de revelação de uma ordem natural e racional já existente mas claro esta revelação não é automática porque o ser humano terá que usar a sua razão submetê-la a a um método submeter seus pensamentos a esse método para lidar com os dados coletados do ponto de vista qualitativo decartes nos propõe um desafio
decartes usa a cera para que fique mais familiar para nós eu vou usar manteiga Imagine você que você tenha um tablete de manteiga na tua geladeira você abre põe o tablete num prato e você vai começar a refletir sobre ele Seus familiares vão pensar que você desenvolveu algum disturbo mental Mas você explica para eles do que se trata você vai tocar nesse tablete e você vai senti-lo de um jeito você pode cheirá-lo e você terá um cheiro qualquer você pode experimentar seu gosto e você pode simplesmente observar o seu formato manteiga vamos supor depois que
você pega ess tablete e coloque na frigideira aí você liga o fogo o que que aconteceu com a manteiga ela derreteu bom você vai sentir o cheiro da manteiga der o cheiro é diferente um pouco o gosto é diferente um pouco o estímulo do tato é diferente muito muito e a aparência o formato muda completamente nesse momento Alguém entra na cozinha e você diz isso aqui na frigideira é manteiga inha básica o que te permitiu dizer que o tablete que estava na geladeira era manteiga e agora este que está na frigideira completamente diferente também é
manteiga possível que você continue a reconhecer a manteiga mesmo depois que todos os sinais dos Sentidos mudaram Como você consegue identificá-la você não deveria ser se são os sentidos a fonte da verdade você não deveria ser capaz de reconhecer quando os sentidos mudam mas você é capaz como bom a conclusão de Descartes é que você consegue fazer isso porque a verdade da manteiga não está naquilo que você está vendo nem tocando está naquilo que você está pensando existe como que uma ideia de manteiga dentro de mim que me faz classificar o mesmo objeto ou perdão
me faz classificar dois formatos no mundo de forma diferente com o mesmo nome a verdade está dentro de nós e usando a nossa razão nós podemos revelá-la vamos ver como o autor coloca isto mas o que se deve notar é que Sua percepção o sua aqui é no caso dele da cera no nosso caso da manteiga mas o que se deve notar é que Sua percepção ou ação pela qual é percebida não é uma visão Nem um tatear nem uma imaginação e nunca o foi apesar de assim parecer anteriormente é apenas uma pesquisa do Espírito
isso daqui chama-se [Música] idealismo a fonte da verdade não está nos sentidos Está na Mente está na alma está no intelecto está no entendimento certo então penso que isso foi explicado satisfatoriamente por fim para terminar a nossas o nosso curso eu gostaria de abordar o problema do mal e o problema do erro em Descartes todos os filósofos ou cristãos ou que de alguma maneira chegaram a conclusão de que Deus existe e Deus ocupa uma posição importante na sua filosofia todos eles sentiram necessidade de falar um pouco sobre o mal por quê Porque sempre quando você
conclui que um Deus perfeito existe a pergunta automática que as pessoas fazem é bom se esse Deus me criou Por que que eu não sou perfeito como ele se esse Deus era tão bom por que que ele me criou com o mal por que que o mal faz parte de mim Por que o mal faz parte do mundo por que Deus me criou [Música] imperfeito é para tentar resolver esta [Música] que decartes falará sobre o mal nós tendo sido criados por um Deus perfeito não deveríamos ser capazes de errar por exemplo mas fato é que
somos por quê uma primeira resposta de alguns autores é a de que Deus me fez imperfeito para que eu pudesse existir [Música] explico Deus é perfeito Perfeição só pode existir uma não pode existir duas perfeições diferentes só uma Deus não podem existir duas perfeições diferentes porque se houvesse uma teria algo diferente da outra então faltaria esse algo para a outra então ela não seria perfeita então Perfeição só existe [Música] uma Deus me fez imperfeito para que eu pudesse existir porque se Deus fosse criar algo perfeito ele não me criaria criaria a si próprio Deus teve
que abaixar o nível da sua obra para que ela pudesse existir bom decartes começará dizendo o seguinte o homem é o meio termo entre Deus e o nada quer dizer Deus é a pura perfeição Deus é a reunião de todos os atributos do mundo em máxima potência e o nada o nada não tem nada é zero de atributos Deus quando criou o mundo distribuiu a sua perfeição e a sua e a imperfeição sendo que a imperfeição nada mais é do que a ausência de Deus então todas as criaturas do mundo elas compartilham uma parte com
Deus mas elas são identificadas não somente por causa dessa parte mas sobretudo pelo que elas não têm de Deus existe portanto um erro de perspectiva no caso do mal o mal em si ele não existe nós vamos usar a palavra mal apenas por uma questão linguística mas o mal em si não existe o que existe é a ausência de bem o que existe a ausência de Deus a imperfeição nada mais é do que a ausência de Deus Portanto o homem erra porque não é Deus e na medida em que não é Deus mas decartes ainda
não estava satisfeito e decartes vai refletir mais ainda porque a pergunta eh continua quer dizer que parte de mim é Deus e que parte de mim não é Deus como eu erro o que me faz errar Qual é a raiz dos erros que nós cometemos Descartes explicará o seguinte a parte Divina em mim nós todos né chama-se vontade e a vontade para decartes é a capacidade que todos nós temos de julgar e escolher o popular livre arbítrio Esta é a parte Divina em mim essa é a parte limitada em mim nós todos temos livre arbítrio
para fazer o que quisermos se eu quiser desligar essa câmera agora e meter a cabeça na parede eu faço porque sou livre para isso eu posso agora sair correndo pela rua posso passar o dia inteiro plantando bananeira posso fazer o que eu quiser sou livre entretanto Nós também temos o entendimento temos a capacidade de conhecer e de buscar a verdade só que em nós esta capacidade é limitada é finita a nossa vontade é [Música] ilimitada o nosso entendimento é limitado existem pessoas que agem sem pensar as pessoas deveriam submeter todos os seus julgamentos e todas
as suas ações a razão ao entendimento mas elas não fazem isso as pessoas gostam de tomar decisões sem refletir Clara e distintamente a respeito do que estão [Música] [Aplausos] decidindo ora se a vontade é ilimitada e a razão é limitada erramos quando julgamos e escolhemos fora dos limites do entendimento Isto é quando não controlamos a vontade com a nossa razão erramos quando não mantemos nossa vontade dentro do que aquilo que o nosso entendimento já investigou quando nos metemos a falar sobre o que não conhecemos quando nos metemos a fazer aquilo que não sabemos quando nos
metemos a falar sobre aquilo que não pensamos quando colocamos os o carro à frente dos Bois nos atropelamos e a pressa a afobação ou qualquer coisa dessas faz com que nós tomemos decisões sem pensar nessas decisões e quando isso acontece é muito fácil tomar o falso pelo verdadeiro o mal pelo bem o certo pelo errado a boa notícia é que Deus não coloca uma arma na nossa cabeça obrigando-nos a emitir juízos e a agir de maneira que nós podemos porque nossa vontade é ilimitada suspender os nossos conceitos Até que a gente pense e chegue a
uma opinião Clara a respeito do que a gente suspendeu Isso é uma garantia contra o erro agora se você se deixou levar pela sua afobação e resolveu agir sem pensar não ponha isso no colo de Deus ponha isso no teu colo porque isso foi você que fez se você resolveu por exemplo ser preconceituoso porque o que que é o preconceito não é preconceito é quando nós formamos um conceito sem refletir sobre ele é a mesma coisa por isso é um erro nós cultivamos juízos a respeito de algo ou alguém sem distinguir aquilo ou aquele de
maneira clara e distinta sem usar a razão a fronteira entre o preconceito e o conceito é a razão você bem pode falar não isso não é um preconceito isso é conceito desde que você tenha usado a razão para julgar aquele objeto abre aspas eu me equivoco porque o poder que Deus me deu para discernir o verdadeiro do falso não é infinito em mim olha que beleza e aí colegas ouvintes decartes recomendará um hábito magistral nesses tempos de internet de redes sociais Eu recomendo até que você ponha um quadro na tua parede com esse conselho porque
esse é bom [Música] mesmo ele dirá o seguinte habitue-se a abster-se de dar opiniões sobre aquilo que você não investigou não é bom não é bom faça esse exercício não dê opiniões sobre aquilo que você não pensou sobre aquilo que você não refletiu Isto é um conselho salutar você não está obrigado a dar opiniões sobre tudo você não está obrigado a ser a favor por disso ou daquilo você não está obrigado a sempre ter uma opinião formada sobre tudo a resposta não sei é legítima você não está obrigado a ser a favor ou contra o
aborto a ser ao favor ou contra a maconha não está [Música] obrigado se você refletiu bastante e chegou a uma conclusão bom defenda agora não se sinta obrigado a tirar conclusões a a tirar conclusões não a emitir juízos existe uma uma quase síndrome de de todo mundo acha que tem que ter a opinião Isso já é perigoso normalmente agora com a internet aí a internet ela tem ela é ruim por quê Porque você vai emitir uma opinião se depois você for desmoralizado isso vai est gravado para sempre né não é melhor ficar quietinho estudar e
emitir a seu juízo preparado eu acho melhor não confunda isso com ã sei lá bunda molice não confunda isso com covardia vai porque a covardia o covarde é o sujeito que chegou a um conceito diria Descartes Claro e distinto e não o defende por vergonha por medo não é isso não é [Música] isso mas é que parece que hoje vocês não ter opiniões é sinal de burrice quer dizer o sujeito vira para você e fala assim ah que que você acha do sei lá do da ocupação das escolas aí você resp não sei eu não
pensei sobre isso não sei Aí o cara já Ah bom se você não sabe então você é um deles sabe a coisa tá assim você te obrigam a tomar a posição então você não aceite isso tome posição Apenas quando você acha que já tomou porque investigou o assunto é um hábito salutar tá bom é isso aí mas isso também isso daqui é só aula tá gente isso daqui eu não isso aqui não tem nada ver comigo não tá isso aqui é só decartes é decartes quem tá falando eu tô fazendo nada decartes que tá falando
isso muito obrigado pela atenção de vocês e é isso aí nós nos vemos depois até mais tchau tchau
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