k [Música] [Aplausos] [Música] são os ociosos que transformam o mundo porque os outros não t tempo algum alber escritor e filósofo esta série do Café Filosófico fala sobre o sete Prazeres capitais Prazeres talvez você os conheça como sete pecados capitais orgulho [Música] Ira inveja avareza Gula preguiça Luxúria Você já pensou como isso tem se transformado como ao longo do tempo pecados e vícios foram sendo [Música] ressignificados hoje vivemos a filosofia do faço logo existo e quem nada faz nada é a preguiça é adjetivo indesejável em qualquer currículo em qualquer caráter a preguiça é vergonhosa um
pecado capital para religião praticamente um palavrão que ofende a moral ocidental apoiada na produtividade no fazer mas quem nunca se questionou para que tanto trabalhar para que tanto produzir Nós somos de fato só aquilo que fazemos e produzimos eu pretendo apresentar a vocês algumas reflexões sobre a preguiça e a diligência e gostaria de iniciar a minha intervenção Lembrando que a inclusão da preguiça entre os sete pecados capitais está profundamente relacionada a uma certa interpretação de um sentimento que nós conhecemos menos do que a preguiça que é a sídia e esta relação entre a assd e
a preguiça ela está atestada desde os textos mais antigos ela pode ser encontrada por exemplo em Tomás de Aquino e ela é encontrada também no no catecismo atual da Igreja Católica de que eu cito um curto trecho esse trecho diz o seguinte os vícios podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam ou também eles podem ser reduzidos aos pecados capitais que foram Discriminados como Tais pela experiência Cristã por santo João Cassiano seguido por São Gregório grande e eles são chamados capitais porque geram outros vícios esses pecados são então o orgulho a avareza a inveja a
ira a Luxúria a gula a assd ou preguiça nós encontramos isso do mesmo modo Ou pelo menos de um modo bastante semelhante em São Tomás um vício capital é aquele do qual naturalmente procedem outros Vícios e assim como os homens fazem muitas coisas por causa do Prazer assim também fazem muitas coisas por causa da tristeza para evitá-la ou arrastados pelo peso da tristeza e esse tipo de tristeza a assd é convenientemente situado como vício capital seria preciso então que a gente se perguntasse em primeiro lugar por que preguiça ou acídia e eu acho que o
fato de que nós tenhamos dois significados para o mesmo Pecado Capital pode nos mostrar a importância desse como fonte geradora de uma situação de ânimo de uma espécie de estado afetivo extremamente perigosa tão perigosa que o filósofo italiano contemporân Giorgio agamben pode classificá-la como uma catástrofe antropológica que se abate sobre os homens religiosos se o monge afetado pela acídia põe-se a ler ele logo se interrompe se agita e no minuto mais tarde cai no sono ele esfrega o rosto com as mãos estende os dedos e depois de ter colocado o livro diante dos olhos avança
algumas linhas retomando e balbuciando o final de cada palavra que lê de tempos em tempos ele enche a cabeça com cálculos ociosos conta o número das páginas e das Folhas dos cadernos e ele toma ódio pelas letras e pelas belas miniaturas que tem so os olhos até que por fim fecha o livro toma um recosto pra cabeça e cai num sono profundo e curto nós vemos aqui portanto uma espécie de descrição uma fenomenologia da assd que é uma pintura muito próximo da lacid da indolência o que aproxima a Assia de um certo tipo de sentimento
extremamente importante que é a melancolia e de fato esta melancolia é que constitui a catástrofe que se abate sobre os homens religiosos e é uma catástrofe porque ela gera o tédio o desinteresse uma espécie de fastio e de asco pelo esforço em geral seja ele físico ou seja mental e que é alguma coisa ainda muito mais perigosa do que a simples inação a desídia a indolência ou a preguiça de tal maneira que nós podemos dizer que a ass Cídia enquanto Pecado Capital ela tem duas filhas a melancolia E a preguiça o médico grego Hipócrates no
século 5 antes de Cristo definiu a melancolia como a biles negra e a biles negra em excesso causava melancolia era a patologia dos humores tristes para Santo Agostinho a sídia é o tédio ou TR em rela aos bens interiores e aos bens do Espírito para a alma todo alimento é repugnante já São Tomás de Aquino em sua Suma Teológica diz que a tristeza é entre todas as paixões da alma a que mais causa dano ao corpo os melancólicos desejam com veemência os prazeres para expulsar a tristeza porque o corpo deles se sente como que pelo
humor ma mais tarde Freud discutiu o assunto no seu texto luto e melancolia o luto Afasta a pessoa de suas atitudes normais para com a vida mas sabemos que este afastamento não é patológico normalmente é superado após certo tempo e é inútil e prejudicial qualquer interferência em relação a ele a melancolia é um Deso profundamente penoso a sensação de interesse pelo mundo externo a perda da capacidade de amar a inibição de toda e qualquer atividade e uma diminuição dos Sentimentos de autoestima no luto é o mundo que se torna pobre e vazio na melancolia é
o próprio ego [Música] O problema é que destas duas filhas da sídia nas duas atitudes simetricamente Opostas completamente distintas do ponto de vista daquilo em que elas se mostram temos de um lado a inércia a vagabundagem a improdutividade Isto é aquilo que para uma sociedade Mercantil como a nossa que valoriza sobretudo como virtude a produtividade é alguma coisa intolerável Mas por outro lado Nós também temos com a acídia uma espécie de aversão e de repugnância um estado afetivo extremamente negativo que se coloca como uma espécie de fasti daquele que é cometido desse sentimento por uma
espécie de percepção do Absurdo da nossa existência Isto é com uma profunda insatisfação pela falta de sentido de qualquer ação e em geral pela falta de sentido da nossa vida enquanto tal ora é justamente [Música] esse estado aversivo que é aparentado com a preguiça Mas por outro lado é diferente dela que vai gerar alguma coisa totalmente diferente da indolência da inação da lacid que é justamente esse nosso ativismo essa necessidade de uma atividade febril e incessante justamente para vencer essa repugnância perante uma espécie de sentimento esmagador da miséria das nossas vidas a sídia é mãe
da preguiça a vontade de fazer nada a inação e mãe da melancolia a inércia perante a falta de sentido e a miséria da vida mas é justamente esse sentimento de insatisfação que pode nos empurrar para ação tédio Trabalho bastante cumpro o que os moralistas da ação chamariam o meu dever social cumpro esse Dever ou essa sorte sem grande esforço ou notável desinteligência mas muitas vezes em pleno trabalho outras vezes no pleno descanso que segundo os mesmos moralistas mereço e me deve ser grato de um féu de inércia estou cansado não da obra ou do repouso
mas de mim o tédio é sofrer Sem sofrimento querer sem vontade pensar sem raciocínio é como A Possessão por um demônio negativo um [Música] embruxada os preguiçosos e o ócio o filósofo niet foi taxativo pois quem não tiver para si dois terços do seu dia é um escravo seja ele de resto o que quiser político comerciante funcionário erudito A preguiça é a mãe do progresso se o homem não tivesse preguiça de caminhar não teria inventado a Roda poderia viajar o mundo inteiro certa vez abance a um trabalho intitulado preguiça constava do título e de duas
belas colunas em branco com minha assinatura no fim infelizmente não foi aceito pelo suposo coordenador da página literária já viram desconfiança igual censurar uma página em branco é o cúmulo da censura em o que prejudica a minha preguiça prejudica o meu trabalho eu quero tratar então destas duas variantes da preguiça da indolência da inação do Ócio por um lado e por outro lado dessa necessidade compulsiva de agitação permanente que funciona para nós como uma espécie de adição ou necessidade de entorpecente e eu eu queria trazer para vocês eh um trecho de nietzche em assim falou
zaratustra onde me parece que esta situação que eu procuro descrever a vocês em linhas Gerais aparece tratada por ele sob uma figura essa figura é a figura do último homem trata--se de uma figura estranha eh aparentemente desconcertante e que aparece justamente ao lado de uma outra figura que é o seu contrário que é a figura do além do homem ou do Superhomem personagens zaratustra vai paraa praça do mercado para anunciar aos homens uma nova perspectiva de sentido paraa humanidade isso é o Além do homem ou Superhomem E constata que tudo aquilo que as pessoas que
estão Reunidas na prça querem é o inverso do Superhomem o que eles querem é justamente o último homem que é o amor que é a criação que é a nostalgia O que é a estrela assim pergunta o último homem e pisca os olhos o último homem é o que vive mais tempo nós inventamos a felicidade dizem os últimos homens e PIS com os olhos a gente continua trabalhando pois o trabalho é um entretenimento mas evitamos que a diversão nos canse já não nos tornamos nem pobres nem ricos as duas coisas são demasiadamente molestas quem ainda
quer governar quem ainda quer obedecer as duas coisas são demasiadamente molestas temos o nosso prazer Zinho para o dia e o nosso prazer Zinho para a noite mas honramos a saúde nós inventamos a felicidade dizem os últimos homens e piscam o olho ora o que eu quero tentar mostrar a vocês aqui é que essa figura do último homem é tanto o signo quanto a alegoria de uma visão fantasmagórica com base nela acredito que nós possamos entrever uma as mais profundas e inquietantes suspeitas de nietz aquela que o colocava diante dos seus dois sentimentos mais implacáveis
a compaixão pelo homem moderno e o asco despertado pela visão da sociedade [Música] contemporânea os tempos modernos portanto os nossos tempos se inauguram com a abolição teórica a conção moral jurídica e polític da escravidão institui banid da cena públ com a configuração do republicanismo e do moderno estado democrático deito no entanto a proibição legal da escravidão institucional não poderia suprimir o reino das necessidades as urgências da Conservação da vida e a necessidade incontornável do trabalho justamente por causa disso o homem moderno vive uma dilaceração uma espécie de fragmentação e de contradição entre duas aspirações de
um lado a necessidade da luta pela sobrevivência a luta pela produção e reprodução da vida material e de outro lado a necessidade igualmente premente de elevação espiritual Justamente por isso no momento em que se inicia o projeto político da modernidade é necessário travestir a de reprodução da vida isso é a necessidade do trabalho do esforço e da Fadiga com uma certa tintura de nobreza é justamente daí que nascem as palavras dignidade do trabalho e dignidade do homem como se as duas coisas estivessem essencialmente relacionadas é justamente sob aed do liberalismo burguês com as suas aspirações
universais a igualdade que se opera uma tentativa de universalização das instituições democráticas e a partir daí o nivelamento do homem transformado em rebanho uniforme e coletivo anônimo de indivíduos laboriosos Daí o nosso viceral ódio a preguiça e a sua transformação em Pecado Capital dividido entre a contradição de lut pela sobrevivência e a necessidade de elevação espiritual o homem moderno acaba por associar valores de nobreza ao trabalho e relegar a preguiça a um status vergonhoso de marginalidade [Música] [Aplausos] [Música] [Música] na glorificação do trabalho nas incansáveis referências à benção do trabalho vejo a mesma ideia oculta
que há no louvor à ações impessoais e de utilidade geral a do temor ante aquilo que é individual pois o trabalho dispende muita energia nervosa subtraindo à reflexão a ruminação aos sonhos às ocupações ao amor e ao ódio ele coloca diante da vista um pequeno objetivo e garante satisfações regulares e fáceis assim terá mais segurança uma sociedade em que se trabalha dura mente e hoje se adora a segurança como a uma divindade Suprema E então que horror precisamente o trabalhador tornou-se um perigo pulam os indivíduos perigosos e por detrás deles o perigo maior a saber
o indivíduo o que o niet se empenha em fazer é buscar uma nova perspectiva de sentido ora aquilo que aparece para nós como uma nova perspectiva de sentido é justamente a glorificação do trabalho a valorização do trabalho como sendo a expressão essencial da dignidade do homem eu penso que niet aqui é Talvez um dos primeiros e mais radicais apologistas do Ócio e da preguiça e que talvez este novo sentido só possa realmente ser entrevisto a partir de uma Apologia do Ócio e da preguiça com boa consciência muito bem esta a ideia de que a nossa
sociedade é aquela que aposta todas as suas forças e todas as suas fichas no nivelamento na na na no anonimato coletivo em detrimento do indivíduo é alguma coisa que aponta em Nite para esta esse temor esse medo visceral que a nossa sociedade Tem Diante da figura daquele que assume a sua própria singularidade isso é aquele que não tem exatamente a forma do último ano do último homem isto é para aqueles indivíduos que citam como de uma atmosfera Vital de tempo para si de uma espécie de relação de cultivo consigo mesmo ora este tipo de relação
consigo mesmo só pode brotar do Ócio e da preguiça como uma condição Vital o que eu gostaria de sugerir a vocês é que nisto aqui existe uma certa relação efetivamente livre e positiva com o óseo que não é uma relação marcada por uma postura reativa e ressentida com o ócio que só pode vê-lo como o outro do trabalho alienado e do trabalho escravizante eu quero dizer com isto que nós encontramos fora de inite Sem dúvida também uma Apologia do Ócio em vários autores ocidentais mas uma do óo que não se assume como uma relação livre
Isso é como uma relação positiva com o ósseo porque ela está desde sempre marcada por uma espécie de recusa do trabalho alienante do trabalho escravo e uma justificação ética do Ócio que só pode se sustentar a partir dessa recusa da alienação [Música] a preguiça é um dos sete pecados capitais ainda assim na Bíblia o próprio Cristo também ensinou a importância da contemplação e da paciência da não ação olhai para as aves do céu que não semeiam nem ceifam nem juntam em celeiros e Vosso Pai Celestial as alimenta não valeis vós muito mais do que elas
e pelo que hais de vestir Por que andais ansiosos olhai para os lírios do campo como crescem não trabalham nem fiam Não vos inquieteis pois pelo dia de amanhã porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo voltando a Mário Quintana e suas reflexões sobre o ócio o poeta bem observou que se a preguiça é pecado ela também é uma forma de se evitar outros peos a pregi oics de comos seis su preg que doer e de to ABS por tua causa quantas más ações deixei de cometer abro aqui espaço para uma suspeita de que
em nosso tempo só encontramos em autores como niet e particularmente em seus discípulos antim modernos uma apreciação produtiva do Ócio e do farniente assim como de modos de vida que são essencialmente aparentados a ele por exemplo o lazer a dissipação a gratuidade a fruição Desprovida de finalidade extrínseca e utilitária como nós vivemos por exemplo no prazer estético na sexualidade mas também em antíteses extremas como nos ritos sacrificiais e nas figuras da marginalidade em nietzche mas também em George Bat o ócio é assumido como um valor em si é acolhido e firmado no registro pleno do
inútil do não indo a sujeição da vida à lógica da utilidade e da categoria de finalidade existir significa agir sem qualquer finalidade utilitária existir significa gastar não conservar aceitando a sua própria dimensão trágica da Morte um outro texto que me parece excelente em relação a isso é aquele no qual nós vemos o todos esses elementos que eu venho tratando até agora reunidos num diagnóstico esse diagnóstico niet o reúne num conceito que ele chama de barbárie civilizada em geral a gente costuma pensar a civilização como o contrário da barbárie ora O Nosso Tempo É para ele
justamente caracterizado por ser um tempo de barbárie civilizada a medida em que andamos para o ocidente escreve ele torna-se cada vez maior a agitação moderna de modo que no conjunto os habitantes da Europa se apresentam aos americanos como amantes da Tranquilidade e do Prazer embora se movimentem como abelhas ou como Vespas em voo essa agitação se torna tão grande que a cultura superior já não pode os seus frutos é como se as estações do ano se seguissem com demasiada rapidez por falta de tranquilidade a nossa civilização se transforma em uma nova barbárie em nenhum outro
tempo os ativos Isto é os intranquilos valeram tanto como agora logo entre as correções que necessitamos fazer no caráter da humanidade está fortalecer em grande medida o elemento contemplativo mas desde já o indivíduo que é tranquilo e constante de cabeça e de coração tem o direito de acreditar que possui não apenas um bom temperamento mas uma virtude de utilidade geral e que ao preservar esta virtude está realizando uma tarefa superior ora esta noção de barbárie civilizada e de agitação permanente e intranquila vem mostrar precisamente em função da sua falta de sentido que a despeito de
todo o gasto de energia nesse agitar-se permanente O processo todo é absolutamente irracional a escravidão dos bárbaros escreve niet quer dizer a nossa é uma escravidão mental marcada pela divisão do trabalho como princípio de barbárie E domínio do mecanismo a moderna divisão do trabalho inspirada na fábrica induz favorece e consolida as especialidades cada vez mais pronunciadamente unilaterais tanto no âmbito da produção material quanto no do Espírito no reino da Necessidade como na Liberdade ora esta divisão técnica em especialidades é o fim de um pensar propriamente orgânico ou seja de acordo com o diagnóstico de niet
a contrapartida do nosso mundo laborioso é justamente a escravidão mental a escravidão mental que se reflete no Timo dos nossos corações e na visibilidade dos nossos corpos A grande maioria precisa trabalhar em dois ou mais empregos com um período de descanso inferior a um quarto do dia para poder viver sobre um teto com condições mínimas de sobrevivência esse discurso é uma proposta filosófica existencial que se dirige a uma maioria privilegiada economicamente se para poder viver debaixo de um teto minimamente Digno você precisa ter 3 4 C empregos etc etc tem alguma coisa errada aqui não
me parece que seja uma proposta para economicamente abastados nem para para grandes elites não me parece uma espécie de chamamento de atenção pro caráter absolutamente ir de uma sociedade que se pretende hiper racionalizada ou seja uma sociedade que se constrói inteiramente Com base no cálculo utilitário e na razão na razão instrumental e se você parar para pensar em fenômenos como esse que você acaba de mencionar você vai ver que toda esta organização é absolutamente irracional mas como essas questões como os nossos ouvidos não Estão dispostos a ouvir esse tipo de problema n às vezes é
preciso gritar eu acho que o que o fez foi isso foi fazer uma espécie de estridência que tornasse possível aos ouvidos modernos ouvir alguma coisa que nós não estamos muito dispostos ainda hoje a escutar se eruditos se envergonham Do isso é por certo Um Sinal dos tempos mas há algo de Nobre No ócio e no lazer se o ócio é realmente o começo de todos os vícios então ao menos ele está bem próximo de todas as virtudes o oso é sempre um homem melhor do que o ativo mas não pensem que ao falar do Ócio
e do Lazer eu estou me referindo a vocês seus preguiçosos é preferível morrer de tédio ou Morrer de estress você escolheria para Oscar Wilde não fazer absolutamente nada é a coisa mais difícil do mundo a mais difícil e a mais intelectual e a arte é o mais intenso tipo de individualismo que o mundo já conheceu mas hoje esta civilização frenética e tecnológica tomada por um senso de utilitarismo contraditoriamente nos deixa mais e mais bárbaros parece que a arte não é mais essencial a selvageria da moderna barbar civilizada se denuncia em nossos dias sobretudo no plano
da relação entre a arte e a vida a devastação e a esterilidade que nos assolam manifesta-se na relação inautêntica Consumista com as obras de arte cuja fruição exige antes deo tudo tranquilidade repouso sossego paz no corpo e na alma nós escreve niet temos a consciência de uma época laboriosa isso não nos permite dedicar a arte à melhores horas e manhãs ainda que essa arte seja a maior e a mais digna para nós ela faz parte do Ócio da recreação damos-lhes o resto do nosso tempo o resto das nossas forças Este é o fato mais geral
que alterou a posição da arte diante da vida ao fazer grandes exigências de tempo e energia aos seus receptores ela tem contra si a arte tem contra si a consciência dos laboriosos e dos capazes uma antiga sabedoria Zen budista considerava que os mestres e sábios só adquiriam a perfeição que é própria dos homens simples quando fossem capazes de experimentar a mútua necessidade da ação e da contemplação de modo que na comum exigência de ambas restava abolida a oposição excludente entre agir e não agir cito um antigo texto Zem budista os antigos diziam que estavam ativos
durante todo o dia e no entanto nada tinham feito visto a partir da percepção imediata em meio à atividade domina o repouso nós então e só então Agimos sem agir isso porque para essa modalidade de Sabedoria oriental é somente em meio à mais intensa atividade que pode vigorar o repouso na consciência de que a atividade qualitativa superior é aquela em que Agimos sem necessidade de agitação de modo que em meio a mais intensa atividade impera a ausência de movimento para nós todavia seria de grande utilidade gastar um pouco de tempo para reaprender a lição da
Sempre sóbria e instrutiva filologia com quanto de etimologia incerta a palavra Latina Labor trabalho Lavoro leor travai remete a ideia de dor tormento agonia sofrimento esforço cansaço pena e extrai esta rede de significações da sua relação etimológica com palium um instrumento de tortura usado no princípio da idade média Nossa vertiginosa agitação só é capaz de encontrar repouso na paradoxal espiral permanente de uma necessidade de consumo ininterrupto aspas pois viver continuamente a caça de ganhos obriga a desprender o espírito a despender o espírito até exaustão sempre fingindo sempre fraudando antecipando-se aos outros a autêntica virtude agora
é fazer algo em menos tempo do que os demais assim são raras as horas em que uma honesta retidão é permitida Nessas horas Porém a pessoa está cansada e gostaria não apenas de se deixar ficar mas de se estender desajeitadamente ao cumprido é conforme tal inclinação que as pessoas agora escrevem cartas e o estilo e o Espírito das cartas sempre serão o verdadeiro sinal dos tempos se ainda há prazer com a sociedade e as artes é o prazer que arranjam para si os escravos exaustos do trabalho Que lástima essa essa modesta alegria de Nossa gente
culta e inculta Que lástima essa desconfiança crescente de toda alegria cada vez mais o trabalho tem ao seu lado a boa consciência a inclinação à alegria já se chama a si mesma necessidade de descanso e passa a ter vergonha de si própria fazemos isto por nossa saúde é o que dizem as pessoas quando são flagradas numa excursão no campo por exemplo com efeito o estilo e o Espírito das cartas serão sempre um inesgotável fundo semiótico um verdadeiro sinal dos tempos nossas cartas são postadas em twitters blogs sites e redes virtuais de comunicação imediata em dimensão
espacial intergalática e em tempo real Talvez o elemento de unidade de nosso estilo de comunicação epistolar possa ser encontrado no volume de tráfego em redes mundiais de computadores em termos de quantidade de transmissão de bytes por segundo é para aí que conflui a incessante tagarelice que procura sufocar ou anestesiar a vergonhosa indigência de nossas vidas a sua falta de nobreza e de honra que no passado habitavam como sabemos apenas nas esferas do Ócio das Artes e da política pensando que os gregos ofertaram ao mundo a possibilidade de que para ser um filósofo você deveria ser
alguém com ócio deveria ser dominantemente contemplativo o mundo capitalista como várias vezes o Coia tocou introduziu a ideia de que a vida é feita de trabalho de dedicação de ocupação permanente apenas para provocar pergunto ao meu amigo diac Coia é melhor morrer de estress ou Morrer de tédio já que todos morreremos de qualquer jeito eu teria pouca hesitação em dizer que o ideal seria poder não morrer nem de tédio e nem de estresse o ideal seria poder conduz uma vida em que nós tivéssemos uma dimensão própria para poder fazer do nosso trabalho alguma coisa que
fosse não só eh dissipação né mas que também fosse alguma coisa que produzisse intensa gratificação e que pudesse ser um gênero de vida que reservasse para nós algo que eu eh deixei para tocar no momento das nossas discussões aqui é preciso que no nossos dias nós sejamos capazes de recuperar um certo sentido de ética ou de éos com o qual um Pensador como Nite trabalha permanentemente e de forma absolutamente intransigente nesse sentido ou nessa acepção de etos ou de ética ética não tem a ver com nenhuma forma de prescrição normativa imperativo preceito mas pelo contrário
a a ética tem uma relação profunda com a arte e ela se torna uma estilística ética É nesse caso entendida e praticada como uma estilística da existência como uma relação de si consigo mesmo como uma espécie de atividade pela qual e no curso da qual nós sejamos capazes de dar forma à nossa vida imprimir forma nosas modalidades de existência ou se transformar a própria vida em uma obra de arte esse tipo de postura é posta necessariamente de calma de tranquilidade de serenidade que exige recolhimento silêncio e sobretudo tempo para si mesmo eu acho que alguém
que fosse capaz de viver hoje mais ou menos segundo essas coordenadas dificilmente morreria ou de tédio ou de infarto talvez se nós tivéssemos que fazer uma pergunta uma uma resposta ao nos termos exatamente em que ele a coloca estress ou tédio talvez fosse ainda preferível uma experiência efetivamente radical de tédio que nos colocaria Face a Face com um vazio a partir do qual nós pudéssemos de fato começar a preencher a nossa vida com alguma perspectiva de sentido nós somos também aquilo que não produzimos nos constroem também os momentos em que decidimos nada fazer e se
o ócio E a preguiça ocuparam um dos terraços no purgatório de Dante alier na Divina Comédia Hoje sabemos que são hábitos legítimos e importantes na construção de sentido e identidade este programa faz parte da série sete Prazeres capitais pecados e Virtudes hoje que você também enra no site da CPFL Cultura Talvez para nós modernos o ós realmente seja insuportável o que politicamente nós poderíamos fazer em coletivo para onde nos leva esta figura coletiva de uma vontade de poder [Música] k [Música]