Bom, pra que a gente possa falar na introdução ao marxismo precisaria começar de se perguntar o porque do Marxismo ainda ser hoje uma referência pra gente. evidente que pensamento humano é muito vasto, o Marxismo é uma corrente de pensamento que nasceu num determinado momento que se desenvolveu e tem uma grande contribuição a base para uma boa contribuição continua sendo antes como agora uma boa pratica de se apropriar da cultura universal. Como dizia o Gramsci estar antenado com o pensamento humano mais desenvolvido em todas as áreas.
O Marxismo, ele é o momento do desenvolvimento desse pensamento humano entende-lo, inseri-lo nesse desenvolvimento é fundamental para uma boa compreensão do Marxismo evitando aquelas armadilhas do dogmatismo daquela visão meio religiosa sobre o Marxismo como um dogma em que todas as resposta já estão dadas desde sempre pela afirmação, a citação de uma verdade eterna a grande virtude é exatamente ele ser um método de compreensão da história no seu movimento em suas contradições, na sua superação na sua historicidade e o próprio Marxismo está dentro dessa historicidade não está fora disso então é sempre bom começarmos por levantar pergunta qual é a atualidade do Marxismo hoje? por que ele ainda incomoda tanto? porque que todas as formas conservadoras, reacionárias sempre se levantam atacando o Marxismo?
não apenas no debate acadêmico mas no que nos interessa mais diretamente ali no calor da luta de classe. eu tenho a compreensão que o Marxismo é atual porque ele é ainda o pensamento do nosso tempo ele é o pensamento do nosso tempo porque ele é o pensamento que tornou possível compreender a sociedade capitalista essas sociedade capitalista nasceu em um determinado momento Brotou das contradições da forma feudal se desenvolveu e chegou a ter o seu desenvolvimento pleno a partir da Revolução Indústria que se universalizou e tornou capitalismo um modo de produção verdadeiramente mundial então é essa a atualidade do Marxismo é Também infelizmente a atualidade do modo de produção capitalista enquanto o modo produção capitalista for determinante a filosofia do nosso tempo é a filosofia da crítica do capitalismo daquela que desvendou de forma mais cabal o funcionamento desse modo de produção e conseguiu compreende-lo além de si mesmo apontando para a sua superação então o primeiro ponto de atualidade do Marxismo é ainda a prevalência do modo de produção capitalista agora quais são as características desse pensamento que torna assim tão subversivo? tão corrosivo?
o que há no pensamento de Marx de Engels que o torna tão valioso para aqueles, como nós, que queremos transformar essa sociedade? queremos apontar para sua superação será que é apenas uma questão fetichista? Será que é apenas um velho barbudo que falou coisas muito interessantes que a gente traz como ícone o existe no seu próprio pensamento elementos ainda tão corrosivos hoje como foram no século XIX, quando foram formulados.
Eu acho que nós podemos apontar para 03 grandes vetores 03 grandes bases sobre as quais se estrutura o pensamento de Marx e o que fazem tão subversivo. Acho que o primeiro deles, a primeira deles é a afirmação que vem da filosofia alemã das raízes mais profundas que vem do pensamento de Marx no pensamento filosófico naquilo que tem de mais avançado no pensamento filosófico no início do século XIX é que a filosofia alemã Dessa tradição da filosofia alemã, um vetor aparece no conjunto do pensamento de Marx como muito importante que é a perspectiva da totalidade Marx, ao contrário de outros pensadores que encararam a preocupação com a teoria social. Com a preocupação da forma de funcionamento da sociedade, o sue desenvolvimento é fugir daquelas determinações unilaterais que hora apontava para determinações das expressões da consciência a idéia, do espírito como fica claro na filosofia de Hegel hora se perdia nas particularidade das determinações sem que fosse possível chegar a compreensões gerais como na filosofia de Kant no elogio do particularismo é isso na teoria social fica muito nítido uma polêmica que vai marcar todo odesenvolvimento da sociologia burguesa as determinações são materiais formam um determinado modo de vida que moldam o comportamento dos indivíduos ou o inverso, são as ações dos individuos que resultam em formas gerais Marx vai fugir dessas determinações particularistas ou da metafísica de determinações gerais para trabalhar a unidade entre esses elementos compreender isso como totalidade.
Marx é o pensador da totalidade compreendi a forma como as determinações economicas sociais, históricas, culturais se articulam num todo traça essa perspectiva do todo da totalidade em movimento na totalidade que se forma por suas contradições e que Marx vai trazer de uma profunda influência em sua formação filosófica do que havia de mais desenvolvido na filosofia alemã é o primeiro dos vetores que torna Marx o pensador tão importante ainda uma referência tão importante nós temos hoje um caminho inverso, o caminho de desconstrução da totalidade de negação da totalidade o elogio da fragmentariedade o elogio da particularidade daquilo que não se conforma num sistema. Naquilo que não resulta numa totalidade isso que é próprio da critica pós-moderna porexemplo encontra ainda na afirmação de Marx algo essencial a ser resgatado não porque nós preferimos a categoria de totalidade e rejeitamos a fragmentação que a pós-modernidade elogia mas porque nós estamos convictos a realidade hoje do mundo é uma realidade articulada num sistema tem determinações mais profundas que permeia o conjunto das manifestações aparentemente tão dispares, tão caótica então a totalidade eu destacaria como primeiro elemento. o outro elemento que a gente tem que destacar na sequencia.
que vai darforça do pensamento de Marx, e fazê-lo ainda muito atual é a sua crítica da economia política Marx a partir dos fundamentos da filosofia alemã chega a uma determinação chega a uma determinação e vai aprofundá-la essa totalidade é determinada materialmente essa totalidade encontra na a forma como seres humanos produzem e reproduzem sua existência a base sobre a qual eles erguem todas as outras formas que constitui a sociabilidade humana. As relações sociais as quais eles produzem a vida as formas como articulam as dimensões do poder, as formas politicas as maneiras de normatizar as vidas em estruturas politicas que podem ou não se desenvolver em formas do Direito e até mesmo nas formas da consciência social em cada época não basta apenas dizer que essa ação as esferas constitui a vida social essas esferas estão articulas numa determinada maneira de produção e reprodução o material da vida, da existência levando uma das mais famosas formulações de Marx contidas contidas num texto de Marx em 1859 que pré-faceia a sua obra contribuição à crítica da economia política quando Marx vai chega a famosa sintética formulação não é a consciência que determina o ser social sócio é o ser social composto de todas essas demissões que vai determinar a consciência então não há contradição ao nosso ver, não há algum tipo de antagonismo entre esta afirmação da totalidade com uma determinação material. Afinal de contas é uma totalidade determinada materialmente pela produção e reprodução material da vida Dentro de uma perspectiva de uma totalidade determinada materialmente Marx chegará as questões da chamada economia então quando Lenin escreve seu texto sobre as 03 fontes que constitui o Marxismo ele vai falar da filosofia alemã e da economia político inglesa marx não chega nos assuntos da economia gratuitamente ele chega como uma derivação de seu postulado e de seu pressuposto filosófico postulado materialista de Marx a afirmação que é na produção e reprodução material da vida que levará Marx há uma pergunta essencial como se dá a produção material da vida na época histórica em que estamos envolvidos?
A questão do Estado a questão da filosofia a questão da alienação os temas tão caros ao Marx naquele primeiro momento da sua produção teórica vou ganhando contornos mais precisos quanto mais Marx se aproximam da questão essencial qual é a totalidade que abarca essas determinações particulares que se expressa na consciência nas diferentes formas de expressão da consciência, na filosofia, na arte, na ideologia. e como que isso vai se expressar também em formas política levando à reflexão sobre o Estado levando à reflexão sobre as formas do direito. Então a grande descobertas científicas de Marx, vamos dizer assim, nesse momento é que todas essas dimensões da vida não podem ser entendidas em si mesmas como Marx, por exemplo se refere ao direito a área que eu vou lembrar é a área de formação dos primeiros estudos do Marx.
Marx vai estudar direito na sua formação universitária e Marx vai chegar a conclusão que direito não pode ser compreendido em si mesmo, mas somente citando o prefácio inserindo naquilo que Hegel, a exemplo dos ingleses e franceses da sua época denomina de sociedade civil burguesa agora o que que é essa sociedade civil burguesa? ela é uma abstração se desconsiderarmos a forma material da produção da vida isso remete os estudos de Marx a economia política e a critica da economia politica o que é sem dúvida onde Marx vai produzir a sua melhora prima. Vai passar 40 anos de sua vida estudando a maneira como se dá a produção do capital como é que o Capital como um conceito.
como é que o conceito do capital pode ser compreendido. Mais do que um estudo histórico sobre o desenvolvimento de uma formação social capitalista Marx está desvendando o conceito de capital como uma totalidade essa visão da totalidade não é apenas algo que se remete a somatória das esferas da produção da vida na economia, nas relações sociais, no direito, na politica, nas formas de consciência é também um movimento de constituição dos conceitos, das categorias daquilo que permitisse se apropriar dessa vida em movimento a partir do pensamento a dimensão filosófica e Marx é o fundamento pra sua crítica da economia politica que vá gerar a sua grande obra que é o capital no entanto essa perspectiva tanto da critica filosófica quanto da critica econômica está associada a uma terceira dimensão que nós não podemos perder de vista marx não é um diletante, Marx não está discutindo a filosofia alemã ou a economia política para buscar uma nova moda na teoria seja econômica, seja filosófica marx é um pensador que está muito preocupado com as questões do seu mundo das das transformações sociais que estão em curso Marx é um alemão nasceu numa cidade chamada Travis em 1831 uma região fronteiriça entre a França e Alemanha portanto com uma grande influência da cultura francesa. E também trazendo com isso toda uma tradição revolucionária da França.
O pai de Marx é um entusiasta da revolução Francesa enquanto jovem tem uma sólida formação dos pensadores próprios dessa tradição e vai ter um diálogo muito crítico a experiências revolução francesa olhada a partir de um jovem alemão. Marx é um cara da periferia, a periferia do mundo. o centro das transformações burguesas estão na Inglaterra na França.
Marx é alguém que olha isso pra Alemanha já a partir deste olhar ele vai desenvolver um terceiro elemento que nós consideramos essenciais no conjunto de sua obra. Que é o conteúdo politico quer dizer, o socialismo francês a crítica aos limites da revolução burguesa na França, a perspectiva de que ele é o momento de uma transformação maior em concurso que aponta para além dela. o que já se expressam na obra dquilo que Engels chamará de depois dos socialistas utópicos.
É parte constituinte do pensamento de Marx o pensamento politico Frances e mais especificamente, o socialismo Frances essas três vertentes: a crítica filosófica, a crítica da economia política e eu pensando e do político francês sintetiza um pensamento de algo novo de uma nova produção teórica, de uma produção política que vai influenciar profundamente o mundo. isso talvez resolva de passagem um dos dilemas daqueles que querem enquadrar Marx na história do pensamento. Marx é um teórico da política, Marx é um economista então como explicar a influência que Marx aparece e se expressa de forma tão contundente e em tão diferentes campos do saber.
na economia, na política, na história, na psicologia, na geografia, na teoria politica, na economia. isso se dá porque Marx considere dialogar nessas diferentes áreas sem que com isso se torne economista, um folósofo, um teórico da política, um historiador. ele mais uma vez é um teórico da totalidade, dessas dimensões que constitui o Ser Social.
Ora, em cada uma dessas áreas nós podemos escolher algumas categorias, alguns conceitos que são essenciais para entender o Marxismo, que identificam o Marxismo naquilo que de mais particular, de próprio. Evidente que na filosofia temos que destacar a dimensão do método. Então da filosofia, o método de Marx produz uma síntese genial.
Ele utiliza os fundamentos do materialismo do filósofo que com que ele teve aulas, teve proximidade direta, teve influência direta que é o ludwig feuerbach. que é um jovem Hegeliano que critica Hegel na sua perspectiva de um pressuposto idealista afirmando um princípio materialista. Então ele utiliza esse materialismo de Feuerbach contra Hegel.
mas ao fazer isso, incorporar a lógica de Hegel no que lhe permite inclusive ir muito além da crítica materialista que Feuerbach fazia produzido uma síntese entre o principio materialista de Feuerbach e à lógica de Hegel que é dialética criando assim as bases do fundamento do seu método que nós vamos chamar portanto de uma dialética materialista Quer dizer, se isso são elementos essenciais ainda hoje para compreender o mundo é porque há uma virtude nesse método. A tentativa de captar o movimento no seu próprio movimento a partir de suas conclusões, dos saltos de qualidade dando a esse método uma perspectiva de movimento, de dinâmica que vai muito além da subutilização particular em um ou outro tema. Na questão econômica é evidente que há uma centralidade na leitura que Marx desvenda do funcionamento do capital, da crítica que ele faz à economia política clássica feita por Adam Smith, por Ricardo por outros economistas que Marx se apropria Marx consegue dar um salto além, daquilo que a economia politica burguesa havia logrado fazer, na medida em que ele vai desvendar as determinações mais profundas no ser do capital, chegando à forma a mercadoria e decompondo essa forma mercadoria naquilo que a constituí.
chegando portanto ao pilar da teoria marxista que é a teoria do valor. Que dizer, para Marx a sociedade capitalista se apresenta como uma imensa coleção de mercadorias, mas o segredo da mercadoria principalmente na forma capitalista na forma de produção de mercadoria tá muito mais determinado pelas relações sociais que constituem essa forma. a Relação entre aqueles que são os proprietários do meio de produção e aqueles que vendem a força de trabalho.
é nessa relação que Marx irá desvendar o conceito principal da sua obra central, O Capital que é a teoria do valor. Muitas pessoas acreditam que a ao enveredar pelo estudo do Capital pelo desvelamento do conteúdo, das substâncias da forma mercadoria na teoria do valor Marx teria dado o salto, teria se distanciado de suas preocupações filosóficas para adentrar as determinações da economia. Então é quase como que um jovem Marx filósofo teria transitado por um Marx adulto, maduro, preocupado com as questões da economia nós vemos ai evidente que rupturas, evidentes que saltos.
mas há também uma continuidade essencial. Talvez a obra mais filosófica de Marx no sentido próprio da filosofia Marxista seja o Capital Marx está operando o método de uma maneira muito intensa ao escrever o capital, está tentando apropriar-se da lógica dialética, e desenvolve-la na exposição do capital como algo que é essencial para que a gente entenda como ele chega a noção do valor e as consequências que tira dai. E também o capital não é um momento em que marx se desliga das suas preocupações politicas pra fazer um estudo econômico.
o capital é um programa da revolução proletária o Capital é a exposição das contradições de um modo de produção que apresenta no seu desenvolvimento a possibilidade de sua superação. O capital trata da luta de classes é uma expressão de como certa relações sociais são antagônicas na constituição do ser que é o capital que por isso trás contradições insolúveis no seu devir no seu desenvolvimento. O capital ao centrar a sua explicação do valor na apropriação do trabalho vivo do trabalhador apropriação esta realizada pelos proprietários dos meios de produção inverte, olha a realidade do ponto de vista do proletário.
Isso não é um mero acaso, não é acaso que Adam Smith entenda o lucro como um tanto a mais colocado na hora da venda e que remunera o esforço e a iniciativa do capitalista. Enquanto Marx vê essa variação de valor que ele vai chamar de mais-valia como um ato de expropriação do trabalho daquele que produz por aquele que se apropria. Então na própria definição do conteúdo das categorias econômicas nós temos aí a luta de classes o que vai desdobrar esta terceira dimensão da obra de Marx que é a dimensão politica que a dimensão da revolução proletária Marx chega à dimensão da revolução proletária também por pressupostos filosóficos.
Ele chega a noção da necessidade de uma emancipação que vá além da emancipação realizada pelo ciclo burgues. A completude da revolução burguesa no caso da Alemanha é o seu grande problema Marx está envolvido para ele próprio enquanto alguém daquela área que futuramente se constituiria na nação alemã está preocupado com os problemas da história alemã e se pergunta: que tipo de emancipação é possível e necessária para os alemães? e quem pode levá-la a cabo?
nesse sentido ele descreve algo já na "introdução a crítica do direito de Hegel" Marx já ali, aponta claramente que ele tem uma perspetiva muito distinta dos seus contemporâneos. não se trata de repetir a revolução burguesa ocorrida na França e Inglaterra nas condições da Alemanha. Nas condições da Alemanha não é suficiente, não é possível e nem suficiente repetir a revolução burguesa.
Está em jogo na Alemanha e ali se apresenta , a necessidade de ir além dessa emancipação que Marx denomina nos textos de 1844 de emancipação política A burguesia teria levado ao máximo a emancipação que dentro da forma capitalista estaria presa a uma emancipação meramente formal, uma emancipação de direitos, uma mancipação preza na igualdade formal dos direitos e além disso que naquele momento da sua formulação Marx chama de emancipação humana, aponta para uma nova superação, uma nova revolução. E Marx se pergunta quem seria o sujeito dessa nova transformação e chega ao proletariado. É necessário que a gente entenda que Marx chega neste momento ao proletariado, mais por um desenvolvimento de um raciocino lógico do quê pelos elementos que ele posteriormente vai agregar a essa constatação.
Falta ainda elementos fundamentais que Marx só vai ter com o aprofundamento da critica da economia politica. Ou seja, o que é o proletariado na lógica do Capital e o que ele pode ser no seu desenvolvimento histórico. Ele chega à noção de uma emancipação que t em um sujeito, um sujeito muito especifico que é o proletariado.
Ora, interessante ver que essas 03 afirmações tanto a afirmação sobre a totalidade, dialética, determinada materialmente, que está na base da sua compreensão filosófica. A lei do valor da qual deriva a própria compreensão do que é o Capital e seu desenvolvimento. E à compreensão da Revolução como uma revolução que tem um sujeito.
Proletário. Que aponta no sentido de uma tradição socialista no horizonte de uma sociedade comunista, mundial. Essas 03 afirmações foram duramente criticadas na contemporaneidade.
Todas elas se a gente for pensar bem. Nós já nos referirmos a dura crítica a noção de totalidade que aparece não só ao pensamento pós-moderno, mas antes dele por exemplo: na critica que Foucault faz a ideia de totalidade. A noção de Capital vinculada como fundamento da noção de valor foi duramente criticada na segunda metade do século XX e mais intensamente do final do século XX por correntes que criticavam a centralidade do Trabalho, afirmando que as formas contemporâneas do capital haviam superado isso, superado a lei do valor e tornado cada vez mais secundaria, apontando para a extinção da necessidade do Trabalho como fundamento da lógica da sociedade capitalista contemporânea.
Derivado disso, um profundo questionamento a noção de classes. Que levará a noção da crítica e do proletariado como sujeito de uma transformação histórica na perspetiva apontada por Marx. Portanto o final do século XX é o momento de uma batalha ideológica.
Momento de um duro questionamento nos 03 pilares da teoria marxista. Ora, é interessante ver que essas críticas que apresentavam como um paradigma para um novo milênio que se abria tiveram muita dificuldade em sobreviver as primeiras décadas do século que se abriu. O século XXI é um paradoxo para críticos de Marx.
Nós estamos vendo hoje algo bastante estranho na teoria do conhecimento. Marx foi enterrado com pompas e circunstâncias no final do século XX como um pensador a ser superado. Finalmente a História havia caminhado numa direção que tornaria possível enterrar Marx nas bibliotecas.
Foi um autor do século XIX, importante na sua época, que foi muito interessante de se estudar para pensar o pensamento daquela época, mas que foi ultrapassado pelos fatos. o mundo projetado no final do século XX, o mundo projetado pela ideologia neoliberal, pela ideologia pós-moderna era um mundo que iria rapidamente criar uma sociabilidade não explicável por esses 03 paradigma seja o da totalidade, da lei do valor e da luta de classes na perspectiva da revolução. Ora, o mundo moderno mundo, o mundo contemporâneo, jogou uma complexidade na cena histórica que traz de volta exatamente esses 03 elementos.
Nunca como hoje é tão útil e necessário a categoria de totalidade. O risco de nós nos perdermos nas manifestações particulares da crise atual é muito grande. A gente usando a imagem de Hegel corre o risco de ao tentar compreender as árvores não ver o bosque.
Então está todo mundo. A Teoria social, o pensamento contemporâneo é o pensamento da particularidade, que perde a totalidade. A crise do capital, a crise do capital é didaticamente uma comprovação das afirmações mais contundentes de Marx sobre o funcionamento da sociedade Capitalista.
A crise do capital, aquela que fica mais evidente em meados dos anos 70 (do séc. XX) e que agora no início do século XXI, em 2008 se reapresenta com toda força reatualiza de forma didática os postulados de Marx sobre a critica a economia politica e fundamentalmente creio eu da teoria do valor. Lógico, há uma cortina de fumaça muito grande há uma enorme confusão com aspecto particulares dessa crise que pode obscurecer o fundamental.
Na década de 70, a culpa era da crise petróleo, depois tem a crise da dívida, depois você tem a crise dos derivativos. Cada crise tem a sua expressão fenomênica para tentar ocultar algo que é mais de fundo, que é o processo de supervalorização, que é da própria crise do capital brilhantemente descrito por Marx no seu livro 03, da sua obra "O Capital". Isso ao nosso ver, esses dois elementos tornaram possível que o início do século XXI possa ser para grande parte daqueles que imaginavam o sonho de um pós capitalismo e ideologicamente afirmando a ideia de um pós-socialismo ter que arcar com uma luta de classes em âmbito mundial como nós estamos vendo hoje.
Ai também é cortina de fumaça é perigosa que a gente pode perder a visão do todo e impedir de ver as suas determinações mais profundas. Nós estamos numa sociedade mundial capitalista na sua fazenda mais desenvolvida, do imperialismo chegando ao seu auge. Ora, isso não atenua a luta de classes, pelo contrário, a intensifica.
Dá a essa luta de classe um caráter internacional. Portanto, o que nós temos a afirmar é que a teoria marxista é atual não porque é nós insistimos em gostar de suas categorias e conceitos, escolhe-la em detrimento de outras é porque ela ainda é o real colocado em movimento pela captura dos conceitos, pelo desenvolvimento da teoria ela é vivificada por esse real em seu próprio movimento. Por isso a teoria de Marx ainda é a teoria de nosso tempo.
Por fim, eu acho que quando a gente fala de marxismo nós temos que entender que essa é uma base, esses são os fundamentos de uma teoria que pode nos ajudar muito a compreender as questões do presente. Mas elas estão longe de ser um conjunto de dogmas fechado em si mesmo. O marxismo além das contradições fundamentais de Marx e de Engels se desenvolveu muito durante o século XIX e seu final, e durante todo o século XX Numa quantidade imensa de autores genitais que trouxeram contribuições muito grandes ao desenvolvimento desse pensamento, em todas as áreas se nós pensarmos ai no próprio meio da politica onde isso é mais lembrado corriqueiramente, nós vamos ter aí as contribuições de Lenim, extremamente articulado ao contexto do início do século XX, da revolução Russa.
As contribuições de Gramsci, e de uma série de outros revolucionários que nesse momento tentaram compreender o mundo e legaram contribuições importantes como no caso da Rosa Luxemburgo, como é o caso em outras esferas, em outros desenvolvimento políticos, históricos, no caso da revolução chinesa, das contribuições de Mao Tse Tung, de Trotsky, Todos esses autores são personagens nos seus processos revolucionários se apropriando do marxismo como um instrumento ao mesmo tempo teórico e prático. Isso não impede que o marxismo tivesse também desenvolvimento teórico profundos como é o caso Gorki na época, como é o caso de Luckacs na Hungria, como é o caso de outros pensadores que se apropriando desse método trouxeram contribuições essenciais nas suas diferentes áreas. Essa diversidade do pensamento marxista não acusa suas insuficiências, muito pelo contrário, a riqueza dos diferentes aspectos que podem ser vistos na compreensão do mundo que exige a sua transformação.
Por isso que o Marxismo, hoje, ele não é uma mera retomada de afirmações de argumentos que Marx e Engels possam ter feito no século XIX. Ele é fundamentalmente apropriação do seu método para compreender o nosso tempo que ainda é o tempo da luta contra o capitalismo na perspectiva de sua transformação visando uma sociedade comunista. As questões que dai derivam são muito amplas percorrem uma quantidade de temas muito grandes que nos temos obrigação de fazer é não restringir esses temas pelos temas estudados pelos autores clássicos nem eles foram fiéis ao temário.
O marxismo não é um temário, é um método aplicado para a compreensão da realidade e essa realidade. E essa realidade é dispare, é de viés, é cheia de arestas cada particularidade histórica ao ser apropriada pela teoria marxista constitui um argumento e um desenvolvimento de temas multiplos como é o caso de Mariategui tentando pensar a remoção na América-latina como é o caso por exemplo de pensadores que a partir do marxismo na questão do negro, ou a questão da mulher, o a questão dos povos dos asiáticos. O marxismo foi capaz durante toda uma geração de abrir o tema das questões históricas e sociais, uma quantidade muito grande de temas, não é definitivo para nós que Marx tenha tratado especificamente desse ou daquele tema, mas até que ponto os conceitos, as categorias, a concepção de mundo, que vem dessa tradição nos permite encarar esses temas numa perspectiva dialética na perspetiva de compreender esse movimento próprio seu devir suas transformações também articula das menções da transformação da sociedade.
Então o Marxismo com isso se renova O Marxismo não pode ser fechado a uma produção clássica evidente que essa tradição clássica é a base sobre a qual a gente pensa o mundo atual mas ele está aberto as questões do mundo atual. Não adiante procurar no "O Capital" o que ele diz sobre a crise ambiental que nós vivemos hoje. Não adianta procurar em Marx ou em Engels o programa para entender a questão da imigração que está explodindo hoje na Europa civilizada, na sua crise de decadência do capitalismo.
Ou a saída para a questão da dívida na Grécia Você não vai achar esses temas tratados pelos autores clássicos. No entanto nós estamos convencido que essa contraditoriedade do capitalismo atual, exige categorias de análise, ao qual o marxismo pode e deve se desenvolver. Da mesma forma em temas que muitos consideram estranhos a produção marxista, o que é falso como por exemplo o tema da cultura como por exemplo o estudo da consciência como por exemplo o estudo das dimensões da subjetividade essas são dimensões da totalidade que podem e devem ser compreendidas também dentro de um espectro de fundamentação marxista a sociologia debateu muito isso durante o século XX.
Será o marxismo capaz de dar conta de determinados temas? ou ele é um método que está condenado a tratar das questões chamado macro das determinações históricas, das determinações econômicas e portanto, não teria o que contribuir nos processos particulares, nos processos subjetivos, nos processos que envolvam os temas da consciência, que envolve o tema da identidade. nós estamos convencidos que não se nós acreditarmos que essas são dimensões da realidade maior, articulada na totalidade e determinada materialmente.
Portanto, o marxismo é atualporque seu método é atual, é atual porque uma revolução precisa ser feita e essa sociedade capitalista continua produzindo as contradições e as condições materiais pra que isso possa ser resolvido. Cabe a nós, a classe trabalhadora, encontrar os meios para transformar essa projeção teórica no projeto histórico, num projeto real de transformação da sociedade. Certamente o marxismo pode ajudar muito nessa direção.