[Música] Bom dia vamos dar início a essa reunião que vai ser o a última do ano e que vai ser a conclusão do nosso plano de trabalho para 2013 e e é um prazer muito grande um um privilégio ter o luí Cláudio aqui eh Encerrando o nosso ciclo Ah então quem acompanhou uma parte acompanhou os trabalhos desse ano nós fizemos um um eixo que era a escuta poética O que que a poesia tem a ensinar os psicanalistas tivemos só até hoje professores de teoria literária falando sobre poesia sobre a escuta sobre o sujeito lírico quem
fala a imagem o exílio bom e hoje o luí Cláudio veio fazer um trabalho muito importante difícil e que é a especialidade dele que é essa capacidade de um pensamento abrangente e sintético de pegar um campo do conhecimento e dá uma configuração Então eu fico muito agr decida dele ter aceitado o o convite eh eu acho que não preciso apresentar o Luiz Cláudio vocês todos conhecem é professor da além de psicanalista é professor da PUC e da USP tem uma quantidade enorme de livros publicados que estão lá fora e é isso Bom dia eh queria
de início Agradecer o convite que me foi feito pela Liana e pela sociedade brasileira de psicanálise de São Paulo para estar aqui encerrando esse ciclo sobre escuta poética mas com a incumbência de pensar as relações e as correspondências entre as estratégias da escuta e os modos de escuta poética fiquei muito satisfeito de poder aceitar esse convite porque foi também a minha maneira de poder comemorar o meu aniversário que é hoje entre os amigos obrigado eu não tive a oportunidade de ouvir todas as palestras que antecederam a minha mas eu tive a preocupação de me a
par ouvindo em casa com CDs porque tudo foi gravado então eu tive só não ouvi a do alidis que foi a última porque não recebi o material mas todas as outras eu ouvi para poder pensar as questões da escuta analítica sempre nessa correspondência então a minha fala de hoje ela tá organizada da seguinte maneira eu vou começar falando sobre as estratégias da escuta Em análise tentando e além do Clichê o clichê é escuta-se em atenção flutuante Não há dúvida isso é verdade mas não é suficiente Na verdade eu penso que há hoje em dia o
reconhecido problema de uma grande diversidade de estratégias de escuta é um problema e ao mesmo tempo é uma virtude da psicanálise contemporânea dispor de estratégias de escuta bastante diferenciadas e a minha proposta ao final vai ser exatamente a de uma escuta que não abra mão de nenhuma dessas estratégias e se configure como uma escuta polifônica Então a primeira parte da minha apresentação vai ser sobre isso tentando caracterizar essa diversidade E essas estratégias de escuta análise e na segunda parte é que eu vou tentar sugerir algumas ligações algumas correspondências entre a escuta analítica e a escuta
poética essa primeira parte eu vou falar eu tenho aqui as minhas notas e eu vou apresentá-las Enfim sem me ater ao texto o texto existe depois se houver alguém interessado eu posso providenciar o texto inteiro mas essa primeira parte eu não vou seguir o texto eu vou seguir as principais questões que comparecem no texto já na segunda parte que é onde eu vou tentar as correspondências aí eu vou pedir licença para vocês eu sei que é uma coisa menos menos agradável um pouco mais desagradável chata e árida mas para mim vai ser importante tentar com
acompanhar realmente o texto que eu procurei elaborar sobre essas correspondências porque senão ten impressão que eu poderia me perder e usar mais tempo do que me é devido bom então começando a escuta Clínica psicanalítica primeira coisa sendo uma escuta Clínica Ela é escuta do sofrimento nós escutamos o quê Nós escutamos o que sofre nós escutamos os padecimentos e a partir daí é que nós podemos afinal de contas insar o nosso trabalho Esse é o primeiro ponto o primeiro passo do trabalho do analista é exatamente o de fazer contato com os Sofrimentos Mas sendo além de
uma escuta Clínica uma escuta psicanalítica eu insistiria que nós vamos estar preocupados em acessar com a nossa Escuta as dimensões inconscientes do sofrimento ou seja são experiências emocionais de Sofrimento de padecimento psíquico mas nós estamos interessados nas dimensões inconscientes dessas experiências ora sendo a psicanálise desde o começo caracterizada como terapia pela fala eu acho que não é para nós difícil entender uma proposta que eu li num determinado psicanalista O salman akar que diz que no fundo a psicanálise mais do que a terapia pela fala é a terapia pela escuta ou seja a escuta é na
verdade aquilo que instala a própria possibilidade do trabalho analítico inclusive é aquilo que instala a possibilidade de uma fala tal como nós esperamos que nos chegue para ali podermos então fazer o trabalho O trabalho de elaboração os trabalhos de enfim de perfuração de resistências de atravessamentos mas enfim é preciso em primeiro lugar porse a escuta a psicanálise então eu vou caracterizar como sendo a terapia pela escuta e diria mais que não apenas é a condição para tudo que a gente faz comoas vezes basta isso eu penso que frequentemente em muitos casos a única coisa que
se espera do psicanalista e a única cois que ele pode de fato oferecer é a sua capacidade de uma escuta sensível e diferenciada feito isso quase nada mais a fazer mas sem isso certamente Não há nada a ser feito a partir não é bom eu vou eh propor para vocês para tentar pôr uma certa ordem nessa diversidade a que eu me referi uma espécie de história da psicanálise como uma história das escutas Não uma história dos conceitos não como uma história digamos assim eh do referencial ou dos referenciais teóricos não eu acho que é possível
e vantajoso pensar que a história da psicanálise pode ser contada como sendo uma história das escutas e eu vou tomar como ponto de partida um Foo chh B num livro que el publicou 2007 e quee an foi tro portugês foi publicado no Bras chamado o momento freudiano conceito portanto é o conceito de momento o que o Bas chama de momento freudiano no fundo é o momento da própria fundação da psicanálise enquanto teoria e enquanto prática e é exatamente nesse primeiro momento freudiano porque eu vou falar de um segundo nesse primeiro momento freudiano que vai ser
proposta a ideia da atenção flutuante Mas eu não vou ficar nesse único momento eu vou falar do primeiro momento freudiano seguindo em grande medida o bolas mas fazendo já uma distinção que me parece importante mas eu vou falar de outros momentos na verdade eu vou apresentar a história da psicanálise em cinco momentos e mais um sexto são cinco momentos que eu acho que são absolutamente fundantes de possibilidade de escuta e um sexto que é exatamente o que me parece caracterizar a psicanálise atual que é o da escuta polifônica Quando eu fizer essa apresentação vocês vão
ver que eu estarei sempre insistindo numa distinção para mim fundamental entre posição ética ou seja disposição de mente do analista e de outro lado procedimentos ou seja técnicas é a reunião de disposição de mente e técnica que vai do meu ponto de vista caracterizar as diferentes estratégias de escuta então uma estratégia tem sempre essa duplicidade e esse entrelaçamento nós vamos estar sempre insistindo na necessidade da ética e da técnica estarem profundamente entrelaçadas mas ao mesmo tempo nós precisamos ter a noção de que são duas dimensões e que um uma pode mudar sem que a outra
mude por exemplo a mim me parece que a atenção flutuante enquanto disposição de mente ela se mantém ao longo da psicanálise inteira ela precisa ser mantida do começo ao fim já enquanto procedimento não vai haver mudanças vão haver transformações nos procedimentos que vão além daquilo que havia sido Originalmente sugerido pelo Freud então o que que vem a ser o momento freudiano um esse que consta do livro do bolas que eu acho muito recomendável bom primeiro esse momento é exatamente Aonde se propõe o conceito de atenção flutuante pois bem a tensão flutuante em sua dimensão é
enquanto disposição de mente é a disposição do analista participar com o seu inconsciente do encontro com o inconsciente do seu paciente Essa é fundamental Não é não há psicanálise aonde não exista um analista que não apenas escute mas que escute com esta disposição de mente de entrega ao seu próprio consciente é o seu próprio inconsciente que vai ser um elemento fundamental na sua capacidade deuta e de contato com o inconsciente do seu paciente mas nesse momento também o que o Freud sugere é a atenção flutuante como o acompanhamento muito paciente muito meticuloso das trilhas associativas
não é houve-se associação livre ouvem-se os sonhos ouve-se a fala enfim livremente associada e o que faz jornalista é acompanhar trilhas associativas mesmo que ele ouça um sonho por exemplo nós todos sabemos e assim que a gente trabalha vamos procurar o sentido do sonho de uma maneira molar gestáltica nós vamos sugerir ao paciente que ele associe com diferentes partes do seu sonho com diferentes fragmentos nós vamos na nossa escuta estarmos muito estarmos muito atentos às aparente irrelevâncias H coisas que às vezes se repetem sem que o sujeito se dê conta H coisa que ao contrário
se tornam raras demais Diante Do que se esperava há coisas que se estão estão completamente ausentes daquela fala parece que a fala meio que circula em torno mas nunca diz aquilo que afinal de contas poderia precisaria estar sendo dito Então a nossa escuta Em em atenção flutuante em termos de procedimento é essa capacidade de acompanhar as irrelevâncias os desvios os estrai as surpresas os inesperados do discurso em Associação livre ora as duas coisas estão profundamente entrelaçadas não é não é possível fazer esse acompanhamento sem se manter nessa disposição de mente então de uma certa maneira
eu diria a disposição de mente é a condição pro procedimento mas o procedimento realiza mente aquela disposição de mente ele encarna plenamente essa forma de lidar com os inconscientes da dupla pois bem tudo isso está perfeitamente justificado pela metapsicologia que o Freud constrói nas suas primeiras teorias da mente Então as primeiras teorias da mente freudianas estritamente psicanal críticas vão aparecer como nós sabemos no capítulo séo da interpretação dos sonhos Aonde fica claro o que se passa segundo Freud na nossa mente e na mente dos neuróticos e na mente dos pacientes Mas de todos os humanos
que faz com que os desejos infantis recalcados nunca venham à tona de maneira óbvia Evidente completamente explícita cí esclarecida eles só podem vir à tona de maneira fragmentar cifrada às vezes muito difícil de entender de acessar de acompanhar mas é exatamente por isso que o modo de termos acesso de decifrarmos de acompanharmos os desenhos do desejo nas fantasias recalcadas é exatamente deixando o paciente fale em Associação livre e acompanhando essas trilhas então é muito interessante esse primeiro momento freudiano porque nós encontramos uma perfeita unidade entre ética a técnica ambas com o nome de atenção flutuante
livremente flutuante e os fundamentos teóricos e metapsicológicos o que acontece do meu ponto de vista é que essa idade perfeita ela se rompe já no pensamento de Freud eu acho que a partir de 1914 ou seja escutar repetir elaborar começa a ganhar muito vulto muita importância na prática e na teoria a problemática das resistências no início o Freud ainda pensa essas resistências como resistências do eu basicamente ligadas ao próprio rec o qu a própria repressão mas ao longo dos anos e principalmente a partir de 1920 e 23 o Freud descobre outras fontes de resistência e
ele descobre ou constata a presença de outras dimensões do inconsciente Porque na primeira no primeiro momento na verdade tratava-se do inconsciente recalcado tratava-se do inconsciente recalcado de como ter acesso a ele mas por exemplo quando em 23 não é no Capítulo 2 do eu e o isso o Freud nos diz a investigação patológica orientou demasiadamente nossa atenção na direção do recalcado ou reprimido gostaríamos de averiguar mais acerca do eu já que sabemos que ele pode ser inconsciente no sentido Genuíno desse termo acabamos de ver que era o que ele tinha feito no capítulo 1 quantos
sentidos variados esse caráter que é o caráter de ser inconsciente pode apresentar ora isso nos leva à ideia de que a escuta analítica não pode ser apenas a escuta do inconsciente recalcado pra escuta do inconsciente recalcado tinha se formado aquela unidade perfeita entre a atenção flutuante como ética e a atenção flutuante como técnica de acompanhamento das trilhas associativas mas como acessar como escutar essas outras dimensões do inconsciente que estão no eu mecanismos de Defesa do eu do qual eu não tenho a menor ideia mas também vão se manifestar de forma muito óbvia no isso no
id e também no superu toda essa dimensão das resistências que o Freud vai descobrindo então que são muito mais complexas e muito mais variadas com muitas fontes diferentes vai obrigar na verdade a pensar que a escuta não pode ser apenas a escuta do inconsciente recalcado ela tem que ser a escuta de todas as dimensões do inconsciente isso vai ficar muito claro quando a Ana Freud em 36 no capítulo técnico sobre enfim a escuta analítica a partir da Segunda tópica ou da teoria estrutural diz com todas as palavras temos que escutar o eu o isso e
o superior não podemos ficar apenas restritos à escuta do inconsciente recalcado na verdade a Ana Freud diz isso ao lado do pai que estava vivo ele retoma isso no esquema de psicanálise ele vai mencionar Inclusive essa passagem do texto da filha corroborando a ideia de que a escuta precisa portanto se diversificar não pode ficar restrita a escuta do inconsciente recalcado e o que que afinal de contas começa a aparecer na clínica nos trabalhos clínicos começa a aparecer em primeiro lugar num texto do Abraham que é um texto de 19 que eu reputo de extraordinário em
que ele vai falar dos pacientes muito narcisistas e que não vão dar acesso ou não vão eles próprios ter acesso ao inconsciente recalcado enquanto não puderem ser escutados nas suas resistências narcísicas nós vamos encontrar então esse texto do Abraham e vamos encontrar diversos textos do fenichel e vamos encontrar textos do balint e textos do Wilhelm heis enfim é um bando de gente que começa a se preocupar na escuta dos sistemas resistencia Não se ouve mais diretamente o recalcado porque muitas vezes ele inclusive não vem à tona que são os casos que o Freud caracteriza como
resistências muito impedidas ele distingue claramente no texto autobiográfico de 25 25 ele distingue muito claramente há casos em que resistências existem Mas elas são brandas precisamos ter paciência e o material vai acabar surgindo paciência e Arte mas há casos em que as resistências são muito empedernido recalcitrantes e é Preciso enfrentá-las com o agravante de que às vezes não dá certo mesmo porque elas realmente são intransponíveis pois bem isso que o Freud diz e 25 era o que estava sendo de uma certa maneira considerado e trabalhado por diversos autores muito próximos a Ele o k Abraham
é extremamente próximo e que está tentando fazer exatamente um outro tipo de escuta que eu chamaria de o segundo momento freudiano mesmo que ele não tenha da pena dele enfim escrito um texto sobre como escutar nesses casos outros autores próximos escreveram exatamente como escutar e como escutar quando as resistências formam uma espécie de sistema formam uma espécie de conluio aonde você encontra uma convergência das resistências do eu com resistências do isso com as resistências do superu tudo isso organizado num caráter Essa é a questão da análise do caráter que surge na década de 20 Essa
vai ser uma escuta estática bem diferente portanto da outra que é uma escuta molecular é uma escuta de elementos de fragmentos dado que o recalcado nunca vem inteiro ele vem aos pedaços e ele vem totalmente disfarçado ele vem fragmentados então a escuta do inconsciente recalcado é uma escuta molecular dos elementos agora a escuta das resistências formando sistemas tem que ser uma escuta molar Aonde se capta modos de funcionamento formas de apresentação estilos é muito interessante por exemplo o texto do Abraham que é quase o retrato falado de um paciente ele apresenta o paciente apresenta o
seu trabalho com esses pacientes narcisistas como se ele fosse um pintor como se ele tivesse realmente captando nuances do modo de funcionamento do sujeito tanto no seu mundo interno como nas relações transferenciais essa é uma captação que me parece absolutamente óbvia e que nós praticamos o tempo todo ouvimos o fragmento e captamos totalidades a escuta gestáltica a escuta molar ela me pare vai caracterizar o segundo momento freudiano segundo momento freudiano porque não é dele diretamente mas é diretamente ligada a ele proveniente das suas preocupações e das suas teorizações Na década no começo da década de
20 pois bem isso que eu acho que a Ana Freud e depois o próprio zigmund eh propõe na década de 30 que é ouvir tudo pois bem isso já tava sendo praticado em psicanálise isso já tava sendo praticado em psicanálise por uma senhora chamada Melanie Klein desde o começo da sua obra com atendimento de crianças e com a Técnica do Brincar a Melanie Klein ela ouve Ela escuta tudo quando ela faz a recapitulação a reconstituição da sua trajetória com a Técnica do Brincar em 55 fica muito claro mas se tivermos paciência como eu tive quando
escrevi o livro sobre melan Klein a gente vai vendo de fato como desde o começo a melan cline ouvia angústias mecanismos de defesa relações de objeto e ia monitorando com extremas sensibilidade todos os movimentos que ocorriam nesse vasto Campo que é o campo do psiquismo em termos de mundo interno e em termos de vida de relações relações de objeto eu acho que essa questão clana que vai comear a caracterizar o momento claino da escuta vai se consolidar quando na década de 30 ela nos propõe a noção de conceito de posição a partir de melan Klein
sejamos ou não kleinianos escuta-se posição Isso inclui um bando de coisas isso não exclui por exemplo as trilhas associativas afinal de contas o brincar da criança é em parte não só um equivalente das associações Livres da fala do adulto Mas escuta-se a trilha associativa do brincar mas escuta-se também as modulações sutis e às vezes drásticas da afetividade dos impulsos das defesas tudo isso está contido na conceito de posição então eu diria que a escuta kleiniana ela de fato Marca um momento novo porque ela toma as propostas freudianas um e dois porque obviamente as resistências estão
sendo escutadas também ela toma Então as propostas freudianas um em dois mas dá as propostas freudianas digamos uma configuração extraordinariamente inovadora revolucionária então eu diria que o momento clano é o momento da escuta complexa no atendimento das Crianças e no atendimento de adultos e isso vai então se manifestar na no conceito de posição aonde angústias defesas e relações de objeto estão sendo escutadas simultaneamente não é o atendimento vai ficando cada vez mais difícil para nós Porque nós temos que escutar muitas coisas simultaneamente e isso leva por exemplo um texto interessantíssimo da da Susan Isaacs de
30 e tantos dizer bom Com base no que que nós fazemos as nossas interpretações pois bem ela lista tudo nós temos que escutar os sonhos escutar as associações Livres escutar os estados afetivos as atitudes os comportamentos Esse é o amplo espectro da escuta a partir da noção de posição mas há um outro elemento importante nesse momento clano que é a ideia que é no conceito que ela vai propor na década de 40 em 46 de identificação projetiva Eu acho que isso novamente marca assim um outro patamar da da escuta em psicanálise como escutar identificações projetivas
segundo a melan Klein a identificação projetiva é uma fantasia Mas é uma fantasia com efeitos reais ela portanto pertence ao mundo interno mas ela produz efetivas modificações comportamento do próprio sujeito e isso vai ser percebido vai ser detectado vai ser de alguma maneira eh aferido pelo analista ou por outros objetos que sejam digamos alvos das identificações projetivas Por isso me parece extremamente interessante o que diz o ogden o ogden antes de ser o ogden digamos assim não é o ogden tornou-se o ogden a partir de um certo momento antes disso ele era um excelente analista
kin bionano pois bem o ogden num texto já antigo ele sobre identificação projetiva é o livro dele sobre identificação projetiva como sempre tudo que ele escreve muito bem escrito e muito inteligente mas o ogden diz uma coisa fundamental a identificação projetiva é escutada na contratransferência é quando o analista se sente de alguma maneira invadido controlado manipulado sem saber como de que jeito pelo que é quando a mente do analista vive uma situação de colonização que se detecta a partir daí que um processo de identificação está em curso ou seja toda a problemática contr contratransferencial que
na verdade já tava sendo levantada pela Paula haiman em 50 em vários textos do hacker no final da década de 40 e ao longo da década de 50 ficam muito claros em termos de era fundamental pesquisar e entender o que se passava na contratransferência porque é a partir da contratransferência que se escuta a identificação projetiva e novamente Aqui nós temos alguma coisa que não se confunde nem com o Primeiro Momento freudiano nem com o segundo momento freudiano é uma outra escuta é uma escuta do afeto sendo inoculado introduzido como um objeto estranho na mente do
alvo da identificação projetiva no entanto me parece que apesar de esses autores que eu citei terem dado grandes contribuições paraa compreensão da contratransferência eles ainda não conseguiram do meu ponto de vista resolver a questão de como afinal de contas a partir da experiência contratransferencial podermos chegar a uma captação mais precisa do paciente isso eu tento desenvolver de maneira mais profunda no texto O que eu posso dizer em princípio é o seguinte é que quem vai enfrentar essa questão e eu acho que capacitado a dar uma resposta de fato mais convincente é o bom e por
isso eu coloco o Bion como formando o quarto momento da escuta em psicanálise movido pelas questões clinias e principalmente Claro pela sua própria prática Clínica com psicóticos e com grupos o Bion foi capaz de perceber que no cont transferencial era preciso um certo tipo de trabalho Don analista consigo mesmo para a partir daí criar uma possibilidade de efetiva escuta daquilo que vinha do paciente e a isso ele chamou de R do meu ponto de vista embora a pertença de alguma maneira ou se orig no campo contratransferencial ela se distingue do que seria a pura e
simples contratransferência a r é aquilo que o analista pode fazer com os objetos das identificações projetivas exatamente quando ele já não está mais sob o controle e sob o domínio de respostas cont transferenciais Ou seja é uma forma de usar a identificação objetiva para na mente do analista como antes segundo Bion na mente da mãe foi possível fazer contato com as experiências emocionais que lhe estavam sendo inoculadas não é porque identificação projetiva é colocar sobre mas mais do que isso colocar dentro do objeto então é uma verdadeira inoculação pois bem para queê fosse possível distinguir
diferenciar a dimensão contr contratransferencial daquilo que vem a ser em termos bonian uma verdadeira R coisa que exatamente o nosso amigo ogden costuma fazer com brilhantismo é manter a mente num estado sem desejo sem memória e sem compreensão prévia ou seja o que eu acho característico do momento bionano é em primeiro lugar essa ideia de que escuta-se no sonho escuta-se na R mas para que a rever funcione como um instrumento de escuta do analista é preciso que esse analista se mantenha numa posição analítica ou seja o repõe e aprofunda a questão ética do Freud do
ponto de vista que eu estou falando a questão ética esteve sempre presente mas de alguma maneira eu acho que nós temos o primeiro momento freudiano em que isso estava completamente Claro e nós vamos reencontrar isso só que mais aprofundado mais explicitado mais elaborado no momento bionano o Bion cria de fato essa ideia de que tem que se escutar no sonho mas que a mente donal tem que operar desapegadas crenças as suas expectativas aos seus desejos e as suas memórias sejam teóricas ou memórias do próprio paciente daquele caso pois bem com essa reposição da questão ética
eu vejo que a escuta ioniana Esse quarto momento retoma aquela unidade que o Freud tinha proposto no seu primeiro momento e que não tinha sido completamente resolvida depois do rompimento não é houve uma unidade houve um rompimento e depois eu acho que nós temos que esperar o pensamento do Bion para que novamente técnica e ética se articulem dessa forma pois bem mas ele não ficou por aí porque ele deu um outro passo interessantíssimo porque nós tínhamos visto que nós tínhamos uma escuta molecular elementar e fragmentária versus uma escuta molar gestáltica pois bem o bon propõe
a noção de fato selecionado e eu acho que a noção de fato selecionado do Bon e nisso eu sigo o James Grin ela permite a a completa articulação do molar com molecular Ou seja é um fragmento e esse fragmento vai mudando para Cada sessão vai ser um e ao longo da própria sessão cada fragmento com a capacidade de organização e configuração vai se transformando mas é um elemento com capacidade configuradora então nós temos a escuta molar e ao mesmo tempo a escut molecular interceptadas ou tangencias ou atravessadas por uma escuta muito peculiar que é a
escuta desses pontos não é pontos que são o fato selecionado bom até aí estamos seguindo uma certa linha de pensamento mas a coisa muda quando temos que entrar em contato com a obra de pelo menos dois autores que eu acho que também dão contribuições extraordinárias paraa questão da escuta que são o inicot e corut pelo seguinte esses autores com proveniências distintas vão se voltar para uma problemática muito arcaica muito primitiva muito básica de Constituição psíquica que é aquela ligada às necessidades do eu ou seja aos processos de desenvolvimento do narcisismo da organização narcísica do sujeito
Então essa constituição narcísica primária Ela depende de determinadas ID do eu e o wiot pensa de um certo jeito fundamentalmente a necessidade de continuidade de ser o corut pensa de maneira um pouco diferente ele coloca a questão da necessidade da idealização de si e da idealização do outro self grandioso e a idealização do objeto mas de qualquer maneira são necessidades do eu que permitem que o sujeito transite do narcisismo primário de uma imersão completa no ambiente e no outro para uma relativa separação e autonomia para que isso se dê é preciso que essas necessidades do
eu sejam reconhecidas pelos objetos primários então é necessário que o objeto primário mãe ou ambiente Vá ao encontro dessas necessidades reconheça-as e responda a ela empaticamente tá presente nos dois autores com trajetórias tão distintas a mesma ideia de que é fundamental respostas empáticas do ambiente e do objeto primário para que essas necessidades sendo encontradas e reconhecidas possam então dar lugar a um processo de Constituição narcísica adequado e o que acontece quando isso falha aí novamente nós vamos encontrar uma certa equivalência de respostas quando isso falha essas necessidades que não foram encontradas reconhecidas elas ficam mudas
elas se enreg elas se petrificam é claro é claro que muitas vezes por exemplo gorut vai focalizar momentos muito estrepitosos muito digamos assim de alto volume as fúrias narcísicas não é as grandes reivindicações então personalidades narcisas às vezes são muito turbulentas produzem muitos estardalhaço no entanto o que interessa pro analista Não é isso não é isso que ele tem que interpretar ele ele tem que na verdade mesmo nesses casos ter acesso ao que não foi encontrado e reconhecido o que não teve resposta o que portanto ficou congelado e mudo isso tá ainda mais claro nos
pacientes falso self trabalhados pelo inicot porque esses são hiper adaptados E no entanto carregam consigo pela vida inteira necessidades não encontradas e não reconhecidas em estado de silêncio de emudecimento talvez ao longo de um processo regressivo elas possam Então se fazer ouvir e de forma violenta agressiva mas como entrar em contato como escutar afinal de contas ISO que emio é inaparente silencios um autor que aliás muito importante tanto pro quanto pro wiot que foi o feren ele num texto de 27 ele já falava porque ele estava lidando exatamente com pacientes muito complicados e difíceis ele
já falava da necessidade da empatia ele diz nesse texto o tato psicológico é a faculdade de sentir com empatia o que nos permite adivinhar não só os pensamentos retidos ou seja o inconsciente recalcado como também as tendências e aqui ele está falando exatamente das necessidades do eu e das tendências egóicas que não puderam se tornar conscientes e nem ganharam voz e nem puderam ser digamos assim minimamente verbalizadas para serem de fato ouvidas então feren está dizendo de uma certa maneira e isso vai ser importante para toda essa linhagem psicanalítica que a empatia o tato essa
possibilidade de sentir com que ele inclusive aproxima da adivinhação é fundamental nessa escuta novamente então uma outra modalidade de escuta a escuta do inaparente e do inaudível mas isso tem riscos por exemplo como separar o que seria uma boa adivinhação empática do que seria uma contração projetiva em que o analista começa a atuar as identificações que foram colocadas nele ou ao contrário em que ele começa a projetar sobre o paciente as suas próprias questões emocionais e como evitar nesses casos um excesso de teorização porque como eses dois autores estão falando de um período muito arcaico
e portanto tudo que eles falam é uma reconstrução teórica é muito fácil projetar sobre as experiências clínicas a própria teoria Ou seja é possível que so a aparência de empatia haja contra identificação projetiva haja projeção identificação projetiva sobre o paciente ou haja mera aplicação de teoria a respeito de momentos muito primitivos e arcaicos do desenvolvimento isso em nada reduz a importância decisiva do meu ponto de vista exatamente dessa modalidade de escuta que então estava sendo proposta mas mostra que ela tem riscos pois bem o momento atual o momento atual sobre qual eu vou voltar ao
final da minha fala seria o de reconhecimento pleno da validade e das insuficiências de todas as estratégias de escuta ou seja eu acho que o que vai caracterizar o momento atual da psicanálise da psicanálise contemporânea é nós podermos dispor de todas essas modalidades de todas essas estratégias de escuta ao me ao mesmo tempo reconhecendo a validade delas porque elas são extremamente valiosas para acessar o psiquismo inconsciente mas todas elas têm limitações todas elas são em parte insuficiente por outro lado eu acho que é característico também dessa psicanálise contemporân essa percepção de que por mais que
variem possam variar as estrat os procedimentos as técnicas alguma coisa precisa ser realmente sustentada com toda a firmeza que é a disposição de mente ou seja o momento freido bionano que insiste na ética do analista Eu acho que isso daí faz parte daquilo que seriam os saberes adquiridos da psicanálise nesse momento todas as estratégias desde que em todas elas essa disposição de mente seja preservada com isso eh bom temos então mais uma hora é a hora que eu vou usar para dar prosseguimento à minha fala só que já agora passando paraas correspondências entre as estratégias
da escuta analítica e as questões da escuta poética bom recomecemos por onde começou o Davi igut Júnior que foi o primeiro palestrante pela escuta poética do poeta a essas questões vieram Se somar as considerações do Murilo Marcondes de Moura sobre imagens poéticas como e o que escuta o poeta no mundo em sua experiência paraa produção da poesia e como a poesia age sobre a nossa escuta bom memórias em sentimento o termo não é do Davi é nosso tomado de empréstimo da melan Klein que falava em Memories infel memórias em sentimentos e sua Evocação pelos súbitos
Encontros com as coisas do mundo e o termo agora já não é mais do Davi também é do Paulinho da Viola coisas do mundo minha nega escutando o mundo e suas coisas no caso do Samba É Zé fuleiro doente azarado Seu Bento estirado bêbado na calçada o cadáver de um homem assassinado cercado de velas escutando o mundo e suas coisas suas evocações e ressonâncias o Poeta escuta também as ressonâncias linguageiras as transferências do afeto sobre a palavra a partir de sua rede associativa Deixa então que se forme uma totalidade orgânica isso D samba figuras feitas
de palavras que nos restituem um mundo ressoante e profundamente imagens e afetos e sons e palavras em estranhas e inesperadas correlações daí a noção de poeta como abstratto e inesperado encontro com uma súbita descoberta que é encontro e desvelamento do insólito do catórios e em consequência vem daí a ideia de desentranhar da poesia entendida como um fazer como um Expressar e um dar a ver por meio de imagens analogias ou metáforas ou por meio de uma fuminante mostração Como o dar a ver do josepe ungar analisado pelo Murilo por exemplo depois eu vou falar bastante
sobre essa súbita mostração ou da revelação da coisa que a torna ao mesmo tempo muito estranha e ainda mais reconhecível do que a visão convencional como em textos do Francis espon que é um autor que não participou quer dizer nemum dos falantes da estantes Anes falou do Fran espon eu gostaria muito de falar só sobre o Fran espon mas um dia você me convida para isso mesmo quando prevalece a nomeação pura ou metonímica como nas águas de março de Tom Jobim né lembram-se é pau é pedra é o fim do caminho é um resto de
toco é um pouco sozinho é um caco de vidro é a vida é o sol é a noite é a morte é o laço é o anzol há sempre mesmo sendo uma pura nomeação uma transformação um transporte uma transferência uma metáfora em ação no fazer que expressa e dá a ver da poesia nesse misterioso deixar ser eis-nos metidos a noção heidger de verdade uma verdade anterior à representação uma verdade realizada como pura presentação do que é e se mostra como sendo o desvelamento que é também uma rememoração um desvelamento que não se encerra no dito
mas que o transcende sugerindo evocando remetendo irradiando questionando pondo em suspenso atraindo o distante transformando transportando metaforizando embora não façamos poesia mesmo que nossos pacientes não sejam sempre poetas mas alguns são e De toda forma sempre é não é difícil encontrarmos algumas correspondências entre a escuta do mundo pelo poeta e a escuta de um analista muitas vezes mas nem sempre desembocando em alguma interpretação e é de desejar que essa interpretação não encerre o processo metafor mas dê a ele novo impulso e Nova Direção que não desfaça os enigmas ambiguidades e insólitos Mas faça-os trabalhar como
nas histórias do Inácio Gerber quando lhe as contas pros seus pacientes Não é difícil igualmente aproximarmos a ideia de abstratabelas per via de levare mais tirando do que pondo garimpando os grãos de verdade do que lhe vem ao encontro de forma impura e caótica o material de uma sessão por exemplo embora nosso fazer não se reduza a essa operação abstrativa incluindo muitos elementos que agem pela outra via que havia de Pô nem por isso havia de levar e perdeu sua vigência e relevância distinguindo necessariamente o trabalho analítico do trabalho de outras psicoterapias pela fala mais
diretivas e sugestivas a ideia de garimpagem aliás aplica-se tanto ao poeta escutando o mundo para transformá-lo em linguagem quanto ao ouvinte ou leitor de poesia com ável diferença de que no segundo caso tudo o que vem a uma primeira vista Pode parecer areia e ruído e obscuridade mas vai se mostrando à medida que a escuta faz seu trabalho pedras preciosas já organizadas em Joia na voz do poeta lírico e em seus ditos não tô me referindo ao seu cachorro reúne-se desde o mais singular de uma experiência até o mais Universal das experiências possíveis reúne-se o
sujeito ao mundo e seus objetos o dentro e o fora conforme nos foi apresentado por Viviana B outra palestrante reconhecemos aí as antigas noções freudianas para descrever o trabalho do sonho deslocamentos condensações e figurações operam no fazer poético E atuam sobre as redes associativas de quem ouve ou lê o poema igualmente estão em jogo os trabalhos doist que incluem os do sonho mas acrescentam uma remissão ao outro que é o que ri da piada essa remissão faz da forma da piada algo absolutamente incomparável e no limite intraduzível o poema manhã de josepe hungar recriado porque
não é traduzido por Haroldo de Campos diz o seguinte manhã é o título e o poema deslumbro de imenso isso foi trazido pelo Murilo Marcondes de Moura mostra em sua concisão o valor insubstituível e inapreciável da forma como aliás nos bons aforismos de mestres como k Kraus a escuta poética do leitor de poesia clássica e moderna exige então uma atensão muito especial pra noção de atenção igualmente flutuante que vem então a calhar uma escuta que se deixa atrair pelos detalhes e fragmentos com a íntima convicção de que remetendo-se uns aos outros de forma inesperada e
desvelados proporcionar uma sucessão de figuras fulgurantes deslumbramos noos de imenso não só compartilhando a experiência da manhã em hungar mas escutando poesia e também escutando os inconscientes em sessão mas essa maneira de tratar o material poético Principalmente quando a complexidade e o enigmático predominam nos é induzida por outra forma de apreensão captamos os climas coloridos e atmosferas que incidem poderosamente em nossa disposição de espírito e criam as penumbras associativas dentro das quais as figuras se destacam pouco a pouco sem jamais se fixarem rigidamente é aí dentro nos espaços para onde somos atraídos no interior da
experiência de linguagem é que podemos escutar as ressonâncias as melodias harmonias e ritmos vale dizer estamos simultaneamente atentos aos menores indícios fragmentar aá Freud primeiro momento e aos grandes horizontes afetivos e cognitivos que o texto abre podemos aí pensar em Klein em b e mais que tudo ficamos atentos as Idas e Vindas as passagens e repercussões de um plano sobre os outros são os mesmos movimentos que eu reconheço na escuta psicanalítica no entanto essa escuta extremamente complexa requer um ponto de partida ou alguns pois eles podem se multiplicar e deslocar à medida que a escuta
faz seu trabalho aqui nos podemos valer de um conceito oferecido por auerbach werry auerbach ao expor seu método de escuta ou análise de textos esse método foi perfeitamente descrito no artigo 52 chamado filologia da literatura Mundial isso foi publicado no uma coletânea organizada pelo David igut Júnior e pelo Samuel Titan Júnior que não são parentes eh o que ele expõe é a importância de um ponto de partida que pode ser encontrado em qualquer aspecto do objeto em exame não há como prever o que irá emergir como ponto de partida ou ponto de radiação são dois
boas formas de traduzir ansats pun para dar início ao trabalho interpretativo diz o Samuel não há como nos informa não é como como diz o o aerb Como determinar de antemão a classe de fenômenos que deve interessar o leitor pode ser uma palavra isolada cara Inesperada pode ser repetições pode ser sonoridade pode ser um modo de dirigir-se ao objeto como é o caso dos poemas do Francis spong pode ser um modo de dirigir-se ao leitor como é o caso dos poemas do pelan de que eu vou tratar adiante ora essa indeterminação nos leva de volta
ao conceito de atenção flutuante exercida desde uma identificação prévia com a obra mas o ponto de partida em aubar longe de simplesmente desligar e desconstruir é um fator de síntese pois a interpretação destes fenômenos deve ter a força de irradiação suficiente para ordenar e interpretar um conjunto de fenômenos muito mais amplo que o original e aqui ele tá falando é um texto que lança um pedaço do texto um detalhe do texto que lança a luz sobre o resto do texto e que lança luz também sobre textos da tradição e inclusive eventuais futuros textos pois bem
o que ocorre assim é que uma totalidade é desconstruída pela atenção ao detalhe mas atenção dada a esse detalhe gera uma nova forma capaz de esclarecer mesmo que parcialmente as forças e sentidos em jogo naquele campo de tensões pois bem a relação com o conceito de fato selecionado emprestado por Bion ao matemático panc para descrever um procedimento decisivo da escuta analítica é evidente é muito impressionante lendo a herbar e lendo Bion nós vamos encontrar uma absoluta equivalência da função do que um chama de ponto de radiação e o outro chama de fato selecionado é a
capacidade da atenção ao detalhe mediar a captação do todo embora esse detalhe possa já ser por exemplo alguma coisa guesto como um clima como uma atmosfera as correlações entre as escutas poéticas e as escutas em análise nos parecem mais do que sugestivas o que dissemos das duas escutas freudianas da escuta kleiniana e da escuta bioni encontra ressonâncias quase perfeitas com o que aprendemos sobre as escutas poéticas e mesmo as escutas musicais tratadas por Lorenzo mami no entanto a escuta das necessidades mudas dos Sofrimentos em que a palavra falta parece nos obrigar a outros passos a
outros caminhos tentaremos tateando dar esses Passos considerando algo que nos foi ensinado por vivia na Bose acerca da poesia contemporânea e em especial considerando um poeta que ela introduziu no final da sua fala mas sem submetê-la a uma escuta muito detida pelan nesse que ela aliás chama não sei porqu de pelan ele queria ser chamado de pelan porque ele estava na França ele não era francês mas ele criou um anagrama celan que é o anagrama do nome de batismo ancel ou anc e ele que fazia questão da pronúncia francesa por uma razão que vocês vão
entender daqui a pouco pois bem nesse momento precisaríamos também recorrer às lições de Lorenço mami lembremo-nos de sua saborosa consideração de duas canções dos Beatles She is Living home e Happiness is a Warm Gun né foram duas canções que ele trabalhou aqui muito interessante para mostrar o que exatamente as cisões as rachaduras do sujeito lírico para falar então das dissonâncias internas dos esfacelamento da experiência da perda da unidade da voz isso também nos ajudará a ler sã então eu vou agora entrar num Capítulo que é a escuta poética da poesia contemporânea que vai além do
reprimido na leitura do poema confiança de pelan o sujeito lírico contemporâneo é identificado por Viviana B como um sujeito pedra na verdade é um sujeito quase não mais sujeito por carente de mundo e de transcendência o heidger diz claramente né nos conceitos fundamentais da metafísica a pedra não tem mundo ele acrescenta o animal é carente de mundo e o homem é configurador de mundo mas a grande distinção entre o inanimado a pedra a pedra não tem mundo a pedra ela pode sofrer a o impacto da chuva do Sol do Vento do Mar mas ela não
faz contato pois bem esse sujeito que é carente de mundo vai se encontrar também com o que nos disse o lenço M aonde nós encontramos a ideia do sujeito rachado porque também só as coisas como a pedra racham incapaz de organizar de forma unificada o campo de suas experiências de modo a reuni-las so o domínio de uma voz no sistema tonal criado no início da idade moderna é como se hoje precisássemos é uma sugestão dele retomar de um novo jeito a tradição modal da idade média e a tradição polifônica renascentista cada sujeito comunica-se consigo com
o mundo e com os outros em diferentes modos e com diferentes vozes alternadas Ora sobrepostas ora contrapostas mas porque a pedra em todos esses modos e vozes faltam-lhe palavras faltam os veículos da transcendência do transporte da metaforização Mas porque é pedra falta-lhe contato estamos naturalmente no campo das situações traumáticas as que esfel e emudecem Adorno em 1949 segundo alguns tendo em mente o famoso poema todes fug fug de selan um poema maravilhoso se depois tiver tempo eu posso ler para vocês chegou a afirmar escrever poesia após Auschwitz é um ato Bárbaro e isso corrói até
mesmo o conhecimento de porque hoje se tornou impossível escrever poemas isso deixou o celan muito desesperado o embate entre o Adorno com essa frase de 49 e o celan na década de 50 foi extremamente virulento depois o Adorno mudou de posição e passou a reconhecer já no final que não é possível continuar escrevendo poesia depois de Auschwitz ou seja depois de situações Cat e traumáticas radicais bom mas cabe a pergunta como fazer poesia depois de Auschwitz cabe também perguntar como escutar a poesia que ainda se faz como se ainda houvesse ouvintes e leitores de poesia
celan judeu romeno escrevia em alemão escrevia em alemão por que a língua que a mãe impunha em casa era o alemão ela era extremamente ligada à cultura alemã e queria que o filho lesse falasse enfim se comunicasse em alemão eh mas ele eh escrevia em alemão sempre escreveu as suas poesias em alemão mas adotou a França como residência e o francês como língua prosaica inclusive na criação anagram do sobrenome que de anel ou anel virou cela pais presos e a mãe assassinada pelos nazistas os pais foram presos num campo de extermínio mas antes do pai
ser assassinado ele morreu de tifo a mãe foi assassinada com um tiro no crânio diversas experiências de perseguição confinamento exílio etc consagrado como um dos maiores poetas do século XX em língua alemã suicidou-se perto dos 50 anos jogando-se no cena pelan é frequentemente apresentado como poeta hermético quase inacessível no entanto em suas próprias palavras isso numa carta que ele escreveu para um amigo chamado Hans Bender ele diz o seguinte somente mãos verdadeiras escrevem poemas verdadeiros Não vejo diferença de princípio entre um aperto de mãos e um poema com essas palavras escritas por celan ao amigo
Hans Bender o levinas Emanuel levinas inicia seu ensaio sobre sã chamado de letre a lotre colocando o poeta entre heidger o celan tinha um grande apreço pelo heidger mas não podia suportar o fato do heidger ter sido um colaborador do nazismo mas colocando o poeta entre heidger o Pensador do ser letra e ele mesmo o filósofo da outridade lotro e a ética passando também por buber o Pensador do diálogo e elã situado entre a ontologia e a ética indo de uma a outra mas certamente um aperto de mãos verdadeiras cabe bem mais nos termos de
buber e levinas do que nos heidger anos o que há de mais sim direto que um aperto de mãos não é sem ironia que Levin escuta a voz de selan como a entrada do mendigo namorada do ser grifando esse termo pelo qual heidger na carta sobre o humanismo definia o campo da linguagem a morada do ser um aperto de mãos uma mão que se oferece signo que nada desvela um dizer sem dito que não instala o mundo apenas procura a mão estendida que complete seu gesto e Faça contato não temos tempo para investigar a fundo
essa noção de verdade mãos verdadeiras que já não se coloca no campo de uma teoria do conhecimento como em nem no campo de uma ontologia fundamental como em heidger mas no campo da ética em que outro sentido um aperto de mãos verdadeiras poderia ser tratado mas ao ouvirmos falar do mendigo pedindo a entrada no campo da linguagem a morada do ser ocorre-nos o movimento de um recém-nascido esgueirando-se para dentro do mundo do sentido e é o próprio Levin que nos diz comunicação elementar infância balbuciante do discurso inserção bem desajeitada na famosa língua que fala na
famosa de Ou seja é outra alusão né a língua fala diz o Heider é outra alusão irônica ao filósofo alemão e filo nazista o que nem Levin nem celan podiam perdoar em seu pequeno ensaio Levin baseia-se também no discurso proferido por selan ao receber o prêmio georg burner em 1960 e que foi publicado com o nome de o meridiano nesse texto fica evidente que palavras do celan o poema quer o outro precisa de um parceiro ele o procura adequa-se a ele cada coisa cada pessoa é um poema que se dirige ao outro figura desse outro
mas nessa procura nessa tentativa de diálogo muitas vezes um diálogo desesperado palavras do selan ele mostra uma forte in negável tendência ao emudecimento o poema se afirma à beira de si mesmo palavras dele é o outro na beira do poema eventualmente uma mão estendida eventualmente uma queda vertiginosa no abismo é o poema No um para o outro feito de palavras canhestros e de muitos silêncios emudecidos é o mendigo pedindo entrada na morada do ser solicitando o outro de si é também o recém-nascido em busca de resposta a seu signos que ainda nada significam e é
também o sujeito estilhaçado e empedrado congelado recém saído de uma situação traumática ou ainda nela pois destituído de toda a transitividade para esse sujeito pedra o trauma não passa ele só quer a mão a mão estendida quando se trata de escutar o inaudível o emudecido a palavra assassinada o discurso em ruínas o mendigo pedindo entrada na morada do ser estamos próximos do do que pode ser concebido em termos do nosso quinto momento da escuta analítica encontro verdadeiro é aqui o encontro que se d na verdade da resposta a umelo em que as palavras faltam e
coloco como noa de rodapé não é por outra razão que essa escuta Em análise frequentemente precisa ser feita no Face a Face conhecendo-se a ância do tema na ética do Levin bem como em psicanálise no atendimento dos casos difíceis com isso em mente entendo que o leitor de celan e um psicanalista em certos casos pode ser convocado para funcionar como um canhestro parceiro de um squiggle game mais do que como um intérprete ou a entender uma interpretação como meramente uma resposta atenta o celan citando Male Branch diz assim atenção é a oração natural da alma
mas digo eu como é difícil sustentar Essa oração natural da Alma principalmente em certos casos mas levando isso em consideração Vamos à consideração do poema TVT bom desse poema TVT há duas traduções a Viviana B usou a tradução do João barrento que traduz Não está errado SUV como Esperança eu vou usar uma outra tradução que fala em confiança a palavra pode ser traduzida como Esperança mas eu acho que no caso principalmente mais vale traduzir como confiança seguindo uma ou outra tradução cabe de início reconhecer que se trata de um problema não é de uma afirmação
a minha interpretação é um pouco diferente da Viviana ela é mais otimista ela acha que realmente ele está falando da Esperança do meu ponto de vista está problematizando as condições da confiança eu acho que confiança é um problema e talvez seja o problema celani ano por Excelência aliás é o problema de todos os sujeitos traumatizados traídos feridos em sua boa fé a família inteira colocava todas as suas fichas na língua alemã e era a língua dos assassinos no caso de celan traído pela língua o alemão Que lhe fora ensinado pela mãe e que era o
mesmo alemão dos que a assassinaram e que era também a língua dos grandes poetas que ele amavam e a ainda a língua em que escreveu poesia e só para dar uma ideia dessa problemática da língua que ao mesmo tempo é a língua materna e a língua dos que matam a mãe num poema chamado semente de lobo o nome de uma planta invocando a mãe que tinha sido assassinada em michailov pelos nazistas ele diz is é pedaço do poema mãe eles escrevem poemas mãe não escreveriam se não fosse pelo poema que eu escrevi por tua vontade
por vontade de teu Deus louvado dizias seja o eterno e agradecido três vezes amém e antes ele ainda dissera ontem veio um deles e te matou de novo em meu poema mas o poema confiança diz o seguinte será ainda um olho um olho desconhecido junto ao nosso mudo sob o uma pálpebra de pedra venham furem as vossas Galerias será um cílio virado para dentro na rocha acerado pelo que não foi chorado o mais fino dos fusos perante vós ele fez sua obra como se houvesse porque é pedra ainda irmãos o tempo não nos concede a
atenção devida a todos e a cada verso o que nos espera como lição de casa fiquemos ao menos com o último na forma de uma questão e de um apelo O último é aquele que diz perante vós ele fez sua obra como se houvesse Por que a pedra ainda irmãos saberemos nós ainda irmãos diante de quem o poema faz sua obra como se houvesse mas talvez não haja de certo não há porque é pedra saberemos nós Recomeço oferecer alguma resposta encontrar com a nossa mão estendida com a com a nossa a mão estendida em nossa
direção para nesse encontro de mãos verdadeiras fazer contato Eis a questão uma questão ética e também uma questão estética e literária diz Noel o poema concede ao outro uma parte de sua verdade é a parte que nos cabe como leitor e em muitos casos como analista acrescentar pervia de é a nossa mão estendida a nossa interpretação a nossa resposta pedir provisoriamente de pelan deixando à nossa espera as lágrimas não choradas que perfuram o cílio o mais fino dos fusos e muitas outras imagens eu tenho uma interpretação desse poema posso depois voltarmos a isso se houver
tempo mas eu queria concluir retornando paraa escuta em psicanálise para encerrar essa fala rememorem que a escuta do desejo e seus desenhos Apenas esboçados uma espécie de squig verbal com o desenhador em Extrema reserva a escuta das resistências e suas formas e sistemas a escuta das angústias e suas criações projeções e a escuta das necessidades não encontradas nem reconhecidas e por isso petrificadas e emudecidas requerem diferentes sedimentos sempre articulados com a ética da atenção igualmente flutuante acreditamos que nos dias de hoje a noção de atenção igualmente flutuante Deva incluir uma dimensão ainda não prevista por
Freud a flutuação entre diferentes canais de comunicação entre as diferentes vozes incluindo as caladas ou entrecortar ou contrapontística de celan falo contrapontística porque tanto no grande poema todes fug que é uma fuga é uma forma musical como nesse que eu acabei de ler vocês vão ver ponto e contraponto cria-se assim uma escuta ampliada diversificada paradoxal uma escuta verdadeiramente polifônica isso dá um alcance para o termo de atenção flutuante que certamente vai muito além do que Freud supunha quando cunhou o conceito em 1912 mas cremos que é um além de Freud que nada mais faz do
que desbravar continuar desbravando o campo que Freud tinou instalou e nos legou na eterna manhã da psicanálise ainda hoje retornamos a Freud e deslumbramos nas escutas dos inconscientes de imenso e Agradecemos muito obrigado [Aplausos] [Música] bom o aniversário é do luí Cláudio Mas quem ganhou o presente fomos nós e eu fiquei muito contente que tenha sido essa a última palestra porque saiu melhor do que encomenda eu acho o Lu Cláudio então ia falar pelos psicanalistas e Acabou falando né fazendo mostrou o bom costureiro que ele é também então fiquei muito feliz deixa eu ver o
que que eu tomei nota aqui bom tem muita coisa para conversar eu vou convidar vocês para fazerem os comentários perguntas eh o Luiz Cláudio não mencionou aides Vilaça Porque não recebeu a fita do Vilaça mas nele na fala dele teve uma conversa interessante que era da dessa identidade entre a poesia e a psicanálise no que tange a revelação e ele disse Mas a poesia mais antiga eh bom então tá aberto para que quem quiser fazer uso da palavra tem uma pessoa lá depois o Alfredo quer ficar com ise posso fazer já quem é que tá
falando aqui é Celso sim eh uma das noções eu penso que de certa maneira a poesia representa uma espécie de ruptura com a linguagem no sentido de buscar um um alcance mais amplo paraas palavras né um alcance mais amplo pros sentidos das palavras inclusive eh dentro da obra de Bion existe um artigo que se chama mudança catastrófica esse artigo foi ampliado de diversas maneiras e ele colocava em questão a o efeito disruptor que uma ideia nova tem sobre as ideias estabelecidas um pouco na linha desta ideia que que o b colocou ele parte pra memória
do futuro é uma trilogia são três livros escritos numa linguagem muito difícil de ser lida Eu gostaria que o senhor fizesse algum comentário vamos dizer assim até sobre a polifonia né da memória do Futuro ou como Isto pode ser visto né B vamos na medida da minha possibilidade comear da da mudança catastrófica certamente eu acho que quando você entra em análise e oferecem-se condições de escuta e de fala em Associação livre bom isso já é a primeira grande mudança catastrófica que é a própria instalação da situação analítica a situação analítica é uma situação que quando
bem instalada Ela opera Milagres mas a instalação dela necessariamente implica numa ruptura em relação ao modo convencional da conversa transcorridas ideias serem de uma certa maneira eh concatenadas e comunicadas eu acho que não apenas nesse momento mas ao longo de todo o processo analítico seja pela via da tensão flutuante seja pela Via dessas outras apreensões daquilo que por exemplo é sistema resistenci ou clima afetivo ou enfim todas as modalidades de escuta que vão pelo menos de Freud do primeiro Freud até aquilo que eu apresentei como Bion nós teríamos experiências de mudanças catastróficas de irrupção do
inesperado e de quase um cultivo da possibilidade do inesperado vir transformar vir produzir digamos assim eh transformações radicais na forma do sujeito se relacionar consigo com seu mundo com seus objetos internos e com os objetos externos no caso já da quarta da da quinta modalidade de escuta que é essa aonde o que está em questão são as necessidades enregelados e petrificadas que precisam ser acessadas frequentemente eh em condições muito precárias porque você tem que usar a empatia tem que fazer um pouco de de adivinhação tem que tatear muito para ir se aproximando Aí eu já
não sei se para esse caso para essa modalidade de escuta o conceito já se aplicaria tão bem assim Ou seja eu acho que essa quinta modalidade de escuta ela de fato ela bom ela impõe digamos assim um outro tipo de pensamento que eh para além da mudança catastrófica ou pro lado dela ou ao dela vai eh propiciar isso que eu tanto insisti na leitura do celan que é a possibilidade de fazer contato que é a possibilidade de estabelecer não rupturas mas pelo contrário continuidades e fazer encontros é propiciar determinados encontros como as Tais os tais
encontros das mãos verdadeiras então tem impressão sabe Celson que eh as estratégias discut em psicanálise em grande medida giram em torno dessa possibilidade de experiências de irrupção de inesperado Isso precisa ser mantido eu acho que mesmo quando prevalece num atendimento Essa quinta modalidade por isso que eu acho tão interessante o sexto momento que é o momento contemporâneo Porque mesmo quando prevalece a necessidade do encontro é fundamental que se sustentem também os outros canais aonde o inesperado o absolutamente imprevisível tenha lugar para se manifestar porque senão realmente cria-se ali sob o manto de uma suposta empatia
uma espécie de conu aonde a gente já não sabe mais o que que está se passando dentro daquela dupla então eu não sei se eu tô te respondendo mas enfim em termo da problemática da mudança catastrófica eu acho que ela precisa ser reconhecida e ao mesmo tempo saber em que condições ela precisa de al uma maneira também ser cercada de uma outra modalidade que vai numa direção que é mais o do contato e da continuidade Por exemplo quando por exatamente quando bom não só nas memórias do Futuro o bom é sempre um escritor desconcertante não
é ao longo dos textos da década de 60 e a partir do atenção e interpretação é sempre um leitor desconcertante quer dizer ele na verdade ele usa uma agem que não é uma linguagem para representar é uma linguagem para produzir efeitos é uma linguagem na verdade muito voltada para aquilo que eles ch a linguagem do êxito a linguagem da saída de uma certa maneira e é uma linguagem de transformação que propicia a passagem a o e não apenas a transformação em k então nessa medida não apenas as memórias do Futuro mas em toda a trajetória
do Bion a gente encontra digamos as fichas dele colocadas num tipo de comunicação que não é comunicação convencional facilmente eh digamos redutível ao já sabido ela tá sempre surpreendendo e impondo uma certa eh experiência de espanto no leitor e aonde ele se aproxima Aí sim de uma escrita poética de uma escrita polissêmica de uma escrita enigmática de uma escrita aonde as palavras agem produz experiências e não apenas explicando organizando o campo do pensamento Alfred bom em primeiro lugar queria te cumprimentar pela tua brilhante exposição quando você falou da da questão das mãos verdadeiras e do
aperto de mãos me fez lembrar a análise que oot fez com a Margaret quando em sões em que ela tava profundamente regredido grande ele era muitas vezes obrigado a passar sessões inteiras segurando as mãos dela Uhum e ele ficava muito cansado e diz que muitas vezes ele chegava a dormir de cansaço o que fazia ela reagir de uma forma muito brava muito agressiva né Uhum eh eu pessoalmente acho que numa situação como essa é difícil se manter a ideia de eh eh escuta eh com com com atenção flutuante pelo mesmo no sentido que o Freud
dava eu queria saber se a ampliação que do conceito que você faz contempla esse tipo de situação também eu acho que sim eu acho que sim eu acho que a tensão flutuante entendida como ética como posição eu acho que ela precisaria ser mantido mesmo nesse caso aonde A grande questão é o contato e é o aperto de mãos verdadeiras é essa proximidade a minha questão na verdade é sempre que eh surge uma nova modalidade digamos assim uma nova técnica de escuta não por acaso não porque resolveu se inventar mas porque é uma necessidade clínica que
isso vem acompanhado de uma reflexão ética a respeito de em que condições o analista pode dar sustentação enquanto analista para aquele tipo de escuta ou de reconhecimento porque no caso é fundamentalmente a gente chama de escuta mas é uma escuta ampliada aliás essa ampliação no conceito de escuta já vem de Melanie cai porque ela chamava de escuta afinal de contas coisas que não tinham nada a ver com escuta que erera ver que era brincar queera enfim acompanhar movimentos comportamentos e atitudes pois bem então inclu também no conceito de escuta ampliado essa forma de contato das
mãos verdadeiras mas mas que isso nunca venha em detrimento da sustentação da posição ética do analista eu acho que se o vinot fazia isso e se mantinha na posição dele aparentemente se mantinha ótimo se alguém faz isso e deixa-se tomar digamos assim pelo embalo da história e perde essa posição aí provavelmente vai ser um desastre total né A propósito tem um artigo de um analista chamado Patrick eh casement que é sobre não dar a mão pro paciente então a paciente pede pede pede pede é uma coisa muito difícil de Resistir e ele sustenta durante muito
tempo esse não e sustenta analiticamente né então de novo é escuta né mas é é sempre eu acho que o bom analista ele deve ter à sua disposição essas várias estratégias sempre sustentando a sua posição e vendo em cada caso o que que vai prevalecer não é a escuta ela tem várias caras tem várias digamos fisionomias Mas ela precisa ser mantida com aquela posição ética de que eu sempre chamo atenção mas permitindo-se essa variação então precisaria pensar no caso do kisem que talvez então o mais analítico é exatamente escutar e não dar a mão no
outro caso é escutar pela mão é quase que a mão é muito interessante essa ideia da vou falar um pouquinho do ponge o ponge é um poeta que não tem a problemática celani da confiança e do contato com o outro mas ele tem a questão do contato com o mundo contato com os objetos do mundo e o que eu coloco aqui por exemplo como uma nota de pé de página depois eu vou explicar melhor o que que isso daí quer dizer D um exemplo é como se ele colocasse dedos com olhos ou com ouvidos ou
seja os órgãos do tato passam a ser equivalentes à escuta e a visão e ele passa a descrever a coisa mas só que usando os olhos e os ouvidos dos dedos então por exemplo quando ele vai falar um texto dele num livro chamado laage depression a raiva da expressão ele o primeiro texto é uma espécie assim de programação poética dele chama-se Leber de lalar nas bordas do Rio ele fala quando a gente tiver que fazer um poema sobre um rio é preciso enfiar o nosso olhar dentro da água por é assim que a gente evita
que as nossas palavras que vão falar do Rio sequem é preciso molhar o olhar só que você não molha o olhar você não enfia o olho dentro da água você na verdade plon as mãos não é você mergulha as mãos dentro da água mas se as mãos tiverem olhos e ouvidos elas vão ver e ouvir coisas que você não vê com esses olhos mas vê com os olhos e ouvidos da ponta dos dedos e ele vai tentar escrever o tempo todo uma poesia sobre objetos um grande livro dele chama-se le parti deos ele fala o
meu partido é o das coisas eu não quero fazer nada que me afaste das coisas então por exemplo um poema dele sobre o pão deixa ver se eu tô com ele aqui é pequenininho o [Música] pão a superfície do Pão é maravilhosa primeiro por causa desta impressão quase panorâmica que dá como se tivesse ao dispor SB as mãos sob a mão os Alpes o tauros ou a Cordilheira dos Andes assim pois uma massa amorfa enquanto a rota foi introduzida para nós por para nós no forno Estelar Onde endurecendo se afeiçoou em Vales cumes ondulações ravinas
e todos esses planos desde então tão nitidamente articulados estas laes finas em que a luz aplicadamente deita os seus lumes sem um olhar sequer pra flacidez ignóbil subjacente é o Miolo n esse laço e fri subsolo que se chama o miolo tem o seu tecido semelhante ao das esponjas e Pons né ele coloca frequentemente o nome dele no meio e folhas ou flores são aí como irmãs siamesas soldadas por todos os cotovelos ao mesmo tempo logo que o pão endurece Essas flores murcham murcham e contraem-se destacam-se Então umas das outras e aassa torna-se por isso
friável você pode partir mas quebrem calemos porque o pão deve ser a nossa boca menos objeto de respeito do que de refeição Ah eu acho que a maior contribuição desse tipo de junção é para a questão da Imaginação Clínica sim né Então essas imagens inusitadas então por exemplo a gente tá lendo no seminário do meltzer Eu tenho um material Clínico que o paciente tem olhos nos dedos Uhum é também os poemas do do chileno Neruda né as odes sen Cilas então ele tem um poema para cada coisa nessa linha também né então o o o
que é interessante nesses poemas que são muitos os poemas do Poncho né que trabalham exatamente com essa raiva da expressão e essa quer dizer o que ele vai dizer aqui na raiva da expressão no primeiro é coisas do tipo não é eh que meu trabalho seja de uma retificação contínua da minha expressão a favor do objeto bruto assim escrevendo sobre l ar a partir de uma das suas bordas deveremos mergulhar sem cessar nosso olhar dentro da água porque cada vez que as palavras tiverem secado sobre uma expressão esse mergulho na água novamente umedece o objeto
é sempre o mais importante mais interessante mais capaz e ele vai dizer eh a importância de apresentar ou de fazer contato com o objeto de tal maneira que o objeto seja completamente outro e ao mesmo tempo plenamente reconhecível isso daí é o nosso trabalho uma boa interpretação altera produz digamos uma alteridade e ao mesmo tempo ela pode ser ouvida como própria é muito interessante a forma do pon de trabalhar porque ele vai dizendo como é que é possível estar sempre a serviço do objeto de uma tal maneira que o objeto nos apareça de uma maneira
absolutamente Mas é isso mesmo pão Se você olhar bem e se você o tatear se você fizer esse contato próximo não é digital com o pão é isso mesmo e no entanto nunca se viu um pão descrito como o Cordilheira dos Andes e enfim a crosta do pão e o miolo do pão isso daí bom mas depois ele fala mas nada disso importa porque o pão é mais Digno Para um consumo do que para um respeito não é em francês o termo o termo final que aqui foi traduzido como refeição é consom o o pão
é para ser consumido não é para ser reverenciado com todo respeito isso é fazer do pão um verdadeiro objeto Olá não pera aí então temos três pessoas então ele que já tá ho depois o Inácio depois você e depois o João qu um podemos sei vamos lá associando a isso que você havia falado do pão fico pensando se nós não podemos pensar que o pão nos faz também o seu poema né tô pensando isso porque eh como que nós podemos pensar aí Eh sobre eh O que é que fala na linguagem poética ou quem é
que fala na linguagem poética Hum bom Então veja só eu comecei exatamente quando o essa minha parte sobre a língua sobre a escuta poética retomando lá o da rut Júnior eh quando ele fala que antes de se pensar em escutar a poesia é preciso pensar o que que o poeta escutou do mundo para que aquilo vire poesia então de uma certa maneira o pão por isso todo o respeito ao pão e toda a meticulosidade toda a paciência ele vai fazendo um contato que ele diz ao mesmo tempo é sonhador porque ele fala às vezes eu
vou precisar de alguma coisa da linguagem poética de metáforas de imagens sempre que elas me forem evocadas por uma experiência muito próxima com aquele objeto então é sempre a partir da coisa que a palavra vem são essas evocações são as coisas do mundo que você vai encontrando e sobre as quais você vai podendo então fazer poesia poesia vem dessas ressonâncias entre as experiências com o mundo e seus objetos com as memórias do sujeito com as memórias afetivas os As Memórias os sentimentos nãoé eh As Memórias em sentimento é é disso daí que vai se compondo
no plano linguageiro uma totalidade na qual então você pode oferecer ao outro ao seu leitor ou a seu ouvinte para que ele também faça uma experiência bastante senão próx igual mas muito próxima disso que foi a experiência original do poeta encontrando as coisas do mundo e fazendo as suas poesias a partir daí então eu penso que é a escuta poética do poeta ela se apresenta como um modelo também para nós não porque a gente vai fazer poesia do material do paciente mas é porque as nossas eu acho que as verdadeiras as boas interpretações Elas têm
essa dimensão essa dimensão de colocar em palavra alguma coisa que produz um efeito na escuta do próprio analista mas principalmente do paciente que é um efeito poético transformador não poético no sentido de arte mas de fazer coisas de dar a ver dar a ver expressar aqueles fazeres não é que diz lá o Na verdade o Davi tá se baseando no Manuel Bandeira fundamentalmente no itinerário pasargada tudo que ele tá falando sobre o fazer poético é uma leitura que ele faz do itinerário de pasar da maior Bandeira então é o fazer do poeta que ao mesmo
tempo faz contato expressa dá a ver tudo isso é aquilo que afinal de contas a gente espera também da nossa escuta e das boas interpretações que a partir dessa escuta possam ser concebidas eh Talvez seja uma questão que já tenha Aparecido mas eu gostaria de eh problematizar de uma outra forma eh essa questão do toque de mão e da escuta das necessidades em relação à abstinência à regra da abstinência uhum eh De que forma a regra da abstinência me parece que de alguma forma ela é modificada como é possível escutar a necessidade do outro sem
em parte que ela apareça e que em parte ela seja já satisfeita ao mesmo tempo é Talvez seja a única forma de você da escuta e aí aparece essa forma do pão que também tem que ser ingerido e a questão do mundo aham CL como é a questão do mundo na psicanálise que o Existem os dois mas existe um mundo um contexto uhum verdadeiro fora e esses dois estão contextualizados dentro do mundo existe um mundo de necessidades e como é que isso entra dentro da psicanálise que sempre privilegia o mundo interno né não aí que
está nem sempre privilegia o mundo interno né Eu acho que se privilegiasse apenas o mundo interno claramente Essa quinta modalidade Escuta ela nem teria cabimento porque ela obviamente ela se refere a situações traumáticas efetivas que foram efetivamente vividas no contato com objetos primários ou em situações catastróficas no outro sentido que realmente Deixaram um sujeito completamente a mercê digamos no desamparo da enfim de uma completa eh falta de teto e falta de Chã de chão Então eu acho que Mas mesmo nas outras né Mesmo nas outras modalidades há sempre uma interação a ser respeitada entre o
interno e o externo porque senão a psicanálise simplesmente não teria como existir Afinal o psicanalista Ele só pode exercer algum poder Porque apesar de poder vir a incluir-se como objeto interno da fantasia ele continua ainda com uma certa separação e enquanto objeto externo podendo fazer coisas que os objetos internos pelo menos historicamente instalados na mente do sujeito do paciente não fariam por ele então alguma separação entre o interno e o externo ela tem que ser mantida mesmo nas modalidades digamos assim freudianas na modalidade clani ou da modalidade Bonina Mas ainda é claro nessa outra Aonde
a problemática das necessidades ela vai se impor e escutar o inaudível das necessidades não encontradas é claro também concordo contigo que a questão da abstinência nesse momento tem que ser reposicionada tem que ser recolocada não é quando o Freud fala em abstinência obviamente ele tá falando não satisfação de desejos não é quando a escuta Deixa de ser apenas a a escuta dos desejos para ser também a escuta das angústias a coisa já começa a mudar porque na escuta das angústias há coisas que o analista sim tem que fazer não propriamente para satisfazer o desejo mas
para criar condições para que a análise afinal de contas prossiga não é apenas a eliminação o alívio momentâneo de uma ansiedade mas é a própria preservação da situação analisante que não aconteceria se o analista não pudesse escutando certas angústias ir de alguma maneira na função exercer a função de contê-las de reduzi-las de fazer algum tipo de alívio Mas ainda é claro então nessa outra Aonde se trata não só de escutar desejos e angústias e também no caso dos mecanismos de defesa é interessante você pensar por exemplo o próprio Freud quando falava por exemplo de casos
de fobia partir de um certo momento ele dizia o seguinte se o sujeito fóbico não se atreve a dar certos Passos porque ele está completamente aprisionado por seus objetos internos persecutórios isso da minha linguagem a dele era um pouco diferente é preciso incentivá-lo a dar esse espaço isso ele fala num texto final da década de 10 das novas vias da terapia psicanalítica ou seja mesmo no confronto com sistemas resistencia o analista tem que sair digamos da sua Torre de Marfim ou da sua posição de não implicação ou de uma implicação muito moderada muito atenuada pelo
Grande pela grande dose de reserva que seria digamos a abstinência classicamente considerada Então eu acho que tirando aquele primeiro momento freudiano já no segundo o das resistências no momento kleiniano no momento bionano e ainda nesse quinto você vai ter o analista sendo obrigado a fazer coisas para além de simplesmente escutar deixando o sujeito entregue a si mesmo digamos assim quando se trata de escutar o desejo ou quando em qualquer análise o que está em jogo é a escuta do desejo eu acho que permanece a ideia de abstinência não satisfação desse desejo por essa via bastarda
que seria a situação analítica em que na transferência o analista digamos se deixa realmente cooptar como o amante de plantão agora nas outras modalidades escuta outras atitudes do analista já são exigidas mas por isso é que eu volto sempre a velha questão essas outras modalidades Exatamente porque põe em questão por exemplo a questão da abstinência exigem mais de nós em termos de sustentação ética da nossa posição é exatamente porque o wiot tinha que dar a mão que ele tinha que saber que ele era o analista e a outra era sua paciente e o contato que
ele tava fazendo ali tinha um sentido dentro de um certo contexto de um certo processo analítico para ir ao encontro de necessidade de um eu profundamente debilitado esfr angal bom agora temos Vamos combinar Inácio João e daí a gente avalia Aqui tá o mais breve possível primeiro que prazer te ouvir Luis Cláudio eh quando você fala de uma trans escuta acho que a gente poderia colocar assim né que inclui mas vai além da escuta psicanalítica poética etc você citou de uma maneira muito adequada uma escuta musical embora você não tenha colocado muito incisivamente e se
citou pulso ritmo melodia contraponto etc né como isso para mim é uma experiência vivida ao longo de toda a minha vida eu comecei a estudar música com 4 anos 5 anos de idade e eu queria apenas rapidamente dizer da minha experiência passando por todos esses momentos que você descreveu dentro da psicanálise em que décadas depois como é que tá isso essa escuta para mim agora Uhum Então Claro ao longo do estudo eu estudei Harmonia contraponto etc e tal como como é que eu ouço hoje uma peça de Bar só para dar um exemplo mas vale
para Beethoven ou schenberg ou quem quer que seja né É claro que eu fui aprendendo a ouvir então tem um contraponto né então chega a ter sete vozes um que ele fez para Frederico grande etc né então não deixa de ser um prazer Ah agora entrou a primeira voz agora entrou numa quinta acima agora ele transforma num tonica ele volta ã tal né de repente me parece que eu só descobri o que é essa música quando eu consigo esquecer tudo isso uhum muda tudo de repente eu ouvi essa música esquecendo até que é de barum
isso Eh claro como eu digo ao longo de décadas vai se tornando quase natural mas como a gente ainda fic preso né a tentar manter esses referenciais e esse prazer enorme de repente escutar aquela música Como coisa Uhum é tão de Barro como é minha como é de todos e tudo aquilo que construiu talvez essa audição de alguma maneira obstrui e eu sinto que muda totalmente e me parece muito melhor quando eu consigo ouvir esquecendo tudo isso eu acho que isso tem a ver com a minha visão ou minha audição psicanalítica então não sei como
é que uma contribuição quer dizer não teria muito o que contestar eu concordo completamente com você a minha tentativa de identificar essas modalidades e principalmente para falar dessa necessidade do sujeito não se fixar não se grudar dogmaticamente a um canal a um modo de escuta e saber que afinal de contas um paciente na verdade é sempre um grupo não é por exemplo um psiquismo já é um grupo e fala coisas diferentes em vozes diferentes em modos diferentes que é aquilo que a gente encontra por exemplo na poesia do celan então quando ele dá o nome
de fuga da morte ou fuga para morte ele está fazendo referência à dimensão contrapontística do poema você vai posso ler daqui a pouco mas ele vai em diferentes versos se colocando em diferentes lugares e tendo diferentes vozes para diferentes objetos é um poema relativamente fácil de acompanhar é muito menos hermético do que outros poemas como esse mesmo que eu li hoje que do meu ponto de vista o última estrofe que é aquela ele faz seu trabalho perante vós e tudo mais aquilo dali ele está de fora falando do poema fazendo o seu trabalho diante de
nós e eu tentei na minha interpretação disso também ser contrapontística fazia afirmações e contraa afirmações será possível acho que não não é é essa é a maneira do meu ponto de vista de lidar com um poema mas as duas estrofes anteriores falam de coisas diferentes falam sempre de olhos de cílios de pedra mas não são os mesmos olhos não são os mesmos silhos uns são os olhos do meu ponto de vista dos que dizem furai vossas Galerias o outro é o olho que é perfurado pelas lágrimas não choradas então nós temos assim uma mudança é
uma coisa muito impressionante porque numa coisa mínima você tem várias vozes e vários pontos de vista soando isso se você que resolver analisar Mas você pode simplesmente ver as imagens senti-las Enfim fazer contato com elas e gostar do poema porque é belíssimo entende mas só para você então em relação a questão musical eu vou ler para vocês então o tal do fuga pra morte esse poema foi um poema que ele começou a escrever logo depois da guerra 45 saiu primeira versão eh que não era ainda em alemão depois ele fez em alemão eh Mas de
fato é que esse poema criou um grande escândalo porque a acusação não do Adorno propriamente mas de pessoas que tinham lido essa condenação do Adorno em relação a fazer poesia depois de Auschwitz Liam exatamente como uma tentativa de embelezar de estilizar de transformar Auschwitz numa coisa bonita quando era uma coisa horrorosa não é e isso deixou o pobre do celan que era uma pessoa bastante frágil ele se casou ele teve um filho ele teve um longo romance com a com uma literata austríaca que era aliás filha de Um Nazista eh mas enfim ele inclusive parou
de de recitar ele ele não deixava mais que esse poema fosse incluído nas antologias porque o poema ficou estigmatizado como sendo exatamente aquela barbárie que nem se sabe como tal né diz o fuga então todes fug pode ser fuga da Morte fuga para a morte aqui a tradução é fuga sobre a morte né Leite breu da nós o bebemos à tarde nós o bebemos ao meio-dia E de manhã nós o bebemos à noite bebemos e bebemos cavamos uma cova grande nos ares na casa mora um homem que brinca com as serpentes e escreve ele escreve
pra Alemanha quando escurece teus cabelos de ouro Margarete ele escreve e aparece em frente à casa e brilham as estrelas ele a subia e chama seus mastins ele a subia e chegam seu judeus manda cavar uma cova na terra ordena-los agora toquem para dançarmos Leite breu da Aurora nós te bebemos à noite nós te bebemos de manhã e ao meio-dia nós te bebemos à tarde bebemos e bebemos na casa mora um homem que brinca com as serpentes e escreve que escreve pra Alemanha quando urece teus cabelos de ouro Margarete teus cabelos de Cinza Sulamita cavamos
uma cova grande nos ares onde não se deita ruim ele grita cavem mais até o fundo da terra vocês aí vocês ali cantem e toquem ele pega o ferro na cintura balança so os seus olhos que são azuis cavem mais fundo as paz vocês aí ali continuem tocando para dançarmos Leite breu da Aurora nós te bebemos à noite nós te bebemos ao meio-dia E de manhã nós te bebemos à tardinha bebemos e bebemos na casa mora um homem teus cabelos de ouro Margarete teus cabelos de Cinza Sulamita ele brinca com as serpentes ele grita toquem
mais doce a morte a morte é uma mestra da Alemanha ele grita toquem Mais Escuros violinos Depois subam aos Ares como fumaça e terão uma cova grande nas nuvens onde não se deita ruim Leite breu da Aurora nós te bebemos à noite nós te bebemos ao meio-dia a morte é uma mestra da Alemanha nós te bebemos à tarde e de manhã bebemos e bebemos a morte é uma mestra da Alemanha seu olho é azul ela te atinge Com balas de chumbo te atinge em cheio na casa mora um homem teus cabelos de ouro Margarete ele
atiça seus mastins contra nós dá-nos uma cova no ar ele brinca com as serpentes e sonha a morte é uma mestra da Alemanha teus cabelos de ouro Margarete teus cabelos de Cinza Sulamita estão satisfeitos bom então vamos Encerrando por aqui essa palestra esse encontro e o ano n