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Já parou para pensar como funciona o comércio entre quase duzentos países no mundo todo e como foram definidas, ao longo da história, as regras e os padrões usados nas transações internacionais de produtos como smartphones, roupas ou petróleo, por exemplo? No vídeo de hoje, falaremos sobre a história e o funcionamento do comércio internacional. Então bora saber mais!
Todos os dias, milhões de toneladas de produtos são transportadas por navios, trens, caminhões e aviões ao redor de quase todo o mundo. Você pode estar assistindo a este vídeo em um celular fabricado na Coreia do Sul, usando uma roupa tecida em Bangladesh e quem sabe tomando um café brasileiro com um pãozinho feito de trigo argentino. Como todos esses produtos saíram dos seus locais de fabricação ao redor do mundo e chegaram à sua casa?
Foi graças ao comércio. Mas como ele surgiu? O comércio é uma atividade milenar.
Desde as primeiras formas de escambo, passando pela invenção do dinheiro, o intercâmbio entre diferentes civilizações foi parte importante da história da humanidade. A famosa Rota da Seda, uma rede de rotas comerciais terrestres e marítimas que conectavam a Ásia do leste, o Oriente Médio e a Europa, se desenvolveu sobretudo a partir do século II a. C.
No Império Romano, o comércio garantia não só a arrecadação de impostos, mas também o acesso a especiarias e outros produtos exóticos, como canela, mirra, pimenta e seda. Na Idade Média, as repúblicas marítimas italianas, como Gênova, Pisa e Veneza, tiveram um papel central no comércio no Mediterrâneo, e outras grandes cidades também se desenvolveram como importantes centros comerciais, como o Cairo e Constantinopla. Vários reinos e impérios na África também se desenvolveram como povos mercadores, e, na era das Grandes Navegações, comerciantes europeus promoveram o comércio de escravos africanos, destinados sobretudo como mão de obra nas Américas.
A partir do século XV, ganhou força em muitos países europeus um pensamento econômico que ficou conhecido como Mercantilismo. A ideia básica era de acumular o máximo possível de recursos no país, ampliando as vendas de produtos ao exterior – as chamadas exportações – e reduzindo ao máximo as compras de produtos estrangeiros – conhecidas como importações. Para isso, recorreu-se à imposição de tarifas e subsídios e à prática do colonialismo.
Até que, no século XVIII, filósofos e economistas clássicos começaram a questionar as políticas de restrições ao comércio internacional. Segundo eles, a liberdade do comércio deveria ser estimulada, e os países deveriam se especializar na produção de determinados produtos, favorecendo as trocas internacionais. Foi com base nessas ideias que pensadores liberais das Relações Internacionais, como o escritor britânico Norman Angell, afirmaram que o comércio internacional promove a paz, já que ele beneficia todos os envolvidos, tanto vendedores quanto compradores As inovações tecnológicas permitiram a ampliação do comércio global em escalas antes impraticáveis.
A invenção do barco a vapor, no século XVIII, permitiu que as rotas marítimas deixassem de ser definidas apenas pelos padrões de vento nos oceanos. A expansão da locomotiva a vapor no século XIX agilizou e ampliou o comércio terrestre, integrando portos ao interior dos continentes. E o desenvolvimento das técnicas de refrigeração permitiu o transporte por longas distâncias de substâncias perecíveis, como carnes e frutas.
No contexto da Grande Depressão, nos anos 1930, vários países ocidentais adotaram medidas para proteger suas economias, incluindo o aumento de barreiras às importações. Essas políticas prejudicaram o comércio, atrasaram a recuperação econômica global e contribuíram para uma escalada de tensões internacionais. O diagnóstico sobre essa situação acabaria motivando a defesa da liberalização comercial após a Segunda Guerra Mundial.
Em 1947, representantes de 23 países se reuniram em Genebra e assinaram o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, o GATT. Esse acordo estabeleceu uma série de princípios e regras para o comércio internacional. A partir daí, foram realizadas várias rodadas de negociações do GATT, para discutir a redução de tarifas e novas disciplinas comerciais em matérias como a remoção de barreiras não tarifárias ao comércio e a eliminação de práticas desleais de comércio pelos países participantes.
Em 1994, na conclusão de uma dessas rodadas de negociação, foi criada a Organização Mundial do Comércio. A OMC é uma organização internacional que tem atualmente 164 membros e atua em três frentes principais. Em primeiro lugar, ela estabelece um sistema global de regras comerciais e auxilia países em desenvolvimento a ampliar sua capacidade comercial.
Além disso, a OMC funciona como um fórum para a negociação de acordos comerciais. Por fim, ela também permite a solução de controvérsias comerciais entre seus membros. E tudo isso tem o objetivo de ajudar os países membros a usar o comércio como um meio para elevar os padrões de vida, criar empregos e melhorar a vida das pessoas.
O valor total do comércio global já soma quase 30 trilhões de dólares por ano. E em uma economia globalizada, as redes de produção e as trocas comerciais estão profundamente interconectadas. No século XX, se disseminou o uso de contêineres de aço de dimensões e formatos padronizados, que facilitam o carregamento e o frete em diferentes modais de transporte: navios, trens ou caminhões.
Existem dezenas de milhões de contêineres em uso em todo o mundo, e os navios de carga têm carregado cada vez mais volumes. Os maiores atualmente conseguem transportar cerca de 24 mil contêineres. O Porto de Santos é o maior em movimentação de contêineres do Brasil.
Em 2021, passaram por ele o equivalente a quase 5 milhões de contêineres. E o maior do mundo é o Porto de Xangai, por onde passam mais de 40 milhões de contêineres por ano. Toda quinta tem política internacional descomplicada por aqui.
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