Se lhe dissessem que há uma casa no sexto céu e um palácio no sétimo, o que isso faria por você? Isso apenas responderia à sua curiosidade; mas não o levaria a lugar nenhum. É mais importante descobrir a verdade sobre si mesmo do que descobrir a verdade sobre o céu e o inferno, ou sobre muitas outras coisas de menor importância e distantes de si mesmo.
É por isso que mantemos os nossos ensinamentos livres de especulações, crenças, doutrinas e dogmas, pois acreditamos que o trabalho real acontece em nós mesmos. Realizamos o nosso trabalho através da concentração e da meditação. Não é uma coisa fácil de se fazer; na verdade, é a coisa mais difícil, mas é também a mais valiosa.
A maestria não está apenas em acalmar a mente, mas em direcioná-la para qualquer ponto que desejamos, em permitir que ela seja ativa tanto quanto desejamos, em usá-la para cumprir com o nosso propósito, em fazer com que ela fique quieta quando queremos aquietá-la. Frequentemente, uma pessoa diz: “Eu estou dando o meu melhor, mas não consigo concentrar minha mente; Não consigo acalmar minha mente”. É verdade, mas não é verdade que ela está dando o seu melhor.
O “melhor” não para por aí. Para prosseguir neste caminho, ela deve desenvolver a sua força de vontade. É a atitude otimista em relação à vida que desenvolve à vontade; a atitude pessimista a reduz, rouba-lhe o seu grande poder.
Portanto, se há algo que impede nosso progresso na vida, somos nós mesmos. Está provado mil vezes que não há ninguém no mundo que possa ser pior inimigo para nós do que nós mesmos. Portanto; Domine-se!
Hazrat Inayat Khan. Não é possível dominar as condições da vida até que tenhamos aprendido a nos controlar. Uma vez que tenhamos domínio sobre nós mesmos, tudo dará certo.
A autodisciplina, por mais difícil e tirânica para nós que possa parecer no começo, é o que no final torna a alma o mestre de si mesmo. Não é em vão que os grandes sábios e adeptos levaram uma vida ascética; havia um propósito nisso. Não é algo que deve ser seguido por todos, mas compreendido.
Devemos compreender, por exemplo, o que eles desejavam fazer de suas vidas, o que desejavam realizar. Essa vida de autodisciplina visava ao desenvolvimento da força de vontade. Toda carência que encontramos na vida é falta de vontade, e toda benção que nos vem, vem pela força de vontade.
Alguns pensam que não depende deles próprios a força de vontade, que ela é dada certas pessoas como Graça, como Benção. Não; depende de nós mesmos, porque a força de vontade é o próprio ser humano. Sem dúvida ela é Graça, mas ainda assim, essa Graça deve ser encontrada dentro de nós mesmos, pois a força de vontade é o nosso próprio ser.
Não vemos, mesmo em nossas experiências limitadas, como as coisas dão errado quando somos mentalmente fracos? Então, qual é a melhor maneira de desenvolver a nossa força de vontade? Primeiro, os sufis desenvolvem a força de vontade colocando sistematicamente o corpo em uma certa disciplina.
Então, deve-se sentar-se na postura que lhe é prescrita; deve-se ficar em um lugar onde lhe é solicitado a ficar. Assim, o corpo é treinado por exercícios físicos, sentado, em pé ou andando, fazendo coisas às quais ele não está acostumado e que ainda são para o seu próprio aperfeiçoamento. O corpo não deve ficar inquieto, cansado ou fatigado pelo que lhe é pedido.
O corpo deve obedecer às demandas da pessoa a quem ele pertence. Mas no momento em que começamos a disciplinar o corpo, vemos como ele sempre foi desobediente. Então, descobrimos que este corpo ao qual chamamos de “meu” e “eu mesmo”, ao qual fechamos os olhos para tudo o mais a fim de dar-lhe conforto, descanso e nutrição – descobrimos nele, o infiel que parece ser o mais infiel, o mais desobediente de todos os servos.
Este corpo deveria ser o mais obediente, deveria ser a sua melhor ferramenta para experimentar a vida. Se a mente e o corpo não estão em ordem, se eles não agem como você deseja, então você não pode esperar um conforto real, ou uma felicidade real neste mundo. Neste ponto, vem a disciplina da mente.
Isso é feito através da concentração. Muitas vezes as pessoas me dizem que durante o dia não têm tanta dificuldade quanto no momento em que querem se concentrar: nessa hora a mente pula, outras vezes ela corre. Isso acontece porque a mente indisciplinada é como um cavalo selvagem.
Traga um cavalo selvagem e junte-o a uma carruagem; é uma experiência tão estranha para ele que ele vai chutar, pular, correr e tentar destruir a carruagem. No início, a disciplina é um peso para a mente carregar. Ela não está acostumada a parar e se concentrar, pois ela sempre se moveu sem nenhuma disciplina, e porque não está acostumada, ela fica muito inquieta.
Sem dúvida, alguém poderia dizer: “Por que não deveríamos deixar a mente livre, assim como nós também somos livres? ” Mas nós e a mente não somos dois seres. Isso seria como dizer: “Que o cavalo seja livre e o cavaleiro seja livre também”.
Então, se o cavalo quer ir para o sul e o cavaleiro quer ir para o norte, como eles poderiam ir juntos? Antes de tudo, o homem deveria tomar as rédeas de sua própria carruagem. Um homem que é impotente diante de sua própria mente é impotente diante de tudo no mundo.
Então, devemos disciplinar a mente, e isso é feito através da concentração e da meditação. Através de um treinamento, a mente deve se submeter a fazer coisas às quais ela não está acostumada. No início, quando você pede à mente para manter um determinado pensamento, ela não irá retê-lo; ela dirá: “Não sou seu servo, senhor!
”, mas, uma vez que a mente é disciplinada através da concentração, através do poder da sua vontade, então a mente se torna sua serva. Uma vez que a mente se torna sua serva, o que mais você pode desejar? Então o seu mundo é seu; agora você é o rei do seu reino.
Todo o segredo está em controlar a mente e em trabalhar com ela como um artista trabalha em uma tela, produzindo nela o que quiser. Quando somos capazes de produzir na tela do nosso coração tudo o que desejamos, e de apagar tudo o que desejamos, então chegamos àquela mestria pela qual a nossa alma anseia. Cumprimos com o propósito para o qual estamos aqui.
Então, nos tornamos os mestres do nosso destino. É difícil, mas esse é o objetivo que buscamos na vida.