Você já se perguntou por algumas dores simplesmente não passam? Porque mesmo após tratamentos físicos, terapias e mudanças de estilo de vida, algo dentro de você continua doendo. A medicina tradicional costuma olhar para a dor como algo puramente físico, uma resposta biológica a um estímulo.
Mas e se essa dor tiver raízes mais profundas? E se ela for o eco de algo que aconteceu muito antes de você começar a senti-la fisicamente? É.
Examente isso que o renomado médico e escritor Gabor Maté vem nos mostrando, que muitas das nossas dores têm origens emocionais e que ignorar essas raízes é como tentar cortar uma árvore arrancando apenas suas folhas. Segundo Maté, a dor emocional não desaparece simplesmente com o tempo. Na verdade, ela se acomoda, se adapta, se esconde.
Muitas vezes ela se manifesta no corpo através de sintomas que a medicina convencional não consegue explicar completamente. Doenças autoimunes, crises de ansiedade, depressão profunda, dores crônicas. Tudo isso pode estar ligado a traumas não resolvidos.
E aqui vale entender o que ele chama de trauma. Trauma para Gabor Maté não é apenas o que acontece com você, mas o que acontece dentro de você em resposta ao que aconteceu. Ou seja, não se trata apenas de eventos drásticos, mas da forma como seu sistema nervoso lidou com eles.
Imagine uma criança que cresce em um ambiente onde não é vista, onde seus sentimentos são invalidados, onde suas necessidades emocionais são ignoradas. Talvez ela nunca tenha apanhado, talvez nunca tenha passado fome. Mas dentro dela algo se partiu.
Uma desconexão interna começou a se formar. E essa desconexão é o solo fértil, onde germinam muitas das dores que carregamos na vida adulta. A dor de não se sentir suficiente, a dor de buscar constantemente aprovação, a dor de se sabotar quando está prestes a conquistar algo.
Tudo isso são expressões de traumas emocionais. silencios. E é nesse ponto que a proposta de Gabor Maté se torna revolucionária.
Ele convida cada um de nós a olhar para dentro, não como quem procura defeitos, mas como quem busca compreender. O primeiro passo para a cura é o reconhecimento. É admitir que existe uma dor e que essa dor tem uma história, uma origem, algo que precisa ser escutado com compaixão e não com julgamento.
E aqui entra um aspecto central do trabalho de Maté, a compaixão. Ele afirma que ninguém escolhe sofrer, ninguém escolhe se sabotar, ninguém escolhe adoecer. O sofrimento é um reflexo da adaptação a um ambiente onde não foi possível ser quem se era de verdade.
A dor, nesse sentido, deixa de ser um inimigo e passa a ser um mensageiro. Ela não está ali para te destruir, mas para te alertar. Ela está dizendo: "Ei, olha para isso que você ignorou por tanto tempo.
" O problema é que fomos ensinados a calar a dor, a medicar o sintoma, a seguir em frente como se nada estivesse já acontecendo. Fomos ensinados a sermos fortes. Mas o que é força senão a capacidade de olhar para a própria fragilidade com honestidade?
Negar a dor não é ser forte, é apenas perpetuar o ciclo do sofrimento. Quando Gabor Maté fala sobre a dor emocional como raiz da dor física, ele também traz à tona uma importante conexão entre corpo e mente. Essa ligação, que por séculos foi ignorada pela ciência tradicional, hoje começa a ser resgatada por estudos na área da psiconeuroimunologia e da medicina integrativa.
O corpo fala, ele grita quando não é ouvido. E muitas vezes esse grito se manifesta como uma dor crônica que não responde a nenhum tratamento convencional. Mas por que isso acontece?
Porque a dor é uma tentativa do nosso sistema interno de sinalizar que há algo errado, não apenas no físico, mas no campo mais sutil da experiência humana, o emocional. Pessoas que viveram sob constante estresse na infância, seja por abuso, negligência, abandono emocional ou até mesmo pais excessivamente críticos, frequentemente carregam marcas profundas que mais tarde aparecem como sintomas físicos. Não se trata de psicossomatização no sentido simplista da palavra, mas sim de uma inteligência corporal que busca expressar o que a mente não conseguiu processar.
Gabor Maté dá o exemplo de pacientes com esclerose múltipla, lupus e outras doenças autoimunes. Muitos deles têm uma história de repressão emocional, de negação de si mesmos, de uma necessidade constante de agradar, de cuidar dos outros antes de cuidar de si. Esse padrão repetido ao longo de anos leva o corpo a entrar num estado de autoagressão.
O sistema imunológico, em vez de proteger, passa a atacar. É como se o corpo dissesse: "Já que você não está me ouvindo, eu vou te forçar a parar". E a dor é o freio que o corpo puxa para nos obrigar a olhar para dentro.
Esse entendimento muda tudo, porque em vez de apenas querer eliminar a dor, passamos a perguntar: "O que essa dor está tentando me dizer? " Em vez de lutar contra o sintoma, começamos a buscar sua mensagem. A escuta se torna a primeira forma de cura.
Uma escuta profunda, sem julgamento. Uma escuta que inclui a própria história, que acolhe a criança ferida que ainda vive dentro de nós. Porque no fundo, grande parte da dor emocional vem dessa criança interior que ainda espera ser vista, ouvida, acolhida.
E isso nos leva a um outro ponto fundamental do trabalho de Maté, a presença. Estar presente com a própria dor é talvez um dos atos mais corajosos que podemos fazer. Não se trata de se afundar na dor, nem de dramatizá-la, mas de senti-la com atenção plena, com compaixão, com abertura.
A dor não precisa ser um castigo. Ela pode ser um portal. Um portal para uma nova relação consigo mesmo, mais íntegra, mais consciente, mais amorosa.
A dor emocional é como um fantasma que vive dentro de nós. Ela não tem corpo, mas tem presença. Ela não tem voz, mas nos sussurra constantemente.
Às vezes, ela se disfarça de cansaço extremo. Em outros momentos, de apatia. Há dias em que ela se expressa como raiva e em outros como um silêncio profundo que ninguém entende.
E quando essa dor se instala no corpo, ela pode permanecer ali por anos. Dores nas costas, nos ombros, na cabeça, problemas digestivos, insônia, tensão muscular. A medicina pode tratar os sintomas, mas se não houver uma escuta interior, a verdadeira cura permanece distante.
Gabor Maté nos alerta sobre algo crucial. Vivemos em uma cultura que valoriza a repressão emocional. Somos treinados desde a infância a não demonstrar fraqueza.
Engole o choro. Seja forte. Não faça drama.
Mas a emoção reprimida não desaparece. Ela se armazena no corpo e essa energia acumulada precisa sair de alguma forma. O que não é expresso em palavras se transforma em sintomas.
O corpo se torna palco de uma dor que foi censurada pela mente. Por isso, Maté insiste, a cura não começa com um remédio, ela começa com a verdade. A verdade sobre o que sentimos, sobre o que vivemos, sobre o que ignoramos.
É por isso que ele fala tanto sobre autenticidade. Quando deixamos de ser autênticos, quando moldamos nossa personalidade para agradar, para ser aceitos, para sobreviver emocionalmente, nos desconectamos de quem realmente somos. E essa desconexão é para ele a verdadeira fonte do sofrimento.
Não é o que aconteceu conosco que mais dói, é o que deixamos de ser por causa do que aconteceu. É o preço da sobrevivência emocional. E quanto mais alto esse preço, mais distante ficamos da nossa essência.
E quanto mais distante da nossa essência, mais espaço damos para que a dor emocional se transforme em dor física. Gabor Maté defende que curar não é apagar o passado, mas sim integrá-lo. Não se trata de superar um trauma, mas de compreendê-lo profundamente, de olhar para ele com olhos de compaixão, de oferecer à criança interior aquilo que ela não teve.
Presença, segurança, amor. Isso não é fácil. requer coragem, requer tempo, requer disposição para sentir, porque sentir é o caminho de volta para si.
E nesse processo, a dor deixa de ser inimiga e se torna guia. Ela nos mostra onde fomos feridos e onde ainda hoje sangramos em silêncio. A mensagem aqui é clara.
Não é possível curar sem sentir e não é possível sentir sem presença. A dor emocional quer ser ouvida, ela quer ser vista. Ela quer ser reconhecida, porque só assim ela pode finalmente se dissolver, não como mágica, mas como consequência natural de um encontro real consigo mesmo.
Um encontro que começa quando você decide parar de fugir. Talvez uma das passagens mais impactantes do trabalho de Gabor Maté seja quando ele diz que a dor emocional é o preço que pagamos por não termos sido amados da forma como precisávamos. Essa frase, por si só, tem o poder de abrir feridas que há muito tempo tentamos esconder, mas também carrega o potencial de iniciar um processo profundo de reconexão, porque ao reconhecermos a origem da dor, abrimos a possibilidade de construir um novo caminho, não mais baseado na negação, mas na aceitação.
Essa aceitação, no entanto, não é passiva, não é se resignar ao sofrimento. Pelo contrário, é um ato ativo de amor próprio. É olhar para as partes de nós que foram fragmentadas e dizer: "Eu vejo você".
É acolher as emoções que um dia foram rejeitadas. é permitir que a tristeza exista, que a raiva fale, que a solidão chore, porque cada uma dessas emoções é legítima e cada uma delas carrega uma mensagem importante sobre a nossa história, sobre o que faltou, sobre o que ainda dói. O trabalho de cura proposto por Maté passa também pelo corpo.
Não se cura apenas com pensamentos positivos, não se cura apenas com boas intenções. Cura exige presença no corpo, escutar as tensões, observar os padrões, perceber onde há rigidez, onde há bloqueio. O corpo é sábio, ele guarda tudo e ele também sabe como liberar.
Mas para isso, precisamos reaprender a habitar o nosso corpo, a estar presentes nele, a permitir que ele fale e a escutá-lo com respeito. Muitos de nós vivemos desconectados do corpo. Estamos presos na mente, ruminando o passado, antecipando o futuro.
E essa desconexão é um dos principais obstáculos à cura. Por isso, práticas como meditação, respiração consciente, yoga e outras formas de reconexão somática são tão importantes nesse processo. Elas nos ajudam a voltar para o aqui e agora.
E é apenas no presente que a cura é possível, porque o corpo só existe no agora. A mente viaja, o corpo não. E é nele que estão armazenadas as chaves para libertar a dor emocional que se transformou em dor física.
Este processo, no entanto, não precisa ser solitário. É essencial encontrar espaços seguros onde possamos expressar nossas emoções sem medo de julgamento, ter com quem conversar, ter um terapeuta compassivo, ter alguém que saiba escutar. Porque, como diz Maté, a escuta profunda também é uma forma de cura.
Quando alguém nos escuta com presença, sem tentar consertar, sem tentar nos apressar apenas escutando, algo dentro de nós começa a se reorganizar, a se curar. A dor começa a se dissolver, porque finalmente fomos vistos. À medida que vamos escavando as camadas da dor emocional, percebemos que por trás de cada sintoma físico existe um pedido de amor, um pedido de atenção, um pedido para sermos finalmente quem somos.
sem máscaras, sem armaduras, sem a necessidade constante de provar valor. Isso é libertador, mas também amedrontador, porque fomos ensinados a nos proteger, a controlar, a não sentir, a não confiar. A dor emocional é muitas vezes a consequência de um sistema interno que precisou se proteger para sobreviver.
Mas chega um momento em que essas proteções começam a nos sufocar e a cura passa por questionar essas defesas. Gabor Maté nos convida a fazer exatamente isso. Olhar para as defesas que criamos e nos perguntar se ainda precisamos delas.
O perfeccionismo, o controle, o isolamento, a necessidade de agradar. Tudo isso são mecanismos que um dia fizeram sentido, mas que hoje talvez estejam nos afastando da cura. É hora de perguntar o que eu estou tentando evitar com esse comportamento, que dor eu não quero sentir?
Porque frequentemente o que está por trás da nossa rigidez é uma dor muito antiga que clama por reconhecimento. É nesse ponto que começamos a nos mover em direção à integração. Não se trata de curar para voltar a ser quem éramos antes do trauma, mas de curar para finalmente sermos inteiros.
O trauma nos fragmenta, a cura nos reintegra, nos reconecta. E essa reconexão começa com pequenas escolhas. Escolher sentir, escolher escutar, escolher estar presente.
A cada escolha vamos desfazendo-os nós que prendem nossa energia vital. A cada escolha, vamos criando um espaço interno onde a dor pode existir sem dominar, onde podemos ser vulneráveis sem medo. A verdadeira cura, segundo Maté, não está em se tornar invulnerável, mas em ser capaz de habitar a própria vulnerabilidade com dignidade.
Isso é revolucionário porque nos liberta da ideia de que precisamos estar sempre bem, sempre fortes, sempre no controle. nos ensina que há sabedoria na dor, que há poder na entrega, que há beleza na fragilidade e que o verdadeiro milagre acontece quando deixamos de lutar contra a dor e começamos a caminhar com ela. A raiz emocional da sua dor não é um mistério impossível de ser desvendado.
Ela está aí presente, silenciosa, tentando te mostrar algo. Talvez o que te falte não seja um novo tratamento, uma nova técnica, uma nova distração. Talvez o que te falte seja coragem.
Coragem para olhar para dentro. Coragem para sentir o que você sempre evitou. Coragem para acolher a sua história com amor, mesmo que ela seja cheia de dor.
Coragem para ser inteiro, mesmo que isso signifique tocar em feridas que preferíamos esquecer. Gabor Maté nos convida a essa jornada. Não uma jornada de cura mágica instantânea, mas uma jornada real, humana, profunda, uma jornada de reconexão com a nossa essência.
E é nela que encontramos o verdadeiro alívio. Não o alívio da anestesia, mas o alívio da verdade. Porque quando paramos de fingir, quando paramos de fugir, quando finalmente nos encontramos, algo dentro de nós começa a se reorganizar.
A vida começa a fluir novamente, a energia volta, o corpo respira, a alma sorri. A moral dessa história é simples e profunda. A dor não é inimiga, ela é mensageira.
Ouça o que ela tem a dizer. Abrace sua dor. Ela é parte da sua história.
E ao fazer isso, você se abre para a maior de todas as curas. Voltar a ser quem você sempre foi, antes que o mundo te dissesse quem você deveria ser. Obrigado por assistir esse vídeo.
Pedimos que se inscreva em nosso canal e curta esse vídeo. Ative também o sininho das notificações para ser avisado sobre nossas postagens. Até o próximo vídeo.