[Música] Provavelmente por esta razão e para evitar embriaguez, os gregos e os romanos tomavam vinho misturado com água. Beber vinho puro é considerado primitivo por eles. Tanto é que vejo que escreveu Caio Valério Catulo, um promissor poeta erótico do primeiro século antes de Cristo: "O garoto que serve o vinho de idosos Ienes traga copos mais encorpados, assim ordena.
Pois, me a senhora dos vinhos, ovo, alguma é tão suculenta quanto ela, mas afasta, tirou a água, pois é a ruína dos vinhos. Vá para longe! Os filósofos podem até se apreciar, mas aqui quem manda é o filho de Sem e ele quer vinho puro.
" Posto minha era uma expressão para referir antigos patrícios de Roma que com frequência ocupavam cargos altos da magistratura e escreviam as leis. Daí a ironia do poeta: o normal, como eu disse, não era isto, era diluir o vinho em água. Tomar vinho puro era sinal de primitividade ou de perda de compostura.
O descenso do perigo é por isso que o vinho da cólera de Deus, mencionado no Apocalipse, é preparado sem mistura e dado aos adoradores da imagem da besta (Apocalipse, capítulo 14, verso 10). Você sabia que até a proporção de vinho para a água nos foi dada pelos antigos escritores gregos e latinos? Ela era da ordem de mais ou menos uma parte de vinho para 10 de água, ou nalguns casos, de três para uma.
Então, a maioria dos vinhos de mesa que as pessoas bebiam no antigo mundo do Novo Testamento era diluído em grandes proporções de água. Havia até diluições maiores. Séculos antes do Novo Testamento ser escrito, Homero descreveu na Odisseia a colheita de uvas durante o outono.
O escritor fala também sobre o vinho do sacerdote Maru, um vinho sinto com a doçura do mel e tão forte que era diluído em água na proporção de 1 para 20. Ele ainda fala do ciclope Polifemo, que teve o olho perfurado depois que o herói Odisseu lhe ofereceu o vinho de Maru como digestivo. Como o ciclope estava acostumado com o fraco vinho da Sicília, depois de provar o poderoso vinho de Maru, caiu num sono profundo, o que deu a Odisseu a chance de arrancar-lhe o olho.
Agora, uma coisa que muita gente questiona é o seguinte: como eles faziam para ter vinho não fermentado o ano inteiro se a uva geralmente só dá numa época do ano? Eu posso garantir que eles conseguiam, sim. O escritor romano Lúcio Moderato, conhecido como Meia, escreveu um tratado latino sobre a agricultura, no qual declarou: "Para que o suco da uva sempre permaneça tão doce como quando foi produzido, siga estas instruções: depois de aplicar a prensa às uvas, separe o mosto mais novo, isto é, o suco fresco, colocando um vasilhame (ânfora, tanque) bem e revestindo-o muito cuidadosamente com piche para não deixar a mínima gota de água entrar.
Em seguida, mergulhe-o numa cisterna ou tanque de água fria e não deixe nenhuma parte da ânfora ficar acima da superfície. Tire a ânfora depois de 40 dias; o suco permanecerá doce durante um ano. " Havia ainda outras técnicas.
O escritor romano Plínio escreveu que, tão logo tiram um mosto, o suco de uva do lagar, colocam nos tonéis e deixam esses submersos na água até passar a primeira metade do inverno, quando o tempo frio se instala. Este método deve ter funcionado bem na terra de Israel e sido usado pelos judeus nos tempos do Novo Testamento para ter, durante todo o ano, um vinho não fermentado. Outro método de impedir a fermentação das uvas era fervê-las e fazer um xarope a partir de uvas passas para dar às crianças.
Historiadores chamavam este vinho de ônibus. Não há por que, então, pensar que os vinhos usados no Novo Testamento eram fermentados, no sentido de dizer que Deus permitiu o uso moderado do álcool sobre a Santa Ceia. Nem Lucas nem qualquer outro escritor bíblico emprega a palavra vinho ônus no tocante à Ceia do Senhor.
Os escritores dos três primeiros evangelhos empregam a expressão "fruto da vide" para falar da Ceia de Cristo. Ora, o vinho não fermentado é o único fruto da vide verdadeiramente natural. Ademais, na cerimônia da Páscoa, não deveria haver nenhum fermento e nenhum compartimento da casa, afinal de contas, o fermento era símbolo do pecado.
Se os pães ázimos não continham fermento, como o próprio nome indica, é fácil concluir que o vinho também não poderia conter fermento. E no milagre de Caná da Galiléia, imagine em primeiro lugar se as pessoas da festa já estivessem bêbadas e Jesus ainda assim oferecesse um outro vinho alcoólico para que elas continuassem bebendo. Isso estaria longe de ser chamado de moderação.
Além disto, para a mentalidade da época, como podemos ver nos escritos de Plínio e Plutarco, por exemplo, o bom vinho era aquele que havia reduzido o seu poder intoxicante, ou seja, quanto menos alcoólico, portanto, mais doce, melhor. Logo, o fato do mestre de cerimônias comentar que Jesus trouxe o melhor vinho deve ser lido neste contexto. Aliás, o fato de Jesus pedir para encher os jarros de água não sou surpresa, porque pensavam que ele faria um suco de uva para servir, como era comum nestas situações.
Mas ele transformou a água em um suco com gosto de uva recém-espremida. Daí o comentário espantado daqueles que experimentaram o seu vinho. Bem, este foi o programa "Evidências" de hoje.
Eu espero que você tenha gostado desse assunto e esclarecido esse tema tão difícil da Bíblia Sagrada, mas a gente se vê semana que vem aqui na TV Novo Tempo para mais um encontro com você. Até lá!