E aí Oi Carlos Drummond de Andrade nasceu em Minas Gerais a Trinta e Um de outubro de 1902 na cidade de Itabira conhecida como Itabira do Mato Dentro há alguns anos Vivi em Itabira e principalmente nasci em Itabira e por isso eu sou triste orgulhoso de Ferro a 90 por cento de Ferro nas calçadas oitenta por cento de Ferro nas almas e esse alinhamento do que na vida é porosidade e comunicação é a vontade de amar que me paralisa o trabalho vem de Itabira de suas noites brancas sem mulheres e sem horizontes e o hábito
de sofrer que tanto me diverte é doce herança itabirana é de Itabira trouxe prendas diversas que hora te ofereço e esta pedra de Ferro futuro aço do Brasil este São Benedito do velho Santeiro Alfredo Duval este couro de anta estendido no sofá da sala de visitas este orgulho esta cabeça baixa eu tive ouro tive gado tive fazendas a rua já sou funcionário público em Itabira é apenas uma fotografia na parede eu acho como dói e aos 14 anos é matriculado como aluno interno no colégio Arnaldo da congregação do verbo Divino em Belo Horizonte conhece então
Afonso Arinos de Melo Franco e Gustavo Capanema que se tornam seus grandes amigos com problemas de saúde interromper seus estudos em Belo Horizonte e retorna Itabira as casas entre Bananeiras mulheres entre Laranjeiras Pomar amor cantar e o homem vai devagar um cachorro Vai devagar um burro vai devagar devagar as janelas olham a eta vida besta meu Deus e em 1918 Drumond é matriculado no colégio interno Anchieta da Companhia de Jesus em Nova Friburgo Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro comportava-se segundo o próprio Como um Anjo e tinha saudades da família as avaliações parciais
denominadas certames literários alcançava os postos de Coronel e General seu boletim e registra aproveitamento ótimo bom em todas as disciplinas é O Primeiro Aluno de sua classe o meu pai montava a cavalo ia para o campo minha mãe ficava sentada cosendo o meu irmão pequeno dormia e eu sozinho menino entre Mangueiras e a história de Robinson Crusoé comprida história que não acaba mais e no meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da Senzala e nunca se esqueceu chamava para o café o café preto que nem a preta velha café gostoso
café bom a minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim eu não acorde o menino para o berço Onde pousou o mosquito e dava um suspiro que fundo e lá longe meu pai campeava no mato sem fim da Fazenda e eu não sabia que minha história Era mais bonita que a de Robinson Crusoé e no ano seguinte desentende-se com o professor de língua portuguesa e é expulso por insubordinação mental o que o afetaria gravemente e a saída brusca do colégio teve influência enorme no desenvolvimento dos meus estudos e de toda a minha vida perdi a
fé Perdi tempo e sobretudo perdi a confiança na justiça dos que me julgavam Mas ganhei vida e Fiz alguns amigos inesquecíveis e certificados escolares do do certame literário neste grande do calendário o nosso solo Mineiro para a carpa aplicado Rodeiro sai louvado com justiça por ter galgado na lista este sonhado europeu o posto de Coronel em francês inglês latim Que Deus o conserve assim e em literário certame após rigoroso exame escrito oral e o que mais de resultados cabais o nosso caro estudante discreto vulco falante conquistou em português sem mas porém ou talvez o ápice
colegial dos galões de general e por seu Bom Comportamento em cada hora e momento seja em aula ou no recreio na capela ou no passeio acordado e até no sono do que todo cidadão abono receberá hoje o fã no o prêmio maior do ano que em silêncio não passe medalha de prima classe O Que Resta fazer agora no adiantado da hora de nossa Fini escolar em forma complementar com relação este aluno e que se torna oportuno para melhor preparar o qual adestrado o cavalo da vida no páreo duro que seja expulso no escuro e o
jovem Drummond então com 18 anos muda-se sozinho para Belo Horizonte passando a viver um período tumultuado quando em companhia de Pedro nava volta-se contra a Mesmice da cidade na Capital Mineira públicas suas primeiras crônicas no Diário de Minas e faz vários amigos abgar Renault Aníbal Machado Emílio Moura João alphonsus Mário casassanta Milton Campos entre outros frequentam café estrela EA livraria Alves dois pontos de encontro da intelectualidade belo-horizontina que compartilham o interesse pelo movimento modernista e em 1923 ingresso na escola de odontologia e farmácia de Belo Horizonte apesar de concluir o curso nunca e exerceria a
função meu Deus formei-me deveres Sou Eu de beca alugada uma beca só de frente para uso fotográfico sou eu ao lado de mestres Ladeira Lage Roberto e do ínclito diretor Dr Washington Pires eu e meus novos colegas mas essas três coleguinhas é tudo verdade vou manipular as posições que cortam a dor do próximo e salvam os brasileiros do canguari e do gálico não posso crer eu fico apenas na moldura do quadro de formatura em 1924 é um ano decisivo no Grande Hotel de Belo Horizonte o itabirano conhece Mário de Andrade Oswald de Andrade Tarsila do
Amaral e bless andar que viajam para conhecer as cidades históricas mineiras inicia em seguida a valiosa correspondência do jovem Mineiro com Mário de Andrade figura central do modernismo Paulista segundo Durmam as cartas de Mário eram o acontecimento mais formidável da vida intelectual belo-horizontina eram torpedos de pontaria infalível depois de recebê-los todos ficavam diferentes do que eram antes nas palavras de Drummond diferentes do sentido de mais ricos e mais lúcidos um Belo Horizonte 28 outubro 1924 Olá prezado Mário de Andrade e procure me nas suas Memórias de Belo Horizonte um rapaz magro que esteve consigo no
Grande Hotel e que muito estima a hora que eu desejo prolongar aquela fugitiva hora de convívio com seu Claro espírito E para isso utilize me de um recurso indecente manda um artigo meu que você lerá em 10 minutos dois metros é curto e fala mal do senhor Renato alifranci aliás Anatole France é um velho vício dos brasileiros e meu também Já em 1925 casa se como Dolores Dutra de Moraes em eu quero me casar na noite na rua no mar ou no céu quero me casar procura uma noiva loira morena preto ou azul uma noiva
verde uma noiva no ar como um passarinho depressa que o amor não pode esperar é convidado por Alberto Campos para trabalhar como redator-chefe do Diário de Minas volta a residir em Belo Horizonte o poema cantiga de viúvo é musicado por Heitor villa-lobos vídeo sobre isso faz a noite caiu na minha alma eu fiquei triste sem querer é uma sombra veio vindo veio vindo e abraçou e era sombra de meu bem que morreu há tanto tempo E me abraçou com tanto amor me apertou com tanto fogo me beijou me consolou e depois rio devagarinho me disse
adeus com a cabeça e saiu e fechou a porta ouvi seus passos na escada e depois mais nada acabou e no dia 22 de março de 1927 nasce seu filho Carlos Flávio mas este vive apenas meia hora o nascer para não viver é só para ocupar estrito espaço numerado ao sol e chuva que meticulosamente vai de lindo o número enquanto o nome vai se alto correndo na terra nos arquivos da mente volume ou cansada até que um dia trilhões de milênios antes do juízo final não reste em qualquer átomo nada de uma hipótese de existência
há um ano depois nasce sua filha Maria Julieta 1928 é também o ano em que o modernismo Paulista que seguia a cada vez mais forte lança um de seus mais emblemáticos órgãos de divulgação a revista de antropofagia o poema No meio do caminho aparece estampado na primeira página do terceiro número do periódico E no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra eu nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas nunca me esquecerei que no meio do
caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra e os versos que apareceriam no Livro de estreia de Drummond alguma poesia publicado em 1932 foi apenas quatro anos é pois quando seu amigo Gustavo Capanema tornou-se ministro da educação e saúde pública e o trouxe para o Rio de Janeiro na condição de seu chefe de gabinete que a referência no meio do caminho passou a ordem do dia é o próprio Drumond que registra é o autor da pedra em posição-chave no ministério que cuida do ensino e o
solecismo tinha uma pedra em lugar de havia uma pedra erigido em Norma oficial de linguagem em Capanema sempre foi o mais indulgente dos homens não se podia atacar um estado novo porque a censura do DIP vigiava e rosnava mas atacar o Capanema podia ele dava liberdade e além do mais não tinha cobertura em Minas onde Benedito Valadares e fazia pirraças enciumados então pau no Capanema entre outras coisas a pedra servia para mostrar que só podia ser maluco um ministro que tinha secretário maluco a política e literatura viu-se assim com fundidas parecendo inconciliáveis a figura do
funcionário exemplar EA do poeta extravagante um mesmo sujeito E mais uma vez me disseram é engraçado eu pensava que o senhor fosse débil mental mas agora vendo que providencia o andamento dos processos e faz as coisas normalmente vejo que me enganei Desculpa foi por causa da pedra no caminho e as acometidas de fato foram muitas e com diferentes motivos mas sempre ressaltavam atraso e o acanhamento de grande parte dos meios literário acadêmico e intelectual brasileiros incapazes de décadas depois da Semana de Arte Moderna de 1922 compreender criticamente o poema outra joia polêmica de alguma poesia
é o célebre Poema de Sete Faces que abre o volume Vale ainda hoje como certidão de nascimento do poeta quando nasci um anjo torto desses que vivem na sombra de ser vai Carlos ser gosto na vida as casas espiam os homens que correm atrás de mulheres e a tarde talvez fosse azul não houvesse tantos desejos é o bonde passa cheio de pernas pernas brancas pretas amarelas para que tanta perna meu Deus pergunta meu coração o Porém meus olhos Não perguntam nada e o homem atrás do Bigode é sério simples e forte quase não conversa tem
poucos raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode o meu Deus porque me abandonaste Você sabia que eu não era Deus você sabia que eu era fraco mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma rima não seria uma solução o mundo mundo vasto mundo mais vasto e meu coração e eu não devia te dizer mas Jazz a lua mas esse Conhaque botam a gente comovido como o diabo em alguma poesia é um Marco da moderna poesia brasileira Mário de Andrade saúde o livro de imediato análise de alguma poesia da bem
a medida psicológica do poeta desejaria não conhecer intimamente Carlos Drummond de Andrade para melhor achar pelo livro O time do que ele é para ele se acomodar parecia que não tivesse nem a sensibilidade nem a inteligência que possui então dava um desses tímidos ó tímidos tão comuns na vida vencidos sem saber o que são cuja mediocridade absoluta acaba fazendo os felizes mas Carlos Drummond de Andrade time dízimo é o mesmo tempo inteligentíssimo e sensibilissimo coisas que se encontrariam com ferocidade E deste combate toda a poesia dele é feita e o ano seguinte Morre seu pai
Carlos de Paula Andrade aos 70 anos e no deserto de Itabira a sombra de meu pai tomou-me pela mão há tanto tempo perdido eu parei nada dizia não era dia nem noite suspiro voo de pássaro o Porém nada dizia longamente caminhamos a e aqui a vi uma casa e a montanha era maior há tantos mortos amontoados o tempo ruim dos mortos e nas casas em ruínas desprezo frio umidade Porém nada dizia a rua que atravessava cavalo de galope o seu relógio sua roupa seus papéis de circunstância suas histórias de amor a um Abrir de baús
e de lembranças violentas o Porém nada dizia no deserto de Itabira as coisas voltam a existir irrespiráveis e subidas o mercado de desejos expõe seus tristes tesouros o meu Anseio de fugir mulheres nuas remorso o Porém nada dizia a visão do livro de cartas viajamos na família em casamentos hipotecas os primos tuberculosos a tia louca minha avó traída com as escravas rangendo sedas na alcova o Porém nada dizia que cruel do escuro instinto movia sua mão pálida Sutilmente nos empurrando pelo tempo e pelos lugares defendidos e olhei-o nos olhos brancos glitter ele fala minha voz
vibrou no ar um momento bateu nas pedras a sombra por seguia devagar aquela viagem patética através do Reino Perdido o Porém nada dizia eu vi mágoa incompreensão e mais de uma velha revolta A dividir-nos no escuro a mão que não quis beijar o prato que Me negaram recusem pedir perdão orgulho que corro noturno Porém nada dizia fala fala fala fala puxava pelo casaco que se desfazem Barros pelas mãos pelas gotinhas prende a sombra Severa e a sombra se desprendia sem fuga nem reação porém ficava calada Oi Iara um distinto silêncios que se entra em a
vão no seu era meu avô já surto querendo escutar as aves pintadas no céu da igreja a minha falta de amigos a sua falta de beijos eram nossos difíceis vidas e uma grande separação na pequena área do quarto e a pequena área da vida me aperta contra seu vulto e nesse abraço de a Faro É como se eu Me queimasse todo tipo gente amor é só hoje nos conhecermos óculos memórias retratos flui no rio do sangue as águas já não permitem distinguir seu rosto longe para lá de 70 anos eu senti que me perdoava o
Porém nada dizia como as águas cobrem o bigode a família Itabira oi tudo E aí e em 1934 a cooperativa os amigos do livro pública Brejo das Almas numa tiragem de apenas 200 exemplares Carlos Sossegue o amor é isso que você está vendo hoje beija amanhã Não Beija depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será inútil você resistir ou mesmo suicidar-se não se mate ou não se mate reserve-se todo para as bodas que ninguém sabe quando viram se é que viram o amor Carlos você telúrico a noite passou em você e
os recalques se sublimando lá dentro um barulho inefável rezas vitrolas Santos que se persigam anúncios do melhor sabão um barulho que ninguém sabe de quê para quê e entretanto Você caminha melancólico e vertical você é Palmeira você é o grito que ninguém ouviu no teatro e as luzes todas se apagam o amor no escuro Não no Claro é sempre triste meu filho Carlos mas não diga nada ninguém ninguém sabe nem saberá e com sua nomeação para chefe de gabinete do ministro Gustavo Capanema Drumond muda-se para o Rio de Janeiro foi no Rio e eu passava
na Avenida quase meia-noite bicos de seios batiam nos bicos de luz estrelas inumeráveis havia promessa do mar e Bondes tilintavam abafando o calor que soprava no vento o Juventude vinha de Minas Olá meus paralíticos sonhos Desgosto de viver é a vida para minha vontade de morrer faziam de mim homem realejo imperturbavelmente na galeria Cruzeiro quente quente bom e como não conhecia ninguém a não ser o doce evento Mineiro nenhuma vontade de beber eu disse acabemos com isso é mas tremia na cidade uma Fascinação casas Compridas altos abertos correndo Caminho do Mar voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida os homens indiferentes o que meu coração bateu forte meus olhos inúteis choraram o mar bate em meu peito já não batia no cais a rua Acabou kede as árvores a cidade sou eu a cidade sou eu sou eu a cidade meu amor e depois de alguma poesia e Brejo das Almas livros marcados pela influência da estética Modernista a poesia de Drummond sofre uma mudança significativa assinalada pelo próprio poeta Penso ter resolvido as contradições elementares da minha poesia não terceiro Volume Sentimento do Mundo publicado em 1940 a obra traz entre seus grandes
momentos o poema que lhe dá título Tenho apenas duas mãos eo sentimento do mundo mas estou cheio de escravos minhas lembranças escorrem eo corpo transige na confluência do amor e quando me levantar o céu estará morto e saqueado e o mesmo estarei morto morto meu desejo morto O Pântano sem acordes Os Camaradas não disseram que havia uma guerra E era necessário trazer fogo e alimento sinto-me disperso anterior a fronteiras humildemente vos peço que me perdoeis quando os corpos passarem eu ficarei sozinho desfiando a recordação do sineiro da viúva e do microscópio pista que habitavam a
barraca tiram foram encontrados ao amanhecer e esse amanhecer mais noite que a noite de 1940 É também um ano em que a editora José Olympio passa a publicar sua obra lançando então o livro poesias reunião dos três primeiros títulos e o inédito José é a primeira edição do poeta custeado por uma editora seu primeiro livro de crônicas aparece quatro anos depois com o título Confissões de Minas é convidado pela revista acadêmica a escrever minha autobiografia P lutei a princípio por me parecer que esse trabalho seria antes de tudo manifestação de impudor refletir logo porém que
sendo inevitável a biografia era preferir o que o próprio fizesse e não outro primeiro pela autoridade natural que me advém de ter vivido a minha vida segundo porque praticando aparentemente um ato de vaidade no fundo castigo o meu orgulho contando sem ênfase os pobres e Miúdos acontecimentos que assinalam a minha passagem pelo mundo e evitando assim qualquer adjetivo ou palavra Generosa com que o redator da revista quisesse sincero ou não gratificar man é sem dúvida 1945 é um ano marcante na trajetória do poeta pois registra publicação do livro A Rosa do povo' no qual engajamento
político mostra-se mais flagrante o entusiasmo da crítica pode ser medido nas palavras de Álvaro Lins e este livro revela o drama de um autêntico revolucionário que que é permanecer ao mesmo tempo fiel às exigências da sua arte de um ser humano que deseja identificar-se com os problemas populares sem o abandono de sua personalidade artística que é de caráter aristocrático e daí resulta que o sentido revolucionário da poesia do senhor Carlos Drummond de Andrade não é aquele que leva arte a penetrar nas massas a saltar las ajudá-las a ter consciência das suas próprias misérias e necessidades
mas aquele que transfigura o sentimento de inconformismo e revolta para que possa comover as chamadas elites intelectuais o autor de a Rosa do povo' e Castro Alves são em toda a nossa literatura os dois poetas que produziram obras de mais definido o conteúdo social e tendência revolucionária e Alice estão alguns dos mais importantes poemas de Drummond e de toda a poesia brasileira e em verdade temos medo se nascermos escuro as resistências são poucas carteiro ditador soldado nosso destino incompleto o e fomos educados para o vidro cheiramos flores de medo vestimos panos de medo de medo
vermelhos Rios vadeamos nós somos apenas nos homens EA natureza atraiu nos as árvores as fábricas doenças galopantes fomes refugiamos nos no amor esse cérebro sentimento e o amor faltou chovia tentava fazia frio em São Paulo fazia frio em São Paulo levava o medo com sua capa nos dissimula e Luz persa eu fiquei com medo de ti meu companheiro Moreno de nós de voz de tudo estou com medo da honra assim nos criam burgueses nosso caminho traçado Por que morrer em conjunto E se todos nós vivêssemos e vem Harmonia do medo vem ao terror das estradas
susto na noite receio de águas poluídas muletas de Um Homem Só ajudai-nos lente os poderes do laudo no até a canção medrosa se partisse transe e cala-se faremos casas de medo duros tijolos de medo medrosos caules recursos rua e só de medo e calma e com asas de prudência um esplendores covardes atingiremos o sino de nossa causa subida e o medo com sua física tanto produz carcereiros edifícios escritores este poema ou transmitidas tenhamos maior pavor os mais velhos compreendem o medo cristalizou-se estátuas sábias a Deus e a Deus vamos para frente recuando de olhos acesos
nossos filhos estão felizes fiéis herdeiros do medo Eles povão a cidade depois da cidade o mundo depois do mundo as estrelas dançando baile do Medo e ainda em 1945 demite-se da chefia de gabinete do ministro Gustavo Capanema EA convidado por Rodrigo Melo Franco de Andrade a trabalhar na diretoria do patrimônio histórico e artístico nacional mais tarde torna-se chefe da seção de História na divisão de estudos e tombamento é como dizem os versos de nosso tempo Aquele é um tempo de partido tempo de homens partidos ou ainda de política na maçã um santo no gozo em
seu diário no dia doze de abril de 1945 Carlos Drummond de Andrade desabafa só um animal político ou apenas gostaria de ser e esses anos todos alimentando o que julgava ideias políticas socialistas e esqueci abre o ensejo para defendê-las estou preparado posso entrar na militância semi engajar no partido minha suspeita é que o partido como forma obrigatória de engajamento anula a liberdade de movimentos a faculdade que tem o espírito de guiar-se por si mesmo e estabelecer ressalvas a orientação partidária eu nunca pertencerei um partido isto Eu já decidi o resto problema da ação política em
bases individualistas como pretende a minha natureza há uma contradição insolúvel entre minhas ideias ou que supõe o minhas ideias e talvez sejam apenas o utopias consoladoras e ninguém napt dão para o sacrifício do ser particular crítico e sensível em proveito de uma verdade geral e pessoal às vezes dura senão impiedosa eu não quero ser um energúmeno um secretário um passional um frio domesticado conduzido por palavras de ordem Oi como posso convencer a outros se não me convenço a mim mesmo se a Inês durabilidade a malícia a crueza O oportunismo da ação política e desagradam e
eu no fundo quero ser um intelectual político sem experimentar as impurezas da ação política e chega vou dormir tá e em dezembro de 1948 morre sua mãe Julieta Augusta é porque Deus permite que as mães vão-se embora O mãe não tem limite é tempo sem hora luz que não apaga quando sopra O Vento e Chuva desaba veludo escondido na pele enrugada água pura ar puro puro pensamento morrer acontece com que é breve e passa sem deixar vestígio mãe na sua graça e eternidade por que Deus se lembra mistério profundo de tirá-la um dia Se fosse
eu rei do mundo baixava uma lei mãe não morre nunca mãe ficará sempre junto de seu filho e ele velho embora será Pequenino feito grão de milho e ao reler as cartas da mãe já dois anos depois de sua morte tomou uma nota em seu diário no dia três de janeiro de 1950 amar depois de perder estive relendo suas cartas de 1925 a 1947 a última escrita por sua mão é de primeiro de fevereiro de 1947 as demais foram digitadas a em todas um profundo lamento do ser apegado à família por intenso amor aguçado pela
separação ou experimentado no desentendimento passageiro Oi e da criatura acometida pelos Sofrimentos físicos Mas encontrando na devoção religiosa o consolo e o remédio para todas as provações Essa é a queixa da viuvez oculto minucioso da memória do marido tro a saudade dos filhos distantes o choque com aqueles que estando perto não se ajustam a sua Extrema e refinada a sensibilidade a preocupação de todos os minutos com a saúde o bem-estar a felicidade EA salvação de cada um fica observando aqui e ali a delicadeza de suas expressões o subentendidos discreto de umas a veemência afetiva de
outras o espírito bem formado e seguro das razões Morais de sua vida e que eu ainda não atentará bem acostumado Como estava a encontrar nela apenas doente sensível e romântico me perdoa os erros filhos do pouco saber e tendo estudado apenas em modesta o colégio do interior sabia entretanto dar ao pensamento a forma Justa e impressiva que também acabei por admirar em outra no ansa esta viril nas cartas de seu marido a frase que abre anotação no Diário amar depois de perder e cor no poema memória publicado no próximo livro de poemas sobre esplêndido título
Claro Enigma é amar o perdido deixa confundido este coração que nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do não e as coisas tangíveis tornam-se insensíveis a palma da mão é mas as coisas findas muito mais Que lindas essas ficarão e em 1951 são publicados também contos de aprendiz e na Editora hipocampo o poema a mesa Mas é Claro Enigma que se torna desde logo o Marco pela extrema qualidade de seus poemas e porque ali Drumond abandona a poesia social de A Rosa do povo' sobre a força da desilusão e de uma perturbadora indagação
filosófica o que metro serve para medirmos que forma a nossa e que conteúdo com Temos algo somos conhecidos dão-nos um nome estamos vivos a que aspiramos que possuímos que relembramos onde jazemos nunca se finda nem se criar O mistério é o tempo inigualável e há dois anos antes Maria Julieta casara-se com escritor e advogado Manoel graniteville e mudaram-se para Buenos Aires em 1950 o poeta saída pela primeira vez do país indo visitar a filha quando nascimento de seu primeiro Neto Carlos Manuel Três anos depois Drummond Voltaria a capital Argentina levado pelo nascimento de outro neto
Luiz Maurício a quem dedica o poema a Luiz Maurício Infante reunido no ano seguinte no volume fazendeiro do ar mais que registro de um acontecimento familiar o poema propõe a recriação do mundo em moldes absolutamente novos e acorda meus Maurício vou te mostrar o mundo se é que não preferes Velo de teu reino profundo despertando Luiz Maurício Não Chores Mais que um tiquinho se as crianças da América choram em couro que seria digamos do teu vizinho que seria de ti Luiz Maurício frente ando mais que o necessário os olhos se inflamam depressa e do mundo
o espetáculo é vário e pede ser visto e amado é tão pouco cinco sentidos pois que sejam lépidos mesmo Maurício que sejam novos e comovidos e como a tempo para viver Luiz Maurício podes gastar lá janela que dá para a justiça de trabarro onde é mais de nós a linha da era tenazmente compõe seu desenho recobrindo O que é feio formal e triste mas sucede que chegou a primavera menino e o muro já não existe Eu Admito que ama nos vegetais a carga de silêncio Luiz Maurício mas há que tentar o diálogo quando a solidão
é vício E agora começa a crescer em poucas semanas um homem se manifesta na boca nos rins na medalhinha do nome eu já te vejo na proporção da cidade dessa caminho que dormes descia que só não derrete hoje velho entre garotos enormes Conserva o disfarce da infância como na sua imobilidade a esquina de cordel e Florida só aquele velho perdido e sentado de luvas e sobretudo ver passar é cego o tempo que não enxergamos o tempo Irreversível o tempo estático o espaço vazio entre Ramos o tempo que fazer dele Como adivinhar Luiz Maurício o que
cada hora atrás em Cid plenitude e sacrifício eu acho que aprender o tempo Luiz Maurício e ali ser tua ciência uma tão íntima conexão de ti mesmo tua existência que ninguém suspeitara nada e o teu primeiro segredo seja antes de alegria subterrânea que do Soturno Neto e aprenderás muitas leis Luiz Maurício mas se esqueceres depressa outras mais altas descobrirás e a então que a vida começa e recomeça EA todo instante outra tudo é distinto de tudo e andam silêncio fala o nevoento horizonte e sabe guiarmos o mundo pois a linguagem planta suas árvores do homem
quer vê-los cobertas de folhas de signos de obscuros sentimentos e avenidas desertas são apenas as que vemos sem ver a pelo menos formigas atarefadas e pedras felizes ao sol e projetos e cantigas que alguém um dia cantar a Luiz Maurício procura deslindar o canto ou antes não procures eles se oferecerá sobre forma de planto ou difícil eu te acompanhara Luiz Maurício e as palavras Saram servos de estranho Majestade é tudo estranho medita por exemplo as ervas enquanto as pequeno e de um instinto soletti festivamente se Aventura até o âmago das coisas a que veio que
pode Quanto dura essa discreta forma verde entre formas e imagina ser pensado pela erva que pensas imagina um elo uma afeição surda um passado articulando os bichos e suas visões o mundo e seus problemas imagina o rei com suas angústias o pobre com seus Diadema mas imagina uma ordem nova e ainda que uma nova desordem não será bela imagina tudo o povo com sua música o passarinho com sua Donzela o namorado com seu espelho mágico é a namorada com seu mistério a casa com seu calor próprio a despedida com seu rosto sério o físico viajante
o afiador de facas o italiano da sorte seu realizo o poeta sempre meio complicado o perfume nativo das coisas e seu a peru o menino que é teu irmão e sua estouvado a ciência de olhos líquidos de azuis feitas de maliciosa Inocência que hora viagem enigmas extraordinários é por tua vez a pesquisa Hades solicitate um dia mensagem perturbadora nabrisa e é preciso criar de novo Luiz Maurício Reinventar nagôs e latinos e as mais severas inscrições e quantos ensinamentos e os modelos mais finos de tal maneira a vida nos excede e temos de enfrentá-la com poderosos
recursos mas seja humilde do a valentia repara que a veludo dos ursos inconformados e prisioneiros em Palermo Eles procuram outro lado e na sua família tá em que estação algo se liberta da jaula e seu quadrado a detente a grande Flor do hipopótamo Brota da água de num fã e os dejetos do rinoceronte e se alimentam os pássaros e o açúcar que das na palma da mão a língua terna do cão adoça todos os animais repara que autênticos que fiéis a um estatuto Sereno e como são naturais já é meio-dia Luiz Maurício hora belíssima entre
todas pois unindo e separando os Crepúsculos a sua luz se consumam as bodas do Vivo com que já viveu ou vai viver e é ser o puríssimo raio entre repuxos os típicos e as palomas confraternizam na Plaza de Mayo e aqui me despeço e tenho plenamente ensinado teu Ofício que deste mês de mim púrpura o aprender Este é o nascer meu netinho Luiz Maurício e em 1957 pública fala Amendoeira 3 anos depois nasceu terceiro Neto Pedro Augusto em Buenos Aires o livro Lição de coisas é lançado em 1962 mesmo ano em que publica sua antologia
poética é demolida a casa da Rua Joaquim Nabuco em Copacabana onde viveu 21 anos com Dolores a crônica serve como desabafo expondo a desilusão EA culpa vistas por uma consciência amarga E agora temos de fechar e sair vende a casa quem será demolida como todas as casas que restam serão demolidas era a única que sobrava nesta quadra fora do alinhamento sua massa barriguda tinha alguma coisa de insolente de provocativo eu não podia continuar E isto é podia Eu é que entreguei os pontos agora veja o que está se passando mal assinei escritura e voltei começa
a sentir-me estranho na casa o Ronilson laço mais do que isso uma fibra eu não sabia ao certo o que é uma casa agora sei estou meio envergonhado E aí O filme chegou instante que compreendemos a demolição como um resgate de formas cansadas tendência de liberdade talvez sejamos levados essa compreensão pelo trabalho similar mais surdo que se vai desenvolvendo em nós e não é preciso imaginar a alegria de formas novas mais claras a surgir em constantemente de formas caducas para aceitar de coração Sereno nas coisas que se ligaram à nossa vida e muda-se para um
apartamento na Rua Conselheiro Lafaiete no mesmo bairro e aposenta-se como chefe de seção do serviço de patrimônio histórico e artístico nacional e em 1968 Drummond dá início a uma série de publicações em que rememora a infância a família personagens e casos de sua cidade natal Itabira e a boitempo e a falta que ama publicado neste ano juntos e outros dois títulos menino antigo foi tempo dois e esquecer para lembrar 83 em 1972 e 1979 respectivamente há entre areia só grama o que se inscreva se dá enquanto a falta que ama procura alguém que não há
está coberto de terra forrado de esquecimento onde a vista mais se a serra A Dália toda cimento a transparência da hora corrói ângulos obscuros cantiga que não Flora nem fica patinando muros já nem se escuta poeira que o gesto espalha no chão a ajuda contas inteira em letras de conclusão E porque é que levou à toa o pensamento na luz e porque nunca se escoa o tempo chaga sem pus o inseto petrificado na concha dentro do dia une o tédio do passado a uma futura energia no solo vira a semente vai tudo recomeçar é a
falta ou ele que sente o sonho do verbo amar o poeta que atuava há mais de duas décadas como cronista no Correio da Manhã passa a colaborar em 1969 no jornal do Brasil onde ficará por 15 longos anos O Cristiano é publicado o livro de crônicas caminhos de João Brandão e em 1973 é publicado as impurezas do Branco quatro anos depois vem a luz discurso de Primavera e algumas sombras nova recolha de poemas e os dias lindos de crônicas não basta sentir a chegada dos dias lindos é necessário proclamar Os dias ficaram lindos acontece em
abril nessa curva do mês que descamba para a segunda metade os boletins meteorológicos não se lembraram de anunciá-la em linguagem especial há nenhuma autoridade unidade organismo publicitário tirou partido do acontecimento discretos e silenciosos chegaram os dias lindos em 1982 quando se comemoram os 80 anos de nascimento do poeta são realizadas exposições na Biblioteca Nacional e na Fundação Casa de Rui Barbosa no Rio de Janeiro diversos suplementos literários do país também comemoram a data as suas obras são transferidas em 1982 da editora José Olympio para recorde que as rede tá são lançados pela sua nova casa
editorial os inéditos boca de luar e corpo e eu te amo porque te amo não precisa ser amante e nem sempre sabes selo eu te amo porque te amo amor e estado de graça e com amor não se paga amor é dado de graça é semeado no vento na cachoeira no Eclipse amor foge à dicionários EA regulamentos vários eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim porquê amor não se troca não se conjuga nem se ama Porquê amor é amor a nada feliz e forte em si mesmo amor é primo da Morte
e da morte vencedor por mais que o matem e matam a cada instante de amor em 1984 interromper sua colaboração no jornal do Brasil em 29 de setembro com a crônica tchau crônica tem essa vantagem e não obriga ao paletó e gravata do editor realista forçado a definir uma posição correta diante dos grandes problemas não exigem de quem a faz o nervosismo Saltitante do repórter responsável pela apuração do fato na hora mesma em que ele acontece a dispensa a especialização Suada em economia Finanças política nacional e internacional Sport religião e o mais que imaginar se
possa e se bem que existem o cronista político o esportivo o religioso o econômico etc é mas a crônica que estou falando é aquela que não precisa entender de nada ao falar de tudo e não se exige do cronista geral a informação ou comentários precisos que cobramos dos outros o que lhe pedimos é uma espécie de loucura mansa que desenvolva determinado o ponto de vista não ortodoxo e não trivial e Desperte em nós a inclinação para o jogo da Fantasia o absurdo EA radiação do espírito em 1985 são publicados amar se aprende amando poesia de
convívio e de humor e O Observador no escritório diário no qual com um registro da vida cotidiana política e depoimentos e no dia Trinta e Um de Janeiro de 1987 Carlos Drummond de Andrade escreve-se o último poema elegia um tucano morto que seria publicado em 1996 no livro próximo Farewell o sacrifício da asa corta o voo no verdor da floresta citadino serás e mutilado caricatura de tucano para curiosidade de crianças e a indiferença de adultos sofrer a agressão de aves vulgares e morto que dará as no chão de formigas e de tratos e eu te
celebro em vão como uma festa colorida mastron cada projeto da natureza interrompido ao azar de peripécias e Viagens do Amazonas ao Asfalto da feira de animais eu te registro simplesmente no caderno de frustrações deste mundo pois para isto vieste para inutilidade de nascer a e no dia cinco de agosto de 1987 falece e sua filha Maria Julieta aos 59 anos com problemas cardíacos o estado de saúde do poeta torna-se mais grave falece em 12 dias depois E aí O que é publicado em 1992 o livro de poemas eróticos o amor natural organizado pelo autor se
você é meu mundo meu relógio que não marcar horas esquecê-las você me mandar meu ar meu comer meu Deus comer minha paz de espadas acesas meu sono stival meu acordar entre gerando meu banho quente morno frio quente pelando minha pele Total minhas unhas afiadas aceleradas ácido lados meu sabor de veneno minhas cartas marcadas que se desmarcam e voam meu suplício minha Mansa onça pintada por Lando minha saliva minha língua passeadeira possessiva meu esfregar de barriga em barriga meu perder-me entre pelos algas águas residências meu pênis submerso túnel cova cova Cova uma vez mais Fundos Estreita
mais mas meus amigos gritos uivos iguais bichos meados ofegos a ó ai ui nem a minha evaporação meu suicídio gozo glorioso de mãos dadas não serei o poeta de um mundo caduco e também não cantarei o mundo futuro estou preso à Vida e olho meus companheiros estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças entre eles Considero a enorme realidade e o presente é tão grande não nos afastemos não nos afastemos muito vamos de mãos dadas eu não serei o cantor de uma mulher de uma história não direi os suspiros ao anoitecer a paisagem vista da janela não
distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins o tempo é a minha matéria o tempo presente os homens presentes à Vida presente a [Música] E aí o sino touca É mas aqui não vai ser a fa mente por [Música] detrás sempre E aí a hora que o pássaro voou muito não é É sim dois compactas escorrendo exaltações pessoal empregam achei essa hora tem medo sim mas o descanso vem depois de tanto faltar pede paz morte mercúrio no poço ser Mickey Mouse a hora que ele Cap sobrancelha a
verdade sono não posso meu futuro é ou não Sim tem me [Música] E aí [Música] G1 E aí