Educação por competências - Nilson Machado

Olá nós estamos aqui para conversar com o coordenador uma figura importante na organização da escola sobre a questão das competências o o debate sobre as competências e sobre uma aparente e contraposição entre a ideia de disciplina e a ideia de competência tem estado vivo no mundo a partir de 93 94 aqui no Brasil a partir de 98 com o Enem e a fragmentação disciplinar lidar com essa fragmentação Essa é a Seara eh fundamental do Coordenador a nossa conversa é para esclarecer alguns malentendidos a respeito desse tema a ideia de competência tem a ver essencialmente com

três coisas primeiro competente é gente pessoa não existe objeto competente não existe computador competente livro competente então a pessoalidade é fundamental e a busca da integração das diversas disciplinas se dá justamente nessa colocação do foco das atenções nas pessoas um segundo elemento além da pessoalidade é o âmbito quem fala de de competência fala de competente em alguma coisa em algum âmbito algum contexto não existe a ideia de competência assim competente para o que D vier não é e um terceiro elemento é que a a ideia de competência tá associada não é à mobilização a mobilização

a pôr em Ação aquilo que se sabe numa frase sintetizando as três eh os três elementos a gente poderia dizer assim que a competência é a capacidade de se mobilizar o que se sabe num determinado âmbito num determinado contexto para se realizar aquilo que se deseja que se projeta quem não tem qualquer desejo qualquer vontade qual qualquer projeto essa inapetência já é a antessala da incompetência e quem não sabe nada eh o a ausência de conteúdos disciplinares também é uma garantia de incompetência mas quem sabe bastante mas passa vida com o seu conhecimento embaixo do

braço e não é capaz de realizar coisa alguma também é um incompetente a síntese da ideia de competência está então nesses três elementos naturalmente quando se pensa de uma pessoa competente é uma pessoa não se pode eh entrar no desvio da individualidade do isolamento do individualismo quer dizer a gente só é competente junto com os outros a ideia de pessoa eh eh eh de representação de papéis junto com os outros então a competência eh significa uma pessoa íntegra integrada íntegra no que se refere aos valores e integrada com os outros a ideia de de mobilização

que é fundamental paraa caracterização da competência é mobilização do que se sabe do conteúdo portanto as disciplinas são o alimento das competências não dá para a gente ter na escola Professor de competência nós vamos ter sempre professor de disciplina de conteúdo e o o Polo do gato é como mobilizar esses conteúdos para a realização dos projetos eh das pessoas e a questão do âmbito não é que a gente é sempre competente num determinado âmbito é um um malentendido que às vezes T sido associado à ideia de competência por parte principalmente dos professores nas universidades que

pensam as disciplinas as matérias o mal entendido é que essa concentração eh das atenções no âmbito não é num contexto eh eh tornaria o o o aprendizado dos conteúdos assim eh assim uma perfumaria uma coisa aligeirada uma coisa simples e e isso é é realmente um mal entendido porque a gente precisa do âmbito mas precisa do âmbito do contexto para poder extrapolá-lo ninguém é competente amarrado a um determinado âmbito a competência pressupõe portanto esses pares de elementos não é a pessoa o eu mais integrada com o outro não é eh eh a mobilização a capacidade

de tomar decisões Mas alimentada pelo conteúdo é tão incompetente quem toma decisões sem fundamento como é quem fica a vida inteira fundamentando e não faz nada não realiza não mobiliza não põe em ação e também o terceiro eixo que é a a atenção ao âmbito ao contexto mas tendo sempre em mente a extrapolação dos âmbitos dos contextos porque a gente não é eh competente quando se limita a reproduzir o que já existe a competência envolve tanto o fato aquilo que já existe que já tá feito esse é o significado da palavra fato não é é

passado do verbo fazer mas a gente precisa mostrar competência quando é capaz de ir para o lado do ficto ou da Imaginação ou da ou daquilo que ainda não existe e a gente quer Eh realizar naturalmente a partir do fato limitar-se a o que já tá feito isso é legitimamente fatalismo e a gente não tá buscando isso na escola um aluno competente a competência que a gente busca no aluno se caracteriza também por três eixos um aluno competente ele é capaz de se expressar se expressar em diferentes linguagens a essa capacidade de expressão é uma

mostra uma prova de eh competência mas expressão é expressão de si e a gente está sempre diante do outro então o que complementa a capacidade de expressão é a capacidade de compreensão compreensão do que tá fora de mim então a expressão de si compreensão do outro isso é um par é um eixo fundamental é tão incompetente quem só fala fala fala o tempo todo e não presta atenção no outro quanto quem fica eh eh quietinho não é eh do lado de fora vendo observando o outro mas não se expressa não se mostra não é não

se apresenta então o o primeiro eixo de competência a se buscar com os alunos é esse eixo expressão compreensão expressão em diferentes linguagens e compreensão de fenômenos eh em diferentes âmbitos eh o Paulo Freire falava de eh leitura do mundo compreender não é só com compreender um texto a gente precisa compreender fenômenos eh sociais econômicos históricos eh científicos de um modo geral Esse é um eixo decisivo na escola expressão compreensão um segundo eixo é o eixo a argumentação decisão quer dizer todos os conteúdos todas as disciplinas escolares são alimentos para os nossos argumentos a gente

estuda história não é por uma curiosidade mórbida sobre como se vivia no passado é para poder e aprender com aquelas circunstâncias e e fazer relações referências diretas com o que existe hoje então os conteúdos de história são alimentos pros nossos argumentos nos dias de hoje e assim os de geografia os de ciências os de português de matemática etc então a capacidade de argumentar é uma competência fundamental só que argumentação é análise toda a argumentação é analítica eu vejo assim por um lado tem isso por outro lado tem aquilo eu tô argumentando mas chega um momento

em que eu tenho que eh eh deixar de lado a cisão que a argumentação é sempre uma leva sempre a uma cisão uma divisão porque você vê as múltiplas possibilidades e deixar a cisão de lado e chegar a tomar uma decisão que é dizer eu já vi os lados e a conclusão é essa tem que fechar a questão e é in quem passa a vida argumentando e nunca toma decisão como é incompetente quem toma decisões sem argumentar devidamente Então esse eixo argumentação decisão corresponde mais ou menos ao de mobilização eh do conteúdo que se estuda

e o terceiro eixo é o o da eh eh concretização da contextualização daquilo que se estuda na escola competente é o aluno que é capaz de referir O que aprende n escola há contextos específicos múltiplos contextos mas eh eh competente é o aluno que é capaz de extrapolar todos os contextos e e imaginar aquilo que ainda não existe não é então a capacidade de imaginação de de fantasiar de eh assim criar não é coisas que ainda não existem isso é tem que ser estimulado trabalhado Na escola nas diferentes disciplinas às vezes se associa à matemátic

essa função de lidar com Abstrações mas na verdade abstrair os contextos e criar coisas que ainda não existem eh Isso é uma competência a ser desenvolvida por meio de todas as disciplinas A gente eh não eh lê um texto apenas para tomar ciência do que já eh eh existe a gente lê um texto também para ser capaz de eh eh sentir imaginar aquilo que não existe e a gente deseja um professor competente hoje na escola não é é é em primeiríssimo lugar um um mediador a capacidade de mediação é absolutamente crucial quem fala de mediação

fala de conflitos a gente Medeia um conflito agora eh conflito de quê na escola ocorre o tempo todo na escola ocorreem confitos de interesse o interesse da escola do professor é o programa o currículo o interesse dos alunos existe mas está em outro lugar dizer que a gente tem alunos desinteressados é uma meia verdade os alunos Estão interessados mas em outra coisa a aproximação entre os interesses dos alunos e o interesse da escola traduzido pelos programas pelo currículo é a primeira tarefa de um professor claro que para isso Ele precisa conhecer e conhecer bem o

seu conteúdo para poder fazer essa aproximação não cabe aí ao professor nem uma posição rígida do tipo Caxias sigam-me os que foram brasileiros o conteúdo é esse e quem quiser que venha atrás de mim isso não cabe e também não cabe ele chegar a sala de aula e perguntar pros alunos O que que os alunos querem Não não é essa a a a maneira não é de fazer essa aproximação a a sensibilidade então para Eh mediar esses conflitos de interesse é a primeira ação eh a primeira mobilização de recursos a primeira amra de competência do

professor um outro eh verbo uma outra ação associada a um professor competente é a questão do eh do mapeamento do que é relevante e do que não é relevante porque veja os eh coordenadores estão bem conscientes disso De que os alunos eh obtêm todos os dados todas as informações de que precisam na internet só que aquilo chega até eles de uma forma absolutamente bagunçada não é não há ideia de valor as coisas estão ligadas e e mas não há o discernimento do que vale mais do que vale menos do que eh não vale nada do

que tem que ser cultivado do que tem que ser combatido isso é a função da escola e é trabalho do professor mapear o que é relevante o que não é relevante o que é mais relevante O que é menos relevante tendo em vista o projeto os objetivos da escola então mediar conflitos mapear o que é relevante o que não é relevante uma terceira mostra de competência sendo professor é eh se dá quando ele TCE TCE TCE relações o tempo inteiro TCE relações eu quero dizer é articula o conhecimento escolar com o extraescolar o que está

nos programas com o que está lá fora na vida cada relação que a gente estabelece entre eh os logaritmos que o professor de matemática quer ensinar e e o PH da água que a gente tá bebendo ou os decibéis do som ou os eh eh as escalas nos terremotos cada link desse eh eh não só atrai o interesse do aluno como eh viabiliza a ação do professor no tratamento dos conteúdos então TC tecer relações eh puxar fios linkando né relacionando o extraescolar com o intraescolar é uma terceira competência Fundamental e uma uma outra competência uma

quarta competência específica do profissional professor é contar histórias fabular contar histórias contar causos não é na verdade toda a aula se constitui se constitui toda a a todo o significado se constrói por meio de uma história eh bem contada até para ser enganado num semáforo por alguém que tá pedindo alguma coisa você exige que a pessoa conte uma história bem contada se o cara diz assim me ajuda minha mãe morreu Já é a terceira vez que ela morre você nem dá muita bola porque a história não não faz muito sentido que irá falando de coisa

séria na escola a aula de um professor competente é sempre uma narrativa existe um roteiro é não são só cenas isoladas é preciso compor um filme as informações são como as cenas isoladas mas sem a narrativa elas se perdem amanhã a gente já não lembra mais e um professor competente é sempre um construtor de narrativas narrativas Fabulosas Fabulosas no sentido de que envolvem valores como as fábulas não é e um par de competências do professor para compor os três pares eh nãoé dos três eixos correspondentes ou dos alunos particularmente no caso dos alunos o eixo

expressão compreensão expressão de si e compreensão dos outros no caso do professor um professor competente é um professor que exerce uma autoridade a expressão do professor é a expressão da sua autoridade na sala de aula mas com tolerância a compreensão o respeito pelo outro é que é o o equilíbrio para a autoridade que o professor exerce falar da autoridade como uma competência pode suar estranho mas eh eh é fundamental eh o professor ter o domínio dessa competência a autoridade é uma palavra eh complexa muitas vezes ela é contaminada pela ideia de autoritarismo e ninguém quer

ser autoritário e muitas vezes se foge do exercício de uma autoridade para poder não parecer autoritário mas o professor não pode entrar nesse desvio a autoridade tem a ver com responsabilidade você é responsável por iniciar alguma coisa e faz parte da função do professor responsabilizar-se por iniciar permanentemente coisa nos outros nos alunos por ação ou por omissão porque se você decidir ficar quietinho e não se não fizer nada na sala de aula você também tá iniciando coisa nos outros o não agir é uma forma de eh de atuar não é então o professor precisa tomar

iniciativas Isso é uma competência que se exigo do professor ele precisa eh eh exercer essa autoridade com responsabilidade e sobretudo com tolerância quer dizer sem invadir o espaço do outro o espaço do aluno sem impedir que o aluno se constitua como autor do seu projeto não é do seu roteiro da sua vida agora há um ponto que eu gostaria de concluir apontando para ele que é o seguinte a organização da escola não é E isso tem tudo a ver com o trabalho do Coordenador cada professor trabalha no âmbito da sua disciplina e a disciplina é

movida a aula tantas aulas por semana e tudo mais o coordenador que pensa um todo o todo da escola não é eh eh para ele é fundamental a a compreensão do seguinte ó de que a ideia de competência não se instala na escola se um único espaço para a construção do conhecimento na escola é o espaço aula se você pensa a organização da escola e diz assim tem 30 aulas 36 aulas n aulas Isso não basta para caracterizar como a escola funciona e nem basta pra ideia de competência se eh eh enraizar na escola eh

são necessários outros espaços o espaço aula é é o espaço mais importante o espaço fundamental Sem dúvida mas ele tem que ser complementado por espaços maiores do que o da aula e espaços menores do que o da aula espaços maiores do que o da aula são por exemplo eh eh eh assistir a uma conferência a uma palestra ir a uma peça de teatro um estudo do Meio eh espaços e tempos que são criadores de centros de interesse porque a aula é ótima para se explorar interesses que já existem eh mas para criar um interesse um

aluno que assiste a uma palestra sobre a a escassez da água no mundo ele se liga nisso E aí ele vem estudar a água na Perspectiva da biologia da física da matemática da geografia motivado por esse interesse que é certamente originado fora da escola na leitura de um jornal de um texto na ao assistir a um filme não é esses espaços grandes maiores do que o espaço tempo da aula são fundamentais mas há um problema quando se abrem esses grandes espaços corre-se um certo risco risco de eh os alunos em todas as faixas etárias não

é se interessarem pelo que não presta se interessarem pelo que é realmente merecedor de interesse e interessar pelo que não tem nada a ver com a escola toda a escola tinha que ter garantido não é espaços de eh convivência tutoria orientação deixe o nome que se quiser dar isso mas espaços de relação um a um e o coordenador trabal falha especificamente nesses espaços na relação com os professores e os professores também teriam que ter espaços desse tipo para trabalhar na relação Direta com os alunos porque é nessa conversa um a um que eh eh se

e eh elabora se filtra não é a gente depura os interesses que não t perspectiva na escola ou que pelo menos não deveriam ter eh eh o acolhimento ou o espaço do cultivo não é bom eu agradeço o o convite da SM para participar desse momento importante aqui nessa relação com os coordenadores agradeço a atenção dos Senhores coordenadores aí eh eh a essa nossa conversa e espero que ela continue em outros momentos em outros âmbitos em outros ambientes ao vivo ou por meio de texto mas que a gente continue a interagir eh em busca desse

objetivo comum que é melhorar as as condições de de trabalho a efetividade a qualidade da educação em nossas escolas obrigado