a aula que você vai ver a seguir é parte de um curso da casa do Saber mais plataforma Educacional com mais de 1000 horas de conteúdos desenvolvidos pelos melhores professores do país quer conhecer então clique no link que tá abaixo do título desse vídeo assine agora e tem acesso a outras aulas desse curso e também a um mundo de conhecimento eu vou então antes de mais nada eh fazer um resumo para vocês da originalidade do s ou seja tentar eh dizer em poucas palavras aquilo que ele revolucionou em filosofia aquilo que ele foi contra a
tradição eh o que ele trouxe de novo e eh dispois a filosofia para o novo caminho para o Sartre é a existência e não a essência que precede A Essência vocês podem notar então que ele inverteu né as posições eh dessas noções que tradicionalmente vinham eh guiando a filosofia né e disso Vai resultar vários desdobramentos eh que são importantes para configurar o perfil né Eh da filosofia do satre porque a precedência da essência em relação à existência Como eu disse para vocês é como uma causalidade faz com que a existência se seja determinada por aquilo
que é essencial a essência é o atributo principal da coisa sem o qual ela não é mais ela e os acidentes aquilo que está junto da essência e que não constitui eh atributos principais como por exemplo eh Sócrates é músico Sócrates é ateniense Sócrates é poeta tudo isso pode acontecer ou não agora Sócrates é um animal racional é a essência dele tem que ser caso contrário ele não seria Sócrates não seria um ser humano né Então essa determinação eh bem especificada eh da existência pela Essência vai ser exatamente modificada por isso não é porque como
nós não temos mais a a anterioridade eh da Essência ela não tem mais como ser um fator determinante em relação àquilo que a sucede né então Eh agora a existência por sua vez ela continua sendo aquela coisa ambígua contingente acidental que sempre foi só que o o o sarta coloca em primeiro lugar e a essência Digamos que fica postergada eh para um tempo indeterminado de tal forma que eu não parto mais da Essência Mas se for o caso eu devo encontrá-la né então isso traz uma série de eh considerações que o Sat é levado a
fazer a partir dessa eh dessa nova conjunção né e a primeira delas não é como nós já vimos é a indeterminação como não existe mais uma essência que determine espec uma essência que determine especificamente a existência esta existência será indeterminada né então isso constitui também um um grande uma grande modificação eh na tradição tudo aquilo que existe precisa ser determinado para que possa ser conhecido Né desde o Aristóteles existe esse essa fórmula básica na filosofia né conhecer é determinar né se eu não determino alguma coisa em termos de causas eh Essência acidente tudo aquilo que
eu compõe significa que eu não conheço aquilo né ou seja aquilo permanece na indeterminação né e é justamente o que acontece eh com a existência né que vem em primeiro lugar no caso do satre mas nem por isso ela é determinante né ela continua com as características que sempre teve e portanto o que caracteriza a existência no caso do ser humano é a indeterminação isso eh é uma grande modificação em relação à tradição eh porque eh perturba aquilo que nós poderíamos chamar de condutas e escolhas Morais do ser humano né Eh se ele é indeterminado
se não há nada que o cause especificamente né ele não tem digamos assim eh uma eh responsabilidade específica quanto a sua quanto aquilo que ele vai determinar como sendo a si mesmo e a sua conduta né Eh então Eh essa indeterminação o stia considera muito importante né e ele a chama de então de liberdade liberdade é uma palavra que aparece muitas vezes né na história da filosofia eh na maioria das vezes eh a liberdade é entendida como livre arbítrio né Ou seja eu tenho eh duas ou mais opções não é que se colocam para mim
e eu escolho uma delas né como quando nós estamos numa estrada e vemos uma bifurcação você escolhe aquela que você vai eh por onde você vai eh isso é livre você faz essa escolha livremente mas dentro daquele conjunto que se apresenta como a origem da da das suas escolhas né Eh portanto livre arbítrio nesse caso é diferente de liberdade porque ele significa a escolha dentro um conjunto dado de de possibilidades né Eh o que o sas procura mostrar é que sendo a a liberdade agora uma indeterminação Total ela não pode ter esse conjunto a priori
de possibilidades que já seria de alguma forma determinado né se eu tenho três possibilidades eu tenho uma certa determinação posso escolher uma daquelas três não posso escolher outra no caso aqui essa indeterminação que eh qualifica a nossa liberdade faz com que eu não tenha eh nenhuma prerrogativa ou seja nada de prévio à minha escolha está posto portanto eu não tenho eh digamos A Escolha dos caminhos a seguir como no caso do livre arbítrio eu não tenho também a escolha de qual critério eu vou utilizar para escolher um daqueles caminhos né então a liberdade ela é
uma indeterminação total porque ela significa não é que eu escolho eh tanto a ação que eu vou seguir quanto o critério que corresponde a essa ação eh portanto a liberdade é como se fosse uma criação o s chega comparada com a criação da obra de arte não é Eh Ou seja a obra de arte nós costumamos chamar de gratuita mas ela não é gratuita eh se você perguntar a um artista por ele fez uma determin obra ele Talvez não seja capaz de explicar mas ele sabe né então a liberdade também tem essa conotação né Eh
porque eu invento os critérios invento a ação a seguir não é eu sei mais ou menos o que eu vou fazer e porque eu vou fazer mas isso é difícil de explicar porque a nossa explicações as nossas explicações guiadas pelos critérios analíticos que que configuram o nosso pensamento né Elas eh envolvem sempre uma eh causa e efeito né então eu não posso aqui determinar qual é a causa de eu ter escolhido tal ação e de eu ter eh me fixado em algum critério para a escolha dessa ação não há uma causa que determine se a
o início eh do processo fosse A Essência haveria então algo determinante nessas escolhas porque A Essência já contém tudo aquilo que será explicitado na existência a existência não pode conter nada de novo ou seja a existência não pode ser criativa porque tudo aquilo que ela vai eh eh vai eh poder ter ao longo do tempo já está condensado na Essência né ela apenas Explicita né aquilo que está na nossa essência aqui então ocorre esse caso eh que é ímpar né na na história da filosofia eh dessa liberdade que por conta disso então é designada pelo
sre como Liberdade Total não é mais o livre arbítrio que é uma liberdade parcial Mas é uma liberdade Total a liberdade Total significa então a criação ou a invenção tanto da ação quanto eh do critério né Eh nesse caso eh aquilo que o ser humano é já não é tão significativo quanto foi no passado porque o que diz aquilo que alguma coisa ou alguma pessoa é é a sua essência né ah e no caso não havendo Essência havendo essa indeterminação Total eu posso dizer inclusive que o ser humano é Originalmente nada né que é uma
uma uma noção que se tornará muito importante na filosofia do satre né Eh exatamente por conta disso né Essa indeterminação Total faz com que o ser humano eh seja Então como que um nada de onde tudo deriva né O que quer dizer que eh aquilo que eu puder vir a ser não é será uma espécie de construção de mim mesmo né essa construção se faz através das escolhas que eh nesse caso ele chama de projetos né o ser humano antes de um de um de de ser uma projeção no futuro ele não é nada né
ele é apenas essa projeção quer dizer a a nossa consciência não é como uma coisa como se pensava antigamente uma coisa que contém uma porção de outras coisas dentro dela a consciência não é nada ela é só uma intencionalidade ou seja uma intenção de se fazer alguma coisa de agir né E essa intenção ela se dá na forma de projetos o homem tem sempre um projeto a seguir eh e portanto eh esse projeto ele se constrói ele se delineia eh fora de si fora da consciência porque dentro da consciência ao contrário do que se pensava
antigamente não há nenhum tipo de conteúdo nãoé o s até ironiza um pouco a essa concepção eh que fazia da consciência um receptáculo né de conteúdos ele diz que os professores dele quando explicavam que era consciência eh teriam como modelo eh a digestão né a consciência apreende as coisas do mundo como nós comemos as coisas depois digere forma um líquido eh um suco gástrico eh que se transforma então nos conceitos que são depois utilizados na ele acha essa concepção grosseira né Eh e portanto ele adota esta eh outra concepção que faz com que a consciência
seja antes de mais nada e apenas uma intencionalidade O que é a minha consciência é esse movimento que eh designa a intenção que eu tenho de fazer alguma coisa a intenção de um projeto né Eh então o que me liga aos objetos que com com os quais eu tenho contato nãoé não é o fato de que eu os tomo e os interiorizou na minha consciência é o fato que eu tenho intenção de apreendê-los e essa intenção é exatamente aquilo que formula a ligação entre a minha consciência e as coisas né a ligação entre min a
minha e as coisas se dá nessa forma de intencionalidade que portanto não eh significa que a consciência faça um movimento real no sentido de apropriar-se das coisas ela apenas tem a intenção de aprendê-las de amá-las odiá-los etc qualquer tipo de relação que a consciência tenha com as coisas deriva dessa intenção dessa intencionalidade eh que agora caracteriza a consciência e portanto portanto em si mesma ela não é nada né não é algo que eu possa definir caracterizar eh a não ser por esse movimento de intencionalidade que é o quê é a saída da Consciência em direção
de alguma coisa né então também pela primeira vez a exterioridade né aquilo que tá exterior ao sujeito à consciência adquire uma importância fundamental vocês já devem ter visto o descart né Vocês sabem pro descart as coisas são antes de mais nada ideias na consciência depois é que ele vai tentar sair da consciência para que essas essas ideias eh possam tornar-se coisas novamente mas em princípio não há coisas há ideias na consciência por isso ele é chamado de Idealista eh isso é certo ou errado não se sabe muito bem mas exatamente por esse predomínio da ideia
ou seja a exterioridade é alguma coisa Projetada pelo próprio sujeito né e portanto não tem existência em si mesma para o sre a exterioridade é muito importante porque ela é justamente esse eh o término desse trajeto de intencionalidade que a consciência projeta faz e chega até um objeto que eh está propriamente sobrevive né na exterioridade da consciência porque não poderia ser dentro dela né e é portanto real né então existe uma realidade da consciência que é tênue é só essa intencionalidade existe uma realidade das coisas que é densa as coisas são em si mesmas e
são intencionadas eh pela consciência que as apreende dessa maneira né Eh então desse ponto de vista eh a a consciência através dessa intencionalidade quando ela vai na direção de Algum objeto de alguma coisa ela sai de si mesmo né na direção da coisa que ela deseja aprender da coisa quer dizer do objeto né que ela deseja apreender eh e portanto a essa a exterioridade se apresenta pela primeira vez na história da filosofia como algo real e denso sobre o qual não paraa Nenhuma Dúvida né vocês lemam que o decart duvidava principalmente da exterioridade né não
duvidava de si da sua interioridade mas duvidava de que existissem coisas exteriores isso agora muda completamente porque Justamente a consciência tem esse ser enfraquecido nãoé e as coisas exteriores têm um ser fortalecido as coisas exteriores são indubitavelmente reais né e a consciência Vai em Busca dessas coisas através de uma realidade suis Gênesis que é a sua intencionalidade mal você pode pode dizer que a consciência seja algo de real uma coisa real ela não é ela é um movimento esse movimento Então se chama intenção ou intencionalidade é aquele objeto que nos faz apreender eh as coisas
mas não trazê-las para dentro da consciência manter essa relação né de exterioridade com as coisas e é por isso que a transição do sujeito para o exterior é muito importante eh para o sre porque a consciência el é o que ela faz né ela transita de si mesma para as coisas que ela deve aprender através dessa eh intencionalidade então Eh se nós quisermos dar uma definição de ser humano ela muda completamente o ser humano não é mais aquele que como para o descart era antes de mais nada interior a si próprio o ser humano é
agora exterior a si próprio ou seja ele se busca ele se procura no meio das coisas não é na exterioridade e portanto é essencial que ele saia de si que ele passe a viver exteriormente a si e é isso que significa exatamente né é a ideia de projeto né projetar né quer dizer eh buscar alguma coisa que esteja Além de Mim fora de mim e isso eh se torna a minha característica principal né portanto eh como se o ser humano fosse eh alguém eh em busca de si mesmo né E essa expressão em busca de
si mesmo eh adquire para o Sartre uma uma significação especial né Eh na sua filosofia eh que é a ideia de para si né Nós costumamos dizer que a ideia de para si no s é o sujeito Por quê o paraci tem duas significações eh primeiro lugar ele se refere a um trânsito a uma busca o sujeito está para si ou seja ele tá indo na direção de si nunca se atinge propriamente porque não há o que atingir a consciência não é uma coisa mas ele está sempre indo em direção a si através dos projetos
que ele formula que tem essa peculiaridade nãoé atingir a si mesmo eh com alguma densidade então Eh como resultado disso é que nós temos que eh entender que aquilo que nós chamamos de identidade que é uma certa densidade da consciência que nos caracteriza né julgamos que somos idênticos né hoje amanhã depois eh essa identidade com a qual procuramos nos caracterizar ela é algo construído por nós mesmos mas ela não existe né porque a consciência Justamente não é nada que possa ser Idêntica a si mesmo em dois momentos do tempo ela tá sempre procurando o objeto
procurando alguma coisa e se ela é o sujeito né se a consciência é o sujeito o sujeito está sempre em busca de si né em busca de si nas coisas eh na intencionalidade pela qual ele percorre todas as coisas né então a h um desdobramento importante dessa grande modificação do sre é essa espécie de desmistificação da identidade né que é uma coisa muito importante para nós a identidade O que é a essência de nós mesmos nãoé Então como não há Essência não há identidade e eu estou a cada vez a cada momento né me servindo
de um projeto né para encontrar fora de mim aquilo que eu na verdade sou nãoé então o sujeito eh ele está sempre de alguma forma não junto a si imanente a si como era pela tradição eh do descart e de outros filósofos ele está pelo contrário sempre longe de si projetando-se em alguma coisa né Eh isso o s tira de um seu predecessor o heidger né que já havia colocado essa características né o ser humano é um ser das lonjuras ele diz né que ele está sempre longe de si procurando-se eh onde ele não está
né E essa essa busca eh e de mim mesmo onde eu não estou terá também consequências dentro dessa e dessa filosofia né o projeto é uma espécie de síntese entre eh uma criação ética um valor que eu procuro atingir mas que eu mesmo inventei n é eh eh é uma criação também minha portanto né e alguma coisa que me causa muita angústia isso é importante porque se fala muito da angústia existencial né mas pouca gente sabe o que quer dizer isso eh quando nós fazemos escolhas Morais nós temos sempre um respaldo nós temos sempre eh
um um uma série de opções ou de critérios já determinados entre os quais eu vou escolher quais são eles a minha religião minha família a época que eu vivo o meu partido político eh e uma série de outras convicções que formulam um eh uma série de critérios a priori que se traduzem para mim como sendo eh opções que eu tenho que seguir mas tenho que escolher entre aqueles que já lá estão né ou seja uma tabela de critérios já pronta eh para que eu possa efetuar dentre essa tabela a escolha que eu vou seguir né
Eh e o satro Então dentro coerente com essa concepção ele não admite a existência desses critérios postos a priori para que o indivíduo escolha não é o valor moral a ação moral o critério moral são sempre criações individuais né E essas criações individuais eh elas brotam do quê da consciência quer dizer do nada que a consciência é nada né E então Eh essa essa eh eh angústia que me vem a cada vez que eu tenho que escolher alguma coisa provém dessa deste desamparo que nos afeta muito nas nossas eh opções Morais não é quando vamos
fazer uma opção moral eh gostamos de ter a certeza de que aquilo já foi experimentado que aquilo tem valor em si e que eu vou escolher algo que já tem um valor em si porque está prescrito na minha religião na sociedade no meu partido política e assim por diante né Eh então quando eu tenho que escolher sem esse respaldo que daria valor a minha escolha do exterior daria valor a minha escolha eu me sinto então angustiado porque é como se eu estivesse pairando sobre o nada né Eu não tenho eh um uma um Amparo qualquer
que possa respaldar essas escolhas que eu faço então a essa angústia é uma espécie de Vertigem semelhante à aquela que de alguém que tá se equilibrando sobre um um fio numa grande altura nãoé eh se ele olha para baixo ele só vê a possibilidade de cair porque não há nada que o segure em torno dele é esta a escolha moral e por isso ela provoca essa espécie de angústia que o satre eh assinala mesmo como uma espécie de Vertigem né uma Vertigem moral que nós temos quando eh olhamos para a nossa vida e verificamos que
nós temos que reinventá-lo a cada momento porque ela não não não não traz nada em si mesma que possa preservá-la conservá-la nãoé e assim por diante e portanto esse para si ele tem eh dentre as duas conotações que eu que eu falei para vocês a primeira é essa né é dirigir-se a um si né esse si de maneira geral quando nós aplicamos essa palavra essa palavra não é do Sat ele usa né Eh na tradição esse para si esse para si representa o quê eu mesmo essencialmente o sujeito na sua identidade nãoé então nós dizemos
o si mesmo quer dizer o sujeito na sua identidade própria né Eh então o satti ao formular essa expressão para si Ele tá dizendo que não existe esse si dotado de eh densidade própria e existe um caminho para ele né que eu eh e a existência consiste nisso caminhar na direção do si caminhar na direção da Essência porém sem qualquer certeza de que eu vou atingi-la ou vou chegar lá né a outra concepção eh do para si é aquela que nós eh vemos aplicada nas expressões que usamos quando dizemos eh por exemplo paramédico né é
aquele que faz as vezes do médico da socorros um desastre e tal mas não é o médico né então esse para si ele funciona dessa desse modo né ele simula uma essência ele simula um sujeito mas ele não é um sujeito ele não tem a possibilidade de agir como um sujeito dotado de essência dotado de determinação e assim por diante são essas duas eh eh metáforas né que estão embutidas nessa expressão para si e fazem com que elas seja então bastante móvel né E esse trânsito contínuo que eu faço em direção a mim mesmo né
E essa espécie de eh imitação eu estou no lugar de alguém no lugar do si que eu não consigo atingir não consigo viver eh plenamente né Eh E isso se dá eh Como a existência inteira né não é que em algum momento eu vá chegar ao si ele é constitutivamente impossível de ser alcançado né Eh por isso que o s diz no final do do livro né que ele onde ele trata dessas coisas que é o ser e o nada né Tem tradução em português eh ele diz que a o final de toda a existência
é sempre frustrante porque o sujeito termina de existir quer dizer morre né sem ter aido a si mesmo sem ter atingido aquilo que deveria constituir a meta principal eh dessa caminhada né na sua existência Eh agora eh isso sofre toda sorte de mistificações Por exemplo quando nós fazemos a biografia de alguém que já morreu né Nós eh totalizamos a sua vida esse indivíduo nasceu viveu fez isso fez aquilo e depois morreu quer dizer damos a vida dele uma aparência de totalidade como se ele tivesse chegado no lugar que ele pretendeu né isso nós fazemos por
quê Porque ele morreu se ele tivesse vivo ele poderia nos desmentir no momento seguinte né fazendo outra coisa formulando outro projeto de vida e assim por diante né Eh então O Sat tem acerca disso uma frase caracteriza bem esse modo de lidar com a vida e com aquilo que que nós chamamos de destino né ele disz a morte transforma a vida em destino porque o indivíduo chegou a algum lugar aquele lugar é o último que ele podia chegar porque ele morreu então nós dizemos ess aqui é aquilo a que ele estava destinado mas ele não
estava destinado a isso a existência dele foi simplesmente interrompida ali né e ele poderia ter continuado a existir experimentando a sua existência formulando novos projetos e morreria igualmente estrado quer dizer sem ter atingido a realização completa eh de qualquer desses projetos que ele eh formulou eh para si mesmo né então a esta eh Isso significa que há então um desdobramento da Liberdade total né o fato de que eu não eh eu não posso atingir um objetivo e nele me fixar como se tivesse encontrado o meu si mesmo e A Minha Essência né Eh fazem com
que a liberdade seja algo mais do que um atributo né porque normalmente na tradição nós dizemos né o homem tem dois atributos um é o entendimento e outro é vontade o entendimento o que que é o conhecimento intelectual a vontade se realiza como pela Liberdade né Eh o satre acha que isso é uma coisificação das faculdades né Eh Ou seja eh a liberdade não é algo que nos pertence Como uma atributo quer dizer eu existo e tenho a minha liberdade não eh da maneira como ela é posta dessa forma total e e indeterminada né é
eu sou a minha liberdade né é a maneira correta de de dizer então de falar aerre Liberdade Não é que eu tenho Liberdade né É dizer eu sou a minha liberdade Porque tudo que eu faço é perseguir através dessa Liberdade Um Destino um objetivo uma meta eh uma realização de um projeto qualquer que eu nunca vou completar não é eh e portanto e eu sou essa liberdade essa espécie de itinerância não é permanente essa transição permanente na direção de alguma coisa que nunca eh desculpa que nunca se realiza plenamente esse caráter transitório eh que determina
eh que é consequência dessa indeterminação do ser humano faz com que o tempo forte da existência seja sempre o futuro eu tô sempre transitando em relação ao futuro cuja meta Eu imagino que eu possa eh de alguma forma administrar mas na verdade não posso eu posso projetar uma meta assim que eu atinjo é o que acontece com o desejo por exemplo né eu projeto um desejo assim que eu atinjo o desejo o realizo outro vem outro desejo vem e portanto eu vou eh terminar a minha existência sem ter realizado propriamente os meus desejos ou qualquer
um dos meus desejos nós vamos depois ver qual é e a causa disso agora e essa liberdade total que se dá então nessa temporalidade ela oferece duas dificuldades que o próprio Sat antecipa eh para ser afirmada né Eh A primeira é o que que ele denomina eh de situação situação é a configuração da nossa vida em cada momento do tempo e na dependência desses momentos Ou seja a situação é aquilo que traz para eh se defrontar com a minha liberdade tudo aquilo que eu não escolhi então a liberdade é total mas com essa dificuldade há
uma série de coisas que se defrontam com a minha liberdade que eu tenho que enfrentar que ele chama de situações e que eu não escolhi por exemplo eu não escolhi ter nascido não escolhi o lugar meus pais minha constituição física meu país me regime político ah lugar geográfico há uma série de coisas que eu não escolhi que eu tenho que aceitar porque já existiam no mundo né Eh o merop Ponti depois vai dizer corroborando essa concepção do sas o mundo é mais velho do que eu já existe então há uma série de determinações mundanas que
que simplesmente eu nasço no meio delas não as escolhi tenho que conviver com elas tenho que aceitá-las E essas determinações elas se resumem eh em grande parte né Eh em duas não é eh uma são os fatos né esses fatos podem ser físicos ou sociais não é o que quer dizer essa determinação fact isso que eu citei há pouco né Eu não tenho nenhum domínio sobre a configuração na qual eu vou nascer então tudos tudo isso representam fatos que eu tenho que administrar esses fatos tem que se compor com a minha liberdade e tem que
mantê-la na sua totalidade como isso se faz né É É difícil essa eh essa compatibilização eh Nós já vamos ver como é que ela se dá eh a outra e dimensão da situação são os outros as outras pessoas que também eu já encontro no mundo né Principalmente a família o satre é é muito eh apoia bastante o Freud na concepção da do caráter fundamental da infância exatamente por causa da vulnerabilidade à família né a criança e é alguém que atravessa um quar escuro n não sabe o que tá acontecendo ela só sente as determinações que
lhe vem do exterior principalmente da família né e depois vai carregar isso pelo resto da vida de alguma maneira né Eh então isso representa uma parte daquela dessa outra dimensão da situação que constituem os outros as outras pessoas não é as outras pessoas influem sobre mim diretamente ou indiretamente E então estando eu em contato com os outros estando no meio da história eh eu sofro a influência dessas pessoas e elas tendem a me determinar apesar da liberdade então a minha liberdade tem que reagir não é eh a essas pessoas eh de tal forma que eh
O Sat diz uma frase paradoxal o seguinte né eu sou livre porque eu posso fazer eh eh eu posso fazer de mim qualquer coisa com aquilo que fazem de mim quer dizer as outras pessoas fazem alguma coisa de mim e eu apreendo isso e faço alguma coisa para mim mesmo com isso quer dizer eu sou aquele que faz algo que as outras pessoas fizeram de mim faço para mim o que outras pessoas fizeram de mim Eh Isso já é uma manifestação dessa permanência da Liberdade total em meio a essas determinações mas de maneira geral o
que o s vai eh eh colocar aqui é o seguinte vocês sabem que a filosofia do Sartre aspira a ser uma antropologia ele diz isso várias vezes né a filosofia estará completamente realizada no dia em que ela determinar o que seja um indivíduo não é portanto um dia que ela fizer uma antropologia completa né porque a vocação da filosofia é antropológica por isso que ele não tem na na no seu pensamento maiores considerações sobre a filosofia natural as paisagens a o mundo em si eh essas coisas todas que comparecem como disciplinas filosóficas nos outros estilos
de pensamento né tudo está relacionado com o ser humano e portanto todas essas esses fatos físicos ou sociais que tendem a me determinar eles fazem parte da minha humanidade que significa fazer parte da humanidade significa que eles estão sujeitos a um uma eh interpretação que eu faço deles ou seja eh na medida em que a filosofia tende a ser uma antropologia eh não existe nenhum fato bruto ou seja não existe nenhum fato que possa eh me determinar entrar em contato comigo e sem que eu tenha já feito dele uma interpretação e essa interpretação eh que
eu faço de todos os fatos que me acontecem né me dá uma liberdade não de fazer com aquele fato exista ou mudá-lo enquanto tal mas de interpretá-lo né ele dá um exemplo de fato físico por exemplo há uma montanha né Eh essa montanha pode ter vários significados dependendo da pessoa que a que se relaciona com ela ela pode ser um um um desafio por exemplo para um alpinista chegar no cum da montanha pode ser um lugar de plantar na encosta dela se for Caso for um agricultor pode ser um desafio para furar um túnel e
e passar por essa montanha se eu sou um engenheiro tô construindo uma estrada né e assim por diante Então dependendo da da do desafio que essa montanha representa para mim em termos de significação né Essa significação toma todo o ser da montanha Ela não é uma um fato bruto eh que poderia existir caso o planeta não fosse habitado né se não tivesse ninguém sobre a terra não haveria essas coisas que nós chamamos terremoto tsunami não haveria nada disso um ET que observasse o que acontece no planeta diria tá vendo um deslocamento de massas ali e
tal mas não não haveria nenhuma tragédia Por que que esses fatos podem ser então e interpretados como tragédias porque eles nos nos atingem enquanto Tais eles nos atingem quer dizer nós damos a eles uma significação que enquanto fatos brutos Independentes do do ser humano eles não teriam Então tudo é humano ou está relacionado com o ser humano por isso a filosofia tende a ser uma antropologia Então nesse caso dos fatos físicos por exemplo Ah no no caso dos fatos sociais muito mais se coloca ainda essa questão né então um indivíduo por exemplo que nasce eh
eh numa família Operária eh no começo do século XX não é eh ele está então aparentemente determinado na sua vida na sua existência como nós dizemos hoje né um molequinho que nasce no morro tá destinado a ser bandido mas cedo ou mais tarde vai ser bandido né não tem muita escapatória para isso A não ser que seja uma absoluta exceção né então o diz essas coisas tendem a nos determinar inteiramente né mas eu ainda tenho liberdade de dar a esses fatos diferentes significações por exemplo o fato de eu ter nascido eh no regime capitalista ser
um proletário etc etc eu posso interpretar como um destino por exemplo o que Deus me deu e aí não tenho o que fazer ou eu posso interpretar como uma situação histórica que apareceu como apareceu pode ser mudada pode ser transformada e assim então eu ajo de acordo com isso né entro no sindicato entro no movimento e tal eh então Eh as situações sociais também estão sujeitas à significação que eu dou a elas não é eh depois nós temos então a questão dos outros né aí é mais complicado porque eh no caso da relação entre o
próprio sujeito e os fatos físicos ou sociais você tem de um lado a consciência do sujeito que dá significação a esses fatos né E essa é unilateral porque os fatos não têm consciência aqui no caso todos tê consciência então O Sat é obrigado a voltar aquele velho problema que aparece com o descart que é o fundador da filosofia da consciência né eh Há um certo trechinho na segunda meditação vocês não devem se lembrar né mas ele diz o seguinte eh Quando olho pela janela isso depois de ter aferido a própria existência né penso logo existo
agora olho Pela janela vejo uma série de carpas e chapéus passando na rua talvez sejam seres pensantes como eu mas isso é apenas Provável não é absolutamente certo por quê Porque eu penso logo existo depende da consciência de existir quem pode ter a consciência de existir aquele que existe aquele que existe subjetivamente eu não posso portanto me colocar no lugar do outro e dizer ele Pensa logo ele existe porque essa a eu estaria contra justamente o primado da subjetividade que orienta né Essa filosofia então a única maneira de aferir a existência do outro seria colocando-se
nele e podendo dizer eu no lugar dele né Mas ninguém pode trocar o não eu pelo eu então é é impossível aferir a existência do outro como um outro sujeito Então o que eu faço com isso que o o dcast fez e toda a tradição filosófica Acabou também fazendo eh eu sou o sujeito que eu penso logo existo o outro o que que é é o objeto né então nós temos essa tendência muito forte né a objetivação de todos os outros não é eh e portanto eh essas essas outras eh provavelmente pessoas como di o
descart né que existem fora de mim ao meu lado e contato comigo etc né Eu tendo a tratá-los eh coerentemente né Eh como objetos né Eh tendo a rotulá-lo tendo a marcá-los como objetos né o s tem vários exemplos e várias historinhas que ilustram isso né Eh algumas são bastante conhecidas né Tem uma historinha que ele porque os exemplos que ele dá são sempre pequenos contos né como ele é literato ele é ele faz isso muito bem né e conta eh pequenos às vezes duas três linhas só mas às vezes ele conta histórias um pouco
maiores né Por exemplo eu eh vejo um sujeito um determinado corredor que está olhando pelo buraco da fechadura né então eu já sei quem ele é porque eu tenho eu tenho um objeto diante de mim eu tenho que rotulá-lo é vermelho é preto etc como é uma pessoa eu tenho que rotular pela conduta Qual é a conduta dele olhando pelo no buraco da fechadura então eu tendo a rotular esse Sujeito como um objeto ou seja como alguém eh que faz isso agora aquilo que o que o sujeito tá fazendo ali ele tá fazendo no momento
da vida dele não é aquilo que ele faz todo o tempo mas quando eu objetivo Justamente eu torno aquela pessoa um objeto eu reico aquela pessoa e tendo a dar a ela aquele caráter eh fazer daquele caráter momentâneo que eu presenciei a o rótulo da sua vida e é isso que eu faço com todo mundo por isso que nós temos tanta facilidade eh em eh nos relacionarmos lidando com as pessoas Fulano é de bom humor Fulano é ruim Fulano é bom flo é caridoso porque eu rotulo as pessoas conforme um momento em que eu a
vi ou uma circunstância em que eu avi isso eh significa a impossibilidade de a haver uma real Eh intersubjetividade Ou seja eh a impossibilidade eh de que eu venha a tratar os outros como se fossem outros sujeitos eh independentes e eh que podem eh responder por si mesmos né eu respondo por eles porque esses outros sujeitos são objet quer dizer são projeções minhas não são seres pensantes Independentes o qual sou só eu né Isso é uma consequência da filosofia T decart que o s acompanha Ele acha que ainda desse ponto de vista da eh da
intersubjetividade não se encontrou uma solução adequada para entender o outro como outro sujeito eu sempre entendo o outro como um objeto da minha subjetividade né E não como outro sujeito eh mais tarde quando ele produziu uma filosofia da história uma filosofia mais objetiva ele vai então fazer com que na história na na no decorrer da história né Eh aconteça Então essa relação né acontece no movimento social nas intersecções históricas principalmente no grande exemplo que ele usa durante todo o livro que é o da Revolução Francesa né É claro ele muito ligado nisso né Eh então
ele percebe que eh essa con unção de pessoas com o mesmo propósito faz de um grupo um sujeito né Ou seja quando os eh os franceses decidiram invadir a a prisão lá como é que chamava esqueci o nome da prisão a Bastilha ex ali não houve um planejamento militar não houve coisa alguma todos atuaram como se fossem um único sujeito e realizaram esse ato de invasão assim que esse ato se consolidou imediatamente após todos eles voltaram a ser cada um por si e aí então teve que reorganizar você faz a comida você fica de vigia
eu chefo você fica não sei aonde enfim organizar como se fosse uma pequena sociedade que é o que eles eram antes daquela espontaneidade que eh em que o grupo atuou como um próprio como se fosse um único sujeito né Isso é É frequente el O Sat diz as revoluções fracassam por causa disso no momento da revolução naquele eh ímpeto eh todos atuam como se fossem um único sujeito depois tem que reconstituir a sociedade quer dizer tem que reconstituir o poder Tem que voltar a ter aquele que vai ter o poder e aquele que tá submetido
ao poder e aí desmancha tudo né Eh isso significa Justamente a impossibilidade de uma visão né do outro eh simplesmente e exclusivamente eh como sujeito a impossibilidade eh da intersubjetividade tem Então essas esses vários desdobramentos né que atingem não só a filosofia do ponto de vista individual mas a filosofia da história também não é os movimentos as revoluções e tudo mais que se organiza aí né ficou com vontade de ver o curso completo as próximas aulas estão disponíveis na casa do Saber mais para você assistir onde quando e como quiser clique no link que tá
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