[Música] Olá boa noite sejam muito bem-vindos ao Roda Viva nós estamos ao vivo para todo o Brasil pela TV Cultura e emissoras afiliadas e conectados ao mundo todo pelas principais plataformas digitais e pelo ep cultura Play pela primeira vez nesta quarta-feira dia 20 o dia da consciência negra será um feriado nacional mais um dos pequenos lentos porém contínuos avanços rumo a uma ainda distante Equidade racial num país em que 55.5 da população se identifica como preta ou parda de acordo com o censo de 2022 a nossa entrevistada de hoje tem sido a primeira mulher negra
em muitos espaços decisórios desde que ingressou na militância política primeiro nos movimentos de defesa da educação e depois na política partidária em Minas Gerais foi vereadora Secretária Municipal e Estadual de Educação deputada estadual e em setembro foi designada ministra no olho do furacão da crise que derrubou o jurista Silvio Almeida da pasta dos Direitos Humanos após uma série de acusações de assério inclusive por parte de uma colega do primeiro Escalão a ministra da Igualdade racial ani Franco como conduzir uma investigação tão delicada enquanto se tem a responsabilidade por uma pasta que cuida de temas tão
amplos e sensíveis e como evitar que um assunto tão delicado seja usado como combustível para um racismo que por muitas vezes ainda é velado mas está presente na sociedade brasileira e é muita À vezes fomentado politicamente para tratar dessas e de outras discussões cruciais recebemos pela primeira vez no centro do Roda Viva a professora e ministra dos Direitos Humanos Macaé evarist Macaé Maria Evaristo dos Santos nasceu em 3 de abril de 1965 em São Gonçalo do Pará Minas Gerais é graduada em serviço social mestre em educação e doutorando pela UFMG atuou por 19 anos como
professora na rede Municipal de Belo Horizonte e foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de educação na capital e no estado Mineiro também foi secretária de educação continuada alfabetização diversidade e inclusão do Ministério da Educação em 2020 foi Eleita vereadora em Belo Horizonte em 2023 tomou posse como deputada estadual [Música] assumiu o minist dos direitos e da CAD maé éa da escritora Conceição Evaristo para entrevistar a ministra maca Evaristo nós convidamos Taiguara Ribeiro jornalista da Folha de São Paulo fao advogada especialista em crimes de gênero e direito anmin Jess e Eduardo
Gonçalves repórter do Jornal Globo em Brasília contamos ainda com os desenhos em tempo real do nosso querido Luciano verones ministra Boa noite muito obrigada por ter aceitado o nosso convite e tá aqui com a gente nessa data tão importante Boa noite Alegria minha poder participar aqui dessa bancada bacana que tá aqui com a gente nessa noite agradecer pelo convite e dizer que é um espaço muito importante para dialogar com o conjunto da população brasileira sobre essa pauta que para mim é muito cara que são das Relações raciais do Brasil do combate ao racismo E é
claro vamos falar muito aqui também de direitos humanos exatamente ministra a senhora sumiu tendo de administrar uma crise como eu falei agora no no texto de Abertura era uma crise que envolveu seu antecessor uma colega de ministério e servidores da pasta que a senhora tava sendo convidada a assumir queria saber como foi a sua decisão de topar Um Desafio desse e passados dois meses e pouco como a senhora conduziu todo esse processo de troca de pessoas de acolhimento eh de pessoas que fizeram denúncias e como a senhora enfim entendeu esse processo no qual a senhora
entrou bom eu acho que é importante a gente falar sobre esse esse processo eh principalmente pra gente refletir sobre a institucionalidade do nosso país sobre as instituições porque nós estamos falando de assédio nós estamos falando de violência contra a mulher nós estamos falando também de Relações raciais de racismo porque envolve pessoas negras e eu tenho desde que assumi o ministério eh insistido muito que as instituições elas precisam construir eh protocolos mecanismos códigos para processar e para operar e e ter e reagir diante de situações como essas protocolos que passam por mecanismos de prevenção e eu
sempre acho que a prevenção passa por processos educativos formativos eh para que a gente inclusive tenha esquemas para que a gente consiga falar consiga falar sem se constranger e consiga eh eh tomar decisões de pronto de imediato porque muitas vezes um processo que pode ser eh cerceado coibido na sua origem nãoé quando ele não é tratado isso tende a se agravar e cada vez mais isso fragiliza as instituições então a sede não é uma questão só do serviço público é uma questão das instituições públicas ou privadas e mulheres estão suscetíveis a isso nós sabemos disso
em diferentes espaços e temos que saber como lidar quando envolve pessoas negras a gente tem muitas preocupações a primeira delas é porque normalmente quando algum episódio né Eh negativo eh é praticado ou algum ato é praticado por uma pessoa negra no geral T se a generalizar isso também faz parte da estrutura racista da sociedade brasileira segundo todas as pessoas negras que TM um pouco de visibilidade é chamada a opinar e a responder sobre o assunto muitas vezes sem nem ter conhecimento sobre efetivamente o que aconteceu então quando eu fui chamada para assumir o ministério eu
acho que a primeira coisa que eu quis deixar bastante assim Evidente é que precisamos construir esses mecanismos se a gente teve fragilidade do ponto de vista institucional eh do ponto de vista das ouvidorias da Corregedoria da nossa comissão de ética esses setores eles precisam ser fortalecidos e a gente precisa conversar mais sobre isso regulação interna Então a primeira medida que eu tomei no âmbito do ministério foi olhar para essas áreas para que a gente pudesse fortalecer eh entender o que que estava exatamente acontecendo ali eh no no desenvolvimento dos processos para que a gente pudesse
resguardar o conjunto da institucionalidade é bom também a gente dizer que o ministério né e eu prezo muito porque eu sou servidora pública Então eu acho que As instituições elas são muito maiores do que as pessoas então pensar o ministério dos Direitos Humanos tá muito além das pessoas daquela pessoa que está à frente do ministério naquele momento então eu falo o ministério fica as pessoas passam né então acho que esse foi também uma questão que orientou E é claro eu as pessoas me perguntam você tava preparada você sabe bom falei gente olha eu fui informada
quase que depois de vocês depois dessa casa aqui né e eu falei as primeiras semanas é um turbilhão é um ministério é importante é um ministério grande é um ministério que tem pautas muito importantes pro conjunto da sociedade brasileira mas eu também digo eu não fujo de desafio então não seria nesse momento que eu ia fugir isso e a gente vai tratar de todos esses temas Bianca por favor ministra uma pessoa negra foi assassinada a cada 12 minutos no Brasil ao longo de 11 anos de acordo com o atlas da violência de 2024 em 2023
eh uma pessoa foi assassinada c 4 horas em nove estados do Brasil segundo dados do da rede de observatórios de segurança a Bahia cujo Governador é do partido dos trabalhadores do seu partido o Jerônimo Rodrigues lidera o ranking dos assassinatos foram 1702 pessoas em 2023 94,6 pessoas negras que ações efetivas o ministério dos direitos humanos e cidadania tem para interromper o genocídio negro bom chegando no Ministério dos Direitos Humanos eu penso que a gente tem alguns programas que são bem importantes o primeiro deles é um programa de proteção a Defensores de direitos humanos porque o
racismo no Brasil ele mata e quem Levanta A voz para denunciar esse tipo de ação entra imediatamente eu vou dizer assim na linha de tiro né o programa de de proteção a Defensores de direitos humanos eh jornalistas como vocês comunicadores e ambientalistas ele age nessa nessa nessa perspectiva de proteger pessoas que estão atuando diretamente para denunciar esse tipo de situação e para intervir diretamente eu acho que tem um conjunto de ações que precisam ser tomadas e nem todas elas está no âmbito do Ministério dos Direitos Humanos eu vou dizer né passa por educação primeiro pra
gente trazer essa visão de eu vou dizer da nossa humanidade da humanidade das pessoas negras para que o nosso corpo não seja visto como um corpo descartável então a gente atua e eu como professora eu falei olha a gente empreendeu várias lutas no Brasil a gente empreendeu lutas para que as crianças não morressem com menos de 1 ano de idade pras para que as crianças negras pudessem viver né com mais de 1 ano de idade eu perdi uma irmã a minha irmã mais velha morreu antes dos 6 meses de idade né mas hoje a gente
tem um outro dado gravíssimo porque as nossas crianças elas romperam a barreira de 1 ano de idade romperam a barreira dos 5 anos mas elas estão sendo assassinadas com 12 13 14 anos de idade nãoé e muitas vezes estão sendo assassinadas pelo próprio estado brasileiro então tem questões que estão ligadas também à nossa passa que dialogam com isso quando a gente faz no âmbito do Ministério dos Direitos Humanos todo o debate sobre memória e verdade né o debate sobre presos e desaparecidos políticos quando a gente investiga quando a gente quer trazer à tona a verdade
é para que a sociedade brasileira mas que o estado brasileiro também compreenda os mecanismos do racismo institucional que estão presentes eu vou dizer no conjunto das instituições Isso é isso é muito importante e muito estratégico dizer nós fizemos um amplo debate da redemocratização do país mas uma questão que estava no âmbito desse debate não é que é a desmilitarização das polícias isso não foi encarado efetivamente a gente ainda tem muita muita dificuldade no Brasil de compreender por exemplo que a segurança pública é um direito e é um direito das da população pobre empobrecida é um
direito da população negra então no geral os bairros negros eles não são vistos como bairros que tem direito à segurança pública nós somos vistos como os bairros em que a segurança pública tem que entrar para eh desconfiar da nossa idoneidade a gente não tem direito né a a a a ter a primeiro ser considerado inocente para depois as pessoas provarem que nós somos culpados a presunção da inocência essa palavra que eu tava buscando E isso acontece nos nossos bairros isso acontece com crianças porque gente é terrível é terrível nós temos crianças nossas com com 10
anos com 11 anos com 12 anos que estão sendo vítimas da violência do estado e aí é uma é é e nós vivemos Muita contradição porque quando a gente olha pras nossas forças policiais a gente tem também ali muitos jovens e muitos homens negros que muitas vezes a gente tá né e e eh que também muitas vezes são vítimas dessa própria estrutura do estado Então eu penso que o que no caso o meu ministério a gente tem uma função eh muito importante também de trazer a tona né no sentido de falar de ajudar o país
a construir repertório para entender esses processos é claro para além de ações efetivas como aquelas que a gente faz com investimento nesses programas Esse é um dos exemplos né Uhum Taiguara por favor ministra boa noite tudo bem eh ministra algumas reportagens recente dão conta de que existem algumas acusações de racismo e assédio moral no ministério das mulheres eh a senhora já conseguiu fazer um diagnóstico tanto na sua pasta mas também no governo a senhora tem acompanhado esse caso em relação ao Ministério das mulheres como é essa questão relacionada a esse tipo de acusação enfim a
senhora entrou agora na na pasta justamente no meio desse desse furacão é eu acho que inicialmente né eu dizia que a gente eu reestruturei o o próprio o próprio Ministério dos direitos humanos por exemplo a área de ouvidoria do Ministério dos direitos humanos humos eh a gente a gente atua em três áreas diferentes de ouvidoria e isso era um pouco frágil porque não sabia muito bem quem cuidava do qu né então por exemplo nós temos a o disque 100 né o dis 100 que recebe uma série de denúncias mas que o processo de apuração não
se dá dentro do ministério as denúncias que a gente recebe no diz que sem sua maioria elas são direcionadas a estados e municípios porque são denúncias que estados e municípios é que tem que fazer essa essa apuração né e a gente acompanha eh pede a resposta monitora para informar a pessoa que denunciou nós temos um âmbito que é a ouvidoria do próprio Ministério dos direitos humanos e eu digo que isso era uma área que tava frágil quer dizer é como é que você olha por dentro como que a sociedade tá tá enxergando e as pessoas
que apresentam denúncias no âmbito do Ministério dos Direitos Humanos sobre a nossa própria situação como que isso tramita dentro do ministério eh nos Espaços devidos né dier É se se se identifica que tem ali um procedimento inadequado é preciso que isso vire um procedimento administrativo disciplinar deve ser encaminhada a corregedoria deve-se responsabilizar As pessoas pelos atos e uma outra área que é ouvidoria nacional de Direitos Humanos e que aí é uma ouvidoria que vai receber denúncias sobre dos conflitos agrários das situações eh de questão de questões que T interseção com vários outros Ministérios né a
essa denúncia de assédio a no ministério das mulheres é uma denúncia que deve ser tratada no âmbito do inicialmente no âmbito do próprio Ministério o presidente Lula ele acabou ele ele fez uma lei sobre assédio e nós assinamos recentemente junto com outros Ministérios uma minuta de decreto que regulamenta como deve ser os procedimentos eh dentro de cada Ministério então cada Ministério vai ter que tratar disso e vai ter que dar respostas né porque eu acho que a sédio é intolerável uma preocupação que eu acho que também todo mundo tem é quando é que a denúncia
de assédio pode não ser uma denúncia de assédio né porque também pode ter denúncia vazia e você tem muito muits vezes preocupação no serviço público porque você tem questões políticas que podem ser então eu acho que isso a gente precisa ter procedimentos porque a responsabilização ela tem que vir né eu falo pul que dá em Chic dá em Francisco ou ela ou tem que se apurar e é fato a pessoa vai ser responsabilizada ou é denúncia vazia e quem fez a denúncia também precisa ser responsabilizado Então eu acho que isso nós estamos ainda no na
nossa sociedade e dentro das próprias instituições aprendendo aprendendo a fazer por quê Porque antes não se fazia nada disso gente antes se julgava para debaixo do tapete ou antes as pessoas não tinham nem coragem né então no próprio Ministério dos Direitos Humanos é muito interessante no ano passado o setor de regulação interna fez uma ampla formação falando sobre a sede então muitas vezes as pessoas falam assim aumentou o número de assédio não às vezes aumentou o número de pessoas que T coragem de via público e denunciar isso é um processo eu vou dizer de crescimento
do conjunto da sociedade brasileira nós precisamos amadurecer precisamos crescer vou dizer eticamente né então e as instituições TM uma responsabilidade muito grande sobre isso então eu espero de fato que rapidamente a gente consiga cada vez mais ser célere e responder a essas questões Ô ministra eh eu ia até deixar essa questão para depois mas a senora falou com tanta ênfase sobre o papel do seu ministério é trazer a tona o papel do seu ministério e a senhora mencionou aqui é trazer a memória e a verdade no ano passado o ministro que estava na sua pasta
junto com o então ministro da Justiça Flávio Dino foram ao Chile pedir desculpas aos chilenos em nome do Brasil pelo apoio que o Brasil deu ao golpe militar quando esse golpe completou 60 anos no Brasil Presidente Lula pediu aos seus ministros que nós não tivéssemos manifestações grandes manifestações para falar deste golpe e agora o seu ministério reabre a comissão de mortos e desaparecidos políticos o que que essa comissão pode trazer de concreto Neste contexto em que não se pode mais falar desse tema para não criar cizânia na sociedade em que fica difícil falar por exemplo
a senhora mencionou aqui desmilitarização de polícias trazer memórias à tonas dá para fazer isso Ministro eu acho que a gente não avança se a gente não puder fazer isso né e o Brasil eu falo olha vou falar por exemplo da memória e verdade sobre a escravidão negra nós não avançaremos do ponto de vista de construir Relações raciais né Eh efetivas não hierárquicas no nosso país se de verdade a gente não olhar pro processo que construiu os nossos procedimentos atuais porque a gente não pode pensar que o que a gente faz hoje né Não não é
precedido de um processo histórico que muitas vezes comportamentos que a gente considera naturais eles não são naturais Eles foram construídos e foram construídos dentro de um processo histórico né então eu acho que a gente precisa ter bastante atenção eh faz parte do processo político a mediação o diálogo né então eu eu falo eu a gente é como ser mãe é como ser Educadora tem hora que a gente precisa apertar bem os parafusos tem hora que a gente afota um pouquinho Isso faz parte do processo faz parte do jogo político agora nós temos que as as
mães por exemplo que perderam seus filhos Elas têm direito a saber o que aconteceu e o que que essa comissão faz hoje o que que o ministério faz o ministério continua investigando né então nós temos processos que envolvem cidades que envolvem testagem de DNA porque muitas vezes eh a a mãe ela não tem um atestado de óbito ela tem um atestado de óbito inconcluso ela não sabe o que que aconteceu com o seu ente querido é preciso a gente fazer isso não é só para fazer lá da da do processo né da ditadura militar mas
é hoje as mães que TM seus filhos mortos e assassinados na rua que no geral fala é uma bala perdida mas a gente fala essa bala sempre encontra corpos negros nós temos direito à verdade por que que a gente tem direito à verdade porque as pessoas precisam ser responsabilizadas né então é é no passado mas é é o passado e o presente né Essas coisas elas estão em diálogo então quando a gente fala da da da desmilitarização das polícias é porque é é preciso no Brasil que a gente Avance num processo que o policial Ele
não é meu inimigo o o policial não me enxerga entendeu como inimigo e ele quer me matar e eu também não posso enxergá-lo como inimigo quer dizer ele faz parte dessa dinâmica social e ele tá aqui para me proteger para me dar segurança não pode ser o contrário Então eu falo que não debater isso é ruim para o conjunto é ruim também paraas forças de segurança porque elas acabam eh eh fazer entrando ou seja tendo um papel que não é um papel dentro de do que eu considero de uma democracia e a gente precisa ter
tranquilidade para discutir isso porque muitas vezes fica parecendo que a gente tá personalizando perseguindo não é isso e a gente precisa construir eu falo eu sou eu sou da turma eu sou eu sou pacificadora né e acho que o mundo precisa cada vez mais de pessoas que que pensem e que trabalhem por uma cultura né Eh de paz mas a paz não é ausência de pensamentos divergentes a paz é a possibilidade da gente sentar como aqui em torno de uma mesa debater posições e eu não vou sair daqui pensando que você tem que ser exterminada
né porque a gente pensa diferente não nós podemos conviver e a gente pode fazer níveis de concertação para que a gente tenha uma vida né gente eh justa eu fico um pouco aqui perdida se eu tenho tempo fal aa ver fala nada fala bastante mas fala necessário a gente vai pro primeiro intervalo desse Rod da Vida Viva e volta já já com a faida Belo e o Eduardo gonal Sai daí eu vou falando eu professora n [Música] Aliados pelo respeito [Música] Bradesco estamos de volta com Roda Viva e Quem pergunta pra ministra Macaé Evaristo agora
é a faida bela Boa noite ministra eh o último anuário Ele disse que quase 80% das vítimas de homicídio qualificado por feminicídio eram mulheres negras Relembrando aqui que este crime é o último grau de um ciclo de violência ou seja um crime que avisa que vai vir isso esse dado mostra que na realidade a política pública que evita que esta mulher Morra Não ALC a mulher negra ah sabendo ainda que a o oposto de outras mulheres não negras que sofrem com o machismo as mulheres negras são duplamente vulneráveis ou seja sofrem com a opressão de
gênero mas ainda com a raça e não raras vezes com a classe Ah a minha dúvida é o que pode o que vem sendo feito o que vai ser feito para garantir o direito humano da mulher negra de estar viva faida eh bom eu te agradeço por essa pergunta esse essa pergunta eu acho que ela mexe muito com a gente além de professora eu sou assistente social e muitos anos trabalhando ali eh na ponta no dia a dia das Comunidades né Eu acho que tem uma questão muito importante que diz respeito à violência sofrida por
nós mulheres você já trouxe a equação ela é racial ela é de gênero e ela é de classe mas que nos deixa extremamente desprotegida né que tem a ver com a nossa inserção no mundo do trabalho com a nossa condição eh Econômica Porque apesar de mulheres negras serem o maior recorte da população brasileira quando a gente olha em termos do PIB somos nós que operamos a menor parte do PIB do país e isso nos coloca numa posição eh de muita fragilidade por exemplo a gente acompanhou um pouco o que que foi a situação de mulheres
negras na pandemia porque tínhamos que sair tínhamos que pegar o o ônibus que em função da pandemia passou a não circular né então era muito difícil alcançar o o trabalho e e com e sem ação sem proteção social então eu eu vejo que a gente precisa eh ter políticas em várias áreas né a gente precisa ter efetivamente políticas que protejam essa mulher na situação de violência mas muitas vezes essa mulher ela não deixa a casa inclusive em função de pensar como que ela sobrevive como que seus filhos sobrevivem então muitas vezes ela segue exposta à
violência por não ter alternativas a gente ainda Precisa ampliar muito os mecanismos de proteção as casas de abrigo as casas de apoio eu falo porque eu venho de um de Minas Gerais e de Belo Horizonte eu sei que ainda é insuficiente o número de casas para abrigar essas mulheres e uma vez abrigadas é preciso ter política de Formação é preciso ter política de recolocação no mundo do trabalho trabalho muitas vezes essa mulher ela tá protegida e ela leva seus filhos e ela ainda enfrenta a justiça eu já acompanhei casos que mulheres que estão com seus
filhos em casas de abrigo e portanto elas mudam de região elas mudam de região da Cidade porque elas não as pessoas não podem saber onde elas estão E essas mulheres começam a ser processadas porque por exemplo eh sua criança não tá indo na escola aquela escola que a criança S frequentava mas tá em outra né e e muitas vezes o juiz acolhe aquela denúncia então nós precisamos atuar em rede para garantir a proteção dessas mulheres mas efetivamente a gente precisa de políticas que apoiem economicamente essas mulheres para que elas possam construir a sua independência e
é óbvio temos que fazer esse debate e temos que formar também né os homens temos que formar os homens negros não porque muitas vezes gente fala isso as pessoas fal você tá dizendo que é culpa dos homens né não gente é porque quando a gente tá falando de Relações raciais nós estamos falando de relações de gênero é preciso a gente entender que a gente tá imerso e nós estamos imerso numa numa cultura que ela é racista que ela é machista que ela é patrimonialista e quando você tá imerso a gente precisa olhar para a gente
mesmo e se indagar né onde é que mora o meu racismo onde é que mora o meu porque eu não tô isenta dessas práticas assim como eh em relação à classe social a gente precisa reduzir as desigualdades o nosso país ainda é extremamente desigual e essa desigualdade recai eh sobre maneira sobre as mulheres e sobre as mulheres negras que são essas que são vítimas que estão sendo assassinadas e que aí a gente depois também não tem política para as crianças que ficam para as famílias de apoio de apoio emocional uhum Eduardo Boa noite ministra eh
o ex-ministro Silvio Almeida quando ele assumiu o cargo em janeiro de 2023 ele até chegou a fazer algumas declarações de que ele encontrou um cenário de terra arrasada um cenário de desmonte eu queria perguntar pra senhora como que a senhora encontrou a pasta deixada por ele e se a senhora chegou a conversar com ele durante a transição no meio de todo de todo aquele furacão O que que a senhora falou para ele o que que ele falou pra senhora como é que foi essa essa conversa entre vocês é eu não conversei com o ministro Silvio
Almeida eu eu também assim eu tô eu tô respeitando muito o tempo eh dele e e das pessoas envolvidas né então assim eu não eu não quis ele não me procurou e eu também respeitando isso não procurei mas do ponto de vista do ministério realmente não tinha Ministérios dos Direitos Humanos ele tinha sido esfacelado tinha tinha outro Ministério mas não o o ministério dos dos Direitos Humanos ele tá sendo reconstituído nós Ainda temos um problema muito grave que é quadro de pessoal porque nós temos um quadro de pessoal ainda muito muito pequeno para o tamanho
da demanda do ministério e quando eu falo quadro de pessoal quadro de servidores efetivos de analistas de políticas públicas que eu falo que é o quadro que dá estabilidade ao Ministério para que ele porque o os cargos comissionados cargos terceirizados esses vão embora então são esses cargos mais estáveis é que eh eh efetivamente eu vou dizer assim guardam a memória institucional da área eh com o concurso Nacional nós devemos receber eh novos profissionais Eu Tô ansiosa agora Janeiro a gente deve deve receber novos profissionais Isso vai ser muito importante para fortalecer eh o ministério e
ele foi reconstituído assim em várias em várias áreas né Eh eu acho que isso é importante eh tem um desenho eu mexi muito pouca coisa nesse desenho e o que a gente tá fazendo mais assim eu tô tentando eh fortalecer a institucionalidade garantir que as pautas elas rodem de maneira mais descentralizada dentro de cada secretaria evitando trazer ações para dentro do gabinete da ministra para dentro da secretaria executiva porque eu acho que se se as pautas por exemplo as pautas que envolvem a infância precisam estar lá na secretaria da infância sob a gestão do secretário
agora ministra além de uma questão organizacional tem uma questão de orçamento e quando a senhora assumiu a senhora mesma disse que era insuficiente o dinheiro do ministério que foi reduzido em mais de 37% em relação a 2023 pro ano que vem a senhora já garantiu uma reconstituição desse orçamento Ainda mais quando a gente vê aí uma discussão mais Ampla no governo de reestruturação de gastos e de adequação desses gastos ao Arc bolso fiscal não nós ainda não conseguimos reconstituição do orçamento mas eu falei que a gente tá nós estamos lutando muito para fazer isso e
é parece até assim né uma contradição porque o governo tá falando em corte de gasto e a gente tá falando mas precisa ampliar o orçamento do Ministério dos Direitos Humanos tem algumas ações que elas são bem importantes e precisam ser fortalecidas ações ligadas à população em situação de rua que é um um número eh que cresceu muito no país e a gente precisa sim aportar a a municípios para que eles possam estruturar melhor suas políticas de apoio à população em situação de rua O que passa por ações desde o campo da moradia né que é
hoje a gente convive com famílias em situação de rua então a gente precisa trabalhar esse aspecto da moradia temos debatido eh no âmbito do Minha Casa Minha Vida eh constituir um um percentual para para a população em situação de rua dessas habitações que estão naquela primeira faixa Popular a gente pensar nesse recorte assim como é preciso pensar do ponto de vista da qualificação profissional eh do acesso à educação para essa população além da aquelas medidas emergenciais que às vezes passa por equipamentos que são básicos que é garantir acesso a banheiro a banho a água ministra
ministra ainda nesse tema sobre a população de rua eh dados do ipé apontam que eh nos últimos 10 anos de 2013 para 2023 o número de pessoas em situação de rua aumentou 10 vezes e isso é visível em grandes capitais São Paulo Rio de Janeiro Belo Horizonte o que de concreto é e o seu ministério e o governo de forma geral pode fazer para mudar essa situação que na verdade só tá piorando o estado a gente quanto sociedade tá perdendo essa essa batalha o que que pode ser feito de de concreto bom eu eu falei
algumas ações assim que para mim são muito importantes o debate de moradia e garantir acesso à moradia para aquelas famílias que estão na rua é importante então quando você pensa o programa Minha Casa Minha Vida e pensa aquela faixa ial do programa se você destina Parte dessas moradias para realocar essa população que tá em situação de rua isso é uma medida concreta e que muda a vida a gente falava aqui de mulheres negras fala maior luta de uma mulher negra tem uma casa própria né E a gente não dorme à noite por medo de não
ter uma casa própria de pensar onde é que os nossos filhos vão passar à noite eu acho que essa é uma questão nós vimos a população eu vou eu vou te dizer assim eu sou professora desde a década de 80 no início dos anos 90 eh Belo Horizonte a gente tinha uma situação muito grave que eram muitas crianças e adolescentes em situação de rua as pessoas mais velhas aqui dessa bancada deve lembrar que se a gente criou um movimento Nacional de meninos e meninas de rua inclusive para incidir na constituição que depois virou um grande
movimento que levou o Estatuto da Criança e do Adolescente e nós vimos essa cena sumir das da da da da nossa capital a partir de políticas que começaram lá por exemplo como o Bolsa Escola e que depois virou o bolsa família a partir da universalização do acesso naquele momento ao ensino fundamental e depois a ampliação de creche e pra escola então eu e e e e é claro com o aumento da renda de retirar famílias da fome da pobreza essa cena de crianças e adolescentes da Rua diminuiu muito a gente pode dizer assim que teve
um momento em Belo Horizonte que isso tinha desaparecido né com a pandemia né e com o empobrecimento da população e aí vamos dizer Nós voltamos pro mapa da Fome essa cena ela voltou a cena a cena da cidade assim como voltou em várias capitais do nosso país né mas as pessoas muitas vezes as pessoas faz as pessoas querem ficar na rua não gente tem boa parte das pessoas que estão em situação de rua tudo que elas queriam era ter uma casa própria ou ter uma moradia um bolsa moradia para se instalar com sua família e
poder trabalhar poder reconstituir a vida então quando a gente olha para essa população eu acho que a gente precisa eh eh primeiro sair dessa ilusão de que a gente tem uma fotografia que todas as pessoas que estão em situação de Rua elas estão pelos mesmos motivos né Tem motivos muito diferentes tem pessoas em situação de rua que estão ali realmente tem alguma eh problema para além da situação de rua que tem a ver por exemplo com sofrimento mental que tem a ver por exemplo com o uso de álcool e Outras Drogas mas tem muitas pessoas
que elas estão em situação de rua porque não tem moradia porque não tem salário porque não tem renda Ô ministra agora assim a gente sabe Claro nenhum Ministro quer perder você diz precisa de mais orçamento mas a realidade é que não vai ter dinheiro para todo mundo e para tudo que todo mundo quer né E o seu ministério especificamente tem pautas muito transversais você conversa com o ministério das mulheres conversa com o ministério de assistência social com todo mundo eu queria entender justamente isso por exemplo em 2023 o o seu ministério lançou acho que foi
23 o ruas visíveis que era um programa nacional para moradores em situação de rua mas se você vier para São Paulo aqui a Prefeitura de São Paulo tem um o Governo do Estado tem outro como que aí é o seu papel de ministra esse diálogo ele acontece a senhora consegue fazer esse diálogo com Ministérios com secretarias porque às vezes parece que o excesso de voluntarismo mais atrapalha do que ajuda a colocar essa questão como uma pauta efetiva Exato eu acho que tem uma questão que é uma questão que a gente tá trabalhando no âmbito do
ministério que é da da relação Federativa né eu fujo muito muito da Tentação de querer diretamente do Ministério dos Direitos Humanos executar uma política que de fato ela acontece no âmbito do município eu respeito muitos municípios eu falo eu sou municipalista respeito muitos municípios porque eu penso que é no município que essa agenda ela se efetiva então para executar qualquer plano seja ruas visíveis ou qualquer outro nós precisamos negociar com os estados e com os municípios eu posso fomentar a agenda do município mas eu não posso do Ministério dos Direitos Humanos achar que eu vou
fazer uma intervenção e que vai Ok vai ser a salvação da cidade de São Paulo se a gente não tiver um uma uma pactuação com o município no caso do Ministério dos Direitos Humanos a gente ainda tem uma outra eh eu vou dizer dificuldade porque a gente não tem um correlato nos estados e municípios quando você tá no Ministério da Educação é tranquilo né Eu sei eu vou conversar com o secretário de Estado da Educação e com secretário municipal de educação e já fiz isso muitas vezes a gente senta todo mundo faz a pactuação e
isso eu vou dizer roda tranquilamente Inclusive a gente tem mecanismos institucionais de fazer com que esse recurso chegue porque ele passa fundo a fundo e Isso facilita enormemente a execução da política Esse é um Desafio pro Ministério dos direitos humanos e cidadania que nós temos que enfrentar né E como construir mecanismos para que a gente possa construir essa ação que chegue direto no âmbito dos Municípios e com quem que eu vou dialogar tem estados que eu tô dialogando né com as secretarias de Desenvolvimento Social e direitos humanos tem estado que a secretaria de segurança pública
e direitos humanos Então a gente tem que ficar fazendo essa negociação e essa mediação né um dos uma das ações que nós queremos fazer agora Logo no início do próximo ano no encontro no Grande Encontro que o presidente faz com os prefeitos a gente tem oportunidade de fazer esse diálogo com os prefeitos que estão chegando e se instalando até para que a gente possa fazer uma negociação em bloco dessas ações ministra Bianca ministra a senhora falou da importância dos movimentos sociais a senhora citou o movimento de meninas e meninos de rua paraa proteção de crianças
e adolescentes na redemocratização hoje a gente vive um momento em que a sociedade brasileira não valoriza os direitos humanos há ações do ministério para reverter esse quadro para que a gente consiga de novo compreender que direitos humanos é para todo mundo que não tem essa história de direitos humanos só para humano direito Além disso Como tá a relação do ministério com os movimentos sociais bom eu fiz uma jornada nesses dois meses que eu falei que eu me dediquei integralmente né 50% a olhar para dentro do ministério para compreender e pra gente pensar um ordenamento interno
eh e um tempo para me dedicar aos inúmeros conselhos que tem no âmbito do ministério que foram reconstituídos né além do Conselho Nacional de direitos humanos at a gente tem o conselho de Direitos da Criança e do Adolescente a gente tem conselho eh eh Nacional de políticas para pessoa idosa a gente tem o Conselho Nacional das pessoas com deficiência todos esses Conselhos com Ampla Participação Popular com paridade eh alterando né a coordenação entre governo e sociedade civil então Esse é é um aspecto do debate com a sociedade civil que é importante que o ministério faz
inclusive trazendo essas vozes para o diálogo efetivo com a gestão eu acho que tem um outro desafio e esse é amplo né É para além dos movimentos sociais esses que a gente compreende que estão mais organizados muitas vezes em torno de uma pauta eu falo tem o diálogo né com as pessoas como eu me enquadro com as pessoas comuns né como é que a gente conversa com o conjunto da população brasileira como que eu converso com a minha vizinha lá da Pompeia né a Marlene que eu não sei se tá me assistindo ai Marlene que
eu dou bom dia bom dia Marlene Boa tarde Marlene como que eu converso com ela sobre direitos humanos né como é que a Marlene Sabe por que é importante essa política como que eu dialogo com aquela mulher hoje que tá cuidando né Eh da mãe idosa como a minha mãe que tem 80 anos tem idosos hoje no Brasil de 90 anos e essa mulher muitas vezes ela quer um apoio ela quer um apoio do poder público ela precisa do apoio da unidade básica de saúde mas às vezes ela precisa de um dia para ela ter
para ela ou ela precisa de alguém para apoiá-la dar um banho nessa pessoa idosa né então eu falo essa é a política de direitos humanos que a gente precisa dialogar e que a gente tem o desafio quando eu falo que a gente não tem orçamento é porque que essas políticas elas nem existiam anteriormente por quê Porque no Brasil as pessoas morriam com 50 anos de idade a minha avó materna morreu com 58 de anos de idade como que eu explico pra minha mãe que tem 87 anos que eu já tenho eu sou mais velha do
que a mãe dela do que a mãe dela quando morreu faida e Eduardo faida eh ô ministra o atas da violência deu conta que mulheres com deficiência sofrem Sete Vezes Mais violência do que homens com deficiência e a maioria dessas violências ocorrem em casa ou seja aqui a gente fala de violência doméstica eh mas eu não sei se a senhora sabe o 180 o disque 100 ele não alcança as mulheres surdas ou seja ele não é acessível a minha dúvida é se o disque sem o 180 é para todas as mulheres ou apenas para alguma
delas já que a política pública precisa alcançar todas as mulher idades eu eu sei que tem o site que tem o app Mas sabendo que a maioria dessas mulheres são pobres e não tem wi-fi não tem internet como que essas mulheres então alcançam o direito que as mulheres ouvintes Já usufruem fia é é bem importante que você tá dizendo nós temos no âmbito do ministério o Viver Sem Limites que é a política eh focada e que tá pensando a inclusão das pessoas com deficiência eh a população sudda durante muito tempo ela não teve nem a
sua l reconhecida que é a língua brasileira de sinais isso é muito novo né na sociedade brasileira e o que a gente tá vendo aqui na tela eu tô contando aqui com o intérprete da língua brasileira de sinais para falar para para todo o Brasil e pra população surda ainda não é eu vou dizer assim ainda não tá totalmente incorporado dentro das nossas instituições nós estamos num processo de de licitação para reestruturação do dis do disque 100 e esse é um Desafio como que a gente garante né Eh a a acessibilidade para todas essas mulher
idades como você diz eh a questão da população surda eu tenho uma filha que é intérprete de libras e ela acompanha muito né ela foi intérprete social ela acompanha pessoas surdas na justiça ela acompanhou pessoas surdas para comprar uma casa ela acompanhou pessoas surdas para comprar um carro e eu ainda falava muito com ela gente eu acho você precisa escrever sobre isso porque é um universo que eu aprendi muito a com a minha com a minha filha porque na minha geração a gente não teve acesso eu vou dizer que muitas pessoas com deficiência da minha
geração elas ficaram tão segregadas que a gente nem conheceu porque as famílias escondiam Mas você toca num ponto importante eu tenho essa preocupação né de pensar inclusão em todos em todos os níveis e a violência doméstica ela é muito séria né Eh e ela é enfim ela a violência doméstica eu falo ela não tem classe social e ela precisa muito que o estado funcione para alcançar essas mulheres Exatamente porque entende o ministra como é grave veja que a mulher surda ela ela liga para um banco onde ela tem uma conta e ela não consegue ir
denunciar que é vítima e de algum crime Uhum Então o o poder público ele era para estar na Vanguarda do que um banco sim privado a gente precisa que a política pública alcance de verdade todas as mulheres e não apenas uma delas não eu tô de pleno acordo com você acho que essa é uma tarefa por fazer e tô te dizendo da minha preocupação para que a gente faça isso E aí eu vou te dizer não é só alcançar pelo telefone é alcançar fisicamente uh é alcar quando tem umud comér é alcançar no minist é
alcançar que quando chega né em qualquer espaço público agora efetivamente a gente ainda tem muita tarefa a fazer desde o ponto de vista da formação de quadros né Para dar conta disso do desenvolvimento de tecnologia eu acho que é muito importante o investimento na área de Ciência e Tecnologia é uma questão que a gente dialoga muito com o movimento com com o ministério da ciência e tecnologia como que a gente avança do ponto de vista da acessibilidade porque quando a gente avança com a tecnologia a gente consegue muitas vezes democratizar o acesso e é claro
a gente precisa formar cada vez mais quadros de intérpretes de libras Mas também de pessoas sudas que possam atuar nas diferentes áreas ministra Eduardo aqui paraa última Eduardo ministra o o o Brasil é o segundo país do mundo onde mais se matou Defensores do meio ambiente é isso em 2023 já sobre o governo Lula esses dados são do grupo Global witness foram divulgados aí nesse ano eu queria saber o que o ministério tem feito de ações concretas para proteger a vida desses ativistas tendo de vista que a gente tá que o mundo inteiro tá olhando
pra gente nessa área a gente vai ter a cop 30 em Belém queria saber o que o ministério tá fazendo em relação a isso de de ações concretas Bom eu acho que essa questão do eu vou dizer dos ambientalistas mas também vou falar aqui dos conflitos que a gente tem no Brasil envolvendo populações indígenas envolvendo populações quilombolas é uma agenda que ela é do Ministério dos Direitos Humanos mas não só né Eu acho que a principal eh questão pra gente proteger esses Defensores de direitos é a gente garantir que as políticas elas aconteçam né então
que a política fundiária de regularização fundiária ela aconteça de forma célere né Eh que a a política ambiental ela também aconteça eh de maneira efetiva você sabe também que a gente enfrenta muitas contradições nessas áreas porque o estado brasileiro né a gente luta mas a gente luta contra interesses e corporações também muito fortes às vezes até corporações eh internacionais né basta a gente lembrar um dos casos mais emblemáticos que a gente enfrentou né Eh aí recentemente nos últimos anos o caso do Dom e do Bruno que estavam fazendo uma matéria né mas a gente sabia
o que que tava acontecendo e eles eles estavam lutando ali contra a mineração na região do Javari e aconteceu um assassinato o ministério dos Direitos Humanos a gente atua com o programa de proteção muitas vezes é muito difícil fazer o convencimento dos Defensores ministra mas desculpa só um minutinho só para eu concluir é muito difícil a gente convencer o defensor de direitos humanos a sair da sua área então só para ter um exemplo na semana passada a gente teve um episódio de violência em Minas Gerais eh numa comunidade do Baú né a gente conhece o
o o o defensor nós fizemos um aconselhamento para que Ele pudesse sair da área agora muitas vezes as pessoas acham assim é fácil você você entrar num programa de proteção você tem que abandonar sua casa às vezes você tem que levar sua família você não sabe quando você vai voltar e muitas vezes a pessoa tá lutando ali para ter a sua terra regularizada né mas a sua terra é uma região que tem muitos interesses no caso do da comunidade do Baú por exemplo muito interesse em função do lítio então nós estamos tratando também com interesses
muito fortes com interesses internacionais que o o o ministério dos Direitos Humanos atua denuncia faz tem procedimentos para fazer a proteção mas não é uma tarefa fácil a gente então volta com esse assunto eu vi que o Taiguara tem uma intervenção a fazer a respeito a gente volta depois do intervalo a falar dessa questão de direitos humanos denúncias e tudo mais não sai daí [Música] Aliados pelo respeito [Música] Bradesco estamos de volta com o Roda Viva que hoje recebe a ministra dos Direitos Humanos Macaé Evaristo Quem pergunta para ela agora é o Taiguara Ribeiro ministra
ainda continuando o assunto do fim do do bloco anterior eh as lideranças indígenas e quilombolas Assim como as ambientais têm sofrido muito por conta do dos conflitos agrários disputas de território e muitas dessas lideranças algumas dessas lideranças fazem parte de programas de proteção mesmo assim elas sofreram violências e algumas foram inclusive assassinadas então eu pergunto o programa de proteção do ministério está funcionando e como fazer para para ampliar isso só para para ter uma ideia dados da comissão eh Pastoral da terra mostram que 1690 casos de violência em 10 anos contra lideranças quilombolas isso só
para fazer um recorte fora a lideranças indígenas ambientais e outros ativistas de direitos humanos o programa de de proteção está funcionando bem o programa de proteção na minha ele também tem mais ou menos 10 anos né Ele tem ele tem esse tempo nem todas as lideranças estão no Programa de Proteção Então acho porque iso é a primeira coisa que a gente precisa ao desdobrar esses números eu não sei te dizer isso aqui é é compreender que muitas vezes essas lideranças elas não estavam no Programa de Proteção eu acabei o bloco falando exatamente sobre isso que
não é fácil você entrar num programa de proteção nós temos uma questão que a gente quer reestruturar no ministério eu falei essa questão da institucionalidade a gente tem estados hoje da Federação que se recusam a participar do programa de proteção então é uma total desresponsabilização né Por quê Porque os episódios as lideranças os conflitos estão no estado é claro que a gente precisa então ter uma estrutura que passe pela responsabilização dos diferentes níveis da Federação em alguns casos né Eu acho também que é muito importante a ter a entrada de outros atores do desenho do
programa e essa é uma conversa que a gente já tem feito internamente eh para para como é que a gente cria um arcabouço que entre outra outras outras instituições do programa por exemplo a polícia federal não só quando acionada né Mas como que a gente cria uma estrutura de acompanhamento uma outra questão que a gente tem tá trabalhando né é da gente construir uma uma eu vou chamar assim de sala de situação mas a ideia é essa m mesmo que a gente possa ter as regiões do Brasil onde a gente tem as questões mais sérias
acontecendo devidamente mapeadas muitas vezes uma uma um procedimento que é desenvolvido em um outro Ministério né Por exemplo no Ministério do Desenvolvimento Agrário ou um procedimento que é desenvolvido no Incra ou seja um passo que se dá avançando no processo de regularização fundiária né já é mote para que se tenha reação e para que muitas vezes essas lideranças sejam atacadas ministra é impossível falar disso não pensar na mãe Bernadete que tava exatamente nesse processo de conflito Agrário num Quilombo na Bahia que era a liderança da konac defensora de direitos humanos e foi assassinada em agosto
de 2023 mãe Bernadete queera também uma iela orixá nesse texto em que o racismo religioso tem crescido também enormemente no Brasil mesmo que Possivelmente essa não tenha sido a causa do assassinato dela em 2024 no primeiro semestre aumentou em 80% as denúncias de intolerância religiosa no dis 100 em comparação ao mesmo período 2023 a maior parte dessas vítimas é de pessoas negras como é que o poder executivo está enfrentando o racismo religioso Bom eu acho que a gente precisa olhar eh pro racismo religioso compreender ele no conjunto vou dizer assim na conjuntura brasileira eu primeiro
eu queria falar do aumento de número de armas em circulação Esse é uma questão no nosso país quer dizer nos últimos anos a gente teve uma Total liberalização né de compra e aquisição de armas e aí já vou entrar num tema polêmico né mas eu sou totalmente contrário eu acho que tem que ter restrição e não acho que arma tem que ser liberada e eu andar na rua e tô vendo propaganda de arma em lojas entendeu como se isso fosse um brinquedo então eh eh eu eu acho que a gente vive esse processo uma uma
uma uma ampliação do acesso à arma no conjunto da sociedade e isso é terrível é terrível pros Defensores de direitos humanos assim como é terrível pras mulheres porque somos nós que entramos né n na linha de tiro Então eu acho que essa é uma questão a gente precisa regular a gente precisa cercear eh armas em circulação essa é uma questão a outra coisa em relação à intolerância religiosa a gente vive um fenômeno na sociedade brasileira né que é eh de articulação de Milícias com tráfico de drogas com lideranças eh eu vou dizer pseudo religiosas eu
vou chamar assim né mas que muitas vezes estão usando o discurso religioso para esconder crimes masra Você não acha que o poder público ajuda a alimentar porque veja bem se você entrar em qualquer órgão do Poder público seja no judiciário no ministério público até no STF que é quem guarda Nossa Carta Magna que diz que o estado é Laico você vai ver uma cruz lá dentro se você entrar numa câmara se você entrar em qualquer espaço público você vai ver uma cruz então de alguma forma desde sempre o poder público não alimenta que essa é
a religião do Brasil e de uma forma muito silenciosa induz esse racismo religioso contra as religiões que não não sejam cristãs eu o o nosso processo histórico fez isso porque tudo que estava associado a história Negra a cultura Negra foi demonizada então vamos falar de religião mas vamos falar do samba vamos falar da capoeira então faz parte né dessa estrutura racista eh transformar ou em monstro eu não tô conseguindo conjugar esse ver mas é isso aí né monstr realizar tudo que é nosso por eu entendi mas por Qual razão ainda em 2024 O Poder Executivo
o legislativo e o judiciário porque são os três em todas as instâncias da primeira a última alimentam essa ideia que dão agasalho para esse racismo contra as outras religiões inclusive está agora em voto no Supremo O Guardião da Constituição ã sobre arrancar ou não essas essa Cruz e já temos dois votos e dizendo que na verdade a cruz é o quê uma forma de cultura Mas e as outras religiões não são certo é eu defendo eu defendo a laicidade do Estado exato a laicidade do estado para mim não é a ausência das religiões mas é
o respeito a todas as formas eu vou dizer que as pessoas têm de se relacionar com o sagrado eu acho que a espiritualidade ela faz parte da nossa humanidade e ela precisa ser respeitada a grande dificuldade que a gente tem é quando a gente constrói hierarquias eu acho que é disso que você tá dizendo né a o processo histórico no Brasil construiu hierarquias entre eh religiões eu queria falar manifestações religiosas mas construiu hierarquias a questão é que quando essas hierarquias religiosas elas se articulam a outras disputas de poder nos territórios isso tem marginalizado e colocado
em situação de Exposição cada vez mais as casas de religiões de africanos agora quando a gente pensa na realidade dos territórios né e na realidade demográfica do Brasil eh não tem uma outra dificuldade que é até um espelhamento dessa é muita uma grande parcela da população pobre da população negra hoje é evangélica no Brasil e não existe uma dificuldade Por parte dos movimentos de direitos humanos mesmo da classe política de esquerda de também compreender essa população que é ne que é pobre e que é e de denominações evangélicas e fazer chegar nelas esse discurso do
doos Direitos Humanos fazer introjetar nesse grupamento que tá muito suscetível ao discurso de direita hoje O Que São Direitos Humanos e como elas devem se relacionar com as políticas públicas de direitos humanos quando a gente olha hoje para as nossas comunidades eu tava vendo um estudo um relatório do IBGE recente mostrando que a cada 10 instituições que a gente tem dentro das nossas comunidades vilas e favelas oito são instituições religiosas né Eu não tenho esse desdobramento para por saber quais né mas isso isso chama muita atenção que fazem um trabalho social né É para cada
uma escola a gente tem oito instituições religiosas então efetivamente a gente precisa PR dialogar E aí quando eu falo eu quando por isso é que eu tento dizer que a gente tá quando a gente tá falando de perseguição as casas religiosas de matriz africana a gente não tá falando da população que é evangélica eu eu tô dizendo de muitas vezes alguns grupos né que pseud M assumem um discurso religioso mas para encobrir práticas criminosas porque até onde eu acompanho a violência contra essas casas no geral elas não são feitas por pessoas com não nem minha
pergunta dis respeito a isso diz respeito à dificuldade dos eh promotores de políticas de direitos humanos de também dialogar com esse público evangélico é E aí eu penso que a gente precisa de eh os promotores de políticas de direitos humanos e todas as pessoas eu vou dizer assim eu conheço vários evangélicos pastores evangélicos que atuam atuam na pauta da laicidade do estado eu conheço para mim a maioria dos Evangélicos por exemplo defende a escola pública defende que a unidade básica de saúde do seu bairro funcione e funcione muito bem é contra a violência contra a
mulher Então as pessoas podem até não saber mas elas estão atuando cotidianamente na pauta dos Direitos Humanos eu vi inúmeras igrejas evangélicas durante a pandemia e socorrer as famílias que estavam passando fome levar um botijão de gás levar uma cesta básica assim como eu vi eh casas religiosas de matriz africana assim como eu vi e eh pessoas católicas se mobilizarem né para garantir comida para eu falo para passar uma lista para comprar um uma medicação quando tá faltando então muitas vezes o que eu acho que é dificuldade é compreender exato de um lado e de
outro de um lado de Out quando a gente tá falando em direit humanos do que é meso que a gente falando pra última do bloco Ok é que nessa dificuldade de diálogo Fernando Gabeira Sentado aí no seu lugar e que é uma pessoa reconhecidamente militante Ná do Direitos Humanos uma vez falou aqui o seguinte os direitos humanos no Brasil tem uma dificuldade imensa por exemplo de se sensibilizar quando morre também um policial né a gente não mostra uma comoção quando um policial morre vítima de algum tipo de crime ele disse olha não sei a gente
não consegue trazer isso essa pauta parece tão abstrata que a gente não consegue conversar com o diferente com quem não aceita os direitos humanos eu quero saber se na prática de repente não é mais efetivo se o ministério conversar com esse pastor que já está lá fazendo essas políticas para ajudar a chegar na comunidade Como que o ministério faz essa conversa com o policial que tá lá na ponta como que a gente faz essa pauta essa conversa meninao eu acho que a gente tem que abrir cada vez mais pro diálogo e eu vou dizer não
tem dificuldade nenhuma de conversar com os pastores de conversar com os policiais e aqui logo no início da minha fala eu falava a violência dentro das nossas periferias no geral é o policial Preto matando o favelado preto ou o favelado Preto matando o policial preto não tenha dúvida disso o racismo tá mais do que é instaurado e por isso é que eu olho para essa realidade e penso que a gente tem que mudar nós temos que mudar as práticas porque ao fim e ao cabo quem tá morrendo somos nós mesmos né então isso é para
mim uma questão bem importante eu falo que eu eu quando cheguei no ministério falei eu queria eu quero trazer esse debate pro dia a dia pro dia a dia comum né primeiro porque eu sou uma mulher professora maor parte da minha vida eu fui professora trabalhei nas comunidades né gosto de gosto eu falo eu gosto da da da vida comum né de dona de casa de reunir os amigos no final de semana de cozinhar no fogão a lenha de ir no samba de ir no batizado ir no enterro ir no velório essas coisas que para
mim fazem a sociabilidade que muitas vezes a gente tá perdendo e tá perdendo quando a gente chega nesse nessa ambiência política sim por isso é que eu eu eu eu penso e quando eu falo eu gosto de distinguir quando porque a gente estava falando da questão da violência né dos assassinatos das mortes dos ataques à casas religiosas por isso que eu falei olha muitas vezes a gente tá falando de relações de poder e de grupos muito específicos que não dá pra gente generalizar e dizer são os católicos são os evangélicos são os candomblecistas são os
umbandistas não gente muitas vezes são lideranças mesmo que tem um objetivo que muitas vezes passou longe da religião e que tá fazendo uma disputa de poder muitas vezes o que tá por trás disso é ganância né e eu acho que a gente precisa nós que defendemos a humanização a solidariedade nãoé a a gente quer as nossas Comunidades a gente quer que as crianças possam andar na rua sim que as crianças possam ir à escola todos os dias e não tenham por exemplo como esse ano na Maré não sei quantos dias tem aula ou porque tem
operação da polícia dentro da comunidade ninguém quer isso E aí eu vou dizer as pessoas comuns de qualquer religião no Brasil não querem isso pro nosso país por isso que a gente precisa sentar e encontrar soluções e dialogar não tenho dificuldade acho que é por aí mesmo perfeito com isso então a gente encerra o nosso terceiro bloco do Roda Viva e vai para mais um intervalo volta já já com mais entrevista com a ministra Macaé evista [Música] Aliados pelo respeito [Música] Bradesco estamos de volta com o Roda Viva que recebe a ministra Macaé Evaristo Quem
pergunta para ela agora é o Eduardo Gonçalves ministra a senhora é considerada uma petista muito fiel ao partido nessas eleições municipais em Belo Horizonte a senhora apoiou um candidato que teve menos de cinco que recebeu menos de 5% dos votos eu queria te perguntar que razões a senhora atribui esse fracasso Eleitoral do PT principalmente nas principais capitais do país bom em Belo Horizonte acho que nós ganhamos né porque afinal de contas quando eu fui Eleita vereadora nós elegemos dois né e agora nós dobramos a bancada na Câmara de Vereadores crescimento muito bom do meu ponto
de vista porque a gente precisa ocupar o legislativo Eu tenho um foco uma percepção de que a gente precisa crescer do ponto de vista do Legislativo então em BH nosso candidato teve menos votos mas teve uma uma uma lógica aí no final de voto útil Mas foi muito importante pra gente ter candidatura própria pra gente ampliar o número de vereadores eh o campo democrático de maneira geral ampliou em relação a à ao último processo eleitoral a senhora defende que o PT no segundo turno em Belo Horizonte o candidato que ganhou foi o prefeito que se
reelegeu do do PSD sim que o PT imediatamente apoiou né o a senhora acha que o PT tem que fazer isso em nível Nacional fazer mais alianças com outros partidos como que como que é a visão da senhora sobre isso eu penso que sim eu acho que a gente eu a no Brasil hoje É muito difícil você se eleger se você não fizer uma grande composição eh de aliança né Eu penso que a nossa aliança principalmente ela precisa estar alcada em princípios Democráticos né Eu acho que para mim A grande questão que a gente tem
hoje não só no Brasil né mas também é uma questão internacional eh a defesa da Democracia né Eh eu vou dizer é o combate ao racismo nós acabamos de na agenda do G20 social fazer um debate muito importante sobre um ods né de de pra gente pensar a questão do combate ao racismo E se a gente for pensar os principais conflitos que a gente tem hoje no mundo de guerras né eles têm na sua estruturação eh um debate étnico racial né então é IMP não desculpa pode falar então assim eu acho que é importante eh
não só olhando para dentro do nosso país mas também olhando paraas relações multilaterais o Brasil sinalizar para isso e eh por exemplo a gente discutiu situação e população e situação de rua e eu dizia no debate do do ods que pauta a questão do racismo quer dizer boa parte né de população em situação de mundo é de rua em vários lugares do mundo estão nessa situação em função de conflitos éticos e de Grand grandes deslocamentos em função das pessoas serem de certa forma eh terem que sair de suas terras seja em função da Guerra em
função de de exploração eh por exemplo por causa da da da mineração em larga escala por causa do que tem debaixo da terra porque eu falo que a gente vive num mundo hoje que muitas vezes as pessoas tem menos valor do que eh os minerais que a gente não que tão aí debaixo do Sol onde a gente pisa queria não queria perder a chance de tratar da questão da Democracia que a senhora trouxe na resposta pro Eduardo na semana passada a gente assistiu em Brasília um atentado cometido aí por alguém que foi motivado e foi
radicalizado nos últimos anos dada polarização política no Brasil a gente tá num pleno eh em plena discussão eh de uma tentativa de anistia pros condenados e presos do 8 de janeiro que já foi eh um movimento de tentativa de golpe de estado como a senhora vê essa discussão de anistia eh e essa tentativa de classificar esses presos como há presos políticos pessoas que estão sofrendo justamente privações de direitos humanos quando na verdade eles fizeram uma tentativa de supressão da institucionalidade eu penso que a democracia hoje ela é uma ela é uma pauta importante né Não
só só no Brasil mas eu acho que no mundo a defesa da democracia e aí quando eu falo a defesa da Democracia eu tô defendendo Direitos Humanos porque quando a gente tá falando de democracia a gente tá falando das pessoas terem eh liberdade de expressão das pessoas terem direito à educação e é muito importante a gente perceber por exemplo que países né onde cresce o autoritarismo cresce a violência contra a mulher cresce o cerceamento a educação da de grande maioria populacional basta a gente acompanhar e todo mundo conhece a história da Malala por exemplo mas
a Malala é um dos exemplos né Eh cresce a violência contra crianças e adolescentes eu falo que quando eu falei eu sou pacifista porque eu acho que a pior coisa que a gente pode ter no mundo né é a situação de guerra a situação de guerra ela é deplorável ela é deplorável do ponto de vista que eu falo que da nossa humanidade né porque a situação de guerra permite que a gente banalize a vida né e para banalizar a vida a gente tem que olhar pro outro e desconstituí-lo da sua humanidade então defender a democracia
hoje me parece eh o o mais importante Então nesse sentido defender a democracia eh passa por a gente conseguir né Fazer o debate político mas também compreender que a gente precisa eh alargar né o nosso leque de possibilidades e conseguir conviver eh com diferenças que não são necessariamente antagônicas ao nosso jeito de pensar e por e por por falar em banalização da vida há 15 anos Ô ministra o Brasil ocupa o topo do ranking mundial do país que mais mata as mulheres trans no mundo a média de vida dessas mulheres no Brasil é de 35
anos o Brasil não apenas mata mas mata com requintes de crueldade vimos há poucos dias uma candidata a vereadora que teve os pés e as mãos amarrados e a cabeça arrancada fora a minha dúvida é sabendo que hoje no Brasil nós temos um congresso que se recusa a colocar na mesa este tema o que pode ser feito para combater o ódio e a violência contra as mulheres trans Elas têm ou não direito igual a todo brasileiro de viver Elas têm direito igual a todo brasileiro de viver e a gente precisa avançar na garantia dos seus
direitos que começa lá pelo direito à educação eh se a gente for olhar a escolaridade dessas mulheres né Elas têm no geral baixa escolaridade muitas dessas pessoas elas vão ser expulsas de suas casas então a gente precisa eh eu falo formar o conjunto da sociedade e é um dilema porque m À vezes é primeiro lugar onde a pessoa ela é recusada é no próprio ambiente familiar e isso é muito duro não é eh essa exclusão leva Muitas delas com a sua baixa escolaridade a se inserir no em trabalhos que não são trabalhos né Eh dignos
e a gente precisa avançar com políticas desde políticas de escolarização com a construção de casas de acolhida é preciso que os crimes eles sejam efetivamente investigados e aí fider você trouxe durante todo o programa eu acho que dados assim muito duros da realidade brasileira e eu vou voltar na pauta que me chamou que é esse programa que foi a gente que nós estamos no na semana do 20 de novembro para discutir Relações raciais mas também a gente não discute Relações raciais se a gente não discutir relações de gên se a gente não discutir opressão e
desconstituição da humanidade das pessoas e quando a gente se depara com esses números né quer dizer o crescimento do discurso de ódio ele na verdade eu vou dizer ele atualiza para mim uma desumanização que tá posta na sociedade brasileira né ali desde o pós Abolição quando você tem Abolição você você exclui a maioria da população negra empobrecida a primeira Constituição da República não reconhece mulheres não reconhece pessoas negras não reconhece pessoas empobrecidas né como pessoas que podiam votar e ser votadas então isso se perpetuou e a gente foi ao longo do século XX a gente
foi ao longo do século XX eh eu acho acho que ampliando um pouco os nossos horizontes e fizemos isso com a Constituição de 88 mas os discursos de ódio né e a emergência de um de vou dizer assim da Extrema direita que não é uma questão do Brasil mas é uma questão eh que tá na na na na pauta do mundo né atualiza eh essa perspectiva de um estado que não só né eh entende essas identidades mas quer subordinar e oprimir essas identidades diga ministra eu faria outra pergunta mas como a senhora falou dos discurso
de ódio a gente sabe que as bigtechs as redes sociais os algoritmos T um papel muito importante na disseminação do discurso de ódio o legislativo tem falhado em regulamentar essas redes aqui no Brasil qual o papel do executivo na proteção das pessoas diante a esse poder desmedido das bigtec bom primeiro acho que a gente precisa eh do ponto de vista do executivo também ser propositivo no sentido das legislações não é nós estamos aqui em pleno debate da questão das bets e dos jogos né Eh o Executivo tomou a iniciativa de estabelecer algumas regras o stte
foi provocado eu participei acho que na semana passada de um debate importante sobre essa questão eh das bets que eu falei gente na minha infância era jogo de azar mas a gente sabe né o estrago que isso faz na vida das pessoas eh dos trabalhadores das trabalhadoras das crianças e é claro a minha abordagem do ponto de vista dos Direitos Humanos é especialmente preocupada com a exposição de crianças a esses jogos e eu contava na ocasião que é incrível Você tá jogando Você tá brincando um jogo inf no seu celular e no meio do jogo
aparece uma propaganda de uma Bet né de um jogo de azar ou você tá vendo um jogo de futebol que esse é uma questão hoje né a gente tá assistindo Eu tô assistindo lá o cruzeirão ou qualquer outro time eh 3 horas da tarde com sobrinhos e aparece lá não só estampada nos uniformes mas aparece a propaganda de jogos de azar e até de sites de prostituição né O que é uma coisa absurda porque a criança vê ali aquele desenho ele vai achar depois na rede social e ele vai clicar então eu defendo que é
preciso ter regulamentação que o papel do estado é proteger os mais vulneráveis então é preciso ter regulamentação e acho que a gente tem um campo eh onde atuar precis Precisamos do legislativo e precisamos obviamente do Judiciário também nessa conversa com isso a gente fecha o quarto bloco vai pro último intervalo e volta já já pro encerramento desse Roda Viva tão importante com a ministra Macaé Evaristo não sai [Música] daí Aliados pelo respeito [Música] Bradesco estamos de volta com o Roda Vive Quem pergunta agora paraa ministra Macaé evarista elem brau ministra em 2013 o Brasil aprovou
a PEC das domésticas 10 anos depois a informalidade nesse ramo passou de 68 para 75% e o salário Não aumentou agora a gente tá discutindo jornada 6 por um e os economistas dizem que um dos efeitos pode ser o aumento da informalidade do Brasil mesmo considerando isso eu queria saber qual a sua posição em relação a esse debate bom a PEC eu vou lembrar lá da PEC das domésticas porque eu acho que esse tema ele é um tema bem importante eu tô lembrando aqui da Eliane Alves Cruz no livro solitária né o trabalho doméstico no
Brasil é um trabalho Herdeiro do processo de escravização a gente não conseguiu fazer essa essa passagem né para um trabalho decente no âmbito do trabalho doméstico e eu me lembro que quando foi aprovado eh direitos trabalhistas para as trabalhadoras domésticas a gente escutava muito primeiro isso que todo mundo iria paraa informalidade mas tinha quase que uma perplexidade de como é que a gente poderia defender direitos para estas trabalhadoras porque elas não eram enxergadas como vamos dizer assim sujeitos de direitos trabalhistas racismo já que nós estamos nessa semana vamos dar o nome efetivo a isso né
Tem uma questão também muito grave que nós estamos identificando né que são trabalhadoras eh em situação de trabalho análogo a escravidão a gente precisa dizer sobre isso né Eh temos apreensões dos auditores do Ministério do Trabalho e recentemente temos um caso aí que tá resolvido muito mal resolvido que a trabalhadora foi resgatada e depois foi adotada né no ambiente familiar é uma coisa é quase que a gente falasse assim ela foi resgatada e depois ela foi devolvida a situação anterior uma pessoa que passou numa casa uma vida inteira não teve acesso à educação não foi
alfabetizada não teve seus direitos istas eh reconhecidos então é sempre bom acho que quando a gente tá fazendo esse debate a gente compreender o que mobiliza é preciso também a gente entender o que que a gente viveu pós a aprovação da PEC das domésticas né quer dizer o nosso país retrocedeu Nós levamos Inúmeras pessoas pro mapa da Fome novamente nós vivemos né Eh um governo que desregulamentar o que pôde e criou lembra gente criar uma carteira verde amarela que é uma uma carteira sem direitos trabalhistas porque é muito bom a gente lembrar eu falo quem
sempre defendeu o direito trabalhista nesse país Quem começou foram as mulheres negras sabe começou lá com as com as nossas irmandades em relação a esse projeto Qual que é a sua posição eu vou falar minha posição mas V vou chegar lá eu quero falar das irmandades que nós estamos no 20de de Novembro vou falar das irmandades negras que as mulheres faziam a primeira previdência elas cotizavam entre elas elas faziam caixas de assistência caixas de contribuição para pagar o interro para comprar o foria eu falo disso porque toda vez que vai se falar em direitos trabalhistas
e a gente vai tirar a população especialmente população negra dessa condição total de precarização aí sempre vem esse discurso de que vai desregulamentar mas a gente não olha o que que tá do outro lado eu sou totalmente favorável a acabar com essa jornada seis por um e na nos temos daive eu vou dizer inclusive do ponto de vista eh eu vou dizer das famílias e das infâncias porque é muito triste a gente ser criança e não poder ter a mãe junto com a gente nem um sábado nem um domingo muitas vezes nem no Natal e
nem no ano novo então essa jornada ela é importante a outra coisa é a gente discutir o que que aconteceu com o mundo do trabalho né nesse tempo porque eh a a desregulamentação necessariamente não é em função da proteção do Trabalhador o mundo do trabalho se vamos dizer nem sei se a palavra correta é desregulamentar é que o mundo do trabalho mudou né ele mudou em função de que eh eh por exemplo boa parte das pessoas hoje trabalha quem trabalha no mundo digital trabalha um tempo em um tempo presencial né Eh algumas algumas tarefas que
existiam deixaram de existir na forma que existiu anteriormente E por falar inf não pera aí deixa eu só passar pro Taiguara que ele não perguntou no outro bloco depois Ministro a senhora é da área da Educação eh dados divulgados pelo MEC hoje mostram que 40% das redes públicas de ensino do país não considera os efeitos do racismo no desempenho dos alunos foi a primeira vez que o Ministério da Educação avaliou políticas antirracistas na educação aí eu tenho duas perguntas pra senhora eh não demorou muito para Ministério da Educação fazer esse tipo de avaliação e como
mudar esse esse número de 40% isso só nas redes públicas é do ponto de vista do tempo histórico demorou muito mas se a gente pensar na educação nós vamos ter a primeira lei de história e cultura dos afro-brasileiros nos currículos escolares de 2003 Taiguara é a primeira vez que a gente vai conseguir aprovar e nós aprovamos foi foi a primeira lei do do presidente Lula no seu primeiro mandato a inclusão de história e cultura dos africanos e dos afro-brasileiros eu comecei a trabalhar em 1984 quando a gente falava de Relações raciais na educação as pessoas
falavam comigo mas caé Mas por que que vocês quiseram vir pro Brasil Entendeu Como se eu tivesse se a gente tivesse feito uma fila e todo mundo fosse pegar o barco para vir pro Brasil fosse uma questão de escolha né não entendendo o que que foi o processo histórico de 300 anos de escravização ainda é muito difícil falar de Relações raciais no Brasil E a escola como qualquer instituição brasileira também ainda tem muita dificuldade e falar de Relações raciais eu acho que a lei é um passo a formação de professores é um passo avaliação você
tem um indicador a gente não tinha nenhum indicador sobre isso então eu acho que quando o ministério dá um passo à frente com sua construir um indicador que demonstra isso isso também é importante pra gente dialogar com os gestores do campo Educacional ministra tanto quanto a gente fala de educação quando quando a gente fala das irmandades é muito importante a gente pensar em cuidar da memória Negra cuidar da memória enfrentar o racismo as irmandades Muitas delas hoje estão numa situação muito precária A Irmandade da boa morte em Cachoeira numa situação difícil de se manter assim
como muitos acervos negros acervos comunitários além de trazer a tona de falar produzir discurso Quais são as políticas públicas para cuidar da memória Negra Isso tem sido feito com os demais Ministérios como o ministério da Igualdade racial Ministério da Cultura como tá a política pública de memória Negra bom o ministério da cultura eu acho que Principalmente eu acompanhei isso na base tanto com a lei Paulo Gustavo quanto com a lei audir blanck conseguiu assim pela primeira vez produzir editais que é al cansasse grupos negros eu acompanhei muito em Minas Gerais As irmandades Minas Gerais tem
muita irmandades do Rosário né Eh as guardas de congados as guardas de de reinado esses grupos que carregam a memória Negra viva eles não conseguiam acessar nenhum dos editais do Ministério da Cultura né e eh eh essas duas leis elas já consideraram mecanismos novos para que fosse possível essas guardas terem algum nível de financiamento então eu acompanhei e Considero que isso é muito importante né mas a gente ainda tem muito caminho a fazer eu sei que a ministra Margarete tá muito empenhada eh em em trabalhar essa agenda por parte do ministério da cultura eh tem
essa sensibilidade e é preciso que a gente tenha financiamentos que sejam sistemáticos porque foi uma área muito pouco alcançada vou dizer aí nesses anos todos eh da nossa República faida pra última do programa bem rápido por falar em infância Por falar em educação vimos nos últimos meses estarrecidos quase ser aprovado um projeto de lei que obrigava mulheres e meninas a alimentarem uma gravidez fruto de um estupro o anuário diz que a maioria das V de estupro no Brasil são meninas de até 13 anos maioria negras maioria pobre a minha dúvida é o que tem sido
feito pelo governo para preservar porque essas meninas não estão tendo direito não estão tendo acesso ao aborto legal que é direito delas desde 1940 o que o governo tem feito para garantir a essas crianças que já foram violentadas o direito a esse aborto legal você sabe que a gente enfrenta hoje uma um debate muito forte nessa área recentemente nós vimos tentativas de retroceder com alguns direitos que já estão inscritos na legislação Então hoje a gente tem uma preocupação é tanto do Ministério da Saúde do Ministério dos Direitos Humanos de todo mundo que lida com a
política da infância né eh de garantir que uma vez tomada essa decisão que essa menina ela tenha Eh toda a proteção do estado no sentido de garantir que a sua vontade ela seja realizada eu acho que uma questão também muito importante F é a gente eh avançar né quando assim a gente precisa discutir relações de gênero porque muitas vezes a violência doméstica ela acontece no ambiente familiar Ou no ambiente muito próximo dessa criança em muitos lugares é tabu se falar sobre isso muitas famílias silenciam sobre isso e muitas instituições também então é importante a gente
trabalhar né Para que as pessoas compreendam isso eh que primeiro uma grande campanha aí criança não é mãe né mas mais do que isso a a gente precisa respeitar as infâncias a gente precisa cuidar para uma não erotização precoce das infâncias a gente precisa cuidar para que plataformas por exemplo né elas sejam censuradas e elas tenham controle censura não é uma boa palavra que elas que a gente tem o devido controle para não permitir a pedofilia né Uhum E esse para mim me parece um aspecto muito importante porque na verdade uma criança ela não deveria
passar por isso né antes de chegar uma gravidez essa criança ela foi estuprada e muitas vezes eh ela não consegue fazer a denúncia ela não consegue denunciar mas mais do que isso ela não é protegida antes é é Um Desafio grande e que envolve a articulação de várias políticas eu vou dizer lá no âmbito Municipal envolve a saúde envolve a assistência envolve Direitos Humanos mas envolve também uma uma perspectiva de comprometimento da sociedade brasileira para eh eh recusar na verdade e tratar no âmbito do Absurdo uma situação como essa ministra muito obrigada pela sua entrevista
pode responder Obrigada Eu que agradeço ela ficou ministra obada Agradeço a todos vocês foi um prazer tá aqui foi noss gostei muito obrigada mesmo é isso o nosso programa fica por aqui além de agradecer a ministra Agradeço também essa bancada que conduziu a entrevista comigo Bianca Santana Eduardo Gonçalves faida Belo Taiguara Ribeiro e Luciano verones Eu falei a Helen Helen brau também Obrigada a você pela sua audiência atenta a cada semana ano a ano o Roda Viva tem sido palco de urgentes debates nessas semanas da Consciência Negra mas só marcar efemérides não é o suficiente
e a busca da TV Cultura tem sido a de sempre aprimorar os mecanismos para dar voz à luta antirracista aqui no roda e nos nossos demais programas é uma luta que está sempre atrasada o que traz com ela uma dívida que ainda estamos bem longe de queit Tá mas o importante é que cada um de nós tenha a consciência de que um país só será democrático de fato quando todos e todas tiverem os mesmos direitos e as mesmas oportunidades que façamos a nossa parte como indivíduos sociedade e como instituições para que a gente avance nesse
caminho a da Viva volta na próxima segunda-feira como sempre às 10 da noite e eu espero você até lá [Música] C [Música] [Música] Aliados pelo respeito Bradesco [Música]