Hoje eu vou explicar como tirar o jovem da boca da delinquência e levar ele para a teta do esporte. Você sabe, sempre é dito quanto o esporte é algo fundamental nas nossas vidas. O esporte é saúde, lazer, inclusão e o direito ao esporte é, em muitos lugares, um direito fundamental.
Porém, na nossa cultura, o esporte tem um outro papel bastante simbólico, porém de efeitos práticos. E eu estou falando de educação. O esporte educa, ou para dizer de um jeito um pouco mais cínico, o esporte domestica.
E por que eu estou fazendo essa introdução? Porque eu quero comentar aqui com vocês um dos mais populares mangas de esporte. Eu estou falando de Slum Dunk.
Slum Dunk é de Takehiko Inoue, ou no sentido original Inoue Takehiko, e foi publicado na famosa revista Weekly Shonen Jump, entre 1990 e 1996. Mencionar aqui a revista é fundamental porque, para aqueles que não sabem, a revista Shonen Jump é famosa por consagrar uma fórmula, que costuma ser sintetizada em amizade, esforço e vitória. Isso aparece em Drgon Ball, Naruto, One Piece e Slum Dunk.
E de uma maneira ainda mais óbvia, porque, afinal de contas, estamos falando de um manga de basquete. E você sabe, em esses esportes coletivos, se você não ter amizade, ou pelo menos algum coleguismo e esforço, aí mesmo que a vitória vai ficar difícil. Mas para além de ser uma simples história sobre basquete, o que afinal fala Slum Dunk?
E aqui eu já posso dar uma resposta bem sintética. Trata-se de uma história sobre como jovens delinquentes do ensino médio podem se tornar pessoas exemplares, graças ao esporte. Sim, isso é um aspecto de Slum Dunk que muita gente não percebe.
Afinal, o recado de Slum Dunk é bastante claro: jovens, vocês que são os nossos leitores, não dá para continuar brincando por aí e rebelde sem causa. Inclusive, ser um arruaceiro, ser um brigão, isso não é legal para a sociedade. Então venha para o esporte, vamos ser legais.
Apesar desse meu discurso motivacional bem empolgante, Slum Dunk é melhor, porque aqui acompanhamos o Hanamichi Sakuragi, que é o nosso protagonista, e que é um jovem de 16 anos com 1,89m e bastante encrenqueiro. Ele chama atenção por ser ruivo e usa um penteado regente. Esse estilo de penteado, um topete, é muito associado à cultura rockabilly dos Estados Unidos nos anos 50 e acabou se tornando bastante marcante em figuras como Marlon Brando, James Dean e outros.
O lance é que esse estilo de penteado acabou se consolidando em uma subcultura do Japão, sobretudo na tribo Yankee. Se trata basicamente de uma subcultura típica dos anos 80, formada por jovens do ensino médio bastante barra pesada. Uma combinação que se tornou semioticamente bastante querida da cultura pop, que é o garucão, uniforme escolar japonês e o toupetão regente de bad boy.
Eu estou dando esse breve contexto, porque basta vocês olharem para Sakuragi e vocês vão entender quais são as referências visuais dele e o que o manga está procurando dizer para a sociedade japonesa. O nosso protagonista é um baderneiro, e isso não é algo que o manga esconde. Logo no começo, Sakuragi tem uma gangue, ele se mete muita confusão, é bom de briga, porém, ele não tem muita sorte no amor.
Como eu disse, é um guri de 16 anos e os seus amigos tiram sarro porque ele acumula foras. Inclusive, ele acabou de levar fora de uma menina que prefere um jogador de basquete, daí o ódio profundo que ele tem por basquete. É uma porcaria, é um lixo.
Todas as meninas vão atrás desses atletas idiotas, o que eu não tenho para elas querem esses caras suado, pulando para lá e para cá atrás de uma bola? Esporte ridículo. Só que tudo muda quando ele conhece Haruko Akagi, uma menina também de 16 anos, colega dele e que adora basquete, e que confunde ele como um jogador de basquete, afinal, Sakuragi é bastante alto.
Daí, vendo uma menina linda interessada em basquete, ele resolve encampar mentira. Sim, eu adoro basquete, eu sou um grande basqueteiro. E esse é o plot inicial de Slum Dunk, o menino que você não gostaria de encontrar por aí, que começa a se aproximar do clube de basquete da escola dele, tudo isso para sustentar uma mentira que tem a ver com a menina que ele gosta.
E aí, obviamente, você já deve estar pensando. Conforme ele vai se envolvendo com o basquete, ele vai repensando a própria vida. Mas tem mais coisas, como rivalidade adolescente, integração racial, ainda que de maneira sutil, a consolidação do subgênero Supokon e, claro, muito, muito humor, porque Slum Dunk é maravilhosamente engraçado.
Aliás, quando eu adquiri o mangá do Slum Dunk, eu comprei tudo em uma tacada só. Daí chegou aquela caixa cheio de mangá de basquete, a Thais olhou aquilo tudo sabendo, inclusive, que tinha sido caro e as palavras dela foram tão importantes para mim que eu jamais vou esquecer. Gibi de basquete?
Sério que tu gastou todo o nosso dinheiro com gibi de basquete? Tu nem gosta de basquete! Mas antes de continuar falando aqui de jovens muito altos, encrenqueiros e basqueteiros, eu peço que você curta o vídeo se estiver curtindo, se inscreva, caso seja novo por aqui e compartilhe.
Esse canal só existe graças aos apoiadores e ter recompensas bem legais, como lives aqui comigo, grupo de estudo, grupo no Telegram, sorteio de gibi e conteúdo exclusivo. Inclusive, nosso próximo encontro do grupo de estudos é analisando o mangá Lady Snowblood, que influenciou o Kill Bill. Então, vou deixar o link do nosso apoio na descrição do vídeo e no primeiro comentário fixado.
E considere ser membro aqui no YouTube por R$6,90 ao mês e ter acesso a vídeos exclusivos, a Sarjeta Flix, que agora até tem live exclusiva de 15 dias. Mas vamos voltar para o mangá. Como já é tradição aqui no canal, essas séries muito longas eu pego em pedaços.
No caso de Slum Dunk eu vou comentar até o capítulo 48 do mangá, que dá os primeiros quatro volumes e meio das edições aqui no Brasil. O clube de basquete que a gente acompanha aqui na história é o Clube da Escola Shohoku, que fica na província de Kanagawa e esse detalhe tem importância, depois eu explico. O nosso protagonista, como já falei aqui para vocês, é o Sakuragi e ele, por sua vez, é baseado em outro atleta de basquete, no caso, o já muito popular Dennis Rodman.
Por sua vez, o time da escola Shohoku é bastante inspirado no Chicago Bulls, inclusive com a mesma paleta de cores. Por sua vez, por se tratar de um time de basquete, obviamente há outros personagens e eles vão sendo desenvolvidos aos poucos ao longo da história. Porém, aqui, logo no começo, o que a gente tem é uma relação bastante intrincada de interesses e desinteresses.
Porque, assim, tudo começou quando o Sakuragi estava de olho na menina. Porém, ela é irmã do capitão do time de basquete, Takenori Akagi, que é um cara enorme, ele tem 18 anos, 1,97m e leva o basquete muito a sério. Inclusive, a maneira como ele veio a conhecer o seu pretendente a cunhado é através do desdém que Sakuragi faz de basquete.
Isso acaba culminando em um duelo entre os dois e que serve muito para estabelecer os personagens a partir da própria noção que eles têm de esporte. Porque enquanto Akagi é um cara muito certinho, rígido, focado, Sakuragi é o puro caos. Ele não só é completamente ausente de qualquer disciplina, como por ser imprevisível, se mostra uma pessoa muito perigosa e também um potencial fator surpresa em qualquer time.
Inclusive, é assim que Sakuragi vai encontrar o seu espaço no clube de basquete. Desde cedo, todo mundo se impressiona com o quanto ele é atlético. Até porque Sakuragi, por ser um típico encrenqueiro de rua, sabe brigar, é rápido, é forte, porém, ele não sabe nada de basquete.
Contudo, o interesse pela Haruko vai fazer com que ele se dedique. Uma personagem fundamental aqui nesse jogo de relações é Ayako, a única menina do clube de basquete e ela trabalha como assistente e consegue domesticar muito o Hanamichi Sakuragi. Inclusive, essa dedicação imprudente do Hanamichi impressiona tanto ela que, aos poucos, vai começando a se criar um triângulo.
Hanamichi gosta de Haruko, que é a irmã do capitão do time, que não vai com a cara dele. E, por sua vez, ainda por cima tem um outro atleta que embaralha toda essa relação. Meu Deus, está virando Malhação.
No caso aqui, Kaede Rukawa, um menino já conhecido pela galera do basquete, que recém se mudou para a escola Shohoku e que, apesar de ser um calouro, já logo se torna um astro, tendo até fã-clube. Diferente do Sakuragi, Rukawa é mais focado, cisudo, mas também bastante barra pesada. Isso é algo que a história faz questão de mostrar desde o começo.
Ele não participa de gangue, não se envolve, mas se tiver que brigar, é bom que saia de perto. O lance é que a Haruko tem uma quedinha, ou eu diria um precipício, pelo Rukawa, e daí isso é mais um motivo para deixar o Hanamichi completamente doido, assim como motivá-lo a ser um excelente jogador de basquete. Rukawa também é um cara grande, apesar de até ser o mais novo de todos eles, tem 15 anos, mas com 1,87m.
Aliás, eu nem falei das posições aqui. O capitão Akagi é pivô, Rukawa é ala armador e o Hanamichi, conforme vai aprendendo a jogar, se torna um ala pivô. O lance é que o Hanamichi não sabe trabalhar em equipe, ele também não consegue respeitar hierarquia nenhuma, daí as eternas brigas dele com o capitão Akagi, que através de desafios e mais desafios procura dizer para o calouro o seguinte, ou você toma jeito, ou você está fora do time.
Contudo, o técnico professor Anzai, que é um cara bastante famoso, mas muito discreto, parece ver potencial em Hanamichi, algo que Ayako também concorda. O vice-capitão do time, Kogure, também tem a mesma opinião. Ou seja, todo mundo olha para aquele guri encrequeiro e fala: ok, ele é um problema, ele briga por qualquer coisa, mas ali tem um bloco de mármore que está para sair uma escultura.
Percebam já desde então o quanto todo o enredo é construído para, claro, reproduzir essas namorolândia de ensino médio, mas principalmente para dar uma lição pedagógica, buscando mostrar o quanto o jovem pode crescer, mas aqui entendendo claramente se crescer como sociabilidade. Ou seja, a história de Slum Dunk é toda armada para conduzir um jovem disfuncional às rígidas regras da sociedade japonesa, mostrando que está certo que tem muita cagação de regra, mas às vezes você pode se divertir, às vezes você faz amigos assim. E uma coisa também que Slum Dunk faz questão de mostrar é que a maioria dos amigos do Hanamichi, que são membros de gangue, são caras que na hora que o bicho pega, deixam ele para trás, a maioria não são amigos muito confiáveis.
Onde o Hanamichi vai começar a encontrar vínculos verdadeiros? Onde ele vai começar a ter grandes amigos? Vai ser no clube de basquete.
Essa tônica da educação/inclusão social não aparece só no protagonista, se mostra de uma maneira sutil em outros tópicos, como é o caso do capitão Akagi. Como vocês podem ver aqui pelo desenho, ele é visivelmente um homem negro, ainda que dependendo de certas ilustrações coloridas do personagem, ele fique mais esbranquiçado, porém, se você olhar em preto e branco, uma série de características típicas de pessoas negras estão ali, cabelo crespo, os lábios carnudos, e aí você deve estar se perguntando qual é o problema disso tudo. O lance é que a cor dele nunca foi algo estabelecido na história, e tem o lance que a irmã dele, a Haruko, é uma típica menina japonesa amarela, aliás, mais do que isso, ela soa quase que caucasiana.
Isso rende um outro papo que eu não vou desenvolver aqui, que é o quanto que os mangás muitas vezes consolidam a ideia do japonês caucasiano. Mas vamos voltar para a ideia do capitão Akagi. É dito que ele é inspirado no atleta Patrick Ewing.
E muita gente levanta essa bandeira dizendo: ele é um personagem negro, porque olha só em quem ele é inspirado. Só que, por sua vez, o Hanamichi também é inspirado em um jogador de basquete negro. Então eu acgo que a questão aqui é outra.
Lembra que eu falei para vocês que a escola onde se passa a história fica na província de Kanagawa, é porque lá tem uma série de bases americanas, e pessoas negras, por mais que sejam uma minoria em todo o Japão, ali essa minoria é um pouco maior. E tem um outro detalhe também, existe sim racismo por parte dos japoneses diante de pessoas negras, muitas vezes chamados de hafu, que é referência à palavra half, quer dizer metade, então a mensagem aqui seria que essas pessoas negras são só metade japonesas. Porém existem pessoas com todos os traços típicos de alguém do leste asiático, para dar um exemplo mais claro, os olhos puxados, mas que são negras, e isso é um debate forte até hoje no Japão.
Inclusive nas últimas olimpíadas quem levantou muito a bandeira sobre esse debate foi a tenista Naomi Osaka. Porém saca só, Slum Dunk é 25 anos antes disso tudo, então lá atrás esse debate era ainda muito mais interditado, de modo que me parece uma decisão acertada do autor de Slum Dunk, do Inoue, de fazer o capitão Akagi negro, de fazer a sua irmã amarela, e foda-se o motivo, não interessa qualquer tipo de explicação, e aí você vai dizer por que não interessa? Porque o que está em jogo é basicamente a inclusão que o esporte traz.
Dentro da quadra, pouco importa se você é branco, negro, amarelo, vermelho. Até mesmo a questão de gênero acaba se atravessando, porque por mais que seja um time masculino, a gente tem ali a Ayako, que é uma figura determinante para o próprio time poder acontecer. E inclusive a própria Ayako também tem traços étnicos um tanto distintos, afinal ela tem cabelos crespos, apesar de ser mostrada com uma pele bastante clara.
Seja como for, a negritude do Akagi no mangá acaba sendo também um elemento complicador por causa de certas piadinhas. No caso é que o Hanamichi põe o apelido dele de Gorila, e aos poucos o pessoal vai começando sempre a chamar ele de Gore. Ele não gosta do apelido, mas é aquela coisa, quando a pessoa não gosta do apelido é mesmo que pega.
Na versão recente do longa, que eu não assisti, mas me disseram que mudaram o apelido para Golias, que é uma solução simples e elegante. Seja como for, uma coisa que eu já comentei aqui várias vezes no canal, é que o humor é a via torta da inclusão. E quando eu falo via torta, isso é um elogio, muitos preconceitos começam a ser desmontados através de piadas que ainda são preconceituosas.
Isso é relativamente simples de observar no Brasil, homossexualidade, por exemplo, era um tabu, nem se falava, ou quando se falava era apenas o muito ódio. Daí a gente tem dos anos 70 aos 90 na televisão brasileira, uma série de personagens gays. Ainda são estereotipados, ainda são representações jocosas, mas aquela ideia que era intolerável, agora passa a ser cogitável, ainda que pelo filtro do humor.
É claro que tudo isso não acontece sozinho, envolve também engajamento político, luta social, etc, mas repito, o humor é uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que fere e fere muito, porque ainda aposta em estereótipos, consegue com isso nos desarmar para começar a se acostumar com uma ideia que até então a gente não aceitava. E isso me parece que é bastante deliberado aqui por parte do Takehiko Inoue. E já que eu falei de humor, é preciso ressaltar, mas o Slum Dunk é muito, muito engraçado.
Fazia tempo que eu não dava gargalhadas altas lendo o mangá. Principalmente por causa dos comportamentos do Hanamichi, porque afinal de contas ele não sabe jogar basquete, ele inventa as regras conforme ele está jogando, isso acaba fazendo dele um atleta imprevisível e bastante violento. E cara, ele jogando me lembra uma típica pelada no Brasil, onde está valendo você abaixar as calças do adversário, pular em cima para imobilizar e até mesmo fazer um pula pirata no técnico do time oposto.
Outro fator que torna o Hanamichi um atleta interessante, todo mundo começa a sacar isso aos poucos, é que por ele ser um encrenqueiro, ele sabe provocar, ele sabe desestabilizar o outro de modo que as pessoas vão perdendo a concentração, e é nessa que mesmo ele não sendo um atleta genial, ainda assim ele consegue fazer com que todo mundo faça o jogo dele. Por isso fica a lição, se você é um delinquente juvenil, ainda assim você tem boas lições a nos dar. A primeira prova de fogo que esse recém-formado time do clube de basquete vai ter que superar, inclusive, a partir das suas rivalidades internas, é o time da escola Ryonan, que também traz personagens bastante marcantes, que é o caso de Ozumi, que vai se tornar o grande adversário de Akagi, e Sendou, que vai ter que ser marcado tanto pelo Sakuragi, quanto pelo Rukawa.
E esse detalhe não é simples, porque Sakuragi tem muito ciúme de Rukawa, porque afinal de contas, Rukawa desperta o amor da menina que ele gosta. Por isso que o Hanamichi, então, quando está em quadra, passa a bola para todo mundo, menos para o Rukawa. Porém, vai ser nessa primeira batalha de fogo que eles vão ter que se entender, ainda muito mais ou menos, mas já é um começo.
Essa primeira partida, já dou aqui o spoiler, eles perdem, mas por muito pouco. E aqui já começa uma lição que o próprio Hanamichi vai ter que aprender também, que é a ideia de que perder faz parte. Ele que veio de toda uma vivência violenta sempre entendeu que a lei do mais forte é o que conta.
Contudo agora, sendo um membro do clube de basquete, a grande lição que ele vai ter que levar para casa é que o importante é competir, perder faz parte, é do jogo, e é também uma forma de aprendizado. Esse arco do Sakuragi, inclusive, é fortalecido quando ele, lá no começo, quando ainda estava tentando entrar no clube de basquete, ele recebe a proposta para entrar no clube de judô, o que faz mais sentido, porque ele já é um cara que briga naturalmente. Porém, por causa da mina que ele gosta, ele decide, não, eu vou fazer basquete.
E cabe comentar, Haruko aqui não é só uma menina prêmio, ela, apesar de ser baixinha e não ter se consolidado como uma jogadora de basquete, é, ainda assim, uma boa jogadora, e é ela que vai ensinando aos poucos para o Hanamichi uma série de movimentos. Slum Dunk é um típico Supokon, uma palavra que é a aglutinação de esporte e konjo, algo que pode ser entendido como garra, para pegar aqui um típico jargão do esporte brasileiro, mas algo que também pode ser pensado como ímpeto, vontade interior, espírito, colhões. E existe todo um debate quando é que esse subgênero, o Supokon, se consolidou no mundo dos mangas.
Esse papo de origem sempre é meio tosco, mas cabe aqui comentar o seguinte, do final da Segunda Guerra Mundial até o ano de 1951, havia uma série de restrições sobre o que o Japão podia fazer, porque ele estava sob a ocupação dos Estados Unidos. E uma dessas restrições era não fomentar uma cultura guerreira, daí que artes marciais, como Judô, Karate, entre outros, foram proibidos, não era algo que fosse incentivado nas escolas, tampouco na mídia. Isso acabou abrindo espaço para outros esportes e, no caso especificamente, o baseball, que no Japão é algo muito, muito querido.
E uma obra seminal para esse subgênero é Bat Kid de Inoue Kazuo, em 1947. Eu tô puxando aqui a bandeira do basebol, porque você vai encontrar uma série de sites dizendo que o primeiro Supokon é Star of the Giants, ou Kyojin no Hoshi, um manga de 1966 e que foi bastante popular. Ainda assim, se a gente for cavocar, é muito provável que a gente encontre publicações até mesmo antes da segunda guerra mundial.
Seja como for, quando a gente estuda um subgênero, é mais interessante olhar o seu período de consolidação, ainda que olhar precursores seja legal. E a consolidação, essa sim, vai começar a acontecer a partir do boom econômico do Japão, anos 60, 70, 80. Slum Dunk surge quando esse processo já está bastante consolidado, de modo que acaba se tornando quase que uma obra, um tanto exemplar daquilo que o Supokon busca trabalhar, que é basicamente a ideia de que o esforço é decisivo para que você consiga ser bem sucedido fazendo um esporte.
É preciso garra, é preciso coragem e isso está bastante claro no arco de Hanamichi. Ele é um cara que nem sabe as regras de basquete, mas já está em campo e consegue jogar razoavelmente bem, mesmo não sabendo direito o que está fazendo e tudo isso porque, apesar de ele ser um jovem delinquente, a garra dele é necessária para a sociedade. É como eu disse no começo, Slum Dunk é um grande tratado sobre a importância de tirar o jovem da boca do crime e ainda assim usar a nosso favor tudo aquilo que ele tem de mais forte, produzindo uma sociedade mais integrada e justa, que nem sempre é assim, você sabe.
Aliás, muitas vezes isso é só pura castração para que todo mundo se acomode. Mas aqui em Slum Dunk, a gente faz vista grossa porque é muito legal. Como eu disse para vocÊs, Slum Dunk já saiu várias vezes aqui no Brasil.
Tem os mangás, acho que vocês encontram ais ou menos nas lojas de quadrinhos, mas é aquela história se for na Amazon, usa o nosso link aqui que ajuda bastante. Sugiro também que outros mangás de esporte eu posso comentar aqui, outros Supokon eu posso explorar. E, sim, eu já estou pensando em você falando aí, Capitão Tsubasa, ou mesmo o Real, do mesmo autor de Slum Dunk, mas tem outros aí, tem um de vôlei que está fazendo bastante sucesso, você sabe qual é, além da história de um boxeador que defende o proletariado, que é o caso de Ashita No Joe, vai ter vídeo.
Outro que já estou eu estou me sugerindo. . .
eu que pedi sugestão, eu que estou falando tudo. Mas eu quero falar desse, porque eu quero muito que saia no Brasil. Editoras brasileiras prestem atenção: Igaguri de Eiichi Fukui.
É um mangá de um judoca, de 1952. E Fukui era um cara que na época deixava até Tezuka impressionado. Enfim, sugiram mais obras porque esse mundo dos mangás de esporte é muito, muito rico e eu sou bem franco com vocês, eu ainda estou recém conhecendo esse universo.
Fica a sugestão aqui sobre um vídeo que eu fiz sobre um outro mangá de esporte, no caso de tênis de mesa, onde, mais uma vez, jovens aprendem a ser amigos a partir de profundo ódio. E segue a gente nas nossas outras redes sociais,TikTok, Twitter e Instangram. Obrigado por assistir.
Valeu, pessoal!